1. Capítulo II
Padre António Vieira refere que irá dividir o sermão em duas partes: na primeira louvará as virtudes dos peixes, na
segunda criticará os seus vícios.
No capítulo II temos os louvores gerais aos peixes:
Os peixes ouvem e não falam.
• não se domam.
• não se domesticam.
• foram as primeiras criaturas criadas por Deus.
• foram as primeiras criaturas nomeadas pelo homem.
• são os mais numerosos e os maiores.
• obediência, quietação, atenção, respeito e devoção com que ouviram a pregação de
Santo António.
Desconfiam dos homens e mantêm-se afastados deles.
Escaparam do dilúvio por se manterem afastados dos homens.
Capítulo III
Louvores particulares aos peixes: virtudes louvadas/crítica aos homens:
Peixe de Tobias
O fel cura a cegueira e o coração expulsa os demónios.
Critica a cegueira de quem não quer ver.
Rémora
Pequena de corpo, grande na força e no poder. Prende-se ao leme de uma nau impedindo-a de se mover.
Critica a fraqueza humana na cedência às paixões que se opõem à razão.
Torpedo
Pequeno peixe que produz energia e faz pequenas descargas elétricas em sua defesa. Faz tremer o braço do
pescador.
Critica os homens que não se deixam abalar pelo efeito da palavra.
Quatro-olhos
Dois olhos olham para cima e os outros dois para baixo. Defende-se dos outros peixes e das aves.
Critica a vaidade dos homens, que os torna incapazes de distinguir o bem e o mal.
2. Capítulo IV
Nesta parte do Sermão, o Padre António Vieira usa o mesmo método que utilizou nos capítulos anteriores quando
fez os louvores aos peixes.
Continuando a evidenciar uma grande ironia, o pregador finge falar aos peixes, quando, na verdade, se dirige às
pessoas que o ouvem.
Neste capítulo faz a repreensão aos peixes, repreendendo os seus vícios em geral.
1ª Repreensão: “Os peixes comem-se uns aos outros”
Para comprovar a tese de que os homens se “comem” uns aos outros, o orador recorre a exemplos concretos.o
morto e o condenado. Ao longo do Sermão, o Padre António Vieira vai desenvolvendo a sua tese, referindo que os
peixes se comem uns aos outros: os maiores comem os mais pequenos, à semelhança dos homens que se devoram
uns aos outros, movidos pela cobiça e pelo oportunismo.
O verbo “comer” é aqui utilizado num sentido muito negativo, significando vigarizar, aproveitar-se, roubar os mais
fracos.
O autor refere que, tal como o pão é “comer de todos os dias”, os pequenos “são o pão quotidiano dos grandes”, ou
seja, são continuadamente explorados pelos mais fortes.
2ª Repreensão: “A ignorância e a cegueira dos peixes”
Através desta alegoria, Vieira repreende a vaidade dos homens, que, tal como os peixes, se deixam “cegar” por um
simples pedaço de pano, trabalhando toda a vida para poderem pagar as roupas caras e pouco valiosas que chegam
da metrópole.
Capítulo V
Repreensões particulares aos peixes
Os Roncadores têm como defeitos a soberba e o orgulho.
Os Pegadores têm como defeito a dependência e o oportunismo.
Os Voadores são presunçosos e ambiciosos.
O Polvo é traidor, enganador.
Capítulo VI
Apelo aos ouvintes para que respeitem,venerem e louvem a Deus.