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1 ead.senasp.gov.br
2
Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso de “Análise Criminal”.
A seguir, veja a apresentação do tema proposto, os objetivos esperados, a importância da análise
criminal e como ela é fundamental para que se obtenham resultados efetivos no âmbito da segurança pú-
blica.
Bons estudos!
Segundo alguns autores há três tipos de mentiras sobre a estatística: as mentiras, as mentiras sérias
e as estatísticas. Veja algumas delas:
	
“Os números não mentem, mas os mentirosos forjam os números.”
“Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.”
O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbado utiliza
um poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar”.
Quais são as razões para que esta visão persista?
Por que fazer análise criminal?
Estas são algumas das perguntas que servirão de base para os seus estudos sobre o tema em ques-
tão.
As principais razões para a produção de impressões distorcidas da realidade a partir das estatísticas
são:
•	 O uso de pequenas amostras
•	 Distorções deliberadas
•	 Perguntas tendenciosas
•	 A elaboração de gráficos enganosos
•	 Pressões políticas
Este curso tem como propósito a construção de um alicerce que amplie a formação de analistas
criminais no Brasil. Dessa forma, a perspectiva é contribuir para que novos conteúdos relacionados às mo-
dernas técnicas de análise sejam agregados em futuro próximo.
Aqui você estudará os conceitos básicos da análise estatística que fundamentam o processo de
análise criminal.
Objetivos do Curso
Ao finalizar o curso, você será capaz de:
•	 Reconhecer a importância da análise criminal;
•	 Descrever os principais conceitos e aplicações da estatística criminal;
•	 Identificar as técnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informações;
•	 Aplicar os conceitos básicos relacionados à estatística para compreender melhor as técnicas
utilizadas na análise criminal; Identificar os diferentes tipos de mapas, relacionando-os às suas
informações; Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a ope-
racionalização da análise criminal.
APRESENTAÇÃO
3 ead.senasp.gov.br
•	 Identificar os diferentes tipos de mapas relacionando às informações que reúnem;
•	 Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a operacionalização
da análise criminal.
Estrutura do Curso
O curso está dividido nos seguintes módulos:
•	 Módulo 1 – Por que fazer análise criminal?
•	 Módulo 2 – Coleta de informações
•	 Módulo 3 – Análise Estatística Criminal
•	 Módulo 4 – Sistemas de Informação Geográfica
•	 Módulo 5 – Operacionalização da análise criminal
Bom curso!
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Apresentação
Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo deste curso!
	 Neste módulo, você estudará a importância da análise criminal frente à nova perspectiva de
policiamento e a sua contribuição para a gestão das ações de segurança pública.
Objetivos do módulo
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de:
•	 Definir análise criminal e identificar as contribuições para a gestão da segurança pública;
•	 Compreender os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância
do foco nas ações de análise criminal; e
•	 Classificar a produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as vertentes
utilizadas.
Estrutura do módulo
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
•	 Aula 1 – A análise criminal e seu campo de aplicação
•	 Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento
•	 Aula 3 – Análise criminal X alocação de recursos
•	 Aula 4 – Focalização das ações da análise criminal
•	 Aula 5 – Vertentes básicas
E então, você está preparado para iniciar a primeira aula?
Nesta aula, você aprenderá mais sobre a análise criminal e o seu campo de aplicação. Vamos lá!
Aula 1: A análise criminal e seu campo de aplicação
1.1 Dimensões do campo de aplicação
O campo de aplicação da análise criminal pode ser descrito a partir de duas dimensões principais:
•	 Orientar os gestores quanto ao planejamento, execução e redirecionamento das ações do siste-
ma de segurança pública, contribuindo para a melhoria na distribuição dos recursos materiais
e humanos; e
•	 Dar conhecimento à população e a outros órgãos governamentais e não-governamentais
quanto à situação da segurança pública, auxiliando suas participações efetivas na gestão e execução
das ações.
MÓDULO
1
POR QUÊ FAZER ANÁLISE CRIMINAL?
5 ead.senasp.gov.br
1.2 Definição
•	 A definição de análise criminal abrange muito mais que um simples traçado de gráficos, tabelas
e mapas. Constitui-se no uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles tirar CONCLU-
SÕES.
•	 A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos, por
meio dos quais tratam as informações para tentar conhecer as causas que determinam o fenô-
meno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais influências cabem a
cada uma dessas causas.
Você concluiu a primeira aula! Vamos prosseguir?
Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento
O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de repensar a forma
como a segurança pública é feita. Os profissionais dessa área devem se questionar sobre os resultados es-
perados de sua atividade profissional, assim como sobre a forma de agir para cumprirem essa expectativa:
como fazer mais com menos recursos?
Para responder a questão levantada no slide anterior – como fazer mais com menos recursos? – é
preciso passar da reação para a ação. Ao invés de apenas reagir diante de uma cadeia de incidentes, a
principal estratégia para quebrar esse ciclo é a execução de ações preventivas para a criação de ambientes
seguros.
Importante!
Essa é a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de pensar policiamento. A atitude
mais comum é o pronto atendimento à vítima, mas dessa forma, o alcance de resultados depende somente
do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas.
2.1 Nova perspectiva
A nova perspectiva de policiamento requer que:
•	 A polícia examine de modo detalhado cada um dos problemas a serem abordados, identifica do
suas causas;
•	 Leve em consideração um conjunto bastante amplo de opções para intervir sobre essas causas;
e
•	 Escolha a opção a ser utilizada com base em uma relação de custo e benefício, pautada no al-
cance de resultados.
Observa-se uma mudança na lógica de gestão, pois o objetivo prioritário deixa de ser apenas a
solução dos crimes que já ocorreram e passa a ser a manutenção de um ambiente social onde não ocorra
nenhum crime, as pessoas possam andar nas ruas tranquilamente e a sensação de segurança seja com-
partilhada por todos e todas, independentemente de suas características culturais, econômicas e naturais.
2.2 O trabalho do analista criminal
	 Atualmente, o trabalho do analista criminal está limitado à tabulação dos registros sobre os
crimes. Em poucas situações, observa-se a análise dos padrões de vitimização, tendo como foco principal a
identificação do perfil de quem deve ser preso e, em situações escassas, essa análise busca identificar fatores
urbanos e populacionais associados aos padrões de incidência criminal.
6
Essa situação fica ainda mais precária quando se questiona o uso das conclusões dessas análises na
gestão das ações e políticas de segurança pública. Os processos de tomada de decisão baseados na rotina
e na autoridade, marcados pela indiferença quanto aos resultados a serem alcançados em perspectiva sistê-
mica, ainda prevalecem.
	 Uma das explicações para essa situação é a grande falta de analistas criminais bem treinados
e compromissados com sua atividade.
Importante!
O bom analista criminal não espera uma demanda de informação para iniciar seu trabalho. Esponta-
neamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar problemas que devem ser resolvidos,
avalia as principais causas do problema para identificar as respostas com o maior potencial de efetividade e
traça um projeto de execução que sempre parte da diretriz que é preciso aprender com os resultados alcan-
çados, quer sejam positivos ou negativos.
Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal é a existência, entre esses
profissionais, de uma concepção modesta sobre a importância do seu trabalho, visto sempre como um tra-
balho de bastidores. É preciso repensar essa concepção.
O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos
de segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim como
sobre a forma de resolver o problema.
Mais que uma fonte de informações, o analista criminal deve assumir o papel de conselheiro. Mais
que um técnico especialista em análise de dados, o analista criminal deve agir como um pesquisador que
visa trazer as melhores contribuições possíveis da ciência para o aperfeiçoamento do trabalho policial.
	 No quadro funcional dos órgãos de segurança pública, o analista criminal é a pessoa com
maior conhecimento sobre o processo de produção e coleta de informações, a análise de dados e sobre a
avaliação de resultados. Além disso, é a pessoa com maior capacidade de encontrar fontes alternativas de
dados e relatórios que podem ser utilizados para dar sustentação e aperfeiçoar as análises a serem empre-
endidas e as conclusões a serem alcançadas.
A importância do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a efetivida-
de das estratégias de ação policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003.
	 Veja na figura 1 um quadro de avaliação de resultados de diferentes estratégias de policia-
mento. As estratégias selecionadas pela pesquisa foram distribuídas considerando dois eixos principais: a
focalização do objeto alvo da ação (eixo horizontal) e a ampliação do conjunto de estratégias de po-
liciamento utilizadas (eixo vertical).
7 ead.senasp.gov.br
A partir da Figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforço da lei foi trocada por
uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximação da polícia com a comunidade, além da reali-
zação de ações sociais.
Observe que, no contexto da estratégia tradicional, a focalização é baixa e a estratégia envolve
apenas o reforço da lei (perspectiva jurídica).
A pesquisa conclui que não existem evidências empíricas de um resultado efetivo das ações em
relação à redução da incidência criminal. Por outro lado, no policiamento orientado para o problema (Clarke
& Eck, 2007), marcado pela focalização da ação e pelo uso de um conjunto diversificado de estratégias orien-
tadas para a solução dos problemas abordados, a pesquisa identificou fortes evidências empíricas de um
resultado efetivo em relação à redução da incidência criminal.
O policiamento orientado para o problema tem como principal estratégia de intervenção a pro-
moção de mudanças nas condições que fazem do crime um problema repetitivo. Ele apresenta um grande
avanço em relação à estratégia tradicional de policiamento, pois objetiva um resultado mais efetivo do que
o alcançado pelas respostas reativas aos incidentes e pelas patrulhas policiais preventivas.
Nesta aula, você viu vários aspectos sobre o trabalho do analista criminal frente à nova perspectiva
de policiamento!
Vamos prosseguir para a próxima aula?
Aula 3 – Análise criminal X Alocação de recursos
O aumento de recursos financeiros investidos é suficiente para o alcance de resultados?
No âmbito nacional, uma constatação científica de Cerqueira e Lobão (2003) expôs que que a efe-
tiva solução dos problemas de segurança pública nunca resultará apenas do aumento dos recursos gastos
pelos órgãos de segurança pública. Baseados em informações sobre os fatores associados à incidência de
homicídios em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre 1980 e 2003, eles concluíram que o aumento
das despesas com segurança pública não está relacionado estatisticamente à redução da incidência
de homicídios.
Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o
único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios.
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Cabe ressaltar, no entanto, que os autores consideraram os gastos em segurança pública sem sepa-
rá-los e sem analisar as possibilidades de distribuição e aplicação desses recursos efetivos na própria área.
Para alcançar resultados reais, não basta aumentar o volume de recursos financeiros investidos.
É preciso analisar as alternativas de intervenção e investir os recursos conforme as relações entre custo
e benefício de cada alternativa.
Essa questão aponta para a importância do analista criminal, que fornece o subsídio tanto para
a tomada de decisão quanto para o investimento. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar
com estratégias de intervenção que ultrapassem o âmbito das ações tradicionais de polícia, pois a melhor
perspectiva de resultado foi observada quando reunidas todas as estratégias de ação de forma conjunta:
•	 Ações policiais;
•	 Redução da desigualdade social; e
•	 Aumento da renda per capita.
SAIBA MAIS...
Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: “A análise criminal contribuindo para mudan-
ças na política nacional.”, que está nos anexos do curso.
Nota: Há na REDE EAD um curso de Policiamento Orientado para o Problema. Matricule-se para
o próximo ciclo, caso ainda não tenha cursado.
Nesta aula, você estudou sobre a Análise criminal e a Alocação de recursos.
Vamos prosseguir?
Aula 4 – Focalização das ações e o trabalho da análise criminal
4.1 A dinâmica de trabalho do analista criminal
Em relação à dinâmica de trabalho do analista criminal, pode-se, didaticamente, dividi-la em quatro
etapas:
•	 Sistematização e análise dos dados de segurança pública, buscando identificar padrões de in-
cidentes;
•	 Submissão desses padrões a uma profunda análise buscando identificar suas causas;
•	 Identificação de formas de intervenção nas relações causais encontradas para cessar a ocorrên-
cia dos incidentes; e
•	 Avaliação do impacto das intervenções e, caso haja ausência de impacto, reinício do processo.
No contexto do policiamento orientado a problemas, as formas de intervenção devem ser concebi-
das de maneira ampla, não se restringindo apenas às ações tradicionais de polícia. Por outro lado, o fluxo
de trabalho de análise envolve a contínua coleta e sistematização de novos dados que podem resultar em
mudanças radicais nas ações que já vêm sendo executadas.
4.2 A focalização das ações
		 Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas expostas anteriormente pre-
cisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questão
da focalização das ações:
•	 A valorização de uma perspectiva local de ação; e
•	 A focalização de tipos criminais específicos para intervenção.
9 ead.senasp.gov.br
4.2.1 A valorização de uma perspectiva local de ação
Ao focalizar uma perspectiva mais local, o analista criminal faz com que sua instituição seja mais
bem informada, eficiente e capaz de usar seus recursos para reduzir o crime.
A perspectiva local atribui ao analista criminal maior capacidade para investigar e identificar as
causas do problema abordado.
Essa orientação do trabalho numa perspectiva local propõe que o analista:
Converse com os policiais sobre como eles concebem seu trabalho; participe diretamente de ativi-
dades desenvolvidas pelos órgãos de segurança pública; troque informações com profissionais das empresas
de segurança privada; crie uma rede com analistas criminais das regiões vizinhas; colete informações direta-
mente com agressores e vítimas; e busque contribuir para aprimorar os processos de coleta de informação.
4.2.2 A focalização de tipos criminais específicos para intervenção
A focalização nos tipos criminais permite ao analista especificar as causas particulares, os atores e as
dinâmicas de cada tipo de crime, permitindo uma análise mais apurada do fenômeno criminal.
Caso essa focalização não seja realizada e uma categoria criminal ampla (roubo, por exemplo) seja
considerada como problema, torna-se difícil identificar as causas do problema. Cada tipo de roubo – em
estabelecimento comercial, residência, transporte coletivo, de carga, dentre outros – possui suas causas
específicas, resulta de diferentes motivações e envolve atores distintos em termos de conhecimento, habili-
dade e organização.
Importante!
Cada tipo criminal específico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenções sejam
focalizadas em cada um deles separadamente.
Parabéns, você está quase no fim deste módulo! Vamos prosseguir para a última aula?
Aula 5 – Vertentes básicas
5.1 Vertentes da produção de conhecimento para segurança pú-
blica
Magalhães (2007) destaca três grandes vertentes básicas do trabalho de produção de conhecimento
voltado para a gestão em segurança pública:
•	 Análise criminal estratégica;
•	 Análise criminal tática; e
•	 Análise criminal administrativa.
Veja a seguir cada uma delas.
5.1.1 Análise criminal estratégica (ACE)
Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas in-
10
fluências a longo prazo. Dentre seus principais focos estão:
•	 Formulação de políticas públicas;
•	 Produção de conhecimento para redução da criminalidade;
•	 Planejamento e desenvolvimento de soluções;
•	 Interação com outras secretarias na construção de ações de segurança pública;
•	 Direcionamento de investimentos;
•	 Formulação do plano orçamentário;
•	 Controle e acompanhamento de ações e projetos; e
•	 Formulação de indicadores de desempenho.
Seu principal objetivo é: Trabalhar na identificação das tendências da criminalidade.
Exemplificando...
Se o analista identifica que o fenômeno criminal apresenta uma tendência ascendente, essa infor-
mação será utilizada para formular e determinar prioridades das ações dos operadores do sistema de segu-
rança pública.
5.1.2 Análise criminal tática (ACT)
Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas in-
fluências a médio prazo. Essa vertente estuda o fenômeno criminal visando fornecer subsídios para os ope-
radores de segurança pública que atuam diretamente “nas ruas”. Nesse sentido, o conhecimento é utilizado
pelas polícias ostensivas e investigativas. Dentre seus principais focos estão:
No caso da Análise Criminal Tática, a produção de conhecimento serve para:
•	 Orientar as atividades de policiamento ostensivo nas atividades preventivas e repressivas. Exem-
plo: Identificação de pontos quentes, correlacionando dia e horários críticos; e
•	 Subsidiar a polícia investigativa nas soluções das ocorrências criminais, principalmente na busca
da autoria e materialidade dos delitos.
Seu principal objetivo é: Trabalhar na identificação de padrões das atividades criminais.
5.1.3 Análise criminal administrativa (ACA)
Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o público alvo. A atividade nessa
vertente se assemelha à de um editor-chefe, pois tem o objetivo de selecionar os assuntos divulgados para
cada cliente. Dentre seus principais focos estão:
•	 Fornecimento de informações sumarizadas para seus diversos públicos – cidadãos, gestores pú-
blicos, instituições públicas, organismos internacionais, organizações não-governamentais, etc.;
•	 Elaboração de estatísticas descritivas;
•	 Elaboração de informações gerais sobre tendências criminais;
•	 Comparações com períodos similares passados; e
•	 Comparações com outras cidades similares.
Seu principal objetivo é: Trabalhar as estatísticas criminais de forma descritiva.
Finalizando...
Parabéns! Você finalizou este módulo!
11 ead.senasp.gov.br
Aqui, você aprendeu que:
•	 A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos. Por
meio deles, as informações são tratadas para que se possa conhecer as causas que determinam
o fenômeno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais as melhores
ações para cada uma dessas causas;
•	 O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de pensar melhor
a forma de como se faz segurança pública;
•	 O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos
de segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim
como sobre a forma de resolver o problema.
•	 Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o
único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios;
•	 Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas da dinâmica de trabalho do analista
precisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se
discute a questão da focalização das ações: a valorização de uma perspectiva local de ação e a
focalização de tipos criminais específicos para intervenção.
Agora, para fixar o conteúdo é importante que você realize os exercícios propostos a seguir.
No próximo módulo você aprenderá sobre:
•	 A descrição dos métodos de abordagem;
•	 A enumeração dos aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e
•	 A identificação das fontes de dados e informações de segurança pública.
Bons estudos!
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 1, realize as atividades propostas a seguir.
1. Podemos definir segurança pública como:
a) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de segurança
pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair conclusões.
b) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para traçar gráficos, tabelas e mapas.
c) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para executar ações e políticas de segurança
pública.
d) É constituída de ferramentas para levantar informações.
2. A análise criminal se enquadra na perspectiva da segurança pública:
a) Reativa
b) Preventiva
c) Passiva
d) Proativa
3. A produção do conhecimento de gestão em segurança pública pode ser classificada segundo três
12
vertentes. Considerando estas vertentes, associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª:
(1)	 Análise criminal estratégica (ACE)
(2) Análise criminal tática (ACT)
(3) Análise criminal administrativa (ACA)
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o estudo dos fenômenos e suas
influências no médio prazo.
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público alvo.
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas
influências no longo prazo.
13 ead.senasp.gov.br
Gabarito
Resposta correta atividade 1: a alternativa “a”.
Resposta correta atividade 2: alternativa: “b”.
Resposta correta atividade 3: sequência: 2; 3; 1).
14
Apresentação
Olá! Seja bem-vindo ao módulo “Coleta de Informações”.
Antes de iniciar o conteúdo desse módulo, que tal relembrar o que você estudou no anterior?
•	 Você viu a definição de análise criminal e identificou suas contribuições para a gestão da segu-
rança pública;
•	 Compreendeu os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do
foco nas ações de análise criminal; e
•	 Viu a classificação da produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as ver-
tentes utilizadas.
Neste módulo, você estudará alguns dos métodos de abordagem dos fenômenos sociais que po-
dem ser utilizados para a elaboração de diagnósticos sobre a situação da segurança pública e monitoramen-
to de resultados das ações e políticas.
Cabe destacar que um método não exclui o outro. Muitas vezes é preciso combiná-los, pois cada um
possui vantagens e limitações; a combinação possibilita que se complementem.
Objetivos do módulo
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de:
•	 Descrever os métodos de abordagem;
•	 Enumerar os aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e
•	 Identificar as fontes de dados e informações de segurança pública.
Estrutura do módulo
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
•	 Aula 1 – Métodos de abordagem
•	 Aula 2 – Construção de um questionário
•	 Aula 3 – Fontes de dados e informações de segurança pública
Aula 1 – Métodos de abordagem
1.1	Abordagem e técnicas de análise
A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens. Para cada uma
das abordagens há técnicas de análise específicas, veja a seguir:
MÓDULO
2
COLETA DE INFORMAÇÕES
15 ead.senasp.gov.br
1.	 Observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real.
•	 Análise de conteúdo
•	 Estudo de caso
•	 Análise de dados secundários
2.	 Criação de situações artificiais e observação do comportamento antes das tarefas definidas para
as situações.
•	 Avaliação de impacto (laboratório)
3.	 Realização de perguntas às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram).
•	 Survey
•	 Estudo de caso
1.2	Vantagens e limitações das técnicas de análise
•	 Análise de conteúdo
•	 Estudo de caso
•	 Análise de dados secundários
•	 Avaliação de impacto
•	Survey
Análise de conteúdo
Alguns tópicos de pesquisa são suscetíveis ao exame sistemático de documentos, como romances,
poemas, publicações governamentais, músicas, boletins de ocorrências etc. As informações trazidas pelos
documentos são sistematizadas, buscando a existência de semelhanças.
As principais desvantagens desta técnica são:
•	 O tipo de documento selecionado para o exame pode não ser a medida mais apropriada da
questão ou fenômeno a ser estudado.
•	 A análise dos documentos sempre envolve um espaço de arbitrariedade.
Estudo de caso
O estudo de caso envolve a descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma
determinada situação social.
Num estudo de caso, você busca coletar e examinar o máximo de informações possíveis sobre o
tema. Se o estudo é sobre a comunidade, você aborda a sua história, seus aspectos religiosos, políticos, eco-
nômicos, geográficos, sua composição racial etc.
Em resumo, você procura a descrição mais abrangente e tenta determinar as inter-relações
lógicas dos seus vários componentes.
Enquanto a maioria das pesquisas busca diretamente o conhecimento generalizado, o estudo de
caso busca o conhecimento abrangente de um só caso. Dessa forma, o conhecimento produzido não é ne-
cessariamente generalizável.
Se o estudo de caso é realizado pelo pesquisador que é participante no evento ou grupo social
estudado, este é denominado de Estudo de Caso com Observação Participante.
Na prática, como observador participante, o pesquisador pode ou não se revelar como tal. Essa de-
cisão tem importantes implicações metodológicas e éticas. O pesquisador que admitir que esteja realizando
um estudo pode afetar diretamente o fenômeno que pretende estudar.
Por outro lado, a não identificação do pesquisador pode ter implicações éticas relativas ao engano.
Como estudo de caso, a observação participante busca colher informações muito detalhadas.
16
A grande desvantagem desse método é que o pesquisador dificilmente consegue manter pro-
cedimentos sistemáticos de pesquisa.
Análise de dados secundários
A realização de pesquisas científicas não envolve, necessariamente, a coleta e análise de dados ori-
ginais (pesquisa de campo). Alguns tópicos de pesquisa podem ser estudados analisando dados já coletados
e compilados.
A análise dos dados secundários tem a grande vantagem da economia. O pesquisador não precisa
arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codificações, recrutamento de sujeitos experimentais etc.
A principal desvantagem do método é que o pesquisador fica limitado a dados já coletados e
compilados por outros, que podem não representar adequadamente a questão que lhe interessa.
Avaliação de impacto
A avaliação de impacto procura determinar os resultados das ações e políticas. Para mensurar esses
resultados, não basta olhar o objeto de análise e ver o que aconteceu com ele depois da aplicação da política.
Para garantir que as mudanças observadas são resultantes da política empreendida, é preciso com-
parar o grupo em que ela foi implementada – chamado de tratado – com um grupo similar que não a expe-
rimentou – chamado de controle.
TRATADO: Grupo em que foi implementada a política.
CONTROLE: Grupo similar em que não foi implementada a política.
Quando se está trabalhando com experimento aleatório, também chamado de experimento puro, é
bastante simples medir o impacto.
Os experimentos aleatórios são aqueles em que os “tratados” e “controles” são escolhidos de
forma aleatória na população. Esse tipo de estudo é muito usado na medicina para testes de remédios.
Das pessoas inscritas para o teste, são selecionados dois grupos de forma aleatória, por sorteio.
Para um grupo é distribuído o placebo (grupo controle) e para o outro grupo é dado o remédio (grupo
tratado). Depois do tratamento, compara-se a condição de saúde dos dois grupos.
Se o grupo tratado apresenta melhor condição de saúde de que o grupo controle, o remédio tem
resultado positivo. Caso contrário, o remédio não tem resultado.	
Entretanto, na prática, é quase impossível implementar experimentos aleatórios no caso de políticas
públicas, pois existe um problema ético e moral.
PARA REFLETIR...
Sendo o objetivo fazer uma política de prevenção à criminalidade em áreas de alta periculosidade
da cidade, como escolher uma área que não vai receber essa política?
Isto é justo com a população desse local?
Normalmente, as ações e políticas têm desenhos não aleatórios e as avaliações devem buscar de-
senhos não experimentais, denominados por avaliações de estudos observacionais ou quase-experimentais.
A implicação do desenho não experimental para a avaliação do impacto é que o “controle” não
pode ser comparado diretamente com o “tratado”, pois os atributos de ambos não são, necessariamente,
17 ead.senasp.gov.br
equivalentes.
Para fazer essa comparação é necessário que se apliquem técnicas estatísticas que tornam o “con-
trole” equivalente ao tratado.
Existem várias técnicas para isso, as mais usadas são “pareamento com escore de propensão” e
“diferenças em diferenças”. Neste curso não serão tratadas essas técnicas, pois exigem um conhecimento
avançado em estatística. Para mais detalhes, veja Ravallion (2001; 2005) e Heckman et al. (1998).
Survey
Um survey é realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma população, isto é, des-
cobrir a distribuição de certos traços e atributos, avaliar o impacto de alguma política ou ação etc.
Para que seja viável, em termos técnicos e econômicos, a pesquisa é realizada em uma amostra
cientificamente selecionada da população, de forma a representá-la. Essa seleção científica da amostra
permite a extrapolação dos resultados encontrados para a população, ou seja, se a amostra é composta por
50% de homens, pode-se extrapolar o resultado dizendo que nossa população é composta de 50% de ho-
mens.
A coleta de informações envolve sempre a aplicação de um questionário, que deve priorizar a cons-
trução de questões com respostas fechadas, retirando ao máximo a possibilidade de respostas abertas em
formato de texto. Assim, esses instrumentos de coleta de informação favorecem o uso de técnicas quanti-
tativas para análise dos dados.
1.3 Métodos e técnicas X Aplicações
Os vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao tipo
de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a ser coletada. Eles também podem ser utilizados
de forma complementar quando necessário.
Veja abaixo alguns exemplos:
•	 Quando se precisa de informações representativas da situação de grandes grupos sociais com
menor gasto de recursos e maior rapidez, são utilizados surveys e informações secundárias,
sistematizadas continuamente por órgãos de estatística oficial.
Essas informações se agregam no conjunto denominado de informações quantitativas e
se caracterizam por buscar mensurar a questão estudada em números ou categorias. A grande
limitação dos dados quantitativos na realização de pesquisas é que eles reduzem a realidade a
algumas categorias, deixando de lado muita informação que seria útil para uma melhor compre-
ensão do fenômeno estudado.
•	 Pesquisas com informações mais detalhadas: Quando se verifica a necessidade de trabalhar
com informações mais detalhadas, partimos para outro conjunto de informações denominado
por informações qualitativas. As pesquisas envolvendo a coleta dessas informações – análise de
conteúdo e estudo de caso – são normalmente mais difíceis e mais caras de serem realizadas. Ao
mesmo tempo em que se conhece a realidade de modo mais detalhado, perde-se capacidade
de generalização dos conhecimentos produzidos.
•	 Pesquisas na área de segurança pública: Como exemplo de pesquisas na área de segurança
pública, é possível citar:
18
Pesquisas na área de segurança pública Técnicas de análise
Pesquisa que analisam informações
trazidas de bases de ocorrências regis-
tradas pelas polícias.
Análises de dados secundários.
Pesquisas de vitimização. Survey
Pesquisas que buscam avaliar de forma mais
detalhada a criminalidade, envolvendo entre-
vistas com moradores.
Estudo de caso.
Pesquisa mais detalhada realizada por alguém
que convive com a comunidade.
Estudo de caso ou, especificamente, pesquisa
etnográfica.
Aula 2 – Construção de um questionário
Olá!
Na aula anterior você conheceu os três métodos de abordagem dos fenômenos sociais e também
estudou sobre as várias técnicas de análise de tais fenômenos.
Dando sequência ao conteúdo desse módulo, agora, você aprenderá a construir um questionário.
Preparado(a)?
Vamos lá!
O que é um questionário?
Um questionário pode ser definido como um:
“conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade
do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personali-
dade e informação biográfica”. (YAREMENKO et al., 1986).
O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionário e a maneira da sua aplicação por
meio dos conceitos e da população alvo.
2.1 Definição e a relação com a pesquisa
É possível verificar as seguintes interdependências entre a elaboração de um instrumento e a
estratégia de sua aplicação:
•	 O grau de complexidade dos conceitos determina o número de perguntas e sua forma de apre-
sentação.
•	 Há uma relação recíproca entre características da população alvo e complexidade dos conceitos
a serem investigados, pois ambos determinam a maneira de transformação dos conceitos em
perguntas e sua administração.
•	 O tamanho da amostra determina o formato do questionário em relação ao tipo de entrevistas
e ao tamanho do seu conteúdo.
•	 O tamanho da amostra é determinado pelos recursos disponíveis (tempo, dinheiro e recursos
humanos).
2.2. Elaboração de um questionário
Na elaboração de um questionário, o analista criminal deve estar atento também aos seguintes
19 ead.senasp.gov.br
fatores:
1.	 Contexto social da sua aplicação;
2.	Perguntas;
3.	 Estrutura lógica na organização dessas perguntas; e
4.	 Diferentes formas de coleta de informação.
No que diz respeito à administração do questionário, sendo ele observado como um instrumento
de coleta de informações é importante apontar que esse processo envolve sempre uma interação entre pes-
quisador e respondente.
A interação pode ocorrer no âmbito de uma entrevista presencial, na qual os dois atores são
colocados frente a frente numa relação de entrevistador e entrevistado, ou no âmbito da resposta a um
questionário encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, no qual ocorre uma interação entre os dois
atores pela apresentação do questionário (na maneira como as questões foram escritas, no agradecimento
pela disponibilidade de responder ao questionário, dentre outros fatores). Ou seja, mesmo no preenchi-
mento de um questionário, ocorre uma entrevista, mas nesse caso, a relação entre entrevistado e entrevis-
tador é mediada pelo questionário.
2.3 Contexto social da aplicação do questionário
A disposição do respondente em revelar algo sobre si mesmo, permitindo o pesquisador obter as
informações desejadas, varia conforme a situação. O pesquisador não tem poder sobre o respondente e
precisa convencê-lo de que vale a pena participar da pesquisa.
Alguns aspectos do contexto social e cultural na interação entre entrevistado e entrevistador devem
ser observados, como por exemplo:
•	 Criação e manutenção de um ambiente de cortesia durante a entrevista.
•	 Seriedade no processo de interação, favorecendo a obtenção de respostas autênticas.
•	 Boa impressão sobre a imagem do pesquisador e da organização representada por ele.
•	 Ênfase na relevância do assunto da pesquisa para o entrevistado.
•	 Promoção de uma aproximação do entrevistado e do entrevistador em termos culturais.
•	 Realização da pesquisa em um ambiente físico adequado para o alcance dos melhores resulta-
dos na realização da pesquisa.
2.4 Estrutura lógica do questionário
Segundo Dillman (1978), três coisas devem ser feitas para maximizar as respostas de um questio-
nário:
•	 Minimizar o custo para o respondente.	
•	 Maximizar as recompensas para o respondente.
•	 Estabelecer a confiança de que a recompensa será concedida.
Lembre-se das seguintes recomendações para o estabelecimento da estrutura lógica do questioná-
rio:
Muitas pessoas participam de pesquisas por se sentirem importantes em ter sua opinião valori-
zada ou pela oportunidade de falar e serem ouvidos. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é
outra forma importante de recompensar os respondentes.
•	 Estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar sua cooperação. Para esta-
20
belecer confiança, o entrevistador deve se apresentar e indicar com e para quem trabalha. A seguir, precisa
capturar o interesse do respondente pelo tema e para isso, sugere-se ressaltar o quanto opiniões e expe-
riências do respondente são importantes. São os primeiros momentos da entrevista que importam para
a disposição do respondente em cooperar. Nesse momento, o questionário e sua importância devem ser
apresentados da forma mais completa.
•	 Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a necessidade
de continuar a manter seu interesse durante a realização da entrevista. Alguns pontos merecem especial
atenção para evitar a desistência no meio do processo da entrevista: a tarefa deve parecer ser breve, é preci-
so reduzir ao máximo o esforço mental e físico requerido, eliminar as possibilidades de embaraço, qualquer
implicação de subordinação e custo financeiro.
•	 O mínimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa colaboração
do respondente, seja de maneira verbalizada no fim da entrevista, seja de maneira escrita no fim do questio-
nário. Muitas pessoas participam de pesquisa por se sentirem importantes em ter sua opinião valorizada ou
por poder falar e ser ouvido. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma importante de
recompensar os respondentes.
2.5 A estrutura do questionário
Uma estrutura bem pensada contribui para reduzir o esforço físico e mental do respondente. Além
disso, assegura que todos os temas de interesse do pesquisador sejam tratados numa ordem objetiva, man-
tendo o interesse do respondente em continuar. É preciso saber com precisão por que se está incluindo cada
pergunta no questionário.
Os princípios a seguir poderão ajudá-lo na estruturação:
•	 1º Princípio: Procure sempre direcionar a estruturação do questionário da seguinte forma: do
geral para o específico, do impessoal para o pessoal, do menos delicado para o mais delicado.
•	 2º Princípio: Disponha as perguntas de modo a obedecer a uma lógica de aproximação. Exem-
plo: Ao se pesquisar a situação de insegurança, primeiro se pergunta sobre a cidade, depois
sobre o bairro e, então, sobre a rua e a casa onde o respondente reside.
•	 3º Princípio: Garanta que as perguntas referentes a uma mesma temática permaneçam sempre
juntas e recebam uma introdução que ajude o respondente a concentrar-se nela.
2.6 As perguntas
As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de confiança entre respondente
e pesquisador. Nunca se deve começar o questionário por perguntas burocráticas (nome, sexo, idade, renda
familiar etc.), pois essas questões só terão respostas autênticas quando o respondente desenvolver certo
grau de confiança no entrevistador.
As perguntas burocráticas devem ser inseridas sempre no final do questionário. Cabe destacar tam-
bém que perguntar o nome no início da entrevista contradiz qualquer afirmação sobre o caráter confidencial
da entrevista.
Quais são as características de uma boa pergunta?
Uma boa pergunta é aquela que gera respostas fidedignas e válidas e, por essa razão, devem
apresentar algumas características básicas:
•	 A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente;
•	 As expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para os respondentes;
•	 Os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e
•	 Os respondentes precisam estar dispostos a responder.
21 ead.senasp.gov.br
2.7 Aspectos a serem observados
A seguir, você conhecerá os principais aspectos a serem observados na elaboração de uma pesquisa:
Linguagem
Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso ficar sempre atento à população
alvo da pesquisa. A compreensão da linguagem utilizada pode mudar de acordo com o público.
Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou sofisticados devem ser evitados.
Há dois problemas nos questionários relacionados à linguagem. São eles:
1.	 A ambiguidade, ou seja, o questionário permite mais de uma interpretação da pergunta;
2.	 As perguntas podem direcionar as respostas, então é preciso ficar atento à escolha das palavras.
Importante!
Uma vez que as questões estiverem elaboradas, pergunte-se:
O respondente está entendendo o que o entrevistador quis perguntar?
O enunciado da pergunta induz a resposta de alguma forma?
Quanto ao tipo de perguntas, é possível elaborar perguntas abertas e fechadas.
Perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade das possí-
veis respostas. Esse tipo de perguntas estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre pesquisa-
dor e respondente e, no final, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas.
As perguntas abertas também servem para reforçar ao respondente o real interesse nas suas opi-
niões.
Perguntas fechadas são aquelas em que são oferecidas opções para o respondente escolher como
resposta. Devem ser utilizadas quando se conhece os tópicos que serão informados pelos respondentes.
Além disso, esse tipo de pergunta deve ser usado quando existem muitos respondentes e pouco
tempo para a pesquisa.
2.8 Problemas que devem ser evitados
A forma com que as perguntas são formuladas e ordenadas no questionário podem gerar alguns
problemas. Ao formular as perguntas é preciso verificar se elas não constituem ameaça ao respondente.
Caso existam razões para supor que o respondente é “sensível” ao tema, é preciso verificar maneiras
de encontrar a informação sem provocar constrangimento.
Outro problema diz respeito ao entrevistado fornecer respostas falsas às perguntas. Um dos moti-
vos é que o respondente pode ter algo a esconder ou não saber como responder. Por fim, se o respondente
não lembrar de alguma resposta, o entrevistador não deve deixá-lo constrangido. É preciso frisar que as
perguntas não constituem em um teste e que é natural não ter respostas para todas as perguntas.
2.9 Escalas de respostas
Para tornar mais fácil a classificação das respostas às perguntas é necessário que se pense nas esca-
las de respostas. As escalas podem ser classificadas em:
•	 Escala Nominal;
•	 Escala Ordinal;
•	 Escala Intervalar.
22
A Escala Nominal utiliza símbolos ou números somente para identificar as pessoas, objetos ou
categorias. Por exemplo, o gênero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, uso de bengala e existência
de tatuagem.
Mesmo para as medições em escala nominal é preciso se preocupar em estabelecer um bom rela-
cionamento com o respondente.
Exemplo: A frase “Qual o estado civil de V.Sa?” soa melhor do que solicitar simplesmente “Estado
civil”.
Dependendo da população alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor número de alter-
nativas é apropriado.
Exemplos: A raça pode ter como categoria apenas: a) brancos e b) não brancos OU a) brancos, b)
negros, c) pardos, d) indígenas, e) asiáticos e f) outros.
Lembre-se!
O importante é que as opções sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as alternativas.
Na Escala Ordinal, além de se identificarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma orde-
nação desses elementos. Por exemplo, a hierarquização da percepção de níveis de violência entre diferentes
locais de uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma competição.
Uma técnica de mensuração muito utilizada nas ciências sociais para levantar atitudes, opiniões e
avaliações é a construção de escalas Likert. Nela, o respondente avalia um fenômeno numa escala de, geral-
mente, cinco alternativas.
Para saber mais sobre as escalas Likert, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Likert.
O conteúdo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto interes-
sante na utilização de escalas é a decisão quanto ao uso de número par ou ímpar de alternativas, pois o uso
de um número ímpar de alternativas indica que se criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja,
foi aberto espaço para o entrevistado expor uma posição neutra sobre o tema abordado.
Independentemente do número de alternativas, é importante que as opções estejam balanceadas,
isto é, as direções opostas de respostas devem possuir o mesmo número de opções.
Veja abaixo dois exemplos de perguntas na escala ordinal.
a) Em termos gerais, o quão satisfeito você está com as suas condições de trabalho?
1. Bastante satisfeito
2. Muito satisfeito
3. Pouco satisfeito
4. Nada satisfeito
b) O quão seguro, você se sente ao andar sozinho pelas ruas na região onde reside ao anoitecer?
1. Muito seguro
2. Razoavelmente seguro
3. Nada seguro
Na Escala Intervalar, as características são ordenadas conforme uma dimensão subjacente e os
intervalos entre as alternativas têm tamanho conhecido e podem ser comparados.
Exemplos:
•	 O tamanho da população.
•	 O número de crimes registrados.
•	 O número de inquéritos concluídos.
23 ead.senasp.gov.br
Aula 3 – Fontes de dados
Neste módulo você estudou as três abordagens dos fenômenos sociais e suas respectivas técnicas
de análise.
Além disso, você também aprendeu a construir questionários de forma apropriada.
Agora, na próxima aula, você estudará sobre as fontes de dados.
Vamos lá!
O uso científico das informações de segurança pública e de justiça criminal para a gestão de polí-
ticas envolve não apenas informações específicas dessa área, mas também informações socioeconômicas e
urbanas necessárias para se contextualizar a sua situação.
Essa contextualização permite, por exemplo, identificar as causas sociais dos fenômenos de se-
gurança pública e também aperfeiçoar a visão sobre o resultado alcançado. Possibilita, ainda, verificar se
as mudanças que ocorrem na segurança pública têm também outras condições além da atuação dos órgãos
dessa área.
Do ponto de vista da pesquisa social, há um consenso de que apenas as informações administrati-
vas de agências de segurança pública e justiça criminal não são suficientes para a compreensão dos fenôme-
nos relacionados à incidência criminal ou à violência.
Para uma visão efetivamente compreensiva dos fenômenos relacionados a tal problemática, como
enfatiza Kahn (2002), é necessário atentar para as condições gerais de vida da população.
3.1 Fontes de dados
Em seu artigo sobre a importância dos indicadores como instrumento auxiliar à prevenção muni-
cipal da criminalidade, Kahn (2002) observa que o nível socioeconômico é um fator explicativo para o pre-
domínio de eventos criminais específicos em determinadas localidades, muito embora a explicação da sua
distribuição seja bastante complexa.
Outros estudos buscaram entender a relação entre taxas de criminalidade e indicadores socioeco-
nômicos. Soares (2008), por exemplo, busca analisar a relação entre desenvolvimento, desigualdade e homi-
cídios a partir de uma revisão de vários estudos empíricos que abordam a relação entre taxas de homicídios
e variáveis sociais e demográficas, tais quais renda, alfabetização, urbanização, migração, entre outras.
Dessa forma, é desejável que os bancos de dados sobre criminalidade – geralmente compostos
por dados administrativos policiais, como registros de ocorrências -, contenham informações socioeconô-
micas da população local e da infraestrutura urbana.
Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são
dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para fins de administração dos pro-
cedimentos de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de gestão, pois somente os
dados das polícias estão organizados em banco de dados. Já os demais, na maioria das vezes, não estão
informatizados ou constituem arquivos de formulários.
Geralmente, esses dados não contêm as informações necessárias para a avaliação de políticas pú-
blicas de segurança ou programas particulares. Faltam informações sociodemográficas, dos infratores ou
demandantes dos serviços de justiça criminal, dentre outras. Em função disso, é preciso pensar criativamente
na utilização de outras possíveis fontes para complementar ou checar as informações fornecidas pelas bases
de dados oficiais.
3.1.1 Características e limitações dos registros das polícias mili-
tares e das polícias civis
•	 Polícia Militar: Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não
24
abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de
um sistema de informação criminal. O grande problema dessa base de dados está relacionado à
subnotificação dos crimes, ou seja, muitos indivíduos não reportam os crimes à polícia.
•	 Polícia Civil: A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla
gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime. Um
dos grandes problemas dessa base de dados também é a subnotificação dos crimes. Por causa
das características dos dados gerados pelas polícias e suas limitações, muitas vezes são neces-
sárias fontes alternativas de informações.
3.2 SINESP – Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pú-
blica
Desde o ano de 2004, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, vem
despendendo esforços para a concretização de uma base nacional de dados e informações de segurança
pública, com o apoio dos entes federados, órgãos federais e estaduais, instituições de segurança pública,
profissionais em segurança pública, pesquisadores e demais parceiros.
Uma grande ação foi a criação do Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça
Criminal – SINESPJC, implantado em 2004, com o módulo Polícia Civil e posteriormente com o módulo Polí-
cia Militar em 2006. Este sistema teve como principal objetivo iniciar o processo informatizado de coleta de
dados estatísticos junto às 27 UFs, em um cenário que contava apenas com 07 UFs com sistemas de registro
de ocorrências informatizados.
Neste contexto, a SENASP veio fomentando - junto aos entes federados e por meio de convênios
com a União - o desenvolvimento, customização e ampliação de sistemas informatizados de registros de
ocorrências policiais e sistemas de atendimento e despacho das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares. O
objetivo foi o de melhorar os processos de envio, tratamento e análise de dados.
Mesmo com o apoio da SENASP, as instituições de segurança pública não deixaram de arcar com
o ônus de ter que alimentar, de forma manual ou minimamente informatizada, a base de dados nacional.
Limitações do SINESPJC não permitiam que sistemas estaduais fossem integrados diretamente ao sistema
nacional, tornando o processo de alimentação lento e árduo. Além disso, havia o problema da falta de pa-
dronização dos formulários de coleta nos Estados.
Partindo deste novo cenário, identificados os problemas e desafios, a SENASP em maio de 2012,
juntamente com representantes das Polícias Civis, Militares e Corpos de Bombeiros Militares das 27 Unida-
des de Federação, definiu os campos e conteúdos mínimos dos boletins de ocorrências e atendimento e
despacho das instituições de segurança pública. Neste mesmo ano, foi promulgada a Lei 12.681, que institui
o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas, com a finalidade de
armazenar, tratar e integrar dados e informações para auxiliar na formulação, implementação, execução,
acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas à segurança pública; sistema prisional e execução
penal; e enfrentamento do tráfico de crack e outras drogas ilícitas. Com isto, o SINESPJC torna-se o módulo
de estatística do SINESP.
Logo após a criação da lei do SINESP, o Ministério da Justiça, por meio da SENASP, toma o compro-
misso de firmar junto às Unidades da Federação 27 termos de adesão ao SINESP, ratificando o compromisso
de todos em cooperar com a implantação, manutenção e atualização do sistema. O não envio dos dados
previstos no Termo implica na impossibilidade de receber recursos ou celebrar parcerias com a União para
financiamento de programas, projetos ou ações de segurança pública e do sistema prisional.
•	 Enviar os dados previstos no Termo
•	 Possibilidade de receber recursos e celebrar parceiras com a União
O SINESP tem como objetivo sanar o problema da má qualidade de informações de crime no Bra-
sil. Essa má qualidade se deve aos diversos problemas estruturais que impediram, ao longo dos anos, uma
25 ead.senasp.gov.br
melhor qualidade da informação, e, além disso, a particularidades dos próprios eventos criminais, que, por
natureza, são difíceis de serem registrados pela população.
Por exemplo, furtos e roubos de pequenos valores e casos de estupros, abusos, assédios e coerções,
muitas vezes, estão inseridos dentro de contextos pessoais ou familiares, fazendo com que as vítimas rara-
mente procurem as autoridades para registro dos fatos.
3.3 Fontes alternativas de informação
Pesquisas de vitimização
Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de vitimização, que
permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o perfil da
subnotificação.
No Brasil, a primeira pesquisa de vitimização realizada em âmbito nacional foi empreendida pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) de 1988. Depois disso, o IBGE empreendeu outra pesquisa nacional de vitimização, tam-
bém como suplemento da PNAD, no ano de 2009.
Cabe destacar a Pesquisa Nacional de Vitimização realizada pelo Ministério da Justiça, de 2010 a
2012, no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, pelo Centro de Estudos da Cri-
minalidade e Segurança Pública (CRISP) e Datafolha.
Para saber mais sobre essa pesquisa, acesse o arquivo “Pesquisa de vitimização”, que está nos
anexos do curso.
Outros exemplos de pesquisas de vitimização empreendidas no Brasil são expostos a seguir:
•	 Pesquisa de vitimização ILANUD: Essa pesquisa foi desenvolvida em 2002, a partir da parceria
Instituto Latino Americano das Nações Unidades (ILANUD)/Gabinete de Segurança Institucional
da Presidência da República/FIA/Universidade de São Paulo (USP). Ela é representativa para os
municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória.
•	 Pesquisa de vitimização INSPER: Essa pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto de Ensino e
Pesquisa (INSPER). O estudo toma como base pesquisas domiciliares com 2.967 pessoas na ci-
dade de São Paulo em 2003 e 2008. Os sete tipos de ocorrência apurados no levantamento são:
residência, veículo, componentes de veículos, crime contra a pessoa, trânsito, agressões e casa
de temporada.
•	 Pesquisa de vitimização CRISP/UFMG: Essa pesquisa foi desenvolvida nos anos de 2001, 2003
e 2006 pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal
de Minas Gerais (CRISP/UFMG) e é representativa para o município de Belo Horizonte, no qual
foram entrevistadas 6.220 pessoas.
Outras fontes de dados e informações:
No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras são importantes para comprovar
tendências. Entretanto, como nem todos os carros estão segurados, as informações das seguradoras devem
conter menos registros que as das polícias.
No caso dos homicídios, os dados do Datasus/Ministério da Saúde são geralmente de uma confiabi-
lidade superior aos da polícia, pela própria natureza de sua produção e por estarem submetidos a uma crítica
mais detalhada. Mas eles também apresentam problemas, como a existência de uma categoria de mortes
violentas de intencionalidade desconhecida, que incluiria homicídios, suicídios e mortes acidentais.
Para chegar a uma estimativa mais precisa, é necessário submeter essa categoria a uma estimativa
que reclassifica uma parte dela como homicídio. Além disso, a dificuldade maior para utilizar esses dados
26
como indicadores de segurança pública é a demora na sua divulgação, justamente devido ao tempo dedica-
do à crítica dos dados. De qualquer forma, é muito importante que, mesmo com certo atraso, tais registros
sejam comparados com os da polícia, para testar a validade dos últimos.
Existem inúmeras instituições públicas e privadas que compilam informações que podem ser rele-
vantes para a análise de crimes, criminosos ou vítimas específicas. Alguns exemplos: as agências de regula-
ção dos produtos controlados (tais como armas, álcool ou drogas), agências reguladoras que fiscalizam
instituições bancárias ou de segurança, autoridades fiscais e alfandegárias, departamentos de segu-
rança de instituições privadas etc.
SAIBA MAIS...
O site do Ministério da Justiça vem se institucionalizando nos últimos anos como referência nacional
em relação às informações de segurança pública. Destacam-se como exemplo de relatórios disponíveis nessa
página:
Para saber mais sobre o Ministério da Justiça, acesse: http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/se-
guranca-publica/estatisticas.
•	 Efetivo dos Órgãos Estaduais de Segurança Pública (2003 a 2007);
•	 Análise das Ocorrências Registradas pelas Polícias Civis (2004 e 2005);
•	 Perfil das Instituições de Segurança Pública (2004 a 2007);
•	 Investimentos dos Governos Estaduais em Segurança Pública (2005 a 2008);
•	 Diagnóstico da Perícia Criminal no Brasil (2012);
•	 Estudo Profissiográfico e Mapeamento de Competências: Perfil dos Cargos das Instituições Esta-
duais de Segurança Pública (2012);
•	 Mulheres nas Instituições de Segurança Pública (2013);
•	 Pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública (2013);
•	 Pensando a Segurança Pública (2013).
Há ainda...
•	 Os portais das Secretarias Estaduais de Segurança Pública, da Polícia Civil e da Polícia Mili-
tar. Quando as informações estatísticas não estão disponibilizadas no portal é preciso fazer um
contato telefônico ou por e-mail com os gestores dessas instituições, solicitando-as.
•	 Os Grupos de pesquisa e portais acadêmicos relacionados a essa questão.
•	 Censo demográfico realizado pelo IBGE a cada 10 anos.
Para saber mais sobre Censo demográfico, acesse o arquivo “Censo”, que está nos anexos do curso.
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:
•	 A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens: observação
do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real; criação de situações artificiais e
observação do comportamento antes das tarefas definidas para as situações e realização de
perguntas às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram).
•	 Para cada uma das abordagens há técnicas de análise específicas. Cada uma delas tem vanta-
gens e limitações.
•	 Os vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao
27 ead.senasp.gov.br
tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a serem coletadas. Eles também
podem ser utilizados de forma complementar quando necessário.
•	 Um questionário pode ser definido como um “conjunto de perguntas sobre um determinado
tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, as-
pectos de personalidade e informação biográfica”. (YAREMENKO et al., 1986).
•	 Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são
dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para fins de adminis-
tração dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de
gestão.
•	 Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não abrangem o con-
junto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de um sistema de
informação criminal.
•	 A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de inci-
dentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime.
•	 Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de vitimização,
que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o
perfil da subnotificação.
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 2, realize as atividades propostas a seguir.
Atividade 1.
O método de pesquisa de avaliação de impacto inclui:
a)	 ( ) Sistematização das informações trazidas pelos documentos, buscando a existência de
semelhanças.
b)	 ( ) Determinação dos resultados das ações e políticas de segurança pública.
c)	 ( ) Descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma determinada situação
social.
d)	 ( ) Construção de enunciados sobre uma população.
Atividade 2.
Qual a principal vantagem da coleta de informação por dados secundários?
a)	 ( ) O pesquisador fica limitado a dados já coletados e compilados.
b)	 ( ) O pesquisador tem que selecionar a amostra de forma científica.
c)	 ( ) O pesquisador não precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas e codificações.
d)	 ( ) O pesquisador não pode representar adequadamente a questão que lhe interessa.
Atividade 3.
Em relação às perguntas contidas no questionário, assinale a afirmativa FALSA:
a)	 ( ) As perguntas devem apresentar cinco características básicas: a pergunta precisa ser com-
preendida e comunicada consistentemente; as expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas
para o respondente; os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e os res-
pondentes precisam estar dispostos a responder.
b)	 ( ) As perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade
das possíveis respostas. Esse tipo de pergunta estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre
pesquisador e respondente, e, no final, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas.
28
c)	 ( ) Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso atentar para a sua
compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou
sofisticados devem ser utilizados para facilitar a compreensão do entrevistado.
d)	 ( ) Perguntas em escala nominal utilizam símbolos ou números somente para identificar as
pessoas, objetos ou categorias.
29 ead.senasp.gov.br
Gabarito
Resposta correta atividade 1: afirmativa b).
Resposta correta atividade 2: afirmativa c).
Resposta correta atividade 3: afirmativa c).
30
Apresentação
Olá, seja bem-vindo(a) ao módulo “Análise Estatística Criminal”!
Neste módulo, você estudará os conceitos básicos relacionados ao estudo da estatística para com-
preender melhor as técnicas utilizadas na análise criminal.
Lembrando que, no módulo anterior, você aprendeu a descrever os métodos de abordagem dos fe-
nômenos sociais (e as técnicas de análise correspondentes). Também estudou sobre os aspectos que devem
ser observados na construção de um questionário. E, por fim, conheceu diversas fontes de dados e informa-
ções de segurança pública.
Preparado(a) para aprender mais sobre Análise Criminal?
Então, vamos lá!
Objetivos do módulo
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de:
•	 Definir os principais conceitos relacionados à estatística;
•	 Correlacionar as séries estatísticas aos fatores básicos que as estruturam;
•	 Descrever as formas pelas quais as informações podem ser apresentadas estatisticamente;
•	 Identificar as técnicas utilizadas na estatística descritiva; e
•	 Definir análise de regressão.
Estrutura do módulo
	 O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
•	 Aula 1 – Conceitos básicos
•	 Aula 2 – Séries estatísticas
•	 Aula 3 – Apresentação dos dados
•	 Aula 4 – Estatística descritiva
•	 Aula 5 – Análise de regressão
Aula 1 – Conceitos básicos
1.1 Estatística e análise estatística criminal
O termo estatística surgiu da expressão em latim statisticum collegium, que significa palestra sobre
os assuntos do Estado.
No século XVII, o termo Statistik foi utilizado designando a análise de dados sobre o Estado. Entre-
tanto, somente no início do século XIX o termo adquiriu o significado de coleta e classificação de dados, que
persiste até hoje.
A análise estatística criminal consiste na aplicação da análise estatística aos dados de criminalidade
MÓDULO
3
ANÁLISE ESTATÍSTICA CRIMINAL
31 ead.senasp.gov.br
e segurança pública.
1.1.1 Estatística descritiva X Estatística inferencial
A estatística descritiva é um ramo da estatística que utiliza várias técnicas para organizar, descrever
e sumarizar dados.
Já a estatística inferencial reúne o conjunto técnicas utilizadas na identificação de relações entre
variáveis que representem ou não relações de causa e efeito.
1.2 Conceitos básicos
Variáveis Amostra População Censo
São objetos que servem
para guardar informa-
ções e permitem dar
nomes a cada uma das
partes da informação
que se quer guardar. Por
exemplo, tratando-se de
vitimização dos indiví-
duos, há como variáveis
distintas: quantos crimes
o indivíduo sofreu, sua
escolaridade, seu gêne-
ro, sua idade etc.
É uma coleção de dados
relativos a uma parte
da população que a
representa. É usada, na
maioria das vezes, por
causa da impossibilidade
e dos custos de coletar
informações de todos os
elementos da população.
É um conjunto de indi-
víduos ou objetos que
apresentam pelo menos
uma característica em
comum.
É uma coleção de da-
dos relativos a todos
os elementos de uma
população.
1.3 Fluxo de execução da análise estatística
	 O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apresen-
tação e análise dos dados.
•	 Coleta de Dados: Após a definição do problema a ser estudado e o estabelecimento do projeto
de pesquisa (objetivo, a forma pela qual os dados serão coletados, cronograma das atividades,
custos envolvidos, exame das informações disponíveis e delineamento da amostra), o passo se-
guinte é a coleta de dados, que consiste na busca ou compilação das informações em variáveis,
componentes do fenômeno a ser estudado.
•	 Crítica dos dados: A revisão crítica dos dados procede com a finalidade de identificar e supri-
mir os valores estranhos ao levantamento, os quais são capazes de provocar futuros enganos.
Esses valores podem ocorrer, principalmente, por problemas de preenchimento ou digitação
dos questionários.
•	 Apresentação dos Dados: Convém que as informações sejam organizadas em conjunto de da-
dos - de forma prática e racional - para facilitar sua apresentação no formato de tabelas, gráficos
ou mapas. A execução dessa etapa ocorre de forma interligada à próxima etapa (análise dos
dados), pois com o desenvolvimento da análise é possível descobrir outras tabelas, gráficos ou
mapas que sejam necessários para melhor compreensão do fenômeno estudado.
•	 Elaboração de tabelas / Elaboração de gráficos / Elaboração de mapas: São representações
utilizadas para resumir e apresentar os dados de uma pesquisa, visando descrevê-la.
•	 Análise: Análise das informações produzidas a partir da leitura das tabelas, gráficos e mapas,
sistematizando as conclusões em um relatório.
32
A execução desse fluxo da análise estatística envolve sempre a possibilidade de retorno à primeira
etapa da pesquisa (coleta de dados). Tanto a crítica dos dados pode mostrar que a etapa de coleta não foi
bem planejada ou executada, quanto às etapas de apresentação e análise podem evidenciar que os dados
coletados são insuficientes para garantir uma boa compreensão do fenômeno estudado.
Aula 2 - Séries estatísticas
2.1 O que é uma série estatística?
Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de
classificação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável.
A construção de séries estatísticas está estruturada em três fatores básicos e esses fatores levam à
existência de três tipos distintos de séries estatísticas:
Veja a seguir mais detalhes sobre cada série.
A série temporal (cronológica, histórica, evolutiva ou marcha) é identificada pelo caráter variável
do fator cronológico.
Fonte: SENASP/MJ – Pesquisa Perfil Organizacional das Delegacias Especializadas de Atendi-
mento à Mulher – Brasil (2003/2007)
33 ead.senasp.gov.br
A série geográfica (territorial, espacial ou de localização) é identificada pelo caráter variável do
fator local.
Tabela 3 – Ordenamento das UF por taxas de homicídio (em 100 mil) – Brasil 2000-2010*
Fonte: SIM/SVS/MS *2010: dados preliminares
A série específica (ou categórica) é identificada pelo caráter variável do fator fenômeno.
34
Tabela 4 – Ocorrências registradas pelas polícias civis por número e taxas por 100 mil habi-
tantes (Brasil-2012)
Aula 3 – Apresentação dos dados
	 Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas
vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global do fenômeno
analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas, gráficos ou mapas, faci-
litando sua compreensão.
3.1 Construção de tabelas
Um dos objetivos da construção de tabelas é sistematizar os valores que uma ou mais variáveis
podem assumir, para que se tenha uma visão global da sua variação. Ou seja, a tabela é uma maneira de
apresentar resumidamente um conjunto de dados.
1.	 TÍTULO DA TABELA – Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo
às perguntas: O quê? Quando? e Onde? É localizado no topo da tabela, além de conter a palavra “TABELA” e
sua respectiva numeração.
2.	 CORPO DA TABELA - É o conjunto de linhas e colunas que contém informações sobre a va-
riável em estudo.
Nota: A substituição de uma informação da tabela pode ser feita pelos seguintes sinais: (...) infor-
mação é coletada, mas não está disponível; (–) informação não coletada e (?) quando há dúvida da validade
da informação.
3.	 RODAPÉ - Elementos complementares da tabela:
35 ead.senasp.gov.br
1.	 Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados nu-
méricos.
2.	 Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo da tabela.
3.	 Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento de uma tabela que necessita de
uma nota específica.
3.2 Construção de gráficos
A construção de gráficos atende às mesmas finalidades da construção das tabelas, ou seja: representar
os resultados de forma simples, clara e verdadeira; demonstrar a evolução do fenômeno em estudo e obser-
var a relação dos valores analisados.
Veja que a disposição dos elementos é idêntica à das tabelas. Clique sobre cada um para ter acesso
a mais informações.
•	 Título do gráfico: Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às per-
guntas: o quê? Quando? e Onde? Localizado no topo do gráfico, além de contar a palavra “GRÁ-
FICO” e sua respectiva numeração.
•	 Corpo do gráfico: É a representação gráfica da análise efetuada.
•	 Rodapé: Elementos complementares do gráfico:
o	 Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados nu-
méricos;
o	 Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo do gráfico;
o	 Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento do gráfico que necessita de uma
nota específica
Na análise criminal, se trabalha com 4 tipos de gráficos. Veja a seguir cada um deles.
Gráficos em colunas
Conjunto de retângulos dispostos verticalmente, separados por um espaço.
Gráficos de Barras
Conjunto de retângulos dispostos horizontalmente, separados por um espaço.
36
Gráfico 2 – Percentual da população que considera ter aumentado a delinquência nos últimos 12
meses (América Latina, 2011)
Gráficos em setores
Representação através de um círculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando se quer
comparar cada valor de uma série com o seu total (proporção).
37 ead.senasp.gov.br
Gráficos em linhas ou curvas
Utilizado principalmente para representar séries temporais.
Aula 4 – Estatística descritiva
4.1 Parâmetros para descrição dos dados
Como você estudou anteriormente no curso, a análise descritiva envolve técnicas para organizar,
resumir e descrever os dados de uma pesquisa.
Para facilitar a descrição dos dados, são utilizados alguns parâmetros que serão apresentados a
seguir, didaticamente divididos em cinco grupos:
1.	 Parâmetros para comparação relativa;
2.	 Distribuição de frequência;
3.	 Medidas de tendência central;
4.	 Medidas de dispersão;
5.	 Análise de correlação.
Estude a seguir sobre cada uma delas.
4.1.1 Parâmetros para comparação relativa
Proporção
	 É obtida a partir do cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total.
	 Exemplo 1: Considere 10 pessoas retidas em uma delegacia, das quais 4 são homens. A pro-
porção de homens é de 4/10 = 0,4, ou seja, temos 0,4 homens por pessoa retida na delegacia.
	 Exemplo 2: Considere que 20 ocorrências são registradas em um município, das quais 10
são homicídios dolosos. A proporção de homicídios é de 10/20 = 0,5, ou seja, 0,5 homicídios por ocorrência
38
registrada no município.
Porcentagem
	 As porcentagens são obtidas a partir do cálculo das proporções, simplesmente multiplican-
do-se o quociente obtido por 100 (a palavra porcentagem significa “por cem”). Enquanto a soma das pro-
porções é igual a 1, a soma das porcentagens é igual a 100, a menos que as partes não sejam mutuamente
exclusivas e exaustivas.
Exemplo: Considerando os exemplos de proporção, há 40% de homens entre as pessoas retidas e
50% de homicídios entre as ocorrências registradas no município
Razão
É o resultado de um número A em relação a um número B (“A dividido por B”).
Exemplo: A razão de policiais por viatura no Brasil é de (policiais)/(viaturas) = 618.613 / 76.074 =
8,13, ou seja, há 8,13 policiais por viatura.
Cabe ressaltar que a razão busca relacionar quantidades de itens diferentes, como: policiais por
viatura, PIB por habitantes, recursos financeiros gastos pela polícia militar pelo total do efetivo da polícia
militar etc.
A seguir, você aprenderá a calcular a proporção, a porcentagem e a razão, a partir da tabela 6.
Cálculos da proporção, porcentagem e razão – Tabela 6
Proporção de gastos com a subfunção policiamento
Gasto com a função policiamento/Gasto total > 18.591.783.723,58/51.547.486.525,76 = 0,36
Para cada real gasto com segurança pública, 36 centavos são referentes à subfunção policia-
mento.
Porcentagem de gastos com a subfunção policiamento
0,36 x 100 = 36%
Cerca dos 36% dos gastos com a função segurança pública no Brasil são referentes à subfun-
39 ead.senasp.gov.br
ção policiamento
Razão de gastos com a subfunção policiamento por gastos com a subfunção defesa civil.
Gastos com a subfunção policiamento/Gastos com a subfunção defesa civil > 18.591.783.723,58/1.
630.080.129,49 = 11,40
Para cada real gasto com a subfunção defesa civil são gastos R$ 11,40 com a subfunção po-
liciamento
4.1.2	 Distribuição de frequências
	 A distribuição de frequência é o conjunto de mensurações de frequências para os dados ob-
servados.
•	 Frequência absoluta: É o número de vezes que o valor de uma determinada variável é obser-
vado.
•	 Frequência absoluta acumulada: É a soma das frequências absolutas dos valores inferiores ou
iguais ao valor dado.
•	 Frequência relativa: É a razão da frequência absoluta pelo número total de observações.
•	 Frequência relativa acumulada: É a soma das frequências relativas dos valores inferiores ou
iguais ao valor dado.
•	 Distribuição de frequência: É uma forma de apresentar as frequências. São apresentadas as
variáveis seguidas de suas frequências absolutas.
Exemplo: número de homicídios ocorridos em 16 cidades distintas.
A seguir, você estudará a explicação dos conceitos relacionados à distribuição de frequência, com
base na Tabela 8.
Distribuição de frequências
Frequência absoluta: Na primeira coluna foram colocados, em ordem crescente, todos os possíveis
números de homicídios ocorridos em 16 cidades. Na segunda coluna, aparecem quantas cidades sofreram
aquele número de homicídios.
	 Observe, na tabela 8, que a frequência absoluta de 0 homicídio é um, ou seja, das 16 cidades
analisadas somente uma delas teve 0 homicídio. A frequência absoluta de 3 homicídios é dois, ou seja, duas
cidades tiveram 3 homicídios. A frequência absoluta de 4 homicídios é um, ou seja, uma cidade teve 4 homi-
cídios, e assim por diante.
Frequência absoluta acumulada: Foi construída a terceira coluna da tabela 8 somando-se à cada
linha a frequência absoluta.
	 Na primeira linha, a frequência absoluta acumulada coincide com a frequência absoluta (1).
Na segunda linha soma-se a frequência absoluta acumulada da primeira linha (1) à frequência absoluta da
segunda linha (2), obtendo-se uma frequência acumulada 3. Na terceira linha, soma-se a frequência absoluta
acumulada anterior (3) à frequência absoluta dessa categoria (1), sendo a frequência acumulada igual a 4, e
assim por diante.
Frequência relativa: A frequência relativa é dada pela divisão da frequência absoluta da categoria
pelo número total de cidades, obtendo-se o percentual das cidades que sofreram aquele número de crimes.
Para obter a frequência relativa de 0 homicídio, divide-se a frequência absoluta dessa categoria (1)
pelo total (16) – (1)/(16) = 0,0625, ou seja, 0,0625 das cidades têm 0 homicídio. Da mesma forma, encon-
tra-se que 0,125 das cidades têm 3 homicídios, 0,625 das cidades têm 4 homicídios, 0,25 das cidades têm 5
40
homicídios.
Multiplicando a frequência relativa por cem, encontra-se a porcentagem das cidades com deter-
minado número de homicídios. Por exemplo: 0,0625 x 100 = 6,25, ou seja, 6,25% das cidades não sofrem
homicídios.
Frequência relativa acumulada: É obtida de forma similar à frequência absoluta acumulada, ou
seja, somando-se à cada linha a frequência relativa das categorias dos números de homicídio.
Na primeira linha, a frequência relativa acumulada coincide com a frequência relativa. Na segunda
linha, ao se somar a frequência relativa acumulada da primeira linha (0,0625) à frequência relativa da segun-
da linha (0,125), o que resulta na frequência acumulada de 0,1875.
Veja agora os gráficos utilizados na distribuição de frequência.
Histograma
	 O histograma é um gráfico de barras justapostas, com a área das barras proporcional à frequ-
ência absoluta.
	Exemplo:
Polígono de frequência
	 É a representação gráfica de uma distribuição de frequências absolutas. São gráficos de linhas
que unem os pontos médios das bases superiores dos retângulos de um histograma.
Polígono de frequência acumulada
	 É a representação gráfica de uma distribuição de frequências absolutas acumuladas. São grá-
41 ead.senasp.gov.br
ficos de linhas que unem os pontos correspondentes ao limite superior da frequência acumulada.
4.1.3 Medidas de tendência central
As medidas de tendência central são indicadores que resumem a distribuição de um conjunto de
dados. Esses indicadores devem ser utilizados quando se pretende comparar distintos grupos de dados. Por
exemplo: comparações entre diferentes regiões ou comparações de uma mesma região em tempos distintos.
Outras situações de utilização:
•	 Média: É a soma de todos os resultados dividida pelo total dos casos.
•	 Moda: É a observação que ocorre com maior frequência em uma amostra.
•	 Mediana: É o valor da variável que ocupa a posição central nos dados, ou seja, que divide a
amostra ao meio.
Exemplo: Considerando os dados hipotéticos vistos anteriormente, na tabela 7, as medidas de
tendência central em relação à distribuição de homicídios por cidade são:
Como calcular a média, a moda e a mediana?
MÉDIA: Somam-se todos os homicídios ocorridos e divide-se por 16, que é o número de cidades.
Média = (0+3+3+4+5+5+5+5+6+8+9+10+12+12+14+18)/16 = 119/16 = 7,4375
MODA: O valor que ocorreu com maior frequência absoluta.
No exemplo citado, o valor 5 ocorreu mais vezes, 4 vezes.
42
MEDIANA: Há duas fórmulas para calcular a mediana:
Número de observação par: Mediana = (X(n/2) + X[(n/2)+1])/2
Número de observação ímpar: Mediana = X[(n+1)/2]
Para o cálculo da mediana, o primeiro passo é a ordenação crescente das observações, como mos-
trado no exemplo anterior (cálculo da média). Após a ordenação das observações, identifica-se cada uma
delas por um índice numérico. No exemplo citado “X 2” é igual a 3, ou seja, a cidade 2, nesta sequência de
cidades em ordem crescente de número de homicídios, possui 3 homicídios. No mesmo exemplo, a mediana
é calculada da seguinte forma:
Outros conceitos:
	 Para compreender melhor os cálculos das medidas apresentadas, conheça mais três:
•	 Taxa bruta - é o estimador mais simples para o risco de ocorrência de um evento, definindo-se
como a razão entre o número de eventos ocorridos na área e o número de pessoas expostas à
ocorrência desse evento. O cálculo da taxa é desenvolvido quando se precisa comparar a inci-
dência de fenômenos entre diferentes regiões, com tamanho populacional diferente, ou uma
mesma região onde a população varia com o tempo. O valor da taxa é calculado pela divisão
do número de vítimas efetivas pelo tamanho da população de risco, ou seja, pelo tamanho da
população que poderia sofrer esse crime, e o valor obtido é multiplicado por 100 mil.
•	 Quartis - São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em quatro partes
iguais.
•	 Decis - São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em dez partes iguais.
Veja no exemplo a seguir como calcular os demais conceitos estudados.
Exemplo: Veja a Tabela 9 – Ocorrências de estupro registradas pelas polícias civis segundo unidade
da federação (Brasil – 2010).
Para ver a Tabela 9, acesse o arquivo de mesmo nome que está disponível nos anexos do curso.
Para calcular a taxa por 100 mil habitantes de estupros considera-se a quantidade de registros de
estupro como o numerador, a população como denominador e multiplica-se 100.000.
Com base na Tabela 9, o cálculo da taxa de estupros em Rondônia é efetuado pela seguinte fórmula:
(número de estupros ocorridos em Rondônia) x (100.000) = 678 x (100.000) = 43,39
(população em Rondônia) 1.562.409
A importância do cálculo da taxa é verificada, por exemplo, quando se observa que, apesar da Po-
lícia Civil do Rio de Janeiro ter registrado 4.418 vítimas de estupro em 2010, a unidade da federação com
maior incidência de estupros foi Roraima, com apenas 302 ocorrências registradas.
Dada a diferença de tamanho entre a população dessas UFs, no Rio de Janeiro foram 27,63 vítimas
para cada grupo de 100.000 habitantes e, em Roraima, 67,04 vítimas para cada grupo de 100.000 habitantes.
43 ead.senasp.gov.br
Cálculos
	 Para se determinar a taxa de uma região geográfica (que reúne várias UFs) não se deve calcu-
lar a média das taxas das UFs, pois esse cálculo não leva em consideração o tamanho da população de cada
UF dentro da região geográfica. O correto é somar as vítimas de todas as UFs, a população de todas as UFs
e realizar o cálculo da taxa média da região geográfica.
	 Veja a seguir a diferença gerada a partir desses dois tipos de cálculo.
•	 Taxa da Região Sudeste: 10.719/80.364.410 x (100.000) = 13,34
•	 Média das taxas das UFs da região Sudeste: (11,71 + 21,28 + 27,63 + 7,90)/4 = 17,13
Obs. A Lei Federal 12.015/2009 altera a conceituação de “estupro”, passando a incluir, além da con-
junção carnal, os “atos libidinosos” e “atentados violentos ao pudor”.
Cálculos
Moda: A amostra da taxa de estupro não apresenta moda, dado que, considerando as casas deci-
mais, as taxas de estupro entre as 27 UFs não têm valores repetidos.
Mediana: A mediana de uma série de observações é o número que fica exatamente no meio da
série quando os dados estão ordenados e o número de observações é ímpar. Caso o número de
observações seja par, a mediana é a média aritmética de dois números do meio. Isso significa que,
para um conjunto de dados ordenados, a mediana ocupará o centro do conjunto.
Mediana: 21,28
Identificação dos quartis
	 Os quartis dividem os dados em 4 partes iguais. A identificação dos quartis pode ser exem-
plificada da seguinte forma:
Identificação dos quartis para a taxa de estupros (por 100 mil hab.) entre as Unidades da
Federação
44
Fonte: MJ/SENASP/SINESP e IBGE.
4.1.4 Medidas de dispersão
As medidas de dispersão são conjuntos de medidas que descrevem a variabilidade de um conjunto
de dados e permitem verificar como os dados estão distribuídos em torno da tendência central.
São medidas de dispersão: Amplitude, Variância, Desvio padrão.
Para que você entenda melhor os cálculos das medidas de dispersão, volte aos dados hipotéticos
da tabela 7.
•	 Amplitude: É a diferença entre o maior e o menor valor dos dados analisados. Se os dados
são categóricos, a amplitude é a diferença entre o limite superior da última categoria e o limite inferior da
primeira categoria.
Como calcular a Amplitude?
Para calcular a amplitude subtrai-se o maior número de homicídios (que é o da cidade 16 = 18) do
menor número (que é o da cidade 3 = 0).	
Amplitude = 18 – 0 = 18
•	 Variância: É a medida do grau de dispersão dos dados em torno da média. A variância mostra
45 ead.senasp.gov.br
em que medida os dados estão agrupados ou dispersos. A variância é representada por s².
Como calcular a variância?
	 Para calcular a variância na amostra, primeiramente se subtrai o número de homicídios em
cada cidade (X i) da média da amostra (X) e depois esse valor é elevado ao quadrado.
Média: s2 = [2.(3 – 7,4375)]2 + (9 – 7,4375)2 + (0 – 7,4375)2 + (4 – 7,4375)2 + [4.(5 – 7,4375)]2 + (6
– 7,4375)2 + (8 – 7,4375)2 + (10 – 7,4375)2 . [2(12 – 7,4375)]2 + (14 – 7,4375)2 + (18 – 7,4375)2 =
Média = 119/16 = 7,4375
Em seguida, são somadas as diferenças e o resultado é dividido pelo número de observação da
amostra menos 1 (n-1). Novamente, X i representa o número de homicídios (X) que ocorreram na cidade i.
•	 Desvio Padrão: É obtido calculando a raiz quadrada da variância. O desvio padrão é represen-
tado pelo símbolo “o”.
Como calcular o desvio padrão?
Após descobrir o valor da variância, calcula-se sua raiz quadrada. Esse resultado é o valor do desvio
padrão.
s = √s2 = √22,52971 = 4,74649
Nota: Todos os pacotes estatísticos, incluindo o Excel, fazem o cálculo da variância e do desvio
padrão automaticamente.
Resumindo...
Exemplo prático de uso das medidas de dispersão
Após o diagnóstico da situação de um Estado, identifica-se que duas (2) regiões se destacam pelas
altas taxas de incidência de homicídios.
	 Comparando as medidas de dispersão das taxas municipais de homicídios para essas duas
regiões, descobre-se que em uma delas os valores estão mais dispersos do que na outra região. Isso signifi-
ca que, na região onde os valores estão menos dispersos, o problema da alta incidência de homicídios está
46
distribuído de forma ampla, atingindo grande parte dos municípios da região.
Na região onde os valores estão mais dispersos, ocorre o contrário: a incidência de homicídios está
concentrada em alguns poucos municípios e outro conjunto significativo de municípios tem incidência baixa
de homicídios. Nesse caso, identificar o grau de dispersão dos dados informará se é preciso planejar a ação
tendo como foco todos os municípios da região ou apenas alguns que têm a situação mais precária.
4.1.5 Coeficiente de correlação
A análise de correlação tem como objetivo medir a intensidade ou grau de associação linear entre
duas variáveis, mas sem determinar a relação funcional entre elas, ou seja, sem determinar que uma variável
é responsável pela alteração da outra.
A análise é feita por meio da interpretação do coeficiente de correlação, permitindo identificar se
um fator está associado a outro. Veja o exemplo a seguir.
Pelo coeficiente de correlação, é possível saber se o desemprego está associado ao aumento da cri-
minalidade, mas não é possível saber se é o desemprego que causa o aumento do crime ou se é o aumento
do crime que leva ao aumento no desemprego.
O coeficiente de correlação mede a intensidade de associação linear entre duas variáveis.
B: A associação entre número de homicídios e número de armas de fogo. O cálculo do coefi-
ciente de correlação é realizado com base na variância da amostra, através da seguinte fórmula:
A interpretação desse coeficiente é simples. Considerando que r é sempre um valor entre -1 e +1,
temos:
•	 Se r = 0, não existe correlação;
•	 Quanto mais próximo de -1 ou de +1, mais forte é a correlação;
•	 Se r < 0, existe uma correlação negativa, ou seja, quando uma variável cresce a outra decresce.
47 ead.senasp.gov.br
No exemplo, quando o número de armas de fogo decresce, o número de homicídios cresce; e
•	 Se r > 0, existe uma correlação positiva, ou seja, quando uma variável cresce a outra também
cresce. No exemplo, quando o número de armas de fogo cresce, o número de homicídios cresce
também.
Importante!
A interpretação do coeficiente de correlação não permite fazer inferências (deduções). Consideran-
do o exemplo da arma de fogo e do homicídio, suponha que o coeficiente de correlação seja 0,6, portanto
positivo. Pode-se afirmar que as duas variáveis se correlacionam positivamente, mas não é possível prever o
número de homicídios com base no número de armas de fogo. Para se constatar a relação funcional entre as
duas variáveis e fazer a inferência, é necessário a análise de regressão, apresentada na aula seguinte.
Nota: Os pacotes estatísticos também calculam o coeficiente de correlação automaticamente.
Aula 5 – Análise de regressão
5.1	Origem
O termo regressão foi introduzido pela primeira vez em 1886, por Francis Galton, no estudo da re-
lação entre as alturas de pais e filhos.
A análise de regressão procura determinar a relação funcional entre duas ou mais variáveis. Hoje,
os modelos de regressão são amplamente utilizados em várias áreas do conhecimento, inclusive na análise
criminal.
5.2 Objetivos da regressão
O principal objetivo da análise de regressão é modelar o relacionamento entre uma variável (cha-
mada de dependente) e outras variáveis (chamadas de explicativas). Em outras palavras, procura deter-
minar em que medida as variáveis explicativas se relacionam com a variável dependente. Para isso,
estima-se o valor médio da variável dependente, a partir dos valores das variáveis explicativas.
Exemplo:
No exemplo do coeficiente de correlação (associação entre número de homicídios e número
de armas de fogo), não há interesse em saber somente a correlação entre a arma de fogo e o homicídio. O
objetivo final é saber em que medida um aumento ou diminuição no número de armas de fogo implica no
aumento ou na diminuição de homicídios.
Para isso, estima-se uma regressão linear considerando como variável dependente o nú-
mero de homicídios e como variável explicativa o número de armas de fogo. Essa estimativa
fornece uma equação, por meio da qual é possível inferir o número médio de homicídios de acordo
com o número de arma de fogo. Entretanto, como a regressão estima uma relação estatística, ela
está sujeita a erros.
Toda a análise de regressão se baseia na correção desses possíveis erros por meio de diver-
sos métodos que variam de acordo com o tipo e distribuição dos dados.
Para realizar a análise de regressão, são necessários conhecimentos avançado em estatística e em
álgebra, o que se distancia do escopo deste curso. O conhecimento necessário para realizar a análise de re-
gressão é conteúdo suficiente para a realização de um curso específico sobre o tema.
48
SAIBA MAIS...
Aos que desejam se aprofundar no assunto, dois manuais bastante conhecidos na área são
indicados:
•	 Wooldridge, J.M. Introdução à Econometria: uma abordagem moderna, São Paulo: Pio-
neira Thomson Learning, 2006).
•	 Gujarati, D. Econometria Básica. São Paulo, Makron, 3a edição, 2000).
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:
•	 A análise estatística criminal consiste na aplicação da análise estatística aos dados de cri-
minalidade e segurança pública;
•	 O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apre-
sentação e análise dos dados;
•	 Uma série estatística é constituída por uma coleção de dados estatísticos referidos a uma
mesma ordem de classificação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável.
Existem três tipos distintos de séries estatísticas: série temporal; série geográfica; e série espe-
cífica;
•	 Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas
vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global do
fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas, gráficos
ou mapas, facilitando sua compreensão;
•	 Para facilitar a descrição dos dados são utilizados alguns parâmetros: parâmetros para com-
paração relativa; distribuição de frequência; medidas de tendência central; medidas de dis-
persão; e análise de correlação;
•	 A análise de regressão tem por objetivo determinar em que medida as variáveis explica-
tivas se relacionam com a variável dependente. Para isso, estima-se o valor médio da variável
dependente, a partir dos valores das variáveis explicativas.
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 2, realize as atividades propostas a seguir.
Atividade 1.
	 Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mes-
ma ordem de classificação. Quando o fator básico que estrutura a construção de séries esta-
tísticas é o fator descrito, podemos dizer que esta série é:
a.	 ( )	 Uma série temporal
b.	 ( )	 Uma série geográfica
c.	 ( )	 Uma série específica
d.	 ( )	 Uma série bipartida.
Atividade 2.
	 Uma vez que os dados foram coletados, muitas vezes o conjunto de valores é extenso
e desorganizado e seu exame requer atenção, pois há risco de se perder a visão global do
fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em:
a.	 ( )	 Tabelas, organogramas e mapas.
49 ead.senasp.gov.br
b.	 ( )	 Tabelas, cronogramas e mapas.
c.	 ( )	 Tabelas, fluxogramas e mapas.
d.	 ( )	 Tabelas, gráficos e mapas.
Atividade 3.
	 A análise descritiva se constitui de técnicas utilizadas para organizar, resumir e descre-
ver os dados de uma pesquisa. O parâmetro para a comparação relativa, obtido a partir do
cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total, é denominado:
a.	 ( )	 Porcentagem
b.	 ( )	 Razão
c.	 ( )	 Proporção
d.	 ( )	 Relação
Atividade 4.
“A distribuição de frequência é o conjunto de mensurações de frequências para os dados
observados. A _____________ é o número de vezes que o valor de uma determinada variável é
observado”. Marque a alternativa correta que completa a frase acima na área tracejada:
a.	 ( )	 Frequência absoluta acumulada.
b.	 ( )	 Frequência relativa acumulada.
c.	 ( )	 Frequência relativa.
d.	 ( )	 Frequência absoluta.
Análise Criminal - SENASP - Versão Atualizada 2016
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Análise Criminal - SENASP - Versão Atualizada 2016

  • 2. 2 Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso de “Análise Criminal”. A seguir, veja a apresentação do tema proposto, os objetivos esperados, a importância da análise criminal e como ela é fundamental para que se obtenham resultados efetivos no âmbito da segurança pú- blica. Bons estudos! Segundo alguns autores há três tipos de mentiras sobre a estatística: as mentiras, as mentiras sérias e as estatísticas. Veja algumas delas: “Os números não mentem, mas os mentirosos forjam os números.” “Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.” O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbado utiliza um poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar”. Quais são as razões para que esta visão persista? Por que fazer análise criminal? Estas são algumas das perguntas que servirão de base para os seus estudos sobre o tema em ques- tão. As principais razões para a produção de impressões distorcidas da realidade a partir das estatísticas são: • O uso de pequenas amostras • Distorções deliberadas • Perguntas tendenciosas • A elaboração de gráficos enganosos • Pressões políticas Este curso tem como propósito a construção de um alicerce que amplie a formação de analistas criminais no Brasil. Dessa forma, a perspectiva é contribuir para que novos conteúdos relacionados às mo- dernas técnicas de análise sejam agregados em futuro próximo. Aqui você estudará os conceitos básicos da análise estatística que fundamentam o processo de análise criminal. Objetivos do Curso Ao finalizar o curso, você será capaz de: • Reconhecer a importância da análise criminal; • Descrever os principais conceitos e aplicações da estatística criminal; • Identificar as técnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informações; • Aplicar os conceitos básicos relacionados à estatística para compreender melhor as técnicas utilizadas na análise criminal; Identificar os diferentes tipos de mapas, relacionando-os às suas informações; Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a ope- racionalização da análise criminal. APRESENTAÇÃO
  • 3. 3 ead.senasp.gov.br • Identificar os diferentes tipos de mapas relacionando às informações que reúnem; • Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a operacionalização da análise criminal. Estrutura do Curso O curso está dividido nos seguintes módulos: • Módulo 1 – Por que fazer análise criminal? • Módulo 2 – Coleta de informações • Módulo 3 – Análise Estatística Criminal • Módulo 4 – Sistemas de Informação Geográfica • Módulo 5 – Operacionalização da análise criminal Bom curso!
  • 4. 4 Apresentação Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo deste curso! Neste módulo, você estudará a importância da análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento e a sua contribuição para a gestão das ações de segurança pública. Objetivos do módulo Ao final do módulo, você deverá ser capaz de: • Definir análise criminal e identificar as contribuições para a gestão da segurança pública; • Compreender os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do foco nas ações de análise criminal; e • Classificar a produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as vertentes utilizadas. Estrutura do módulo O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: • Aula 1 – A análise criminal e seu campo de aplicação • Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento • Aula 3 – Análise criminal X alocação de recursos • Aula 4 – Focalização das ações da análise criminal • Aula 5 – Vertentes básicas E então, você está preparado para iniciar a primeira aula? Nesta aula, você aprenderá mais sobre a análise criminal e o seu campo de aplicação. Vamos lá! Aula 1: A análise criminal e seu campo de aplicação 1.1 Dimensões do campo de aplicação O campo de aplicação da análise criminal pode ser descrito a partir de duas dimensões principais: • Orientar os gestores quanto ao planejamento, execução e redirecionamento das ações do siste- ma de segurança pública, contribuindo para a melhoria na distribuição dos recursos materiais e humanos; e • Dar conhecimento à população e a outros órgãos governamentais e não-governamentais quanto à situação da segurança pública, auxiliando suas participações efetivas na gestão e execução das ações. MÓDULO 1 POR QUÊ FAZER ANÁLISE CRIMINAL?
  • 5. 5 ead.senasp.gov.br 1.2 Definição • A definição de análise criminal abrange muito mais que um simples traçado de gráficos, tabelas e mapas. Constitui-se no uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles tirar CONCLU- SÕES. • A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos, por meio dos quais tratam as informações para tentar conhecer as causas que determinam o fenô- meno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais influências cabem a cada uma dessas causas. Você concluiu a primeira aula! Vamos prosseguir? Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de repensar a forma como a segurança pública é feita. Os profissionais dessa área devem se questionar sobre os resultados es- perados de sua atividade profissional, assim como sobre a forma de agir para cumprirem essa expectativa: como fazer mais com menos recursos? Para responder a questão levantada no slide anterior – como fazer mais com menos recursos? – é preciso passar da reação para a ação. Ao invés de apenas reagir diante de uma cadeia de incidentes, a principal estratégia para quebrar esse ciclo é a execução de ações preventivas para a criação de ambientes seguros. Importante! Essa é a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de pensar policiamento. A atitude mais comum é o pronto atendimento à vítima, mas dessa forma, o alcance de resultados depende somente do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas. 2.1 Nova perspectiva A nova perspectiva de policiamento requer que: • A polícia examine de modo detalhado cada um dos problemas a serem abordados, identifica do suas causas; • Leve em consideração um conjunto bastante amplo de opções para intervir sobre essas causas; e • Escolha a opção a ser utilizada com base em uma relação de custo e benefício, pautada no al- cance de resultados. Observa-se uma mudança na lógica de gestão, pois o objetivo prioritário deixa de ser apenas a solução dos crimes que já ocorreram e passa a ser a manutenção de um ambiente social onde não ocorra nenhum crime, as pessoas possam andar nas ruas tranquilamente e a sensação de segurança seja com- partilhada por todos e todas, independentemente de suas características culturais, econômicas e naturais. 2.2 O trabalho do analista criminal Atualmente, o trabalho do analista criminal está limitado à tabulação dos registros sobre os crimes. Em poucas situações, observa-se a análise dos padrões de vitimização, tendo como foco principal a identificação do perfil de quem deve ser preso e, em situações escassas, essa análise busca identificar fatores urbanos e populacionais associados aos padrões de incidência criminal.
  • 6. 6 Essa situação fica ainda mais precária quando se questiona o uso das conclusões dessas análises na gestão das ações e políticas de segurança pública. Os processos de tomada de decisão baseados na rotina e na autoridade, marcados pela indiferença quanto aos resultados a serem alcançados em perspectiva sistê- mica, ainda prevalecem. Uma das explicações para essa situação é a grande falta de analistas criminais bem treinados e compromissados com sua atividade. Importante! O bom analista criminal não espera uma demanda de informação para iniciar seu trabalho. Esponta- neamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar problemas que devem ser resolvidos, avalia as principais causas do problema para identificar as respostas com o maior potencial de efetividade e traça um projeto de execução que sempre parte da diretriz que é preciso aprender com os resultados alcan- çados, quer sejam positivos ou negativos. Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal é a existência, entre esses profissionais, de uma concepção modesta sobre a importância do seu trabalho, visto sempre como um tra- balho de bastidores. É preciso repensar essa concepção. O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos de segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim como sobre a forma de resolver o problema. Mais que uma fonte de informações, o analista criminal deve assumir o papel de conselheiro. Mais que um técnico especialista em análise de dados, o analista criminal deve agir como um pesquisador que visa trazer as melhores contribuições possíveis da ciência para o aperfeiçoamento do trabalho policial. No quadro funcional dos órgãos de segurança pública, o analista criminal é a pessoa com maior conhecimento sobre o processo de produção e coleta de informações, a análise de dados e sobre a avaliação de resultados. Além disso, é a pessoa com maior capacidade de encontrar fontes alternativas de dados e relatórios que podem ser utilizados para dar sustentação e aperfeiçoar as análises a serem empre- endidas e as conclusões a serem alcançadas. A importância do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a efetivida- de das estratégias de ação policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003. Veja na figura 1 um quadro de avaliação de resultados de diferentes estratégias de policia- mento. As estratégias selecionadas pela pesquisa foram distribuídas considerando dois eixos principais: a focalização do objeto alvo da ação (eixo horizontal) e a ampliação do conjunto de estratégias de po- liciamento utilizadas (eixo vertical).
  • 7. 7 ead.senasp.gov.br A partir da Figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforço da lei foi trocada por uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximação da polícia com a comunidade, além da reali- zação de ações sociais. Observe que, no contexto da estratégia tradicional, a focalização é baixa e a estratégia envolve apenas o reforço da lei (perspectiva jurídica). A pesquisa conclui que não existem evidências empíricas de um resultado efetivo das ações em relação à redução da incidência criminal. Por outro lado, no policiamento orientado para o problema (Clarke & Eck, 2007), marcado pela focalização da ação e pelo uso de um conjunto diversificado de estratégias orien- tadas para a solução dos problemas abordados, a pesquisa identificou fortes evidências empíricas de um resultado efetivo em relação à redução da incidência criminal. O policiamento orientado para o problema tem como principal estratégia de intervenção a pro- moção de mudanças nas condições que fazem do crime um problema repetitivo. Ele apresenta um grande avanço em relação à estratégia tradicional de policiamento, pois objetiva um resultado mais efetivo do que o alcançado pelas respostas reativas aos incidentes e pelas patrulhas policiais preventivas. Nesta aula, você viu vários aspectos sobre o trabalho do analista criminal frente à nova perspectiva de policiamento! Vamos prosseguir para a próxima aula? Aula 3 – Análise criminal X Alocação de recursos O aumento de recursos financeiros investidos é suficiente para o alcance de resultados? No âmbito nacional, uma constatação científica de Cerqueira e Lobão (2003) expôs que que a efe- tiva solução dos problemas de segurança pública nunca resultará apenas do aumento dos recursos gastos pelos órgãos de segurança pública. Baseados em informações sobre os fatores associados à incidência de homicídios em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre 1980 e 2003, eles concluíram que o aumento das despesas com segurança pública não está relacionado estatisticamente à redução da incidência de homicídios. Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios.
  • 8. 8 Cabe ressaltar, no entanto, que os autores consideraram os gastos em segurança pública sem sepa- rá-los e sem analisar as possibilidades de distribuição e aplicação desses recursos efetivos na própria área. Para alcançar resultados reais, não basta aumentar o volume de recursos financeiros investidos. É preciso analisar as alternativas de intervenção e investir os recursos conforme as relações entre custo e benefício de cada alternativa. Essa questão aponta para a importância do analista criminal, que fornece o subsídio tanto para a tomada de decisão quanto para o investimento. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar com estratégias de intervenção que ultrapassem o âmbito das ações tradicionais de polícia, pois a melhor perspectiva de resultado foi observada quando reunidas todas as estratégias de ação de forma conjunta: • Ações policiais; • Redução da desigualdade social; e • Aumento da renda per capita. SAIBA MAIS... Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: “A análise criminal contribuindo para mudan- ças na política nacional.”, que está nos anexos do curso. Nota: Há na REDE EAD um curso de Policiamento Orientado para o Problema. Matricule-se para o próximo ciclo, caso ainda não tenha cursado. Nesta aula, você estudou sobre a Análise criminal e a Alocação de recursos. Vamos prosseguir? Aula 4 – Focalização das ações e o trabalho da análise criminal 4.1 A dinâmica de trabalho do analista criminal Em relação à dinâmica de trabalho do analista criminal, pode-se, didaticamente, dividi-la em quatro etapas: • Sistematização e análise dos dados de segurança pública, buscando identificar padrões de in- cidentes; • Submissão desses padrões a uma profunda análise buscando identificar suas causas; • Identificação de formas de intervenção nas relações causais encontradas para cessar a ocorrên- cia dos incidentes; e • Avaliação do impacto das intervenções e, caso haja ausência de impacto, reinício do processo. No contexto do policiamento orientado a problemas, as formas de intervenção devem ser concebi- das de maneira ampla, não se restringindo apenas às ações tradicionais de polícia. Por outro lado, o fluxo de trabalho de análise envolve a contínua coleta e sistematização de novos dados que podem resultar em mudanças radicais nas ações que já vêm sendo executadas. 4.2 A focalização das ações Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas expostas anteriormente pre- cisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questão da focalização das ações: • A valorização de uma perspectiva local de ação; e • A focalização de tipos criminais específicos para intervenção.
  • 9. 9 ead.senasp.gov.br 4.2.1 A valorização de uma perspectiva local de ação Ao focalizar uma perspectiva mais local, o analista criminal faz com que sua instituição seja mais bem informada, eficiente e capaz de usar seus recursos para reduzir o crime. A perspectiva local atribui ao analista criminal maior capacidade para investigar e identificar as causas do problema abordado. Essa orientação do trabalho numa perspectiva local propõe que o analista: Converse com os policiais sobre como eles concebem seu trabalho; participe diretamente de ativi- dades desenvolvidas pelos órgãos de segurança pública; troque informações com profissionais das empresas de segurança privada; crie uma rede com analistas criminais das regiões vizinhas; colete informações direta- mente com agressores e vítimas; e busque contribuir para aprimorar os processos de coleta de informação. 4.2.2 A focalização de tipos criminais específicos para intervenção A focalização nos tipos criminais permite ao analista especificar as causas particulares, os atores e as dinâmicas de cada tipo de crime, permitindo uma análise mais apurada do fenômeno criminal. Caso essa focalização não seja realizada e uma categoria criminal ampla (roubo, por exemplo) seja considerada como problema, torna-se difícil identificar as causas do problema. Cada tipo de roubo – em estabelecimento comercial, residência, transporte coletivo, de carga, dentre outros – possui suas causas específicas, resulta de diferentes motivações e envolve atores distintos em termos de conhecimento, habili- dade e organização. Importante! Cada tipo criminal específico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenções sejam focalizadas em cada um deles separadamente. Parabéns, você está quase no fim deste módulo! Vamos prosseguir para a última aula? Aula 5 – Vertentes básicas 5.1 Vertentes da produção de conhecimento para segurança pú- blica Magalhães (2007) destaca três grandes vertentes básicas do trabalho de produção de conhecimento voltado para a gestão em segurança pública: • Análise criminal estratégica; • Análise criminal tática; e • Análise criminal administrativa. Veja a seguir cada uma delas. 5.1.1 Análise criminal estratégica (ACE) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas in-
  • 10. 10 fluências a longo prazo. Dentre seus principais focos estão: • Formulação de políticas públicas; • Produção de conhecimento para redução da criminalidade; • Planejamento e desenvolvimento de soluções; • Interação com outras secretarias na construção de ações de segurança pública; • Direcionamento de investimentos; • Formulação do plano orçamentário; • Controle e acompanhamento de ações e projetos; e • Formulação de indicadores de desempenho. Seu principal objetivo é: Trabalhar na identificação das tendências da criminalidade. Exemplificando... Se o analista identifica que o fenômeno criminal apresenta uma tendência ascendente, essa infor- mação será utilizada para formular e determinar prioridades das ações dos operadores do sistema de segu- rança pública. 5.1.2 Análise criminal tática (ACT) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas in- fluências a médio prazo. Essa vertente estuda o fenômeno criminal visando fornecer subsídios para os ope- radores de segurança pública que atuam diretamente “nas ruas”. Nesse sentido, o conhecimento é utilizado pelas polícias ostensivas e investigativas. Dentre seus principais focos estão: No caso da Análise Criminal Tática, a produção de conhecimento serve para: • Orientar as atividades de policiamento ostensivo nas atividades preventivas e repressivas. Exem- plo: Identificação de pontos quentes, correlacionando dia e horários críticos; e • Subsidiar a polícia investigativa nas soluções das ocorrências criminais, principalmente na busca da autoria e materialidade dos delitos. Seu principal objetivo é: Trabalhar na identificação de padrões das atividades criminais. 5.1.3 Análise criminal administrativa (ACA) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o público alvo. A atividade nessa vertente se assemelha à de um editor-chefe, pois tem o objetivo de selecionar os assuntos divulgados para cada cliente. Dentre seus principais focos estão: • Fornecimento de informações sumarizadas para seus diversos públicos – cidadãos, gestores pú- blicos, instituições públicas, organismos internacionais, organizações não-governamentais, etc.; • Elaboração de estatísticas descritivas; • Elaboração de informações gerais sobre tendências criminais; • Comparações com períodos similares passados; e • Comparações com outras cidades similares. Seu principal objetivo é: Trabalhar as estatísticas criminais de forma descritiva. Finalizando... Parabéns! Você finalizou este módulo!
  • 11. 11 ead.senasp.gov.br Aqui, você aprendeu que: • A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos. Por meio deles, as informações são tratadas para que se possa conhecer as causas que determinam o fenômeno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais as melhores ações para cada uma dessas causas; • O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de pensar melhor a forma de como se faz segurança pública; • O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos de segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim como sobre a forma de resolver o problema. • Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios; • Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas da dinâmica de trabalho do analista precisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questão da focalização das ações: a valorização de uma perspectiva local de ação e a focalização de tipos criminais específicos para intervenção. Agora, para fixar o conteúdo é importante que você realize os exercícios propostos a seguir. No próximo módulo você aprenderá sobre: • A descrição dos métodos de abordagem; • A enumeração dos aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e • A identificação das fontes de dados e informações de segurança pública. Bons estudos! Exercícios Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 1, realize as atividades propostas a seguir. 1. Podemos definir segurança pública como: a) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair conclusões. b) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para traçar gráficos, tabelas e mapas. c) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para executar ações e políticas de segurança pública. d) É constituída de ferramentas para levantar informações. 2. A análise criminal se enquadra na perspectiva da segurança pública: a) Reativa b) Preventiva c) Passiva d) Proativa 3. A produção do conhecimento de gestão em segurança pública pode ser classificada segundo três
  • 12. 12 vertentes. Considerando estas vertentes, associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª: (1) Análise criminal estratégica (ACE) (2) Análise criminal tática (ACT) (3) Análise criminal administrativa (ACA) ( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o estudo dos fenômenos e suas influências no médio prazo. ( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público alvo. ( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas influências no longo prazo.
  • 13. 13 ead.senasp.gov.br Gabarito Resposta correta atividade 1: a alternativa “a”. Resposta correta atividade 2: alternativa: “b”. Resposta correta atividade 3: sequência: 2; 3; 1).
  • 14. 14 Apresentação Olá! Seja bem-vindo ao módulo “Coleta de Informações”. Antes de iniciar o conteúdo desse módulo, que tal relembrar o que você estudou no anterior? • Você viu a definição de análise criminal e identificou suas contribuições para a gestão da segu- rança pública; • Compreendeu os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do foco nas ações de análise criminal; e • Viu a classificação da produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as ver- tentes utilizadas. Neste módulo, você estudará alguns dos métodos de abordagem dos fenômenos sociais que po- dem ser utilizados para a elaboração de diagnósticos sobre a situação da segurança pública e monitoramen- to de resultados das ações e políticas. Cabe destacar que um método não exclui o outro. Muitas vezes é preciso combiná-los, pois cada um possui vantagens e limitações; a combinação possibilita que se complementem. Objetivos do módulo Ao final do módulo, você deverá ser capaz de: • Descrever os métodos de abordagem; • Enumerar os aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e • Identificar as fontes de dados e informações de segurança pública. Estrutura do módulo O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: • Aula 1 – Métodos de abordagem • Aula 2 – Construção de um questionário • Aula 3 – Fontes de dados e informações de segurança pública Aula 1 – Métodos de abordagem 1.1 Abordagem e técnicas de análise A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens. Para cada uma das abordagens há técnicas de análise específicas, veja a seguir: MÓDULO 2 COLETA DE INFORMAÇÕES
  • 15. 15 ead.senasp.gov.br 1. Observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real. • Análise de conteúdo • Estudo de caso • Análise de dados secundários 2. Criação de situações artificiais e observação do comportamento antes das tarefas definidas para as situações. • Avaliação de impacto (laboratório) 3. Realização de perguntas às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram). • Survey • Estudo de caso 1.2 Vantagens e limitações das técnicas de análise • Análise de conteúdo • Estudo de caso • Análise de dados secundários • Avaliação de impacto • Survey Análise de conteúdo Alguns tópicos de pesquisa são suscetíveis ao exame sistemático de documentos, como romances, poemas, publicações governamentais, músicas, boletins de ocorrências etc. As informações trazidas pelos documentos são sistematizadas, buscando a existência de semelhanças. As principais desvantagens desta técnica são: • O tipo de documento selecionado para o exame pode não ser a medida mais apropriada da questão ou fenômeno a ser estudado. • A análise dos documentos sempre envolve um espaço de arbitrariedade. Estudo de caso O estudo de caso envolve a descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma determinada situação social. Num estudo de caso, você busca coletar e examinar o máximo de informações possíveis sobre o tema. Se o estudo é sobre a comunidade, você aborda a sua história, seus aspectos religiosos, políticos, eco- nômicos, geográficos, sua composição racial etc. Em resumo, você procura a descrição mais abrangente e tenta determinar as inter-relações lógicas dos seus vários componentes. Enquanto a maioria das pesquisas busca diretamente o conhecimento generalizado, o estudo de caso busca o conhecimento abrangente de um só caso. Dessa forma, o conhecimento produzido não é ne- cessariamente generalizável. Se o estudo de caso é realizado pelo pesquisador que é participante no evento ou grupo social estudado, este é denominado de Estudo de Caso com Observação Participante. Na prática, como observador participante, o pesquisador pode ou não se revelar como tal. Essa de- cisão tem importantes implicações metodológicas e éticas. O pesquisador que admitir que esteja realizando um estudo pode afetar diretamente o fenômeno que pretende estudar. Por outro lado, a não identificação do pesquisador pode ter implicações éticas relativas ao engano. Como estudo de caso, a observação participante busca colher informações muito detalhadas.
  • 16. 16 A grande desvantagem desse método é que o pesquisador dificilmente consegue manter pro- cedimentos sistemáticos de pesquisa. Análise de dados secundários A realização de pesquisas científicas não envolve, necessariamente, a coleta e análise de dados ori- ginais (pesquisa de campo). Alguns tópicos de pesquisa podem ser estudados analisando dados já coletados e compilados. A análise dos dados secundários tem a grande vantagem da economia. O pesquisador não precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codificações, recrutamento de sujeitos experimentais etc. A principal desvantagem do método é que o pesquisador fica limitado a dados já coletados e compilados por outros, que podem não representar adequadamente a questão que lhe interessa. Avaliação de impacto A avaliação de impacto procura determinar os resultados das ações e políticas. Para mensurar esses resultados, não basta olhar o objeto de análise e ver o que aconteceu com ele depois da aplicação da política. Para garantir que as mudanças observadas são resultantes da política empreendida, é preciso com- parar o grupo em que ela foi implementada – chamado de tratado – com um grupo similar que não a expe- rimentou – chamado de controle. TRATADO: Grupo em que foi implementada a política. CONTROLE: Grupo similar em que não foi implementada a política. Quando se está trabalhando com experimento aleatório, também chamado de experimento puro, é bastante simples medir o impacto. Os experimentos aleatórios são aqueles em que os “tratados” e “controles” são escolhidos de forma aleatória na população. Esse tipo de estudo é muito usado na medicina para testes de remédios. Das pessoas inscritas para o teste, são selecionados dois grupos de forma aleatória, por sorteio. Para um grupo é distribuído o placebo (grupo controle) e para o outro grupo é dado o remédio (grupo tratado). Depois do tratamento, compara-se a condição de saúde dos dois grupos. Se o grupo tratado apresenta melhor condição de saúde de que o grupo controle, o remédio tem resultado positivo. Caso contrário, o remédio não tem resultado. Entretanto, na prática, é quase impossível implementar experimentos aleatórios no caso de políticas públicas, pois existe um problema ético e moral. PARA REFLETIR... Sendo o objetivo fazer uma política de prevenção à criminalidade em áreas de alta periculosidade da cidade, como escolher uma área que não vai receber essa política? Isto é justo com a população desse local? Normalmente, as ações e políticas têm desenhos não aleatórios e as avaliações devem buscar de- senhos não experimentais, denominados por avaliações de estudos observacionais ou quase-experimentais. A implicação do desenho não experimental para a avaliação do impacto é que o “controle” não pode ser comparado diretamente com o “tratado”, pois os atributos de ambos não são, necessariamente,
  • 17. 17 ead.senasp.gov.br equivalentes. Para fazer essa comparação é necessário que se apliquem técnicas estatísticas que tornam o “con- trole” equivalente ao tratado. Existem várias técnicas para isso, as mais usadas são “pareamento com escore de propensão” e “diferenças em diferenças”. Neste curso não serão tratadas essas técnicas, pois exigem um conhecimento avançado em estatística. Para mais detalhes, veja Ravallion (2001; 2005) e Heckman et al. (1998). Survey Um survey é realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma população, isto é, des- cobrir a distribuição de certos traços e atributos, avaliar o impacto de alguma política ou ação etc. Para que seja viável, em termos técnicos e econômicos, a pesquisa é realizada em uma amostra cientificamente selecionada da população, de forma a representá-la. Essa seleção científica da amostra permite a extrapolação dos resultados encontrados para a população, ou seja, se a amostra é composta por 50% de homens, pode-se extrapolar o resultado dizendo que nossa população é composta de 50% de ho- mens. A coleta de informações envolve sempre a aplicação de um questionário, que deve priorizar a cons- trução de questões com respostas fechadas, retirando ao máximo a possibilidade de respostas abertas em formato de texto. Assim, esses instrumentos de coleta de informação favorecem o uso de técnicas quanti- tativas para análise dos dados. 1.3 Métodos e técnicas X Aplicações Os vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a ser coletada. Eles também podem ser utilizados de forma complementar quando necessário. Veja abaixo alguns exemplos: • Quando se precisa de informações representativas da situação de grandes grupos sociais com menor gasto de recursos e maior rapidez, são utilizados surveys e informações secundárias, sistematizadas continuamente por órgãos de estatística oficial. Essas informações se agregam no conjunto denominado de informações quantitativas e se caracterizam por buscar mensurar a questão estudada em números ou categorias. A grande limitação dos dados quantitativos na realização de pesquisas é que eles reduzem a realidade a algumas categorias, deixando de lado muita informação que seria útil para uma melhor compre- ensão do fenômeno estudado. • Pesquisas com informações mais detalhadas: Quando se verifica a necessidade de trabalhar com informações mais detalhadas, partimos para outro conjunto de informações denominado por informações qualitativas. As pesquisas envolvendo a coleta dessas informações – análise de conteúdo e estudo de caso – são normalmente mais difíceis e mais caras de serem realizadas. Ao mesmo tempo em que se conhece a realidade de modo mais detalhado, perde-se capacidade de generalização dos conhecimentos produzidos. • Pesquisas na área de segurança pública: Como exemplo de pesquisas na área de segurança pública, é possível citar:
  • 18. 18 Pesquisas na área de segurança pública Técnicas de análise Pesquisa que analisam informações trazidas de bases de ocorrências regis- tradas pelas polícias. Análises de dados secundários. Pesquisas de vitimização. Survey Pesquisas que buscam avaliar de forma mais detalhada a criminalidade, envolvendo entre- vistas com moradores. Estudo de caso. Pesquisa mais detalhada realizada por alguém que convive com a comunidade. Estudo de caso ou, especificamente, pesquisa etnográfica. Aula 2 – Construção de um questionário Olá! Na aula anterior você conheceu os três métodos de abordagem dos fenômenos sociais e também estudou sobre as várias técnicas de análise de tais fenômenos. Dando sequência ao conteúdo desse módulo, agora, você aprenderá a construir um questionário. Preparado(a)? Vamos lá! O que é um questionário? Um questionário pode ser definido como um: “conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personali- dade e informação biográfica”. (YAREMENKO et al., 1986). O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionário e a maneira da sua aplicação por meio dos conceitos e da população alvo. 2.1 Definição e a relação com a pesquisa É possível verificar as seguintes interdependências entre a elaboração de um instrumento e a estratégia de sua aplicação: • O grau de complexidade dos conceitos determina o número de perguntas e sua forma de apre- sentação. • Há uma relação recíproca entre características da população alvo e complexidade dos conceitos a serem investigados, pois ambos determinam a maneira de transformação dos conceitos em perguntas e sua administração. • O tamanho da amostra determina o formato do questionário em relação ao tipo de entrevistas e ao tamanho do seu conteúdo. • O tamanho da amostra é determinado pelos recursos disponíveis (tempo, dinheiro e recursos humanos). 2.2. Elaboração de um questionário Na elaboração de um questionário, o analista criminal deve estar atento também aos seguintes
  • 19. 19 ead.senasp.gov.br fatores: 1. Contexto social da sua aplicação; 2. Perguntas; 3. Estrutura lógica na organização dessas perguntas; e 4. Diferentes formas de coleta de informação. No que diz respeito à administração do questionário, sendo ele observado como um instrumento de coleta de informações é importante apontar que esse processo envolve sempre uma interação entre pes- quisador e respondente. A interação pode ocorrer no âmbito de uma entrevista presencial, na qual os dois atores são colocados frente a frente numa relação de entrevistador e entrevistado, ou no âmbito da resposta a um questionário encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, no qual ocorre uma interação entre os dois atores pela apresentação do questionário (na maneira como as questões foram escritas, no agradecimento pela disponibilidade de responder ao questionário, dentre outros fatores). Ou seja, mesmo no preenchi- mento de um questionário, ocorre uma entrevista, mas nesse caso, a relação entre entrevistado e entrevis- tador é mediada pelo questionário. 2.3 Contexto social da aplicação do questionário A disposição do respondente em revelar algo sobre si mesmo, permitindo o pesquisador obter as informações desejadas, varia conforme a situação. O pesquisador não tem poder sobre o respondente e precisa convencê-lo de que vale a pena participar da pesquisa. Alguns aspectos do contexto social e cultural na interação entre entrevistado e entrevistador devem ser observados, como por exemplo: • Criação e manutenção de um ambiente de cortesia durante a entrevista. • Seriedade no processo de interação, favorecendo a obtenção de respostas autênticas. • Boa impressão sobre a imagem do pesquisador e da organização representada por ele. • Ênfase na relevância do assunto da pesquisa para o entrevistado. • Promoção de uma aproximação do entrevistado e do entrevistador em termos culturais. • Realização da pesquisa em um ambiente físico adequado para o alcance dos melhores resulta- dos na realização da pesquisa. 2.4 Estrutura lógica do questionário Segundo Dillman (1978), três coisas devem ser feitas para maximizar as respostas de um questio- nário: • Minimizar o custo para o respondente. • Maximizar as recompensas para o respondente. • Estabelecer a confiança de que a recompensa será concedida. Lembre-se das seguintes recomendações para o estabelecimento da estrutura lógica do questioná- rio: Muitas pessoas participam de pesquisas por se sentirem importantes em ter sua opinião valori- zada ou pela oportunidade de falar e serem ouvidos. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma importante de recompensar os respondentes. • Estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar sua cooperação. Para esta-
  • 20. 20 belecer confiança, o entrevistador deve se apresentar e indicar com e para quem trabalha. A seguir, precisa capturar o interesse do respondente pelo tema e para isso, sugere-se ressaltar o quanto opiniões e expe- riências do respondente são importantes. São os primeiros momentos da entrevista que importam para a disposição do respondente em cooperar. Nesse momento, o questionário e sua importância devem ser apresentados da forma mais completa. • Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a necessidade de continuar a manter seu interesse durante a realização da entrevista. Alguns pontos merecem especial atenção para evitar a desistência no meio do processo da entrevista: a tarefa deve parecer ser breve, é preci- so reduzir ao máximo o esforço mental e físico requerido, eliminar as possibilidades de embaraço, qualquer implicação de subordinação e custo financeiro. • O mínimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa colaboração do respondente, seja de maneira verbalizada no fim da entrevista, seja de maneira escrita no fim do questio- nário. Muitas pessoas participam de pesquisa por se sentirem importantes em ter sua opinião valorizada ou por poder falar e ser ouvido. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma importante de recompensar os respondentes. 2.5 A estrutura do questionário Uma estrutura bem pensada contribui para reduzir o esforço físico e mental do respondente. Além disso, assegura que todos os temas de interesse do pesquisador sejam tratados numa ordem objetiva, man- tendo o interesse do respondente em continuar. É preciso saber com precisão por que se está incluindo cada pergunta no questionário. Os princípios a seguir poderão ajudá-lo na estruturação: • 1º Princípio: Procure sempre direcionar a estruturação do questionário da seguinte forma: do geral para o específico, do impessoal para o pessoal, do menos delicado para o mais delicado. • 2º Princípio: Disponha as perguntas de modo a obedecer a uma lógica de aproximação. Exem- plo: Ao se pesquisar a situação de insegurança, primeiro se pergunta sobre a cidade, depois sobre o bairro e, então, sobre a rua e a casa onde o respondente reside. • 3º Princípio: Garanta que as perguntas referentes a uma mesma temática permaneçam sempre juntas e recebam uma introdução que ajude o respondente a concentrar-se nela. 2.6 As perguntas As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de confiança entre respondente e pesquisador. Nunca se deve começar o questionário por perguntas burocráticas (nome, sexo, idade, renda familiar etc.), pois essas questões só terão respostas autênticas quando o respondente desenvolver certo grau de confiança no entrevistador. As perguntas burocráticas devem ser inseridas sempre no final do questionário. Cabe destacar tam- bém que perguntar o nome no início da entrevista contradiz qualquer afirmação sobre o caráter confidencial da entrevista. Quais são as características de uma boa pergunta? Uma boa pergunta é aquela que gera respostas fidedignas e válidas e, por essa razão, devem apresentar algumas características básicas: • A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente; • As expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para os respondentes; • Os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e • Os respondentes precisam estar dispostos a responder.
  • 21. 21 ead.senasp.gov.br 2.7 Aspectos a serem observados A seguir, você conhecerá os principais aspectos a serem observados na elaboração de uma pesquisa: Linguagem Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso ficar sempre atento à população alvo da pesquisa. A compreensão da linguagem utilizada pode mudar de acordo com o público. Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou sofisticados devem ser evitados. Há dois problemas nos questionários relacionados à linguagem. São eles: 1. A ambiguidade, ou seja, o questionário permite mais de uma interpretação da pergunta; 2. As perguntas podem direcionar as respostas, então é preciso ficar atento à escolha das palavras. Importante! Uma vez que as questões estiverem elaboradas, pergunte-se: O respondente está entendendo o que o entrevistador quis perguntar? O enunciado da pergunta induz a resposta de alguma forma? Quanto ao tipo de perguntas, é possível elaborar perguntas abertas e fechadas. Perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade das possí- veis respostas. Esse tipo de perguntas estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre pesquisa- dor e respondente e, no final, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas. As perguntas abertas também servem para reforçar ao respondente o real interesse nas suas opi- niões. Perguntas fechadas são aquelas em que são oferecidas opções para o respondente escolher como resposta. Devem ser utilizadas quando se conhece os tópicos que serão informados pelos respondentes. Além disso, esse tipo de pergunta deve ser usado quando existem muitos respondentes e pouco tempo para a pesquisa. 2.8 Problemas que devem ser evitados A forma com que as perguntas são formuladas e ordenadas no questionário podem gerar alguns problemas. Ao formular as perguntas é preciso verificar se elas não constituem ameaça ao respondente. Caso existam razões para supor que o respondente é “sensível” ao tema, é preciso verificar maneiras de encontrar a informação sem provocar constrangimento. Outro problema diz respeito ao entrevistado fornecer respostas falsas às perguntas. Um dos moti- vos é que o respondente pode ter algo a esconder ou não saber como responder. Por fim, se o respondente não lembrar de alguma resposta, o entrevistador não deve deixá-lo constrangido. É preciso frisar que as perguntas não constituem em um teste e que é natural não ter respostas para todas as perguntas. 2.9 Escalas de respostas Para tornar mais fácil a classificação das respostas às perguntas é necessário que se pense nas esca- las de respostas. As escalas podem ser classificadas em: • Escala Nominal; • Escala Ordinal; • Escala Intervalar.
  • 22. 22 A Escala Nominal utiliza símbolos ou números somente para identificar as pessoas, objetos ou categorias. Por exemplo, o gênero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, uso de bengala e existência de tatuagem. Mesmo para as medições em escala nominal é preciso se preocupar em estabelecer um bom rela- cionamento com o respondente. Exemplo: A frase “Qual o estado civil de V.Sa?” soa melhor do que solicitar simplesmente “Estado civil”. Dependendo da população alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor número de alter- nativas é apropriado. Exemplos: A raça pode ter como categoria apenas: a) brancos e b) não brancos OU a) brancos, b) negros, c) pardos, d) indígenas, e) asiáticos e f) outros. Lembre-se! O importante é que as opções sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as alternativas. Na Escala Ordinal, além de se identificarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma orde- nação desses elementos. Por exemplo, a hierarquização da percepção de níveis de violência entre diferentes locais de uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma competição. Uma técnica de mensuração muito utilizada nas ciências sociais para levantar atitudes, opiniões e avaliações é a construção de escalas Likert. Nela, o respondente avalia um fenômeno numa escala de, geral- mente, cinco alternativas. Para saber mais sobre as escalas Likert, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Likert. O conteúdo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto interes- sante na utilização de escalas é a decisão quanto ao uso de número par ou ímpar de alternativas, pois o uso de um número ímpar de alternativas indica que se criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja, foi aberto espaço para o entrevistado expor uma posição neutra sobre o tema abordado. Independentemente do número de alternativas, é importante que as opções estejam balanceadas, isto é, as direções opostas de respostas devem possuir o mesmo número de opções. Veja abaixo dois exemplos de perguntas na escala ordinal. a) Em termos gerais, o quão satisfeito você está com as suas condições de trabalho? 1. Bastante satisfeito 2. Muito satisfeito 3. Pouco satisfeito 4. Nada satisfeito b) O quão seguro, você se sente ao andar sozinho pelas ruas na região onde reside ao anoitecer? 1. Muito seguro 2. Razoavelmente seguro 3. Nada seguro Na Escala Intervalar, as características são ordenadas conforme uma dimensão subjacente e os intervalos entre as alternativas têm tamanho conhecido e podem ser comparados. Exemplos: • O tamanho da população. • O número de crimes registrados. • O número de inquéritos concluídos.
  • 23. 23 ead.senasp.gov.br Aula 3 – Fontes de dados Neste módulo você estudou as três abordagens dos fenômenos sociais e suas respectivas técnicas de análise. Além disso, você também aprendeu a construir questionários de forma apropriada. Agora, na próxima aula, você estudará sobre as fontes de dados. Vamos lá! O uso científico das informações de segurança pública e de justiça criminal para a gestão de polí- ticas envolve não apenas informações específicas dessa área, mas também informações socioeconômicas e urbanas necessárias para se contextualizar a sua situação. Essa contextualização permite, por exemplo, identificar as causas sociais dos fenômenos de se- gurança pública e também aperfeiçoar a visão sobre o resultado alcançado. Possibilita, ainda, verificar se as mudanças que ocorrem na segurança pública têm também outras condições além da atuação dos órgãos dessa área. Do ponto de vista da pesquisa social, há um consenso de que apenas as informações administrati- vas de agências de segurança pública e justiça criminal não são suficientes para a compreensão dos fenôme- nos relacionados à incidência criminal ou à violência. Para uma visão efetivamente compreensiva dos fenômenos relacionados a tal problemática, como enfatiza Kahn (2002), é necessário atentar para as condições gerais de vida da população. 3.1 Fontes de dados Em seu artigo sobre a importância dos indicadores como instrumento auxiliar à prevenção muni- cipal da criminalidade, Kahn (2002) observa que o nível socioeconômico é um fator explicativo para o pre- domínio de eventos criminais específicos em determinadas localidades, muito embora a explicação da sua distribuição seja bastante complexa. Outros estudos buscaram entender a relação entre taxas de criminalidade e indicadores socioeco- nômicos. Soares (2008), por exemplo, busca analisar a relação entre desenvolvimento, desigualdade e homi- cídios a partir de uma revisão de vários estudos empíricos que abordam a relação entre taxas de homicídios e variáveis sociais e demográficas, tais quais renda, alfabetização, urbanização, migração, entre outras. Dessa forma, é desejável que os bancos de dados sobre criminalidade – geralmente compostos por dados administrativos policiais, como registros de ocorrências -, contenham informações socioeconô- micas da população local e da infraestrutura urbana. Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para fins de administração dos pro- cedimentos de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de gestão, pois somente os dados das polícias estão organizados em banco de dados. Já os demais, na maioria das vezes, não estão informatizados ou constituem arquivos de formulários. Geralmente, esses dados não contêm as informações necessárias para a avaliação de políticas pú- blicas de segurança ou programas particulares. Faltam informações sociodemográficas, dos infratores ou demandantes dos serviços de justiça criminal, dentre outras. Em função disso, é preciso pensar criativamente na utilização de outras possíveis fontes para complementar ou checar as informações fornecidas pelas bases de dados oficiais. 3.1.1 Características e limitações dos registros das polícias mili- tares e das polícias civis • Polícia Militar: Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não
  • 24. 24 abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de um sistema de informação criminal. O grande problema dessa base de dados está relacionado à subnotificação dos crimes, ou seja, muitos indivíduos não reportam os crimes à polícia. • Polícia Civil: A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime. Um dos grandes problemas dessa base de dados também é a subnotificação dos crimes. Por causa das características dos dados gerados pelas polícias e suas limitações, muitas vezes são neces- sárias fontes alternativas de informações. 3.2 SINESP – Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pú- blica Desde o ano de 2004, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, vem despendendo esforços para a concretização de uma base nacional de dados e informações de segurança pública, com o apoio dos entes federados, órgãos federais e estaduais, instituições de segurança pública, profissionais em segurança pública, pesquisadores e demais parceiros. Uma grande ação foi a criação do Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal – SINESPJC, implantado em 2004, com o módulo Polícia Civil e posteriormente com o módulo Polí- cia Militar em 2006. Este sistema teve como principal objetivo iniciar o processo informatizado de coleta de dados estatísticos junto às 27 UFs, em um cenário que contava apenas com 07 UFs com sistemas de registro de ocorrências informatizados. Neste contexto, a SENASP veio fomentando - junto aos entes federados e por meio de convênios com a União - o desenvolvimento, customização e ampliação de sistemas informatizados de registros de ocorrências policiais e sistemas de atendimento e despacho das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares. O objetivo foi o de melhorar os processos de envio, tratamento e análise de dados. Mesmo com o apoio da SENASP, as instituições de segurança pública não deixaram de arcar com o ônus de ter que alimentar, de forma manual ou minimamente informatizada, a base de dados nacional. Limitações do SINESPJC não permitiam que sistemas estaduais fossem integrados diretamente ao sistema nacional, tornando o processo de alimentação lento e árduo. Além disso, havia o problema da falta de pa- dronização dos formulários de coleta nos Estados. Partindo deste novo cenário, identificados os problemas e desafios, a SENASP em maio de 2012, juntamente com representantes das Polícias Civis, Militares e Corpos de Bombeiros Militares das 27 Unida- des de Federação, definiu os campos e conteúdos mínimos dos boletins de ocorrências e atendimento e despacho das instituições de segurança pública. Neste mesmo ano, foi promulgada a Lei 12.681, que institui o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas, com a finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e informações para auxiliar na formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas à segurança pública; sistema prisional e execução penal; e enfrentamento do tráfico de crack e outras drogas ilícitas. Com isto, o SINESPJC torna-se o módulo de estatística do SINESP. Logo após a criação da lei do SINESP, o Ministério da Justiça, por meio da SENASP, toma o compro- misso de firmar junto às Unidades da Federação 27 termos de adesão ao SINESP, ratificando o compromisso de todos em cooperar com a implantação, manutenção e atualização do sistema. O não envio dos dados previstos no Termo implica na impossibilidade de receber recursos ou celebrar parcerias com a União para financiamento de programas, projetos ou ações de segurança pública e do sistema prisional. • Enviar os dados previstos no Termo • Possibilidade de receber recursos e celebrar parceiras com a União O SINESP tem como objetivo sanar o problema da má qualidade de informações de crime no Bra- sil. Essa má qualidade se deve aos diversos problemas estruturais que impediram, ao longo dos anos, uma
  • 25. 25 ead.senasp.gov.br melhor qualidade da informação, e, além disso, a particularidades dos próprios eventos criminais, que, por natureza, são difíceis de serem registrados pela população. Por exemplo, furtos e roubos de pequenos valores e casos de estupros, abusos, assédios e coerções, muitas vezes, estão inseridos dentro de contextos pessoais ou familiares, fazendo com que as vítimas rara- mente procurem as autoridades para registro dos fatos. 3.3 Fontes alternativas de informação Pesquisas de vitimização Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de vitimização, que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o perfil da subnotificação. No Brasil, a primeira pesquisa de vitimização realizada em âmbito nacional foi empreendida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1988. Depois disso, o IBGE empreendeu outra pesquisa nacional de vitimização, tam- bém como suplemento da PNAD, no ano de 2009. Cabe destacar a Pesquisa Nacional de Vitimização realizada pelo Ministério da Justiça, de 2010 a 2012, no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, pelo Centro de Estudos da Cri- minalidade e Segurança Pública (CRISP) e Datafolha. Para saber mais sobre essa pesquisa, acesse o arquivo “Pesquisa de vitimização”, que está nos anexos do curso. Outros exemplos de pesquisas de vitimização empreendidas no Brasil são expostos a seguir: • Pesquisa de vitimização ILANUD: Essa pesquisa foi desenvolvida em 2002, a partir da parceria Instituto Latino Americano das Nações Unidades (ILANUD)/Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República/FIA/Universidade de São Paulo (USP). Ela é representativa para os municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória. • Pesquisa de vitimização INSPER: Essa pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER). O estudo toma como base pesquisas domiciliares com 2.967 pessoas na ci- dade de São Paulo em 2003 e 2008. Os sete tipos de ocorrência apurados no levantamento são: residência, veículo, componentes de veículos, crime contra a pessoa, trânsito, agressões e casa de temporada. • Pesquisa de vitimização CRISP/UFMG: Essa pesquisa foi desenvolvida nos anos de 2001, 2003 e 2006 pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (CRISP/UFMG) e é representativa para o município de Belo Horizonte, no qual foram entrevistadas 6.220 pessoas. Outras fontes de dados e informações: No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras são importantes para comprovar tendências. Entretanto, como nem todos os carros estão segurados, as informações das seguradoras devem conter menos registros que as das polícias. No caso dos homicídios, os dados do Datasus/Ministério da Saúde são geralmente de uma confiabi- lidade superior aos da polícia, pela própria natureza de sua produção e por estarem submetidos a uma crítica mais detalhada. Mas eles também apresentam problemas, como a existência de uma categoria de mortes violentas de intencionalidade desconhecida, que incluiria homicídios, suicídios e mortes acidentais. Para chegar a uma estimativa mais precisa, é necessário submeter essa categoria a uma estimativa que reclassifica uma parte dela como homicídio. Além disso, a dificuldade maior para utilizar esses dados
  • 26. 26 como indicadores de segurança pública é a demora na sua divulgação, justamente devido ao tempo dedica- do à crítica dos dados. De qualquer forma, é muito importante que, mesmo com certo atraso, tais registros sejam comparados com os da polícia, para testar a validade dos últimos. Existem inúmeras instituições públicas e privadas que compilam informações que podem ser rele- vantes para a análise de crimes, criminosos ou vítimas específicas. Alguns exemplos: as agências de regula- ção dos produtos controlados (tais como armas, álcool ou drogas), agências reguladoras que fiscalizam instituições bancárias ou de segurança, autoridades fiscais e alfandegárias, departamentos de segu- rança de instituições privadas etc. SAIBA MAIS... O site do Ministério da Justiça vem se institucionalizando nos últimos anos como referência nacional em relação às informações de segurança pública. Destacam-se como exemplo de relatórios disponíveis nessa página: Para saber mais sobre o Ministério da Justiça, acesse: http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/se- guranca-publica/estatisticas. • Efetivo dos Órgãos Estaduais de Segurança Pública (2003 a 2007); • Análise das Ocorrências Registradas pelas Polícias Civis (2004 e 2005); • Perfil das Instituições de Segurança Pública (2004 a 2007); • Investimentos dos Governos Estaduais em Segurança Pública (2005 a 2008); • Diagnóstico da Perícia Criminal no Brasil (2012); • Estudo Profissiográfico e Mapeamento de Competências: Perfil dos Cargos das Instituições Esta- duais de Segurança Pública (2012); • Mulheres nas Instituições de Segurança Pública (2013); • Pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública (2013); • Pensando a Segurança Pública (2013). Há ainda... • Os portais das Secretarias Estaduais de Segurança Pública, da Polícia Civil e da Polícia Mili- tar. Quando as informações estatísticas não estão disponibilizadas no portal é preciso fazer um contato telefônico ou por e-mail com os gestores dessas instituições, solicitando-as. • Os Grupos de pesquisa e portais acadêmicos relacionados a essa questão. • Censo demográfico realizado pelo IBGE a cada 10 anos. Para saber mais sobre Censo demográfico, acesse o arquivo “Censo”, que está nos anexos do curso. Finalizando... Neste módulo, você estudou que: • A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens: observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real; criação de situações artificiais e observação do comportamento antes das tarefas definidas para as situações e realização de perguntas às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram). • Para cada uma das abordagens há técnicas de análise específicas. Cada uma delas tem vanta- gens e limitações. • Os vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao
  • 27. 27 ead.senasp.gov.br tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a serem coletadas. Eles também podem ser utilizados de forma complementar quando necessário. • Um questionário pode ser definido como um “conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, as- pectos de personalidade e informação biográfica”. (YAREMENKO et al., 1986). • Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para fins de adminis- tração dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de gestão. • Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não abrangem o con- junto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de um sistema de informação criminal. • A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de inci- dentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime. • Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de vitimização, que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o perfil da subnotificação. Exercícios Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 2, realize as atividades propostas a seguir. Atividade 1. O método de pesquisa de avaliação de impacto inclui: a) ( ) Sistematização das informações trazidas pelos documentos, buscando a existência de semelhanças. b) ( ) Determinação dos resultados das ações e políticas de segurança pública. c) ( ) Descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma determinada situação social. d) ( ) Construção de enunciados sobre uma população. Atividade 2. Qual a principal vantagem da coleta de informação por dados secundários? a) ( ) O pesquisador fica limitado a dados já coletados e compilados. b) ( ) O pesquisador tem que selecionar a amostra de forma científica. c) ( ) O pesquisador não precisa arcar com os custos de amostragens, entrevistas e codificações. d) ( ) O pesquisador não pode representar adequadamente a questão que lhe interessa. Atividade 3. Em relação às perguntas contidas no questionário, assinale a afirmativa FALSA: a) ( ) As perguntas devem apresentar cinco características básicas: a pergunta precisa ser com- preendida e comunicada consistentemente; as expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para o respondente; os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e os res- pondentes precisam estar dispostos a responder. b) ( ) As perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade das possíveis respostas. Esse tipo de pergunta estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre pesquisador e respondente, e, no final, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas.
  • 28. 28 c) ( ) Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso atentar para a sua compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou sofisticados devem ser utilizados para facilitar a compreensão do entrevistado. d) ( ) Perguntas em escala nominal utilizam símbolos ou números somente para identificar as pessoas, objetos ou categorias.
  • 29. 29 ead.senasp.gov.br Gabarito Resposta correta atividade 1: afirmativa b). Resposta correta atividade 2: afirmativa c). Resposta correta atividade 3: afirmativa c).
  • 30. 30 Apresentação Olá, seja bem-vindo(a) ao módulo “Análise Estatística Criminal”! Neste módulo, você estudará os conceitos básicos relacionados ao estudo da estatística para com- preender melhor as técnicas utilizadas na análise criminal. Lembrando que, no módulo anterior, você aprendeu a descrever os métodos de abordagem dos fe- nômenos sociais (e as técnicas de análise correspondentes). Também estudou sobre os aspectos que devem ser observados na construção de um questionário. E, por fim, conheceu diversas fontes de dados e informa- ções de segurança pública. Preparado(a) para aprender mais sobre Análise Criminal? Então, vamos lá! Objetivos do módulo Ao final do módulo, você deverá ser capaz de: • Definir os principais conceitos relacionados à estatística; • Correlacionar as séries estatísticas aos fatores básicos que as estruturam; • Descrever as formas pelas quais as informações podem ser apresentadas estatisticamente; • Identificar as técnicas utilizadas na estatística descritiva; e • Definir análise de regressão. Estrutura do módulo O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: • Aula 1 – Conceitos básicos • Aula 2 – Séries estatísticas • Aula 3 – Apresentação dos dados • Aula 4 – Estatística descritiva • Aula 5 – Análise de regressão Aula 1 – Conceitos básicos 1.1 Estatística e análise estatística criminal O termo estatística surgiu da expressão em latim statisticum collegium, que significa palestra sobre os assuntos do Estado. No século XVII, o termo Statistik foi utilizado designando a análise de dados sobre o Estado. Entre- tanto, somente no início do século XIX o termo adquiriu o significado de coleta e classificação de dados, que persiste até hoje. A análise estatística criminal consiste na aplicação da análise estatística aos dados de criminalidade MÓDULO 3 ANÁLISE ESTATÍSTICA CRIMINAL
  • 31. 31 ead.senasp.gov.br e segurança pública. 1.1.1 Estatística descritiva X Estatística inferencial A estatística descritiva é um ramo da estatística que utiliza várias técnicas para organizar, descrever e sumarizar dados. Já a estatística inferencial reúne o conjunto técnicas utilizadas na identificação de relações entre variáveis que representem ou não relações de causa e efeito. 1.2 Conceitos básicos Variáveis Amostra População Censo São objetos que servem para guardar informa- ções e permitem dar nomes a cada uma das partes da informação que se quer guardar. Por exemplo, tratando-se de vitimização dos indiví- duos, há como variáveis distintas: quantos crimes o indivíduo sofreu, sua escolaridade, seu gêne- ro, sua idade etc. É uma coleção de dados relativos a uma parte da população que a representa. É usada, na maioria das vezes, por causa da impossibilidade e dos custos de coletar informações de todos os elementos da população. É um conjunto de indi- víduos ou objetos que apresentam pelo menos uma característica em comum. É uma coleção de da- dos relativos a todos os elementos de uma população. 1.3 Fluxo de execução da análise estatística O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apresen- tação e análise dos dados. • Coleta de Dados: Após a definição do problema a ser estudado e o estabelecimento do projeto de pesquisa (objetivo, a forma pela qual os dados serão coletados, cronograma das atividades, custos envolvidos, exame das informações disponíveis e delineamento da amostra), o passo se- guinte é a coleta de dados, que consiste na busca ou compilação das informações em variáveis, componentes do fenômeno a ser estudado. • Crítica dos dados: A revisão crítica dos dados procede com a finalidade de identificar e supri- mir os valores estranhos ao levantamento, os quais são capazes de provocar futuros enganos. Esses valores podem ocorrer, principalmente, por problemas de preenchimento ou digitação dos questionários. • Apresentação dos Dados: Convém que as informações sejam organizadas em conjunto de da- dos - de forma prática e racional - para facilitar sua apresentação no formato de tabelas, gráficos ou mapas. A execução dessa etapa ocorre de forma interligada à próxima etapa (análise dos dados), pois com o desenvolvimento da análise é possível descobrir outras tabelas, gráficos ou mapas que sejam necessários para melhor compreensão do fenômeno estudado. • Elaboração de tabelas / Elaboração de gráficos / Elaboração de mapas: São representações utilizadas para resumir e apresentar os dados de uma pesquisa, visando descrevê-la. • Análise: Análise das informações produzidas a partir da leitura das tabelas, gráficos e mapas, sistematizando as conclusões em um relatório.
  • 32. 32 A execução desse fluxo da análise estatística envolve sempre a possibilidade de retorno à primeira etapa da pesquisa (coleta de dados). Tanto a crítica dos dados pode mostrar que a etapa de coleta não foi bem planejada ou executada, quanto às etapas de apresentação e análise podem evidenciar que os dados coletados são insuficientes para garantir uma boa compreensão do fenômeno estudado. Aula 2 - Séries estatísticas 2.1 O que é uma série estatística? Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classificação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável. A construção de séries estatísticas está estruturada em três fatores básicos e esses fatores levam à existência de três tipos distintos de séries estatísticas: Veja a seguir mais detalhes sobre cada série. A série temporal (cronológica, histórica, evolutiva ou marcha) é identificada pelo caráter variável do fator cronológico. Fonte: SENASP/MJ – Pesquisa Perfil Organizacional das Delegacias Especializadas de Atendi- mento à Mulher – Brasil (2003/2007)
  • 33. 33 ead.senasp.gov.br A série geográfica (territorial, espacial ou de localização) é identificada pelo caráter variável do fator local. Tabela 3 – Ordenamento das UF por taxas de homicídio (em 100 mil) – Brasil 2000-2010* Fonte: SIM/SVS/MS *2010: dados preliminares A série específica (ou categórica) é identificada pelo caráter variável do fator fenômeno.
  • 34. 34 Tabela 4 – Ocorrências registradas pelas polícias civis por número e taxas por 100 mil habi- tantes (Brasil-2012) Aula 3 – Apresentação dos dados Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global do fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas, gráficos ou mapas, faci- litando sua compreensão. 3.1 Construção de tabelas Um dos objetivos da construção de tabelas é sistematizar os valores que uma ou mais variáveis podem assumir, para que se tenha uma visão global da sua variação. Ou seja, a tabela é uma maneira de apresentar resumidamente um conjunto de dados. 1. TÍTULO DA TABELA – Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às perguntas: O quê? Quando? e Onde? É localizado no topo da tabela, além de conter a palavra “TABELA” e sua respectiva numeração. 2. CORPO DA TABELA - É o conjunto de linhas e colunas que contém informações sobre a va- riável em estudo. Nota: A substituição de uma informação da tabela pode ser feita pelos seguintes sinais: (...) infor- mação é coletada, mas não está disponível; (–) informação não coletada e (?) quando há dúvida da validade da informação. 3. RODAPÉ - Elementos complementares da tabela:
  • 35. 35 ead.senasp.gov.br 1. Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados nu- méricos. 2. Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo da tabela. 3. Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento de uma tabela que necessita de uma nota específica. 3.2 Construção de gráficos A construção de gráficos atende às mesmas finalidades da construção das tabelas, ou seja: representar os resultados de forma simples, clara e verdadeira; demonstrar a evolução do fenômeno em estudo e obser- var a relação dos valores analisados. Veja que a disposição dos elementos é idêntica à das tabelas. Clique sobre cada um para ter acesso a mais informações. • Título do gráfico: Conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às per- guntas: o quê? Quando? e Onde? Localizado no topo do gráfico, além de contar a palavra “GRÁ- FICO” e sua respectiva numeração. • Corpo do gráfico: É a representação gráfica da análise efetuada. • Rodapé: Elementos complementares do gráfico: o Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados nu- méricos; o Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo do gráfico; o Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento do gráfico que necessita de uma nota específica Na análise criminal, se trabalha com 4 tipos de gráficos. Veja a seguir cada um deles. Gráficos em colunas Conjunto de retângulos dispostos verticalmente, separados por um espaço. Gráficos de Barras Conjunto de retângulos dispostos horizontalmente, separados por um espaço.
  • 36. 36 Gráfico 2 – Percentual da população que considera ter aumentado a delinquência nos últimos 12 meses (América Latina, 2011) Gráficos em setores Representação através de um círculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando se quer comparar cada valor de uma série com o seu total (proporção).
  • 37. 37 ead.senasp.gov.br Gráficos em linhas ou curvas Utilizado principalmente para representar séries temporais. Aula 4 – Estatística descritiva 4.1 Parâmetros para descrição dos dados Como você estudou anteriormente no curso, a análise descritiva envolve técnicas para organizar, resumir e descrever os dados de uma pesquisa. Para facilitar a descrição dos dados, são utilizados alguns parâmetros que serão apresentados a seguir, didaticamente divididos em cinco grupos: 1. Parâmetros para comparação relativa; 2. Distribuição de frequência; 3. Medidas de tendência central; 4. Medidas de dispersão; 5. Análise de correlação. Estude a seguir sobre cada uma delas. 4.1.1 Parâmetros para comparação relativa Proporção É obtida a partir do cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total. Exemplo 1: Considere 10 pessoas retidas em uma delegacia, das quais 4 são homens. A pro- porção de homens é de 4/10 = 0,4, ou seja, temos 0,4 homens por pessoa retida na delegacia. Exemplo 2: Considere que 20 ocorrências são registradas em um município, das quais 10 são homicídios dolosos. A proporção de homicídios é de 10/20 = 0,5, ou seja, 0,5 homicídios por ocorrência
  • 38. 38 registrada no município. Porcentagem As porcentagens são obtidas a partir do cálculo das proporções, simplesmente multiplican- do-se o quociente obtido por 100 (a palavra porcentagem significa “por cem”). Enquanto a soma das pro- porções é igual a 1, a soma das porcentagens é igual a 100, a menos que as partes não sejam mutuamente exclusivas e exaustivas. Exemplo: Considerando os exemplos de proporção, há 40% de homens entre as pessoas retidas e 50% de homicídios entre as ocorrências registradas no município Razão É o resultado de um número A em relação a um número B (“A dividido por B”). Exemplo: A razão de policiais por viatura no Brasil é de (policiais)/(viaturas) = 618.613 / 76.074 = 8,13, ou seja, há 8,13 policiais por viatura. Cabe ressaltar que a razão busca relacionar quantidades de itens diferentes, como: policiais por viatura, PIB por habitantes, recursos financeiros gastos pela polícia militar pelo total do efetivo da polícia militar etc. A seguir, você aprenderá a calcular a proporção, a porcentagem e a razão, a partir da tabela 6. Cálculos da proporção, porcentagem e razão – Tabela 6 Proporção de gastos com a subfunção policiamento Gasto com a função policiamento/Gasto total > 18.591.783.723,58/51.547.486.525,76 = 0,36 Para cada real gasto com segurança pública, 36 centavos são referentes à subfunção policia- mento. Porcentagem de gastos com a subfunção policiamento 0,36 x 100 = 36% Cerca dos 36% dos gastos com a função segurança pública no Brasil são referentes à subfun-
  • 39. 39 ead.senasp.gov.br ção policiamento Razão de gastos com a subfunção policiamento por gastos com a subfunção defesa civil. Gastos com a subfunção policiamento/Gastos com a subfunção defesa civil > 18.591.783.723,58/1. 630.080.129,49 = 11,40 Para cada real gasto com a subfunção defesa civil são gastos R$ 11,40 com a subfunção po- liciamento 4.1.2 Distribuição de frequências A distribuição de frequência é o conjunto de mensurações de frequências para os dados ob- servados. • Frequência absoluta: É o número de vezes que o valor de uma determinada variável é obser- vado. • Frequência absoluta acumulada: É a soma das frequências absolutas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado. • Frequência relativa: É a razão da frequência absoluta pelo número total de observações. • Frequência relativa acumulada: É a soma das frequências relativas dos valores inferiores ou iguais ao valor dado. • Distribuição de frequência: É uma forma de apresentar as frequências. São apresentadas as variáveis seguidas de suas frequências absolutas. Exemplo: número de homicídios ocorridos em 16 cidades distintas. A seguir, você estudará a explicação dos conceitos relacionados à distribuição de frequência, com base na Tabela 8. Distribuição de frequências Frequência absoluta: Na primeira coluna foram colocados, em ordem crescente, todos os possíveis números de homicídios ocorridos em 16 cidades. Na segunda coluna, aparecem quantas cidades sofreram aquele número de homicídios. Observe, na tabela 8, que a frequência absoluta de 0 homicídio é um, ou seja, das 16 cidades analisadas somente uma delas teve 0 homicídio. A frequência absoluta de 3 homicídios é dois, ou seja, duas cidades tiveram 3 homicídios. A frequência absoluta de 4 homicídios é um, ou seja, uma cidade teve 4 homi- cídios, e assim por diante. Frequência absoluta acumulada: Foi construída a terceira coluna da tabela 8 somando-se à cada linha a frequência absoluta. Na primeira linha, a frequência absoluta acumulada coincide com a frequência absoluta (1). Na segunda linha soma-se a frequência absoluta acumulada da primeira linha (1) à frequência absoluta da segunda linha (2), obtendo-se uma frequência acumulada 3. Na terceira linha, soma-se a frequência absoluta acumulada anterior (3) à frequência absoluta dessa categoria (1), sendo a frequência acumulada igual a 4, e assim por diante. Frequência relativa: A frequência relativa é dada pela divisão da frequência absoluta da categoria pelo número total de cidades, obtendo-se o percentual das cidades que sofreram aquele número de crimes. Para obter a frequência relativa de 0 homicídio, divide-se a frequência absoluta dessa categoria (1) pelo total (16) – (1)/(16) = 0,0625, ou seja, 0,0625 das cidades têm 0 homicídio. Da mesma forma, encon- tra-se que 0,125 das cidades têm 3 homicídios, 0,625 das cidades têm 4 homicídios, 0,25 das cidades têm 5
  • 40. 40 homicídios. Multiplicando a frequência relativa por cem, encontra-se a porcentagem das cidades com deter- minado número de homicídios. Por exemplo: 0,0625 x 100 = 6,25, ou seja, 6,25% das cidades não sofrem homicídios. Frequência relativa acumulada: É obtida de forma similar à frequência absoluta acumulada, ou seja, somando-se à cada linha a frequência relativa das categorias dos números de homicídio. Na primeira linha, a frequência relativa acumulada coincide com a frequência relativa. Na segunda linha, ao se somar a frequência relativa acumulada da primeira linha (0,0625) à frequência relativa da segun- da linha (0,125), o que resulta na frequência acumulada de 0,1875. Veja agora os gráficos utilizados na distribuição de frequência. Histograma O histograma é um gráfico de barras justapostas, com a área das barras proporcional à frequ- ência absoluta. Exemplo: Polígono de frequência É a representação gráfica de uma distribuição de frequências absolutas. São gráficos de linhas que unem os pontos médios das bases superiores dos retângulos de um histograma. Polígono de frequência acumulada É a representação gráfica de uma distribuição de frequências absolutas acumuladas. São grá-
  • 41. 41 ead.senasp.gov.br ficos de linhas que unem os pontos correspondentes ao limite superior da frequência acumulada. 4.1.3 Medidas de tendência central As medidas de tendência central são indicadores que resumem a distribuição de um conjunto de dados. Esses indicadores devem ser utilizados quando se pretende comparar distintos grupos de dados. Por exemplo: comparações entre diferentes regiões ou comparações de uma mesma região em tempos distintos. Outras situações de utilização: • Média: É a soma de todos os resultados dividida pelo total dos casos. • Moda: É a observação que ocorre com maior frequência em uma amostra. • Mediana: É o valor da variável que ocupa a posição central nos dados, ou seja, que divide a amostra ao meio. Exemplo: Considerando os dados hipotéticos vistos anteriormente, na tabela 7, as medidas de tendência central em relação à distribuição de homicídios por cidade são: Como calcular a média, a moda e a mediana? MÉDIA: Somam-se todos os homicídios ocorridos e divide-se por 16, que é o número de cidades. Média = (0+3+3+4+5+5+5+5+6+8+9+10+12+12+14+18)/16 = 119/16 = 7,4375 MODA: O valor que ocorreu com maior frequência absoluta. No exemplo citado, o valor 5 ocorreu mais vezes, 4 vezes.
  • 42. 42 MEDIANA: Há duas fórmulas para calcular a mediana: Número de observação par: Mediana = (X(n/2) + X[(n/2)+1])/2 Número de observação ímpar: Mediana = X[(n+1)/2] Para o cálculo da mediana, o primeiro passo é a ordenação crescente das observações, como mos- trado no exemplo anterior (cálculo da média). Após a ordenação das observações, identifica-se cada uma delas por um índice numérico. No exemplo citado “X 2” é igual a 3, ou seja, a cidade 2, nesta sequência de cidades em ordem crescente de número de homicídios, possui 3 homicídios. No mesmo exemplo, a mediana é calculada da seguinte forma: Outros conceitos: Para compreender melhor os cálculos das medidas apresentadas, conheça mais três: • Taxa bruta - é o estimador mais simples para o risco de ocorrência de um evento, definindo-se como a razão entre o número de eventos ocorridos na área e o número de pessoas expostas à ocorrência desse evento. O cálculo da taxa é desenvolvido quando se precisa comparar a inci- dência de fenômenos entre diferentes regiões, com tamanho populacional diferente, ou uma mesma região onde a população varia com o tempo. O valor da taxa é calculado pela divisão do número de vítimas efetivas pelo tamanho da população de risco, ou seja, pelo tamanho da população que poderia sofrer esse crime, e o valor obtido é multiplicado por 100 mil. • Quartis - São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em quatro partes iguais. • Decis - São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em dez partes iguais. Veja no exemplo a seguir como calcular os demais conceitos estudados. Exemplo: Veja a Tabela 9 – Ocorrências de estupro registradas pelas polícias civis segundo unidade da federação (Brasil – 2010). Para ver a Tabela 9, acesse o arquivo de mesmo nome que está disponível nos anexos do curso. Para calcular a taxa por 100 mil habitantes de estupros considera-se a quantidade de registros de estupro como o numerador, a população como denominador e multiplica-se 100.000. Com base na Tabela 9, o cálculo da taxa de estupros em Rondônia é efetuado pela seguinte fórmula: (número de estupros ocorridos em Rondônia) x (100.000) = 678 x (100.000) = 43,39 (população em Rondônia) 1.562.409 A importância do cálculo da taxa é verificada, por exemplo, quando se observa que, apesar da Po- lícia Civil do Rio de Janeiro ter registrado 4.418 vítimas de estupro em 2010, a unidade da federação com maior incidência de estupros foi Roraima, com apenas 302 ocorrências registradas. Dada a diferença de tamanho entre a população dessas UFs, no Rio de Janeiro foram 27,63 vítimas para cada grupo de 100.000 habitantes e, em Roraima, 67,04 vítimas para cada grupo de 100.000 habitantes.
  • 43. 43 ead.senasp.gov.br Cálculos Para se determinar a taxa de uma região geográfica (que reúne várias UFs) não se deve calcu- lar a média das taxas das UFs, pois esse cálculo não leva em consideração o tamanho da população de cada UF dentro da região geográfica. O correto é somar as vítimas de todas as UFs, a população de todas as UFs e realizar o cálculo da taxa média da região geográfica. Veja a seguir a diferença gerada a partir desses dois tipos de cálculo. • Taxa da Região Sudeste: 10.719/80.364.410 x (100.000) = 13,34 • Média das taxas das UFs da região Sudeste: (11,71 + 21,28 + 27,63 + 7,90)/4 = 17,13 Obs. A Lei Federal 12.015/2009 altera a conceituação de “estupro”, passando a incluir, além da con- junção carnal, os “atos libidinosos” e “atentados violentos ao pudor”. Cálculos Moda: A amostra da taxa de estupro não apresenta moda, dado que, considerando as casas deci- mais, as taxas de estupro entre as 27 UFs não têm valores repetidos. Mediana: A mediana de uma série de observações é o número que fica exatamente no meio da série quando os dados estão ordenados e o número de observações é ímpar. Caso o número de observações seja par, a mediana é a média aritmética de dois números do meio. Isso significa que, para um conjunto de dados ordenados, a mediana ocupará o centro do conjunto. Mediana: 21,28 Identificação dos quartis Os quartis dividem os dados em 4 partes iguais. A identificação dos quartis pode ser exem- plificada da seguinte forma: Identificação dos quartis para a taxa de estupros (por 100 mil hab.) entre as Unidades da Federação
  • 44. 44 Fonte: MJ/SENASP/SINESP e IBGE. 4.1.4 Medidas de dispersão As medidas de dispersão são conjuntos de medidas que descrevem a variabilidade de um conjunto de dados e permitem verificar como os dados estão distribuídos em torno da tendência central. São medidas de dispersão: Amplitude, Variância, Desvio padrão. Para que você entenda melhor os cálculos das medidas de dispersão, volte aos dados hipotéticos da tabela 7. • Amplitude: É a diferença entre o maior e o menor valor dos dados analisados. Se os dados são categóricos, a amplitude é a diferença entre o limite superior da última categoria e o limite inferior da primeira categoria. Como calcular a Amplitude? Para calcular a amplitude subtrai-se o maior número de homicídios (que é o da cidade 16 = 18) do menor número (que é o da cidade 3 = 0). Amplitude = 18 – 0 = 18 • Variância: É a medida do grau de dispersão dos dados em torno da média. A variância mostra
  • 45. 45 ead.senasp.gov.br em que medida os dados estão agrupados ou dispersos. A variância é representada por s². Como calcular a variância? Para calcular a variância na amostra, primeiramente se subtrai o número de homicídios em cada cidade (X i) da média da amostra (X) e depois esse valor é elevado ao quadrado. Média: s2 = [2.(3 – 7,4375)]2 + (9 – 7,4375)2 + (0 – 7,4375)2 + (4 – 7,4375)2 + [4.(5 – 7,4375)]2 + (6 – 7,4375)2 + (8 – 7,4375)2 + (10 – 7,4375)2 . [2(12 – 7,4375)]2 + (14 – 7,4375)2 + (18 – 7,4375)2 = Média = 119/16 = 7,4375 Em seguida, são somadas as diferenças e o resultado é dividido pelo número de observação da amostra menos 1 (n-1). Novamente, X i representa o número de homicídios (X) que ocorreram na cidade i. • Desvio Padrão: É obtido calculando a raiz quadrada da variância. O desvio padrão é represen- tado pelo símbolo “o”. Como calcular o desvio padrão? Após descobrir o valor da variância, calcula-se sua raiz quadrada. Esse resultado é o valor do desvio padrão. s = √s2 = √22,52971 = 4,74649 Nota: Todos os pacotes estatísticos, incluindo o Excel, fazem o cálculo da variância e do desvio padrão automaticamente. Resumindo... Exemplo prático de uso das medidas de dispersão Após o diagnóstico da situação de um Estado, identifica-se que duas (2) regiões se destacam pelas altas taxas de incidência de homicídios. Comparando as medidas de dispersão das taxas municipais de homicídios para essas duas regiões, descobre-se que em uma delas os valores estão mais dispersos do que na outra região. Isso signifi- ca que, na região onde os valores estão menos dispersos, o problema da alta incidência de homicídios está
  • 46. 46 distribuído de forma ampla, atingindo grande parte dos municípios da região. Na região onde os valores estão mais dispersos, ocorre o contrário: a incidência de homicídios está concentrada em alguns poucos municípios e outro conjunto significativo de municípios tem incidência baixa de homicídios. Nesse caso, identificar o grau de dispersão dos dados informará se é preciso planejar a ação tendo como foco todos os municípios da região ou apenas alguns que têm a situação mais precária. 4.1.5 Coeficiente de correlação A análise de correlação tem como objetivo medir a intensidade ou grau de associação linear entre duas variáveis, mas sem determinar a relação funcional entre elas, ou seja, sem determinar que uma variável é responsável pela alteração da outra. A análise é feita por meio da interpretação do coeficiente de correlação, permitindo identificar se um fator está associado a outro. Veja o exemplo a seguir. Pelo coeficiente de correlação, é possível saber se o desemprego está associado ao aumento da cri- minalidade, mas não é possível saber se é o desemprego que causa o aumento do crime ou se é o aumento do crime que leva ao aumento no desemprego. O coeficiente de correlação mede a intensidade de associação linear entre duas variáveis. B: A associação entre número de homicídios e número de armas de fogo. O cálculo do coefi- ciente de correlação é realizado com base na variância da amostra, através da seguinte fórmula: A interpretação desse coeficiente é simples. Considerando que r é sempre um valor entre -1 e +1, temos: • Se r = 0, não existe correlação; • Quanto mais próximo de -1 ou de +1, mais forte é a correlação; • Se r < 0, existe uma correlação negativa, ou seja, quando uma variável cresce a outra decresce.
  • 47. 47 ead.senasp.gov.br No exemplo, quando o número de armas de fogo decresce, o número de homicídios cresce; e • Se r > 0, existe uma correlação positiva, ou seja, quando uma variável cresce a outra também cresce. No exemplo, quando o número de armas de fogo cresce, o número de homicídios cresce também. Importante! A interpretação do coeficiente de correlação não permite fazer inferências (deduções). Consideran- do o exemplo da arma de fogo e do homicídio, suponha que o coeficiente de correlação seja 0,6, portanto positivo. Pode-se afirmar que as duas variáveis se correlacionam positivamente, mas não é possível prever o número de homicídios com base no número de armas de fogo. Para se constatar a relação funcional entre as duas variáveis e fazer a inferência, é necessário a análise de regressão, apresentada na aula seguinte. Nota: Os pacotes estatísticos também calculam o coeficiente de correlação automaticamente. Aula 5 – Análise de regressão 5.1 Origem O termo regressão foi introduzido pela primeira vez em 1886, por Francis Galton, no estudo da re- lação entre as alturas de pais e filhos. A análise de regressão procura determinar a relação funcional entre duas ou mais variáveis. Hoje, os modelos de regressão são amplamente utilizados em várias áreas do conhecimento, inclusive na análise criminal. 5.2 Objetivos da regressão O principal objetivo da análise de regressão é modelar o relacionamento entre uma variável (cha- mada de dependente) e outras variáveis (chamadas de explicativas). Em outras palavras, procura deter- minar em que medida as variáveis explicativas se relacionam com a variável dependente. Para isso, estima-se o valor médio da variável dependente, a partir dos valores das variáveis explicativas. Exemplo: No exemplo do coeficiente de correlação (associação entre número de homicídios e número de armas de fogo), não há interesse em saber somente a correlação entre a arma de fogo e o homicídio. O objetivo final é saber em que medida um aumento ou diminuição no número de armas de fogo implica no aumento ou na diminuição de homicídios. Para isso, estima-se uma regressão linear considerando como variável dependente o nú- mero de homicídios e como variável explicativa o número de armas de fogo. Essa estimativa fornece uma equação, por meio da qual é possível inferir o número médio de homicídios de acordo com o número de arma de fogo. Entretanto, como a regressão estima uma relação estatística, ela está sujeita a erros. Toda a análise de regressão se baseia na correção desses possíveis erros por meio de diver- sos métodos que variam de acordo com o tipo e distribuição dos dados. Para realizar a análise de regressão, são necessários conhecimentos avançado em estatística e em álgebra, o que se distancia do escopo deste curso. O conhecimento necessário para realizar a análise de re- gressão é conteúdo suficiente para a realização de um curso específico sobre o tema.
  • 48. 48 SAIBA MAIS... Aos que desejam se aprofundar no assunto, dois manuais bastante conhecidos na área são indicados: • Wooldridge, J.M. Introdução à Econometria: uma abordagem moderna, São Paulo: Pio- neira Thomson Learning, 2006). • Gujarati, D. Econometria Básica. São Paulo, Makron, 3a edição, 2000). Finalizando... Neste módulo, você estudou que: • A análise estatística criminal consiste na aplicação da análise estatística aos dados de cri- minalidade e segurança pública; • O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apre- sentação e análise dos dados; • Uma série estatística é constituída por uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classificação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável. Existem três tipos distintos de séries estatísticas: série temporal; série geográfica; e série espe- cífica; • Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global do fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas, gráficos ou mapas, facilitando sua compreensão; • Para facilitar a descrição dos dados são utilizados alguns parâmetros: parâmetros para com- paração relativa; distribuição de frequência; medidas de tendência central; medidas de dis- persão; e análise de correlação; • A análise de regressão tem por objetivo determinar em que medida as variáveis explica- tivas se relacionam com a variável dependente. Para isso, estima-se o valor médio da variável dependente, a partir dos valores das variáveis explicativas. Exercícios Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 2, realize as atividades propostas a seguir. Atividade 1. Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mes- ma ordem de classificação. Quando o fator básico que estrutura a construção de séries esta- tísticas é o fator descrito, podemos dizer que esta série é: a. ( ) Uma série temporal b. ( ) Uma série geográfica c. ( ) Uma série específica d. ( ) Uma série bipartida. Atividade 2. Uma vez que os dados foram coletados, muitas vezes o conjunto de valores é extenso e desorganizado e seu exame requer atenção, pois há risco de se perder a visão global do fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em: a. ( ) Tabelas, organogramas e mapas.
  • 49. 49 ead.senasp.gov.br b. ( ) Tabelas, cronogramas e mapas. c. ( ) Tabelas, fluxogramas e mapas. d. ( ) Tabelas, gráficos e mapas. Atividade 3. A análise descritiva se constitui de técnicas utilizadas para organizar, resumir e descre- ver os dados de uma pesquisa. O parâmetro para a comparação relativa, obtido a partir do cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total, é denominado: a. ( ) Porcentagem b. ( ) Razão c. ( ) Proporção d. ( ) Relação Atividade 4. “A distribuição de frequência é o conjunto de mensurações de frequências para os dados observados. A _____________ é o número de vezes que o valor de uma determinada variável é observado”. Marque a alternativa correta que completa a frase acima na área tracejada: a. ( ) Frequência absoluta acumulada. b. ( ) Frequência relativa acumulada. c. ( ) Frequência relativa. d. ( ) Frequência absoluta.