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Para responderes aos itens deste grupo, vais ouvir um
excerto do programa «Pensamento cruzado» da TSF
dedicado ao tema «O olhar dos pais para os filhos».
[áudio aqui; até aos 03:48 min]
Texto A
1. Assinala com um  três ideias defendidas na primeira intervenção.
A. Os filhos podem ser vistos de diferentes formas, tendo em conta os contextos.
B. Os pais demitem-se da sua responsabilidade no processo educacional dos filhos.
C. Os pais não estão conscientes do valor dos filhos.
D. As expectativas dos pais podem condicionar a forma como veem os filhos.
E. A realização dos filhos consegue-se quando estes percorrem o seu próprio caminho.
2. Assinala com um , nos itens 2.1 a 2.3, a opção que completa cada frase, de acordo com as ideias
transmitidas na segunda intervenção.
2.1 Ao dizer-se que «[…] um filho é sempre uma perspetiva de eternização.», pretende-se
A. reforçar que os filhos, por serem mais novos, têm uma longa vida pela frente.
B. destacar a responsabilidade dos filhos na concretização das expectativas dos pais.
C. mostrar que, para os pais, os filhos são uma continuidade das suas próprias vidas.
2.2 O amor é visto como «descendente», porque
A. é natural os pais gostarem mais dos filhos do que os filhos dos pais.
B. é desejável que os filhos não percam a consciência do amor que têm pelos pais.
C. os pais sentem-se obrigados a criar descendência.
2.3 Para mostrar o papel dos pais enquanto responsáveis pela segurança dos filhos, faz-se uma
alusão à
A. perda de lucidez.
B. rede que os ampara, caso haja uma queda.
C. queda, que é sempre inevitável.
Nome N.o
Turma Data / /
Avaliação E. Educação Professor
Teste de avaliação de Português
9.º Ano (versão A)
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano
]
Lê o texto B. Se necessário, consulta as notas.
Texto B
Aprender a largar
Madalena Sá Fernandes
Precisava do silêncio e do sossego, de
passar umas noites sem a melodia das birras e
o compasso dos amuos. Precisava de largar a
batuta de maestro, de deixar a orquestra sob
outra regência e ir compor um solo ao meu
5
andamento.
Precisava de interromper a vigia constante
às crianças que se encavalitam na bancada da
cozinha para vigiar as vontades que se
encavalitam cá dentro antes que
10
despencassem1
.
Precisava de largar tudo para perceber se
ainda aqui estava, se ainda aqui estou. De
manhãs sem logística2
. De fazer a minha
própria mochila. De não ter de antecipar ou
15
resolver incidentes fisiológicos. Precisava de
uma folga, de tempo destinado ao repouso, ao
descanso e à curiosidade.
Sempre fui boa a largar. A minha mãe conta
que no primeiro dia de escola, aos dois anos,
20
lhe larguei a mão e fui a correr, sem olhar para
trás. O deixar ir, para mim, sempre foi fácil.
Quando um amigo me disse um dia: «amar não
é assim», mostrando a mão fechada; e depois:
«é assim» com a mão aberta; não me
25
surpreendeu. Amar sempre foi uma mão
aberta. A expressão abrir mão é sinónimo de
largar, de abnegar3
, mas, para mim, também de
amar.
Solta, desprendida, meio ao sabor do vento,
30
meio ao sabor do alento, sempre me considerei
desapegada e livre.
É por isso com surpresa e algum embaraço
que dou por mim, em viagem, a ligar 18 vezes
para confirmar se o portão da piscina está
35
fechado.
O desejo de liberdade e o apego maternal
travam um combate aguerrido na minha
psique4
. Isto não é novidade; desde que fui mãe
que oscilo entre sonhar com aventurar-me
40
sozinha a fazer um safari no Quénia, por causa
da Meryl Streep5
no África Minha6
, e sonhar
com quintas abandonadas com azulejos por
restaurar, crianças à volta de jardineiras sujas
de lama e biscoitos caseiros.
45
Tenho vontade de viajar sozinha para me
reconectar comigo mesma e medo da angústia
que advém dessa solidão.
Continuo a ser a que quer passear, descobrir
e explorar. A que secretamente deseja ficar
50
sem bateria no telemóvel num país
desconhecido e perder-se em praças de nome
impronunciável. Mas, à noite, dou por mim a
pensar se as minhas filhas terão bebido água,
se os avós sabem que elas só dormem bem com
55
o Mickey de chapéu, se terão posto o Mickey
de chapéu ao seu lado na cama. Ou se terão
posto o outro Mickey, que é o Mickey das
emergências, só para quando não se encontra o
Mickey de chapéu. Tenho vontade de mandar
60
mensagem a perguntar se dormem bem e se o
Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o
seu sono.
É importante aprender a largar. Largar
sempre foi tão natural para mim que é estranho
65
que agora se tenha tornado numa
aprendizagem. Elas estão felizes, a ouvir novas
histórias, a serem balançadas noutros colos, a
experimentarem novas rotinas. E eu também
estou feliz.
70
É importante sair do ninho para buscar
alimento. E regressar bem abastecida de
confiança e liberdade.
in https://publico.pt (texto adaptado; consultado em 2022).
1 despencassem: caíssem de muito alto; 2 logística: organização e gestão de meios e materiais para uma determinada atividade; 3 abnegar:
renunciar; 4 psique: mente; 5 Meryl Streep: atriz norte-americana; 6 África Minha: filme protagonizado por Meryl Streep.
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ano
3. Numera as frases de 1 a 5, de acordo com a ordem pela qual a autora vai fazendo as suas partilhas
com os leitores.
A. Importância das aprendizagens que momentos pontuais de separação podem trazer.
B. Preocupações que sente, durante a noite, em relação às filhas.
C. Referência a um episódio da sua infância.
D. Necessidades individuais que sente.
E. Batalha interior para conciliar o seu papel de mãe com o seu próprio eu.
4. Assinala com um , nos itens 4.1 a 4.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
4.1 No início do texto, a autora recorre a dois recursos expressivos, a anáfora e a metáfora, para:
A. mostrar desagrado pelo facto de a sua família ser muito barulhenta.
B. reviver o seu dia a dia, numa casa com crianças.
C. reforçar as suas necessidades individuais, além do seu papel de mãe.
D. introduzir a referência à sua própria mãe.
4.2 No excerto «Tenho vontade de mandar mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey
de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono.» (linhas 60-63), em que a autora expressa a
sua preocupação com o bem-estar das filhas, as palavras sublinhadas são
A. conjunções subordinativas condicionais.
B. conjunções subordinativas completivas.
C. pronomes pessoais.
D. uma conjunção subordinativa completiva e um pronome pessoal, respetivamente.
4.3 A frase «É importante sair do ninho para buscar alimento.» (linhas 71-72), quanto ao valor
modal, é um exemplo de
A. modalidade epistémica com valor de certeza.
B. modalidade epistémica com valor de probabilidade.
C. modalidade deôntica com valor de permissão.
D. modalidade apreciativa.
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ano
Lê o texto C, um excerto do conto «A aia» de Eça de Queirós. Se necessário, consulta as notas.
Texto C
A aia
5
10
15
20
25
30
35
[…] Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida no seu
catre1
, entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um certo rumor de ferro e de briga,
longe, à entrada dos vergéis2
reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás,
escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes.
Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente sobre lajes, como um fardo. Descerrou
violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas,
brilhos de armas… Num relance tudo compreendeu – o palácio surpreendido, o bastardo cruel
vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou
o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga – e tirando o seu filho do
berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real, que cobriu com um brocado3
.
Bruscamente um homem enorme, de face flamejante4
, com um manto negro sobre a cota de
malha5
, surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou – correu ao berço de
marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de oiro, e,
abafando os seus gritos no manto, abalou furiosamente.
O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva.
Mas brados6
de alarme de repente atroaram o palácio. Pelas vidraças perpassou o longo
flamejar das tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada, quase nua, a
rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho. Ao avistar o berço de marfim, com
as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes, num choro, despedaçada. Então, calada, muito
lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga… O príncipe lá estava, quieto,
adormecido, num sonho que o fazia sorrir, lhe iluminava toda a face entre os seus cabelos de ouro.
A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um corpo morto.
E nesse instante um novo clamor abalou a galeria de mármore. Era o capitão dos guardas, a sua
gente fiel. Nos seus clamores havia, porém, mais tristeza que triunfo. O bastardo morrera! […]
Mas, ai! Dor sem nome! O corpozinho tenro do príncipe lá ficara também, envolto num manto, já
frio, roxo ainda das mãos ferozes que o tinham esganado!... Assim tumultuosamente lançavam a
nova cruel os homens de armas – quando a rainha, deslumbrada, com lágrimas entre risos, ergueu
nos braços, para lho mostrar, o príncipe que despertara.
Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?... Lá estava junto do berço de marfim
vazio, muda e hirta7
, aquela que o salvara. Serva sublimemente leal! Fora ela que, para conservar
a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho... Então, só então, a mãe ditosa8
, emergindo
da sua alegria extática9
, abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa, e a beijou, e lhe chamou irmã
do seu coração… E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente
aclamação, com súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que
salvara o rei e o reino.
Mas como? Que bolsas de ouro podem pagar um filho? Então um velho de casta10
nobre
lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram as
maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse…
Eça de Queirós, «A aia», in Contos, Porto Editora, 2011, pp. 159-161.
1 catre: leito ou cama pobre; 2 vergéis: jardins ou pomares; 3 brocado: tecido de seda com fios de ouro ou prata; 4 flamejante:
que parece lançar chamas; 5 cota de malha: armadura feita de malhas de metal entrelaçadas; 6 brados: gritos; 7 hirta: sem se
mexer, petrificada; 8 ditosa: afortunada, feliz; 9 extática: admirada, extasiada; 10 casta: origem, linhagem.
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5. Transcreve dois exemplos de sensações auditivas presentes no primeiro parágrafo do texto.
6. Assinala com um a opção que inclui duas características evidenciadas pela aia quando troca os bebés.
A. hesitação e lealdade.
B. vacilação e resignação.
C. coragem e desprezo.
D. determinação e lealdade.
7. A aia arrebatou o príncipe do seu berço de marfim.
7.1 Reescreve a frase apresentada, substituindo o constituinte com a função de complemento direto
pela forma adequada do pronome pessoal.
7.2 Reescreve, agora, no condicional simples a frase que obtiveste.
Faz as alterações necessárias.
8. Assinala com um , nos itens 8.1 a 8.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
8.1 Em «Olhou – correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se
arranca uma bolsa de oiro» (linhas 12-13), para intensificar a crueldade do tio bastardo, recorre-se
A. a um eufemismo.
B. a uma personificação.
C. a uma comparação.
D. a uma metáfora.
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ano
8.2 No terceiro parágrafo, descreve-se a protagonista após fazer a troca dos bebés: «A ama ficara
imóvel no silêncio e na treva.» (linha 15).
O constituinte sublinhado desempenha a função sintática de
A. predicativo do sujeito.
B. modificador (do grupo verbal).
C. modificador do nome.
D. predicativo do complemento direto.
8.3 No quarto parágrafo, os adjetivos utilizados para caracterizar a rainha acentuam
A. o seu descontrolo perante a conquista do palácio.
B. o seu desespero em relação ao destino do filho.
C. a sua lentidão na reação aos acontecimentos.
D. a sua tranquilidade ao perceber que o filho estava vivo.
9. Explica a reação da aia no seguinte excerto «Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama
descobriu o pobre berço de verga…» (linhas 19-20).
10. Assinala com um , nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
10.1 No quarto parágrafo, para destacar a tranquilidade com que o príncipe dormia, «num sonho
que o fazia sorrir» (linha 21), utiliza-se uma oração subordinada
A. adjetiva relativa explicativa.
B. adjetiva relativa restritiva.
C. substantiva completiva.
D. adverbial causal.
10.2 Em «Quem o salvara? Quem?...» (linha 29), a repetição acentua
A. a indignação perante a morte do escravozinho.
B. a incerteza sobre qual dos bebés havia sobrevivido.
C. a dúvida sobre quem salvara a vida do principezinho.
D. a hesitação sobre o que fazer naquele momento.
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ano
11. Explicita a utilização das expressões «mãe ditosa» e «mãe dolorosa» (linhas 31 e 32), evidenciando
o recurso expressivo utilizado.
12. «E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com
súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que salvara o rei e o
reino.» (linhas 33-35)
Completa a afirmação seguinte sobre os tempos simples das formas verbais sublinhadas nesta
frase do texto.
Escreve, em cada quadrado, a letra correspondente à opção selecionada.
A. pretérito perfeito do indicativo.
B. pretérito imperfeito do conjuntivo.
C. pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
D. pretérito imperfeito do indicativo.
E. futuro do indicativo.
13. «Então um velho de castanobre lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre
essas riquezas, que eram as maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse…» (linhas 36-38).
Explica a intenção do velho ao apresentar esta ideia. Dá a tua opinião sobre a sua proposta.
Para relatar a reação da multidão à atitude de extrema lealdade da aia,
o narrador recorre, primeiro, ao , depois ao e, finalmente, ao .
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ano
Lê o texto D.
Texto D
5
A mãe estava sentada numa cadeira da sala. As cortinas embaciavam a claridade que entrava
pela janela. Era de manhã. Havia o calor morno de torradas e de chá de camomila. A menina
entrou na sala e correu para a mãe. Não corras. Tem calma. A mãe sorria. Ergueu a sua mão do
colo e pousou-a muito devagar no rosto da menina, nos seus cabelos. Os olhos da mãe eram
grandes e castanhos. A menina sabia que tudo o que alguma vez pudesse precisar estava ali
naquelas mãos e naqueles olhos. A menina sorria. A mãe. Havia uma alegria iluminada pela
claridade que as cortinas da sala embaciavam.
José Luís Peixoto, in Mãe, uma antologia literária, 1001 Noites, 2022, p. 89 (texto com supressões).
14. Neste texto, destaca-se uma personagem feminina, que é mãe, tal como no texto C.
Refere uma atitude comum relativamente aos filhos na mãe do texto de José Luís Peixoto e na aia
do conto de Eça de Queirós.
15. Os laços que unem pais e filhos são muito profundos e, por vezes, bastante complexos.
Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre a
importância de se cultivar uma relação saudável entre pais e filhos.
O teu texto, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras, deve incluir:
– a indicação do teu ponto de vista;
– a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista;
– uma conclusão adequada.
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ano
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como
uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos;
– um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
FIM
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ano
COTAÇÕES
Textos
Item
Cotação (em pontos)
Texto A
1. 2.1 2.2 2.3
4 4 4 4 16
Texto B
3. 4.1 4.2 4.3
16
4 4 4 4
Texto C
5. 6. 7.1 7.2 8.1 8.2 8.3 9. 10.1 10.2 11 12 13
4 2 2 2 2 2 2 4 2 2 5 3 6 38
Texto D
14. 5
15. 25
TOTAL 100
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ano
SOLUÇÕES
TEXTO A
[Transcrição]
«O olhar dos pais para os filhos»
Esta semana vamos percorrer diferentes olhares.
Como é que os pais, Vítor, podem olhar para os filhos?
Podemos olhar de muitas maneiras e em função das circunstâncias, algumas vezes. O que é que eu
quero dizer com isto? Quero dizer que, às vezes, precisamos de óculos para os ver da forma que eles
são e do tamanho que têm, muitas vezes vemo-los de tamanho maior do que eles têm e isto tem a
ver, claramente, com as expectativas que se criam acerca do que é ter filhos e como é que eles realizam
ou não realizam os nossos sonhos, como é que nós temos um compromisso e uma responsabilidade
no processo educacional em relação a eles e, de facto, isso faz com que possam existir viés, possam
existir enviesamentos na forma como, em determinado momentos, os podemos ver, porque, de
alguma forma, nós desejamos consciente ou inconscientemente que eles possam cumprir um
determinado nível de expectativas e isso pode condicionar a forma como os vemos e a forma como
desejamos ou projetamos neles coisas que, às vezes, não realizámos em nós e achamos e queremos e
exigimos que eles possam realizar por nós ou para nós e, nesse sentido, precisamos de ter muito
cuidado para que este olhar seja um olhar o menos condicionado possível por aquilo que são estes
enviesamentos que eu estava a referir para que eles possam ser olhados tal qual são, com o caminho
que têm que percorrer e não propriamente cumprindo ou andando pelos nossos pés, andando pelos
pés deles através de um olhar o mais isento possível para que o caminho de realização seja o deles.
Como é que nós, adultos, podemos olhar para os nossos filhos, hoje em dia, Margarida…
… estava, estava a pensar em mistura de sabores e, portanto, estava a pensar em mistura de olhares.
Em princípio, um filho é sempre uma perspetiva de eternização. Pode ser, obviamente, uma falácia,
enfim, porque, porque os filhos também morrem e, depois, eternizam-se nos seus próprios filhos e,
enfim, por aí fora, mas esta primeira coisa é a semente de eternização, misturada com esperança, com
expectativas, que são, de facto, coisas diferentes, com um olhar a realidade, às vezes, enviesado pelo,
pelo enorme amor. Eu não me custa muito dizer isto, que é, o amor é descendente, quer dizer, e há…
aqui, um bocadinho esta consciência de que, tem que haver, … porque é por isso que a natureza
prepara as pessoas para perderem os pais e não prepara ninguém para perder os filhos, porque,
porque de facto, é assim, é muito cru, é muito seco dizer os pais gostam mais dos filhos do que os
filhos gostam dos pais, é muito seco dizer isso, até porque nós temos a consciência do quanto
gostamos dos nossos pais também, portanto custa, custa dizer as coisas assim, mas é verdade que este
grande amor que permite dar a vida pode enviesar o olhar puro para os filhos. O desejável é que se
consiga ver com lucidez. O possível, às vezes, é perder um bocadinho a lucidez e ver maior, como o
Vítor dizia, mas continuar a ver com aquela responsabilidade de ser, de ser a rede, caso haja uma
queda, para poder segurar sem que doa assim tanto, embora, às vezes, também seja possível deixar
cair.
in https://www.tsf.pt/programa/pensamento-cruzado/emissao/o-olhar-dos-pais-para-os-filhos-
5785867.html (excerto até aos 03:48 min)
1. A; D; E.
2.
2.1 C; 2.2 A; 2.3 B.
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ano
TEXTO B
3. 5 – 4 – 2 – 1 – 3.
4.
4.1 C; 4.2 B; 4.3 A.
TEXTO C
5. Por exemplo: «um certo rumor de ferro e de briga» (linha 2); «escutou ansiosamente» (linha 4).
6. D.
7.
7.1 A aia arrebatou-o do seu berço de marfim.
7.2 A aia arrebatá-lo-ia do seu berço de marfim.
8.
8.1 C; 8.2 A; 8.3 B.
9. A aia encontra-se num estado de grande sofrimento, não conseguindo falar e com os movimentos
tolhidos, por ter trocado as crianças de berço e, consequentemente, conduzindo o seu filho à morte.
Ela própria comporta-se como uma morta em vida.
10.
10.1 B; 10.2 C.
11. As expressões «mãe ditosa» e «mãe dolorosa», que se referem, respetivamente, à rainha e à aia,
exprimem, através da antítese, a indescritível alegria da primeira por saber que o filho continuava vivo,
e a profunda dor da segunda, que experiencia a perda de um filho.
12. D; A; C.
13. Cenário de resposta
A intenção do velho ao apresentar esta ideia era poder recompensar a aia pelo seu ato heroico, ao
salvar o príncipe e, por conseguinte, o reino.
Na minha opinião, a proposta do velho evidencia uma grande gratidão pela atitude da aia,
considerando-a merecedora de quaisquer riquezas do tesouro real. Contudo, considero a perda da aia
irreparável, pois nenhuma riqueza pode compensar a perda de um filho.
TEXTO D
14. Cenário de resposta
Em ambos os textos, é possível observar atitudes de grande carinho para com os filhos,
evidenciando-se o amor de mãe. Se a mãe referida no texto D pousa a mão no rosto e nos cabelos da
criança, num gesto de ternura, a aia do conto de Eça de Queirós beija o filho, com amor profundo,
antes de o trocar de berço com o príncipe.
15. Cenário de resposta
A relação pais-filhos
Na minha opinião, é fundamental que pais e filhos cultivem uma relação saudável.
Com efeito, a existência de uma relação saudável entre pais e filhos permite que, em qualquer
situação, os filhos tenham a certeza de que poderão sempre contar com os pais. Esta confiança que se
cria entre as duas partes pode ajudar a resolver conflitos e ser uma mais-valia na vida dos filhos, que,
deste modo, encontrarão nos pais um porto de abrigo, em qualquer situação por mais difícil que seja.
Além disso, o facto de pais e filhos estabelecerem uma relação saudável ajuda ambas as partes na
gestão de expectativas. Por exemplo, se os filhos falarem abertamente com os pais sobre os seus
sonhos e os seus objetivos de vida, estes compreendê-los-ão melhor e estarão preparados para os
deixar seguir o seu próprio caminho, estando disponíveis para viver as suas derrotas e as suas
conquistas.
Em suma, pais e filhos devem fazer um esforço diário e conjunto para, de forma harmoniosa,
manterem uma relação saudável em que ambas as partes se sintam confortáveis nos seus papéis. (182
palavras)
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Para responderes aos itens deste grupo, vais ouvir um
excerto do programa «Pensamento cruzado» da TSF
dedicado ao tema «O olhar dos pais para os filhos».
[áudio aqui; até aos 03:48 min]
Texto A
1. Assinala com um  três ideias defendidas na primeira intervenção.
A. Os filhos podem ser vistos de diferentes formas, tendo em conta os contextos.
B. Os pais demitem-se da sua responsabilidade no processo educacional dos filhos.
C. Os pais não estão conscientes do valor dos filhos.
D. As expectativas dos pais podem condicionar a forma como veem os filhos.
E. A realização dos filhos consegue-se quando percorrem o seu próprio caminho.
2. Assinala com um , nos itens 2.1 a 2.3, a opção que completa cada frase, de acordo com as ideias
transmitidas na segunda intervenção.
2.1 Ao dizer-se que «um filho é sempre uma perspetiva de eternização.», pretende-se
A. reforçar que os filhos, por serem mais novos, têm uma longa vida pela frente.
B. destacar a responsabilidade dos filhos na concretização das expectativas dos pais.
C. mostrar que, para os pais, os filhos são uma continuidade das suas próprias vidas.
2.2 O amor é visto como «descendente», porque
A. é natural os pais gostarem mais dos filhos do que os filhos dos pais.
B. é desejável que os filhos não percam a consciência do amor que têm pelos pais.
C. os pais sentem-se obrigados a criar descendência.
2.3 Para mostrar o papel dos pais enquanto responsáveis pela segurança dos filhos, faz-se uma
alusão à
A. perda de lucidez.
B. rede que os ampara, caso haja uma queda.
C. queda, que é sempre inevitável.
Nome N.o
Turma Data / /
Avaliação E. Educação Professor
Teste de avaliação de Português
9.º Ano (versão B)
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Lê o texto B. Se necessário, consulta as notas.
Texto B
Aprender a largar
Madalena Sá Fernandes
Precisava do silêncio e do sossego, de
passar umas noites sem a melodia das birras e
o compasso dos amuos. Precisava de largar a
batuta de maestro, de deixar a orquestra sob
outra regência e ir compor um solo ao meu
5
andamento.
Precisava de interromper a vigia constante
às crianças que se encavalitam na bancada da
cozinha para vigiar as vontades que se
encavalitam cá dentro antes que
10
despencassem1
.
Precisava de largar tudo para perceber se
ainda aqui estava, se ainda aqui estou. De
manhãs sem logística2
. De fazer a minha
própria mochila. De não ter de antecipar ou
15
resolver incidentes fisiológicos. Precisava de
uma folga, de tempo destinado ao repouso, ao
descanso e à curiosidade.
Sempre fui boa a largar. A minha mãe conta
que no primeiro dia de escola, aos dois anos,
20
lhe larguei a mão e fui a correr, sem olhar para
trás. O deixar ir, para mim, sempre foi fácil.
Quando um amigo me disse um dia: «amar não
é assim», mostrando a mão fechada; e depois:
«é assim» com a mão aberta; não me
25
surpreendeu. Amar sempre foi uma mão
aberta. A expressão abrir mão é sinónimo de
largar, de abnegar3
, mas, para mim, também de
amar.
Solta, desprendida, meio ao sabor do vento,
30
meio ao sabor do alento, sempre me considerei
desapegada e livre.
É por isso com surpresa e algum embaraço
que dou por mim, em viagem, a ligar 18 vezes
para confirmar se o portão da piscina está
35
fechado.
O desejo de liberdade e o apego maternal
travam um combate aguerrido na minha
psique4
. Isto não é novidade; desde que fui mãe
que oscilo entre sonhar com aventurar-me
40
sozinha a fazer um safari no Quénia, por causa
da Meryl Streep5
no África Minha6
, e sonhar
com quintas abandonadas com azulejos por
restaurar, crianças à volta de jardineiras sujas
de lama e biscoitos caseiros.
45
Tenho vontade de viajar sozinha para me
reconectar comigo mesma e medo da angústia
que advém dessa solidão.
Continuo a ser a que quer passear, descobrir
e explorar. A que secretamente deseja ficar
50
sem bateria no telemóvel num país
desconhecido e perder-se em praças de nome
impronunciável. Mas, à noite, dou por mim a
pensar se as minhas filhas terão bebido água,
se os avós sabem que elas só dormem bem com
55
o Mickey de chapéu, se terão posto o Mickey
de chapéu ao seu lado na cama. Ou se terão
posto o outro Mickey, que é o Mickey das
emergências, só para quando não se encontra o
Mickey de chapéu. Tenho vontade de mandar
60
mensagem a perguntar se dormem bem e se o
Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o
seu sono.
É importante aprender a largar. Largar
sempre foi tão natural para mim que é estranho
65
que agora se tenha tornado numa
aprendizagem. Elas estão felizes, a ouvir novas
histórias, a serem balançadas noutros colos, a
experimentarem novas rotinas. E eu também
estou feliz.
70
É importante sair do ninho para buscar
alimento. E regressar bem abastecida de
confiança e liberdade.
in https://publico.pt (texto adaptado; consultado em 2022).
1 despencassem: caíssem de muito alto; 2 logística: organização e gestão de meios e materiais para uma determinada atividade; 3 abnegar:
renunciar; 4 psique: mente; 5 Meryl Streep: atriz norte-americana; 6 África Minha: filme protagonizado por Meryl Streep.
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ano
3. Numera as frases de 1 a 5, de acordo com a ordem pela qual a autora vai fazendo as suas partilhas
com os leitores. A primeira frase já está numerada.
A. Importância das aprendizagens que momentos pontuais de separação podem trazer.
B. Preocupações que sente, durante a noite, em relação às filhas.
C. Referência a um episódio da sua infância.
D. Necessidades individuais que sente.
E. Batalha interior para conciliar o seu papel de mãe com o seu próprio eu.
4. Assinala com um , nos itens 4.1 a 4.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
4.1 No início do texto, a autora recorre à anáfora, para:
A. mostrar desagrado pelo facto de a sua família ser muito barulhenta.
B. reviver o seu dia a dia, numa casa com crianças.
C. reforçar as suas necessidades individuais, além do seu papel de mãe.
4.2 No excerto «Tenho vontade de mandar mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey
de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono.» (linhas 60-63), em que a autora expressa a
sua preocupação com o bem-estar das filhas, as palavras sublinhadas são
A. conjunções subordinativas condicionais.
B. conjunções subordinativas completivas.
C. pronomes pessoais.
4.3 A frase «É importante sair do ninho para buscar alimento.» (linhas 71-72), quanto ao valor
modal, é um exemplo de
A. modalidade epistémica com valor de certeza.
B. modalidade epistémica com valor de probabilidade.
C. modalidade apreciativa.
1
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ano
Lê o texto C, um excerto do conto «A aia» de Eça de Queirós. Se necessário, consulta as notas.
Texto C
A aia
5
10
15
20
25
30
35
[…] Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida no seu
catre1
, entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um certo rumor de ferro e de briga,
longe, à entrada dos vergéis2
reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás,
escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes.
Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente sobre lajes, como um fardo. Descerrou
violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas,
brilhos de armas… Num relance tudo compreendeu – o palácio surpreendido, o bastardo cruel
vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou
o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga – e tirando o seu filho do
berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real, que cobriu com um brocado3
.
Bruscamente um homem enorme, de face flamejante4
, com um manto negro sobre a cota de
malha5
, surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou – correu ao berço de
marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de oiro, e,
abafando os seus gritos no manto, abalou furiosamente.
O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva.
Mas brados6
de alarme de repente atroaram o palácio. Pelas vidraças perpassou o longo
flamejar das tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada, quase nua, a
rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho. Ao avistar o berço de marfim, com
as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes, num choro, despedaçada. Então, calada, muito
lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga… O príncipe lá estava, quieto,
adormecido, num sonho que o fazia sorrir, lhe iluminava toda a face entre os seus cabelos de ouro.
A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um corpo morto.
E nesse instante um novo clamor abalou a galeria de mármore. Era o capitão dos guardas, a sua
gente fiel. Nos seus clamores havia, porém, mais tristeza que triunfo. O bastardo morrera! […]
Mas, ai! Dor sem nome! O corpozinho tenro do príncipe lá ficara também, envolto num manto, já
frio, roxo ainda das mãos ferozes que o tinham esganado!... Assim tumultuosamente lançavam a
nova cruel os homens de armas – quando a rainha, deslumbrada, com lágrimas entre risos, ergueu
nos braços, para lho mostrar, o príncipe que despertara.
Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?... Lá estava junto do berço de marfim
vazio, muda e hirta7
, aquela que o salvara. Serva sublimemente leal! Fora ela que, para conservar
a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho... Então, só então, a mãe ditosa8
, emergindo
da sua alegria extática9
, abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa, e a beijou, e lhe chamou irmã
do seu coração… E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente
aclamação, com súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que
salvara o rei e o reino.
Mas como? Que bolsas de ouro podem pagar um filho? Então um velho de casta10
nobre
lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram as
maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse…
Eça de Queirós, «A aia», in Contos, Porto Editora, 2011, pp. 159-161.
1 catre: leito ou cama pobre; 2 vergéis: jardins ou pomares; 3 brocado: tecido de seda com fios de ouro ou prata; 4 flamejante:
que parece lançar chamas; 5 cota de malha: armadura feita de malhas de metal entrelaçadas; 6 brados: gritos; 7 hirta: sem se
mexer, petrificada; 8 ditosa: afortunada, feliz; 9 extática: admirada, extasiada; 10 casta: origem, linhagem.
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ano
5. Transcreve dois exemplos de sensações auditivas presentes no primeiro parágrafo do texto.
6. Assinala com um  a opção que inclui duas características evidenciadas pela aia quando troca os
bebés.
A. hesitação e lealdade.
B. coragem e desprezo.
C. determinação e lealdade.
7. A aia arrebatou o príncipe do seu berço de marfim.
7.1 Assinala com um  a opção em que o constituinte com a função de complemento direto se
encontra adequadamente substituído pelo pronome pessoal.
A. Ela arrebatou o príncipe do seu berço de marfim.
B. A aia arrebatou-o do seu berço de marfim.
C. A aia o arrebatou do seu berço de marfim.
7.2 Assinala com um  a opção em que a frase se encontra corretamente reescrita no condicional
simples.
A. A aia arrebatá-lo-ia do seu berço de marfim.
B. A aia arrebatá-lo-á do seu berço de marfim.
C. A aia tê-lo-ia arrebatado do seu berço de marfim.
8. Assinala com um , nos itens 8.1 a 8.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
8.1 Em «Olhou – correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se
arranca uma bolsa de oiro» (linhas 12-13), para intensificar a crueldade do tio bastardo, recorre-
se
A. a um eufemismo.
B. a uma personificação.
C. a uma comparação.
8.2 No terceiro parágrafo, descreve-se a protagonista após fazer a troca dos bebés: «A ama ficara
imóvel no silêncio e na treva.» (linha 15).
O constituinte sublinhado desempenha a função sintática de
A. predicativo do sujeito.
B. modificador (do grupo verbal).
C. modificador do nome.
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ano
8.3 Em, «E desgrenhada, quase nua, a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu
filho. Ao avistar o berço de marfim, com as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes,
num choro, despedaçada.» (linhas 17-19), os adjetivos utilizados para caracterizar a rainha
acentuam
A. o seu descontrolo perante a conquista do palácio.
B. o seu desespero em relação ao destino do filho.
C. a sua lentidão na reação aos acontecimentos.
9. Explica a reação da aia no seguinte excerto «Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama
descobriu o pobre berço de verga…» (linhas 19-20).
10. Assinala com um , nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada frase, de acordo com o
texto.
10.1 No quarto parágrafo, para destacar a tranquilidade com que o príncipe dormia, «num sonho
que o fazia sorrir» (linha 21), utiliza-se uma oração subordinada
A. adjetiva relativa explicativa.
B. adjetiva relativa restritiva.
C. substantiva completiva.
10.2 Em «Quem o salvara? Quem?...» (linha 29), a repetição acentua
A. a indignação perante a morte do escravozinho.
B. a incerteza sobre qual dos bebés havia sobrevivido.
C. a dúvida sobre quem salvara a vida do principezinho.
11. Atenta nas expressões «mãe ditosa» e «mãe dolorosa» (linhas 31 e 32).
Assinala com um , nos itens 11.1 e 11.2, a opção correta.
11.1 O recurso expressivo evidente nas expressões apresentadas é
A. a metáfora.
B. a antítese.
C. a hipérbole.
11.2 Este recurso expressivo
A. realça o contraste entre o estado de espírito das duas mulheres.
B. associa acontecimentos felizes às duas mulheres.
C. destaca a classe social de cada uma das mulheres.
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ano
12. «E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com
súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que salvara o rei e o
reino.» (linhas 33-35).
Completa a afirmação seguinte sobre os tempos simples das formas verbais sublinhadas nesta
frase do texto.
Escreve, em cada quadrado, a letra correspondente à opção selecionada.
A. pretérito perfeito do indicativo.
B. pretérito imperfeito do conjuntivo.
C. pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
D. pretérito imperfeito do indicativo.
E. futuro do indicativo.
13. Atenta no excerto «Então um velho de castanobre lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e
escolhesse de entre essas riquezas, que eram as maiores da Índia, todas as que o seu desejo
apetecesse…» (linhas 36-38).
Completa a afirmação, circundando, no quadro abaixo, as palavras adequadas a cada caso, de
forma a obteres afirmações verdadeiras.
A intenção do velho, ao apresentar esta ideia, era poder a. __________________ (recompensar /
castigar) a aia pelo seu ato b. ______________________ (cruel / heroico), ao salvar o príncipe e,
por conseguinte, o reino.
De facto, a proposta do velho evidencia c. ________________________ (gratidão / desgosto) pela
atitude da aia, considerando-a merecedora de quaisquer riquezas do tesouro real.
Para relatar a reação da multidão à atitude de extrema lealdade da aia,
o narrador recorre, primeiro, ao , depois ao e, finalmente, ao .
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ano
Lê o texto D.
Texto D
5
A mãe estava sentada numa cadeira da sala. As cortinas embaciavam a claridade que entrava
pela janela. Era de manhã. Havia o calor morno de torradas e de chá de camomila. A menina
entrou na sala e correu para a mãe. Não corras. Tem calma. A mãe sorria. Ergueu a sua mão do
colo e pousou-a muito devagar no rosto da menina, nos seus cabelos. Os olhos da mãe eram
grandes e castanhos. A menina sabia que tudo o que alguma vez pudesse precisar estava ali
naquelas mãos e naqueles olhos. A menina sorria. A mãe. Havia uma alegria iluminada pela
claridade que as cortinas da sala embaciavam.
José Luís Peixoto, in Mãe, uma antologia literária, 1001 Noites, 2022, p. 89 (texto com supressões).
14. Neste texto, destaca-se uma personagem feminina, que é mãe, tal como no Texto C.
Refere uma atitude comum relativamente aos filhos na mãe do texto de José Luís Peixoto e na
aia do conto de Eça de Queirós.
A estrutura apresentada ajuda-te a construíres o teu texto.
Em ambos os textos, é possível observar ______________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
No texto D, a mãe referida __________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
No caso do texto C, a aia do conto de Eça de Queirós _____________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
15. Os laços que unem pais e filhos são muito profundos e, por vezes, bastante complexos.
Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre a
importância de se cultivar uma relação saudável entre pais e filhos.
O teu texto, com um mínimo de 100 e um máximo de 140 palavras, deve estar estruturado em
quatro parágrafos e incluir:
– a indicação do teu ponto de vista;
– a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista;
– uma conclusão adequada.
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ano
Na minha opinião, ______________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Com efeito, ____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Além disso, ____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Em suma, ______________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como
uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos;
– um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
FIM
Introdução
Qual o teu ponto de
vista sobre a afirmação
apresentada?
Desenvolvimento
O que pensas sobre a
importância de uma
relação saudável entre
pais e filhos?
 Indicação da 1ª razão
que justifica o teu
ponto de vista.
 Indicação da 2ª razão
que justifica o teu
ponto de vista.
Conclusão
Opinião sobre a
importância do tema e
reforço do ponto de
vista defendido.
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ano
COTAÇÕES
Textos
Item
Cotação (em pontos)
Texto A
1. 2.1 2.2 2.3
4 4 4 4 16
Texto B
3. 4.1
.
4.2 4.3
16
4 4 4 4
Texto C
5. 6. 7.1 7.2 8.1 8.2 8.3 9. 10.1 10.2 11.1 11.2 12 13
4 2 2 2 2 2 2 4 2 2 2 3 3 6 38
Texto D
14. 5
15. 25
TOTAL 100
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SOLUÇÕES
TEXTO A
[Transcrição]
«O olhar dos pais para os filhos»
Esta semana vamos percorrer diferentes olhares.
Como é que os pais, Vítor, podem olhar para os filhos?
Podemos olhar de muitas maneiras e em função das circunstâncias, algumas vezes. O que é que eu
quero dizer com isto? Quero dizer que, às vezes, precisamos de óculos para os ver da forma que eles
são e do tamanho que têm, muitas vezes vemo-los de tamanho maior do que eles têm e isto tem a
ver, claramente, com as expectativas que se criam acerca do que é ter filhos e como é que eles realizam
ou não realizam os nossos sonhos, como é que nós temos um compromisso e uma responsabilidade
no processo educacional em relação a eles e, de facto, isso faz com que possam existir viés, possam
existir enviesamentos na forma como, em determinado momentos, os podemos ver, porque, de
alguma forma, nós desejamos consciente ou inconscientemente que eles possam cumprir um
determinado nível de expectativas e isso pode condicionar a forma como os vemos e a forma como
desejamos ou projetamos neles coisas que, às vezes, não realizámos em nós e achamos e queremos e
exigimos que eles possam realizar por nós ou para nós e, nesse sentido, precisamos de ter muito
cuidado para que este olhar seja um olhar o menos condicionado possível por aquilo que são estes
enviesamentos que eu estava a referir para que eles possam ser olhados tal qual são, com o caminho
que têm que percorrer e não propriamente cumprindo ou andando pelos nossos pés, andando pelos
pés deles através de um olhar o mais isento possível para que o caminho de realização seja o deles.
Como é que nós, adultos, podemos olhar para os nossos filhos, hoje em dia, Margarida…
… estava, estava a pensar em mistura de sabores e, portanto, estava a pensar em mistura de olhares.
Em princípio, um filho é sempre uma perspetiva de eternização. Pode ser, obviamente, uma falácia,
enfim, porque, porque os filhos também morrem e, depois, eternizam-se nos seus próprios filhos e,
enfim, por aí fora, mas esta primeira coisa é a semente de eternização, misturada com esperança, com
expectativas, que são, de facto, coisas diferentes, com um olhar a realidade, às vezes, enviesado pelo,
pelo enorme amor. Eu não me custa muito dizer isto, que é, o amor é descendente, quer dizer, e há…
aqui, um bocadinho esta consciência de que, tem que haver, … porque é por isso que a natureza
prepara as pessoas para perderem os pais e não prepara ninguém para perder os filhos, porque,
porque de facto, é assim, é muito cru, é muito seco dizer os pais gostam mais dos filhos do que os
filhos gostam dos pais, é muito seco dizer isso, até porque nós temos a consciência do quanto
gostamos dos nossos pais também, portanto custa, custa dizer as coisas assim, mas é verdade que este
grande amor que permite dar a vida pode enviesar o olhar puro para os filhos. O desejável é que se
consiga ver com lucidez. O possível, às vezes, é perder um bocadinho a lucidez e ver maior, como o
Vítor dizia, mas continuar a ver com aquela responsabilidade de ser, de ser a rede, caso haja uma
queda, para poder segurar sem que doa assim tanto, embora, às vezes, também seja possível deixar
cair.
in https://www.tsf.pt/programa/pensamento-cruzado/emissao/o-olhar-dos-pais-para-os-filhos-
5785867.html (excerto até aos 03:48 min)
1.
1.1 A; D; E.
2.
2.1 C; 2.2 A; 2.3 B.
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ano
TEXTO B
3. 5 – 4 – 2 – 1 – 3.
4.
4.1 C; 4.2 B; 4.3 A.
TEXTO C
5. Por exemplo: «um curto rumor de ferro e briga» (linha 2), «escutou ansiosamente» (linha 4).
6. C.
7.
7.1 B; 7.2 A.
8.
8.1 C; 8.2 A; 8.3 B.
9. A aia encontra-se num estado de grande sofrimento, não conseguindo falar e com os movimentos
tolhidos, por ter trocado as crianças de berço e, consequentemente, atirado o seu filho para a morte.
10.
10.1 B; 10.2 C.
11.
11.1 B; 11.2 A.
12. D; A; C.
13. a. recompensar; b. heroico; c. gratidão.
TEXTO D
14. Cenário de resposta
Em ambos os textos, é possível observar atitudes de grande carinho para com os filhos,
evidenciando-se o amor de mãe.
No texto D, a mãe referida pousa a mão no rosto e nos cabelos da criança, num gesto de ternura.
No caso do texto C, a aia do conto de Eça de Queirós beija o filho, com amor profundo, antes de o
trocar de berço com o príncipe.
15. Cenário de resposta
A relação pais-filhos
Na minha opinião, é fundamental que pais e filhos cultivem uma relação saudável.
Com efeito, uma relação saudável entre pais e filhos permite que os filhos tenham a certeza de que
poderão sempre contar com os pais. Esta confiança entre as duas partes pode ajudar a resolver
conflitos e ser uma mais-valia na vida dos filhos, que, assim, encontrarão nos pais um porto de abrigo.
Além disso, uma relação saudável entre pais e filhos ajuda ambas as partes na gestão de
expectativas. Se os filhos falarem abertamente com os pais sobre os seus sonhos e os seus objetivos
de vida, estes compreendê-los-ão melhor e estarão preparados para os deixar seguir o seu próprio
caminho.
Em suma, pais e filhos devem fazer um esforço conjunto para manterem uma relação saudável em
que se sintam confortáveis nos seus papéis. (140 palavras)
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o
ano
Para responderes aos itens deste grupo, vais ouvir um
excerto do programa «Pensamento cruzado» da TSF
dedicado ao tema «O olhar dos pais para os filhos».
[áudio aqui; até aos 03:48 min]
Texto A
1. Assinala com um  três ideias defendidas na primeira intervenção.
A. Os filhos podem ser vistos de diferentes formas, tendo em conta os contextos.
B. Os pais demitem-se da sua responsabilidade no processo educacional dos filhos.
C. Os pais não estão conscientes do valor dos filhos.
D. As expectativas dos pais podem condicionar a forma como veem os filhos.
E. A realização dos filhos consegue-se quando percorrem o seu próprio caminho.
2. Assinala com um , nos itens 2.1 a 2.3, a opção que completa cada frase, de acordo com as ideias
transmitidas na segunda intervenção.
2.1 Ao dizer-se que «um filho é sempre uma perspetiva de eternização», pretende-se
A. reforçar que os filhos, por serem mais novos, têm uma longa vida pela frente.
B. destacar a responsabilidade dos filhos na concretização das expectativas dos pais.
C. mostrar que, para os pais, os filhos são uma continuidade das suas próprias vidas.
2.2 O amor é visto como «descendente», porque
A. é natural os pais gostarem mais dos filhos do que os filhos dos pais.
B. é desejável que os filhos não percam a consciência do amor que têm pelos pais.
C. os pais sentem-se obrigados a criar descendência.
2.3 Para mostrar o papel dos pais enquanto responsáveis pela segurança dos filhos, faz-se uma
alusão à
A. perda de lucidez.
B. rede que ampara, caso haja uma queda.
C. queda, que é sempre inevitável.
Nome N.o
Turma Data / /
Avaliação E. Educação Professor
Teste de avaliação de Português
9.º Ano (versão A)
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ano
]
Lê o texto B. Se necessário, consulta as notas.
Texto B
Aprender a largar
Madalena Sá Fernandes
Precisava do silêncio e do sossego, de
passar umas noites sem a melodia das birras e
o compasso dos amuos. Precisava de largar a
batuta de maestro, de deixar a orquestra sob
outra regência e ir compor um solo ao meu
5
andamento.
Precisava de interromper a vigia constante
às crianças que se encavalitam na bancada da
cozinha para vigiar as vontades que se
encavalitam cá dentro antes que
10
despencassem1
.
Precisava de largar tudo para perceber se
ainda aqui estava, se ainda aqui estou. De
manhãs sem logística2
. De fazer a minha
própria mochila. De não ter de antecipar ou
15
resolver incidentes fisiológicos. Precisava de
uma folga, de tempo destinado ao repouso, ao
descanso e à curiosidade.
Sempre fui boa a largar. A minha mãe conta
que no primeiro dia de escola, aos dois anos,
20
lhe larguei a mão e fui a correr, sem olhar para
trás. O deixar ir, para mim, sempre foi fácil.
Quando um amigo me disse um dia: «amar não
é assim», mostrando a mão fechada; e depois:
«é assim» com a mão aberta; não me
25
surpreendeu. Amar sempre foi uma mão
aberta. A expressão abrir mão é sinónimo de
largar, de abnegar3
, mas, para mim, também de
amar.
Solta, desprendida, meio ao sabor do vento,
30
meio ao sabor do alento, sempre me considerei
desapegada e livre.
É por isso com surpresa e algum embaraço
que dou por mim, em viagem, a ligar 18 vezes
para confirmar se o portão da piscina está
35
fechado.
O desejo de liberdade e o apego maternal
travam um combate aguerrido na minha
psique4
. Isto não é novidade; desde que fui mãe
que oscilo entre sonhar com aventurar-me
40
sozinha a fazer um safari no Quénia, por causa
da Meryl Streep5
no África Minha6
, e sonhar
com quintas abandonadas com azulejos por
restaurar, crianças à volta de jardineiras sujas
de lama e biscoitos caseiros.
45
Tenho vontade de viajar sozinha para me
reconectar comigo mesma e medo da angústia
que advém dessa solidão.
Continuo a ser a que quer passear, descobrir
e explorar. A que secretamente deseja ficar
50
sem bateria no telemóvel num país
desconhecido e perder-se em praças de nome
impronunciável. Mas, à noite, dou por mim a
pensar se as minhas filhas terão bebido água,
se os avós sabem que elas só dormem bem com
55
o Mickey de chapéu, se terão posto o Mickey
de chapéu ao seu lado na cama. Ou se terão
posto o outro Mickey, que é o Mickey das
emergências, só para quando não se encontra o
Mickey de chapéu. Tenho vontade de mandar
60
mensagem a perguntar se dormem bem e se o
Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o
seu sono.
É importante aprender a largar. Largar
sempre foi tão natural para mim que é estranho
65
que agora se tenha tornado numa
aprendizagem. Elas estão felizes, a ouvir novas
histórias, a serem balançadas noutros colos, a
experimentarem novas rotinas. E eu também
estou feliz.
70
É importante sair do ninho para buscar
alimento. E regressar bem abastecida de
confiança e liberdade.
in https://publico.pt (texto adaptado; consultado em 2022).
1 despencassem: caíssem de muito alto; 2 logística: organização e gestão de meios e materiais para uma determinada atividade;
3 abnegar: renunciar; 4 psique: mente; 5 Meryl Streep: atriz norte-americana; 6 África Minha: filme protagonizado por Meryl Streep.
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ano
3. Numera as frases de 1 a 5, de acordo com a ordem pela qual a autora vai fazendo as suas partilhas
com os leitores.
A. Importância das aprendizagens que momentos pontuais de separação podem trazer.
B. Preocupações que sente, durante a noite, em relação às filhas.
C. Referência a um episódio da sua infância.
D. Necessidades individuais que sente.
E. Batalha interior para conciliar o seu papel de mãe com o seu próprio eu.
4. Assinala com um , nos itens 4.1 a 4.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
4.1 No início do texto, a autora recorre a dois recursos expressivos, a anáfora e a metáfora, para:
A. mostrar desagrado pelo facto de a sua família ser muito barulhenta.
B. reviver o seu dia a dia, numa casa com crianças.
C. reforçar as suas necessidades individuais, além do seu papel de mãe.
D. introduzir a referência à sua própria mãe.
4.2 No excerto «Tenho vontade de mandar mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey
de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono.» (linhas 60-63), em que a autora expressa a
sua preocupação com o bem-estar das filhas, as palavras sublinhadas são
A. conjunções subordinativas condicionais.
B. conjunções subordinativas completivas.
C. pronomes pessoais.
D. uma conjunção subordinativa completiva e um pronome pessoal, respetivamente.
4.3 A frase «É importante sair do ninho e ir buscar alimento.» (linhas 71-72) quanto ao valor modal,
é um exemplo de
A. modalidade epistémica com valor de certeza.
B. modalidade epistémica com valor de probabilidade.
C. modalidade deôntica com valor de permissão.
D. modalidade apreciativa.
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ano
Lê o texto C, um excerto do conto «O suave milagre» de Eça de Queirós. Se necessário, consulta as
notas.
Texto C
O suave milagre
5
10
15
20
25
30
35
40
[…] Ora […] num casebre desgarrado, sumido na prega de um cerro1
, vivia a esse tempo uma
viúva, mais desgraçada mulher que todas as mulheres de Israel. O seu filhinho único, todo
aleijado, passara do magro peito a que ela o criara para os farrapos da enxerga2
apodrecida, onde
jazera3,
sete anos passados, mirrando4
e gemendo. Também a ela a doença a engelhara dentro dos
trapos nunca mudados, mais escura e torcida que uma cepa5
arrancada. E, sobre ambos,
espessamente a miséria cresceu como um bolor sobre cacos perdidos num ermo6
. Até na lâmpada
de barro vermelha secara há muito o azeite. Dentro da arca pintada não restava grão ou côdea.
No Estio7
, sem pasto, a cabra morrera. Depois, no quinteiro8
, secara a figueira. Tão longe do
povoado, nunca esmola de pão ou mel entrava o portal. E só ervas apanhadas nas fendas das
rochas, cozida sem sal, nutriam aquelas criaturas de Deus na Terra Escolhida, onde até às aves
maléficas sobrava o sustento.
Um dia, um mendigo entrou no casebre, repartiu do seu farnel com a mãe amargurada, e um
momento sentado na pedra da lareira, coçando as feridas das pernas, contou dessa grande
esperança dos tristes, esse rabi9
que aparecera na Galileia, e de um pão no mesmo cesto fazia
sete, e amava todas as criancinhas, e enxugava todos os prantos10
, e prometia aos pobres um
grande e luminoso reino, de abundância maior que a corte de Salomão11
. A mulher escutava,
com olhos famintos. E esse doce rabi, esperança dos tristes, onde se encontrava? A sua fama
andava por sobre toda a Judeia12,
como o Sol que até por qualquer velho muro se estende e se
goza; mas para enxergar13
a claridade do seu rosto, só aqueles ditosos14
que o seu desejo escolhia.
[…]
A tarde caía. O mendigo apanhou o seu bordão, desceu pelo duro trilho, entre a urze e a rocha.
A mãe retomou o seu canto, a mãe mais vergada, mais abandonada. E então, o filhinho, num
murmúrio mais débil15
que o roçar de uma asa, pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que
amava as criancinhas, as mais pobres, sarava os males, ainda mais antigos. A mãe apertou a
cabeça esguedelhada16
:
– Oh filho! e como queres que te deixe, e me meta aos caminhos, à procura do rabi da
Galileia? […] Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe e a nossa dor mora
connosco, dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como
convenceria eu o rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através das
cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho17
tão pobre, sobre enxerga tão rota?
A criança, com duas longas lágrimas na face magrinha, murmurou:
– Oh mãe! Jesus ama todos os pequeninos. E eu ainda tão pequeno, e com um mal tão pesado,
e que tanto queria sarar!
E a mãe, em soluços:
– Oh meu filho, como te posso deixar? Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade
dos homens. Tão rota, tão trôpega18
, tão triste, até os cães me ladrariam da porta dos casais.
Ninguém atenderia o meu recado, e me apontaria a morada do doce rabi. Oh filho! talvez Jesus
morresse… Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com
ele para sempre morreu a esperança dos tristes.
De entre os trapos negros, erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam, a criança
murmurou:
– Mãe, eu queria ver Jesus…
E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança:
– Aqui estou.
Eça de Queirós, «O suave milagre» in Contos, Porto Editora, 2011, pp. 253-255.
1 cerro: outeiro, colina pouco elevada; 2 enxerga: almofadão de palha, cama humilde; 3 jazera: estivera deitado; 4 mirrando: definhando,
emagrecendo; 5 cepa: pé de videira; 6 ermo: lugar despovoado e solitário; 7 Estio: verão; 8 quinteiro: pequeno quintal murado; 9 rabi: chefe
religioso de uma comunidade judaica; 10 prantos: choros, lamentações; 11 Salomão: rei de Israel; 12 Judeia: província do Império Romano, que
se estabeleceu no território do Oriente Médio habitado e governado anteriormente pelos judeus; 13 enxergar: entrever; 14 ditosos: felizes,
afortunados; 15 débil: fraco, frágil; 16 esguedelhada: desgrenhada; 17 entrevadinho: pessoa que ficou com as articulações ou os membros, em
geral os inferiores, paralisados ou com movimentos limitados; 18 trôpega: pessoa que se move com dificuldade.
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ano
5. Transcreve dois excertos textuais que comprovem que a viúva e o seu filho viviam de forma
miserável.
6. O mendigo apanhou o seu bordão do chão.
6.1 Reescreve a frase apresentada, substituindo o constituinte com a função de complemento
direto pela forma adequada do pronome pessoal.
6.2 Reescreve, agora, a frase que obtiveste no condicional simples.
Faz as alterações necessárias.
7. Assinala com um  a opção que inclui duas características evidenciadas pela viúva quando se dirige
ao filho, no quarto parágrafo.
A. alegria e ânimo.
B. otimismo e amor pelo filho.
C. coragem e aflição.
D. amor pelo filho e desânimo.
8. Assinala com um , nos itens 8.1 a 8.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
8.1 Em «E então, o filhinho, num murmúrio mais débil que o roçar de uma asa» (linhas 22-23), para
destacar a fragilidade do filho da viúva, recorre-se
A. a um eufemismo.
B. a uma comparação.
C. a uma metáfora.
D. a uma personificação.
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ano
8.2 No terceiro parágrafo, para destacar as características do rabi, em «pediu à mãe que lhe
trouxesse esse rabi que amava as criancinhas» (linhas 23-24), utiliza-se uma oração subordinada
A. adjetiva relativa explicativa.
B. substantiva completiva.
C. adjetiva relativa restritiva.
D. adverbial causal.
8.3 No quarto parágrafo, destaca-se a dor em que vivia aquela família: «a nossa dor mora
connosco.» (linhas 27-28).
O constituinte sublinhado desempenha a função sintática de
A. predicativo do sujeito.
B. modificador (do grupo verbal).
C. complemento oblíquo.
D. complemento indireto.
9. Explica como reage a criança, no quinto e no sexto parágrafos, ao discurso emocionado da mãe.
10. Assinala com um , nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
10.1 A questão da mãe «– Oh meu filho, como te posso deixar?» (linha 35) acentua
A. a indignação perante o facto de Jesus recusar aparecer.
B. a dúvida sobre o caminho que devia seguir para encontrar Jesus.
C. o desespero por não poder abandonar o seu filho para ir procurar Jesus.
D. a hesitação sobre se devia ou não deixar o filho para ir em busca de ajuda.
10.2 Em «Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade dos homens.» (linhas 35-36), os
adjetivos utilizados acentuam
A. a distância até à Galileia.
B. a dificuldade da jornada da mãe.
C. a compaixão da mãe para com o filho.
D. a distância que a criança teria de percorrer.
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ano
11. Indica o argumento utilizado pela mãe para dissuadir o filho em relação ao pedido que este lhe fez,
explicitando o sentido da tripla adjetivação na expressão «Tão rota, tão trôpega, tão triste» (linha
36)
12. «Oh filho! talvez Jesus morresse… Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o
Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes.» (linhas 37-39).
Completa a afirmação seguinte sobre os tempos simples das formas verbais sublinhadas nesta
frase do texto.
Escreve, em cada quadrado, a letra correspondente à opção selecionada.
A. pretérito perfeito do indicativo.
B. pretérito imperfeito do conjuntivo.
C. pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
D. pretérito imperfeito do indicativo.
E. presente do indicativo.
13. «– Aqui estou.»
Relaciona o final do conto com o seu título.
No discurso da mãe, para se mostrar a pouca crença que esta tinha em poder encontrar
Jesus, recorre-se primeiro, ao , depois ao e, finalmente, ao .
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ano
Lê o texto D.
Texto D
5
A mãe estava sentada numa cadeira da sala. As cortinas embaciavam a claridade que entrava
pela janela. Era de manhã. Havia o calor morno de torradas e de chá de camomila. A menina
entrou na sala e correu para a mãe. Não corras. Tem calma. A mãe sorria. Ergueu a sua mão do
colo e pousou-a muito devagar no rosto da menina, nos seus cabelos. Os olhos da mãe eram
grandes e castanhos. A menina sabia que tudo o que alguma vez pudesse precisar estava ali
naquelas mãos e naqueles olhos. A menina sorria. A mãe. Havia uma alegria iluminada pela
claridade que as cortinas da sala embaciavam.
José Luís Peixoto, in Mãe, uma antologia literária, 1001 Noites, 2022, p. 89 (texto com supressões).
14. Neste texto, destaca-se uma personagem feminina, que é mãe, tal como no texto C.
Refere uma atitude comum relativamente aos filhos na mãe do texto de José Luís Peixoto e na
viúva, mãe da criança doente, do conto de Eça de Queirós.
15. Os laços que unem pais e filhos são muito profundos e, por vezes, bastante complexos.
Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre a
importância de se cultivar uma relação saudável entre pais e filhos.
O teu texto, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras, deve incluir:
– a indicação do teu ponto de vista;
– a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista;
– uma conclusão adequada.
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Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como
uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos;
– um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
FIM
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ano
COTAÇÕES
Textos
Item
Cotação (em pontos)
Texto A
1. 2.1 2.2 2.3
4 4 4 4 16
Texto B
3. 4.1. 4.2. 4.3.
16
4 4 4 4
Texto C
5. 6.1 6.2 7. 8.1 8.2 8.3 9. 10.1 10.2 11. 12. 13.
4 2 2 2 2 2 2 4 2 2 5 3 6 38
Texto D
14. 5
15. 25
TOTAL 100
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ano
SOLUÇÕES
TEXTO A
[Transcrição]
«O olhar dos pais para os filhos»
Esta semana vamos percorrer diferentes olhares.
Como é que os pais, Vítor, podem olhar para os filhos?
Podemos olhar de muitas maneiras e em função das circunstâncias, algumas vezes. O que é que eu
quero dizer com isto? Quero dizer que, às vezes, precisamos de óculos para os ver da forma que eles
são e do tamanho que têm, muitas vezes vemo-los de tamanho maior do que eles têm e isto tem a
ver, claramente, com as expectativas que se criam acerca do que é ter filhos e como é que eles realizam
ou não realizam os nossos sonhos, como é que nós temos um compromisso e uma responsabilidade
no processo educacional em relação a eles e, de facto, isso faz com que possam existir viés, possam
existir enviesamentos na forma como, em determinado momentos, os podemos ver, porque, de
alguma forma, nós desejamos consciente ou inconscientemente que eles possam cumprir um
determinado nível de expectativas e isso pode condicionar a forma como os vemos e a forma como
desejamos ou projetamos neles coisas que, às vezes, não realizámos em nós e achamos e queremos e
exigimos que eles possam realizar por nós ou para nós e, nesse sentido, precisamos de ter muito
cuidado para que este olhar seja um olhar o menos condicionado possível por aquilo que são estes
enviesamentos que eu estava a referir para que eles possam ser olhados tal qual são, com o caminho
que têm que percorrer e não propriamente cumprindo ou andando pelos nossos pés, andando pelos
pés deles através de um olhar o mais isento possível para que o caminho de realização seja o deles.
Como é que nós, adultos, podemos olhar para os nossos filhos, hoje em dia, Margarida…
… estava, estava a pensar em mistura de sabores e, portanto, estava a pensar em mistura de olhares.
Em princípio, um filho é sempre uma perspetiva de eternização. Pode ser, obviamente, uma falácia,
enfim, porque, porque os filhos também morrem e, depois, eternizam-se nos seus próprios filhos e,
enfim, por aí fora, mas esta primeira coisa é a semente de eternização, misturada com esperança, com
expectativas, que são, de facto, coisas diferentes, com um olhar a realidade, às vezes, enviesado pelo,
pelo enorme amor. Eu não me custa muito dizer isto, que é, o amor é descendente, quer dizer, e há…
aqui, um bocadinho esta consciência de que, tem que haver, … porque é por isso que a natureza
prepara as pessoas para perderem os pais e não prepara ninguém para perder os filhos, porque,
porque de facto, é assim, é muito cru, é muito seco dizer os pais gostam mais dos filhos do que os
filhos gostam dos pais, é muito seco dizer isso, até porque nós temos a consciência do quanto
gostamos dos nossos pais também, portanto custa, custa dizer as coisas assim, mas é verdade que este
grande amor que permite dar a vida pode enviesar o olhar puro para os filhos. O desejável é que se
consiga ver com lucidez. O possível, às vezes, é perder um bocadinho a lucidez e ver maior, como o
Vítor dizia, mas continuar a ver com aquela responsabilidade de ser, de ser a rede, caso haja uma
queda, para poder segurar sem que doa assim tanto, embora, às vezes, também seja possível deixar
cair.
in https://www.tsf.pt/programa/pensamento-cruzado/emissao/o-olhar-dos-pais-para-os-filhos-
5785867.html (excerto até aos 03:48 min)
1. A, D, E.
2. 2.1 C; 2.2 A; 2.3 B.
TEXTO B
3. 5 – 4 – 2 – 1 – 3.
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ano
4. 4.1 C; 4.2 B; 4.3 A.
TEXTO C
5. Por exemplo: «E, sobre ambos, espessamente a miséria cresceu» (linhas 5-6), «Dentro da arca
pintada não restava grão ou côdea.» (linha 7).
6.
6.1 O mendigo apanhou-o do chão.
6.2 O mendigo apanhá-lo-ia do chão.
7. D.
8. 8.1 B; 8.2 C; 8.3 C.
9. A criança chora e evidencia o facto de ser muito pequena e estar já em grande sofrimento, pelo que
deseja uma cura. Além disso, salienta o facto de acreditar que Jesus ama todas as crianças.
10. 10.1 C; 10.2 B.
11. A mãe argumenta que, mesmo que deixasse o filho, a sua frágil presença e condição não
permitiriam alcançar o objetivo da sua jornada (encontrar o rabi da Galileia), o que é realçado pela
tripla adjetivação na caracterização que faz de si própria.
12. B, E, A.
13. Cenário de resposta
O final do conto mostra que o pedido sincero e humilde da criança, que acredita verdadeiramente
na mensagem de Jesus, bastou para que este lhe aparecesse, cumprindo o seu simples desejo. Assim,
deu-se «o suave milagre» antecipado no título.
TEXTO D
14. Cenário de resposta
Em ambos os textos, é possível observar atitudes de grande carinho para com os filhos,
evidenciando-se o amor de mãe. Se a mãe referida no texto D pousa a mão no rosto e nos cabelos da
criança, num gesto de ternura, a viúva do conto de Eça de Queirós recusa-se a deixar o filho doente
sozinho, mostrando-se desesperada e em «soluços» perante a sua fragilidade.
15. Cenário de resposta
A relação pais-filhos
Na minha opinião, é fundamental que pais e filhos cultivem uma relação saudável.
Com efeito, a existência de uma relação saudável entre pais e filhos permite que, em qualquer
situação, os filhos tenham a certeza de que poderão sempre contar com os pais. Esta confiança que se
cria entre as duas partes pode ajudar a resolver conflitos e ser uma mais-valia na vida dos filhos, que,
deste modo, encontrarão nos pais um porto de abrigo, em qualquer situação por mais difícil que seja.
Além disso, o facto de pais e filhos estabelecerem uma relação saudável ajuda ambas as partes na
gestão de expectativas. Por exemplo, se os filhos falarem abertamente com os pais sobre os seus
sonhos e os seus objetivos de vida, estes compreendê-los-ão melhor e estarão preparados para os
deixar seguir o seu próprio caminho, estando disponíveis para viver as suas derrotas e as suas
conquistas.
Em suma, pais e filhos devem fazer um esforço diário e conjunto para, de forma harmoniosa,
manterem uma relação saudável em que ambas as partes se sintam confortáveis nos seus papéis. (182
palavras)
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o
ano
Para responderes aos itens deste grupo, vais ouvir um
excerto do programa «Pensamento cruzado» da TSF
dedicado ao tema «O olhar dos pais para os filhos».
[áudio aqui; até aos 03:48 min]
Texto A
1. Assinala com um  três ideias defendidas na primeira intervenção.
A. Os filhos podem ser vistos de diferentes formas, tendo em conta os contextos.
B. Os pais demitem-se da sua responsabilidade no processo educacional dos filhos.
C. Os pais não estão conscientes do valor dos filhos.
D. As expectativas dos pais podem condicionar a forma como veem os filhos.
E. A realização dos filhos consegue-se quando percorrem o seu próprio caminho.
2. Assinala com um , nos itens 2.1 a 2.3, a opção que completa cada frase, de acordo com as ideias
transmitidas na segunda intervenção.
2.1 Ao dizer-se que «um filho é sempre uma perspetiva de eternização.», pretende-se
A. reforçar que os filhos, por serem mais novos, têm uma longa vida pela frente.
B. destacar a responsabilidade dos filhos na concretização das expectativas dos pais.
C. mostrar que, para os pais, os filhos são uma continuidade das suas próprias vidas.
2.2 O amor é visto como «descendente», porque
A. é natural os pais gostarem mais dos filhos do que os filhos dos pais.
B. é desejável que os filhos não percam a consciência do amor que têm pelos pais.
C. os pais sentem-se obrigados a criar descendência.
2.3 Para mostrar o papel dos pais enquanto responsáveis pela segurança dos filhos, faz-se uma
alusão à
A. perda de lucidez.
B. rede que ampara, caso haja uma queda.
C. queda, que é sempre inevitável.
Nome N.o
Turma Data / /
Avaliação E. Educação Professor
Teste de avaliação de Português
9.º Ano (versão B)
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ano
]
Lê o texto B. Se necessário, consulta as notas.
Texto B
Aprender a largar
Madalena Sá Fernandes
Precisava do silêncio e do sossego, de
passar umas noites sem a melodia das birras e
o compasso dos amuos. Precisava de largar a
batuta de maestro, de deixar a orquestra sob
outra regência e ir compor um solo ao meu
5
andamento.
Precisava de interromper a vigia constante
às crianças que se encavalitam na bancada da
cozinha para vigiar as vontades que se
encavalitam cá dentro antes que
10
despencassem1
.
Precisava de largar tudo para perceber se
ainda aqui estava, se ainda aqui estou. De
manhãs sem logística2
. De fazer a minha
própria mochila. De não ter de antecipar ou
15
resolver incidentes fisiológicos. Precisava de
uma folga, de tempo destinado ao repouso, ao
descanso e à curiosidade.
Sempre fui boa a largar. A minha mãe conta
que no primeiro dia de escola, aos dois anos,
20
lhe larguei a mão e fui a correr, sem olhar para
trás. O deixar ir, para mim, sempre foi fácil.
Quando um amigo me disse um dia: «amar não
é assim», mostrando a mão fechada; e depois:
«é assim» com a mão aberta; não me
25
surpreendeu. Amar sempre foi uma mão
aberta. A expressão abrir mão é sinónimo de
largar, de abnegar3
, mas, para mim, também de
amar.
Solta, desprendida, meio ao sabor do vento,
30
meio ao sabor do alento, sempre me considerei
desapegada e livre.
É por isso com surpresa e algum embaraço
que dou por mim, em viagem, a ligar 18 vezes
para confirmar se o portão da piscina está
35
fechado.
O desejo de liberdade e o apego maternal
travam um combate aguerrido na minha
psique4
. Isto não é novidade; desde que fui mãe
que oscilo entre sonhar com aventurar-me
40
sozinha a fazer um safari no Quénia, por causa
da Meryl Streep5
no África Minha6
, e sonhar
com quintas abandonadas com azulejos por
restaurar, crianças à volta de jardineiras sujas
de lama e biscoitos caseiros.
45
Tenho vontade de viajar sozinha para me
reconectar comigo mesma e medo da angústia
que advém dessa solidão.
Continuo a ser a que quer passear, descobrir
e explorar. A que secretamente deseja ficar
50
sem bateria no telemóvel num país
desconhecido e perder-se em praças de nome
impronunciável. Mas, à noite, dou por mim a
pensar se as minhas filhas terão bebido água,
se os avós sabem que elas só dormem bem com
55
o Mickey de chapéu, se terão posto o Mickey
de chapéu ao seu lado na cama. Ou se terão
posto o outro Mickey, que é o Mickey das
emergências, só para quando não se encontra o
Mickey de chapéu. Tenho vontade de mandar
60
mensagem a perguntar se dormem bem e se o
Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o
seu sono.
É importante aprender a largar. Largar
sempre foi tão natural para mim que é estranho
65
que agora se tenha tornado numa
aprendizagem. Elas estão felizes, a ouvir novas
histórias, a serem balançadas noutros colos, a
experimentarem novas rotinas. E eu também
estou feliz.
70
É importante sair do ninho para buscar
alimento. E regressar bem abastecida de
confiança e liberdade.
in https://publico.pt (texto adaptado; consultado em 2022).
1 despencassem: caíssem de muito alto; 2 logística: organização e gestão de meios e materiais para uma determinada atividade; 3 abnegar:
renunciar; 4 psique: mente; 5 Meryl Streep: atriz norte-americana; 6 África Minha: filme protagonizado por Meryl Streep.
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o
ano
3. Numera as frases de 1 a 5, de acordo com a ordem pela qual a autora vai fazendo as suas partilhas
com os leitores.
A primeira frase já está numerada.
A. Importância das aprendizagens que momentos pontuais de separação podem trazer.
B. Preocupações que sente, durante a noite, em relação às filhas.
C. Referência a um episódio da sua infância.
D. Necessidades individuais que sente.
E. Batalha interior para conciliar o seu papel de mãe com o seu próprio eu.
4. Assinala com um , nos itens 4.1 a 4.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
4.1 No início do texto, a autora recorre à anáfora, para:
A. mostrar desagrado pelo facto de a sua família ser muito barulhenta.
B. reviver o seu dia a dia, numa casa com crianças.
C. reforçar as suas necessidades individuais, além do seu papel de mãe.
4.2 No excerto «Tenho vontade de mandar mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey
de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono.» (linhas 60-63), em que a autora expressa a
sua preocupação com o bem-estar das filhas, as palavras sublinhadas são
A. conjunções subordinativas condicionais.
B. conjunções subordinativas completivas.
C. pronomes pessoais.
4.3 A frase «É importante sair do ninho para buscar alimento.» (linhas 71-72), quanto ao valor
modal, é um exemplo de
A. modalidade epistémica com valor de certeza.
B. modalidade epistémica com valor de probabilidade.
D. modalidade apreciativa.
1
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o
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Lê o texto C, um excerto do conto «O suave milagre» de Eça de Queirós. Se necessário, consulta as
notas.
O suave milagre
5
10
15
20
25
30
35
40
[…] Ora […] num casebre desgarrado, sumido na prega de um cerro1
, vivia a esse tempo uma
viúva, mais desgraçada mulher que todas as mulheres de Israel. O seu filhinho único, todo
aleijado, passara do magro peito a que ela o criara para os farrapos da enxerga2
apodrecida, onde
jazera3,
sete anos passados, mirrando4
e gemendo. Também a ela a doença a engelhara dentro dos
trapos nunca mudados, mais escura e torcida que uma cepa5
arrancada. E, sobre ambos,
espessamente a miséria cresceu como um bolor sobre cacos perdidos num ermo6
. Até na lâmpada
de barro vermelha secara há muito o azeite. Dentro da arca pintada não restava grão ou côdea.
No Estio7
, sem pasto, a cabra morrera. Depois, no quinteiro8
, secara a figueira. Tão longe do
povoado, nunca esmola de pão ou mel entrava o portal. E só ervas apanhadas nas fendas das
rochas, cozida sem sal, nutriam aquelas criaturas de Deus na Terra Escolhida, onde até às aves
maléficas sobrava o sustento.
Um dia, um mendigo entrou no casebre, repartiu do seu farnel com a mãe amargurada, e um
momento sentado na pedra da lareira, coçando as feridas das pernas, contou dessa grande
esperança dos tristes, esse rabi9
que aparecera na Galileia, e de um pão no mesmo cesto fazia
sete, e amava todas as criancinhas, e enxugava todos os prantos10
, e prometia aos pobres um
grande e luminoso reino, de abundância maior que a corte de Salomão11
. A mulher escutava,
com olhos famintos. E esse doce rabi, esperança dos tristes, onde se encontrava? A sua fama
andava por sobre toda a Judeia12,
como o Sol que até por qualquer velho muro se estende e se
goza; mas para enxergar13
a claridade do seu rosto, só aqueles ditosos14
que o seu desejo escolhia.
[…]
A tarde caía. O mendigo apanhou o seu bordão, desceu pelo duro trilho, entre a urze e a rocha.
A mãe retomou o seu canto, a mãe mais vergada, mais abandonada. E então, o filhinho, num
murmúrio mais débil15
que o roçar de uma asa, pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que
amava as criancinhas, as mais pobres, sarava os males, ainda mais antigos. A mãe apertou a
cabeça esguedelhada16
:
– Oh filho! e como queres que te deixe, e me meta aos caminhos, à procura do rabi da
Galileia? […] Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe e a nossa dor mora
connosco, dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como
convenceria eu o rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através das
cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho17
tão pobre, sobre enxerga tão rota?
A criança, com duas longas lágrimas na face magrinha, murmurou:
– Oh mãe! Jesus ama todos os pequeninos. E eu ainda tão pequeno, e com um mal tão pesado,
e que tanto queria sarar!
E a mãe, em soluços:
– Oh meu filho, como te posso deixar? Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade
dos homens. Tão rota, tão trôpega18
, tão triste, até os cães me ladrariam da porta dos casais.
Ninguém atenderia o meu recado, e me apontaria a morada do doce rabi. Oh filho! talvez Jesus
morresse… Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com
ele para sempre morreu a esperança dos tristes.
De entre os trapos negros, erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam, a criança
murmurou:
– Mãe, eu queria ver Jesus…
E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança:
– Aqui estou.
Eça de Queirós, «O suave milagre» in Contos, Porto Editora, 2011, pp. 253-255.
1 cerro: outeiro, colina pouco elevada; 2 enxerga: almofadão de palha, cama humilde; 3 jazera: estivera deitado; 4 mirrando: definhando,
emagrecendo; 5 cepa: pé de videira; 6 ermo: lugar despovoado e solitário; 7 Estio: verão; 8 quinteiro: pequeno quintal murado; 9 rabi: chefe
religioso de uma comunidade judaica; 10 prantos: choros, lamentações; 11 Salomão: rei de Israel; 12 Judeia: província do Império Romano, que
se estabeleceu no território do Oriente Médio habitado e governado anteriormente pelos judeus; 13 enxergar: entrever; 14 ditosos: felizes,
afortunados; 15
débil: fraco, frágil; 16
esguedelhada: desgrenhada; 17
entrevadinho: pessoa que ficou com as articulações ou os membros, em
geral os inferiores, paralisados ou com movimentos limitados; 18 trôpega: pessoa que se move com dificuldade.
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ano
5. Transcreve dois excertos textuais que comprovem que a viúva e o seu filho viviam de forma
miserável.
6. O mendigo apanhou o seu bordão do chão.
6.1 Assinala com um  a opção em que o constituinte com a função de complemento direto se
encontra adequadamente substituído pelo pronome pessoal.
A. Ele apanhou o seu bordão do chão.
B. O mendigo apanhou-o do chão.
C. O mendigo o apanhou do chão.
6.2 Assinala com um  a opção em que a frase se encontra corretamente reescrita no condicional
simples.
A. O mendigo apanhá-lo-ia do chão.
B. O mendigo apanhá-lo-á do chão.
C. O mendigo tê-lo-ia apanhado do chão.
7. Assinala com um  a opção que inclui duas características evidenciadas pela viúva quando se dirige
ao filho, no quarto parágrafo.
A. alegria e ânimo.
B. otimismo e amor pelo filho.
C. amor pelo filho e desânimo.
8. Assinala com um , nos itens 8.1 a 8.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.
8.1 Em «E então, o filhinho, num murmúrio mais débil que o roçar de uma asa» (linhas 22-23), para
destacar a fragilidade do filho da viúva, recorre-se
A. a um eufemismo.
B. uma comparação.
C. a uma metáfora.
8.2 No terceiro parágrafo, para destacar as características do rabi, em «pediu à mãe que lhe
trouxesse esse rabi que amava as criancinhas» (linhas 23-24), utiliza-se uma oração subordinada
A. adjetiva relativa explicativa.
B. substantiva completiva.
C. adjetiva relativa restritiva.
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ano
8.3 No quarto parágrafo, destaca-se a dor em que vivia aquela família: «A nossa dor mora
connosco.» (linhas 27-28).
O constituinte sublinhado desempenha a função sintática de
A. predicativo do sujeito.
B. complemento oblíquo.
C. modificador (do grupo verbal).
9. Explica como reage a criança, no quinto e no sexto parágrafos, ao discurso emocionado da mãe.
10. Assinala com um , nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada frase, de acordo com o
texto.
10.1 A questão da mãe «– Oh meu filho, como te posso deixar?» (linha 35) acentua
A. a indignação perante o facto de Jesus recusar aparecer.
B. a dúvida sobre o caminho que devia seguir para encontrar Jesus.
C. o desespero por não poder abandonar o seu filho para ir procurar Jesus.
10.2 Em «Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade dos homens.» (linhas 35-36), os
adjetivos utilizados acentuam
A. a distância até à Galileia.
B. a dificuldade da jornada da mãe.
C. a compaixão da mãe para com o filho.
11. Atenta na expressão «Tão rota, tão trôpega, tão triste» (linha 36).
Assinala com um , nos itens 11.1 e 11.2, a opção correta.
11.1 O recurso expressivo evidente nas expressões apresentadas é
A. a metáfora.
B. a hipérbole.
C. a tripla adjetivação.
11.2 Este recurso expressivo realça
A. a caracterização que a mãe faz de si própria e a sua fragilidade.
B. a caracterização que o narrador faz da viúva e a sua fraqueza.
C. a caracterização que o filho faz da mãe e a sua fragilidade.
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ano
12. «Oh filho! talvez Jesus morresse… Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o
Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes.» (linhas 37-39).
Completa a afirmação seguinte sobre os tempos simples das formas verbais sublinhadas nesta
frase do texto.
Escreve, em cada quadrado, a letra correspondente à opção selecionada.
A. pretérito perfeito do indicativo.
B. pretérito imperfeito do conjuntivo.
C. pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
D. pretérito imperfeito do indicativo.
E. presente do indicativo.
13. «– Aqui estou.»
Completa a afirmação, circundando, no quadro abaixo, as palavras adequadas a cada caso, de
forma a obteres afirmações verdadeiras sobre a relação do final do conto com o seu título.
O final do conto mostra que o pedido sincero e a. ___________________ (humilde / arrogante) da
criança, que acredita verdadeiramente na mensagem de Jesus, bastou para que este lhe
aparecesse, cumprindo a sua simples b. ____________________________ (exigência / vontade).
Assim, deu-se «o suave milagre» c. ________________________________ (antecipado /
esquecido) no título.
No discurso da mãe, para se mostrar a pouca crença que esta tinha em poder encontrar
Jesus, recorre-se primeiro, ao , depois ao e, finalmente, ao .
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ano
Lê o texto D.
Texto D
5
A mãe estava sentada numa cadeira da sala. As cortinas embaciavam a claridade que entrava
pela janela. Era de manhã. Havia o calor morno de torradas e de chá de camomila. A menina
entrou na sala e correu para a mãe. Não corras. Tem calma. A mãe sorria. Ergueu a sua mão do
colo e pousou-a muito devagar no rosto da menina, nos seus cabelos. Os olhos da mãe eram
grandes e castanhos. A menina sabia que tudo o que alguma vez pudesse precisar estava ali
naquelas mãos e naqueles olhos. A menina sorria. A mãe. Havia uma alegria iluminada pela
claridade que as cortinas da sala embaciavam.
José Luís Peixoto, in Mãe, uma antologia literária, 1001 Noites, 2022, p. 89 (texto com supressões).
14. Neste texto, destaca-se uma personagem feminina, que é mãe, tal como no Texto C.
Refere uma atitude comum relativamente aos filhos na mãe do texto de José Luís Peixoto e na
viúva, mãe da criança doente, do conto de Eça de Queirós. A estrutura apresentada ajuda-te a
construíres o teu texto.
Em ambos os textos, é possível observar ______________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
No texto D, a mãe referida __________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
No caso do texto C, a viúva, mãe da criança doente, do conto de Eça de Queirós,
_______________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
15. Os laços que unem pais e filhos são muito profundos e, por vezes, bastante complexos.
Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre a
importância de se cultivar uma relação saudável entre pais e filhos.
O teu texto, com um mínimo de 100 e um máximo de 140 palavras, deve estar estruturado em
quatro parágrafos e incluir:
– a indicação do teu ponto de vista;
– a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista;
– uma conclusão adequada.
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ano
Na minha opinião, ______________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Com efeito, ____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Além disso, ____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Em suma, _____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como
uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos;
– um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
FIM
Introdução
Qual o teu ponto de
vista sobre a afirmação
apresentada?
Desenvolvimento
O que pensas sobre a
importância de uma
relação saudável entre
pais e filhos?
 Indicação da 1ª razão
que justifica o teu
ponto de vista.
 Indicação da 2ª razão
que justifica o teu
ponto de vista.
Conclusão
Opinião sobre a
importância do tema e
reforço do ponto de
vista defendido.
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ano
COTAÇÕES
Textos
Item
Cotação (em pontos)
Texto A
1. 2.1 2.2 2.3
4 4 4 4 16
Texto B
3. 4.1 4.2 4.3
16
4 4 4 4
Texto C
5. 6.1 6.2 7. 8.1 8.2 8.3 9. 10.1 10.2 11.1 11.2 12 13
4 2 2 2 2 2 2 4 2 2 2 3 3 6 38
Texto D
14. 5
15. 25
TOTAL 100
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ano
SOLUÇÕES
TEXTO A
[Transcrição]
«O olhar dos pais para os filhos»
Esta semana vamos percorrer diferentes olhares.
Como é que os pais, Vítor, podem olhar para os filhos?
Podemos olhar de muitas maneiras e em função das circunstâncias, algumas vezes. O que é que eu
quero dizer com isto? Quero dizer que, às vezes, precisamos de óculos para os ver da forma que eles
são e do tamanho que têm, muitas vezes vemo-los de tamanho maior do que eles têm e isto tem a
ver, claramente, com as expectativas que se criam acerca do que é ter filhos e como é que eles realizam
ou não realizam os nossos sonhos, como é que nós temos um compromisso e uma responsabilidade
no processo educacional em relação a eles e, de facto, isso faz com que possam existir viés, possam
existir enviesamentos na forma como, em determinado momentos, os podemos ver, porque, de
alguma forma, nós desejamos consciente ou inconscientemente que eles possam cumprir um
determinado nível de expectativas e isso pode condicionar a forma como os vemos e a forma como
desejamos ou projetamos neles coisas que, às vezes, não realizámos em nós e achamos e queremos e
exigimos que eles possam realizar por nós ou para nós e, nesse sentido, precisamos de ter muito
cuidado para que este olhar seja um olhar o menos condicionado possível por aquilo que são estes
enviesamentos que eu estava a referir para que eles possam ser olhados tal qual são, com o caminho
que têm que percorrer e não propriamente cumprindo ou andando pelos nossos pés, andando pelos
pés deles através de um olhar o mais isento possível para que o caminho de realização seja o deles.
Como é que nós, adultos, podemos olhar para os nossos filhos, hoje em dia, Margarida…
… estava, estava a pensar em mistura de sabores e, portanto, estava a pensar em mistura de olhares.
Em princípio, um filho é sempre uma perspetiva de eternização. Pode ser, obviamente, uma falácia,
enfim, porque, porque os filhos também morrem e, depois, eternizam-se nos seus próprios filhos e,
enfim, por aí fora, mas esta primeira coisa é a semente de eternização, misturada com esperança, com
expectativas, que são, de facto, coisas diferentes, com um olhar a realidade, às vezes, enviesado pelo,
pelo enorme amor. Eu não me custa muito dizer isto, que é, o amor é descendente, quer dizer, e há…
aqui, um bocadinho esta consciência de que, tem que haver, … porque é por isso que a natureza
prepara as pessoas para perderem os pais e não prepara ninguém para perder os filhos, porque,
porque de facto, é assim, é muito cru, é muito seco dizer os pais gostam mais dos filhos do que os
filhos gostam dos pais, é muito seco dizer isso, até porque nós temos a consciência do quanto
gostamos dos nossos pais também, portanto custa, custa dizer as coisas assim, mas é verdade que este
grande amor que permite dar a vida pode enviesar o olhar puro para os filhos. O desejável é que se
consiga ver com lucidez. O possível, às vezes, é perder um bocadinho a lucidez e ver maior, como o
Vítor dizia, mas continuar a ver com aquela responsabilidade de ser, de ser a rede, caso haja uma
queda, para poder segurar sem que doa assim tanto, embora, às vezes, também seja possível deixar
cair.
in https://www.tsf.pt/programa/pensamento-cruzado/emissao/o-olhar-dos-pais-para-os-filhos-
5785867.html (excerto até aos 03:48 min)
1. A, D, E
2. 2.1 C; 2.2 A; 2.3 B.
TEXTO B
3. 5 – 4 – 2 – 1 – 3.
4. 4.1 C; 4.2 B; 4.3 A.
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o
ano
TEXTO C
5. Por exemplo: «E, sobre ambos, espessamente a miséria cresceu» (linhas 5-6), «Dentro da arca
pintada não restava grão ou côdea.» (linha 7).
6. 6.1 B; 6.2 A.
7. C.
8. 8.1 B; 8.2 C; 8.3 B.
9. A criança chora e evidencia o facto de ser muito pequena e estar já em grande sofrimento, pelo que
deseja uma cura. Além disso, salienta o facto de acreditar que Jesus ama todas as crianças.
10. 10.1 C; 10.2 B.
11. 11.1 C; 11.2 A.
12. B, E, A.
13. A. humilde; B. vontade; C. antecipado.
TEXTO D
14. Cenário de resposta
Em ambos os textos, é possível observar atitudes de grande carinho para com os filhos,
evidenciando-se o amor de mãe.
No texto D, a mãe referida pousa a mão no rosto e nos cabelos da criança, num gesto de ternura.
No caso do texto C, a viúva, mãe da criança doente, no conto de Eça de Queirós recusa-se a deixar
o filho doente sozinho, mostrando-se desesperada e “em soluços” perante a sua fragilidade.
15. Cenário de resposta
A relação pais-filhos
Na minha opinião, é fundamental que pais e filhos cultivem uma relação saudável.
Com efeito, uma relação saudável entre pais e filhos permite que os filhos tenham a certeza de que
poderão sempre contar com os pais. Esta confiança entre as duas partes pode ajudar a resolver
conflitos e ser uma mais-valia na vida dos filhos, que, assim, encontrarão nos pais um porto de abrigo.
Além disso, uma relação saudável entre pais e filhos ajuda ambas as partes na gestão de
expectativas. Se os filhos falarem abertamente com os pais sobre os seus sonhos e os seus objetivos
de vida, estes compreendê-los-ão melhor e estarão preparados para os deixar seguir o seu próprio
caminho.
Em suma, pais e filhos devem fazer um esforço conjunto para manterem uma relação saudável em
que se sintam confortáveis nos seus papéis. (140 palavras)

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A aia que salvou o príncipe trocando os berços de seus filhos

  • 1. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Para responderes aos itens deste grupo, vais ouvir um excerto do programa «Pensamento cruzado» da TSF dedicado ao tema «O olhar dos pais para os filhos». [áudio aqui; até aos 03:48 min] Texto A 1. Assinala com um  três ideias defendidas na primeira intervenção. A. Os filhos podem ser vistos de diferentes formas, tendo em conta os contextos. B. Os pais demitem-se da sua responsabilidade no processo educacional dos filhos. C. Os pais não estão conscientes do valor dos filhos. D. As expectativas dos pais podem condicionar a forma como veem os filhos. E. A realização dos filhos consegue-se quando estes percorrem o seu próprio caminho. 2. Assinala com um , nos itens 2.1 a 2.3, a opção que completa cada frase, de acordo com as ideias transmitidas na segunda intervenção. 2.1 Ao dizer-se que «[…] um filho é sempre uma perspetiva de eternização.», pretende-se A. reforçar que os filhos, por serem mais novos, têm uma longa vida pela frente. B. destacar a responsabilidade dos filhos na concretização das expectativas dos pais. C. mostrar que, para os pais, os filhos são uma continuidade das suas próprias vidas. 2.2 O amor é visto como «descendente», porque A. é natural os pais gostarem mais dos filhos do que os filhos dos pais. B. é desejável que os filhos não percam a consciência do amor que têm pelos pais. C. os pais sentem-se obrigados a criar descendência. 2.3 Para mostrar o papel dos pais enquanto responsáveis pela segurança dos filhos, faz-se uma alusão à A. perda de lucidez. B. rede que os ampara, caso haja uma queda. C. queda, que é sempre inevitável. Nome N.o Turma Data / / Avaliação E. Educação Professor Teste de avaliação de Português 9.º Ano (versão A)
  • 2. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano ] Lê o texto B. Se necessário, consulta as notas. Texto B Aprender a largar Madalena Sá Fernandes Precisava do silêncio e do sossego, de passar umas noites sem a melodia das birras e o compasso dos amuos. Precisava de largar a batuta de maestro, de deixar a orquestra sob outra regência e ir compor um solo ao meu 5 andamento. Precisava de interromper a vigia constante às crianças que se encavalitam na bancada da cozinha para vigiar as vontades que se encavalitam cá dentro antes que 10 despencassem1 . Precisava de largar tudo para perceber se ainda aqui estava, se ainda aqui estou. De manhãs sem logística2 . De fazer a minha própria mochila. De não ter de antecipar ou 15 resolver incidentes fisiológicos. Precisava de uma folga, de tempo destinado ao repouso, ao descanso e à curiosidade. Sempre fui boa a largar. A minha mãe conta que no primeiro dia de escola, aos dois anos, 20 lhe larguei a mão e fui a correr, sem olhar para trás. O deixar ir, para mim, sempre foi fácil. Quando um amigo me disse um dia: «amar não é assim», mostrando a mão fechada; e depois: «é assim» com a mão aberta; não me 25 surpreendeu. Amar sempre foi uma mão aberta. A expressão abrir mão é sinónimo de largar, de abnegar3 , mas, para mim, também de amar. Solta, desprendida, meio ao sabor do vento, 30 meio ao sabor do alento, sempre me considerei desapegada e livre. É por isso com surpresa e algum embaraço que dou por mim, em viagem, a ligar 18 vezes para confirmar se o portão da piscina está 35 fechado. O desejo de liberdade e o apego maternal travam um combate aguerrido na minha psique4 . Isto não é novidade; desde que fui mãe que oscilo entre sonhar com aventurar-me 40 sozinha a fazer um safari no Quénia, por causa da Meryl Streep5 no África Minha6 , e sonhar com quintas abandonadas com azulejos por restaurar, crianças à volta de jardineiras sujas de lama e biscoitos caseiros. 45 Tenho vontade de viajar sozinha para me reconectar comigo mesma e medo da angústia que advém dessa solidão. Continuo a ser a que quer passear, descobrir e explorar. A que secretamente deseja ficar 50 sem bateria no telemóvel num país desconhecido e perder-se em praças de nome impronunciável. Mas, à noite, dou por mim a pensar se as minhas filhas terão bebido água, se os avós sabem que elas só dormem bem com 55 o Mickey de chapéu, se terão posto o Mickey de chapéu ao seu lado na cama. Ou se terão posto o outro Mickey, que é o Mickey das emergências, só para quando não se encontra o Mickey de chapéu. Tenho vontade de mandar 60 mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono. É importante aprender a largar. Largar sempre foi tão natural para mim que é estranho 65 que agora se tenha tornado numa aprendizagem. Elas estão felizes, a ouvir novas histórias, a serem balançadas noutros colos, a experimentarem novas rotinas. E eu também estou feliz. 70 É importante sair do ninho para buscar alimento. E regressar bem abastecida de confiança e liberdade. in https://publico.pt (texto adaptado; consultado em 2022). 1 despencassem: caíssem de muito alto; 2 logística: organização e gestão de meios e materiais para uma determinada atividade; 3 abnegar: renunciar; 4 psique: mente; 5 Meryl Streep: atriz norte-americana; 6 África Minha: filme protagonizado por Meryl Streep.
  • 3. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 3. Numera as frases de 1 a 5, de acordo com a ordem pela qual a autora vai fazendo as suas partilhas com os leitores. A. Importância das aprendizagens que momentos pontuais de separação podem trazer. B. Preocupações que sente, durante a noite, em relação às filhas. C. Referência a um episódio da sua infância. D. Necessidades individuais que sente. E. Batalha interior para conciliar o seu papel de mãe com o seu próprio eu. 4. Assinala com um , nos itens 4.1 a 4.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 4.1 No início do texto, a autora recorre a dois recursos expressivos, a anáfora e a metáfora, para: A. mostrar desagrado pelo facto de a sua família ser muito barulhenta. B. reviver o seu dia a dia, numa casa com crianças. C. reforçar as suas necessidades individuais, além do seu papel de mãe. D. introduzir a referência à sua própria mãe. 4.2 No excerto «Tenho vontade de mandar mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono.» (linhas 60-63), em que a autora expressa a sua preocupação com o bem-estar das filhas, as palavras sublinhadas são A. conjunções subordinativas condicionais. B. conjunções subordinativas completivas. C. pronomes pessoais. D. uma conjunção subordinativa completiva e um pronome pessoal, respetivamente. 4.3 A frase «É importante sair do ninho para buscar alimento.» (linhas 71-72), quanto ao valor modal, é um exemplo de A. modalidade epistémica com valor de certeza. B. modalidade epistémica com valor de probabilidade. C. modalidade deôntica com valor de permissão. D. modalidade apreciativa.
  • 4. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Lê o texto C, um excerto do conto «A aia» de Eça de Queirós. Se necessário, consulta as notas. Texto C A aia 5 10 15 20 25 30 35 […] Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida no seu catre1 , entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um certo rumor de ferro e de briga, longe, à entrada dos vergéis2 reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás, escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes. Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente sobre lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas… Num relance tudo compreendeu – o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga – e tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real, que cobriu com um brocado3 . Bruscamente um homem enorme, de face flamejante4 , com um manto negro sobre a cota de malha5 , surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou – correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de oiro, e, abafando os seus gritos no manto, abalou furiosamente. O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva. Mas brados6 de alarme de repente atroaram o palácio. Pelas vidraças perpassou o longo flamejar das tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada, quase nua, a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho. Ao avistar o berço de marfim, com as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes, num choro, despedaçada. Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga… O príncipe lá estava, quieto, adormecido, num sonho que o fazia sorrir, lhe iluminava toda a face entre os seus cabelos de ouro. A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um corpo morto. E nesse instante um novo clamor abalou a galeria de mármore. Era o capitão dos guardas, a sua gente fiel. Nos seus clamores havia, porém, mais tristeza que triunfo. O bastardo morrera! […] Mas, ai! Dor sem nome! O corpozinho tenro do príncipe lá ficara também, envolto num manto, já frio, roxo ainda das mãos ferozes que o tinham esganado!... Assim tumultuosamente lançavam a nova cruel os homens de armas – quando a rainha, deslumbrada, com lágrimas entre risos, ergueu nos braços, para lho mostrar, o príncipe que despertara. Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?... Lá estava junto do berço de marfim vazio, muda e hirta7 , aquela que o salvara. Serva sublimemente leal! Fora ela que, para conservar a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho... Então, só então, a mãe ditosa8 , emergindo da sua alegria extática9 , abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa, e a beijou, e lhe chamou irmã do seu coração… E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que salvara o rei e o reino. Mas como? Que bolsas de ouro podem pagar um filho? Então um velho de casta10 nobre lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram as maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse… Eça de Queirós, «A aia», in Contos, Porto Editora, 2011, pp. 159-161. 1 catre: leito ou cama pobre; 2 vergéis: jardins ou pomares; 3 brocado: tecido de seda com fios de ouro ou prata; 4 flamejante: que parece lançar chamas; 5 cota de malha: armadura feita de malhas de metal entrelaçadas; 6 brados: gritos; 7 hirta: sem se mexer, petrificada; 8 ditosa: afortunada, feliz; 9 extática: admirada, extasiada; 10 casta: origem, linhagem.
  • 5. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 5. Transcreve dois exemplos de sensações auditivas presentes no primeiro parágrafo do texto. 6. Assinala com um a opção que inclui duas características evidenciadas pela aia quando troca os bebés. A. hesitação e lealdade. B. vacilação e resignação. C. coragem e desprezo. D. determinação e lealdade. 7. A aia arrebatou o príncipe do seu berço de marfim. 7.1 Reescreve a frase apresentada, substituindo o constituinte com a função de complemento direto pela forma adequada do pronome pessoal. 7.2 Reescreve, agora, no condicional simples a frase que obtiveste. Faz as alterações necessárias. 8. Assinala com um , nos itens 8.1 a 8.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 8.1 Em «Olhou – correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de oiro» (linhas 12-13), para intensificar a crueldade do tio bastardo, recorre-se A. a um eufemismo. B. a uma personificação. C. a uma comparação. D. a uma metáfora.
  • 6. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 8.2 No terceiro parágrafo, descreve-se a protagonista após fazer a troca dos bebés: «A ama ficara imóvel no silêncio e na treva.» (linha 15). O constituinte sublinhado desempenha a função sintática de A. predicativo do sujeito. B. modificador (do grupo verbal). C. modificador do nome. D. predicativo do complemento direto. 8.3 No quarto parágrafo, os adjetivos utilizados para caracterizar a rainha acentuam A. o seu descontrolo perante a conquista do palácio. B. o seu desespero em relação ao destino do filho. C. a sua lentidão na reação aos acontecimentos. D. a sua tranquilidade ao perceber que o filho estava vivo. 9. Explica a reação da aia no seguinte excerto «Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga…» (linhas 19-20). 10. Assinala com um , nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 10.1 No quarto parágrafo, para destacar a tranquilidade com que o príncipe dormia, «num sonho que o fazia sorrir» (linha 21), utiliza-se uma oração subordinada A. adjetiva relativa explicativa. B. adjetiva relativa restritiva. C. substantiva completiva. D. adverbial causal. 10.2 Em «Quem o salvara? Quem?...» (linha 29), a repetição acentua A. a indignação perante a morte do escravozinho. B. a incerteza sobre qual dos bebés havia sobrevivido. C. a dúvida sobre quem salvara a vida do principezinho. D. a hesitação sobre o que fazer naquele momento.
  • 7. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 11. Explicita a utilização das expressões «mãe ditosa» e «mãe dolorosa» (linhas 31 e 32), evidenciando o recurso expressivo utilizado. 12. «E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que salvara o rei e o reino.» (linhas 33-35) Completa a afirmação seguinte sobre os tempos simples das formas verbais sublinhadas nesta frase do texto. Escreve, em cada quadrado, a letra correspondente à opção selecionada. A. pretérito perfeito do indicativo. B. pretérito imperfeito do conjuntivo. C. pretérito mais-que-perfeito do indicativo. D. pretérito imperfeito do indicativo. E. futuro do indicativo. 13. «Então um velho de castanobre lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram as maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse…» (linhas 36-38). Explica a intenção do velho ao apresentar esta ideia. Dá a tua opinião sobre a sua proposta. Para relatar a reação da multidão à atitude de extrema lealdade da aia, o narrador recorre, primeiro, ao , depois ao e, finalmente, ao .
  • 8. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Lê o texto D. Texto D 5 A mãe estava sentada numa cadeira da sala. As cortinas embaciavam a claridade que entrava pela janela. Era de manhã. Havia o calor morno de torradas e de chá de camomila. A menina entrou na sala e correu para a mãe. Não corras. Tem calma. A mãe sorria. Ergueu a sua mão do colo e pousou-a muito devagar no rosto da menina, nos seus cabelos. Os olhos da mãe eram grandes e castanhos. A menina sabia que tudo o que alguma vez pudesse precisar estava ali naquelas mãos e naqueles olhos. A menina sorria. A mãe. Havia uma alegria iluminada pela claridade que as cortinas da sala embaciavam. José Luís Peixoto, in Mãe, uma antologia literária, 1001 Noites, 2022, p. 89 (texto com supressões). 14. Neste texto, destaca-se uma personagem feminina, que é mãe, tal como no texto C. Refere uma atitude comum relativamente aos filhos na mãe do texto de José Luís Peixoto e na aia do conto de Eça de Queirós. 15. Os laços que unem pais e filhos são muito profundos e, por vezes, bastante complexos. Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre a importância de se cultivar uma relação saudável entre pais e filhos. O teu texto, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras, deve incluir: – a indicação do teu ponto de vista; – a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista; – uma conclusão adequada.
  • 9. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos; – um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos. FIM
  • 10. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano COTAÇÕES Textos Item Cotação (em pontos) Texto A 1. 2.1 2.2 2.3 4 4 4 4 16 Texto B 3. 4.1 4.2 4.3 16 4 4 4 4 Texto C 5. 6. 7.1 7.2 8.1 8.2 8.3 9. 10.1 10.2 11 12 13 4 2 2 2 2 2 2 4 2 2 5 3 6 38 Texto D 14. 5 15. 25 TOTAL 100
  • 11. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano SOLUÇÕES TEXTO A [Transcrição] «O olhar dos pais para os filhos» Esta semana vamos percorrer diferentes olhares. Como é que os pais, Vítor, podem olhar para os filhos? Podemos olhar de muitas maneiras e em função das circunstâncias, algumas vezes. O que é que eu quero dizer com isto? Quero dizer que, às vezes, precisamos de óculos para os ver da forma que eles são e do tamanho que têm, muitas vezes vemo-los de tamanho maior do que eles têm e isto tem a ver, claramente, com as expectativas que se criam acerca do que é ter filhos e como é que eles realizam ou não realizam os nossos sonhos, como é que nós temos um compromisso e uma responsabilidade no processo educacional em relação a eles e, de facto, isso faz com que possam existir viés, possam existir enviesamentos na forma como, em determinado momentos, os podemos ver, porque, de alguma forma, nós desejamos consciente ou inconscientemente que eles possam cumprir um determinado nível de expectativas e isso pode condicionar a forma como os vemos e a forma como desejamos ou projetamos neles coisas que, às vezes, não realizámos em nós e achamos e queremos e exigimos que eles possam realizar por nós ou para nós e, nesse sentido, precisamos de ter muito cuidado para que este olhar seja um olhar o menos condicionado possível por aquilo que são estes enviesamentos que eu estava a referir para que eles possam ser olhados tal qual são, com o caminho que têm que percorrer e não propriamente cumprindo ou andando pelos nossos pés, andando pelos pés deles através de um olhar o mais isento possível para que o caminho de realização seja o deles. Como é que nós, adultos, podemos olhar para os nossos filhos, hoje em dia, Margarida… … estava, estava a pensar em mistura de sabores e, portanto, estava a pensar em mistura de olhares. Em princípio, um filho é sempre uma perspetiva de eternização. Pode ser, obviamente, uma falácia, enfim, porque, porque os filhos também morrem e, depois, eternizam-se nos seus próprios filhos e, enfim, por aí fora, mas esta primeira coisa é a semente de eternização, misturada com esperança, com expectativas, que são, de facto, coisas diferentes, com um olhar a realidade, às vezes, enviesado pelo, pelo enorme amor. Eu não me custa muito dizer isto, que é, o amor é descendente, quer dizer, e há… aqui, um bocadinho esta consciência de que, tem que haver, … porque é por isso que a natureza prepara as pessoas para perderem os pais e não prepara ninguém para perder os filhos, porque, porque de facto, é assim, é muito cru, é muito seco dizer os pais gostam mais dos filhos do que os filhos gostam dos pais, é muito seco dizer isso, até porque nós temos a consciência do quanto gostamos dos nossos pais também, portanto custa, custa dizer as coisas assim, mas é verdade que este grande amor que permite dar a vida pode enviesar o olhar puro para os filhos. O desejável é que se consiga ver com lucidez. O possível, às vezes, é perder um bocadinho a lucidez e ver maior, como o Vítor dizia, mas continuar a ver com aquela responsabilidade de ser, de ser a rede, caso haja uma queda, para poder segurar sem que doa assim tanto, embora, às vezes, também seja possível deixar cair. in https://www.tsf.pt/programa/pensamento-cruzado/emissao/o-olhar-dos-pais-para-os-filhos- 5785867.html (excerto até aos 03:48 min) 1. A; D; E. 2. 2.1 C; 2.2 A; 2.3 B.
  • 12. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano TEXTO B 3. 5 – 4 – 2 – 1 – 3. 4. 4.1 C; 4.2 B; 4.3 A. TEXTO C 5. Por exemplo: «um certo rumor de ferro e de briga» (linha 2); «escutou ansiosamente» (linha 4). 6. D. 7. 7.1 A aia arrebatou-o do seu berço de marfim. 7.2 A aia arrebatá-lo-ia do seu berço de marfim. 8. 8.1 C; 8.2 A; 8.3 B. 9. A aia encontra-se num estado de grande sofrimento, não conseguindo falar e com os movimentos tolhidos, por ter trocado as crianças de berço e, consequentemente, conduzindo o seu filho à morte. Ela própria comporta-se como uma morta em vida. 10. 10.1 B; 10.2 C. 11. As expressões «mãe ditosa» e «mãe dolorosa», que se referem, respetivamente, à rainha e à aia, exprimem, através da antítese, a indescritível alegria da primeira por saber que o filho continuava vivo, e a profunda dor da segunda, que experiencia a perda de um filho. 12. D; A; C. 13. Cenário de resposta A intenção do velho ao apresentar esta ideia era poder recompensar a aia pelo seu ato heroico, ao salvar o príncipe e, por conseguinte, o reino. Na minha opinião, a proposta do velho evidencia uma grande gratidão pela atitude da aia, considerando-a merecedora de quaisquer riquezas do tesouro real. Contudo, considero a perda da aia irreparável, pois nenhuma riqueza pode compensar a perda de um filho. TEXTO D 14. Cenário de resposta Em ambos os textos, é possível observar atitudes de grande carinho para com os filhos, evidenciando-se o amor de mãe. Se a mãe referida no texto D pousa a mão no rosto e nos cabelos da criança, num gesto de ternura, a aia do conto de Eça de Queirós beija o filho, com amor profundo, antes de o trocar de berço com o príncipe. 15. Cenário de resposta A relação pais-filhos Na minha opinião, é fundamental que pais e filhos cultivem uma relação saudável. Com efeito, a existência de uma relação saudável entre pais e filhos permite que, em qualquer situação, os filhos tenham a certeza de que poderão sempre contar com os pais. Esta confiança que se cria entre as duas partes pode ajudar a resolver conflitos e ser uma mais-valia na vida dos filhos, que, deste modo, encontrarão nos pais um porto de abrigo, em qualquer situação por mais difícil que seja. Além disso, o facto de pais e filhos estabelecerem uma relação saudável ajuda ambas as partes na gestão de expectativas. Por exemplo, se os filhos falarem abertamente com os pais sobre os seus sonhos e os seus objetivos de vida, estes compreendê-los-ão melhor e estarão preparados para os deixar seguir o seu próprio caminho, estando disponíveis para viver as suas derrotas e as suas conquistas. Em suma, pais e filhos devem fazer um esforço diário e conjunto para, de forma harmoniosa, manterem uma relação saudável em que ambas as partes se sintam confortáveis nos seus papéis. (182 palavras)
  • 13. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Para responderes aos itens deste grupo, vais ouvir um excerto do programa «Pensamento cruzado» da TSF dedicado ao tema «O olhar dos pais para os filhos». [áudio aqui; até aos 03:48 min] Texto A 1. Assinala com um  três ideias defendidas na primeira intervenção. A. Os filhos podem ser vistos de diferentes formas, tendo em conta os contextos. B. Os pais demitem-se da sua responsabilidade no processo educacional dos filhos. C. Os pais não estão conscientes do valor dos filhos. D. As expectativas dos pais podem condicionar a forma como veem os filhos. E. A realização dos filhos consegue-se quando percorrem o seu próprio caminho. 2. Assinala com um , nos itens 2.1 a 2.3, a opção que completa cada frase, de acordo com as ideias transmitidas na segunda intervenção. 2.1 Ao dizer-se que «um filho é sempre uma perspetiva de eternização.», pretende-se A. reforçar que os filhos, por serem mais novos, têm uma longa vida pela frente. B. destacar a responsabilidade dos filhos na concretização das expectativas dos pais. C. mostrar que, para os pais, os filhos são uma continuidade das suas próprias vidas. 2.2 O amor é visto como «descendente», porque A. é natural os pais gostarem mais dos filhos do que os filhos dos pais. B. é desejável que os filhos não percam a consciência do amor que têm pelos pais. C. os pais sentem-se obrigados a criar descendência. 2.3 Para mostrar o papel dos pais enquanto responsáveis pela segurança dos filhos, faz-se uma alusão à A. perda de lucidez. B. rede que os ampara, caso haja uma queda. C. queda, que é sempre inevitável. Nome N.o Turma Data / / Avaliação E. Educação Professor Teste de avaliação de Português 9.º Ano (versão B)
  • 14. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano ] Lê o texto B. Se necessário, consulta as notas. Texto B Aprender a largar Madalena Sá Fernandes Precisava do silêncio e do sossego, de passar umas noites sem a melodia das birras e o compasso dos amuos. Precisava de largar a batuta de maestro, de deixar a orquestra sob outra regência e ir compor um solo ao meu 5 andamento. Precisava de interromper a vigia constante às crianças que se encavalitam na bancada da cozinha para vigiar as vontades que se encavalitam cá dentro antes que 10 despencassem1 . Precisava de largar tudo para perceber se ainda aqui estava, se ainda aqui estou. De manhãs sem logística2 . De fazer a minha própria mochila. De não ter de antecipar ou 15 resolver incidentes fisiológicos. Precisava de uma folga, de tempo destinado ao repouso, ao descanso e à curiosidade. Sempre fui boa a largar. A minha mãe conta que no primeiro dia de escola, aos dois anos, 20 lhe larguei a mão e fui a correr, sem olhar para trás. O deixar ir, para mim, sempre foi fácil. Quando um amigo me disse um dia: «amar não é assim», mostrando a mão fechada; e depois: «é assim» com a mão aberta; não me 25 surpreendeu. Amar sempre foi uma mão aberta. A expressão abrir mão é sinónimo de largar, de abnegar3 , mas, para mim, também de amar. Solta, desprendida, meio ao sabor do vento, 30 meio ao sabor do alento, sempre me considerei desapegada e livre. É por isso com surpresa e algum embaraço que dou por mim, em viagem, a ligar 18 vezes para confirmar se o portão da piscina está 35 fechado. O desejo de liberdade e o apego maternal travam um combate aguerrido na minha psique4 . Isto não é novidade; desde que fui mãe que oscilo entre sonhar com aventurar-me 40 sozinha a fazer um safari no Quénia, por causa da Meryl Streep5 no África Minha6 , e sonhar com quintas abandonadas com azulejos por restaurar, crianças à volta de jardineiras sujas de lama e biscoitos caseiros. 45 Tenho vontade de viajar sozinha para me reconectar comigo mesma e medo da angústia que advém dessa solidão. Continuo a ser a que quer passear, descobrir e explorar. A que secretamente deseja ficar 50 sem bateria no telemóvel num país desconhecido e perder-se em praças de nome impronunciável. Mas, à noite, dou por mim a pensar se as minhas filhas terão bebido água, se os avós sabem que elas só dormem bem com 55 o Mickey de chapéu, se terão posto o Mickey de chapéu ao seu lado na cama. Ou se terão posto o outro Mickey, que é o Mickey das emergências, só para quando não se encontra o Mickey de chapéu. Tenho vontade de mandar 60 mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono. É importante aprender a largar. Largar sempre foi tão natural para mim que é estranho 65 que agora se tenha tornado numa aprendizagem. Elas estão felizes, a ouvir novas histórias, a serem balançadas noutros colos, a experimentarem novas rotinas. E eu também estou feliz. 70 É importante sair do ninho para buscar alimento. E regressar bem abastecida de confiança e liberdade. in https://publico.pt (texto adaptado; consultado em 2022). 1 despencassem: caíssem de muito alto; 2 logística: organização e gestão de meios e materiais para uma determinada atividade; 3 abnegar: renunciar; 4 psique: mente; 5 Meryl Streep: atriz norte-americana; 6 África Minha: filme protagonizado por Meryl Streep.
  • 15. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 3. Numera as frases de 1 a 5, de acordo com a ordem pela qual a autora vai fazendo as suas partilhas com os leitores. A primeira frase já está numerada. A. Importância das aprendizagens que momentos pontuais de separação podem trazer. B. Preocupações que sente, durante a noite, em relação às filhas. C. Referência a um episódio da sua infância. D. Necessidades individuais que sente. E. Batalha interior para conciliar o seu papel de mãe com o seu próprio eu. 4. Assinala com um , nos itens 4.1 a 4.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 4.1 No início do texto, a autora recorre à anáfora, para: A. mostrar desagrado pelo facto de a sua família ser muito barulhenta. B. reviver o seu dia a dia, numa casa com crianças. C. reforçar as suas necessidades individuais, além do seu papel de mãe. 4.2 No excerto «Tenho vontade de mandar mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono.» (linhas 60-63), em que a autora expressa a sua preocupação com o bem-estar das filhas, as palavras sublinhadas são A. conjunções subordinativas condicionais. B. conjunções subordinativas completivas. C. pronomes pessoais. 4.3 A frase «É importante sair do ninho para buscar alimento.» (linhas 71-72), quanto ao valor modal, é um exemplo de A. modalidade epistémica com valor de certeza. B. modalidade epistémica com valor de probabilidade. C. modalidade apreciativa. 1
  • 16. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Lê o texto C, um excerto do conto «A aia» de Eça de Queirós. Se necessário, consulta as notas. Texto C A aia 5 10 15 20 25 30 35 […] Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida no seu catre1 , entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um certo rumor de ferro e de briga, longe, à entrada dos vergéis2 reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás, escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes. Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente sobre lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas… Num relance tudo compreendeu – o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga – e tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real, que cobriu com um brocado3 . Bruscamente um homem enorme, de face flamejante4 , com um manto negro sobre a cota de malha5 , surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou – correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de oiro, e, abafando os seus gritos no manto, abalou furiosamente. O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva. Mas brados6 de alarme de repente atroaram o palácio. Pelas vidraças perpassou o longo flamejar das tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada, quase nua, a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho. Ao avistar o berço de marfim, com as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes, num choro, despedaçada. Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga… O príncipe lá estava, quieto, adormecido, num sonho que o fazia sorrir, lhe iluminava toda a face entre os seus cabelos de ouro. A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um corpo morto. E nesse instante um novo clamor abalou a galeria de mármore. Era o capitão dos guardas, a sua gente fiel. Nos seus clamores havia, porém, mais tristeza que triunfo. O bastardo morrera! […] Mas, ai! Dor sem nome! O corpozinho tenro do príncipe lá ficara também, envolto num manto, já frio, roxo ainda das mãos ferozes que o tinham esganado!... Assim tumultuosamente lançavam a nova cruel os homens de armas – quando a rainha, deslumbrada, com lágrimas entre risos, ergueu nos braços, para lho mostrar, o príncipe que despertara. Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?... Lá estava junto do berço de marfim vazio, muda e hirta7 , aquela que o salvara. Serva sublimemente leal! Fora ela que, para conservar a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho... Então, só então, a mãe ditosa8 , emergindo da sua alegria extática9 , abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa, e a beijou, e lhe chamou irmã do seu coração… E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que salvara o rei e o reino. Mas como? Que bolsas de ouro podem pagar um filho? Então um velho de casta10 nobre lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram as maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse… Eça de Queirós, «A aia», in Contos, Porto Editora, 2011, pp. 159-161. 1 catre: leito ou cama pobre; 2 vergéis: jardins ou pomares; 3 brocado: tecido de seda com fios de ouro ou prata; 4 flamejante: que parece lançar chamas; 5 cota de malha: armadura feita de malhas de metal entrelaçadas; 6 brados: gritos; 7 hirta: sem se mexer, petrificada; 8 ditosa: afortunada, feliz; 9 extática: admirada, extasiada; 10 casta: origem, linhagem.
  • 17. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 5. Transcreve dois exemplos de sensações auditivas presentes no primeiro parágrafo do texto. 6. Assinala com um  a opção que inclui duas características evidenciadas pela aia quando troca os bebés. A. hesitação e lealdade. B. coragem e desprezo. C. determinação e lealdade. 7. A aia arrebatou o príncipe do seu berço de marfim. 7.1 Assinala com um  a opção em que o constituinte com a função de complemento direto se encontra adequadamente substituído pelo pronome pessoal. A. Ela arrebatou o príncipe do seu berço de marfim. B. A aia arrebatou-o do seu berço de marfim. C. A aia o arrebatou do seu berço de marfim. 7.2 Assinala com um  a opção em que a frase se encontra corretamente reescrita no condicional simples. A. A aia arrebatá-lo-ia do seu berço de marfim. B. A aia arrebatá-lo-á do seu berço de marfim. C. A aia tê-lo-ia arrebatado do seu berço de marfim. 8. Assinala com um , nos itens 8.1 a 8.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 8.1 Em «Olhou – correu ao berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança, como se arranca uma bolsa de oiro» (linhas 12-13), para intensificar a crueldade do tio bastardo, recorre- se A. a um eufemismo. B. a uma personificação. C. a uma comparação. 8.2 No terceiro parágrafo, descreve-se a protagonista após fazer a troca dos bebés: «A ama ficara imóvel no silêncio e na treva.» (linha 15). O constituinte sublinhado desempenha a função sintática de A. predicativo do sujeito. B. modificador (do grupo verbal). C. modificador do nome.
  • 18. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 8.3 Em, «E desgrenhada, quase nua, a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho. Ao avistar o berço de marfim, com as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes, num choro, despedaçada.» (linhas 17-19), os adjetivos utilizados para caracterizar a rainha acentuam A. o seu descontrolo perante a conquista do palácio. B. o seu desespero em relação ao destino do filho. C. a sua lentidão na reação aos acontecimentos. 9. Explica a reação da aia no seguinte excerto «Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga…» (linhas 19-20). 10. Assinala com um , nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 10.1 No quarto parágrafo, para destacar a tranquilidade com que o príncipe dormia, «num sonho que o fazia sorrir» (linha 21), utiliza-se uma oração subordinada A. adjetiva relativa explicativa. B. adjetiva relativa restritiva. C. substantiva completiva. 10.2 Em «Quem o salvara? Quem?...» (linha 29), a repetição acentua A. a indignação perante a morte do escravozinho. B. a incerteza sobre qual dos bebés havia sobrevivido. C. a dúvida sobre quem salvara a vida do principezinho. 11. Atenta nas expressões «mãe ditosa» e «mãe dolorosa» (linhas 31 e 32). Assinala com um , nos itens 11.1 e 11.2, a opção correta. 11.1 O recurso expressivo evidente nas expressões apresentadas é A. a metáfora. B. a antítese. C. a hipérbole. 11.2 Este recurso expressivo A. realça o contraste entre o estado de espírito das duas mulheres. B. associa acontecimentos felizes às duas mulheres. C. destaca a classe social de cada uma das mulheres.
  • 19. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 12. «E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse recompensada, magnificamente, a serva admirável que salvara o rei e o reino.» (linhas 33-35). Completa a afirmação seguinte sobre os tempos simples das formas verbais sublinhadas nesta frase do texto. Escreve, em cada quadrado, a letra correspondente à opção selecionada. A. pretérito perfeito do indicativo. B. pretérito imperfeito do conjuntivo. C. pretérito mais-que-perfeito do indicativo. D. pretérito imperfeito do indicativo. E. futuro do indicativo. 13. Atenta no excerto «Então um velho de castanobre lembrou que ela fosse levada ao tesouro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram as maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse…» (linhas 36-38). Completa a afirmação, circundando, no quadro abaixo, as palavras adequadas a cada caso, de forma a obteres afirmações verdadeiras. A intenção do velho, ao apresentar esta ideia, era poder a. __________________ (recompensar / castigar) a aia pelo seu ato b. ______________________ (cruel / heroico), ao salvar o príncipe e, por conseguinte, o reino. De facto, a proposta do velho evidencia c. ________________________ (gratidão / desgosto) pela atitude da aia, considerando-a merecedora de quaisquer riquezas do tesouro real. Para relatar a reação da multidão à atitude de extrema lealdade da aia, o narrador recorre, primeiro, ao , depois ao e, finalmente, ao .
  • 20. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Lê o texto D. Texto D 5 A mãe estava sentada numa cadeira da sala. As cortinas embaciavam a claridade que entrava pela janela. Era de manhã. Havia o calor morno de torradas e de chá de camomila. A menina entrou na sala e correu para a mãe. Não corras. Tem calma. A mãe sorria. Ergueu a sua mão do colo e pousou-a muito devagar no rosto da menina, nos seus cabelos. Os olhos da mãe eram grandes e castanhos. A menina sabia que tudo o que alguma vez pudesse precisar estava ali naquelas mãos e naqueles olhos. A menina sorria. A mãe. Havia uma alegria iluminada pela claridade que as cortinas da sala embaciavam. José Luís Peixoto, in Mãe, uma antologia literária, 1001 Noites, 2022, p. 89 (texto com supressões). 14. Neste texto, destaca-se uma personagem feminina, que é mãe, tal como no Texto C. Refere uma atitude comum relativamente aos filhos na mãe do texto de José Luís Peixoto e na aia do conto de Eça de Queirós. A estrutura apresentada ajuda-te a construíres o teu texto. Em ambos os textos, é possível observar ______________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ No texto D, a mãe referida __________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ No caso do texto C, a aia do conto de Eça de Queirós _____________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 15. Os laços que unem pais e filhos são muito profundos e, por vezes, bastante complexos. Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre a importância de se cultivar uma relação saudável entre pais e filhos. O teu texto, com um mínimo de 100 e um máximo de 140 palavras, deve estar estruturado em quatro parágrafos e incluir: – a indicação do teu ponto de vista; – a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista; – uma conclusão adequada.
  • 21. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Na minha opinião, ______________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Com efeito, ____________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Além disso, ____________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Em suma, ______________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos; – um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos. FIM Introdução Qual o teu ponto de vista sobre a afirmação apresentada? Desenvolvimento O que pensas sobre a importância de uma relação saudável entre pais e filhos?  Indicação da 1ª razão que justifica o teu ponto de vista.  Indicação da 2ª razão que justifica o teu ponto de vista. Conclusão Opinião sobre a importância do tema e reforço do ponto de vista defendido.
  • 22. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano COTAÇÕES Textos Item Cotação (em pontos) Texto A 1. 2.1 2.2 2.3 4 4 4 4 16 Texto B 3. 4.1 . 4.2 4.3 16 4 4 4 4 Texto C 5. 6. 7.1 7.2 8.1 8.2 8.3 9. 10.1 10.2 11.1 11.2 12 13 4 2 2 2 2 2 2 4 2 2 2 3 3 6 38 Texto D 14. 5 15. 25 TOTAL 100
  • 23. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano SOLUÇÕES TEXTO A [Transcrição] «O olhar dos pais para os filhos» Esta semana vamos percorrer diferentes olhares. Como é que os pais, Vítor, podem olhar para os filhos? Podemos olhar de muitas maneiras e em função das circunstâncias, algumas vezes. O que é que eu quero dizer com isto? Quero dizer que, às vezes, precisamos de óculos para os ver da forma que eles são e do tamanho que têm, muitas vezes vemo-los de tamanho maior do que eles têm e isto tem a ver, claramente, com as expectativas que se criam acerca do que é ter filhos e como é que eles realizam ou não realizam os nossos sonhos, como é que nós temos um compromisso e uma responsabilidade no processo educacional em relação a eles e, de facto, isso faz com que possam existir viés, possam existir enviesamentos na forma como, em determinado momentos, os podemos ver, porque, de alguma forma, nós desejamos consciente ou inconscientemente que eles possam cumprir um determinado nível de expectativas e isso pode condicionar a forma como os vemos e a forma como desejamos ou projetamos neles coisas que, às vezes, não realizámos em nós e achamos e queremos e exigimos que eles possam realizar por nós ou para nós e, nesse sentido, precisamos de ter muito cuidado para que este olhar seja um olhar o menos condicionado possível por aquilo que são estes enviesamentos que eu estava a referir para que eles possam ser olhados tal qual são, com o caminho que têm que percorrer e não propriamente cumprindo ou andando pelos nossos pés, andando pelos pés deles através de um olhar o mais isento possível para que o caminho de realização seja o deles. Como é que nós, adultos, podemos olhar para os nossos filhos, hoje em dia, Margarida… … estava, estava a pensar em mistura de sabores e, portanto, estava a pensar em mistura de olhares. Em princípio, um filho é sempre uma perspetiva de eternização. Pode ser, obviamente, uma falácia, enfim, porque, porque os filhos também morrem e, depois, eternizam-se nos seus próprios filhos e, enfim, por aí fora, mas esta primeira coisa é a semente de eternização, misturada com esperança, com expectativas, que são, de facto, coisas diferentes, com um olhar a realidade, às vezes, enviesado pelo, pelo enorme amor. Eu não me custa muito dizer isto, que é, o amor é descendente, quer dizer, e há… aqui, um bocadinho esta consciência de que, tem que haver, … porque é por isso que a natureza prepara as pessoas para perderem os pais e não prepara ninguém para perder os filhos, porque, porque de facto, é assim, é muito cru, é muito seco dizer os pais gostam mais dos filhos do que os filhos gostam dos pais, é muito seco dizer isso, até porque nós temos a consciência do quanto gostamos dos nossos pais também, portanto custa, custa dizer as coisas assim, mas é verdade que este grande amor que permite dar a vida pode enviesar o olhar puro para os filhos. O desejável é que se consiga ver com lucidez. O possível, às vezes, é perder um bocadinho a lucidez e ver maior, como o Vítor dizia, mas continuar a ver com aquela responsabilidade de ser, de ser a rede, caso haja uma queda, para poder segurar sem que doa assim tanto, embora, às vezes, também seja possível deixar cair. in https://www.tsf.pt/programa/pensamento-cruzado/emissao/o-olhar-dos-pais-para-os-filhos- 5785867.html (excerto até aos 03:48 min) 1. 1.1 A; D; E. 2. 2.1 C; 2.2 A; 2.3 B.
  • 24. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano TEXTO B 3. 5 – 4 – 2 – 1 – 3. 4. 4.1 C; 4.2 B; 4.3 A. TEXTO C 5. Por exemplo: «um curto rumor de ferro e briga» (linha 2), «escutou ansiosamente» (linha 4). 6. C. 7. 7.1 B; 7.2 A. 8. 8.1 C; 8.2 A; 8.3 B. 9. A aia encontra-se num estado de grande sofrimento, não conseguindo falar e com os movimentos tolhidos, por ter trocado as crianças de berço e, consequentemente, atirado o seu filho para a morte. 10. 10.1 B; 10.2 C. 11. 11.1 B; 11.2 A. 12. D; A; C. 13. a. recompensar; b. heroico; c. gratidão. TEXTO D 14. Cenário de resposta Em ambos os textos, é possível observar atitudes de grande carinho para com os filhos, evidenciando-se o amor de mãe. No texto D, a mãe referida pousa a mão no rosto e nos cabelos da criança, num gesto de ternura. No caso do texto C, a aia do conto de Eça de Queirós beija o filho, com amor profundo, antes de o trocar de berço com o príncipe. 15. Cenário de resposta A relação pais-filhos Na minha opinião, é fundamental que pais e filhos cultivem uma relação saudável. Com efeito, uma relação saudável entre pais e filhos permite que os filhos tenham a certeza de que poderão sempre contar com os pais. Esta confiança entre as duas partes pode ajudar a resolver conflitos e ser uma mais-valia na vida dos filhos, que, assim, encontrarão nos pais um porto de abrigo. Além disso, uma relação saudável entre pais e filhos ajuda ambas as partes na gestão de expectativas. Se os filhos falarem abertamente com os pais sobre os seus sonhos e os seus objetivos de vida, estes compreendê-los-ão melhor e estarão preparados para os deixar seguir o seu próprio caminho. Em suma, pais e filhos devem fazer um esforço conjunto para manterem uma relação saudável em que se sintam confortáveis nos seus papéis. (140 palavras)
  • 25. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Para responderes aos itens deste grupo, vais ouvir um excerto do programa «Pensamento cruzado» da TSF dedicado ao tema «O olhar dos pais para os filhos». [áudio aqui; até aos 03:48 min] Texto A 1. Assinala com um  três ideias defendidas na primeira intervenção. A. Os filhos podem ser vistos de diferentes formas, tendo em conta os contextos. B. Os pais demitem-se da sua responsabilidade no processo educacional dos filhos. C. Os pais não estão conscientes do valor dos filhos. D. As expectativas dos pais podem condicionar a forma como veem os filhos. E. A realização dos filhos consegue-se quando percorrem o seu próprio caminho. 2. Assinala com um , nos itens 2.1 a 2.3, a opção que completa cada frase, de acordo com as ideias transmitidas na segunda intervenção. 2.1 Ao dizer-se que «um filho é sempre uma perspetiva de eternização», pretende-se A. reforçar que os filhos, por serem mais novos, têm uma longa vida pela frente. B. destacar a responsabilidade dos filhos na concretização das expectativas dos pais. C. mostrar que, para os pais, os filhos são uma continuidade das suas próprias vidas. 2.2 O amor é visto como «descendente», porque A. é natural os pais gostarem mais dos filhos do que os filhos dos pais. B. é desejável que os filhos não percam a consciência do amor que têm pelos pais. C. os pais sentem-se obrigados a criar descendência. 2.3 Para mostrar o papel dos pais enquanto responsáveis pela segurança dos filhos, faz-se uma alusão à A. perda de lucidez. B. rede que ampara, caso haja uma queda. C. queda, que é sempre inevitável. Nome N.o Turma Data / / Avaliação E. Educação Professor Teste de avaliação de Português 9.º Ano (versão A)
  • 26. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano ] Lê o texto B. Se necessário, consulta as notas. Texto B Aprender a largar Madalena Sá Fernandes Precisava do silêncio e do sossego, de passar umas noites sem a melodia das birras e o compasso dos amuos. Precisava de largar a batuta de maestro, de deixar a orquestra sob outra regência e ir compor um solo ao meu 5 andamento. Precisava de interromper a vigia constante às crianças que se encavalitam na bancada da cozinha para vigiar as vontades que se encavalitam cá dentro antes que 10 despencassem1 . Precisava de largar tudo para perceber se ainda aqui estava, se ainda aqui estou. De manhãs sem logística2 . De fazer a minha própria mochila. De não ter de antecipar ou 15 resolver incidentes fisiológicos. Precisava de uma folga, de tempo destinado ao repouso, ao descanso e à curiosidade. Sempre fui boa a largar. A minha mãe conta que no primeiro dia de escola, aos dois anos, 20 lhe larguei a mão e fui a correr, sem olhar para trás. O deixar ir, para mim, sempre foi fácil. Quando um amigo me disse um dia: «amar não é assim», mostrando a mão fechada; e depois: «é assim» com a mão aberta; não me 25 surpreendeu. Amar sempre foi uma mão aberta. A expressão abrir mão é sinónimo de largar, de abnegar3 , mas, para mim, também de amar. Solta, desprendida, meio ao sabor do vento, 30 meio ao sabor do alento, sempre me considerei desapegada e livre. É por isso com surpresa e algum embaraço que dou por mim, em viagem, a ligar 18 vezes para confirmar se o portão da piscina está 35 fechado. O desejo de liberdade e o apego maternal travam um combate aguerrido na minha psique4 . Isto não é novidade; desde que fui mãe que oscilo entre sonhar com aventurar-me 40 sozinha a fazer um safari no Quénia, por causa da Meryl Streep5 no África Minha6 , e sonhar com quintas abandonadas com azulejos por restaurar, crianças à volta de jardineiras sujas de lama e biscoitos caseiros. 45 Tenho vontade de viajar sozinha para me reconectar comigo mesma e medo da angústia que advém dessa solidão. Continuo a ser a que quer passear, descobrir e explorar. A que secretamente deseja ficar 50 sem bateria no telemóvel num país desconhecido e perder-se em praças de nome impronunciável. Mas, à noite, dou por mim a pensar se as minhas filhas terão bebido água, se os avós sabem que elas só dormem bem com 55 o Mickey de chapéu, se terão posto o Mickey de chapéu ao seu lado na cama. Ou se terão posto o outro Mickey, que é o Mickey das emergências, só para quando não se encontra o Mickey de chapéu. Tenho vontade de mandar 60 mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono. É importante aprender a largar. Largar sempre foi tão natural para mim que é estranho 65 que agora se tenha tornado numa aprendizagem. Elas estão felizes, a ouvir novas histórias, a serem balançadas noutros colos, a experimentarem novas rotinas. E eu também estou feliz. 70 É importante sair do ninho para buscar alimento. E regressar bem abastecida de confiança e liberdade. in https://publico.pt (texto adaptado; consultado em 2022). 1 despencassem: caíssem de muito alto; 2 logística: organização e gestão de meios e materiais para uma determinada atividade; 3 abnegar: renunciar; 4 psique: mente; 5 Meryl Streep: atriz norte-americana; 6 África Minha: filme protagonizado por Meryl Streep.
  • 27. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 3. Numera as frases de 1 a 5, de acordo com a ordem pela qual a autora vai fazendo as suas partilhas com os leitores. A. Importância das aprendizagens que momentos pontuais de separação podem trazer. B. Preocupações que sente, durante a noite, em relação às filhas. C. Referência a um episódio da sua infância. D. Necessidades individuais que sente. E. Batalha interior para conciliar o seu papel de mãe com o seu próprio eu. 4. Assinala com um , nos itens 4.1 a 4.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 4.1 No início do texto, a autora recorre a dois recursos expressivos, a anáfora e a metáfora, para: A. mostrar desagrado pelo facto de a sua família ser muito barulhenta. B. reviver o seu dia a dia, numa casa com crianças. C. reforçar as suas necessidades individuais, além do seu papel de mãe. D. introduzir a referência à sua própria mãe. 4.2 No excerto «Tenho vontade de mandar mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono.» (linhas 60-63), em que a autora expressa a sua preocupação com o bem-estar das filhas, as palavras sublinhadas são A. conjunções subordinativas condicionais. B. conjunções subordinativas completivas. C. pronomes pessoais. D. uma conjunção subordinativa completiva e um pronome pessoal, respetivamente. 4.3 A frase «É importante sair do ninho e ir buscar alimento.» (linhas 71-72) quanto ao valor modal, é um exemplo de A. modalidade epistémica com valor de certeza. B. modalidade epistémica com valor de probabilidade. C. modalidade deôntica com valor de permissão. D. modalidade apreciativa.
  • 28. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Lê o texto C, um excerto do conto «O suave milagre» de Eça de Queirós. Se necessário, consulta as notas. Texto C O suave milagre 5 10 15 20 25 30 35 40 […] Ora […] num casebre desgarrado, sumido na prega de um cerro1 , vivia a esse tempo uma viúva, mais desgraçada mulher que todas as mulheres de Israel. O seu filhinho único, todo aleijado, passara do magro peito a que ela o criara para os farrapos da enxerga2 apodrecida, onde jazera3, sete anos passados, mirrando4 e gemendo. Também a ela a doença a engelhara dentro dos trapos nunca mudados, mais escura e torcida que uma cepa5 arrancada. E, sobre ambos, espessamente a miséria cresceu como um bolor sobre cacos perdidos num ermo6 . Até na lâmpada de barro vermelha secara há muito o azeite. Dentro da arca pintada não restava grão ou côdea. No Estio7 , sem pasto, a cabra morrera. Depois, no quinteiro8 , secara a figueira. Tão longe do povoado, nunca esmola de pão ou mel entrava o portal. E só ervas apanhadas nas fendas das rochas, cozida sem sal, nutriam aquelas criaturas de Deus na Terra Escolhida, onde até às aves maléficas sobrava o sustento. Um dia, um mendigo entrou no casebre, repartiu do seu farnel com a mãe amargurada, e um momento sentado na pedra da lareira, coçando as feridas das pernas, contou dessa grande esperança dos tristes, esse rabi9 que aparecera na Galileia, e de um pão no mesmo cesto fazia sete, e amava todas as criancinhas, e enxugava todos os prantos10 , e prometia aos pobres um grande e luminoso reino, de abundância maior que a corte de Salomão11 . A mulher escutava, com olhos famintos. E esse doce rabi, esperança dos tristes, onde se encontrava? A sua fama andava por sobre toda a Judeia12, como o Sol que até por qualquer velho muro se estende e se goza; mas para enxergar13 a claridade do seu rosto, só aqueles ditosos14 que o seu desejo escolhia. […] A tarde caía. O mendigo apanhou o seu bordão, desceu pelo duro trilho, entre a urze e a rocha. A mãe retomou o seu canto, a mãe mais vergada, mais abandonada. E então, o filhinho, num murmúrio mais débil15 que o roçar de uma asa, pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que amava as criancinhas, as mais pobres, sarava os males, ainda mais antigos. A mãe apertou a cabeça esguedelhada16 : – Oh filho! e como queres que te deixe, e me meta aos caminhos, à procura do rabi da Galileia? […] Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe e a nossa dor mora connosco, dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como convenceria eu o rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através das cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho17 tão pobre, sobre enxerga tão rota? A criança, com duas longas lágrimas na face magrinha, murmurou: – Oh mãe! Jesus ama todos os pequeninos. E eu ainda tão pequeno, e com um mal tão pesado, e que tanto queria sarar! E a mãe, em soluços: – Oh meu filho, como te posso deixar? Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade dos homens. Tão rota, tão trôpega18 , tão triste, até os cães me ladrariam da porta dos casais. Ninguém atenderia o meu recado, e me apontaria a morada do doce rabi. Oh filho! talvez Jesus morresse… Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes. De entre os trapos negros, erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam, a criança murmurou: – Mãe, eu queria ver Jesus… E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança: – Aqui estou. Eça de Queirós, «O suave milagre» in Contos, Porto Editora, 2011, pp. 253-255. 1 cerro: outeiro, colina pouco elevada; 2 enxerga: almofadão de palha, cama humilde; 3 jazera: estivera deitado; 4 mirrando: definhando, emagrecendo; 5 cepa: pé de videira; 6 ermo: lugar despovoado e solitário; 7 Estio: verão; 8 quinteiro: pequeno quintal murado; 9 rabi: chefe religioso de uma comunidade judaica; 10 prantos: choros, lamentações; 11 Salomão: rei de Israel; 12 Judeia: província do Império Romano, que se estabeleceu no território do Oriente Médio habitado e governado anteriormente pelos judeus; 13 enxergar: entrever; 14 ditosos: felizes, afortunados; 15 débil: fraco, frágil; 16 esguedelhada: desgrenhada; 17 entrevadinho: pessoa que ficou com as articulações ou os membros, em geral os inferiores, paralisados ou com movimentos limitados; 18 trôpega: pessoa que se move com dificuldade.
  • 29. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 5. Transcreve dois excertos textuais que comprovem que a viúva e o seu filho viviam de forma miserável. 6. O mendigo apanhou o seu bordão do chão. 6.1 Reescreve a frase apresentada, substituindo o constituinte com a função de complemento direto pela forma adequada do pronome pessoal. 6.2 Reescreve, agora, a frase que obtiveste no condicional simples. Faz as alterações necessárias. 7. Assinala com um  a opção que inclui duas características evidenciadas pela viúva quando se dirige ao filho, no quarto parágrafo. A. alegria e ânimo. B. otimismo e amor pelo filho. C. coragem e aflição. D. amor pelo filho e desânimo. 8. Assinala com um , nos itens 8.1 a 8.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 8.1 Em «E então, o filhinho, num murmúrio mais débil que o roçar de uma asa» (linhas 22-23), para destacar a fragilidade do filho da viúva, recorre-se A. a um eufemismo. B. a uma comparação. C. a uma metáfora. D. a uma personificação.
  • 30. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 8.2 No terceiro parágrafo, para destacar as características do rabi, em «pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que amava as criancinhas» (linhas 23-24), utiliza-se uma oração subordinada A. adjetiva relativa explicativa. B. substantiva completiva. C. adjetiva relativa restritiva. D. adverbial causal. 8.3 No quarto parágrafo, destaca-se a dor em que vivia aquela família: «a nossa dor mora connosco.» (linhas 27-28). O constituinte sublinhado desempenha a função sintática de A. predicativo do sujeito. B. modificador (do grupo verbal). C. complemento oblíquo. D. complemento indireto. 9. Explica como reage a criança, no quinto e no sexto parágrafos, ao discurso emocionado da mãe. 10. Assinala com um , nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 10.1 A questão da mãe «– Oh meu filho, como te posso deixar?» (linha 35) acentua A. a indignação perante o facto de Jesus recusar aparecer. B. a dúvida sobre o caminho que devia seguir para encontrar Jesus. C. o desespero por não poder abandonar o seu filho para ir procurar Jesus. D. a hesitação sobre se devia ou não deixar o filho para ir em busca de ajuda. 10.2 Em «Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade dos homens.» (linhas 35-36), os adjetivos utilizados acentuam A. a distância até à Galileia. B. a dificuldade da jornada da mãe. C. a compaixão da mãe para com o filho. D. a distância que a criança teria de percorrer.
  • 31. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 11. Indica o argumento utilizado pela mãe para dissuadir o filho em relação ao pedido que este lhe fez, explicitando o sentido da tripla adjetivação na expressão «Tão rota, tão trôpega, tão triste» (linha 36) 12. «Oh filho! talvez Jesus morresse… Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes.» (linhas 37-39). Completa a afirmação seguinte sobre os tempos simples das formas verbais sublinhadas nesta frase do texto. Escreve, em cada quadrado, a letra correspondente à opção selecionada. A. pretérito perfeito do indicativo. B. pretérito imperfeito do conjuntivo. C. pretérito mais-que-perfeito do indicativo. D. pretérito imperfeito do indicativo. E. presente do indicativo. 13. «– Aqui estou.» Relaciona o final do conto com o seu título. No discurso da mãe, para se mostrar a pouca crença que esta tinha em poder encontrar Jesus, recorre-se primeiro, ao , depois ao e, finalmente, ao .
  • 32. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Lê o texto D. Texto D 5 A mãe estava sentada numa cadeira da sala. As cortinas embaciavam a claridade que entrava pela janela. Era de manhã. Havia o calor morno de torradas e de chá de camomila. A menina entrou na sala e correu para a mãe. Não corras. Tem calma. A mãe sorria. Ergueu a sua mão do colo e pousou-a muito devagar no rosto da menina, nos seus cabelos. Os olhos da mãe eram grandes e castanhos. A menina sabia que tudo o que alguma vez pudesse precisar estava ali naquelas mãos e naqueles olhos. A menina sorria. A mãe. Havia uma alegria iluminada pela claridade que as cortinas da sala embaciavam. José Luís Peixoto, in Mãe, uma antologia literária, 1001 Noites, 2022, p. 89 (texto com supressões). 14. Neste texto, destaca-se uma personagem feminina, que é mãe, tal como no texto C. Refere uma atitude comum relativamente aos filhos na mãe do texto de José Luís Peixoto e na viúva, mãe da criança doente, do conto de Eça de Queirós. 15. Os laços que unem pais e filhos são muito profundos e, por vezes, bastante complexos. Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre a importância de se cultivar uma relação saudável entre pais e filhos. O teu texto, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras, deve incluir: – a indicação do teu ponto de vista; – a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista; – uma conclusão adequada.
  • 33. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos; – um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos. FIM
  • 34. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano COTAÇÕES Textos Item Cotação (em pontos) Texto A 1. 2.1 2.2 2.3 4 4 4 4 16 Texto B 3. 4.1. 4.2. 4.3. 16 4 4 4 4 Texto C 5. 6.1 6.2 7. 8.1 8.2 8.3 9. 10.1 10.2 11. 12. 13. 4 2 2 2 2 2 2 4 2 2 5 3 6 38 Texto D 14. 5 15. 25 TOTAL 100
  • 35. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano SOLUÇÕES TEXTO A [Transcrição] «O olhar dos pais para os filhos» Esta semana vamos percorrer diferentes olhares. Como é que os pais, Vítor, podem olhar para os filhos? Podemos olhar de muitas maneiras e em função das circunstâncias, algumas vezes. O que é que eu quero dizer com isto? Quero dizer que, às vezes, precisamos de óculos para os ver da forma que eles são e do tamanho que têm, muitas vezes vemo-los de tamanho maior do que eles têm e isto tem a ver, claramente, com as expectativas que se criam acerca do que é ter filhos e como é que eles realizam ou não realizam os nossos sonhos, como é que nós temos um compromisso e uma responsabilidade no processo educacional em relação a eles e, de facto, isso faz com que possam existir viés, possam existir enviesamentos na forma como, em determinado momentos, os podemos ver, porque, de alguma forma, nós desejamos consciente ou inconscientemente que eles possam cumprir um determinado nível de expectativas e isso pode condicionar a forma como os vemos e a forma como desejamos ou projetamos neles coisas que, às vezes, não realizámos em nós e achamos e queremos e exigimos que eles possam realizar por nós ou para nós e, nesse sentido, precisamos de ter muito cuidado para que este olhar seja um olhar o menos condicionado possível por aquilo que são estes enviesamentos que eu estava a referir para que eles possam ser olhados tal qual são, com o caminho que têm que percorrer e não propriamente cumprindo ou andando pelos nossos pés, andando pelos pés deles através de um olhar o mais isento possível para que o caminho de realização seja o deles. Como é que nós, adultos, podemos olhar para os nossos filhos, hoje em dia, Margarida… … estava, estava a pensar em mistura de sabores e, portanto, estava a pensar em mistura de olhares. Em princípio, um filho é sempre uma perspetiva de eternização. Pode ser, obviamente, uma falácia, enfim, porque, porque os filhos também morrem e, depois, eternizam-se nos seus próprios filhos e, enfim, por aí fora, mas esta primeira coisa é a semente de eternização, misturada com esperança, com expectativas, que são, de facto, coisas diferentes, com um olhar a realidade, às vezes, enviesado pelo, pelo enorme amor. Eu não me custa muito dizer isto, que é, o amor é descendente, quer dizer, e há… aqui, um bocadinho esta consciência de que, tem que haver, … porque é por isso que a natureza prepara as pessoas para perderem os pais e não prepara ninguém para perder os filhos, porque, porque de facto, é assim, é muito cru, é muito seco dizer os pais gostam mais dos filhos do que os filhos gostam dos pais, é muito seco dizer isso, até porque nós temos a consciência do quanto gostamos dos nossos pais também, portanto custa, custa dizer as coisas assim, mas é verdade que este grande amor que permite dar a vida pode enviesar o olhar puro para os filhos. O desejável é que se consiga ver com lucidez. O possível, às vezes, é perder um bocadinho a lucidez e ver maior, como o Vítor dizia, mas continuar a ver com aquela responsabilidade de ser, de ser a rede, caso haja uma queda, para poder segurar sem que doa assim tanto, embora, às vezes, também seja possível deixar cair. in https://www.tsf.pt/programa/pensamento-cruzado/emissao/o-olhar-dos-pais-para-os-filhos- 5785867.html (excerto até aos 03:48 min) 1. A, D, E. 2. 2.1 C; 2.2 A; 2.3 B. TEXTO B 3. 5 – 4 – 2 – 1 – 3.
  • 36. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 4. 4.1 C; 4.2 B; 4.3 A. TEXTO C 5. Por exemplo: «E, sobre ambos, espessamente a miséria cresceu» (linhas 5-6), «Dentro da arca pintada não restava grão ou côdea.» (linha 7). 6. 6.1 O mendigo apanhou-o do chão. 6.2 O mendigo apanhá-lo-ia do chão. 7. D. 8. 8.1 B; 8.2 C; 8.3 C. 9. A criança chora e evidencia o facto de ser muito pequena e estar já em grande sofrimento, pelo que deseja uma cura. Além disso, salienta o facto de acreditar que Jesus ama todas as crianças. 10. 10.1 C; 10.2 B. 11. A mãe argumenta que, mesmo que deixasse o filho, a sua frágil presença e condição não permitiriam alcançar o objetivo da sua jornada (encontrar o rabi da Galileia), o que é realçado pela tripla adjetivação na caracterização que faz de si própria. 12. B, E, A. 13. Cenário de resposta O final do conto mostra que o pedido sincero e humilde da criança, que acredita verdadeiramente na mensagem de Jesus, bastou para que este lhe aparecesse, cumprindo o seu simples desejo. Assim, deu-se «o suave milagre» antecipado no título. TEXTO D 14. Cenário de resposta Em ambos os textos, é possível observar atitudes de grande carinho para com os filhos, evidenciando-se o amor de mãe. Se a mãe referida no texto D pousa a mão no rosto e nos cabelos da criança, num gesto de ternura, a viúva do conto de Eça de Queirós recusa-se a deixar o filho doente sozinho, mostrando-se desesperada e em «soluços» perante a sua fragilidade. 15. Cenário de resposta A relação pais-filhos Na minha opinião, é fundamental que pais e filhos cultivem uma relação saudável. Com efeito, a existência de uma relação saudável entre pais e filhos permite que, em qualquer situação, os filhos tenham a certeza de que poderão sempre contar com os pais. Esta confiança que se cria entre as duas partes pode ajudar a resolver conflitos e ser uma mais-valia na vida dos filhos, que, deste modo, encontrarão nos pais um porto de abrigo, em qualquer situação por mais difícil que seja. Além disso, o facto de pais e filhos estabelecerem uma relação saudável ajuda ambas as partes na gestão de expectativas. Por exemplo, se os filhos falarem abertamente com os pais sobre os seus sonhos e os seus objetivos de vida, estes compreendê-los-ão melhor e estarão preparados para os deixar seguir o seu próprio caminho, estando disponíveis para viver as suas derrotas e as suas conquistas. Em suma, pais e filhos devem fazer um esforço diário e conjunto para, de forma harmoniosa, manterem uma relação saudável em que ambas as partes se sintam confortáveis nos seus papéis. (182 palavras)
  • 37. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Para responderes aos itens deste grupo, vais ouvir um excerto do programa «Pensamento cruzado» da TSF dedicado ao tema «O olhar dos pais para os filhos». [áudio aqui; até aos 03:48 min] Texto A 1. Assinala com um  três ideias defendidas na primeira intervenção. A. Os filhos podem ser vistos de diferentes formas, tendo em conta os contextos. B. Os pais demitem-se da sua responsabilidade no processo educacional dos filhos. C. Os pais não estão conscientes do valor dos filhos. D. As expectativas dos pais podem condicionar a forma como veem os filhos. E. A realização dos filhos consegue-se quando percorrem o seu próprio caminho. 2. Assinala com um , nos itens 2.1 a 2.3, a opção que completa cada frase, de acordo com as ideias transmitidas na segunda intervenção. 2.1 Ao dizer-se que «um filho é sempre uma perspetiva de eternização.», pretende-se A. reforçar que os filhos, por serem mais novos, têm uma longa vida pela frente. B. destacar a responsabilidade dos filhos na concretização das expectativas dos pais. C. mostrar que, para os pais, os filhos são uma continuidade das suas próprias vidas. 2.2 O amor é visto como «descendente», porque A. é natural os pais gostarem mais dos filhos do que os filhos dos pais. B. é desejável que os filhos não percam a consciência do amor que têm pelos pais. C. os pais sentem-se obrigados a criar descendência. 2.3 Para mostrar o papel dos pais enquanto responsáveis pela segurança dos filhos, faz-se uma alusão à A. perda de lucidez. B. rede que ampara, caso haja uma queda. C. queda, que é sempre inevitável. Nome N.o Turma Data / / Avaliação E. Educação Professor Teste de avaliação de Português 9.º Ano (versão B)
  • 38. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano ] Lê o texto B. Se necessário, consulta as notas. Texto B Aprender a largar Madalena Sá Fernandes Precisava do silêncio e do sossego, de passar umas noites sem a melodia das birras e o compasso dos amuos. Precisava de largar a batuta de maestro, de deixar a orquestra sob outra regência e ir compor um solo ao meu 5 andamento. Precisava de interromper a vigia constante às crianças que se encavalitam na bancada da cozinha para vigiar as vontades que se encavalitam cá dentro antes que 10 despencassem1 . Precisava de largar tudo para perceber se ainda aqui estava, se ainda aqui estou. De manhãs sem logística2 . De fazer a minha própria mochila. De não ter de antecipar ou 15 resolver incidentes fisiológicos. Precisava de uma folga, de tempo destinado ao repouso, ao descanso e à curiosidade. Sempre fui boa a largar. A minha mãe conta que no primeiro dia de escola, aos dois anos, 20 lhe larguei a mão e fui a correr, sem olhar para trás. O deixar ir, para mim, sempre foi fácil. Quando um amigo me disse um dia: «amar não é assim», mostrando a mão fechada; e depois: «é assim» com a mão aberta; não me 25 surpreendeu. Amar sempre foi uma mão aberta. A expressão abrir mão é sinónimo de largar, de abnegar3 , mas, para mim, também de amar. Solta, desprendida, meio ao sabor do vento, 30 meio ao sabor do alento, sempre me considerei desapegada e livre. É por isso com surpresa e algum embaraço que dou por mim, em viagem, a ligar 18 vezes para confirmar se o portão da piscina está 35 fechado. O desejo de liberdade e o apego maternal travam um combate aguerrido na minha psique4 . Isto não é novidade; desde que fui mãe que oscilo entre sonhar com aventurar-me 40 sozinha a fazer um safari no Quénia, por causa da Meryl Streep5 no África Minha6 , e sonhar com quintas abandonadas com azulejos por restaurar, crianças à volta de jardineiras sujas de lama e biscoitos caseiros. 45 Tenho vontade de viajar sozinha para me reconectar comigo mesma e medo da angústia que advém dessa solidão. Continuo a ser a que quer passear, descobrir e explorar. A que secretamente deseja ficar 50 sem bateria no telemóvel num país desconhecido e perder-se em praças de nome impronunciável. Mas, à noite, dou por mim a pensar se as minhas filhas terão bebido água, se os avós sabem que elas só dormem bem com 55 o Mickey de chapéu, se terão posto o Mickey de chapéu ao seu lado na cama. Ou se terão posto o outro Mickey, que é o Mickey das emergências, só para quando não se encontra o Mickey de chapéu. Tenho vontade de mandar 60 mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono. É importante aprender a largar. Largar sempre foi tão natural para mim que é estranho 65 que agora se tenha tornado numa aprendizagem. Elas estão felizes, a ouvir novas histórias, a serem balançadas noutros colos, a experimentarem novas rotinas. E eu também estou feliz. 70 É importante sair do ninho para buscar alimento. E regressar bem abastecida de confiança e liberdade. in https://publico.pt (texto adaptado; consultado em 2022). 1 despencassem: caíssem de muito alto; 2 logística: organização e gestão de meios e materiais para uma determinada atividade; 3 abnegar: renunciar; 4 psique: mente; 5 Meryl Streep: atriz norte-americana; 6 África Minha: filme protagonizado por Meryl Streep.
  • 39. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 3. Numera as frases de 1 a 5, de acordo com a ordem pela qual a autora vai fazendo as suas partilhas com os leitores. A primeira frase já está numerada. A. Importância das aprendizagens que momentos pontuais de separação podem trazer. B. Preocupações que sente, durante a noite, em relação às filhas. C. Referência a um episódio da sua infância. D. Necessidades individuais que sente. E. Batalha interior para conciliar o seu papel de mãe com o seu próprio eu. 4. Assinala com um , nos itens 4.1 a 4.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 4.1 No início do texto, a autora recorre à anáfora, para: A. mostrar desagrado pelo facto de a sua família ser muito barulhenta. B. reviver o seu dia a dia, numa casa com crianças. C. reforçar as suas necessidades individuais, além do seu papel de mãe. 4.2 No excerto «Tenho vontade de mandar mensagem a perguntar se dormem bem e se o Mickey de chapéu está entre elas, a abençoar o seu sono.» (linhas 60-63), em que a autora expressa a sua preocupação com o bem-estar das filhas, as palavras sublinhadas são A. conjunções subordinativas condicionais. B. conjunções subordinativas completivas. C. pronomes pessoais. 4.3 A frase «É importante sair do ninho para buscar alimento.» (linhas 71-72), quanto ao valor modal, é um exemplo de A. modalidade epistémica com valor de certeza. B. modalidade epistémica com valor de probabilidade. D. modalidade apreciativa. 1
  • 40. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Lê o texto C, um excerto do conto «O suave milagre» de Eça de Queirós. Se necessário, consulta as notas. O suave milagre 5 10 15 20 25 30 35 40 […] Ora […] num casebre desgarrado, sumido na prega de um cerro1 , vivia a esse tempo uma viúva, mais desgraçada mulher que todas as mulheres de Israel. O seu filhinho único, todo aleijado, passara do magro peito a que ela o criara para os farrapos da enxerga2 apodrecida, onde jazera3, sete anos passados, mirrando4 e gemendo. Também a ela a doença a engelhara dentro dos trapos nunca mudados, mais escura e torcida que uma cepa5 arrancada. E, sobre ambos, espessamente a miséria cresceu como um bolor sobre cacos perdidos num ermo6 . Até na lâmpada de barro vermelha secara há muito o azeite. Dentro da arca pintada não restava grão ou côdea. No Estio7 , sem pasto, a cabra morrera. Depois, no quinteiro8 , secara a figueira. Tão longe do povoado, nunca esmola de pão ou mel entrava o portal. E só ervas apanhadas nas fendas das rochas, cozida sem sal, nutriam aquelas criaturas de Deus na Terra Escolhida, onde até às aves maléficas sobrava o sustento. Um dia, um mendigo entrou no casebre, repartiu do seu farnel com a mãe amargurada, e um momento sentado na pedra da lareira, coçando as feridas das pernas, contou dessa grande esperança dos tristes, esse rabi9 que aparecera na Galileia, e de um pão no mesmo cesto fazia sete, e amava todas as criancinhas, e enxugava todos os prantos10 , e prometia aos pobres um grande e luminoso reino, de abundância maior que a corte de Salomão11 . A mulher escutava, com olhos famintos. E esse doce rabi, esperança dos tristes, onde se encontrava? A sua fama andava por sobre toda a Judeia12, como o Sol que até por qualquer velho muro se estende e se goza; mas para enxergar13 a claridade do seu rosto, só aqueles ditosos14 que o seu desejo escolhia. […] A tarde caía. O mendigo apanhou o seu bordão, desceu pelo duro trilho, entre a urze e a rocha. A mãe retomou o seu canto, a mãe mais vergada, mais abandonada. E então, o filhinho, num murmúrio mais débil15 que o roçar de uma asa, pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que amava as criancinhas, as mais pobres, sarava os males, ainda mais antigos. A mãe apertou a cabeça esguedelhada16 : – Oh filho! e como queres que te deixe, e me meta aos caminhos, à procura do rabi da Galileia? […] Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe e a nossa dor mora connosco, dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como convenceria eu o rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através das cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho17 tão pobre, sobre enxerga tão rota? A criança, com duas longas lágrimas na face magrinha, murmurou: – Oh mãe! Jesus ama todos os pequeninos. E eu ainda tão pequeno, e com um mal tão pesado, e que tanto queria sarar! E a mãe, em soluços: – Oh meu filho, como te posso deixar? Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade dos homens. Tão rota, tão trôpega18 , tão triste, até os cães me ladrariam da porta dos casais. Ninguém atenderia o meu recado, e me apontaria a morada do doce rabi. Oh filho! talvez Jesus morresse… Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes. De entre os trapos negros, erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam, a criança murmurou: – Mãe, eu queria ver Jesus… E logo, abrindo devagar a porta e sorrindo, Jesus disse à criança: – Aqui estou. Eça de Queirós, «O suave milagre» in Contos, Porto Editora, 2011, pp. 253-255. 1 cerro: outeiro, colina pouco elevada; 2 enxerga: almofadão de palha, cama humilde; 3 jazera: estivera deitado; 4 mirrando: definhando, emagrecendo; 5 cepa: pé de videira; 6 ermo: lugar despovoado e solitário; 7 Estio: verão; 8 quinteiro: pequeno quintal murado; 9 rabi: chefe religioso de uma comunidade judaica; 10 prantos: choros, lamentações; 11 Salomão: rei de Israel; 12 Judeia: província do Império Romano, que se estabeleceu no território do Oriente Médio habitado e governado anteriormente pelos judeus; 13 enxergar: entrever; 14 ditosos: felizes, afortunados; 15 débil: fraco, frágil; 16 esguedelhada: desgrenhada; 17 entrevadinho: pessoa que ficou com as articulações ou os membros, em geral os inferiores, paralisados ou com movimentos limitados; 18 trôpega: pessoa que se move com dificuldade.
  • 41. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 5. Transcreve dois excertos textuais que comprovem que a viúva e o seu filho viviam de forma miserável. 6. O mendigo apanhou o seu bordão do chão. 6.1 Assinala com um  a opção em que o constituinte com a função de complemento direto se encontra adequadamente substituído pelo pronome pessoal. A. Ele apanhou o seu bordão do chão. B. O mendigo apanhou-o do chão. C. O mendigo o apanhou do chão. 6.2 Assinala com um  a opção em que a frase se encontra corretamente reescrita no condicional simples. A. O mendigo apanhá-lo-ia do chão. B. O mendigo apanhá-lo-á do chão. C. O mendigo tê-lo-ia apanhado do chão. 7. Assinala com um  a opção que inclui duas características evidenciadas pela viúva quando se dirige ao filho, no quarto parágrafo. A. alegria e ânimo. B. otimismo e amor pelo filho. C. amor pelo filho e desânimo. 8. Assinala com um , nos itens 8.1 a 8.3, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 8.1 Em «E então, o filhinho, num murmúrio mais débil que o roçar de uma asa» (linhas 22-23), para destacar a fragilidade do filho da viúva, recorre-se A. a um eufemismo. B. uma comparação. C. a uma metáfora. 8.2 No terceiro parágrafo, para destacar as características do rabi, em «pediu à mãe que lhe trouxesse esse rabi que amava as criancinhas» (linhas 23-24), utiliza-se uma oração subordinada A. adjetiva relativa explicativa. B. substantiva completiva. C. adjetiva relativa restritiva.
  • 42. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 8.3 No quarto parágrafo, destaca-se a dor em que vivia aquela família: «A nossa dor mora connosco.» (linhas 27-28). O constituinte sublinhado desempenha a função sintática de A. predicativo do sujeito. B. complemento oblíquo. C. modificador (do grupo verbal). 9. Explica como reage a criança, no quinto e no sexto parágrafos, ao discurso emocionado da mãe. 10. Assinala com um , nos itens 10.1 e 10.2, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. 10.1 A questão da mãe «– Oh meu filho, como te posso deixar?» (linha 35) acentua A. a indignação perante o facto de Jesus recusar aparecer. B. a dúvida sobre o caminho que devia seguir para encontrar Jesus. C. o desespero por não poder abandonar o seu filho para ir procurar Jesus. 10.2 Em «Longas são as estradas da Galileia, e curta a piedade dos homens.» (linhas 35-36), os adjetivos utilizados acentuam A. a distância até à Galileia. B. a dificuldade da jornada da mãe. C. a compaixão da mãe para com o filho. 11. Atenta na expressão «Tão rota, tão trôpega, tão triste» (linha 36). Assinala com um , nos itens 11.1 e 11.2, a opção correta. 11.1 O recurso expressivo evidente nas expressões apresentadas é A. a metáfora. B. a hipérbole. C. a tripla adjetivação. 11.2 Este recurso expressivo realça A. a caracterização que a mãe faz de si própria e a sua fragilidade. B. a caracterização que o narrador faz da viúva e a sua fraqueza. C. a caracterização que o filho faz da mãe e a sua fragilidade.
  • 43. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano 12. «Oh filho! talvez Jesus morresse… Nem mesmo os ricos e os fortes o encontram. O Céu o trouxe, o Céu o levou. E com ele para sempre morreu a esperança dos tristes.» (linhas 37-39). Completa a afirmação seguinte sobre os tempos simples das formas verbais sublinhadas nesta frase do texto. Escreve, em cada quadrado, a letra correspondente à opção selecionada. A. pretérito perfeito do indicativo. B. pretérito imperfeito do conjuntivo. C. pretérito mais-que-perfeito do indicativo. D. pretérito imperfeito do indicativo. E. presente do indicativo. 13. «– Aqui estou.» Completa a afirmação, circundando, no quadro abaixo, as palavras adequadas a cada caso, de forma a obteres afirmações verdadeiras sobre a relação do final do conto com o seu título. O final do conto mostra que o pedido sincero e a. ___________________ (humilde / arrogante) da criança, que acredita verdadeiramente na mensagem de Jesus, bastou para que este lhe aparecesse, cumprindo a sua simples b. ____________________________ (exigência / vontade). Assim, deu-se «o suave milagre» c. ________________________________ (antecipado / esquecido) no título. No discurso da mãe, para se mostrar a pouca crença que esta tinha em poder encontrar Jesus, recorre-se primeiro, ao , depois ao e, finalmente, ao .
  • 44. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Lê o texto D. Texto D 5 A mãe estava sentada numa cadeira da sala. As cortinas embaciavam a claridade que entrava pela janela. Era de manhã. Havia o calor morno de torradas e de chá de camomila. A menina entrou na sala e correu para a mãe. Não corras. Tem calma. A mãe sorria. Ergueu a sua mão do colo e pousou-a muito devagar no rosto da menina, nos seus cabelos. Os olhos da mãe eram grandes e castanhos. A menina sabia que tudo o que alguma vez pudesse precisar estava ali naquelas mãos e naqueles olhos. A menina sorria. A mãe. Havia uma alegria iluminada pela claridade que as cortinas da sala embaciavam. José Luís Peixoto, in Mãe, uma antologia literária, 1001 Noites, 2022, p. 89 (texto com supressões). 14. Neste texto, destaca-se uma personagem feminina, que é mãe, tal como no Texto C. Refere uma atitude comum relativamente aos filhos na mãe do texto de José Luís Peixoto e na viúva, mãe da criança doente, do conto de Eça de Queirós. A estrutura apresentada ajuda-te a construíres o teu texto. Em ambos os textos, é possível observar ______________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ No texto D, a mãe referida __________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ No caso do texto C, a viúva, mãe da criança doente, do conto de Eça de Queirós, _______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 15. Os laços que unem pais e filhos são muito profundos e, por vezes, bastante complexos. Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre a importância de se cultivar uma relação saudável entre pais e filhos. O teu texto, com um mínimo de 100 e um máximo de 140 palavras, deve estar estruturado em quatro parágrafos e incluir: – a indicação do teu ponto de vista; – a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista; – uma conclusão adequada.
  • 45. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano Na minha opinião, ______________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Com efeito, ____________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Além disso, ____________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Em suma, _____________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos; – um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos. FIM Introdução Qual o teu ponto de vista sobre a afirmação apresentada? Desenvolvimento O que pensas sobre a importância de uma relação saudável entre pais e filhos?  Indicação da 1ª razão que justifica o teu ponto de vista.  Indicação da 2ª razão que justifica o teu ponto de vista. Conclusão Opinião sobre a importância do tema e reforço do ponto de vista defendido.
  • 46. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano COTAÇÕES Textos Item Cotação (em pontos) Texto A 1. 2.1 2.2 2.3 4 4 4 4 16 Texto B 3. 4.1 4.2 4.3 16 4 4 4 4 Texto C 5. 6.1 6.2 7. 8.1 8.2 8.3 9. 10.1 10.2 11.1 11.2 12 13 4 2 2 2 2 2 2 4 2 2 2 3 3 6 38 Texto D 14. 5 15. 25 TOTAL 100
  • 47. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano SOLUÇÕES TEXTO A [Transcrição] «O olhar dos pais para os filhos» Esta semana vamos percorrer diferentes olhares. Como é que os pais, Vítor, podem olhar para os filhos? Podemos olhar de muitas maneiras e em função das circunstâncias, algumas vezes. O que é que eu quero dizer com isto? Quero dizer que, às vezes, precisamos de óculos para os ver da forma que eles são e do tamanho que têm, muitas vezes vemo-los de tamanho maior do que eles têm e isto tem a ver, claramente, com as expectativas que se criam acerca do que é ter filhos e como é que eles realizam ou não realizam os nossos sonhos, como é que nós temos um compromisso e uma responsabilidade no processo educacional em relação a eles e, de facto, isso faz com que possam existir viés, possam existir enviesamentos na forma como, em determinado momentos, os podemos ver, porque, de alguma forma, nós desejamos consciente ou inconscientemente que eles possam cumprir um determinado nível de expectativas e isso pode condicionar a forma como os vemos e a forma como desejamos ou projetamos neles coisas que, às vezes, não realizámos em nós e achamos e queremos e exigimos que eles possam realizar por nós ou para nós e, nesse sentido, precisamos de ter muito cuidado para que este olhar seja um olhar o menos condicionado possível por aquilo que são estes enviesamentos que eu estava a referir para que eles possam ser olhados tal qual são, com o caminho que têm que percorrer e não propriamente cumprindo ou andando pelos nossos pés, andando pelos pés deles através de um olhar o mais isento possível para que o caminho de realização seja o deles. Como é que nós, adultos, podemos olhar para os nossos filhos, hoje em dia, Margarida… … estava, estava a pensar em mistura de sabores e, portanto, estava a pensar em mistura de olhares. Em princípio, um filho é sempre uma perspetiva de eternização. Pode ser, obviamente, uma falácia, enfim, porque, porque os filhos também morrem e, depois, eternizam-se nos seus próprios filhos e, enfim, por aí fora, mas esta primeira coisa é a semente de eternização, misturada com esperança, com expectativas, que são, de facto, coisas diferentes, com um olhar a realidade, às vezes, enviesado pelo, pelo enorme amor. Eu não me custa muito dizer isto, que é, o amor é descendente, quer dizer, e há… aqui, um bocadinho esta consciência de que, tem que haver, … porque é por isso que a natureza prepara as pessoas para perderem os pais e não prepara ninguém para perder os filhos, porque, porque de facto, é assim, é muito cru, é muito seco dizer os pais gostam mais dos filhos do que os filhos gostam dos pais, é muito seco dizer isso, até porque nós temos a consciência do quanto gostamos dos nossos pais também, portanto custa, custa dizer as coisas assim, mas é verdade que este grande amor que permite dar a vida pode enviesar o olhar puro para os filhos. O desejável é que se consiga ver com lucidez. O possível, às vezes, é perder um bocadinho a lucidez e ver maior, como o Vítor dizia, mas continuar a ver com aquela responsabilidade de ser, de ser a rede, caso haja uma queda, para poder segurar sem que doa assim tanto, embora, às vezes, também seja possível deixar cair. in https://www.tsf.pt/programa/pensamento-cruzado/emissao/o-olhar-dos-pais-para-os-filhos- 5785867.html (excerto até aos 03:48 min) 1. A, D, E 2. 2.1 C; 2.2 A; 2.3 B. TEXTO B 3. 5 – 4 – 2 – 1 – 3. 4. 4.1 C; 4.2 B; 4.3 A.
  • 48. Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 9.o ano TEXTO C 5. Por exemplo: «E, sobre ambos, espessamente a miséria cresceu» (linhas 5-6), «Dentro da arca pintada não restava grão ou côdea.» (linha 7). 6. 6.1 B; 6.2 A. 7. C. 8. 8.1 B; 8.2 C; 8.3 B. 9. A criança chora e evidencia o facto de ser muito pequena e estar já em grande sofrimento, pelo que deseja uma cura. Além disso, salienta o facto de acreditar que Jesus ama todas as crianças. 10. 10.1 C; 10.2 B. 11. 11.1 C; 11.2 A. 12. B, E, A. 13. A. humilde; B. vontade; C. antecipado. TEXTO D 14. Cenário de resposta Em ambos os textos, é possível observar atitudes de grande carinho para com os filhos, evidenciando-se o amor de mãe. No texto D, a mãe referida pousa a mão no rosto e nos cabelos da criança, num gesto de ternura. No caso do texto C, a viúva, mãe da criança doente, no conto de Eça de Queirós recusa-se a deixar o filho doente sozinho, mostrando-se desesperada e “em soluços” perante a sua fragilidade. 15. Cenário de resposta A relação pais-filhos Na minha opinião, é fundamental que pais e filhos cultivem uma relação saudável. Com efeito, uma relação saudável entre pais e filhos permite que os filhos tenham a certeza de que poderão sempre contar com os pais. Esta confiança entre as duas partes pode ajudar a resolver conflitos e ser uma mais-valia na vida dos filhos, que, assim, encontrarão nos pais um porto de abrigo. Além disso, uma relação saudável entre pais e filhos ajuda ambas as partes na gestão de expectativas. Se os filhos falarem abertamente com os pais sobre os seus sonhos e os seus objetivos de vida, estes compreendê-los-ão melhor e estarão preparados para os deixar seguir o seu próprio caminho. Em suma, pais e filhos devem fazer um esforço conjunto para manterem uma relação saudável em que se sintam confortáveis nos seus papéis. (140 palavras)