1. O documento fornece instruções e orientações sobre um programa de leitura ordenado para estudos autodidatas, organizado em várias listas de leitura por área do conhecimento.
2. Cada lista possui uma lógica e ordem interna, variando entre cronologia e nível de dificuldade. É recomendado que o estudante não se foque em uma única lista para evitar vieses.
3. O documento destaca a importância da lista de filosofia como base para outras áreas, e recomenda que iniciant
1. Contra os academicos
O Ordenamento das Leituras
O Guia definitivo das listas de leitura.
Sobre o leitor que chegou até aqui, pressupomos que esteja em busca de um
programa de leitura ordenado que lhe permita iniciar seus estudos sem arrastar-
se em meio às várias pedras de tropeço que com alguma certeza encontrará
pelo caminho.
Inicialmente o Ordenamento foi escrito para suprir as constantes dúvidas acerca
de nosso programa de estudos, que no momento encontrava-se espalhado entre
instruções no início de cada lista de leitura. Mas regras são regras; e os que
resolveram pagar o preço de ignorá-las acabaram virando material para o
Monumento dos Teimosos.
Como dito, todas as listas de leitura possuem instruções próprias que visam
ajudar no aproveitamento de seu conteúdo. Essas instruções normalmente
indicam se seu conteúdo pode ou deve ser lido antes ou depois de outras listas,
formando uma rede de informações entre elas de forma semelhante ao que
ocorre com nossos artigos. Um bom exemplo é a Lista de Leitura de Direito
pressupondo a Lista de Leitura de Filosofia para que seu conteúdo seja bem
aproveitado; como um bom argumentum ad verecundiam, alegamos que o
mesmo irá ocorrer em cursos universitários de direito e será ainda mais intenso
se dermos uma olhada nos clássicos do direito e sua extensa bibliografia
filosófica. Miguel Reale e José Pedro Galvão de Sousa são testemunhas de que
a qualquer um que tenha certa proficiência no tema sabe que a Filosofia do
Direito é ininteligível sem a plena posse do entendimento de uma miríade de
conceitos filosóficos mais ou menos avançados.
Ainda assim segundo o dito, tivemos problemas com os estudantes mais
teimosos que opuseram hercúlea resistência a colocar um freio em suas paixões
e vontade de refutar o amiguinho. Na expectativa de sanar esse fato horroroso
que demonstra muito bem o motivo do Brasil estar no Hades do ranking de
educação mundial.
Escrevendo neste tom, talvez o leitor acredite que o Contra os Acadêmicos
possui algum tipo de projeto educacional ou propostas para resolver o problema
do ensino no Brasil. Pois não há projeto algum; não temos idéia alguma de como
resolver problemas maiores do que tentar educar nossas próprias cabeças e a
de quem mais quiser nossa ajuda. De grão em grão a galinha enche o papo, e
de cabeça em cabeça nos tornamos um pouco melhores.
2. 1. Para um programa de leitura ordenado
O coração de nosso programa de estudo são os Prolegômenos da Lista de
Leitura de Filosofia. Ali temos alguns livros que servem de formação mínima –
bem mínima – ao interessado nos assuntos que tratamos. Por isso pedimos
encarecidamente que não pulem ou troquem os livros listados de lugar; a menos
que um livro avise que não podemos pular seus capítulos sem prejudicar a
mensagem geral, não o pulamos; tratemos aqui do mesmo modo. Pedimos ainda
que não sejam adicionados outros livros. A experiência mostra que muitos
acharam uma boa idéia ler sobre a ontologia de Lacan logo após A Vida
Intelectual se achando capacitados para tal – e com outras intenções por trás,
como refutar o amiguinho – e não se deram muito bem. Se a administração achar
por bem adicionar ou retirar um livro ou outro por conta de os leitores terem
dificuldades com os já postos, assim será feito; mas até lá, a presente ordem
deve ser respeitada. Essa regra é importante para que o leitor iniciante em sua
inocência e vontade de ler certos livros não adicione leituras desnecessárias e
fora de contexto. Isso é bem comum entre os interessados em política e
economia, matérias que pressupõem certos conhecimentos que são
encontrados apenas em filosofia e sua falta pode facilmente criar a criatura
grotesca que diz coisas sem o saber, o temido palpiteiro.
Mas como saber se estou preparado para a Lista de Filosofia?
Se o interessado não possui certa carga de leitura, as listas de literatura são
mais indicadas; assim o digo, pois, o vocabulário dos livros de filosofia, mesmo
as introduções, pressupõem que o leitor já possui algum domínio da língua e
seu léxico; e há até aqueles que definitivamente não foram escritos para o
público leigo, como basicamente a obra Inteira de Eric Voegelin, que como
lemos na introdução de alguns de seus livros, até alguns eruditos reclamavam
de seu vocabulário áspero.
Por carga de leitura digo sobretudo literatura clássica em geral; se você foi um
bom aluno e leu todas as leituras de vestibular recomendadas no ensino médio
ou está acostumado com literatura brasileira, é possível que esteja pronto –
ainda que o ideal fosse uma cultura clássica desde cedo como o pessoal do
homeschooling costuma pregar. Essa carga de leitura NÃO INCLUI literatura
teen e contemporâneos: Harry Potter, Crepúsculo, Leviatã, Saga Divergente, As
Crônicas de Gelo e Fogo, estão peremptoriamente excluídos. É preciso que o
interessado faça certo exame de consciência; literatura clássica nada tem que
ver com isso e filosofia não é brincadeira de criança.
Ainda que falemos de cultura clássica, é importante frisar que o Contra os
Acadêmicos não é um projeto que vise ensiná-la aos moldes daqueles que
querem ensinar o Trivium e o Quadrivium modernamente. Admiramos e temos
algum contato com pessoas interessadas nisso e são muito mais capacitadas
para tal que nós, mas por aqui não é o que pretendemos.
A organização das listas de leitura.
Cada lista de leitura possui certa lógica interna que oscila entre cronologia e
dificuldade. É sabido que para se ler filosofia, ainda que se comece com
3. introduções atuais, é inevitável ter de ler os filósofos antigos, a saber, os gregos.
Por isso, ao ler nossas listas, alguns ficarão com a impressão de que se trata de
uma linha do tempo. E de fato o é, a menos que se trate das listas de literatura,
onde a ordem cronológica prevalece, mas por um motivo especial: as listas de
literatura não possuem ordem de leitura rígida, então não é necessária uma
organização férrea.
Não se deve fixar-se em apenas uma das listas de leitura gerais [exclui-se aqui
as de literatura]. Louis Riboulet ensina que a atenção excessiva às ciências
naturais tende a alimentar o cientificismo [ver Conselhos sobre o Trabalho
Intelectual], e do mesmo modo uma atenção excessiva a apenas uma de nossas
listas pode facilmente viciar o estudo do leitor. Um bom exemplo é que não raro
os afeitos à lógica a têm como mãe das outras disciplinas e caem no famigerado
logicismo. Muitos autores citados não concordam entre si e é assim que o
deve ser; por exemplo, uma lista apenas de autores existencialistas fecharia o
estudante em uma só escola de pensamento, o que é extremamente perigoso –
e é exatamente isso que fazem os mais exaltados. O fechar-se do modo descrito
faz com que o leitor se transforme exatamente no que acusa os outros de serem,
digo, estar preso em uma bolha fora da realidade. E eis o motivo pelo qual não
faremos lista alguma de vertentes filosóficas ou temas filosóficos específicos. É
de conhecimento público que o estudante preguiçoso não lê o que deve, mas
o que quer; uma lista de fenomenologia seria um convite para que não se lesse
o básico para chegar até ela. Husserl já foi suficientemente deturpado por
filósofos, e não queremos que o seja também por refutadores de internet.
Muito do que se vê em Matemática se verá em Lógica – especialmente após a
ascensão da lógica de Frege -, então uma serve de complemento à outra; e que
ninguém se ache um bom lógico até possuir bom domínio da lógica matemática.
Para que não se tenha problemas em encontrar os livros, a esmagadora maioria
deles foi linkado na Amazon para que o interessado possa adquirir. Nas listas de
Literatura, é frequente que encontremos obras disponíveis apenas em e-book.
Por conta disso, recomenda-se adquirir um Kindle ou eventualmente assinar
o Amazon Prime.
4. 2. Adendo:
As Listas de Literatura pedem uma completação de pelo menos 70% para que
se prossiga para a próxima. É altissimamente recomendado que todos aqueles
com menos de 18 anos permaneçam nas Listas de Literatura até que atinjam a
maioridade. Os Livros de Apoio podem ser lidos a qualquer momento, embora
seja recomendável que estejam à mão para consulta apenas enquanto se lê
algum dos livros próprios da lista. Os jovens são conhecidos como deturpadores
profissionais de filósofos e em sua esmagadora maioria são presa fácil do
“discurso do pensamento crítico”. Por conta desses problemas, é melhor que
se mantenham preenchendo a cabeça com os temas apresentados nos níveis
propostos antes de se aventurar na filosofia.
Alguns mais velhos costumam se sentir acanhados com nosso programa por
acreditarem ter “passado do tempo”. Isso não existe. Para Kant, só se deve
filosofar após os 30. Todos são bem-vindos à vida de estudos desde que se
tenha dedicação.
Quer ajuda com as anotações? Clica aqui.
É uma pessoa que não tem idéia como conciliar suas tarefas diárias com um
tempinho de estudo? Clica aqui.
Demais instruções estão na descrição das listas. Bons estudos.
Literatura
1. Grécia Antiga
2. Roma Antiga
3. O Medievo
4. Portugal
5. Brasil
6. Inglaterra
7. França
8. Rússia
Humanas Exatas Biológicas
5. 1. Filosofia
2. História
3. Matemática
4. Lógica
5. Física
6. Química
7. Direito
8. Economia
9. Psicologia
10. Ciência Política
Observação
A lista de Matemática pode ser acessada logo após o término dos prolegômenos
da lista de leitura de filosofia e seu conteúdo pode ser seguido
simultaneamente a outras leituras. Sem a lista de Matemática não se pode
acessar a de Física. A lista de Lógica pode ser parcialmente estudada sem a
de matemática, mas que o leitor saiba que estará brutalmente defasado nessa
matéria e não poderá prosseguir sem aprender um pouco da matéria em
questão.
As três Listas de Exatas procuram oferecer conteúdo semelhante ao
encontrado em uma graduação e podem ser especialmente úteis àqueles que
frequentam cursos do tipo, como Engenharias e afins.
2. Específicas
As listas de leitura específicas foram idealizadas para facilitar a pesquisa
individual de certos autores; não devem ser lidas antes de, ao menos, – e sendo
generoso – metade da lista de filosofia. Cada autor possui obras de dificuldades
e temas muito diferentes; quem lê o Beleza e o Desejo Sexual de Roger Scruton
mal acredita que se trata do mesmo autor.
Por não seguirem o programa de leitura geral não possuem ordem entre si,
apenas ordem interna de cronologia e dificuldade.
Atualmente as listas são:
1. Platão
2. Aristóteles
3. Santo Agostinho de Hipona
4. Santo Tomás de Aquino
5. Immanuel Kant
6. Georg Wihelm Friedrich Hegel
7. Arthur Schopenhauer
8. Soren Kierkegaard
6. 9. Friedrich Wilhelm Nietzsche
10.Edmund Husserl
11.Gilbert Keith Chesterton
12.Clive Staples Lewis
13.Louis Lavelle
14.Martin Heidegger
15.José Ortega y Gasset
16.Hannah Arendt
17.Albert Camus
18.Eric Voegelin
19.Christopher Dawson
20.Eric Weil
21.Michel Foucault
22.Xavier Zubiri
23.Giovanni Reale
24.Roger Scruton
25.Theodore Dalrymple
26.Olavo de Carvalho
Há ainda as listas de leitura auxiliares com conhecimentos úteis ao candidato a
erudito. Ei-las.
1. Idiomas
2. Música
3. Lista de Leituras sugeridas por Mortimer Adler
4. Lista de Leituras sugeridas por José Monir Nasser
5. Lista de Autores Brasileiros recomendados por Olavo de Carvalho
3. O Projeto do Polímata
Polímata é aquele que domina muitas áreas do conhecimento simultaneamente.
Quase todos os filósofos que citamos são ou foram polímatas, como Platão,
Aristóteles, Santo Tomás de Aquino, Immanuel Kant, Eric Voegelin e Xavier
Zubiri. O ordenamento das leituras com sua esmagadora quantidade de livros
listados tem como um de seus objetivos esse grau [insano] de
interdisciplinaridade para que o leitor entenda que as matérias ligam-se umas às
outras num todo completo e que não se pode atentar a apenas uma como se
fosse o suficiente para falar das outras. Não queremos que surjam abominações
como Stephen Hawking falando de filosofia ou Ludwig Von Mises falando de
história. Para aqueles que desejam alcançar o grau de um polímata é necessário
que a completação das listas de leitura seja só o início, pois mesmo que
7. juntemos todas não seria suficiente para preencher 1/5 da biblioteca de um
erudito.
Por outro lado, nem todos seguirão esse caminho. Muitos dos que nos procuram
já cursam ou querem cursar algo e precisam de ajuda em suas áreas. Por isso
fizemos um adendo para aqueles que pretendem seguir certa carreira mas
sabem que precisam saber muito mais do que imaginam.
Dividimos os tópicos por ordem e porcentagem de estudos necessários para
cada área. O psicólogo não precisa de muita matemática mas precisa
dominar Husserl. Sabemos que o psicologismo, embora morto, continua nos
assombrando e ainda há aqueles que querem reduzir tudo à psicologia. O
Economista está em uma situação diferente. Sabemos que muitos economistas
saem de suas áreas para tratar de outras segundo métodos econômicos, o que
por si já é um prelúdio de catástrofes. Então antes de economista ele precisa ler
muita filosofia e muita história, e até mesmo um pouco de psicologia é bem-
vindo. O físico não precisa ler direito a princípio; mas as ciências exatas têm o
problema de comumente induzir o estudante num cientificismo que cairá
cedo ou tarde em materialismo; então somos forçados a pedir que os
candidatos a físico leiam filosofia o suficiente para que esse problema seja
afastado. O lógico está constantemente exposto ao irritante logicismo; então é
preciso que saiba que a lógica possui seu lugar próprio entre as matérias, mas
apenas ela nada irá resolver. O mesmo vale para o matemático. O candidato a
historiador pode facilmente cair no historicismo e outros problemas se seduzido
pelo devir do tempo; então a filosofia o ensinará que também há o eterno. E o
candidato a filósofo precisa ler toda a sua lista própria e mais as outras e
muito mais para ser digno do título que almeja, do mesmo modo como o
cientista político, aquele que escolheu talvez a mais ingrata das matérias, que o
fará ler todas as listas. Seguimos a concepção clássica de política por aqui, e
não esperamos que jovens leiam-na. Mas não se preocupem; terão muito tempo
para ler os requisitos mínimos para ela.
As listas de literatura seguem as regras já prescritas.
1. Filosofia – Filosofia [Completa].
2. História – Filosofia [Completa] – História.
Obs: Parece estranho pedir uma formação filosófica pesada do historiador. Mas
para temas como filosofia da história é imprescindível que o estudante saiba se
virar com pensadores como Hegel, que pertencem ao último nível da lista de
filosofia.
3. Matemática – Filosofia [Até nível 2] – Matemática.
Obs: Pode ler a de Lógica completa.
4. Lógica – Filosofia [Até nível 2] – Matemática [Nível 1] – Lógica.
8. Obs: Há muitas faculdades que incluem lógica e matemática em suas
grades. Os livros dessas listas podem ser consultados para auxiliar no
curso.
5. Física – Filosofia [Até nível 2 ou superior] – Matemática [Até nível 2].
Obs: Pode ler a de Lógica completa. Física sem cálculo é piada; daí a
exigência do nível 2 de matemática.
6. Direito – Filosofia [Completa] – História [seguir regras da lista] – Matemática
[Nível 1] – Lógica [Até o nível 1.3 ou superior] –
Obs: É interessante ler: Economia [Introduções ou superior] – Psicologia
[Manuais e Introduções]. Novamente soa estranha tamanha exigência.
Mas os grandes juristas eram muito versados em filosofia.
7. Economia – Filosofia [Até nível 2] – História [seguir regras da lista] –
Matemática [Até nível 2 ou superior] – Lógica [Até nível 1.3 ou superior] –
Direito [Até ‘raízes contemporâneas’ ou superior] – Psicologia [Manuais e
Introduções].
Obs: Caso o interessado em economia queira tratar de outras áreas, favor
considerar as listas em sua completude.
8. Psicologia – Filosofia [Completo] – História – [seguir regras da lista] –
Matemática [Nível 1 ou superior] – Lógica [Até o nível 2, exige domínio de
Edmund Husserl] – Psicologia.
9. Ciência Política– Filosofia [Completo] – História – [seguir regras da lista] –
Matemática [Nível 2 ou superior] – Lógica [Até o nível 1.3 ou superior] –
Psicologia [Até comentários e diversos ou superior] – Ciência Política.
Obs: Pode ler a de Física também, segundo a ordem das matérias na
primeira matéria.
Aos que querem descobrir os resultados da indisciplina, basta clicar na imagem
abaixo: