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ANATOMIA
HUMANA
Enfermagem,
Módulo II
Centro Técnico Lusíadas
_______ Anatomia Humana
1
Sumário
Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana ..................................................................5
1. Conceito................................................................................................................................................. 5
2. Histórico da Anatomia Humana ............................................................................................................ 5
3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia............................................................................................ 8
Capítulo II – Estudo da Anatomia...................................................................................13
1. Conceito de Anatomia......................................................................................................................... 13
2. Normal e Variação Anatômica............................................................................................................. 14
3. Nomenclatura Anatômica.................................................................................................................... 15
4. Posição Anatômica .............................................................................................................................. 16
5. Divisão do Corpo Humano................................................................................................................... 17
6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano............................................................................ 17
7. Termos de Posição e Direção .............................................................................................................. 19
8. Termos de Movimentos....................................................................................................................... 20
9. Divisão do Estudo da Anatomia........................................................................................................... 22
Capítulo III – Sistema Esquelético..................................................................................23
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 23
2. Coluna Vertebral.................................................................................................................................. 23
3. Classificação dos Ossos........................................................................................................................ 25
4. Configuração Interna do Osso............................................................................................................. 26
5. Características Ósseas ......................................................................................................................... 27
Capítulo IV – Sistema Articular.......................................................................................28
1. Definição.............................................................................................................................................. 28
2. Classificação das Junturas.................................................................................................................... 28
Capítulo V – Sistema Muscular.......................................................................................34
1. Conceito............................................................................................................................................... 34
2. Funções dos Músculos......................................................................................................................... 34
3. Mecanismo da Contração Muscular.................................................................................................... 35
Capítulo VI – Sistema Nervoso .......................................................................................37
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 37
2. Funções do Sistema Nervoso............................................................................................................... 38
3. Subdivisões do Sistema Nervoso......................................................................................................... 38
3.1. Sistema Nervoso Periférico ............................................................................................................. 38
_______ Anatomia Humana
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3.2. Sistema Nervoso Autônomo............................................................................................................ 39
4. Condução de Informações no Sistema Nervoso.................................................................................. 40
5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso ................................................................................................ 40
5.1. Meninges......................................................................................................................................... 40
5.2. Cérebro............................................................................................................................................ 41
5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo.......................................................................................................... 42
5.4. Medula Espinhal .............................................................................................................................. 43
6. Tecido Nervoso.................................................................................................................................... 45
7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso................................................................................................ 48
Capítulo VII – Sistema Esquelético ................................................................................52
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 52
2. Circulação Sanguínea........................................................................................................................... 52
3. Vasos Sanguíneos ................................................................................................................................ 54
3.1. Artérias ............................................................................................................................................ 55
3.2. Veias ................................................................................................................................................ 55
3.3. Capilares Sanguíneos....................................................................................................................... 57
Capítulo VIII – Sistema Linfático ....................................................................................58
1. Anatomia do Sistema Linfático............................................................................................................ 58
2. Fisiologia do Sistema Linfático............................................................................................................. 62
3. Mecanismo de Formação da Linfa....................................................................................................... 64
4. Câncer e Sistema Linfático................................................................................................................... 66
Capítulo IX – Sistema Respiratório ................................................................................67
1. Condições Gerais ................................................................................................................................. 67
2. Nariz..................................................................................................................................................... 67
3. Faringe................................................................................................................................................. 68
4. Laringe ................................................................................................................................................. 68
5. Traqueia............................................................................................................................................... 68
6. Brônquios............................................................................................................................................. 68
7. Fisiologia da Respiração ...................................................................................................................... 68
Capítulo X – Sistema Digestivo ......................................................................................70
1. Conceito............................................................................................................................................... 70
2. Boca ..................................................................................................................................................... 70
3. Dentes.................................................................................................................................................. 70
_______ Anatomia Humana
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4. Línguas................................................................................................................................................. 70
5. Palato................................................................................................................................................... 71
6. Faringe e Esôfago................................................................................................................................. 71
7. Estômago............................................................................................................................................. 71
8. Intestino Delgado ................................................................................................................................ 72
9. Intestino Grosso .................................................................................................................................. 72
10. Glândulas Anexas............................................................................................................................. 73
10.1. Glândulas Salivares...................................................................................................................... 73
10.2. Pâncreas ...................................................................................................................................... 73
10.3. Fígado .......................................................................................................................................... 73
Capítulo XI – Sistema Excretor.......................................................................................75
1. Conceito............................................................................................................................................... 75
2. Néfron.................................................................................................................................................. 75
3. Principais Catabólitos .......................................................................................................................... 76
4. Eliminação da Urina............................................................................................................................. 77
4.1. Ureter .............................................................................................................................................. 77
4.2. Bexiga Urinária ................................................................................................................................ 77
4.3. Uretra .............................................................................................................................................. 78
Capítulo XII – Sistema Genital ........................................................................................79
1. Sistema Reprodutor Masculino ........................................................................................................... 79
1.1. Pênis ................................................................................................................................................ 79
1.2. Saco Escrotal, Bolsa Escrotal ou Escroto ......................................................................................... 80
1.3. Corpo Cavernoso ............................................................................................................................. 81
1.4. Corpo Esponjoso.............................................................................................................................. 81
1.5. Túbulos Seminíferos ........................................................................................................................ 81
1.6. Bexiga .............................................................................................................................................. 81
2. Sistema Reprodutor Feminino............................................................................................................. 81
2.1. Órgãos Genitais Internos................................................................................................................. 82
Capítulo XIII – Sistema Endócrino..................................................................................86
1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 86
2. Principais Glândulas Endócrinas.......................................................................................................... 87
Capítulo XIV – Sistema Sensorial...................................................................................89
1. Introdução ........................................................................................................................................... 89
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2. Tato ou Somestesia ............................................................................................................................. 90
3. Audição................................................................................................................................................ 90
4. Gustação.............................................................................................................................................. 92
5. Olfato................................................................................................................................................... 93
6. Visão .................................................................................................................................................... 93
Capítulo XV – Sistema Tegumentar................................................................................95
1. Introdução ........................................................................................................................................... 95
2. Função da Pele..................................................................................................................................... 96
3. Anexos da Pele..................................................................................................................................... 96
Capítulo XVI – Referencia Bibliográficas.......................................................................98
_______ Anatomia Humana
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Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana
1. Conceito
A Anatomia (anã = em partes + tomein = cortar) estuda macroscopicamente a
constituição dos seres, identificando órgãos e sistemas. Por ser antiga, é considerada
uma ciência-mãe, uma vez que dá suporte para as demais ciências biológicas, o que
permite a identificação e o estabelecimento conceitual dos sistemas orgânicos.
Vários anos foram necessários para que uma linguagem padrão fosse estabelecida
pelos anatomistas. A nomenclatura anatômica, como foi chamada essa linguagem
universal, tornou possível a padronização nominal das estruturas do corpo, diminuindo o
vasto dicionário de termos anatômicos existentes, além de constituir um avanço no campo
conciliatório entre os anatomistas do mundo inteiro.
2. Histórico da Anatomia Humana
O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de
Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais.
Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do
ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as
ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmata, que provavelmente eram
figuras baseadas na dissecação animal.
No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na
Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e
Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático.
A partir do ano 150 a.C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões
éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no
mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais.
Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas
que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios
para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para
trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de
“cocção dos ossos”.
_______ Anatomia Humana
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O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a
causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia
matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade
infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana
cada vez mais frequente.
A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As
ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era
limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros tanto de
conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal quais os antigos e as ilustrações
realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo.
A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que
nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos
apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa
qualidade oposta à prática, as figuras não realistas e esquemáticas foram suficientes.
Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das
representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados
anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori
fabrica em 1453, um dos livros mais importantes da história do homem.
Vesálio nasceu em Bruxelas em 1514, no seio de uma família muito relacionada
com a casa de Borgonha e a corte do Imperador da Alemanha. Sua primeira formação
médica foi na Universidade de Paris (onde esteve com mestres como Jacques du Bois e
Guinter de Andernach), e foi interrompida pela guerra entre França e o Sacro Império
Romano.
Vesálio completou seus estudos na renomada escola médica de Pádua, no norte
da Itália. Após seu término começou a estudar cirurgia e anatomia. Após alguns trabalhos
preliminares, em 1543, com a idade de 28 anos, publicou seu opus magnun, que
revolucionou não só a anatomia como também o ensino científico em geral.
As ilustrações da Fabrica destacam-se precisamente pela sua estreita relação com
o texto, já que ajudam no entendimento do que este expressa com dificuldade. Supera a
pauta expositiva usada por Mondino, e cada um dos sistemas principais (ossos,
músculos, vasos sanguíneos, nervos e órgãos internos) é representado e estudado
separadamente. As partes de cada sistema orgânico são expostas tanto em conjunto
_______ Anatomia Humana
7
como individualmente e mesmo assim são consideradas todas as relações entre essas
estruturas. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos.
No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da
fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o
estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem
basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos
impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar.
Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e
comum ideia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida,
continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as
características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de
evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton.
Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas
hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa
(exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson em 1611 estabeleceu a
diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de
glândula apesar de não formar parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham
do cérebro.
A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças
às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica
referente à produção de sangue.
Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o
peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem
seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares
quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para
produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou que o sangue
nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta
transformação.
A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII
foram dados passos importantes para seu esclarecimento. Robert Hook (1635-1703)
demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se
inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar
_______ Anatomia Humana
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transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o
venoso, a qual se devia ao contato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679)
afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância
do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um
intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitro aéreo e ganhava os
vapores produzidos pelo sangue.
Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por
Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o
sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da
base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de
surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o
fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos
do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da
imaginação.
3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia
No século XVIII, Edinburgh, na Grã-Bretanha, era um grande centro de estudos
anatômicos. Na Universidade, a cátedra de Anatomia foi ocupada pela dinastia dos Monro
por três gerações. O primeiro deles, Alexander Monro primus lecionou de 1720 a 1758,
tendo sido substituído por seu filho Alexander Monro secundus, que se destacou como
autor de quatro importantes obras de Anatomia, numa das quais, publicada em 1797,
descreveu o chamado "buraco de Monro".
Sucedeu-lhe seu filho, Alexander Monro tertius, que não possuía as qualidades do
pai, e o ensino de Anatomia na Universidade entrou em declínio.
Na época, era permitido o ensino paralelo em escolas e cursos privados. Para o
ensino de anatomia destacava-se o curso extracurricular dirigido por John Barclay,
anatomista de grande renome e prestígio internacional. Barclay convidou para ser seu
assistente ao Dr. Robert Knox, que se tornou um dos personagens do episódio que
vamos narrar. Antes, precisamos saber quem era Robert Knox.
Robert Knox (1791-1862) era natural de Edinburgh, onde foi educado. No colégio
fora um aluno brilhante, tendo sido premiado por seu desempenho nos estudos e conduta
exemplar. Graduou-se em medicina em 1814, ingressando no ano seguinte no Exército
_______ Anatomia Humana
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como cirurgião- auxiliar. Uma de suas primeiras atuações foi a de atender feridos da
batalha de Waterloo. Em 1815 foi promovido a cirurgião-assistente, indo servir na África
do Sul, onde permaneceu durante três anos. Durante sua estada na África do Sul
interessou-se por estudos de anatomia comparada, antropologia e características étnicas
dos povos africanos.
Retornando a Edinburgh em 1821 licenciou-se do Exército e foi estagiar em Paris
com Cuvier, um dos grandes anatomistas da época. De volta a Edinburgh aceitou o
convite de Barclay para ser seu assistente no curso de anatomia.
Entre 1821 e 1823 Knox publicou vários trabalhos científicos no Edinburgh Medical
Journal e em dezembro de 1823 foi eleito membro da Royal Society.
Barclay possuía uma grande coleção de peças anatômicas, que ele doou ao Royal
College of Surgeons de Edinburgh para instalação de um museu de anatomia e, em 1825,
Knox foi indicado para Conservador do museu. Este museu foi enriquecido com outra
grande coleção de anatomia e anatomia patológica adquirida pelo Colégio, em Londres,
de Charles Bell. Knox encarregou-se de organizar o museu, catalogando todas as peças.
Paralelamente a essas atividades, Knox firmou-se como professor de anatomia na escola
de Barclay. Suas aulas eram muito apreciadas pelos alunos por seu conteúdo, exposição
didática e, sobretudo, pelas demonstrações práticas em dissecções de cadáveres.
Em agosto de 1826 Barclay faleceu e Knox assumiu a direção da escola, que
contava, naquele ano, com 300 alunos matriculados.
Na ocasião, o ensino prático de anatomia era dificultado pela falta de cadáveres
para dissecção. A dissecção só era legalmente permitida em corpos dos criminosos
condenados ao patíbulo, pois fazia parte da pena de morte negar ao criminoso
sepultamento digno em terreno santificado pela Igreja.
O número de criminosos condenados à morte era insuficiente para prover as
necessidades do ensino de anatomia. Em consequência, surgiu o mercado negro de
cadáveres, os quais eram exumados por ladrões no cemitério, logo após o sepultamento,
e vendidos às escolas médicas. Os cadáveres deviam ser recentes, pois não havia os
métodos de conservação atuais. Os ladrões de cadáveres passaram a ser chamados de
ressurreccionistas.
As famílias dos mortos para se defenderem dos ressurreccionistas, costumavam
proteger o túmulo com grades ou pagar vigias noturnos. Alguns cemitérios foram
_______ Anatomia Humana
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cercados de muros ou dispunham de torres de observação e policiamento contínuo.
Mesmo assim, os ladrões de cadáveres conseguiam ludibriar toda a vigilância.
Curiosamente, os ressurreccionistas, quando acusados, não eram condenados, por
falta de amparo legal, pois não havia lei prevendo este tipo de crime e a violação da
sepultura não se enquadrava como roubo, já que o cadáver não é propriedade de
ninguém.
Foi nesse ambiente que ocorreu o episódio macabro que abalou a opinião pública,
não somente na Inglaterra, como em todo o mundo. Dois irlandeses, William Hare e
William Burke, que residiam em Edinburgh, cometeram uma série de assassinatos com o
fim de vender os corpos das vítimas para dissecção nas aulas de anatomia.
William Hare residia em uma pensão, cujo proprietário, Mr. Log veio a falecer. Hare
casou-se com a viúva, Margaret, passando da condição de hóspede a dono da pensão.
William Burke e sua amante, Helen Mc Douglas, foram residir na referida pensão como
inquilinos.
Hare e Burke costumavam beber juntos e tornaram-se amigos. Em 29 de novembro
de 1827, um dos pensionistas, de nome Donald, aposentado que vivia só, morreu
subitamente, deixando uma dívida para com a pensão. Hare teve a ideia de vender o
cadáver para dissecção, com o fim de se ressarcir do prejuízo. Com a ajuda de Burke
simulou o sepultamento, colocando no caixão um peso equivalente ao de uma pessoa.
Hare tencionava vender o corpo para Alexander Monro, na Universidade, porém foi
informado por um estudante que a escola de anatomia do Dr. Knox pagaria um preço
melhor. O corpo foi vendido para o Dr. Knox por 7.1 libras.
Encorajados com o sucesso da operação, perceberam ambos que a venda de
cadáveres era um negócio muito lucrativo. Em lugar de violar sepulturas no cemitério, o
que era trabalhoso e arriscado idealizou um processo mais fácil de obter o cadáver, que
puseram em prática. A estratégia consistia em atrair para a pensão pessoas
desamparadas, pedintes de rua, cuja morte não seria notada pela comunidade, passando
despercebida.
A vítima era embriagada com whisky e, a seguir, morta por asfixia, comprimindo-se
com um travesseiro ou almofada seu rosto, impedindo-a de respirar. Esse método não
deixava vestígio da causa da morte. Burke se encarregava da execução e Hare de
negociar a venda do corpo.
_______ Anatomia Humana
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Os estudantes do curso de Anatomia do Dr. Knox passaram a desconfiar de que
algo estranho estaria ocorrendo, dada a quantidade de corpos disponíveis para
dissecção, todos em bom estado, ao contrário da escassez habitual.
Dois corpos chegaram a ser identificados por alguns estudantes: o de uma
prostituta, de nome Mary Paterson, e de um homem popular conhecido por Daft Jamie.
Comunicaram o fato ao Dr. Knox, que não o levou em consideração, e os corpos
foram imediatamente dissecados.
Durante o ano de 1828 pelo menos 16 corpos foram vendidos à escola de
anatomia do Dr. Knox. A última vítima foi de uma irlandesa de nome Mary Docherty, que
desapareceu da pensão de um dia para outro, levantando suspeitas entre os demais
hóspedes, especialmente do casal Gray, que encontrou o corpo debaixo de uma cama. A
polícia foi avisada, porém quando chegou à pensão já o corpo não se encontrava no local.
Alguns vizinhos, contudo, relataram ter visto dois homens carregando uma grande caixa
de madeira. A polícia, já ciente da suspeita que pairava na escola de anatomia do Dr.
Knox, para lá se dirigiu, onde encontrou e identificou o corpo da vítima.
Em 24 de dezembro de 1828 foram presos Hare e sua mulher e Burke com sua
amante. Na impossibilidade de obter uma prova concreta de que se tratava de
assassinato, visto que não havia ferimentos ou sinais de violência no corpo da vítima, a
polícia propôs a Hare que, se ele confessasse somente Burke seria julgado pelo
assassinato de Mary Docherty.
Hare contou toda a verdade e foi posto em liberdade juntamente com sua mulher.
Burke foi julgado e condenado à forca. Sua amante, Helen Mc Donald, acusada de
cumplicidade, foi absolvida por falta de provas.
Antes de sua morte, Burke confirmou que havia matado, ao todo, 16 pessoas,
porém negou que jamais houvesse violado uma sepultura para roubo de cadáver.
Sua execução, na forca, ocorreu no dia 28 de janeiro de 1829 e foi assistida por
uma multidão de milhares de pessoas, de todas as classes sociais, que se acotovelavam
para ver de perto o criminoso. Fazia parte da sentença que o seu corpo fosse
publicamente dissecado pelo Prof. Alexander Monro tertius, o que foi feito.
Durante a dissecção, em presença de estudantes e de curiosos, houve um tumulto
e a maior parte da pele do criminoso, que já havia sido retirada, desapareceu. Tempos
_______ Anatomia Humana
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depois apareceram à venda, livros encadernados com a pele curtida de Burke. Um de tais
livros pode ser visto no museu da Universidade, assim como o esqueleto de Burke.
Dr. Knox foi apontado como receptador dos corpos das vítimas assassinadas
levantou contra ele a suspeita de que teria conhecimento da procedência dos caiu em
desgraça perante a opinião pública. O seu curso de anatomia, que chegou a ter 504
alunos matriculados nos anos de 1827 e 1828, esvaziou-se progressivamente.
Em 1831, sentindo-se constrangido e alvo de desconfiança e de ataques, Knox
deixou o cargo de Conservador do museu e em 1842 mudou-se definitivamente para
Londres, onde viveu os últimos anos de sua vida.
Hare fugiu para Londres, onde terminou seus dias como indigente. Ignora-se o
destino de Margaret Hare e Helen McDouglas.
Os fatos ocorridos em Edinburgh repercutiram intensamente no Parlamento
britânico, que promulgou, em 1832, o Anatomy Act, segundo o qual passou a ser
permitido o uso de cadáveres não reclamados por familiares para o ensino de anatomia.
Com isto extinguiu-se na Grã Bretanha o mercado negro de cadáveres e a prática de
roubo de corpos nos cemitérios.
Este macabro episódio ficou marcado na história da língua inglesa pela criação do
neologismo burkism e do verbo to burk, com o sentido de sufocar, matar alguém para
venda do cadáver, assassinar sem deixar vestígio.
_______ Anatomia Humana
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Capítulo II – Estudo da Anatomia
1. Conceito de Anatomia
Anatomia é a ciência que estuda macro e microscopicamente, a constituição e o
desenvolvimento dos seres organizados. Um excelente e amplo conceito de anatomia foi
proposto em 1981 pela american association of anatomists: anatomia é a análise da
estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em
resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a
compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a
descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos
mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas.
A amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das
mudanças em longo prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das
mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento;
até as mudanças de curto prazo, associadas com fases diferentes de atividade
funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um
sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas
celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana =
através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é
equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência,
enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência.
Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da
civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos
corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras.
Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos:
 Anatomia macroscópica;
 Anatomia microscópica;
 Anatomia do desenvolvimento.
A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu,
utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia
Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e
_______ Anatomia Humana
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requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e
eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos
tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos).
A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do
ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do
desenvolvimento até o nascimento.
Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a
existência de estudos específicos.
2. Normal e Variação Anatômica
Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é
encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem
prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital.
Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila.
Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre prejuízo funcional
trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que
deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida,
é uma monstruosidade.
_______ Anatomia Humana
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3. Nomenclatura Anatômica
Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos
empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de
Nomenclatura Anatômica.
Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século passado,
graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França,
Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações
diferentes nestes centros de estudos e pesquisas.
Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20
000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5
000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica
internacional ocorreu em 1895.
Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas
revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura
Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatômica). Revisões
subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica
tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões
suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos
Internacionais de Anatomia.
A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país
pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a
nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas
traga também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste
princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os
termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o
seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações
(ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m.
levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e
situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados,
porque estão consagrados pelo uso.
_______ Anatomia Humana
16
4. Posição Anatômica
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-
se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada
posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas,
quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o
indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada.
Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com
a face voltada para frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores
estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores
unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente.
_______ Anatomia Humana
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5. Divisão do Corpo Humano
O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça
corresponde à extremidade superior do corpo estando unido ao tronco por uma porção
estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas
cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na
cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores ou
pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma parte
livre.
6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano
 Plano Sagital Mediano (ou, simplesmente, mediano): plano vertical que passa
longitudinalmente através do corpo, dividindo-o em dois antímeros direito e
esquerdo.
_______ Anatomia Humana
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 Nota 1: chama-se, genericamente, de planos sagitais aos planos verticais que
passam através do corpo, paralelos ao plano mediano. Qualquer plano paralelo ao
plano mediano é sagital, por definição.
 Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelo aos sagitais são denominados
laterais direito e esquerdo.
 Plano Frontal Médio: plano vertical, que passa através do corpo em ângulo reto
com o plano mediano, dividindo-o em dois paquímeros ventral e dorsal.
 Nota 1: denomina-se planos frontais (ou coronais) à quaisquer planos paralelos ao
frontal mediano e que dividem o corpo em partes anterior (frente) e posterior (de
trás).
 Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelos aos frontais são denominados
ventral (ou anterior) e dorsal (ou posterior).
 Planos Transversais (transversos): são planos horizontais, perpendiculares aos
planos sagitais e frontais, que dividem o corpo em metâmeros.
 Nota 1: Ao plano paralelo aos transversais que tangencia a cabeça denomina-se
cranial ou superior; e ao que tangencia os pés é chamado de inferior ou podálico.
 Nota 2: O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano que passa pelo
vértice do cóccix, o plano caudal.
_______ Anatomia Humana
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7. Termos de Posição e Direção
A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos
planos de delimitação e secção.
Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamados de medial e
laterais conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano
mediano do corpo.
Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou
ventral) e posteriores (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou
mais distante do plano anterior.
Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial)
para a mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste
plano.
Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros empregam-se,
comumente, os termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais
próxima e mais distante da raiz do membro. Para o tubo digestivo empregam-se os
termos oral e aboral, referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais
distante da boca.
Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de
intermédia. Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra
posterior, ou entre uma superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou
ainda uma oral e outra aboral) é denominada de média.
_______ Anatomia Humana
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Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas,
sendo este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana,
enquanto os outros termos de posição e direção são relativos, pois se baseiam na
comparação do seu posicionamento.
8. Termos de Movimentos
Na análise de movimento realizado, a determinação do eixo de movimento
realizado é feita obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é
sempre perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento. Assim, todo movimento é
realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é perpendicular àquele
plano.
 MOVIMENTOS ANGULARES
Nestes movimentos há uma diminuição ou aumento do ângulo existente entre o
segmento que se desloca e aquele que permanece fixo.
 Flexão e Extensão
 Flexão: É a diminuição do ângulo de uma articulação ou aproximação de duas
estruturas ósseas.
 Extensão: É o aumento do ângulo de uma articulação ou afastar duas estruturas
ósseas.
 Adução e Abdução
São movimentos nos quais o segmento é deslocado, respectivamente, em direção
ao plano mediano (adução) ou em direção oposta, isto é, afastando-se dele (abdução).
 Circundação
Em alguns segmentos do corpo, especialmente nos membros, o movimento
combinatório que inclui adução, extensão, abdução e flexão resultam na circundação.
Neste tipo de movimento, a extremidade distal do segmento descreve um círculo e o
_______ Anatomia Humana
21
corpo do segmento, um cone, cujo vértice é representado pela articulação que se
movimenta.
 Rotação
É o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo longitudinal (vertical).
Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação medial, quando a face anterior do
membro gira em direção ao plano mediano do corpo, e uma rotação lateral, no movimento
oposto.
 Mão: Rotação medial do antebraço = pronação.
 Rotação lateral do antebraço = supinação.
 Pé: Adução + Supinação (rotação medial) = inversão (do calcâneo).
 Abdução + Pronação (rotação lateral) = eversão (do calcâneo).
_______ Anatomia Humana
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9. Divisão do Estudo da Anatomia
 Osteologia: parte da anatomia que estuda os ossos.
 Miologia: parte da anatomia que estuda os músculos.
 Sindesmologia ou Artrologia: parte da anatomia que estuda as articulações.
 Angiologia: parte da anatomia que estuda o coração e os grandes vasos.
 Neuroanatomia: parte da anatomia que estuda o sistema nervoso central e o
periférico.
 Estesiologia: parte da anatomia que estuda os órgãos que se destinam à captação
das sensações.
 Esplancnologia: parte da anatomia que estuda as vísceras que se agrupam para o
desempenho de uma determinada função como: fonação, digestão, respiração,
reprodução e urinária.
 Endocrinologia: parte da anatomia que estuda as glândulas sem ducto, que
segregam hormônios, os quais são drenados diretamente na corrente sanguínea.
 Tegumento comum: parte da anatomia que estuda a pele e os seus anexos.
_______ Anatomia Humana
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Capítulo III – Sistema Esquelético
1. Considerações Gerais
Sistema esquelético (ou esqueleto) humano consiste em um conjunto de ossos,
cartilagens e ligamentos que se interligam para formar o arcabouço do corpo e
desempenhar várias funções, tais como: proteção (para órgãos como o coração, pulmões
e sistema nervoso central); sustentação e conformação do corpo; local de
armazenamento de cálcio e fósforo (durante a gravidez a calcificação fetal se faz, em
grande parte, pela reabsorção destes elementos armazenados no organismo materno);
sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem os deslocamentos
do corpo, no todo ou em parte e, finalmente, local de produção de várias células do
sangue.
O sistema esquelético pode ser dividido porções:
 Uma mediana, formando o eixo do corpo, composta pelos ossos da cabeça,
pescoço e tronco;
 O esqueleto axial formado pelo trono e cinturas;
 O esqueleto apendicular. A união entre estas duas porções se faz por meio de
cinturas: escapular (ou torácica), constituída pela escápula e clavícula e pélvica
constituída pelos ossos do quadril.
No adulto existem 206 ossos, distribuídos ao longo do corpo. Este número varia de
acordo com a idade (do nascimento a senilidade há uma redução do número de ossos),
fatores individuais e critérios de contagem.
2. Coluna Vertebral
No tronco destaca-se a coluna vertebral que é uma haste forte e flexível,
didaticamente dividida em duas porções: anterior, constituída pelo ligamento longitudinal
anterior, corpo vertebral, disco intervertebral e ligamento longitudinal posterior, e
outra, posterior, constituída pelo canal vertebral, ligamento amarelo, articulações inter-
apofisárias, ligamentos interespinhais e supra-espinhais, pedículos, lâminas, processos
transversos e espinhosos.
_______ Anatomia Humana
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A flexibilidade é sua principal característica, pois as vértebras apresentam
mobilidade entre si. A estabilidade é fornecida por sua estrutura ligamentar e
osteomuscular.
Entre suas funções, temos: proteção da medula espinhal, movimentação e marcha,
manutenção da posição ereta, suporte do peso corporal e ligação de todas as suas
regiões desde a occipital até o sacro.
Os 33 corpos vertebrais constituem os principais pilares da coluna, todos eles com
características próprias, sendo:
 7 cervicais
 12 torácicos
 5 lombares
 5 sacrais
 4 coccígeos
As vértebras são conectadas entre si pelas articulações posteriores entre os corpos
vertebrais e os arcos neurais. Elas se articulam de modo a conferir estabilidade e
_______ Anatomia Humana
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flexibilidade à coluna, atributos necessários para a mobilidade do tronco, postura,
equilíbrio e suporte de peso, e em seu interior o canal vertebral, eixo central que contém a
medula espinhal.
3. Classificação dos Ossos
Há várias maneiras de classificar os ossos. Uma delas é classificá-los por sua
posição topográfica, reconhecendo-se ossos axiais (que pertencem ao esqueleto axial) e
apendiculares (que fazem parte do esqueleto apendicular). Entretanto, a classificação
mais difundida é aquela que leva em consideração a forma dos ossos, classificando-os
segundo a relação entre suas dimensões lineares (comprimento, largura ou espessura),
em ossos longos, curtos, laminares e irregulares.
 Osso longo: Seu comprimento é consideravelmente maior que a largura e a
espessura. Consiste em um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises. A
diáfise apresenta, em seu interior, uma cavidade, o canal medular, que aloja a
medula óssea. Exemplos típicos são os ossos do esqueleto apendicular: fêmur,
úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula, falanges.
 Osso laminar: Seu comprimento e sua largura são equivalentes, predominando
sobre a espessura. Ossos do crânio, como o parietal, frontal, occipital e outros
como a escápula e o osso do quadril, são exemplos bem demonstrativos. São
também chamados (impropriamente) de ossos planos.
 Osso curto: Apresenta equivalência das três dimensões. Os ossos do carpo e do
tarso são excelentes exemplos.
 Osso irregular: Apresenta uma morfologia complexa não encontrando
correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e osso temporal
são exemplos marcantes.
 Osso pneumático: Apresenta uma ou mais cavidades, de volume variável,
revestidas de mucosa e contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de sinus ou
seio. Os ossos pneumáticos estão situados no crânio: frontal, maxilar, temporal,
etmoide e esfenoide.
_______ Anatomia Humana
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 Osso sesamóide: Que se desenvolve na substância de certos tendões ou da
cápsula fibrosa que envolve certas articulações. os primeiros são chamados
intratendíneos e os segundos periarticulares. A patela é um exemplo típico de osso
sesamóide intratendíneo.
4. Configuração Interna do Osso
A análise do osso por microscopia revela duas regiões que divergem entre si pelo
número de espaços livres entre as trabéculas ósseas, denominadas substância óssea
compacta e substância esponjosa. Embora os elementos constituintes sejam os mesmo
nos dois tipos de substâncias ósseas, eles dispõem-se diferentemente conforme o tipo
considerado, e, seu aspecto macroscópico também se difere.
Na substância óssea compacta as lamínulas de tecido ósseo encontram-se
fortemente unidas umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre interposto.
Por esta razão, esse tipo é mais denso e rígido.
_______ Anatomia Humana
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Na substância óssea esponjosa as lamínulas ósseas, mais irregulares em forma e
tamanho, se arranjam de forma a deixar entre si espaços ou lacunas que se comunicam
umas com as outras.
5. Características Ósseas
No vivente e no cadáver o osso se encontra sempre revestido por delicada
membrana conjuntiva, com exceção das superfícies articulares. Esta membrana é
denominada periósteo e apresenta dois folhetos: um superficial e outro profundo, este em
contato direto com a superfície óssea.
A camada profunda é chamada osteogênica pelo fato de suas células se
transformarem em células ósseas, que são incorporadas à superfície do osso,
promovendo assim o seu espessamento.
Os ossos são altamente vascularizados. As artérias do periósteo penetram no
osso, irrigando-o e distribuindo-se na medula óssea. Por esta razão, desprovido do seu
periósteo o osso deixa de ser nutrido e morre.
_______ Anatomia Humana
28
Capítulo IV – Sistema Articular
1. Definição
Os ossos unem-se uns aos outros para constituir o esqueleto. Esta união não tem a
finalidade exclusiva de colocar os ossos em contato, mas também de permitir mobilidade
e elasticidade ao esqueleto. Esta união não se faz da mesma maneira entre todos os
ossos, assim, uma maior ou uma menos possibilidade de movimento varia de acordo com
o tipo de união.
2. Classificação das Junturas
As junturas são classificadas em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e
sinoviais, cuja definição é feita de acordo com o elemento estrutural encontrado em cada
tipo de juntura.
 ARTICULAÇÕES FIBROSAS: São formadas por tecido conjuntivo fibroso e
conferem mais elasticidade do que mobilidade; são encontradas principalmente no
crânio. É evidente que a mobilidade nestas junturas é extremamente reduzida,
embora o tecido conjuntivo interposto confira certa elasticidade ao crânio. Dentro
das articulações fibrosas, dois subtipos podem ser listados, a saber: suturas e
sindesmoses.
 Articulações fibrosas suturas: apresentam forma variável e, por isso, podemos
classificá-las em: planas (união linear, retilínea ou aproximadamente retilínea),
escamosas (união em forma de bisel) e serreadas (união em “linha dentada”).
 Sutura Plana
 Sutura Escamosa
_______ Anatomia Humana
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 Sutura Serreada
E interessante comentar que, na vida pré e pós-natal, o tamanho das articulações
que separam os ossos do crânio é maior em alguns pontos pela presença de maior
quantidade de tecido conjuntivo fibroso.
Essas regiões são chamadas de fontanelas (popularmente conhecidas como
moleiras) e desaparecem após a ossificação completa do crânio.
 Articulações fibrosas sindesmoses: apresentam também como tecido interposto o
conjuntivo fibroso, mas não ocorrem entre os ossos do crânio. Na verdade, só há
dois registros desse tipo de juntura: sindesmose tíbio-fibular, isto é, a que se faz
_______ Anatomia Humana
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entre as extremidades distais da tíbia e da fíbula e rádio ulnar entre as
extremidades do rádio e da ulna.
 ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS: Apresentam também pouca mobilidade,
são constituídas por cartilagem que pode ser hialina (cartilagem articular que
representa a porção do osso que não foi invadida pela ossificação) ou fibrosa. Se
na articulação o elemento encontrado for cartilagem hialina, ela será classificada
como articulação cartilaginosa sincondrose; se cartilagem fibrosa, articulação
cartilaginosa sínfise.
Sincondrose externa Cartilaginosa Sínfise
_______ Anatomia Humana
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 ARTICULAÇÕES SINOVIAIS: Apresentam como elemento estrutural a sinóvia, um
líquido viscoso que permite a mobilidade da junção óssea com o mínimo de atrito
entre as extremidades do osso.
Essas extremidades ósseas são formadas por cartilagem hialina, desprovidas de
suprimento sanguíneo e nervoso, o que torna lento e difícil a regeneração do tecido, em
caso de lesões.
Além disso, encontramos nesse tipo de articulação uma cápsula articular, que
envolve a articulação, e uma cavidade articular onde se encontra o liquido sinovial.
Dessa forma, a cápsula articular, a cavidade articular e o líquido sinovial são
características das articulações sinoviais.
Em várias junturas sinoviais, interpostas às superfícies articulares, encontram-se
formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida:
serviriam à melhor adaptação das superfícies que se articulam ou seriam destinadas a
receber violentas pressões, agindo como amortecedores.
Meniscos, com sua forma de meia lua são encontrados na articulação do joelho e
disco intra-articular nas articulações esterno clavicular e têmporo mandibular.
_______ Anatomia Humana
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Os critérios utilizados para classificar as articulações sinoviais são: a forma das
superfícies ósseas que entram em contato e o movimento realizado por elas, de forma
que as articulações sinoviais podem ser classificadas em: plana, gínglimo, trocóide,
condilar, em sela e esferoide.
 Plana: As superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas, permitindo
deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. Exemplo:
articulação sacro-ilíaca.
 Gínglimo: Denominado também de dobradiça refere-se muito mais ao movimento
do que à forma das superfícies articulares: realizam flexão e extensão. Exemplo:
articulação do cotovelo.
 Trocóide: Permite rotação. Exemplo: articulação rádio-ulnar proximal responsável
pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação ocorre
uma rotação medial do rádio e na supinação, rotação lateral.
 Condilar: As superfícies articulares são elípticas. Permitem flexão, extensão,
abdução e adução, mas não permitem a rotação. Exemplo: articulação rádio-
cárpica (ou do punho), articulação têmporo mandibular.
_______ Anatomia Humana
33
 Em sela: A superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela,
apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa
numa segunda peça onde convexidade e concavidades apresentam-se no sentido
inverso da primeira. Permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação
(consequentemente circundação). Exemplo: articulação carpo-metacárpico do
polegar.
 Esferoide: As superfícies articulares são segmentos de esferas e se encaixam em
receptáculos ocos. Permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução,
rotação e circundação. Exemplo: articulação do ombro (entre úmero e escápula) e
do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur).
_______ Anatomia Humana
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Capítulo V – Sistema Muscular
1. Conceito
O músculo é a unidade contrátil do ser vivo, que obedece aos comandos do
sistema nervoso central.
São estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento da distância
que existe entre suas extremidades fixadas, ou seja, por contração, estes últimos são
os elementos ativos do movimento. Além de tornar possível o movimento, a musculatura
também mantém unida.
A literatura relata que os músculos podem ser classificados em:
 Músculo estriado esquelético: músculos do esqueleto humano.
 Músculo estriado cardíaco: presente no coração.
 Músculo liso: presentes em órgãos viscerais.
O ser vivo é disposto de uma variedade de músculos que estão fixados em regiões
posterior, anterior, lateral e medial no corpo humano.
2. Funções dos Músculos
Entre ao vários tipos de músculos existentes ao longo de nosso corpo, tanto os
músculos esqueléticos, quanto cardíaco e lisos realizam atividades específicas, tais como:
 Contração muscular;
 Locomoção;
_______ Anatomia Humana
35
 Sustentação;
 Proteção;
 Regulação de temperatura;
 Respiração;
 Elasticidade;
 Flexibilidade.
3. Mecanismo da Contração Muscular
A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral
representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Ao contrair- se o ventre
muscular há um encurtamento do comprimento do músculo e consequente deslocamento
da peça esquelética.
O trabalho realizado por um músculo depende da potência do músculo e da
amplitude de contração do mesmo. A amplitude de contração depende do comprimento
das fibras musculares. Assim, um músculo longo tem o mais alto grau de encurtamento.
A potência (ou força) é função do número de fibras que se contraem e número de
fibras contido em uma secção transversal do músculo, o que é medido em ângulo reto
com o eixo maior dos fascículos musculares e não com o eixo maior do músculo como um
todo.
Desta forma, o que um músculo penado perde em amplitude de contração, ganha
em força.
Como foi anteriormente dito, o trabalho do músculo se manifesta pelo
deslocamento de um (ou mais) osso(s). Os músculos agem sobre os ossos como
potências sobre braços de alavancas. No caso da musculatura cardíaca e dos músculos
lisos, geralmente situadas nas paredes de vísceras ocas ou tubulares, também se produz
um trabalho: a contração da musculatura destes órgãos reduz seu volume ou seu
diâmetro e desta forma vai expelir ou impulsionar seu conteúdo.
A célula muscular obedece a chamada lei do tudo ou nada, ou seja, ou está
completamente contraída ou está totalmente relaxada. Assim, a quantidade de fibras
musculares que vai estar envolvida com o trabalho de um músculo, ao mesmo tempo, vai
depender de quantas unidades motoras ele possua. Denomina-se unidade motora ao
conjunto de fibras de um músculo supridas pelo mesmo neurônio. Desta forma um
_______ Anatomia Humana
36
músculo com poucas unidades motoras é um músculo de movimentos mais grosseiros,
enquanto aquele que possui muitas unidades motoras é capaz de movimentos de alta
precisão e delicadeza.
Outra forma de classificar os músculos é observando o trabalho que eles realizam,
ou seja, sua função. Assim, quando o músculo executa um movimento, ele é denominado
agonista; quando se opõe ao movimento do agonista, ele é denominado antagonista;
ainda, quando potencializa a ação do agonista, ele é denominado sinergista.
_______ Anatomia Humana
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Capítulo VI – Sistema Nervoso
1. Considerações Gerais
O sistema nervoso é dividido em duas partes principais:
 Sistema nervoso central, composto de cérebro e medula espinhal.
 Sistema nervoso periférico, composto de nervos cranianos e espinhais e seus
gânglios associados.
O sistema nervoso central é composto de grande número de células nervosas e
suas ramificações, mantidas por tecido especializado denominado neuroglia. Neurônio é o
nome dado à célula nervosa e todas as suas ramificações. As ramificações longas de
uma célula nervosa são denominadas axônios, ou fibras nervosas.
O interior do sistema nervoso central é organizado em substância branca e
cinzenta.
 A substância cinzenta consiste em células nervosas e das porções proximais; de
suas ramificações, encerradas em neuroglia.
 A substância branca consiste em fibras nervosas encerradas em neuroglia.
Na dissecção do sistema nervoso periférico, observa-se que os nervos cranianos e
espinhais são cordões de coloração branco-acinzentada. São constituídos de feixes de
fibras nervosas mantidos por fino tecido areolar.
_______ Anatomia Humana
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Existem 12 pares de nervos cranianos que partem do cérebro e passam através de
foramens do crânio. Existem 31 pares de nervos espinhais que partem da medula
espinhal e passam através de foramens intervertebrais na coluna vertebral.
2. Funções do Sistema Nervoso
O sistema nervoso é um dos principais órgãos do organismo vivo que desempenha
as seguintes funções:
 Controlar
 Comandar
 Executar
 Produzir
 Conduzir
 Direcionar
 Ordenar
 Liberar
Todos os tipos de comandos para que o seu vivo possa realizar as tarefas com
todas as suas integridades.
3. Subdivisões do Sistema Nervoso
3.1. Sistema Nervoso Periférico
O sistema nervoso periférico é composto por terminações nervosas, gânglios e
nervos. Estes são cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por
tecido conjuntivo e que têm por função levar (ou trazer) impulsos ao (do) SNC. As fibras
_______ Anatomia Humana
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que levam impulsos ao SNC são chamadas de aferentes ou sensitivas, enquanto que as
que trazem impulsos do SNC são as aferentes ou motoras. Os nervos são divididos em
dois grupos: nervos cranianos e nervos espinhais.
3.2. Sistema Nervoso Autônomo
Tanto o SN somático quanto o SN visceral possuem uma parte aferente e outra
eferente. Denomina-se sistema nervoso autônomo (SNA) a parte eferente do SN visceral.
O SNA por sua vez é dividido em duas partes: o sistema simpático e o sistema
parassimpático.
O simpático estimula as atividades que ocorrem em situações de emergência ou
tensão, enquanto o parassimpático é mais ativo nas condições comuns da vida,
estimulando atividades que restauram e conservam a energia corporal.
O simpático tem origens nas regiões torácica e lombar da medula espinhal,
enquanto o parassimpático as tem porções no tronco encefálico e nos segmentos sacrais
da medula espinhal. Ambos possuem fibras pré-ganglionares que fazem conexões com
gânglios (acúmulo de neurônios fora do SNC) e dos quais partem fibras pós-ganglionares
que vão até os órgãos efetuadores; contudo as fibras pré- ganglionares simpáticas são
curtas e as pós-ganglionares são longas, enquanto no parassimpático ocorre o contrário.
Existem várias outras diferenças, como no tipo dos mediadores químicos, que fogem ao
objetivo deste tópico.
_______ Anatomia Humana
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4. Condução de Informações no Sistema Nervoso
As informações que são transmitidas pelo sistema nervoso, são chamadas de
impulsos elétricos ou potenciais de ação que trafegam por estruturas chamadas de nervos
ou fibras, que na verdade é um conjunto de axônios unidos para realizar esta função.
Podendo então classificar este nervos em:
 Fibras aferentes: levam todas as informações sensitivas ao sistema nervoso
central.
 Fibras efetoras: trazem as informações do sistema nervoso central para a
realização dos movimentos.
5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso
5.1. Meninges
A proteção ao SNC dada pelo crânio e pela coluna é acentuada reforçada pela
presença de lâminas de tecido conjuntivo, as meninges, que são de fora para dentro:
dura-máter, aracnoide e pia-máter.
A dura-máter é a mais espessa delas. No crânio está associada ao periósteo da
face interna dos ossos, enquanto entre ela e a coluna vertebral existe um espaço, o
espaço extradural (ou epidural). A pia-máter é a mais fina e está intimamente aplicada ao
encéfalo e à medula espinhal. Entre a dura e a pia-máter está a aracnoide, da qual partem
fibras delicadas que vão à pia-máter, formando uma rede semelhante a uma teia de
aranha. A aracnoide é separada da dura-máter por um espaço virtual, o espaço subdural
_______ Anatomia Humana
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e da pia-máter pelo espaço subaracnoideo, real, onde circula o líquido cérebro-espinhal
ou líquor, o qual funciona como absorvente de choques.
O líquido cérebro-espinhal, incolor, é constantemente produzido nos ventrículos do
encéfalo e constantemente deixa o espaço subaracnoideo para entrar no sistema venoso.
Atua na nutrição do SNC e como amortecedor, protegendo o SNC de movimentos súbitos.
O SNC é heterogêneo quanto à distribuição dos corpos dos neurônios e de seus
prolongamentos. As regiões onde predominam os corpos neuronais são chamadas de
substância cinzenta. Outras regiões contêm, predominantemente, prolongamentos
neuronais (em especial seus axônios). Estes prolongamentos são, muitas vezes,
revestidos por mielina, o que lhes dá coloração mais pálida, daí a denominação de
substância branca.
No cérebro e no cerebelo a estrutura geral é a mesma: uma massa de substância
branca, revestida externamente por uma fina camada de substância cinzenta e tendo no
centro massas de substância cinzenta constituindo os núcleos (acúmulos de corpos
neuronais dentro do SNC). Na medula, a substância cinzenta forma um eixo central
contínuo envolvido por substância branca, enquanto no tronco encefálico a substância
cinzenta central não é contínua, apresentando-se fragmentada, formando núcleos.
5.2. Cérebro
O cérebro responde pelas funções nervosas mais elevadas, contendo centros para
interpretação de estímulos bem como centros que iniciam movimentos musculares. Ele
armazena informações e é responsável também por processos psíquicos altamente
elaborados, determinando a inteligência e a personalidade.
Ele é constituído pelos hemisférios cerebrais e pelo diencéfalo. Os hemisférios
cerebrais são duas massas unidas por uma ponte de fibras nervosas, o corpo caloso e
separado por uma lâmina de dura-máter, a foice do cérebro. Cada hemisfério é dividido
em cinco lobos, quatro dos quais vistos na superfície do cérebro e correspondendo cada
um aos ossos do crânio com que guardam relações, os lobos frontal, parietal, temporal e
occipital. O quinto lobo, a insula, fica coberto por partes dos lobos temporal, frontal e
parietal.
Os hemisférios são formados por uma camada externa de substância cinzenta, o
córtex cerebral - convoluto, formando giros e sulcos - e por uma massa interna de
_______ Anatomia Humana
42
substância branca, na qual estão enterrados diversos grupos de núcleos, os núcleos da
base, que fazem parte do sistema motor, participando do controle dos movimentos,
facilitando e sustentando os movimentos em curso e inibindo movimentos indesejados. A
cavidade dos hemisférios cerebrais forma os ventrículos laterais e a parte rostral do
terceiro ventrículo.
O diencéfalo fica quase totalmente circundado pelos hemisférios cerebrais; sua
cavidade forma a maior parte do terceiro ventrículo. Constituído pelo tálamo, pelo
hipotálamo e pelo epitálamo.
O tálamo é centro de retransmissão de todos os impulsos sensitivos (exceto olfato)
para o córtex cerebral. O hipotálamo é local de regulação de atividades viscerais
(cardiovascular, temperatura corporal, do equilíbrio hidroeletrolítico, da atividade
gastrintestinal e fome e das funções endócrinas), do sono e da vigília, da resposta sexual
e das emoções. O epitálamo é formado principalmente pela glândula pineal, implicada no
controle dos ritmos circadianos e na regulação do início da puberdade. É produtora do
hormônio melatonina.
5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo
O tronco encefálico apresenta é formado por substância branca contendo núcleos no
seu interior. Divide-se em mesencéfalo, ponte e bulbo.
_______ Anatomia Humana
43
O mesencéfalo é responsável pelos reflexos visuais e auditivos (colículos superior e
inferior); seus núcleos e os pedúnculos cerebrais participam do controle da postura e dos
movimentos.
A ponte é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos
cranianos (III – VII); e controla o ritmo e força da respiração.
O bulbo é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos
cranianos (VIII-XII); e é centro autônomo visceral (respiração, ritmo cardíaco,
vasoconstrição).
O cerebelo tem estrutura geral parecida com a do cérebro (substância cinzenta
externa e substância branca interna) e atua na coordenação motora e no equilíbrio.
5.4. Medula Espinhal
Situada no interior do canal vertebral, se continua rostralmente com o bulbo. Ela
recebe informações do pescoço, do tronco e dos membros e os controla, por meio dos
trinta e um nervos espinhais. A medula consiste em uma parte central de substância
cinzenta e outra parte periférica, de substância branca.
A substância cinzenta tem a forma aproximada da letra H. As projeções posteriores
são os cornos dorsais, os quais tanto contêm neurônios aferentes, condutores de
impulsos sensoriais periféricos, quanto dão origem às vias ascendentes, condutoras de
impulsos sensoriais para o encéfalo. As projeções anteriores são os cornos ventrais, que
contêm os neurônios motores da medula espinhal. Nas partes torácica e lombar existem
projeções laterais, as colunas laterais, que contêm os neurônios pré-ganglionares
simpáticos.
_______ Anatomia Humana
44
A substância branca contém fibras nervosas de trajeto longitudinal (tratos
ascendentes e tratos descendentes). Os principais tratos ascendentes são:
 Colunas dorsais (fascículos grácil e cuneiforme): tato discriminativo e
propriocepção.
 Trato espinotalâmico: dor, temperatura, pressão e tato grosseiro.
_______ Anatomia Humana
45
 Trato espinocerebelar: informação dos receptores musculares e articulares.
Os principais tratos descendentes são:
 Trato corticoespinhal anterior: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores
corticais que não cruzaram de lado nas pirâmides do bulbo; termina na medula
torácica. Suas fibras cruzam para o lado oposto pouco antes de fazerem sinapse
com os neurônios motores medulares.
 Tratos corticoespinhal lateral: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores
corticais que cruzaram de lado (decussaram) nas pirâmides do bulbo. Mais
importante por ter mais fibras está presente ao longo de toda medula.
 Tratos rubro-espinhal, vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal: origem no tronco
encefálico; participam do controle motor.
6. Tecido Nervoso
O tecido nervoso compreende basicamente dois tipos de celulares: os neurônios e
as células glias.
 Neurônio: é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso que é
especializada para a comunicação rápida. Tem a função básica de receber,
processar e enviar informações. São células altamente excitáveis que se
comunicam entre si ou com outras células efetuadoras, usando basicamente uma
linguagem elétrica. A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por
funções especializadas: corpo celular, dendritos e axônios.
 Corpo celular: é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de
todas as proteínas neuronais. A forma e o tamanho do corpo celular são
extremamente variáveis, conforme o tipo de neurônio. O corpo celular é também,
junto com os dendritos, local de recepção de estímulos, através de contatos
sinápticos.
 Dendritos: geralmente são curtos e ramificam-se profusamente, a maneira de
galhos de árvore, em ângulos agudos, originando dendritos de menor diâmetro.
São os processos ou projeções que transmitem impulsos para os corpos celulares
dos neurônios ou para os axônios. Em geral os dendritos são não mielinizados. Um
_______ Anatomia Humana
46
neurônio pode apresentar milhares de dendritos. Portanto, os dendritos são
especializados em receber estímulos.
 Axônios: a grande maioria dos neurônios possui um axônio, prolongamento longo e
fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal. O axônio
apresenta comprimento muito variável, podendo ser de alguns milímetros como
mais de um metro. São os processos que transmitem impulsos que deixam os
corpos celulares dos neurônios, ou dos dendritos. A porção terminal do axônio
sofre várias ramificações para formar de centenas a milhares de terminais
axônicos, no interior dos quais são armazenados os neurotransmissores químicos.
Portanto, o axônio é especializado em gerar e conduzir o potencial de ação.
 Tipos de Neurônios
São três os tipos de neurônios: sensitivo, motor e interneurônio. Um neurônio
sensitivo conduz a informação da periferia em direção ao SNC, sendo também chamado
neurônio aferente. Um neurônio motor conduz informação do SNC em direção à periferia,
sendo conhecido como neurônio eferente. Os neurônios sensitivos e motores são
encontrados tanto no SNC quanto no SNP.
Portanto, o sistema nervoso apresenta três funções básicas:
_______ Anatomia Humana
47
 Função Sensitiva: os nervos sensitivos captam informações do meio interno e
externo do corpo e as conduzem ao SNC;
 Função Integradora: a informação sensitiva trazida ao SNC é processada ou
interpretada;
 Função Motora: os nervos motores conduzem a informação do SNC em direção
aos músculos e às glândulas do corpo, levando as informações do SNC.
 Sinapses
Os neurônios, principalmente através de suas terminações axônicas, entram em
contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais contatos são
denominados sinapses. Ou seja, os neurônios comunicam-se uns aos outros nas
sinapses – pontos de contato entre neurônios, no qual encontramos as vesículas
sinápticas, onde estão armazenados os neurotransmissores. A comunicação ocorre por
meio de neurotransmissores – agentes químicos liberados ou secretados por um
neurônio. Os neurotransmissores mais comuns são a acetilcolina e a norepinefrina.
Outros neurotransmissores do SNC incluem a epinefrina, a serotonina, o GABA e as
endorfinas.
 Fibras nervosas
Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presente, seu envoltório de
origem glial.
O principal envoltório das fibras nervosas é a bainha de mielina (camadas de
substâncias de lipídeos e proteína), que funciona como isolamento elétrico. Quando
envolvidos por bainha de mielina, os axônios são denominados fibras nervosas mielínicas.
Na ausência de mielina as fibras são denominadas de fibras nervosas amielínicas.
Ambos os tipos ocorrem no sistema nervoso central e no sistema nervoso periférico,
sendo a bainha de mielina formada por células de Schwann, no periférico e no central por
oligodendrócitos.
A bainha de mielina permite uma condução mais rápida do impulso nervoso e, ao
longo dos axônios, a condução é do tipo saltatória, ou seja, o potencial de ação só ocorre
em estruturas chamadas de nódulos de Ranvier.
_______ Anatomia Humana
48
 Células Glias: compreende as células que ocupam os espaços entre os neurônios
e tem como função sustentação, revestimento ou isolamento e modulação da
atividade neural.
7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso
Do ponto de vista funcional, o sistema nervoso (SN) pode ser dividido em SN
somático e SN visceral. O SN somático é responsável por integrar o indivíduo ao meio
externo, uma vez que inerva estruturas periféricas, enquanto que o SN visceral regula a
atividade das vísceras, de forma a controlar a homeostase, ou seja, a constância do meio
interno.
A parte aferente do SN somático conduz aos centros nervosos impulsos originados
em receptores periféricos, informando a estes centros o que se passa no ambiente. Por
outro lado, a parte eferente do SN somático leva aos músculos esqueléticos o comando
dos centros nervosos, resultando movimentos que levam a um maior relacionamento ou
integração com o meio externo.
O SN visceral é muito importante para a integração da atividade das vísceras no
sentido da manutenção da constância do meio interno (homeostase). A parte aferente
conduz impulsos nervosos originados em receptores das vísceras a áreas específicas do
SNC. A parte eferente traz impulsos de certos centros nervosos até as estruturas
viscerais terminando pois em glândulas, músculo liso, músculo cardíaco.
Por definição, denominam-se SN autônomo apenas a parte eferente (componente
eferente) do SN visceral, que por sua vez divide-se em simpático e parassimpático.
FIGURA: DIVISÃO FUNCIONAL DO SN VISCERAL
 DIFERENÇA ENTRE SN SOMÁTICO EFERENTE E SN VISCERAL EFERENTE
OU SN AUTÔNOMO
Os sistemas nervosos visceral e o somático apresentam algumas diferenças
anatômicas e funcionais, as quais podem ser listadas: a natureza dos órgãos inervados
(somático inerva músculo estriado esquelético, enquanto visceral inerva músculo estriado
_______ Anatomia Humana
49
cardíaco, músculo liso ou glândulas), número de neurônios que inervam o órgão efetor
(somático tem um neurônio e visceral tem dois neurônios) – no SN visceral dois neurônios
ligam o SNC ao órgão efetor, sendo que um desses neurônios tem seu corpo localizado
dentro do SNC e o outro fora do SNC.
O neurônio cujo corpo está localizado dentro do SNC é denominado neurônio pré-
glanglionar e o que está localizado fora do SNC, de neurônio pós-ganglionar.
Esse agregado de corpos neuronais fora do SNC recebe o nome de gânglio. Já no
SNC esse mesmo agregado de corpos celulares recebe o nome de núcleo.
Diferentemente, o somático apresenta somente um neurônio que liga o SNC ao órgão
efetor, ou seja, ao músculo esquelético, terminando em uma estrutura chamada de placa
motora. Para fins didáticos, podemos dizer que o SN somático está envolvido com ações
voluntárias, e o visceral com ações involuntárias.
 DIFERENÇAS ENTRE SN AUTÔNOMO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO
O SN autônomo é dividido em dois ramos, simpático e parassimpático. Esses dois
ramos apresentam diferenças anatômicas, farmacológicas e fisiológicas.
 DIFERENÇAS ANATÔMICAS:
 Posição dos neurônios pré-ganglionares: Como se sabe, os neurônios pré-
ganglionares têm seus corpos localizados dentro do SNC na medula e tronco
encefálico. No tronco encefálico, eles se agrupam formando os núcleos de origem
de alguns nervos cranianos. Na medula eles ocorrem do 1º ao 12º segmentos
torácicos (T1 até T12), nos dois primeiros segmentos lombares (L1 e L2), e nos
segmentos S2, S3 e S4 da medula sacral. No SN simpático os neurônios pré-
ganglionares localizam- se na medula torácica e lombar (entre T1 e L2), sendo
chamados de SN simpático tóraco-lombar. No SN parassimpático eles se
localizam no tronco encefálico (portanto dentro do crânio) e na medula sacral (S2,
S3 e S4), sendo chamado de SN parassimpático crânio-sacral.
 Posição dos neurônios pós-ganglionares: No SN simpático, os neurônios pós-
ganglionares estão localizados longe das vísceras e próximo da coluna vertebral.
No SN parassimpático os neurônios pós-ganglionares estão localizados próximos
ou dentro das vísceras.
_______ Anatomia Humana
50
 Tamanho das fibras pré e pós-ganglionares: Em consequência da posição dos
gânglios, o tamanho das fibras pré e pós-ganglionares é diferente nos dois
sistemas. No SN simpático a fibra pré-glanglionar é curta e a pós-ganglionar é
longa. Já no SN parassimpático, temos o contrário: a fibra pré-glanglionar é longa e
a pós-ganglionar, curta.
Histologicamente, as fibras pós-ganglionares são amielínicos e as pré-
ganglionares são mielinizados.
 DIFERENÇAS FARMACOLÓGICAS:
As diferenças farmacológicas dizem respeito à ação de drogas. Quando injetamos
em um animal certas drogas, como adrenalina e noradrenalina obtêm efeitos (aumento da
PA, da FC e etc.) que se assemelham aos obtidos por ação do SN simpático. Essas
drogas que imitam a ação do SN simpático são denominadas simpaticomiméticas.
Existem também drogas como a acetilcolina que imitam as ações do
parassimpático e são chamadas de parassimpaticomiméticas.
A descoberta dos mediadores químicos veio explicar o modo de ação e as
diferenças existentes entre estes dois tipos de drogas. Sabemos hoje que a ação da fibra
nervosa sobre o efetuador (músculo ou glândula) se faz por liberação de um mediador
químico, dos quais os mais importantes são a acetilcolina e a noradrenalina. As
fibras nervosas que liberam acetilcolina são chamadas de colinérgicas e as que liberam
noradrenalina são chamadas de adrenérgicas.
O SN simpático e parassimpático diferem no que se refere à disposição das fibras
adrenérgicas e colinérgicas. As fibras pré-ganglionares tanto simpáticas como
parassimpáticas e as fibras pós-ganglionares parassimpáticas são colinérgicas. Contudo,
a grande maioria das fibras pós-ganglionares do simpático é adrenérgica (exceto as fibras
que inervam as glândulas sudoríparas).
 DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS:
Tanto o simpático quanto o parassimpático atuam juntos, regulando o
funcionamento visceral. É fato que, quase sempre, essa atuação é antagônica entre
_______ Anatomia Humana
51
esses dois ramos, sendo que em alguns casos eles exercem o mesmo efeito no órgão
efetor.
A maior parte dos órgãos é mista para o SN autônomo, ou seja, recebem fibras
simpáticas e parassimpáticas; entretanto, algumas estruturas apresentam somente um
tipo de inervação, ou simpática ou parassimpática, como por exemplo, as glândulas
sudoríparas, que são glândulas exócrinas. As glândulas endócrinas não possuem
inervação simpática ou parassimpática, uma vez que o controle de sua atividade é
hormonal. Nessas estruturas, a atuação do SN autônomo se restringe aos vasos que as
nutrem.
O SN autônomo está conectado a algumas áreas do telencéfalo e diencéfalo,
envolvidos com o comportamento emocional, a saber: hipotálamo e sistema límbico. Este
fato explica as alterações do funcionamento visceral frente a distúrbios emocionais e de
emergência. Outra característica é o número de neurônios pós-ganglionares que fazem
sinapse com o pré-ganglionar. No simpático, um neurônio pré- ganglionar pode fazer
sinapse com vários neurônios pós-ganglionares, enquanto que o neurônio pré-glanglionar
do parassimpático somente o faz com um único neurônio. Assim, a ativação do SN
autônomo produz uma descarga adrenérgica, levando o organismo a um estado de alerta
por ativar vários sistemas orgânicos.
O SN parassimpático tem ações sempre localizadas a um órgão ou setor do
organismo enquanto as ações do SN simpático tendem a ser difusas atingindo vários
órgãos.
_______ Anatomia Humana
52
Capítulo VII – Sistema Esquelético
1. Considerações Gerais
O sistema circulatório é dividido em:
 Sistema circulatório sanguíneo, com as funções de levar oxigênio e nutrientes aos
tecidos e deles trazer seus produtos, que serão redistribuídos a outros órgãos e
tecidos e seus resíduos, que serão eliminados (ver sistema urinário).
 Sistema circulatório linfático, que transporta para a circulação sanguínea o excesso
de líquido intersticial, bem como substâncias de grande tamanho, incapazes de
passar diretamente dos tecidos para aquela. Além disto, ajuda na defesa do
organismo contra o ataque de microrganismos.
Em síntese o sistema circulatório pode ser dividido em: sistema sanguíneo
composto por artérias, veias, capilares e coração e cujo fluido é o sangue e em sistema
linfático, formado por vasos linfáticos, linfonodos, tonsilas e órgãos hemopoiéticos e cujo
fluido é a linfa.
A principal estrutura do sistema circulatório é o coração, também conhecido como
bomba cardíaca.
2. Circulação Sanguínea
O coração, localizado no mediastino torácico (porção mediana do tórax,
compreendida entre as cavidades pulmonares é um órgão muscular oco que funciona
como uma bomba contrátil-propulsora).
_______ Anatomia Humana
53
O tecido muscular que forma o coração é de tipo especial, tecido muscular estriado
cardíaco, e constitui sua camada média, o miocárdio. Este é revestido internamente por
endotélio, o qual é contínuo com a camada íntima dos vasos que chegam ou saem do
coração. Esta camada interna é o endocárdio.
Externamente ao miocárdio, há uma serosa revestindo-o, denominada epicárdio. A
cavidade do coração é subdividida em quatro câmaras: duas à direita, o átrio e o
ventrículo direitos e duas à esquerda, o átrio e o ventrículo esquerdos. O átrio direito se
comunica com o ventrículo direito através do óstio atrioventricular direito, no qual existe
um dispositivo direcionador do fluxo, a valva tricúspide. O mesmo ocorre à esquerda,
através do óstio atrioventricular esquerdo, cujo dispositivo direcionador de fluxo é a valva
mitral. As cavidades direitas são separadas das esquerdas pelos septos interatrial e
interventricular.
Ao átrio direito, através das veias cavas inferiores e superior chega o sangue
venoso do corpo (com baixa pressão de O2 e alta pressão de CO2). Ele passa ao
ventrículo direito através do óstio atrioventricular direito e deste vai ao tronco pulmonar e
daí, através das artérias pulmonares direita e esquerda, dirige-se aos pulmões, onde
ocorrerá a troca gasosa, com CO2 sendo liberado dos capilares pulmonares para o meio
ambiente e com O2 sendo absorvido do meio ambiente para os capilares
pulmonares. Estes capilares confluem e, progressivamente, se formam as veias
pulmonares que levam sangue rico em O2 para o átrio esquerdo. Deste, o sangue passa
ao ventrículo esquerdo através do óstio atrioventricular esquerdo e daí vai para a artéria
aorta, que inicia sua distribuição pelo corpo.
O trajeto ventrículo esquerdo aorta artérias de calibres progressivamente
menores capilares veias de calibres progressivamente maiores veias cavas
superiores e inferior átrio direito, é chamado de grande circulação ou circulação
sistêmica.
O trajeto ventrículo direito tronco pulmonar artérias pulmonares direita e
esquerda, com redução progressiva de calibre capilares pulmonares veias
pulmonares com aumento progressivo de calibre átrio esquerdo, é chamado de
pequena circulação ou circulação pulmonar.
_______ Anatomia Humana
54
3. Vasos Sanguíneos
Os vasos sanguíneos são de três tipos: artérias, veias e capilares.
 As artérias levam o sangue do coração e o distribuem para os vários tecidos do
corpo por meio de seus ramos.
 As veias são vasos que levam o sangue de volta para o coração; multas delas
possuem valvas. As veias menores são denominadas vênulas.
 Os capilares são vasos microscópicos com a forma de uma rede conectando as
arteríolas às vênulas.
_______ Anatomia Humana
55
3.1. Artérias
São tubos cilindróides, com propriedades elásticas e calibre variado, ou seja:
grande, médio, pequeno e arteríolas (com o menor diâmetro), cujos ramos podem ser
terminais (quando a artéria se ramifica e o tronco principal deixa de existir após a divisão),
colaterais (quando a artéria se ramifica e o tronco de origem continua a existir) e
recorrentes (quando o ramo colateral forma com a artéria tronco um ângulo obtuso, neste
caso o sangue circula em direção posta àquela da artéria de origem).
As artérias podem ser superficiais ou profundas, sendo que a maioria é profunda, o
que funcionalmente é interessante, uma vez que esses locais oferecem proteção a elas.
As artérias superficiais têm um calibre pequeno, se destinam à pele, ramificando-se a
partir de artérias musculares.
Os critérios mais comuns utilizados para designar as artérias estão relacionados
com: local por onde passam (artéria braquial), órgão irrigado (artéria renal) e peça óssea
mais próxima (artéria femoral).
3.2. Veias
São tubos que apresentam forma variada, dependendo, é claro, do volume de
sangue presente no vaso. Dessa forma, quando as veias estão cheias de sangue tornam-
se cilíndricas, mas quando estão com pouco sangue tornam-se achatadas. Essa
_______ Anatomia Humana
56
versatilidade na forma dos tubos é fruto da constituição de sua parede; esses vasos
apresentam pouca elastina e mais colágeno, o que confere ao tubo essa distensibilidade.
O diâmetro dos vasos é variável, podendo ser encontrados vasos de grande, médio
e pequeno calibre, além de vênulas (estruturas do sistema venoso com menor diâmetro).
Enquanto as artérias se ramificam, formando outros vasos de menor calibre, as veias de
menor calibre vão se unindo com outras veias, formando vasos de calibre maior. Essas
veias que se confluem são chamadas de tributárias ou afluentes.
Assim como as artérias, as veias podem ser superficiais e profundas, porém, pode
existir entre essas duas veias uma comunicação, estabelecida por vasos, de- nominados
veias comunicantes. As veias superficiais são subcutâneas, calibrosas e funcionam como
válvula de escape para o sangue venoso de origem muscular durante a contração. As
veias profundas são classificadas em satélites e solitárias; quando acompanham o trajeto
de uma artéria, são veias satélites, quando não acompanham, são veias solitárias.
Numerosas veias comunicam veias superficiais com veias profundas e são denominadas
veias comunicantes.
No corpo, a quantidade de veias é maior que as artérias. Fato justificado pelo
número de veias superficiais, superior ao de artérias, e pela presença de 2 veias
acompanhando o trajeto dos vasos arteriais, denominadas veias satélites. Ainda, as veias
podem ser classificadas de acordo com as estruturas que drenam, ou seja: veias que
drenam vísceras ou órgãos são denominadas de veias viscerais, enquanto as veias que
drenam as paredes das vísceras são denominadas veias parietais.
Outra característica das veias é a presença de válvulas no seu interior, formadas a
partir de uma projeção da membrana interna do vaso (prega membranosa da camada
interna da veia, em forma de bolso), cuja função é orientar o fluxo e impedir o refluxo de
sangue. Entretanto, veias do cérebro, pescoço e algumas veias do tronco não apresentam
válvulas, já que o fluxo sanguíneo nesses territórios é favorecido pela gravidade. A
falência das válvulas provoca estase sanguínea e dilatação dos vasos, o que é
acompanhado por muita dor. Esse quadro clínico é conhecido por varizes.
O fluxo sanguíneo venoso é contrário ao das artérias, ou seja, em direção ao
coração. Além disso, de modo geral, enquanto as artérias transportam sangue oxigenado
para os tecidos, as veias transportam sangue pobre em oxigênio e rico em produtos do
metabolismo celular para os sítios de excreção (pulmões e rins).
_______ Anatomia Humana
57
O sangue circula nas artérias por diferença de pressão, mas isso não acontece
com o sangue nas veias, onde a pressão é quase nula, o que torna o fluxo sanguíneo
lento. Dessa forma, outros mecanismos são necessários para que o sangue circule, a
saber: válvulas, peristaltismo (movimento das vísceras no tubo digestório), contração
muscular, movimentos respiratórios, pulsação das artérias e compressão da planta dos
pés.
3.3. Capilares Sanguíneos
São as menores estruturas do sistema circulatório, formadas por uma única
camada de células endoteliais, interpostas entre as artérias e veias e com distribuição
universal, exceto em tecidos nos quais a nutrição se dá por difusão, como por exemplo,
cartilagem hialina, epiderme, córnea e lente. Aqui ocorrem as trocas entre o sangue e os
tecidos.
_______ Anatomia Humana
58
Capítulo VIII – Sistema Linfático
1. Anatomia do Sistema Linfático
O sistema linfático tem sua origem embrionária no mesoderma, desenvolvendo-se
junto aos vasos sanguíneos. Durante a vida intrauterina, algumas modificações no
desenvolvimento embrionário podem surgir, constituindo assim, características
morfológicas pessoais, que variam entre os indivíduos (Garrido, 2000).
O sistema linfático tem como função imunológica à ativação da resposta
inflamatória e o controle de infecções. Através de sua simbiose com os vasos sanguíneos,
regula o balanço do fluído tissular. Esse delicado balanço é possível pelo transporte
unidirecional de proteínas do tecido para o sistema sanguíneo. Em conjunção com o
_______ Anatomia Humana
59
trabalho dos vasos, o sistema linfático mantém o equilíbrio entre a filtração e a reabsorção
dos fluídos tissulares (Miller, 1994).
As moléculas de proteínas transportam oxigênio e nutrientes para as células dos
tecidos, onde então removem seus resíduos metabólicos. Várias moléculas de proteínas
que não conseguem ser transportadas pelo sistema venoso são retornadas ao sistema
sanguíneo através do linfático. Consequentemente, o líquido linfático se torna rico em
proteínas, mas também transporta células adiposas, e outras macromoléculas. A
circulação normal de proteínas requer um funcionamento adequado dos vasos linfáticos,
caso contrário, os espaços intersticiais podem ficar congestionados (Miller, 1994).
 Capilares Linfáticos
A rede linfática tem seu início nos capilares linfáticos, formando verdadeiros plexos
que se entrelaçam com os capilares sanguíneos. Através dos vasos pré-coletores e
coletores, a linfa prossegue até chegar ao canal linfático direito e ao ducto torácico, que
desembocam na junção das veias subclávia e jugular interna. (Camargo, 2000).
Os capilares linfáticos possuem um endotélio mais delgado em relação ao
sanguíneo. Suas células endoteliais sobrepõem-se em escamas, formando microválvulas
que se tornam pérvias, permitindo sua abertura ou fechamento, conforme o afrouxamento
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  • 2. _______ Anatomia Humana 1 Sumário Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana ..................................................................5 1. Conceito................................................................................................................................................. 5 2. Histórico da Anatomia Humana ............................................................................................................ 5 3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia............................................................................................ 8 Capítulo II – Estudo da Anatomia...................................................................................13 1. Conceito de Anatomia......................................................................................................................... 13 2. Normal e Variação Anatômica............................................................................................................. 14 3. Nomenclatura Anatômica.................................................................................................................... 15 4. Posição Anatômica .............................................................................................................................. 16 5. Divisão do Corpo Humano................................................................................................................... 17 6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano............................................................................ 17 7. Termos de Posição e Direção .............................................................................................................. 19 8. Termos de Movimentos....................................................................................................................... 20 9. Divisão do Estudo da Anatomia........................................................................................................... 22 Capítulo III – Sistema Esquelético..................................................................................23 1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 23 2. Coluna Vertebral.................................................................................................................................. 23 3. Classificação dos Ossos........................................................................................................................ 25 4. Configuração Interna do Osso............................................................................................................. 26 5. Características Ósseas ......................................................................................................................... 27 Capítulo IV – Sistema Articular.......................................................................................28 1. Definição.............................................................................................................................................. 28 2. Classificação das Junturas.................................................................................................................... 28 Capítulo V – Sistema Muscular.......................................................................................34 1. Conceito............................................................................................................................................... 34 2. Funções dos Músculos......................................................................................................................... 34 3. Mecanismo da Contração Muscular.................................................................................................... 35 Capítulo VI – Sistema Nervoso .......................................................................................37 1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 37 2. Funções do Sistema Nervoso............................................................................................................... 38 3. Subdivisões do Sistema Nervoso......................................................................................................... 38 3.1. Sistema Nervoso Periférico ............................................................................................................. 38
  • 3. _______ Anatomia Humana 2 3.2. Sistema Nervoso Autônomo............................................................................................................ 39 4. Condução de Informações no Sistema Nervoso.................................................................................. 40 5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso ................................................................................................ 40 5.1. Meninges......................................................................................................................................... 40 5.2. Cérebro............................................................................................................................................ 41 5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo.......................................................................................................... 42 5.4. Medula Espinhal .............................................................................................................................. 43 6. Tecido Nervoso.................................................................................................................................... 45 7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso................................................................................................ 48 Capítulo VII – Sistema Esquelético ................................................................................52 1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 52 2. Circulação Sanguínea........................................................................................................................... 52 3. Vasos Sanguíneos ................................................................................................................................ 54 3.1. Artérias ............................................................................................................................................ 55 3.2. Veias ................................................................................................................................................ 55 3.3. Capilares Sanguíneos....................................................................................................................... 57 Capítulo VIII – Sistema Linfático ....................................................................................58 1. Anatomia do Sistema Linfático............................................................................................................ 58 2. Fisiologia do Sistema Linfático............................................................................................................. 62 3. Mecanismo de Formação da Linfa....................................................................................................... 64 4. Câncer e Sistema Linfático................................................................................................................... 66 Capítulo IX – Sistema Respiratório ................................................................................67 1. Condições Gerais ................................................................................................................................. 67 2. Nariz..................................................................................................................................................... 67 3. Faringe................................................................................................................................................. 68 4. Laringe ................................................................................................................................................. 68 5. Traqueia............................................................................................................................................... 68 6. Brônquios............................................................................................................................................. 68 7. Fisiologia da Respiração ...................................................................................................................... 68 Capítulo X – Sistema Digestivo ......................................................................................70 1. Conceito............................................................................................................................................... 70 2. Boca ..................................................................................................................................................... 70 3. Dentes.................................................................................................................................................. 70
  • 4. _______ Anatomia Humana 3 4. Línguas................................................................................................................................................. 70 5. Palato................................................................................................................................................... 71 6. Faringe e Esôfago................................................................................................................................. 71 7. Estômago............................................................................................................................................. 71 8. Intestino Delgado ................................................................................................................................ 72 9. Intestino Grosso .................................................................................................................................. 72 10. Glândulas Anexas............................................................................................................................. 73 10.1. Glândulas Salivares...................................................................................................................... 73 10.2. Pâncreas ...................................................................................................................................... 73 10.3. Fígado .......................................................................................................................................... 73 Capítulo XI – Sistema Excretor.......................................................................................75 1. Conceito............................................................................................................................................... 75 2. Néfron.................................................................................................................................................. 75 3. Principais Catabólitos .......................................................................................................................... 76 4. Eliminação da Urina............................................................................................................................. 77 4.1. Ureter .............................................................................................................................................. 77 4.2. Bexiga Urinária ................................................................................................................................ 77 4.3. Uretra .............................................................................................................................................. 78 Capítulo XII – Sistema Genital ........................................................................................79 1. Sistema Reprodutor Masculino ........................................................................................................... 79 1.1. Pênis ................................................................................................................................................ 79 1.2. Saco Escrotal, Bolsa Escrotal ou Escroto ......................................................................................... 80 1.3. Corpo Cavernoso ............................................................................................................................. 81 1.4. Corpo Esponjoso.............................................................................................................................. 81 1.5. Túbulos Seminíferos ........................................................................................................................ 81 1.6. Bexiga .............................................................................................................................................. 81 2. Sistema Reprodutor Feminino............................................................................................................. 81 2.1. Órgãos Genitais Internos................................................................................................................. 82 Capítulo XIII – Sistema Endócrino..................................................................................86 1. Considerações Gerais .......................................................................................................................... 86 2. Principais Glândulas Endócrinas.......................................................................................................... 87 Capítulo XIV – Sistema Sensorial...................................................................................89 1. Introdução ........................................................................................................................................... 89
  • 5. _______ Anatomia Humana 4 2. Tato ou Somestesia ............................................................................................................................. 90 3. Audição................................................................................................................................................ 90 4. Gustação.............................................................................................................................................. 92 5. Olfato................................................................................................................................................... 93 6. Visão .................................................................................................................................................... 93 Capítulo XV – Sistema Tegumentar................................................................................95 1. Introdução ........................................................................................................................................... 95 2. Função da Pele..................................................................................................................................... 96 3. Anexos da Pele..................................................................................................................................... 96 Capítulo XVI – Referencia Bibliográficas.......................................................................98
  • 6. _______ Anatomia Humana 5 Capítulo I – A Historia da Anatomia Humana 1. Conceito A Anatomia (anã = em partes + tomein = cortar) estuda macroscopicamente a constituição dos seres, identificando órgãos e sistemas. Por ser antiga, é considerada uma ciência-mãe, uma vez que dá suporte para as demais ciências biológicas, o que permite a identificação e o estabelecimento conceitual dos sistemas orgânicos. Vários anos foram necessários para que uma linguagem padrão fosse estabelecida pelos anatomistas. A nomenclatura anatômica, como foi chamada essa linguagem universal, tornou possível a padronização nominal das estruturas do corpo, diminuindo o vasto dicionário de termos anatômicos existentes, além de constituir um avanço no campo conciliatório entre os anatomistas do mundo inteiro. 2. Histórico da Anatomia Humana O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmata, que provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal. No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático. A partir do ano 150 a.C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais. Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de “cocção dos ossos”.
  • 7. _______ Anatomia Humana 6 O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana cada vez mais frequente. A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros tanto de conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal quais os antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo. A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa qualidade oposta à prática, as figuras não realistas e esquemáticas foram suficientes. Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori fabrica em 1453, um dos livros mais importantes da história do homem. Vesálio nasceu em Bruxelas em 1514, no seio de uma família muito relacionada com a casa de Borgonha e a corte do Imperador da Alemanha. Sua primeira formação médica foi na Universidade de Paris (onde esteve com mestres como Jacques du Bois e Guinter de Andernach), e foi interrompida pela guerra entre França e o Sacro Império Romano. Vesálio completou seus estudos na renomada escola médica de Pádua, no norte da Itália. Após seu término começou a estudar cirurgia e anatomia. Após alguns trabalhos preliminares, em 1543, com a idade de 28 anos, publicou seu opus magnun, que revolucionou não só a anatomia como também o ensino científico em geral. As ilustrações da Fabrica destacam-se precisamente pela sua estreita relação com o texto, já que ajudam no entendimento do que este expressa com dificuldade. Supera a pauta expositiva usada por Mondino, e cada um dos sistemas principais (ossos, músculos, vasos sanguíneos, nervos e órgãos internos) é representado e estudado separadamente. As partes de cada sistema orgânico são expostas tanto em conjunto
  • 8. _______ Anatomia Humana 7 como individualmente e mesmo assim são consideradas todas as relações entre essas estruturas. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos. No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar. Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e comum ideia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida, continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton. Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa (exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson em 1611 estabeleceu a diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de glândula apesar de não formar parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham do cérebro. A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica referente à produção de sangue. Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou que o sangue nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta transformação. A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII foram dados passos importantes para seu esclarecimento. Robert Hook (1635-1703) demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar
  • 9. _______ Anatomia Humana 8 transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o venoso, a qual se devia ao contato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitro aéreo e ganhava os vapores produzidos pelo sangue. Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da imaginação. 3. Episódio Macabro no Ensino da Anatomia No século XVIII, Edinburgh, na Grã-Bretanha, era um grande centro de estudos anatômicos. Na Universidade, a cátedra de Anatomia foi ocupada pela dinastia dos Monro por três gerações. O primeiro deles, Alexander Monro primus lecionou de 1720 a 1758, tendo sido substituído por seu filho Alexander Monro secundus, que se destacou como autor de quatro importantes obras de Anatomia, numa das quais, publicada em 1797, descreveu o chamado "buraco de Monro". Sucedeu-lhe seu filho, Alexander Monro tertius, que não possuía as qualidades do pai, e o ensino de Anatomia na Universidade entrou em declínio. Na época, era permitido o ensino paralelo em escolas e cursos privados. Para o ensino de anatomia destacava-se o curso extracurricular dirigido por John Barclay, anatomista de grande renome e prestígio internacional. Barclay convidou para ser seu assistente ao Dr. Robert Knox, que se tornou um dos personagens do episódio que vamos narrar. Antes, precisamos saber quem era Robert Knox. Robert Knox (1791-1862) era natural de Edinburgh, onde foi educado. No colégio fora um aluno brilhante, tendo sido premiado por seu desempenho nos estudos e conduta exemplar. Graduou-se em medicina em 1814, ingressando no ano seguinte no Exército
  • 10. _______ Anatomia Humana 9 como cirurgião- auxiliar. Uma de suas primeiras atuações foi a de atender feridos da batalha de Waterloo. Em 1815 foi promovido a cirurgião-assistente, indo servir na África do Sul, onde permaneceu durante três anos. Durante sua estada na África do Sul interessou-se por estudos de anatomia comparada, antropologia e características étnicas dos povos africanos. Retornando a Edinburgh em 1821 licenciou-se do Exército e foi estagiar em Paris com Cuvier, um dos grandes anatomistas da época. De volta a Edinburgh aceitou o convite de Barclay para ser seu assistente no curso de anatomia. Entre 1821 e 1823 Knox publicou vários trabalhos científicos no Edinburgh Medical Journal e em dezembro de 1823 foi eleito membro da Royal Society. Barclay possuía uma grande coleção de peças anatômicas, que ele doou ao Royal College of Surgeons de Edinburgh para instalação de um museu de anatomia e, em 1825, Knox foi indicado para Conservador do museu. Este museu foi enriquecido com outra grande coleção de anatomia e anatomia patológica adquirida pelo Colégio, em Londres, de Charles Bell. Knox encarregou-se de organizar o museu, catalogando todas as peças. Paralelamente a essas atividades, Knox firmou-se como professor de anatomia na escola de Barclay. Suas aulas eram muito apreciadas pelos alunos por seu conteúdo, exposição didática e, sobretudo, pelas demonstrações práticas em dissecções de cadáveres. Em agosto de 1826 Barclay faleceu e Knox assumiu a direção da escola, que contava, naquele ano, com 300 alunos matriculados. Na ocasião, o ensino prático de anatomia era dificultado pela falta de cadáveres para dissecção. A dissecção só era legalmente permitida em corpos dos criminosos condenados ao patíbulo, pois fazia parte da pena de morte negar ao criminoso sepultamento digno em terreno santificado pela Igreja. O número de criminosos condenados à morte era insuficiente para prover as necessidades do ensino de anatomia. Em consequência, surgiu o mercado negro de cadáveres, os quais eram exumados por ladrões no cemitério, logo após o sepultamento, e vendidos às escolas médicas. Os cadáveres deviam ser recentes, pois não havia os métodos de conservação atuais. Os ladrões de cadáveres passaram a ser chamados de ressurreccionistas. As famílias dos mortos para se defenderem dos ressurreccionistas, costumavam proteger o túmulo com grades ou pagar vigias noturnos. Alguns cemitérios foram
  • 11. _______ Anatomia Humana 10 cercados de muros ou dispunham de torres de observação e policiamento contínuo. Mesmo assim, os ladrões de cadáveres conseguiam ludibriar toda a vigilância. Curiosamente, os ressurreccionistas, quando acusados, não eram condenados, por falta de amparo legal, pois não havia lei prevendo este tipo de crime e a violação da sepultura não se enquadrava como roubo, já que o cadáver não é propriedade de ninguém. Foi nesse ambiente que ocorreu o episódio macabro que abalou a opinião pública, não somente na Inglaterra, como em todo o mundo. Dois irlandeses, William Hare e William Burke, que residiam em Edinburgh, cometeram uma série de assassinatos com o fim de vender os corpos das vítimas para dissecção nas aulas de anatomia. William Hare residia em uma pensão, cujo proprietário, Mr. Log veio a falecer. Hare casou-se com a viúva, Margaret, passando da condição de hóspede a dono da pensão. William Burke e sua amante, Helen Mc Douglas, foram residir na referida pensão como inquilinos. Hare e Burke costumavam beber juntos e tornaram-se amigos. Em 29 de novembro de 1827, um dos pensionistas, de nome Donald, aposentado que vivia só, morreu subitamente, deixando uma dívida para com a pensão. Hare teve a ideia de vender o cadáver para dissecção, com o fim de se ressarcir do prejuízo. Com a ajuda de Burke simulou o sepultamento, colocando no caixão um peso equivalente ao de uma pessoa. Hare tencionava vender o corpo para Alexander Monro, na Universidade, porém foi informado por um estudante que a escola de anatomia do Dr. Knox pagaria um preço melhor. O corpo foi vendido para o Dr. Knox por 7.1 libras. Encorajados com o sucesso da operação, perceberam ambos que a venda de cadáveres era um negócio muito lucrativo. Em lugar de violar sepulturas no cemitério, o que era trabalhoso e arriscado idealizou um processo mais fácil de obter o cadáver, que puseram em prática. A estratégia consistia em atrair para a pensão pessoas desamparadas, pedintes de rua, cuja morte não seria notada pela comunidade, passando despercebida. A vítima era embriagada com whisky e, a seguir, morta por asfixia, comprimindo-se com um travesseiro ou almofada seu rosto, impedindo-a de respirar. Esse método não deixava vestígio da causa da morte. Burke se encarregava da execução e Hare de negociar a venda do corpo.
  • 12. _______ Anatomia Humana 11 Os estudantes do curso de Anatomia do Dr. Knox passaram a desconfiar de que algo estranho estaria ocorrendo, dada a quantidade de corpos disponíveis para dissecção, todos em bom estado, ao contrário da escassez habitual. Dois corpos chegaram a ser identificados por alguns estudantes: o de uma prostituta, de nome Mary Paterson, e de um homem popular conhecido por Daft Jamie. Comunicaram o fato ao Dr. Knox, que não o levou em consideração, e os corpos foram imediatamente dissecados. Durante o ano de 1828 pelo menos 16 corpos foram vendidos à escola de anatomia do Dr. Knox. A última vítima foi de uma irlandesa de nome Mary Docherty, que desapareceu da pensão de um dia para outro, levantando suspeitas entre os demais hóspedes, especialmente do casal Gray, que encontrou o corpo debaixo de uma cama. A polícia foi avisada, porém quando chegou à pensão já o corpo não se encontrava no local. Alguns vizinhos, contudo, relataram ter visto dois homens carregando uma grande caixa de madeira. A polícia, já ciente da suspeita que pairava na escola de anatomia do Dr. Knox, para lá se dirigiu, onde encontrou e identificou o corpo da vítima. Em 24 de dezembro de 1828 foram presos Hare e sua mulher e Burke com sua amante. Na impossibilidade de obter uma prova concreta de que se tratava de assassinato, visto que não havia ferimentos ou sinais de violência no corpo da vítima, a polícia propôs a Hare que, se ele confessasse somente Burke seria julgado pelo assassinato de Mary Docherty. Hare contou toda a verdade e foi posto em liberdade juntamente com sua mulher. Burke foi julgado e condenado à forca. Sua amante, Helen Mc Donald, acusada de cumplicidade, foi absolvida por falta de provas. Antes de sua morte, Burke confirmou que havia matado, ao todo, 16 pessoas, porém negou que jamais houvesse violado uma sepultura para roubo de cadáver. Sua execução, na forca, ocorreu no dia 28 de janeiro de 1829 e foi assistida por uma multidão de milhares de pessoas, de todas as classes sociais, que se acotovelavam para ver de perto o criminoso. Fazia parte da sentença que o seu corpo fosse publicamente dissecado pelo Prof. Alexander Monro tertius, o que foi feito. Durante a dissecção, em presença de estudantes e de curiosos, houve um tumulto e a maior parte da pele do criminoso, que já havia sido retirada, desapareceu. Tempos
  • 13. _______ Anatomia Humana 12 depois apareceram à venda, livros encadernados com a pele curtida de Burke. Um de tais livros pode ser visto no museu da Universidade, assim como o esqueleto de Burke. Dr. Knox foi apontado como receptador dos corpos das vítimas assassinadas levantou contra ele a suspeita de que teria conhecimento da procedência dos caiu em desgraça perante a opinião pública. O seu curso de anatomia, que chegou a ter 504 alunos matriculados nos anos de 1827 e 1828, esvaziou-se progressivamente. Em 1831, sentindo-se constrangido e alvo de desconfiança e de ataques, Knox deixou o cargo de Conservador do museu e em 1842 mudou-se definitivamente para Londres, onde viveu os últimos anos de sua vida. Hare fugiu para Londres, onde terminou seus dias como indigente. Ignora-se o destino de Margaret Hare e Helen McDouglas. Os fatos ocorridos em Edinburgh repercutiram intensamente no Parlamento britânico, que promulgou, em 1832, o Anatomy Act, segundo o qual passou a ser permitido o uso de cadáveres não reclamados por familiares para o ensino de anatomia. Com isto extinguiu-se na Grã Bretanha o mercado negro de cadáveres e a prática de roubo de corpos nos cemitérios. Este macabro episódio ficou marcado na história da língua inglesa pela criação do neologismo burkism e do verbo to burk, com o sentido de sufocar, matar alguém para venda do cadáver, assassinar sem deixar vestígio.
  • 14. _______ Anatomia Humana 13 Capítulo II – Estudo da Anatomia 1. Conceito de Anatomia Anatomia é a ciência que estuda macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. Um excelente e amplo conceito de anatomia foi proposto em 1981 pela american association of anatomists: anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. A amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das mudanças em longo prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto prazo, associadas com fases diferentes de atividade funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência. Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras. Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos:  Anatomia macroscópica;  Anatomia microscópica;  Anatomia do desenvolvimento. A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e
  • 15. _______ Anatomia Humana 14 requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos). A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do desenvolvimento até o nascimento. Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a existência de estudos específicos. 2. Normal e Variação Anatômica Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital. Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila. Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida, é uma monstruosidade.
  • 16. _______ Anatomia Humana 15 3. Nomenclatura Anatômica Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de Nomenclatura Anatômica. Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França, Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5 000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatômica). Revisões subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos Internacionais de Anatomia. A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas traga também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo uso.
  • 17. _______ Anatomia Humana 16 4. Posição Anatômica Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando- se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada. Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com a face voltada para frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente.
  • 18. _______ Anatomia Humana 17 5. Divisão do Corpo Humano O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça corresponde à extremidade superior do corpo estando unido ao tronco por uma porção estreitada, o pescoço. O tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas cavidades torácica e abdominal; a cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na cavidade pélvica. Dos membros, dois são superiores ou torácicos e dois inferiores ou pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual está ligada ao tronco, e uma parte livre. 6. Planos de Delimitação e Secção do Corpo Humano  Plano Sagital Mediano (ou, simplesmente, mediano): plano vertical que passa longitudinalmente através do corpo, dividindo-o em dois antímeros direito e esquerdo.
  • 19. _______ Anatomia Humana 18  Nota 1: chama-se, genericamente, de planos sagitais aos planos verticais que passam através do corpo, paralelos ao plano mediano. Qualquer plano paralelo ao plano mediano é sagital, por definição.  Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelo aos sagitais são denominados laterais direito e esquerdo.  Plano Frontal Médio: plano vertical, que passa através do corpo em ângulo reto com o plano mediano, dividindo-o em dois paquímeros ventral e dorsal.  Nota 1: denomina-se planos frontais (ou coronais) à quaisquer planos paralelos ao frontal mediano e que dividem o corpo em partes anterior (frente) e posterior (de trás).  Nota 2: os planos tangentes ao corpo e paralelos aos frontais são denominados ventral (ou anterior) e dorsal (ou posterior).  Planos Transversais (transversos): são planos horizontais, perpendiculares aos planos sagitais e frontais, que dividem o corpo em metâmeros.  Nota 1: Ao plano paralelo aos transversais que tangencia a cabeça denomina-se cranial ou superior; e ao que tangencia os pés é chamado de inferior ou podálico.  Nota 2: O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano que passa pelo vértice do cóccix, o plano caudal.
  • 20. _______ Anatomia Humana 19 7. Termos de Posição e Direção A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos planos de delimitação e secção. Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamados de medial e laterais conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano mediano do corpo. Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou ventral) e posteriores (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano anterior. Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial) para a mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste plano. Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros empregam-se, comumente, os termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da raiz do membro. Para o tubo digestivo empregam-se os termos oral e aboral, referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da boca. Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de intermédia. Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra posterior, ou entre uma superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou ainda uma oral e outra aboral) é denominada de média.
  • 21. _______ Anatomia Humana 20 Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas, sendo este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana, enquanto os outros termos de posição e direção são relativos, pois se baseiam na comparação do seu posicionamento. 8. Termos de Movimentos Na análise de movimento realizado, a determinação do eixo de movimento realizado é feita obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é sempre perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento. Assim, todo movimento é realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é perpendicular àquele plano.  MOVIMENTOS ANGULARES Nestes movimentos há uma diminuição ou aumento do ângulo existente entre o segmento que se desloca e aquele que permanece fixo.  Flexão e Extensão  Flexão: É a diminuição do ângulo de uma articulação ou aproximação de duas estruturas ósseas.  Extensão: É o aumento do ângulo de uma articulação ou afastar duas estruturas ósseas.  Adução e Abdução São movimentos nos quais o segmento é deslocado, respectivamente, em direção ao plano mediano (adução) ou em direção oposta, isto é, afastando-se dele (abdução).  Circundação Em alguns segmentos do corpo, especialmente nos membros, o movimento combinatório que inclui adução, extensão, abdução e flexão resultam na circundação. Neste tipo de movimento, a extremidade distal do segmento descreve um círculo e o
  • 22. _______ Anatomia Humana 21 corpo do segmento, um cone, cujo vértice é representado pela articulação que se movimenta.  Rotação É o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo longitudinal (vertical). Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação medial, quando a face anterior do membro gira em direção ao plano mediano do corpo, e uma rotação lateral, no movimento oposto.  Mão: Rotação medial do antebraço = pronação.  Rotação lateral do antebraço = supinação.  Pé: Adução + Supinação (rotação medial) = inversão (do calcâneo).  Abdução + Pronação (rotação lateral) = eversão (do calcâneo).
  • 23. _______ Anatomia Humana 22 9. Divisão do Estudo da Anatomia  Osteologia: parte da anatomia que estuda os ossos.  Miologia: parte da anatomia que estuda os músculos.  Sindesmologia ou Artrologia: parte da anatomia que estuda as articulações.  Angiologia: parte da anatomia que estuda o coração e os grandes vasos.  Neuroanatomia: parte da anatomia que estuda o sistema nervoso central e o periférico.  Estesiologia: parte da anatomia que estuda os órgãos que se destinam à captação das sensações.  Esplancnologia: parte da anatomia que estuda as vísceras que se agrupam para o desempenho de uma determinada função como: fonação, digestão, respiração, reprodução e urinária.  Endocrinologia: parte da anatomia que estuda as glândulas sem ducto, que segregam hormônios, os quais são drenados diretamente na corrente sanguínea.  Tegumento comum: parte da anatomia que estuda a pele e os seus anexos.
  • 24. _______ Anatomia Humana 23 Capítulo III – Sistema Esquelético 1. Considerações Gerais Sistema esquelético (ou esqueleto) humano consiste em um conjunto de ossos, cartilagens e ligamentos que se interligam para formar o arcabouço do corpo e desempenhar várias funções, tais como: proteção (para órgãos como o coração, pulmões e sistema nervoso central); sustentação e conformação do corpo; local de armazenamento de cálcio e fósforo (durante a gravidez a calcificação fetal se faz, em grande parte, pela reabsorção destes elementos armazenados no organismo materno); sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem os deslocamentos do corpo, no todo ou em parte e, finalmente, local de produção de várias células do sangue. O sistema esquelético pode ser dividido porções:  Uma mediana, formando o eixo do corpo, composta pelos ossos da cabeça, pescoço e tronco;  O esqueleto axial formado pelo trono e cinturas;  O esqueleto apendicular. A união entre estas duas porções se faz por meio de cinturas: escapular (ou torácica), constituída pela escápula e clavícula e pélvica constituída pelos ossos do quadril. No adulto existem 206 ossos, distribuídos ao longo do corpo. Este número varia de acordo com a idade (do nascimento a senilidade há uma redução do número de ossos), fatores individuais e critérios de contagem. 2. Coluna Vertebral No tronco destaca-se a coluna vertebral que é uma haste forte e flexível, didaticamente dividida em duas porções: anterior, constituída pelo ligamento longitudinal anterior, corpo vertebral, disco intervertebral e ligamento longitudinal posterior, e outra, posterior, constituída pelo canal vertebral, ligamento amarelo, articulações inter- apofisárias, ligamentos interespinhais e supra-espinhais, pedículos, lâminas, processos transversos e espinhosos.
  • 25. _______ Anatomia Humana 24 A flexibilidade é sua principal característica, pois as vértebras apresentam mobilidade entre si. A estabilidade é fornecida por sua estrutura ligamentar e osteomuscular. Entre suas funções, temos: proteção da medula espinhal, movimentação e marcha, manutenção da posição ereta, suporte do peso corporal e ligação de todas as suas regiões desde a occipital até o sacro. Os 33 corpos vertebrais constituem os principais pilares da coluna, todos eles com características próprias, sendo:  7 cervicais  12 torácicos  5 lombares  5 sacrais  4 coccígeos As vértebras são conectadas entre si pelas articulações posteriores entre os corpos vertebrais e os arcos neurais. Elas se articulam de modo a conferir estabilidade e
  • 26. _______ Anatomia Humana 25 flexibilidade à coluna, atributos necessários para a mobilidade do tronco, postura, equilíbrio e suporte de peso, e em seu interior o canal vertebral, eixo central que contém a medula espinhal. 3. Classificação dos Ossos Há várias maneiras de classificar os ossos. Uma delas é classificá-los por sua posição topográfica, reconhecendo-se ossos axiais (que pertencem ao esqueleto axial) e apendiculares (que fazem parte do esqueleto apendicular). Entretanto, a classificação mais difundida é aquela que leva em consideração a forma dos ossos, classificando-os segundo a relação entre suas dimensões lineares (comprimento, largura ou espessura), em ossos longos, curtos, laminares e irregulares.  Osso longo: Seu comprimento é consideravelmente maior que a largura e a espessura. Consiste em um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises. A diáfise apresenta, em seu interior, uma cavidade, o canal medular, que aloja a medula óssea. Exemplos típicos são os ossos do esqueleto apendicular: fêmur, úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula, falanges.  Osso laminar: Seu comprimento e sua largura são equivalentes, predominando sobre a espessura. Ossos do crânio, como o parietal, frontal, occipital e outros como a escápula e o osso do quadril, são exemplos bem demonstrativos. São também chamados (impropriamente) de ossos planos.  Osso curto: Apresenta equivalência das três dimensões. Os ossos do carpo e do tarso são excelentes exemplos.  Osso irregular: Apresenta uma morfologia complexa não encontrando correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e osso temporal são exemplos marcantes.  Osso pneumático: Apresenta uma ou mais cavidades, de volume variável, revestidas de mucosa e contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de sinus ou seio. Os ossos pneumáticos estão situados no crânio: frontal, maxilar, temporal, etmoide e esfenoide.
  • 27. _______ Anatomia Humana 26  Osso sesamóide: Que se desenvolve na substância de certos tendões ou da cápsula fibrosa que envolve certas articulações. os primeiros são chamados intratendíneos e os segundos periarticulares. A patela é um exemplo típico de osso sesamóide intratendíneo. 4. Configuração Interna do Osso A análise do osso por microscopia revela duas regiões que divergem entre si pelo número de espaços livres entre as trabéculas ósseas, denominadas substância óssea compacta e substância esponjosa. Embora os elementos constituintes sejam os mesmo nos dois tipos de substâncias ósseas, eles dispõem-se diferentemente conforme o tipo considerado, e, seu aspecto macroscópico também se difere. Na substância óssea compacta as lamínulas de tecido ósseo encontram-se fortemente unidas umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre interposto. Por esta razão, esse tipo é mais denso e rígido.
  • 28. _______ Anatomia Humana 27 Na substância óssea esponjosa as lamínulas ósseas, mais irregulares em forma e tamanho, se arranjam de forma a deixar entre si espaços ou lacunas que se comunicam umas com as outras. 5. Características Ósseas No vivente e no cadáver o osso se encontra sempre revestido por delicada membrana conjuntiva, com exceção das superfícies articulares. Esta membrana é denominada periósteo e apresenta dois folhetos: um superficial e outro profundo, este em contato direto com a superfície óssea. A camada profunda é chamada osteogênica pelo fato de suas células se transformarem em células ósseas, que são incorporadas à superfície do osso, promovendo assim o seu espessamento. Os ossos são altamente vascularizados. As artérias do periósteo penetram no osso, irrigando-o e distribuindo-se na medula óssea. Por esta razão, desprovido do seu periósteo o osso deixa de ser nutrido e morre.
  • 29. _______ Anatomia Humana 28 Capítulo IV – Sistema Articular 1. Definição Os ossos unem-se uns aos outros para constituir o esqueleto. Esta união não tem a finalidade exclusiva de colocar os ossos em contato, mas também de permitir mobilidade e elasticidade ao esqueleto. Esta união não se faz da mesma maneira entre todos os ossos, assim, uma maior ou uma menos possibilidade de movimento varia de acordo com o tipo de união. 2. Classificação das Junturas As junturas são classificadas em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e sinoviais, cuja definição é feita de acordo com o elemento estrutural encontrado em cada tipo de juntura.  ARTICULAÇÕES FIBROSAS: São formadas por tecido conjuntivo fibroso e conferem mais elasticidade do que mobilidade; são encontradas principalmente no crânio. É evidente que a mobilidade nestas junturas é extremamente reduzida, embora o tecido conjuntivo interposto confira certa elasticidade ao crânio. Dentro das articulações fibrosas, dois subtipos podem ser listados, a saber: suturas e sindesmoses.  Articulações fibrosas suturas: apresentam forma variável e, por isso, podemos classificá-las em: planas (união linear, retilínea ou aproximadamente retilínea), escamosas (união em forma de bisel) e serreadas (união em “linha dentada”).  Sutura Plana  Sutura Escamosa
  • 30. _______ Anatomia Humana 29  Sutura Serreada E interessante comentar que, na vida pré e pós-natal, o tamanho das articulações que separam os ossos do crânio é maior em alguns pontos pela presença de maior quantidade de tecido conjuntivo fibroso. Essas regiões são chamadas de fontanelas (popularmente conhecidas como moleiras) e desaparecem após a ossificação completa do crânio.  Articulações fibrosas sindesmoses: apresentam também como tecido interposto o conjuntivo fibroso, mas não ocorrem entre os ossos do crânio. Na verdade, só há dois registros desse tipo de juntura: sindesmose tíbio-fibular, isto é, a que se faz
  • 31. _______ Anatomia Humana 30 entre as extremidades distais da tíbia e da fíbula e rádio ulnar entre as extremidades do rádio e da ulna.  ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS: Apresentam também pouca mobilidade, são constituídas por cartilagem que pode ser hialina (cartilagem articular que representa a porção do osso que não foi invadida pela ossificação) ou fibrosa. Se na articulação o elemento encontrado for cartilagem hialina, ela será classificada como articulação cartilaginosa sincondrose; se cartilagem fibrosa, articulação cartilaginosa sínfise. Sincondrose externa Cartilaginosa Sínfise
  • 32. _______ Anatomia Humana 31  ARTICULAÇÕES SINOVIAIS: Apresentam como elemento estrutural a sinóvia, um líquido viscoso que permite a mobilidade da junção óssea com o mínimo de atrito entre as extremidades do osso. Essas extremidades ósseas são formadas por cartilagem hialina, desprovidas de suprimento sanguíneo e nervoso, o que torna lento e difícil a regeneração do tecido, em caso de lesões. Além disso, encontramos nesse tipo de articulação uma cápsula articular, que envolve a articulação, e uma cavidade articular onde se encontra o liquido sinovial. Dessa forma, a cápsula articular, a cavidade articular e o líquido sinovial são características das articulações sinoviais. Em várias junturas sinoviais, interpostas às superfícies articulares, encontram-se formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida: serviriam à melhor adaptação das superfícies que se articulam ou seriam destinadas a receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua forma de meia lua são encontrados na articulação do joelho e disco intra-articular nas articulações esterno clavicular e têmporo mandibular.
  • 33. _______ Anatomia Humana 32 Os critérios utilizados para classificar as articulações sinoviais são: a forma das superfícies ósseas que entram em contato e o movimento realizado por elas, de forma que as articulações sinoviais podem ser classificadas em: plana, gínglimo, trocóide, condilar, em sela e esferoide.  Plana: As superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas, permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. Exemplo: articulação sacro-ilíaca.  Gínglimo: Denominado também de dobradiça refere-se muito mais ao movimento do que à forma das superfícies articulares: realizam flexão e extensão. Exemplo: articulação do cotovelo.  Trocóide: Permite rotação. Exemplo: articulação rádio-ulnar proximal responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação ocorre uma rotação medial do rádio e na supinação, rotação lateral.  Condilar: As superfícies articulares são elípticas. Permitem flexão, extensão, abdução e adução, mas não permitem a rotação. Exemplo: articulação rádio- cárpica (ou do punho), articulação têmporo mandibular.
  • 34. _______ Anatomia Humana 33  Em sela: A superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela, apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa numa segunda peça onde convexidade e concavidades apresentam-se no sentido inverso da primeira. Permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação (consequentemente circundação). Exemplo: articulação carpo-metacárpico do polegar.  Esferoide: As superfícies articulares são segmentos de esferas e se encaixam em receptáculos ocos. Permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundação. Exemplo: articulação do ombro (entre úmero e escápula) e do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur).
  • 35. _______ Anatomia Humana 34 Capítulo V – Sistema Muscular 1. Conceito O músculo é a unidade contrátil do ser vivo, que obedece aos comandos do sistema nervoso central. São estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento da distância que existe entre suas extremidades fixadas, ou seja, por contração, estes últimos são os elementos ativos do movimento. Além de tornar possível o movimento, a musculatura também mantém unida. A literatura relata que os músculos podem ser classificados em:  Músculo estriado esquelético: músculos do esqueleto humano.  Músculo estriado cardíaco: presente no coração.  Músculo liso: presentes em órgãos viscerais. O ser vivo é disposto de uma variedade de músculos que estão fixados em regiões posterior, anterior, lateral e medial no corpo humano. 2. Funções dos Músculos Entre ao vários tipos de músculos existentes ao longo de nosso corpo, tanto os músculos esqueléticos, quanto cardíaco e lisos realizam atividades específicas, tais como:  Contração muscular;  Locomoção;
  • 36. _______ Anatomia Humana 35  Sustentação;  Proteção;  Regulação de temperatura;  Respiração;  Elasticidade;  Flexibilidade. 3. Mecanismo da Contração Muscular A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Ao contrair- se o ventre muscular há um encurtamento do comprimento do músculo e consequente deslocamento da peça esquelética. O trabalho realizado por um músculo depende da potência do músculo e da amplitude de contração do mesmo. A amplitude de contração depende do comprimento das fibras musculares. Assim, um músculo longo tem o mais alto grau de encurtamento. A potência (ou força) é função do número de fibras que se contraem e número de fibras contido em uma secção transversal do músculo, o que é medido em ângulo reto com o eixo maior dos fascículos musculares e não com o eixo maior do músculo como um todo. Desta forma, o que um músculo penado perde em amplitude de contração, ganha em força. Como foi anteriormente dito, o trabalho do músculo se manifesta pelo deslocamento de um (ou mais) osso(s). Os músculos agem sobre os ossos como potências sobre braços de alavancas. No caso da musculatura cardíaca e dos músculos lisos, geralmente situadas nas paredes de vísceras ocas ou tubulares, também se produz um trabalho: a contração da musculatura destes órgãos reduz seu volume ou seu diâmetro e desta forma vai expelir ou impulsionar seu conteúdo. A célula muscular obedece a chamada lei do tudo ou nada, ou seja, ou está completamente contraída ou está totalmente relaxada. Assim, a quantidade de fibras musculares que vai estar envolvida com o trabalho de um músculo, ao mesmo tempo, vai depender de quantas unidades motoras ele possua. Denomina-se unidade motora ao conjunto de fibras de um músculo supridas pelo mesmo neurônio. Desta forma um
  • 37. _______ Anatomia Humana 36 músculo com poucas unidades motoras é um músculo de movimentos mais grosseiros, enquanto aquele que possui muitas unidades motoras é capaz de movimentos de alta precisão e delicadeza. Outra forma de classificar os músculos é observando o trabalho que eles realizam, ou seja, sua função. Assim, quando o músculo executa um movimento, ele é denominado agonista; quando se opõe ao movimento do agonista, ele é denominado antagonista; ainda, quando potencializa a ação do agonista, ele é denominado sinergista.
  • 38. _______ Anatomia Humana 37 Capítulo VI – Sistema Nervoso 1. Considerações Gerais O sistema nervoso é dividido em duas partes principais:  Sistema nervoso central, composto de cérebro e medula espinhal.  Sistema nervoso periférico, composto de nervos cranianos e espinhais e seus gânglios associados. O sistema nervoso central é composto de grande número de células nervosas e suas ramificações, mantidas por tecido especializado denominado neuroglia. Neurônio é o nome dado à célula nervosa e todas as suas ramificações. As ramificações longas de uma célula nervosa são denominadas axônios, ou fibras nervosas. O interior do sistema nervoso central é organizado em substância branca e cinzenta.  A substância cinzenta consiste em células nervosas e das porções proximais; de suas ramificações, encerradas em neuroglia.  A substância branca consiste em fibras nervosas encerradas em neuroglia. Na dissecção do sistema nervoso periférico, observa-se que os nervos cranianos e espinhais são cordões de coloração branco-acinzentada. São constituídos de feixes de fibras nervosas mantidos por fino tecido areolar.
  • 39. _______ Anatomia Humana 38 Existem 12 pares de nervos cranianos que partem do cérebro e passam através de foramens do crânio. Existem 31 pares de nervos espinhais que partem da medula espinhal e passam através de foramens intervertebrais na coluna vertebral. 2. Funções do Sistema Nervoso O sistema nervoso é um dos principais órgãos do organismo vivo que desempenha as seguintes funções:  Controlar  Comandar  Executar  Produzir  Conduzir  Direcionar  Ordenar  Liberar Todos os tipos de comandos para que o seu vivo possa realizar as tarefas com todas as suas integridades. 3. Subdivisões do Sistema Nervoso 3.1. Sistema Nervoso Periférico O sistema nervoso periférico é composto por terminações nervosas, gânglios e nervos. Estes são cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por tecido conjuntivo e que têm por função levar (ou trazer) impulsos ao (do) SNC. As fibras
  • 40. _______ Anatomia Humana 39 que levam impulsos ao SNC são chamadas de aferentes ou sensitivas, enquanto que as que trazem impulsos do SNC são as aferentes ou motoras. Os nervos são divididos em dois grupos: nervos cranianos e nervos espinhais. 3.2. Sistema Nervoso Autônomo Tanto o SN somático quanto o SN visceral possuem uma parte aferente e outra eferente. Denomina-se sistema nervoso autônomo (SNA) a parte eferente do SN visceral. O SNA por sua vez é dividido em duas partes: o sistema simpático e o sistema parassimpático. O simpático estimula as atividades que ocorrem em situações de emergência ou tensão, enquanto o parassimpático é mais ativo nas condições comuns da vida, estimulando atividades que restauram e conservam a energia corporal. O simpático tem origens nas regiões torácica e lombar da medula espinhal, enquanto o parassimpático as tem porções no tronco encefálico e nos segmentos sacrais da medula espinhal. Ambos possuem fibras pré-ganglionares que fazem conexões com gânglios (acúmulo de neurônios fora do SNC) e dos quais partem fibras pós-ganglionares que vão até os órgãos efetuadores; contudo as fibras pré- ganglionares simpáticas são curtas e as pós-ganglionares são longas, enquanto no parassimpático ocorre o contrário. Existem várias outras diferenças, como no tipo dos mediadores químicos, que fogem ao objetivo deste tópico.
  • 41. _______ Anatomia Humana 40 4. Condução de Informações no Sistema Nervoso As informações que são transmitidas pelo sistema nervoso, são chamadas de impulsos elétricos ou potenciais de ação que trafegam por estruturas chamadas de nervos ou fibras, que na verdade é um conjunto de axônios unidos para realizar esta função. Podendo então classificar este nervos em:  Fibras aferentes: levam todas as informações sensitivas ao sistema nervoso central.  Fibras efetoras: trazem as informações do sistema nervoso central para a realização dos movimentos. 5. Estruturas Gerais do Sistema Nervoso 5.1. Meninges A proteção ao SNC dada pelo crânio e pela coluna é acentuada reforçada pela presença de lâminas de tecido conjuntivo, as meninges, que são de fora para dentro: dura-máter, aracnoide e pia-máter. A dura-máter é a mais espessa delas. No crânio está associada ao periósteo da face interna dos ossos, enquanto entre ela e a coluna vertebral existe um espaço, o espaço extradural (ou epidural). A pia-máter é a mais fina e está intimamente aplicada ao encéfalo e à medula espinhal. Entre a dura e a pia-máter está a aracnoide, da qual partem fibras delicadas que vão à pia-máter, formando uma rede semelhante a uma teia de aranha. A aracnoide é separada da dura-máter por um espaço virtual, o espaço subdural
  • 42. _______ Anatomia Humana 41 e da pia-máter pelo espaço subaracnoideo, real, onde circula o líquido cérebro-espinhal ou líquor, o qual funciona como absorvente de choques. O líquido cérebro-espinhal, incolor, é constantemente produzido nos ventrículos do encéfalo e constantemente deixa o espaço subaracnoideo para entrar no sistema venoso. Atua na nutrição do SNC e como amortecedor, protegendo o SNC de movimentos súbitos. O SNC é heterogêneo quanto à distribuição dos corpos dos neurônios e de seus prolongamentos. As regiões onde predominam os corpos neuronais são chamadas de substância cinzenta. Outras regiões contêm, predominantemente, prolongamentos neuronais (em especial seus axônios). Estes prolongamentos são, muitas vezes, revestidos por mielina, o que lhes dá coloração mais pálida, daí a denominação de substância branca. No cérebro e no cerebelo a estrutura geral é a mesma: uma massa de substância branca, revestida externamente por uma fina camada de substância cinzenta e tendo no centro massas de substância cinzenta constituindo os núcleos (acúmulos de corpos neuronais dentro do SNC). Na medula, a substância cinzenta forma um eixo central contínuo envolvido por substância branca, enquanto no tronco encefálico a substância cinzenta central não é contínua, apresentando-se fragmentada, formando núcleos. 5.2. Cérebro O cérebro responde pelas funções nervosas mais elevadas, contendo centros para interpretação de estímulos bem como centros que iniciam movimentos musculares. Ele armazena informações e é responsável também por processos psíquicos altamente elaborados, determinando a inteligência e a personalidade. Ele é constituído pelos hemisférios cerebrais e pelo diencéfalo. Os hemisférios cerebrais são duas massas unidas por uma ponte de fibras nervosas, o corpo caloso e separado por uma lâmina de dura-máter, a foice do cérebro. Cada hemisfério é dividido em cinco lobos, quatro dos quais vistos na superfície do cérebro e correspondendo cada um aos ossos do crânio com que guardam relações, os lobos frontal, parietal, temporal e occipital. O quinto lobo, a insula, fica coberto por partes dos lobos temporal, frontal e parietal. Os hemisférios são formados por uma camada externa de substância cinzenta, o córtex cerebral - convoluto, formando giros e sulcos - e por uma massa interna de
  • 43. _______ Anatomia Humana 42 substância branca, na qual estão enterrados diversos grupos de núcleos, os núcleos da base, que fazem parte do sistema motor, participando do controle dos movimentos, facilitando e sustentando os movimentos em curso e inibindo movimentos indesejados. A cavidade dos hemisférios cerebrais forma os ventrículos laterais e a parte rostral do terceiro ventrículo. O diencéfalo fica quase totalmente circundado pelos hemisférios cerebrais; sua cavidade forma a maior parte do terceiro ventrículo. Constituído pelo tálamo, pelo hipotálamo e pelo epitálamo. O tálamo é centro de retransmissão de todos os impulsos sensitivos (exceto olfato) para o córtex cerebral. O hipotálamo é local de regulação de atividades viscerais (cardiovascular, temperatura corporal, do equilíbrio hidroeletrolítico, da atividade gastrintestinal e fome e das funções endócrinas), do sono e da vigília, da resposta sexual e das emoções. O epitálamo é formado principalmente pela glândula pineal, implicada no controle dos ritmos circadianos e na regulação do início da puberdade. É produtora do hormônio melatonina. 5.3. Tronco Encefálico e Cerebelo O tronco encefálico apresenta é formado por substância branca contendo núcleos no seu interior. Divide-se em mesencéfalo, ponte e bulbo.
  • 44. _______ Anatomia Humana 43 O mesencéfalo é responsável pelos reflexos visuais e auditivos (colículos superior e inferior); seus núcleos e os pedúnculos cerebrais participam do controle da postura e dos movimentos. A ponte é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos cranianos (III – VII); e controla o ritmo e força da respiração. O bulbo é centro de retransmissão de impulsos; contém núcleos de vários nervos cranianos (VIII-XII); e é centro autônomo visceral (respiração, ritmo cardíaco, vasoconstrição). O cerebelo tem estrutura geral parecida com a do cérebro (substância cinzenta externa e substância branca interna) e atua na coordenação motora e no equilíbrio. 5.4. Medula Espinhal Situada no interior do canal vertebral, se continua rostralmente com o bulbo. Ela recebe informações do pescoço, do tronco e dos membros e os controla, por meio dos trinta e um nervos espinhais. A medula consiste em uma parte central de substância cinzenta e outra parte periférica, de substância branca. A substância cinzenta tem a forma aproximada da letra H. As projeções posteriores são os cornos dorsais, os quais tanto contêm neurônios aferentes, condutores de impulsos sensoriais periféricos, quanto dão origem às vias ascendentes, condutoras de impulsos sensoriais para o encéfalo. As projeções anteriores são os cornos ventrais, que contêm os neurônios motores da medula espinhal. Nas partes torácica e lombar existem projeções laterais, as colunas laterais, que contêm os neurônios pré-ganglionares simpáticos.
  • 45. _______ Anatomia Humana 44 A substância branca contém fibras nervosas de trajeto longitudinal (tratos ascendentes e tratos descendentes). Os principais tratos ascendentes são:  Colunas dorsais (fascículos grácil e cuneiforme): tato discriminativo e propriocepção.  Trato espinotalâmico: dor, temperatura, pressão e tato grosseiro.
  • 46. _______ Anatomia Humana 45  Trato espinocerebelar: informação dos receptores musculares e articulares. Os principais tratos descendentes são:  Trato corticoespinhal anterior: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores corticais que não cruzaram de lado nas pirâmides do bulbo; termina na medula torácica. Suas fibras cruzam para o lado oposto pouco antes de fazerem sinapse com os neurônios motores medulares.  Tratos corticoespinhal lateral: contêm as fibras nervosas dos neurônios motores corticais que cruzaram de lado (decussaram) nas pirâmides do bulbo. Mais importante por ter mais fibras está presente ao longo de toda medula.  Tratos rubro-espinhal, vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal: origem no tronco encefálico; participam do controle motor. 6. Tecido Nervoso O tecido nervoso compreende basicamente dois tipos de celulares: os neurônios e as células glias.  Neurônio: é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso que é especializada para a comunicação rápida. Tem a função básica de receber, processar e enviar informações. São células altamente excitáveis que se comunicam entre si ou com outras células efetuadoras, usando basicamente uma linguagem elétrica. A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções especializadas: corpo celular, dendritos e axônios.  Corpo celular: é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de todas as proteínas neuronais. A forma e o tamanho do corpo celular são extremamente variáveis, conforme o tipo de neurônio. O corpo celular é também, junto com os dendritos, local de recepção de estímulos, através de contatos sinápticos.  Dendritos: geralmente são curtos e ramificam-se profusamente, a maneira de galhos de árvore, em ângulos agudos, originando dendritos de menor diâmetro. São os processos ou projeções que transmitem impulsos para os corpos celulares dos neurônios ou para os axônios. Em geral os dendritos são não mielinizados. Um
  • 47. _______ Anatomia Humana 46 neurônio pode apresentar milhares de dendritos. Portanto, os dendritos são especializados em receber estímulos.  Axônios: a grande maioria dos neurônios possui um axônio, prolongamento longo e fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal. O axônio apresenta comprimento muito variável, podendo ser de alguns milímetros como mais de um metro. São os processos que transmitem impulsos que deixam os corpos celulares dos neurônios, ou dos dendritos. A porção terminal do axônio sofre várias ramificações para formar de centenas a milhares de terminais axônicos, no interior dos quais são armazenados os neurotransmissores químicos. Portanto, o axônio é especializado em gerar e conduzir o potencial de ação.  Tipos de Neurônios São três os tipos de neurônios: sensitivo, motor e interneurônio. Um neurônio sensitivo conduz a informação da periferia em direção ao SNC, sendo também chamado neurônio aferente. Um neurônio motor conduz informação do SNC em direção à periferia, sendo conhecido como neurônio eferente. Os neurônios sensitivos e motores são encontrados tanto no SNC quanto no SNP. Portanto, o sistema nervoso apresenta três funções básicas:
  • 48. _______ Anatomia Humana 47  Função Sensitiva: os nervos sensitivos captam informações do meio interno e externo do corpo e as conduzem ao SNC;  Função Integradora: a informação sensitiva trazida ao SNC é processada ou interpretada;  Função Motora: os nervos motores conduzem a informação do SNC em direção aos músculos e às glândulas do corpo, levando as informações do SNC.  Sinapses Os neurônios, principalmente através de suas terminações axônicas, entram em contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais contatos são denominados sinapses. Ou seja, os neurônios comunicam-se uns aos outros nas sinapses – pontos de contato entre neurônios, no qual encontramos as vesículas sinápticas, onde estão armazenados os neurotransmissores. A comunicação ocorre por meio de neurotransmissores – agentes químicos liberados ou secretados por um neurônio. Os neurotransmissores mais comuns são a acetilcolina e a norepinefrina. Outros neurotransmissores do SNC incluem a epinefrina, a serotonina, o GABA e as endorfinas.  Fibras nervosas Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presente, seu envoltório de origem glial. O principal envoltório das fibras nervosas é a bainha de mielina (camadas de substâncias de lipídeos e proteína), que funciona como isolamento elétrico. Quando envolvidos por bainha de mielina, os axônios são denominados fibras nervosas mielínicas. Na ausência de mielina as fibras são denominadas de fibras nervosas amielínicas. Ambos os tipos ocorrem no sistema nervoso central e no sistema nervoso periférico, sendo a bainha de mielina formada por células de Schwann, no periférico e no central por oligodendrócitos. A bainha de mielina permite uma condução mais rápida do impulso nervoso e, ao longo dos axônios, a condução é do tipo saltatória, ou seja, o potencial de ação só ocorre em estruturas chamadas de nódulos de Ranvier.
  • 49. _______ Anatomia Humana 48  Células Glias: compreende as células que ocupam os espaços entre os neurônios e tem como função sustentação, revestimento ou isolamento e modulação da atividade neural. 7. Divisão Funcional do Sistema Nervoso Do ponto de vista funcional, o sistema nervoso (SN) pode ser dividido em SN somático e SN visceral. O SN somático é responsável por integrar o indivíduo ao meio externo, uma vez que inerva estruturas periféricas, enquanto que o SN visceral regula a atividade das vísceras, de forma a controlar a homeostase, ou seja, a constância do meio interno. A parte aferente do SN somático conduz aos centros nervosos impulsos originados em receptores periféricos, informando a estes centros o que se passa no ambiente. Por outro lado, a parte eferente do SN somático leva aos músculos esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando movimentos que levam a um maior relacionamento ou integração com o meio externo. O SN visceral é muito importante para a integração da atividade das vísceras no sentido da manutenção da constância do meio interno (homeostase). A parte aferente conduz impulsos nervosos originados em receptores das vísceras a áreas específicas do SNC. A parte eferente traz impulsos de certos centros nervosos até as estruturas viscerais terminando pois em glândulas, músculo liso, músculo cardíaco. Por definição, denominam-se SN autônomo apenas a parte eferente (componente eferente) do SN visceral, que por sua vez divide-se em simpático e parassimpático. FIGURA: DIVISÃO FUNCIONAL DO SN VISCERAL  DIFERENÇA ENTRE SN SOMÁTICO EFERENTE E SN VISCERAL EFERENTE OU SN AUTÔNOMO Os sistemas nervosos visceral e o somático apresentam algumas diferenças anatômicas e funcionais, as quais podem ser listadas: a natureza dos órgãos inervados (somático inerva músculo estriado esquelético, enquanto visceral inerva músculo estriado
  • 50. _______ Anatomia Humana 49 cardíaco, músculo liso ou glândulas), número de neurônios que inervam o órgão efetor (somático tem um neurônio e visceral tem dois neurônios) – no SN visceral dois neurônios ligam o SNC ao órgão efetor, sendo que um desses neurônios tem seu corpo localizado dentro do SNC e o outro fora do SNC. O neurônio cujo corpo está localizado dentro do SNC é denominado neurônio pré- glanglionar e o que está localizado fora do SNC, de neurônio pós-ganglionar. Esse agregado de corpos neuronais fora do SNC recebe o nome de gânglio. Já no SNC esse mesmo agregado de corpos celulares recebe o nome de núcleo. Diferentemente, o somático apresenta somente um neurônio que liga o SNC ao órgão efetor, ou seja, ao músculo esquelético, terminando em uma estrutura chamada de placa motora. Para fins didáticos, podemos dizer que o SN somático está envolvido com ações voluntárias, e o visceral com ações involuntárias.  DIFERENÇAS ENTRE SN AUTÔNOMO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO O SN autônomo é dividido em dois ramos, simpático e parassimpático. Esses dois ramos apresentam diferenças anatômicas, farmacológicas e fisiológicas.  DIFERENÇAS ANATÔMICAS:  Posição dos neurônios pré-ganglionares: Como se sabe, os neurônios pré- ganglionares têm seus corpos localizados dentro do SNC na medula e tronco encefálico. No tronco encefálico, eles se agrupam formando os núcleos de origem de alguns nervos cranianos. Na medula eles ocorrem do 1º ao 12º segmentos torácicos (T1 até T12), nos dois primeiros segmentos lombares (L1 e L2), e nos segmentos S2, S3 e S4 da medula sacral. No SN simpático os neurônios pré- ganglionares localizam- se na medula torácica e lombar (entre T1 e L2), sendo chamados de SN simpático tóraco-lombar. No SN parassimpático eles se localizam no tronco encefálico (portanto dentro do crânio) e na medula sacral (S2, S3 e S4), sendo chamado de SN parassimpático crânio-sacral.  Posição dos neurônios pós-ganglionares: No SN simpático, os neurônios pós- ganglionares estão localizados longe das vísceras e próximo da coluna vertebral. No SN parassimpático os neurônios pós-ganglionares estão localizados próximos ou dentro das vísceras.
  • 51. _______ Anatomia Humana 50  Tamanho das fibras pré e pós-ganglionares: Em consequência da posição dos gânglios, o tamanho das fibras pré e pós-ganglionares é diferente nos dois sistemas. No SN simpático a fibra pré-glanglionar é curta e a pós-ganglionar é longa. Já no SN parassimpático, temos o contrário: a fibra pré-glanglionar é longa e a pós-ganglionar, curta. Histologicamente, as fibras pós-ganglionares são amielínicos e as pré- ganglionares são mielinizados.  DIFERENÇAS FARMACOLÓGICAS: As diferenças farmacológicas dizem respeito à ação de drogas. Quando injetamos em um animal certas drogas, como adrenalina e noradrenalina obtêm efeitos (aumento da PA, da FC e etc.) que se assemelham aos obtidos por ação do SN simpático. Essas drogas que imitam a ação do SN simpático são denominadas simpaticomiméticas. Existem também drogas como a acetilcolina que imitam as ações do parassimpático e são chamadas de parassimpaticomiméticas. A descoberta dos mediadores químicos veio explicar o modo de ação e as diferenças existentes entre estes dois tipos de drogas. Sabemos hoje que a ação da fibra nervosa sobre o efetuador (músculo ou glândula) se faz por liberação de um mediador químico, dos quais os mais importantes são a acetilcolina e a noradrenalina. As fibras nervosas que liberam acetilcolina são chamadas de colinérgicas e as que liberam noradrenalina são chamadas de adrenérgicas. O SN simpático e parassimpático diferem no que se refere à disposição das fibras adrenérgicas e colinérgicas. As fibras pré-ganglionares tanto simpáticas como parassimpáticas e as fibras pós-ganglionares parassimpáticas são colinérgicas. Contudo, a grande maioria das fibras pós-ganglionares do simpático é adrenérgica (exceto as fibras que inervam as glândulas sudoríparas).  DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS: Tanto o simpático quanto o parassimpático atuam juntos, regulando o funcionamento visceral. É fato que, quase sempre, essa atuação é antagônica entre
  • 52. _______ Anatomia Humana 51 esses dois ramos, sendo que em alguns casos eles exercem o mesmo efeito no órgão efetor. A maior parte dos órgãos é mista para o SN autônomo, ou seja, recebem fibras simpáticas e parassimpáticas; entretanto, algumas estruturas apresentam somente um tipo de inervação, ou simpática ou parassimpática, como por exemplo, as glândulas sudoríparas, que são glândulas exócrinas. As glândulas endócrinas não possuem inervação simpática ou parassimpática, uma vez que o controle de sua atividade é hormonal. Nessas estruturas, a atuação do SN autônomo se restringe aos vasos que as nutrem. O SN autônomo está conectado a algumas áreas do telencéfalo e diencéfalo, envolvidos com o comportamento emocional, a saber: hipotálamo e sistema límbico. Este fato explica as alterações do funcionamento visceral frente a distúrbios emocionais e de emergência. Outra característica é o número de neurônios pós-ganglionares que fazem sinapse com o pré-ganglionar. No simpático, um neurônio pré- ganglionar pode fazer sinapse com vários neurônios pós-ganglionares, enquanto que o neurônio pré-glanglionar do parassimpático somente o faz com um único neurônio. Assim, a ativação do SN autônomo produz uma descarga adrenérgica, levando o organismo a um estado de alerta por ativar vários sistemas orgânicos. O SN parassimpático tem ações sempre localizadas a um órgão ou setor do organismo enquanto as ações do SN simpático tendem a ser difusas atingindo vários órgãos.
  • 53. _______ Anatomia Humana 52 Capítulo VII – Sistema Esquelético 1. Considerações Gerais O sistema circulatório é dividido em:  Sistema circulatório sanguíneo, com as funções de levar oxigênio e nutrientes aos tecidos e deles trazer seus produtos, que serão redistribuídos a outros órgãos e tecidos e seus resíduos, que serão eliminados (ver sistema urinário).  Sistema circulatório linfático, que transporta para a circulação sanguínea o excesso de líquido intersticial, bem como substâncias de grande tamanho, incapazes de passar diretamente dos tecidos para aquela. Além disto, ajuda na defesa do organismo contra o ataque de microrganismos. Em síntese o sistema circulatório pode ser dividido em: sistema sanguíneo composto por artérias, veias, capilares e coração e cujo fluido é o sangue e em sistema linfático, formado por vasos linfáticos, linfonodos, tonsilas e órgãos hemopoiéticos e cujo fluido é a linfa. A principal estrutura do sistema circulatório é o coração, também conhecido como bomba cardíaca. 2. Circulação Sanguínea O coração, localizado no mediastino torácico (porção mediana do tórax, compreendida entre as cavidades pulmonares é um órgão muscular oco que funciona como uma bomba contrátil-propulsora).
  • 54. _______ Anatomia Humana 53 O tecido muscular que forma o coração é de tipo especial, tecido muscular estriado cardíaco, e constitui sua camada média, o miocárdio. Este é revestido internamente por endotélio, o qual é contínuo com a camada íntima dos vasos que chegam ou saem do coração. Esta camada interna é o endocárdio. Externamente ao miocárdio, há uma serosa revestindo-o, denominada epicárdio. A cavidade do coração é subdividida em quatro câmaras: duas à direita, o átrio e o ventrículo direitos e duas à esquerda, o átrio e o ventrículo esquerdos. O átrio direito se comunica com o ventrículo direito através do óstio atrioventricular direito, no qual existe um dispositivo direcionador do fluxo, a valva tricúspide. O mesmo ocorre à esquerda, através do óstio atrioventricular esquerdo, cujo dispositivo direcionador de fluxo é a valva mitral. As cavidades direitas são separadas das esquerdas pelos septos interatrial e interventricular. Ao átrio direito, através das veias cavas inferiores e superior chega o sangue venoso do corpo (com baixa pressão de O2 e alta pressão de CO2). Ele passa ao ventrículo direito através do óstio atrioventricular direito e deste vai ao tronco pulmonar e daí, através das artérias pulmonares direita e esquerda, dirige-se aos pulmões, onde ocorrerá a troca gasosa, com CO2 sendo liberado dos capilares pulmonares para o meio ambiente e com O2 sendo absorvido do meio ambiente para os capilares pulmonares. Estes capilares confluem e, progressivamente, se formam as veias pulmonares que levam sangue rico em O2 para o átrio esquerdo. Deste, o sangue passa ao ventrículo esquerdo através do óstio atrioventricular esquerdo e daí vai para a artéria aorta, que inicia sua distribuição pelo corpo. O trajeto ventrículo esquerdo aorta artérias de calibres progressivamente menores capilares veias de calibres progressivamente maiores veias cavas superiores e inferior átrio direito, é chamado de grande circulação ou circulação sistêmica. O trajeto ventrículo direito tronco pulmonar artérias pulmonares direita e esquerda, com redução progressiva de calibre capilares pulmonares veias pulmonares com aumento progressivo de calibre átrio esquerdo, é chamado de pequena circulação ou circulação pulmonar.
  • 55. _______ Anatomia Humana 54 3. Vasos Sanguíneos Os vasos sanguíneos são de três tipos: artérias, veias e capilares.  As artérias levam o sangue do coração e o distribuem para os vários tecidos do corpo por meio de seus ramos.  As veias são vasos que levam o sangue de volta para o coração; multas delas possuem valvas. As veias menores são denominadas vênulas.  Os capilares são vasos microscópicos com a forma de uma rede conectando as arteríolas às vênulas.
  • 56. _______ Anatomia Humana 55 3.1. Artérias São tubos cilindróides, com propriedades elásticas e calibre variado, ou seja: grande, médio, pequeno e arteríolas (com o menor diâmetro), cujos ramos podem ser terminais (quando a artéria se ramifica e o tronco principal deixa de existir após a divisão), colaterais (quando a artéria se ramifica e o tronco de origem continua a existir) e recorrentes (quando o ramo colateral forma com a artéria tronco um ângulo obtuso, neste caso o sangue circula em direção posta àquela da artéria de origem). As artérias podem ser superficiais ou profundas, sendo que a maioria é profunda, o que funcionalmente é interessante, uma vez que esses locais oferecem proteção a elas. As artérias superficiais têm um calibre pequeno, se destinam à pele, ramificando-se a partir de artérias musculares. Os critérios mais comuns utilizados para designar as artérias estão relacionados com: local por onde passam (artéria braquial), órgão irrigado (artéria renal) e peça óssea mais próxima (artéria femoral). 3.2. Veias São tubos que apresentam forma variada, dependendo, é claro, do volume de sangue presente no vaso. Dessa forma, quando as veias estão cheias de sangue tornam- se cilíndricas, mas quando estão com pouco sangue tornam-se achatadas. Essa
  • 57. _______ Anatomia Humana 56 versatilidade na forma dos tubos é fruto da constituição de sua parede; esses vasos apresentam pouca elastina e mais colágeno, o que confere ao tubo essa distensibilidade. O diâmetro dos vasos é variável, podendo ser encontrados vasos de grande, médio e pequeno calibre, além de vênulas (estruturas do sistema venoso com menor diâmetro). Enquanto as artérias se ramificam, formando outros vasos de menor calibre, as veias de menor calibre vão se unindo com outras veias, formando vasos de calibre maior. Essas veias que se confluem são chamadas de tributárias ou afluentes. Assim como as artérias, as veias podem ser superficiais e profundas, porém, pode existir entre essas duas veias uma comunicação, estabelecida por vasos, de- nominados veias comunicantes. As veias superficiais são subcutâneas, calibrosas e funcionam como válvula de escape para o sangue venoso de origem muscular durante a contração. As veias profundas são classificadas em satélites e solitárias; quando acompanham o trajeto de uma artéria, são veias satélites, quando não acompanham, são veias solitárias. Numerosas veias comunicam veias superficiais com veias profundas e são denominadas veias comunicantes. No corpo, a quantidade de veias é maior que as artérias. Fato justificado pelo número de veias superficiais, superior ao de artérias, e pela presença de 2 veias acompanhando o trajeto dos vasos arteriais, denominadas veias satélites. Ainda, as veias podem ser classificadas de acordo com as estruturas que drenam, ou seja: veias que drenam vísceras ou órgãos são denominadas de veias viscerais, enquanto as veias que drenam as paredes das vísceras são denominadas veias parietais. Outra característica das veias é a presença de válvulas no seu interior, formadas a partir de uma projeção da membrana interna do vaso (prega membranosa da camada interna da veia, em forma de bolso), cuja função é orientar o fluxo e impedir o refluxo de sangue. Entretanto, veias do cérebro, pescoço e algumas veias do tronco não apresentam válvulas, já que o fluxo sanguíneo nesses territórios é favorecido pela gravidade. A falência das válvulas provoca estase sanguínea e dilatação dos vasos, o que é acompanhado por muita dor. Esse quadro clínico é conhecido por varizes. O fluxo sanguíneo venoso é contrário ao das artérias, ou seja, em direção ao coração. Além disso, de modo geral, enquanto as artérias transportam sangue oxigenado para os tecidos, as veias transportam sangue pobre em oxigênio e rico em produtos do metabolismo celular para os sítios de excreção (pulmões e rins).
  • 58. _______ Anatomia Humana 57 O sangue circula nas artérias por diferença de pressão, mas isso não acontece com o sangue nas veias, onde a pressão é quase nula, o que torna o fluxo sanguíneo lento. Dessa forma, outros mecanismos são necessários para que o sangue circule, a saber: válvulas, peristaltismo (movimento das vísceras no tubo digestório), contração muscular, movimentos respiratórios, pulsação das artérias e compressão da planta dos pés. 3.3. Capilares Sanguíneos São as menores estruturas do sistema circulatório, formadas por uma única camada de células endoteliais, interpostas entre as artérias e veias e com distribuição universal, exceto em tecidos nos quais a nutrição se dá por difusão, como por exemplo, cartilagem hialina, epiderme, córnea e lente. Aqui ocorrem as trocas entre o sangue e os tecidos.
  • 59. _______ Anatomia Humana 58 Capítulo VIII – Sistema Linfático 1. Anatomia do Sistema Linfático O sistema linfático tem sua origem embrionária no mesoderma, desenvolvendo-se junto aos vasos sanguíneos. Durante a vida intrauterina, algumas modificações no desenvolvimento embrionário podem surgir, constituindo assim, características morfológicas pessoais, que variam entre os indivíduos (Garrido, 2000). O sistema linfático tem como função imunológica à ativação da resposta inflamatória e o controle de infecções. Através de sua simbiose com os vasos sanguíneos, regula o balanço do fluído tissular. Esse delicado balanço é possível pelo transporte unidirecional de proteínas do tecido para o sistema sanguíneo. Em conjunção com o
  • 60. _______ Anatomia Humana 59 trabalho dos vasos, o sistema linfático mantém o equilíbrio entre a filtração e a reabsorção dos fluídos tissulares (Miller, 1994). As moléculas de proteínas transportam oxigênio e nutrientes para as células dos tecidos, onde então removem seus resíduos metabólicos. Várias moléculas de proteínas que não conseguem ser transportadas pelo sistema venoso são retornadas ao sistema sanguíneo através do linfático. Consequentemente, o líquido linfático se torna rico em proteínas, mas também transporta células adiposas, e outras macromoléculas. A circulação normal de proteínas requer um funcionamento adequado dos vasos linfáticos, caso contrário, os espaços intersticiais podem ficar congestionados (Miller, 1994).  Capilares Linfáticos A rede linfática tem seu início nos capilares linfáticos, formando verdadeiros plexos que se entrelaçam com os capilares sanguíneos. Através dos vasos pré-coletores e coletores, a linfa prossegue até chegar ao canal linfático direito e ao ducto torácico, que desembocam na junção das veias subclávia e jugular interna. (Camargo, 2000). Os capilares linfáticos possuem um endotélio mais delgado em relação ao sanguíneo. Suas células endoteliais sobrepõem-se em escamas, formando microválvulas que se tornam pérvias, permitindo sua abertura ou fechamento, conforme o afrouxamento