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PROPOSTA DO DIRETÓRIO DOS SACRAMENTOS
DIOCESE DE GUARAPUAVA
Irmãos no Presbitério, favor avaliar e fazer suas considerações.
Os números em vermelho são pra facilitar os apontamentos.
Muito obrigado!
INTRODUÇÃO GERAL DO DIRETÓRIO (Feito pelo bispo posteriormente)
INTRODUÇÃO DOS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ
1. Na graça de Deus caminhamos com vigor. E uma das causas da graça, afirma Santo Tomás de
Aquino, são os sacramentos. Grande riqueza da Igreja e para a igreja. O nosso olhar deve se voltar
primeiramente a este ideal: redescobrir e viver cada vez com mais vigor o valor dos sacramentos e
seus frutos na caminhada cristã. Deste modo, na realidade presente é preciso interpretar os
sacramentos de uma maneira sempre atual, não moderna, mas atual, uma vez que os sacramentos
nunca perdem a validade. Sendo necessário assim, um novo caminho e uma nova evangelização.
2. A Nova Evangelização já é tema conhecido nas reflexões da pastoral de hoje e nos documentos da
Igreja. No documento Ad Gentes do Concílio Vaticano II, bem como em outros documentos mais
antigos encontramos o relato de uma primeira evangelização, esta serve para suscitar a fé. Já a nova
evangelização destina-se aos batizados afastados, não praticantes ou indiferentes à fé. Este novo
caminho para a vida sacramental e para a evangelização vem em resposta aos apelos dos desafios
profundos e universais vivenciados hoje na caminhada eclesial. Entre eles a adesão fragilizada à
Instituição religiosa, o querer Deus, mas não querer Igreja. Também o individualismo forte que afeta
a consciência e a disposição para a vida em comunidade. Busca pelas coisas cômodas e rápidas sem
corresponsabilidade ou compromisso.
3. O Documento de Aparecida nos lembra que “existe uma alta porcentagem de católicos sem a
consciência de sua missão de ser sal e fermento no mundo, com identidade cristã fraca ou vulnerável”
(DAp 286). Então entendemos que o número de pessoas que dizem professar a fé não é realmente o
mesmo que o vive verdadeiramente. A nova evangelização é, portanto, uma resposta às exigências
do evangelho que pede evangelização real, profunda e salvadora.
4. A recepção dos sacramentos não deve ser o único objetivo da pastoral e da evangelização, mas
sim, a vivência profunda da fé, da vida em comunidade e do seguimento de Cristo. Deve preocupar-
se, portanto, com a salvação das almas como um todo, e não a recepção vazia dos sacramentos nem
o sentimentalismo religioso que fragilizam a vivência verdadeira da fé.
5. Ao iniciarmos um caminho novo como Igreja que se preocupa com a nova evangelização; e
especialmente como diocese de realidade missionária, é necessária uma abertura pastoral para
implantar novas práticas de evangelização. Trazemos três elementos principais e fundamentais para
a realização de uma nova caminhada de evangelização através da vida sacramental. SETORIZAÇÃO,
ORGANIZAÇÃO DA PASTORAL DO BATISMO, E ADERÊNCIA AO MÉTODO DE PREPARAÇÃO PARA OS
SACRAMENTOS COM INSPIRAÇÃO CATECUMENAL.
6. Todos esses elementos citados acima vêm de encontro com o estilo ou pedagogia exigida para
uma nova evangelização; portanto, sem a articulação dessas três práticas será muito frágil ou até
inexistente a resposta aos desafios de hoje para a evangelização. Busquemos então, urgentemente,
a mudança de mentalidade para iniciar esse processo novo de preparação e catequese para a
recepção dos sacramentos.
7. Destacamos sobretudo que a pastoral do batismo, juntamente com a catequese, deve ser uma das
melhores e mais organizadas pastorais da comunidade. Uma setorização da paróquia e da
comunidade também é de extrema necessidade. Nossa diocese tem dimensões gigantescas, nossas
paróquias por sua vez, também. Os desafios são tão grandes quanto suas extensões. É difícil a
pastoral do batismo centralizada na paróquia e com poucos agentes, dar conta de suprir as
necessidades de evangelização e catequese para a boa recepção dos sacramentos. Desse modo, deve
haver a organização em pequenos setores. Vários pequenos setores no território paroquial. Agentes
da pastoral do batismo em todos os setores. E sobretudo uma inspiração catecumenal, a adesão à
uma ideia de caminho que se segue após a recepção dos sacramentos. Caminho de continuidade e
aprofundamento. Uma pastoral do batismo, ou até mesmo da Iniciação à Vida Cristã precisa estar
bem articulada na paroquia, com membros de todos os setores.
8. A abertura dos líderes da comunidade a esse novo caminho e proposta diocesana deve levar a
responder rapidamente e com qualidade a um grande desafio pastoral: A vivência profunda e
permanência na vida cristã. Não somente pensar na metodologia de distribuir sacramentos, mas sim
formar e configurar o fiel à Cristo e ao evangelho dando-lhe ciência da missão de batizado e do
compromisso com a fé assumida.
PASTORAL DO BATISMO DE CRIANÇAS
A ORGANIZAÇÃO DA PASTORAL DO BATISMO
9. A organização da Pastoral do Batismo nas paróquias, geralmente é feita de forma desvinculada
do itinerário para a iniciação à vida cristã. Os pais que procuram a paróquia querem o Batismo para
seus filhos muitas vezes sem se importar com sua inserção na vida cristã, a partir desse primeiro
sacramento. Seria o momento mais oportuno e frutuoso para encontrarem uma Igreja acolhedora
e anunciadora da Boa-Nova. Muito além de conteúdos doutrinais sobre o sacramento está a alegria
de partilhar a vida, celebrar e orar junto com a comunidade. “A Igreja, como ‘comunidade de amor’
é chamada a refletir a glória do amor de Deus, que é comunhão, e assim atrair as pessoas e os povos
para Cristo.(...) A Igreja cresce, não por proselitismo mas ‘por atração’: como Cristo ‘atrai tudo para
si’ com a força do seu amor” (DAp 159).
10. Diante deste contexto evangelizador, algumas mudanças de paradigmas são necessárias para
que uma nova Pastoral do Batismo possa ser construída em nossas paróquias, respondendo aos
anseios atuais.
Apresentamos, a seguir, a proposta para uma Pastoral Batismal. Muitos dos elementos sugeridos
devem ser refletidos na comunidade paroquial e adaptados segundo a sua realidade, procurando
sempre manter a fidelidade ao essencial da ideia proposta.
A divisão territorial da paróquia
11. Sugere-se que, dentro do limite geográfico da paróquia, seja elaborada uma divisão territorial
com o objetivo de melhor atender e acompanhar as famílias que procuram o sacramento do
Batismo. A personalização tem-se mostrado muito eficaz nas diversas iniciativas e experiências.
Também o trabalho pastoral dos agentes poderá ficar melhor distribuído. Denominaremos, a
seguir, essa divisão de setores paroquiais (cf. DAp 372). A divisão em setores aqui proposta poderá
se adequar a iniciativas pastorais já existentes na paróquia, ou seja, aproveitar setorizações já
utilizadas: CEB´s, setores das capelinhas, grupos de reflexão, pequenas comunidades eclesiais, etc.
A equipe
12. Para compor uma equipe de agentes da Pastoral do Batismo, designada pelo pároco e pela
comunidade paroquial, é de fundamental importância que haja um planejamento a partir das
necessidades, para melhor distribuir tarefas e funções. O ideal é que haja, em cada paróquia,
agentes da pastoral responsáveis por cada um dos setores paroquiais. É necessário que haja pessoas
responsáveis pela preparação dos encontros e das celebrações. Para a celebração do Batismo, é
fundamental também o envolvimento e a preparação adequada de membros da Pastoral Litúrgica.
13. “Uma equipe de agentes de pastoral, quando bem formada, será de inestimável proveito na
preparação do Batismo. Esta equipe representa a comunidade no empenho de levar novos
membros à fonte batismal: valoriza o leigo na Igreja; reparte as responsabilidades …” (BC 153). Há
que se lembrar, porém, que nenhuma pastoral é eficaz em seu trabalho evangelizador se não
houver o comprometimento de toda a comunidade paroquial. Uma pastoral orgânica é
imprescindível para o trabalho com pais e padrinhos que procuram o sacramento do Batismo.
Tarefas e funções dos agentes da pastoral
14. Com o itinerário proposto, algumas tarefas e funções sãonecessárias: Visitas aos futuros pais
(mães grávidas): é acolhedor e frutuoso que futuros pais (ou qualquer outra realidade familiar que
se apresente) recebam a visita de um agente da pastoral, a fim de acolher esta criança que está por
vir, e convidar seus pais a participar do encontro celebrativo do Tempo pré-natal. Para essa tarefa,
seria oportuno que membros da comunidade paroquial fossem envolvidos para fazer o convite:
Pastoral da Visitação, MESC´s, mensageiras das capelinhas, catequistas, membros da Pastoral
Familiar, Pastoral da Criança, etc.
15. Acolhida aos pais que buscam o Batismo: é importante que o primeiro contato não se restrinja
a questões burocráticas, mas que seja um autêntico diálogo acolhedor; que haja respeito às mais
diversas realidades apresentadas; que haja caridade diante das dificuldades pastorais ou canônicas;
enfim, que essas famílias possam sentir-se acolhidas numa comunidade cristã. Convém que, após o
atendimento na secretaria paroquial, essa família seja encaminhada aos agentes da Pastoral do
Batismo para essa primeira acolhida. Também o pároco poderá estar integrado nessa tarefa.
• Preenchimento do cadastro da família do batizando.
• Preparação dos encontros celebrativos do tempo pré-natal e pré-batismal.
• Preparação das atividades do tempo pós-batismal: conforme descrito no item 2.4.
Uma palavra sobre a acolhida
16. Falar em acolhida não implica somente em dar as boas-vindas, em fazer as perguntas
costumeiras, em ser educado no falar. O acolhimento na fé implica em um ato, depende de uma
ação, e já é um primeiro passo para o querigma, o anúncio da Boa-Nova. Daí a importância de gestos
concretos, como as visitas personalizadas e o acompanhamento posterior.
17. Importa valorizar o encontro pessoal, como caminho de evangelização. Nele se aprofundam
laços de confiança e experiências de vida são partilhadas (…) Através da visitação, do contato
pessoal, contínuo e organizado, manifesta-se a iniciativa do discípulo missionário, que não espera
a chegada do irmão ou irmã, mas vai ao encontro de cada um, de cada uma e de todos (DGAE 117).
18. O acolhimento também implica em saber ouvir. Dedicar tempo a escutar as pessoas é valorizar
a sua história, a sua vida. Dar atenção e encaminhamento às suas necessidades é abrir as portas
para uma Igreja que é de todos e para todos.
19. A prática da visitação cria condições frutuosas para essas ações evangelizadoras. É fundamental,
também, a prática de uma leitura bíblica nessas ocasiões.
Pastoral orgânica e de conjunto: envolvimento de toda a paróquia
20. Diante das propostas sugeridas neste Diretório, torna-se necessário o envolvimento da
comunidade paroquial. Assim, é necessário que os membros do conselho pastoral (CPP ou CCP)
tomem conhecimento dessa proposta, de suas tarefas como líderes cristãos, e de todo o trabalho
evangelizador proposto pela Pastoral do Batismo.
A formação dos agentes pastorais
21. Há que se providenciar formação específica e permanente para os agentes da Pastoral do
Batismo, bem como para os membros envolvidos no processo. Essa formação deve ser inspirada na
pedagogia catecumenal.
É fundamental que conheçam todas as atividades propostas, que estejam atualizados com os
documentos da Igreja e com as orientações da arquidiocese.
ITINERÁRIO PARA PREPARAÇÃO DE PAIS E PADRINHOS
Tempo pré-natal
22. É frutuoso um encontro celebrativo com os futuros pais: é uma vida que está sendo gestada
também no seio da Igreja, e esperada com alegria. É a Celebração da Vida.
Daí a importância do papel dos responsáveis pelos Setores paroquiais que, certamente, terão
conhecimento das futuras mamães e poderão convidar essas famílias a participarem do encontro.
Lembramos que todos os membros da comunidade paroquial poderão estar envolvidos nestes
convites e encaminhamentos.
A respeito da periodicidade, a equipe da Pastoral do Batismo decidirá, juntamente com o pároco e
de acordo com a sua realidade, qual a periodicidade mais adequada. Para maior abrangência,
convém que esse encontro aconteça, no mínimo, trimestralmente. Cuide-se que haja a divulgação
adequada na proximidade da data agendada para este encontro.
Tempo pré-batismal
23. Inúmeras ações pastorais com inspiração catecumenal compreendem esse tempo. A seguir,
relatamos as sugestões e propostas que podem e devem ser adaptadas à realidade de cada
paróquia, bem como acrescidas com criatividade.
A acolhida
24. Convém que os pais que são atendidos na secretaria paroquial, conforme já citado
anteriormente, sejam encaminhados ao agente da pastoral de seu setor paroquial, para uma visita
personalizada. É a ocasião adequada para o acolhimento, a oração e a partilha de vida. Também é
ocasião adequada para o preenchimento do cadastro da família do batizando. Mesmo que os pais
já tenham participado da Celebração da Vida, no tempo pré-natal, convém que a família seja
também visitada após o nascimento da criança, para que seja acompanhada com carinho e atenção.
25. A viabilidade dessas visitas personalizadas deve ser bem planejada, uma vez que há paróquias
cuja procura pelo sacramento do Batismo excede em quantidade, dificultando, muitas vezes, as
visitas individuais às famílias. Assim, encontre-se a maneira mais proveitosa de se promover esse
primeiro contato da pastoral com as famílias. No caso de famílias que residam fora do território
paroquial e buscam a paróquia por afinidade, encontre-se o melhor modo de haver um
acompanhamento, o mais personalizado possível, por um dos agentes da Pastoral do Batismo.
Celebração de acolhida
26. Na medida do possível, pais e padrinhos do batizando podem ser acolhidos numa celebração
eucarística em data anterior à agendada para o Batismo. A criança pode ser apresentada à
assembleia e também seus pais e padrinhos.
A mesma forma de acolhida pode acontecer quando a celebração do Batismo acontece logo após a
Santa Missa. Pais, padrinhos e batizandos são apresentados e acolhidos pela comunidade paroquial.
Cadastro da família
27. É importante para a organização pastoral que seja elaborado um cadastro da família do
batizando. Os dados necessários devem compreender, além de endereço e formas de contato,
também a prática religiosa que a família percorreu. Assim, itens como os sacramentos recebidos
pelos pais, a situação conjugal atual, as práticas cristãs, etc, devem constar desse cadastro. Esse
questionário pode, inclusive, fazer parte do primeiro contato dos agentes da pastoral com os pais
do batizando.
Uma sugestão criativa: “(...) os filhos são apresentados à comunidade, dentro da celebração da
missa ou do culto, após a homilia e antes da oração dos fiéis. Cada família entrega a ficha completa
de seu filho, para a futura inscrição no livro de batizados” (BC 162).
Formas de preparação
28. É preciso insistir que toda a preparação para pais e padrinhos seja mais vivencial e educativa do
que instrutiva. Discorre ainda sobre a necessidade de que, nesses encontros de preparação, haja
reflexão, diálogo, oração e celebração. (cf. BC 154).
Encontros com pais e padrinhos
29. Sugere-se que, nesta etapa do itinerário de preparação para pais e padrinhos, algumas atitudes
pastorais possam ser bem planejadas a fim de apresentar ações evangelizadoras mais eficazes.
Os temas
30. Sugerimos três temas para serem realizados com pais e padrinhos, em encontros celebrativos
que tornam o conteúdo mais vivencial e orante.
No subsídio Catequese Batismal, cada tema é acompanhado de uma celebração que resgata a
ritualidade do sacramento do Batismo.
31. 1º tema: Encontrar o Senhor
Celebração de assinalação com a entrega da cruz
32. 2º tema: O sacramento do Batismo
Celebração da água e Celebração da luz (Pais e padrinhos chamados a ser luz)
A periodicidade e o local dos encontros
33. A inspiração catecumenal nos conduz a uma preparação gradual, mais frutuosa e participativa.
Colocaremos, a seguir, duas sugestões possíveis para a preparação de pais e padrinhos:
 realizar dois encontros
Trabalhar e celebrar os dois temas propostos, de forma personalizada, conduzidos pelo agente
da pastoral do setor paroquial. Os encontros podem acontecer, por exemplo, na casa dos pais
do batizando, dos padrinhos ou mesmo na casa do agente da pastoral (experiências muito
positivas vêm sendo assim realizadas);
 realizar dois encontros
- o primeiro encontro no setor paroquial: trabalhar e celebrar o 1º tema num grupo
menor para uma melhor participação;
- o segundo encontro, se possível, também no setor paroquial: trabalhar e celebrar o 2º
tema proposto. Se não for possível, agrupa-se, então, todos os pais e padrinhospara o encontro
no espaço da paróquia.
Ressaltamos, porém, que quanto mais personalizado, quanto menor o grupo de pais e
padrinhos, mais participativo e orante poderá ser o encontro.
Validade da preparação de pais e padrinhos
34. Consideramos não ser adequado determinar tempo de validade para a preparação de pais e
padrinhos, por ser uma oportunidade para renovar a fé batismal. Sugere-se que também as
lideranças atuantes na comunidade paroquial frequentem os encontros. Suas experiências e
partilhas serão testemunho para os demais.
A celebração do Batismo
35. Duas dimensões são essenciais na ação litúrgica: o Mistério Pascal em seu dinamismo e o
memorial, ou seja, a presença eficaz da graça salvífica, pois na celebração o evento do passado se
torna presente aqui e agora. O suporte do memorial é o rito: o conjunto de sinais sensíveis,
simbólicos. A Igreja não tem outro modo senão a mediação do rito para a realização do memorial
da ação salvífica.
36. Os sinais pelos quais se realiza a liturgia são sensíveis, significativos e eficazes. Deus tocou a
humanidade em Jesus, seu filho, que assumiu a condição humana para salvá-la: hoje, o Cristo
Ressuscitado continua nos tocando em seu corpo, que é a Igreja, e nos mistérios celebrados, nas
ações simbólico-sacramentais realizadas nela, por Ele. São sinais sensíveis porque atingem nossa
sensibilidade a partir da corporeidade: podemos ver, ouvir, apalpar, cheirar, degustar...
37. A liturgia, por sua natureza, possui uma eficácia pedagógica que nos introduz no mistério. Possui
uma variedade de níveis de comunicação que cativa o ser humano em sua totalidade. Daí a
necessidade de se cuidar da maneira de celebrar, para que os símbolos expressem bem o que
significam, para que se responda à exigência da verdade dos sinais: a água em abundância para o
Batismo, a dignidade das vestes e dos objetos pertencentes ao culto... (cf. SC 122).
38. Na prática pastoral, é preciso superar alguns aspectos negativos que comprometem a
transparência comunicativa da liturgia: os símbolos inexpressivos, o uso de ritos e sinais
incompreensíveis, a falta de estética e de acústica nas celebrações, a vulgaridade e a improvisação.
39. A Pastoral do Batismo deverá se preocupar com a preparação da celebração do sacramento,
procurando celebrar com calma e com a devida dignidade, levando a comunidade celebrante a
internalizar o mistério.
40. Sugestões práticas para a celebração do Batismo (cf. BC 168-189):
a) Acolher com alegria a comunidade, principalmente os pais e padrinhos.
b) Há que se ressaltar a participação dos pais, enfatizando-se a responsabilidade deles, não
somente a dos padrinhos, diante dos compromissos assumidos na celebração.
c) Há os seguintes momentos possíveis para a celebração do Batismo:
 durante uma celebração eucarística;
 num horário específico reservado somente para rito;
 logo após uma celebração eucarística, com a apresentação do batizando, pais e
padrinhos nos ritos iniciais da Santa Missa.
d) É importante valorizar os gestos que acontecem durante o rito, não somente as palavras.
Aproveitar a sua dinâmica para que pais e padrinhos participem por meio das atitudes
corporais e símbolos (procissão, assinalação, imposição de mãos, acendimento da vela,
a veste branca, a benção dada a criança no final da celebração...).
e) Valorizar as procissões da celebração. Se possível, iniciar na porta de entrada da Igreja,
conduzindo-se até o interior e, depois, até a pia batismal para o rito do Batismo. Valorizar
a acolhida na Igreja - comunidade de fé - e o gesto da caminhada, simbolizando a Igreja
peregrina.
Agentes da celebração do Batismo
41. Para uma adequada celebração do Batismo, faz-se necessário o envolvimento de pessoas
preparadas, não sendo este sacramento apenas tarefa do presidente da celebração. Por isso, é
oportuno considerar (cf. Batismo de Crianças 190-204):
42. A equipe. Várias são as tarefas dentro da celebração do Batismo: arrumação da Igreja, acolhida,
cantos, comentários, auxílio ao presidente da celebração. O grupo constituído pode coincidir com
os membros da Pastoral do Batismo, ou pode haver um grupo mais amplo daquele que é
responsável pela preparação dos pais e padrinhos.
43. O ministro. O Batismo é celebrado ordinariamente pelo bispo, presbítero ou diácono. Convém
que o mesmo possa celebrar com disposição de tempo, valorizando o rito. Em caso de necessidade,
qualquer cristão batizado pode celebrar, devendo fazê-lo da forma correta (cf. Ritual do Batismo de
Crianças 17).
44. Grupo de cantos. Os cantos podem ajudar muito para que o Batismo seja bem celebrado. Deve-
se ter o cuidado para que sejam bem executados e que os mesmos tenham conteúdo adequado,
principalmente exprimindo de modo correto a doutrina dosacramento.
Alguns aspectos do rito (cf. BC 205-262)
45. Ritos iniciais. Cuide-se bem do acolhimento dos pais e padrinhos das crianças, valorize-se o
diálogo com eles, evitando o formalismo das perguntas, ressalte-se o sinal da cruz na fronte das
crianças, permitindo que os pais e padrinhos o façam de um modo tranquilo, sem atropelos. O local
mais adequado para os ritos iniciais é a porta da Igreja, fazendo uma procissão em seguida.
46. Liturgia da Palavra. Não se omita a proclamação da Palavra de Deus. Entre as leituras pode ser
intercalado um salmo responsorial adequado, um instante de silêncio ou a repetição de algum
versículo, fazendo-se o eco da Palavra.
47. Liturgia Sacramental. Se for possível, faz-se uma procissão para o batistério cantando a ladainha
de todos os santos. O rito da água é o ponto culminante, portanto, deve ser bem valorizado: convém
que se utilize água de forma a dar visibilidade ao rito. Um canto apropriado seria bem vindo (antes
ou depois deste rito). Quanto a veste branca, convém que a comunidade dê uma veste a criança e
não se utilize apenas um lenço branco ou toalha. Outra sugestão é permitir que os pais e padrinhos
acendam as suas velas no Círio Pascal e a segurem juntos.
48. Ritos finais. Se for possível, realize-se esses ritos ao redor do altar, mostrando a unidade dos
três sacramentos da iniciação cristã: as crianças batizadas serão confirmadas e serão alimentadas
no altar do Senhor. É oportuno valorizar a oração do Pai Nosso como a oração em que chamamos
a Deus de Pai, relacionando com o Batismo que nos faz filhos de Deus. Convém expressar a alegria
pelo sacramento celebrado com uma salva de palmas e canto de ação de graças. Depois da
celebração, incentivem-se os pais e padrinhos a abençoarem as crianças. Pode-se concluir com uma
oração mariana, confiando a vida da criança à proteção de Nossa Senhora.
Tempo pós-batismal
49. A prática pastoral mais comum tem se dedicado à família da criança batizada apenas até o
momento da celebração do sacramento. Em um contexto de evangelização, convém que a família
seja acolhida na comunidade, sendo acompanhada posteriormente. Algumas ações podem
promover este acompanhamento pós-batismal:
50. Primeiramente, convém manifestar a acolhida e apresentação do neobatizado em uma
celebração dominical. Nesta celebração, manifesta-se a alegria da comunidade em receber mais
um membro no seu seio e o vínculo eclesial dos pais e padrinhos. Convém que se faça uma acolhida
alegre no início da missa e procissão de entrada, a menção na homilia, uma prece apropriada e uma
benção especial aos pais e padrinhos (cf. Ritual do Batismo de Crianças 297-311, 334).
51. Se houver possibilidade, pode-se reunir os pais e padrinhos para um encontro de partilha e de
acolhida, procurando incentivar o envolvimento das famílias na comunidade (participação de algum
grupo ou pastoral).
52. Utilize-se o cadastro da família para posteriores encontros e atividades. Seria oportuno que a
Pastoral Familiar pudesse visitar a família e possibilitar a ela alguma ocasião de participação. Outra
sugestão é uma visita da parte da Pastoral da Visitação, se houver. Cuide- se para envolver essa
família nas atividades da comunidade paroquial.
ORIENTAÇÕES CANÔNICAS E PASTORAIS
53. Os padrinhos devem ser batizados, confirmados, ter recebido a primeira Eucaristia; se casados,
terem recebido o sacramento do Matrimônio, e católicos, para garantia da formação cristã da
criança. Tenham idade mínima de 18 anos (admite-se 16 anos com autorização do Bispo). Pode-se
escolher um padrinho ou uma madrinha, bem como um padrinho e uma madrinha. Se, por costume
familiar houver mais pessoas, que seja anotado apenas um padrinho e/ou uma madrinha e os
demais fiquem como testemunhas (cf. CIC cân. 872-874).
54. Evite-se batizar a criança antes de ser registrada no civil. Deve ser entregue aos pais uma
certidão ou lembrança do Batismo realizado como sinal de pertença a uma comunidade cristã, e
seja registrado no livro de batizados, em sintonia com o registro civil. Os pais guardem esta certidão
porque facilitará a sua busca na paróquia quando for necessário. Quem conferir o Batismo em
perigo de morte, deve preocupar-se para que seja realizado o seu devido registro (cf. CIC cân. 877-
878).
55. Uma criança não batizada que tenha idade suficiente para ser catequizada, só pode ser aceita
para o Batismo depois de, pelo menos, um ano de catequese com a devida preparação para este
sacramento.
56. Não se deve batizar em casa. Entretanto, em perigo de morte, qualquer pessoa pode administrar
este sacramento. Os párocos sejam solícitos para que os fiéis aprendam o modo certo de batizar,
realizando depois os Ritos Complementares na Igreja paroquial e o devido registro, que é de suma
importância (cf. CIC cân. 861, 878).
57. Em situações especiais, tais como: filhos de mães solteiras, pais amasiados, separados ou
divorciados, que não têm a mesma religião, sejam tratados com caridade pastoral e zelo apostólico
pelo pároco e equipe da pastoral do Batismo. O Batismo de seus filhos não pode ser negado (cf. CIC
cân. 868, 877).
58. São reconhecidos os batizados realizados nas seguintes igrejas: Orientais (Ortodoxas), Vétero-
Católica, Episcopal Anglicana do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Evangélica
Luterana no Brasil e Metodista (cf. CIC cân. 869).
59. Não se pode rebatizar os que foram batizados nas seguintes igrejas: presbiterianas, batistas,
congregacionistas, adventistas, a maioria das igrejas pentecostais e o Exército da Salvação (esse
grupo não costuma batizar, mas quando o faz, realiza-o de modo válido quanto ao rito).
60. Há Igrejas de cujo Batismo se pode prudentemente duvidar e, por essa razão, requer- se, como
norma geral, a administração de um novo Batismo, sob condição. São elas: Igreja Pentecostal Unida
do Brasil e Mórmons.
61. A Congregação para a Doutrina da Fé, em resposta sobre a Igreja Brasileira (Comunicado Mensal
da CNBB, nov, 1996, ano 35, n. 406), afirma que sobre a validade do Batismo nesta Igreja, deve-se
aplicar o que diz o Código de Direito Canônico, cân. 869, § 2: batize-se sob condição “a não ser que,
examinada a matéria e a forma das palavras usadas no Batismo conferido, e atendendo-se à
intenção do batizado adulto e do ministro que batizou, haja séria razão para duvidar da validade do
Batismo”. Em casos duvidosos, deve-se consultar a Chancelaria da Cúria para esclarecimentos.
62. O Batismo é, com certeza, inválido nas seguintes Igrejas: Testemunhas de Jeová e Ciência Cristã.
63. Diante do pluralismo religioso, uma boa dica seria questionar se o Batismo foi realizado segundo
uma boa intenção de realmente batizar e com a fórmula trinitária adequada: “Eu te batizo em nome
do Pai, e do Filho e do Espírito Santo...” Quando há dúvida sobre a validade do sacramento,
administre-se o Batismo sob condição.
64. Para que uma criança seja legitimamente batizada, é necessário que os pais, ou ao menos um
deles, ou quem legitimamente faz as suas vezes, consintam (cf. CIC cân. 868).
65. Fica dispensada a necessidade de autorização para o Batismo de pessoas que residam em outro
território paroquial dentro da Diocese de Guarapuava.
QUESTÕES PASTORAIS RELEVANTES
Quem pode ser batizado?
66. O Código de Direito Canônico responde: “É capaz de receber o Batismo toda pessoa ainda não
batizada, e somente ela” (cf. CIC cân. 864). Portanto, o Batismo é um direito de toda pessoa
humana.
Quando um pároco pode recusar o Batismo de uma criança?
67. Como princípio, toda criança tem o direito a esse sacramento, independentemente da situação
dos pais: se solteiros, segunda união, divorciados, amasiados, entre outros. Há que se cuidar,
porém, que haja disposição para o compromisso dos pais e padrinhos de assumirem a formação
cristã da criança.
68. O Direito Canônico orienta que “haja fundada esperança de que a criança seja educada na
religião católica; se essa esperança faltar de todo, o Batismo seja adiado segundo as prescrições do
direito particular, avisando-se aos pais sobre o motivo” (cf. CIC cân 868, parágrafo 1,2). O Batismo
pode, portanto, ser adiado e não negado, mostrando aos pais a preocupação da Igreja para com
essa criança.
Que atitudes pastorais tomar com os casais em segunda união?
69. O Papa João Paulo II nos dá uma orientação de como tratar essa questão. O Santo Padre ressalta
a necessidade do acolhimento desses casais e a misericórdia como atitude fundamental para com
os mesmos. A comunidade deve oferecer-lhes um caminho fraterno e misericordioso onde sintam
a mão estendida de Cristo e da Igreja (cf. FC 84).
70. Os documentos da Igreja e as orientações de dioceses apontam para caminhos ou serviços bem
concretos a serem assumidos pelos casais de segunda união:
- ajudem no acolhimento dos irmãos em idêntica situação;
- sejam incentivados e incentivem a outros ao apostolado da piedade eucarística (visitas ao
Santíssimo Sacramento e a comunhão espiritual).
- sejam inseridos nos ofícios e ministérios possíveis na diocese e nas paróquias, de acordo com o
discernimento pastoral.

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  • 1. PROPOSTA DO DIRETÓRIO DOS SACRAMENTOS DIOCESE DE GUARAPUAVA Irmãos no Presbitério, favor avaliar e fazer suas considerações. Os números em vermelho são pra facilitar os apontamentos. Muito obrigado! INTRODUÇÃO GERAL DO DIRETÓRIO (Feito pelo bispo posteriormente) INTRODUÇÃO DOS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ 1. Na graça de Deus caminhamos com vigor. E uma das causas da graça, afirma Santo Tomás de Aquino, são os sacramentos. Grande riqueza da Igreja e para a igreja. O nosso olhar deve se voltar primeiramente a este ideal: redescobrir e viver cada vez com mais vigor o valor dos sacramentos e seus frutos na caminhada cristã. Deste modo, na realidade presente é preciso interpretar os sacramentos de uma maneira sempre atual, não moderna, mas atual, uma vez que os sacramentos nunca perdem a validade. Sendo necessário assim, um novo caminho e uma nova evangelização. 2. A Nova Evangelização já é tema conhecido nas reflexões da pastoral de hoje e nos documentos da Igreja. No documento Ad Gentes do Concílio Vaticano II, bem como em outros documentos mais antigos encontramos o relato de uma primeira evangelização, esta serve para suscitar a fé. Já a nova evangelização destina-se aos batizados afastados, não praticantes ou indiferentes à fé. Este novo caminho para a vida sacramental e para a evangelização vem em resposta aos apelos dos desafios profundos e universais vivenciados hoje na caminhada eclesial. Entre eles a adesão fragilizada à Instituição religiosa, o querer Deus, mas não querer Igreja. Também o individualismo forte que afeta a consciência e a disposição para a vida em comunidade. Busca pelas coisas cômodas e rápidas sem corresponsabilidade ou compromisso. 3. O Documento de Aparecida nos lembra que “existe uma alta porcentagem de católicos sem a consciência de sua missão de ser sal e fermento no mundo, com identidade cristã fraca ou vulnerável” (DAp 286). Então entendemos que o número de pessoas que dizem professar a fé não é realmente o mesmo que o vive verdadeiramente. A nova evangelização é, portanto, uma resposta às exigências do evangelho que pede evangelização real, profunda e salvadora. 4. A recepção dos sacramentos não deve ser o único objetivo da pastoral e da evangelização, mas sim, a vivência profunda da fé, da vida em comunidade e do seguimento de Cristo. Deve preocupar- se, portanto, com a salvação das almas como um todo, e não a recepção vazia dos sacramentos nem o sentimentalismo religioso que fragilizam a vivência verdadeira da fé. 5. Ao iniciarmos um caminho novo como Igreja que se preocupa com a nova evangelização; e especialmente como diocese de realidade missionária, é necessária uma abertura pastoral para implantar novas práticas de evangelização. Trazemos três elementos principais e fundamentais para a realização de uma nova caminhada de evangelização através da vida sacramental. SETORIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DA PASTORAL DO BATISMO, E ADERÊNCIA AO MÉTODO DE PREPARAÇÃO PARA OS SACRAMENTOS COM INSPIRAÇÃO CATECUMENAL. 6. Todos esses elementos citados acima vêm de encontro com o estilo ou pedagogia exigida para uma nova evangelização; portanto, sem a articulação dessas três práticas será muito frágil ou até inexistente a resposta aos desafios de hoje para a evangelização. Busquemos então, urgentemente, a mudança de mentalidade para iniciar esse processo novo de preparação e catequese para a
  • 2. recepção dos sacramentos. 7. Destacamos sobretudo que a pastoral do batismo, juntamente com a catequese, deve ser uma das melhores e mais organizadas pastorais da comunidade. Uma setorização da paróquia e da comunidade também é de extrema necessidade. Nossa diocese tem dimensões gigantescas, nossas paróquias por sua vez, também. Os desafios são tão grandes quanto suas extensões. É difícil a pastoral do batismo centralizada na paróquia e com poucos agentes, dar conta de suprir as necessidades de evangelização e catequese para a boa recepção dos sacramentos. Desse modo, deve haver a organização em pequenos setores. Vários pequenos setores no território paroquial. Agentes da pastoral do batismo em todos os setores. E sobretudo uma inspiração catecumenal, a adesão à uma ideia de caminho que se segue após a recepção dos sacramentos. Caminho de continuidade e aprofundamento. Uma pastoral do batismo, ou até mesmo da Iniciação à Vida Cristã precisa estar bem articulada na paroquia, com membros de todos os setores. 8. A abertura dos líderes da comunidade a esse novo caminho e proposta diocesana deve levar a responder rapidamente e com qualidade a um grande desafio pastoral: A vivência profunda e permanência na vida cristã. Não somente pensar na metodologia de distribuir sacramentos, mas sim formar e configurar o fiel à Cristo e ao evangelho dando-lhe ciência da missão de batizado e do compromisso com a fé assumida. PASTORAL DO BATISMO DE CRIANÇAS A ORGANIZAÇÃO DA PASTORAL DO BATISMO 9. A organização da Pastoral do Batismo nas paróquias, geralmente é feita de forma desvinculada do itinerário para a iniciação à vida cristã. Os pais que procuram a paróquia querem o Batismo para seus filhos muitas vezes sem se importar com sua inserção na vida cristã, a partir desse primeiro sacramento. Seria o momento mais oportuno e frutuoso para encontrarem uma Igreja acolhedora e anunciadora da Boa-Nova. Muito além de conteúdos doutrinais sobre o sacramento está a alegria de partilhar a vida, celebrar e orar junto com a comunidade. “A Igreja, como ‘comunidade de amor’ é chamada a refletir a glória do amor de Deus, que é comunhão, e assim atrair as pessoas e os povos para Cristo.(...) A Igreja cresce, não por proselitismo mas ‘por atração’: como Cristo ‘atrai tudo para si’ com a força do seu amor” (DAp 159). 10. Diante deste contexto evangelizador, algumas mudanças de paradigmas são necessárias para que uma nova Pastoral do Batismo possa ser construída em nossas paróquias, respondendo aos anseios atuais. Apresentamos, a seguir, a proposta para uma Pastoral Batismal. Muitos dos elementos sugeridos devem ser refletidos na comunidade paroquial e adaptados segundo a sua realidade, procurando sempre manter a fidelidade ao essencial da ideia proposta. A divisão territorial da paróquia 11. Sugere-se que, dentro do limite geográfico da paróquia, seja elaborada uma divisão territorial com o objetivo de melhor atender e acompanhar as famílias que procuram o sacramento do Batismo. A personalização tem-se mostrado muito eficaz nas diversas iniciativas e experiências. Também o trabalho pastoral dos agentes poderá ficar melhor distribuído. Denominaremos, a seguir, essa divisão de setores paroquiais (cf. DAp 372). A divisão em setores aqui proposta poderá se adequar a iniciativas pastorais já existentes na paróquia, ou seja, aproveitar setorizações já utilizadas: CEB´s, setores das capelinhas, grupos de reflexão, pequenas comunidades eclesiais, etc.
  • 3. A equipe 12. Para compor uma equipe de agentes da Pastoral do Batismo, designada pelo pároco e pela comunidade paroquial, é de fundamental importância que haja um planejamento a partir das necessidades, para melhor distribuir tarefas e funções. O ideal é que haja, em cada paróquia, agentes da pastoral responsáveis por cada um dos setores paroquiais. É necessário que haja pessoas responsáveis pela preparação dos encontros e das celebrações. Para a celebração do Batismo, é fundamental também o envolvimento e a preparação adequada de membros da Pastoral Litúrgica. 13. “Uma equipe de agentes de pastoral, quando bem formada, será de inestimável proveito na preparação do Batismo. Esta equipe representa a comunidade no empenho de levar novos membros à fonte batismal: valoriza o leigo na Igreja; reparte as responsabilidades …” (BC 153). Há que se lembrar, porém, que nenhuma pastoral é eficaz em seu trabalho evangelizador se não houver o comprometimento de toda a comunidade paroquial. Uma pastoral orgânica é imprescindível para o trabalho com pais e padrinhos que procuram o sacramento do Batismo. Tarefas e funções dos agentes da pastoral 14. Com o itinerário proposto, algumas tarefas e funções sãonecessárias: Visitas aos futuros pais (mães grávidas): é acolhedor e frutuoso que futuros pais (ou qualquer outra realidade familiar que se apresente) recebam a visita de um agente da pastoral, a fim de acolher esta criança que está por vir, e convidar seus pais a participar do encontro celebrativo do Tempo pré-natal. Para essa tarefa, seria oportuno que membros da comunidade paroquial fossem envolvidos para fazer o convite: Pastoral da Visitação, MESC´s, mensageiras das capelinhas, catequistas, membros da Pastoral Familiar, Pastoral da Criança, etc. 15. Acolhida aos pais que buscam o Batismo: é importante que o primeiro contato não se restrinja a questões burocráticas, mas que seja um autêntico diálogo acolhedor; que haja respeito às mais diversas realidades apresentadas; que haja caridade diante das dificuldades pastorais ou canônicas; enfim, que essas famílias possam sentir-se acolhidas numa comunidade cristã. Convém que, após o atendimento na secretaria paroquial, essa família seja encaminhada aos agentes da Pastoral do Batismo para essa primeira acolhida. Também o pároco poderá estar integrado nessa tarefa. • Preenchimento do cadastro da família do batizando. • Preparação dos encontros celebrativos do tempo pré-natal e pré-batismal. • Preparação das atividades do tempo pós-batismal: conforme descrito no item 2.4. Uma palavra sobre a acolhida 16. Falar em acolhida não implica somente em dar as boas-vindas, em fazer as perguntas costumeiras, em ser educado no falar. O acolhimento na fé implica em um ato, depende de uma ação, e já é um primeiro passo para o querigma, o anúncio da Boa-Nova. Daí a importância de gestos concretos, como as visitas personalizadas e o acompanhamento posterior. 17. Importa valorizar o encontro pessoal, como caminho de evangelização. Nele se aprofundam laços de confiança e experiências de vida são partilhadas (…) Através da visitação, do contato pessoal, contínuo e organizado, manifesta-se a iniciativa do discípulo missionário, que não espera a chegada do irmão ou irmã, mas vai ao encontro de cada um, de cada uma e de todos (DGAE 117). 18. O acolhimento também implica em saber ouvir. Dedicar tempo a escutar as pessoas é valorizar a sua história, a sua vida. Dar atenção e encaminhamento às suas necessidades é abrir as portas para uma Igreja que é de todos e para todos. 19. A prática da visitação cria condições frutuosas para essas ações evangelizadoras. É fundamental, também, a prática de uma leitura bíblica nessas ocasiões. Pastoral orgânica e de conjunto: envolvimento de toda a paróquia 20. Diante das propostas sugeridas neste Diretório, torna-se necessário o envolvimento da comunidade paroquial. Assim, é necessário que os membros do conselho pastoral (CPP ou CCP)
  • 4. tomem conhecimento dessa proposta, de suas tarefas como líderes cristãos, e de todo o trabalho evangelizador proposto pela Pastoral do Batismo. A formação dos agentes pastorais 21. Há que se providenciar formação específica e permanente para os agentes da Pastoral do Batismo, bem como para os membros envolvidos no processo. Essa formação deve ser inspirada na pedagogia catecumenal. É fundamental que conheçam todas as atividades propostas, que estejam atualizados com os documentos da Igreja e com as orientações da arquidiocese. ITINERÁRIO PARA PREPARAÇÃO DE PAIS E PADRINHOS Tempo pré-natal 22. É frutuoso um encontro celebrativo com os futuros pais: é uma vida que está sendo gestada também no seio da Igreja, e esperada com alegria. É a Celebração da Vida. Daí a importância do papel dos responsáveis pelos Setores paroquiais que, certamente, terão conhecimento das futuras mamães e poderão convidar essas famílias a participarem do encontro. Lembramos que todos os membros da comunidade paroquial poderão estar envolvidos nestes convites e encaminhamentos. A respeito da periodicidade, a equipe da Pastoral do Batismo decidirá, juntamente com o pároco e de acordo com a sua realidade, qual a periodicidade mais adequada. Para maior abrangência, convém que esse encontro aconteça, no mínimo, trimestralmente. Cuide-se que haja a divulgação adequada na proximidade da data agendada para este encontro. Tempo pré-batismal 23. Inúmeras ações pastorais com inspiração catecumenal compreendem esse tempo. A seguir, relatamos as sugestões e propostas que podem e devem ser adaptadas à realidade de cada paróquia, bem como acrescidas com criatividade. A acolhida 24. Convém que os pais que são atendidos na secretaria paroquial, conforme já citado anteriormente, sejam encaminhados ao agente da pastoral de seu setor paroquial, para uma visita personalizada. É a ocasião adequada para o acolhimento, a oração e a partilha de vida. Também é ocasião adequada para o preenchimento do cadastro da família do batizando. Mesmo que os pais já tenham participado da Celebração da Vida, no tempo pré-natal, convém que a família seja também visitada após o nascimento da criança, para que seja acompanhada com carinho e atenção. 25. A viabilidade dessas visitas personalizadas deve ser bem planejada, uma vez que há paróquias cuja procura pelo sacramento do Batismo excede em quantidade, dificultando, muitas vezes, as visitas individuais às famílias. Assim, encontre-se a maneira mais proveitosa de se promover esse primeiro contato da pastoral com as famílias. No caso de famílias que residam fora do território paroquial e buscam a paróquia por afinidade, encontre-se o melhor modo de haver um acompanhamento, o mais personalizado possível, por um dos agentes da Pastoral do Batismo.
  • 5. Celebração de acolhida 26. Na medida do possível, pais e padrinhos do batizando podem ser acolhidos numa celebração eucarística em data anterior à agendada para o Batismo. A criança pode ser apresentada à assembleia e também seus pais e padrinhos. A mesma forma de acolhida pode acontecer quando a celebração do Batismo acontece logo após a Santa Missa. Pais, padrinhos e batizandos são apresentados e acolhidos pela comunidade paroquial. Cadastro da família 27. É importante para a organização pastoral que seja elaborado um cadastro da família do batizando. Os dados necessários devem compreender, além de endereço e formas de contato, também a prática religiosa que a família percorreu. Assim, itens como os sacramentos recebidos pelos pais, a situação conjugal atual, as práticas cristãs, etc, devem constar desse cadastro. Esse questionário pode, inclusive, fazer parte do primeiro contato dos agentes da pastoral com os pais do batizando. Uma sugestão criativa: “(...) os filhos são apresentados à comunidade, dentro da celebração da missa ou do culto, após a homilia e antes da oração dos fiéis. Cada família entrega a ficha completa de seu filho, para a futura inscrição no livro de batizados” (BC 162). Formas de preparação 28. É preciso insistir que toda a preparação para pais e padrinhos seja mais vivencial e educativa do que instrutiva. Discorre ainda sobre a necessidade de que, nesses encontros de preparação, haja reflexão, diálogo, oração e celebração. (cf. BC 154). Encontros com pais e padrinhos 29. Sugere-se que, nesta etapa do itinerário de preparação para pais e padrinhos, algumas atitudes pastorais possam ser bem planejadas a fim de apresentar ações evangelizadoras mais eficazes. Os temas 30. Sugerimos três temas para serem realizados com pais e padrinhos, em encontros celebrativos que tornam o conteúdo mais vivencial e orante. No subsídio Catequese Batismal, cada tema é acompanhado de uma celebração que resgata a ritualidade do sacramento do Batismo. 31. 1º tema: Encontrar o Senhor Celebração de assinalação com a entrega da cruz 32. 2º tema: O sacramento do Batismo Celebração da água e Celebração da luz (Pais e padrinhos chamados a ser luz) A periodicidade e o local dos encontros 33. A inspiração catecumenal nos conduz a uma preparação gradual, mais frutuosa e participativa. Colocaremos, a seguir, duas sugestões possíveis para a preparação de pais e padrinhos:  realizar dois encontros Trabalhar e celebrar os dois temas propostos, de forma personalizada, conduzidos pelo agente da pastoral do setor paroquial. Os encontros podem acontecer, por exemplo, na casa dos pais do batizando, dos padrinhos ou mesmo na casa do agente da pastoral (experiências muito positivas vêm sendo assim realizadas);  realizar dois encontros - o primeiro encontro no setor paroquial: trabalhar e celebrar o 1º tema num grupo menor para uma melhor participação; - o segundo encontro, se possível, também no setor paroquial: trabalhar e celebrar o 2º
  • 6. tema proposto. Se não for possível, agrupa-se, então, todos os pais e padrinhospara o encontro no espaço da paróquia. Ressaltamos, porém, que quanto mais personalizado, quanto menor o grupo de pais e padrinhos, mais participativo e orante poderá ser o encontro. Validade da preparação de pais e padrinhos 34. Consideramos não ser adequado determinar tempo de validade para a preparação de pais e padrinhos, por ser uma oportunidade para renovar a fé batismal. Sugere-se que também as lideranças atuantes na comunidade paroquial frequentem os encontros. Suas experiências e partilhas serão testemunho para os demais. A celebração do Batismo 35. Duas dimensões são essenciais na ação litúrgica: o Mistério Pascal em seu dinamismo e o memorial, ou seja, a presença eficaz da graça salvífica, pois na celebração o evento do passado se torna presente aqui e agora. O suporte do memorial é o rito: o conjunto de sinais sensíveis, simbólicos. A Igreja não tem outro modo senão a mediação do rito para a realização do memorial da ação salvífica. 36. Os sinais pelos quais se realiza a liturgia são sensíveis, significativos e eficazes. Deus tocou a humanidade em Jesus, seu filho, que assumiu a condição humana para salvá-la: hoje, o Cristo Ressuscitado continua nos tocando em seu corpo, que é a Igreja, e nos mistérios celebrados, nas ações simbólico-sacramentais realizadas nela, por Ele. São sinais sensíveis porque atingem nossa sensibilidade a partir da corporeidade: podemos ver, ouvir, apalpar, cheirar, degustar... 37. A liturgia, por sua natureza, possui uma eficácia pedagógica que nos introduz no mistério. Possui uma variedade de níveis de comunicação que cativa o ser humano em sua totalidade. Daí a necessidade de se cuidar da maneira de celebrar, para que os símbolos expressem bem o que significam, para que se responda à exigência da verdade dos sinais: a água em abundância para o Batismo, a dignidade das vestes e dos objetos pertencentes ao culto... (cf. SC 122). 38. Na prática pastoral, é preciso superar alguns aspectos negativos que comprometem a transparência comunicativa da liturgia: os símbolos inexpressivos, o uso de ritos e sinais incompreensíveis, a falta de estética e de acústica nas celebrações, a vulgaridade e a improvisação. 39. A Pastoral do Batismo deverá se preocupar com a preparação da celebração do sacramento, procurando celebrar com calma e com a devida dignidade, levando a comunidade celebrante a internalizar o mistério. 40. Sugestões práticas para a celebração do Batismo (cf. BC 168-189): a) Acolher com alegria a comunidade, principalmente os pais e padrinhos. b) Há que se ressaltar a participação dos pais, enfatizando-se a responsabilidade deles, não somente a dos padrinhos, diante dos compromissos assumidos na celebração. c) Há os seguintes momentos possíveis para a celebração do Batismo:  durante uma celebração eucarística;  num horário específico reservado somente para rito;  logo após uma celebração eucarística, com a apresentação do batizando, pais e padrinhos nos ritos iniciais da Santa Missa. d) É importante valorizar os gestos que acontecem durante o rito, não somente as palavras. Aproveitar a sua dinâmica para que pais e padrinhos participem por meio das atitudes corporais e símbolos (procissão, assinalação, imposição de mãos, acendimento da vela, a veste branca, a benção dada a criança no final da celebração...).
  • 7. e) Valorizar as procissões da celebração. Se possível, iniciar na porta de entrada da Igreja, conduzindo-se até o interior e, depois, até a pia batismal para o rito do Batismo. Valorizar a acolhida na Igreja - comunidade de fé - e o gesto da caminhada, simbolizando a Igreja peregrina. Agentes da celebração do Batismo 41. Para uma adequada celebração do Batismo, faz-se necessário o envolvimento de pessoas preparadas, não sendo este sacramento apenas tarefa do presidente da celebração. Por isso, é oportuno considerar (cf. Batismo de Crianças 190-204): 42. A equipe. Várias são as tarefas dentro da celebração do Batismo: arrumação da Igreja, acolhida, cantos, comentários, auxílio ao presidente da celebração. O grupo constituído pode coincidir com os membros da Pastoral do Batismo, ou pode haver um grupo mais amplo daquele que é responsável pela preparação dos pais e padrinhos. 43. O ministro. O Batismo é celebrado ordinariamente pelo bispo, presbítero ou diácono. Convém que o mesmo possa celebrar com disposição de tempo, valorizando o rito. Em caso de necessidade, qualquer cristão batizado pode celebrar, devendo fazê-lo da forma correta (cf. Ritual do Batismo de Crianças 17). 44. Grupo de cantos. Os cantos podem ajudar muito para que o Batismo seja bem celebrado. Deve- se ter o cuidado para que sejam bem executados e que os mesmos tenham conteúdo adequado, principalmente exprimindo de modo correto a doutrina dosacramento. Alguns aspectos do rito (cf. BC 205-262) 45. Ritos iniciais. Cuide-se bem do acolhimento dos pais e padrinhos das crianças, valorize-se o diálogo com eles, evitando o formalismo das perguntas, ressalte-se o sinal da cruz na fronte das crianças, permitindo que os pais e padrinhos o façam de um modo tranquilo, sem atropelos. O local mais adequado para os ritos iniciais é a porta da Igreja, fazendo uma procissão em seguida. 46. Liturgia da Palavra. Não se omita a proclamação da Palavra de Deus. Entre as leituras pode ser intercalado um salmo responsorial adequado, um instante de silêncio ou a repetição de algum versículo, fazendo-se o eco da Palavra. 47. Liturgia Sacramental. Se for possível, faz-se uma procissão para o batistério cantando a ladainha de todos os santos. O rito da água é o ponto culminante, portanto, deve ser bem valorizado: convém que se utilize água de forma a dar visibilidade ao rito. Um canto apropriado seria bem vindo (antes ou depois deste rito). Quanto a veste branca, convém que a comunidade dê uma veste a criança e não se utilize apenas um lenço branco ou toalha. Outra sugestão é permitir que os pais e padrinhos acendam as suas velas no Círio Pascal e a segurem juntos. 48. Ritos finais. Se for possível, realize-se esses ritos ao redor do altar, mostrando a unidade dos três sacramentos da iniciação cristã: as crianças batizadas serão confirmadas e serão alimentadas no altar do Senhor. É oportuno valorizar a oração do Pai Nosso como a oração em que chamamos a Deus de Pai, relacionando com o Batismo que nos faz filhos de Deus. Convém expressar a alegria pelo sacramento celebrado com uma salva de palmas e canto de ação de graças. Depois da celebração, incentivem-se os pais e padrinhos a abençoarem as crianças. Pode-se concluir com uma oração mariana, confiando a vida da criança à proteção de Nossa Senhora.
  • 8. Tempo pós-batismal 49. A prática pastoral mais comum tem se dedicado à família da criança batizada apenas até o momento da celebração do sacramento. Em um contexto de evangelização, convém que a família seja acolhida na comunidade, sendo acompanhada posteriormente. Algumas ações podem promover este acompanhamento pós-batismal: 50. Primeiramente, convém manifestar a acolhida e apresentação do neobatizado em uma celebração dominical. Nesta celebração, manifesta-se a alegria da comunidade em receber mais um membro no seu seio e o vínculo eclesial dos pais e padrinhos. Convém que se faça uma acolhida alegre no início da missa e procissão de entrada, a menção na homilia, uma prece apropriada e uma benção especial aos pais e padrinhos (cf. Ritual do Batismo de Crianças 297-311, 334). 51. Se houver possibilidade, pode-se reunir os pais e padrinhos para um encontro de partilha e de acolhida, procurando incentivar o envolvimento das famílias na comunidade (participação de algum grupo ou pastoral). 52. Utilize-se o cadastro da família para posteriores encontros e atividades. Seria oportuno que a Pastoral Familiar pudesse visitar a família e possibilitar a ela alguma ocasião de participação. Outra sugestão é uma visita da parte da Pastoral da Visitação, se houver. Cuide- se para envolver essa família nas atividades da comunidade paroquial. ORIENTAÇÕES CANÔNICAS E PASTORAIS 53. Os padrinhos devem ser batizados, confirmados, ter recebido a primeira Eucaristia; se casados, terem recebido o sacramento do Matrimônio, e católicos, para garantia da formação cristã da criança. Tenham idade mínima de 18 anos (admite-se 16 anos com autorização do Bispo). Pode-se escolher um padrinho ou uma madrinha, bem como um padrinho e uma madrinha. Se, por costume familiar houver mais pessoas, que seja anotado apenas um padrinho e/ou uma madrinha e os demais fiquem como testemunhas (cf. CIC cân. 872-874). 54. Evite-se batizar a criança antes de ser registrada no civil. Deve ser entregue aos pais uma certidão ou lembrança do Batismo realizado como sinal de pertença a uma comunidade cristã, e seja registrado no livro de batizados, em sintonia com o registro civil. Os pais guardem esta certidão porque facilitará a sua busca na paróquia quando for necessário. Quem conferir o Batismo em perigo de morte, deve preocupar-se para que seja realizado o seu devido registro (cf. CIC cân. 877- 878). 55. Uma criança não batizada que tenha idade suficiente para ser catequizada, só pode ser aceita para o Batismo depois de, pelo menos, um ano de catequese com a devida preparação para este sacramento. 56. Não se deve batizar em casa. Entretanto, em perigo de morte, qualquer pessoa pode administrar este sacramento. Os párocos sejam solícitos para que os fiéis aprendam o modo certo de batizar, realizando depois os Ritos Complementares na Igreja paroquial e o devido registro, que é de suma importância (cf. CIC cân. 861, 878). 57. Em situações especiais, tais como: filhos de mães solteiras, pais amasiados, separados ou divorciados, que não têm a mesma religião, sejam tratados com caridade pastoral e zelo apostólico pelo pároco e equipe da pastoral do Batismo. O Batismo de seus filhos não pode ser negado (cf. CIC
  • 9. cân. 868, 877). 58. São reconhecidos os batizados realizados nas seguintes igrejas: Orientais (Ortodoxas), Vétero- Católica, Episcopal Anglicana do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Evangélica Luterana no Brasil e Metodista (cf. CIC cân. 869). 59. Não se pode rebatizar os que foram batizados nas seguintes igrejas: presbiterianas, batistas, congregacionistas, adventistas, a maioria das igrejas pentecostais e o Exército da Salvação (esse grupo não costuma batizar, mas quando o faz, realiza-o de modo válido quanto ao rito). 60. Há Igrejas de cujo Batismo se pode prudentemente duvidar e, por essa razão, requer- se, como norma geral, a administração de um novo Batismo, sob condição. São elas: Igreja Pentecostal Unida do Brasil e Mórmons. 61. A Congregação para a Doutrina da Fé, em resposta sobre a Igreja Brasileira (Comunicado Mensal da CNBB, nov, 1996, ano 35, n. 406), afirma que sobre a validade do Batismo nesta Igreja, deve-se aplicar o que diz o Código de Direito Canônico, cân. 869, § 2: batize-se sob condição “a não ser que, examinada a matéria e a forma das palavras usadas no Batismo conferido, e atendendo-se à intenção do batizado adulto e do ministro que batizou, haja séria razão para duvidar da validade do Batismo”. Em casos duvidosos, deve-se consultar a Chancelaria da Cúria para esclarecimentos. 62. O Batismo é, com certeza, inválido nas seguintes Igrejas: Testemunhas de Jeová e Ciência Cristã. 63. Diante do pluralismo religioso, uma boa dica seria questionar se o Batismo foi realizado segundo uma boa intenção de realmente batizar e com a fórmula trinitária adequada: “Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo...” Quando há dúvida sobre a validade do sacramento, administre-se o Batismo sob condição. 64. Para que uma criança seja legitimamente batizada, é necessário que os pais, ou ao menos um deles, ou quem legitimamente faz as suas vezes, consintam (cf. CIC cân. 868). 65. Fica dispensada a necessidade de autorização para o Batismo de pessoas que residam em outro território paroquial dentro da Diocese de Guarapuava. QUESTÕES PASTORAIS RELEVANTES Quem pode ser batizado? 66. O Código de Direito Canônico responde: “É capaz de receber o Batismo toda pessoa ainda não batizada, e somente ela” (cf. CIC cân. 864). Portanto, o Batismo é um direito de toda pessoa humana. Quando um pároco pode recusar o Batismo de uma criança? 67. Como princípio, toda criança tem o direito a esse sacramento, independentemente da situação dos pais: se solteiros, segunda união, divorciados, amasiados, entre outros. Há que se cuidar, porém, que haja disposição para o compromisso dos pais e padrinhos de assumirem a formação cristã da criança. 68. O Direito Canônico orienta que “haja fundada esperança de que a criança seja educada na religião católica; se essa esperança faltar de todo, o Batismo seja adiado segundo as prescrições do direito particular, avisando-se aos pais sobre o motivo” (cf. CIC cân 868, parágrafo 1,2). O Batismo
  • 10. pode, portanto, ser adiado e não negado, mostrando aos pais a preocupação da Igreja para com essa criança. Que atitudes pastorais tomar com os casais em segunda união? 69. O Papa João Paulo II nos dá uma orientação de como tratar essa questão. O Santo Padre ressalta a necessidade do acolhimento desses casais e a misericórdia como atitude fundamental para com os mesmos. A comunidade deve oferecer-lhes um caminho fraterno e misericordioso onde sintam a mão estendida de Cristo e da Igreja (cf. FC 84). 70. Os documentos da Igreja e as orientações de dioceses apontam para caminhos ou serviços bem concretos a serem assumidos pelos casais de segunda união: - ajudem no acolhimento dos irmãos em idêntica situação; - sejam incentivados e incentivem a outros ao apostolado da piedade eucarística (visitas ao Santíssimo Sacramento e a comunhão espiritual). - sejam inseridos nos ofícios e ministérios possíveis na diocese e nas paróquias, de acordo com o discernimento pastoral.