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Revolução e Marxismo Cultural
O Fascismo e o Marxismo Cultural
Karl Marx jáhavia identificado uma problemática cultural na alienação do proletariado,
ao dizer que areligião é o ópio do povo. Isso foi analisado de forma mais sistemática
por Antonio Gramsci, que vivencioutoda acrise teóricado comunismo apósa Primeira
Guerra.
Esta crise do marxismo, por suavez, gerou doisfilhos: o fascismo e o marxismo
cultural, cadaum deles com umapropostabastante clara para chegaraosseus
objetivos de dominação.
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Como visto na aula anterior, Marx já havia identificado uma problemática cultural na
alienação do proletariado, ao dizer que a religião é o ópio do povo. Isso foi analisado
de forma mais sistemática por Antonio Gramsci, que vivencioutoda a criseteórica
do comunismo após a I Guerra. Esta crise do marxismo gerou 2 filhos: o fascismo
e o marxismo cultural, cada um delescom uma proposta bastante clara para
chegar aos seus objetivos dedominação.
O fascismo, que também é um filho bastardo do comunismo, foi o caminho
encontrado porMussolini e Hitler para implantar a revolução em suas nações.
Ambos queriam a mesma coisa que Lênin e Stálin, ou seja, uma sociedade sem
mercado livre, “justa", com “igualdade" e um estado forte, obtido através de
uma ditadura totalitária. Achavam quea ideologia de classenão era um chamariz
atraente o suficiente para fomentara revolução marxista. Hitler e Mussolini
perceberam, na I Guerra, um sentimento patriótico quelevou o povo a lutar, a
defender os “interessesburgueses" e criaram o fascismo: enquanto o marketing de
Stálin falava do proletariado, do trabalhador, da lógica de classes, Hitler e Mussolini
falavam dos sentimentos nacionais, de raça, ouseja, dosprincípios norteadoresdo
fascismo.
Por outro lado Antonio Gramsci, grande propugnadordo marxismo cultural, colocou
como projeto paraa implantação do socialismo e do marxismo a destruiçãolenta e
gradativa da cultura ocidental. A esse processo Gramsci chamou de “modificação
do senso comum". Para quehouvesseo predomínio damentalidade marxista, não
havia a necessidade de uma grande estruturaque sustentasse o saber. Bastava
apenas uma ideologia convincente, numa espécie de jogo de marketing. Para o
marxismo, sem sombra de dúvida, não existe a verdade, mas um jogo de marketing
[1].
Como visto, tanto o fascismo como o marxismo cultural faziam basicamente as
mesmas coisas com a simples diferença de usar uma propaganda diferentepara
alcançar os mesmos objetivos. A mentalidade revolucionáriafunciona assim,
“metamorfoseando" seu marketing de acordo com a época. Por exemplo, Stálin
pretendia implantar o socialismo através de uma sociedade ateia, marcada pela
perseguição à Igreja; os novos marxistas perceberam que perseguir a Igreja é algo
sempre danoso ao ideal revolucionário, pois quanto mais cristãos são mortos, mais
mártires são criados e mais forte fica o cristianismo. Com o passar do tempo
perceberam que o caminho mais seguro para mudara mentalidade do mundo é o de
entrar na Igreja e mudá-la, desdedentro [2].
Os marxistas sabem que a Igreja é sustentada por uma lógica burguesa, que
tem “apego" ao certo e ao errado, ao moral e ao imoral e usarão isso contra ela.
Eles não têm uma opinião clara sobre qualquertema: quando algo ajuda a revolução,
são favoráveis; quando atrapalha, abominam [3].
Exatamente por isso, o marxismo tem um sistema racional versátil,
revolucionário e dialético. Gramsci já alertava para a não existência do bem oudo
mal, tendo como um de seus inspiradores a figura de Maquiavel, ao dizer quetudo
aquilo que Maquiavel fez a favordo Príncipe, precisava serfeito a favor do partido
comunista. Existe aquilo que é oportuno, aquilo queajuda ou não a revolução. Tudo
o que existe de realidade racional é fruto de uma criação humana. Não existe
verdade, que determine um agir.
Isso é bastante coerente da parte dos marxistas, pois só haveria uma ordem a ser
seguida no agir se houvesse um intelecto criador. Como são ateus, defendem queo
intelecto criador não existe e, portanto, não há ordem a ser seguida ouverdade que
determine o agir humano.
Só para esclareceresta ideia, dizer quea ordem que existe no mundo não é obra de
um Criador não foi mérito dos marxistas. Por incrível que pareça, a visão tradicional
de que a ordem que existe no mundo é criacional, racional foi combatida por obrade
um cristão piedoso chamado Immanuel Kant.
Para Kant, o mundo em si, os objetos, o númeno [4], o que está fora damente
humana é irracional, caótico. O que realmente existe é desconhecido, pois o homem
só tem acesso a um fenômeno, que é compreensível ao intelecto graçasàs categorias
mentais que condicionam (e possibilitam) o pensamento. Na Crítica da Razão Pura,
por exemplo, Kant mostra quea ordem da física newtoniana não está no númeno, na
coisa em si e também não foi colocada nas coisas pelo Criador. Na verdade, a ordem
foi imposta à realidade pelo intelecto. A física de Newton funciona não porque o
mundo é assim, mas porque a mente humanaa fez assim. Kant, assim, é um grande
exemplo de paralaxecognitiva [5]. Resumindo, para Kant a realidade é
absolutamente caótica e irracional. Quem cria a racionalidade é o intelecto
humano.
O marxista também pensa dessa forma, não porconcordarcom o pensamento
kantiano, mas por afirmar que a ordem imposta ao mundo irracional é a que traduz
o interesse de uma classe, especificamente, o da classeburguesa. Segundo o
marxismo, existe uma superestrutura (baseada na religião judaico-cristã, na
filosofia grega e no direito romano) que justifica o status quo, a situação
opressora na qual a sociedade se encontra. Esta superestrutura cria uma cultura
que busca defenderseusinteresses de classe. As pessoas, inoculadas por esta
cultura, passam também a defenderos interessesda classe burguesa.
Concluindo, é necessário entender que os agentes daluta cultural possuem visões de
mundo diferentes. Assim, para quea revolução cultural aconteçaé necessário incutir
na cabeça dos cristãos a ideia de que o cristão não odeia nada, de que ele deve
defender a paz custe o quecustar. A Igreja, à medida que vai assimilando as
ideias revolucionárias, passa a ser uma sociedade igualitária e que, por
engenharia social, quer implantar,neste mundo,uma terra sem males [6]. Os
marxistas sabem que sem transformação da religião numa força socialista, a
revolução não iráacontecer.
Referências
1. Existe uma coisa muito importante que é sempre preciso ter diante dos
olhos: para se compreender bem o pensamento marxista, é necessário ter a
certeza de que a verdade não existe. Enquanto houver fixação na verdade, na
lógica, não será possível compreender ou ser um bom marxista. O marxista
vê o mundo a partir da irracionalidade. E isso é uma demonstração de certa
coerência, pois, já que, segundo a sua filosofia, Deus não existe, tudo o que
existe é irracional.
2. A Igreja Católica tradicional é uma instituição hierárquica, com uma
economia (ação) sacramental que tem por finalidade última levar o homem
para o céu. Para destruí-la, é necessário transformá-la numa sociedade
igualitária, sem uma economia sacramental, transformando tudo numa
engenharia social, buscando imanentizar a escatologia. O céu foi trazido para
este mundo pelos marxistas.
3. Por exemplo, os homossexuais: na Rússia são abominados, pois atrapalham
na implantação da mentalidade do homo sovieticus, homem forte, que
possibilita a revolução; no Ocidente, são essenciais, pois são usados como
meio para destruir a ética judaico-cristã.
4. Segundo o dicionário Michaelis: substantivo masculino (do grego νοούμενoν,
noûmenon) Filos 1 A coisa em si, por oposição ao fenômeno ou às coisas tais
como aparecem e são conhecidas.2 Fato concebido pela consciência, mas não
confirmado pela experiência. 3 Objeto cuja existência é abstrata e
problemática.
5. A paralaxe (do grego παράλλαξις, alteração) cognitiva é o deslocamento, na
obra de um pensador, entre o eixo da especulação teórica e o da experiência
concreta que ele tem da realidade. Tal conceito é apresentado pelo filósofo
Olavo de Carvalho, tanto em seus escritos (cf.
http://www.olavodecarvalho.org/semana/040710globo.htm) como em seu
programa Trueoutspeak (cf. trecho do programa do dia 19 de fevereiro de
2007 postado no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=EjaTyPbVxog). Exatamente por isso, o
pensamento kantiano é inconciliável com a mensagem cristã.
6. Quando o papa João Paulo II se encontrou com o padre Ernesto Cardenal,
ministro de um governo comunista, repreendeu veementemente o padre
diante das câmeras de todo o mundo. O padre defendia a existência de duas
igrejas: uma popular e outra romana, da hierarquia. A romana propaga a
ideologia do magistério, com uma superestrutura imperialista e opressora. A
outra igreja, do padre Ernesto Cardenal, seria uma igreja popular, que, na
verdade não existe, mas é simplesmente instrumento de implantação da
ideologia partidária.

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O fascismo e o marxismo cultural

  • 1. Revolução e Marxismo Cultural O Fascismo e o Marxismo Cultural Karl Marx jáhavia identificado uma problemática cultural na alienação do proletariado, ao dizer que areligião é o ópio do povo. Isso foi analisado de forma mais sistemática por Antonio Gramsci, que vivencioutoda acrise teóricado comunismo apósa Primeira Guerra. Esta crise do marxismo, por suavez, gerou doisfilhos: o fascismo e o marxismo cultural, cadaum deles com umapropostabastante clara para chegaraosseus objetivos de dominação. imprimir Como visto na aula anterior, Marx já havia identificado uma problemática cultural na alienação do proletariado, ao dizer que a religião é o ópio do povo. Isso foi analisado de forma mais sistemática por Antonio Gramsci, que vivencioutoda a criseteórica do comunismo após a I Guerra. Esta crise do marxismo gerou 2 filhos: o fascismo e o marxismo cultural, cada um delescom uma proposta bastante clara para chegar aos seus objetivos dedominação. O fascismo, que também é um filho bastardo do comunismo, foi o caminho encontrado porMussolini e Hitler para implantar a revolução em suas nações. Ambos queriam a mesma coisa que Lênin e Stálin, ou seja, uma sociedade sem mercado livre, “justa", com “igualdade" e um estado forte, obtido através de uma ditadura totalitária. Achavam quea ideologia de classenão era um chamariz atraente o suficiente para fomentara revolução marxista. Hitler e Mussolini perceberam, na I Guerra, um sentimento patriótico quelevou o povo a lutar, a defender os “interessesburgueses" e criaram o fascismo: enquanto o marketing de Stálin falava do proletariado, do trabalhador, da lógica de classes, Hitler e Mussolini falavam dos sentimentos nacionais, de raça, ouseja, dosprincípios norteadoresdo fascismo. Por outro lado Antonio Gramsci, grande propugnadordo marxismo cultural, colocou como projeto paraa implantação do socialismo e do marxismo a destruiçãolenta e gradativa da cultura ocidental. A esse processo Gramsci chamou de “modificação do senso comum". Para quehouvesseo predomínio damentalidade marxista, não havia a necessidade de uma grande estruturaque sustentasse o saber. Bastava apenas uma ideologia convincente, numa espécie de jogo de marketing. Para o marxismo, sem sombra de dúvida, não existe a verdade, mas um jogo de marketing [1]. Como visto, tanto o fascismo como o marxismo cultural faziam basicamente as mesmas coisas com a simples diferença de usar uma propaganda diferentepara alcançar os mesmos objetivos. A mentalidade revolucionáriafunciona assim, “metamorfoseando" seu marketing de acordo com a época. Por exemplo, Stálin
  • 2. pretendia implantar o socialismo através de uma sociedade ateia, marcada pela perseguição à Igreja; os novos marxistas perceberam que perseguir a Igreja é algo sempre danoso ao ideal revolucionário, pois quanto mais cristãos são mortos, mais mártires são criados e mais forte fica o cristianismo. Com o passar do tempo perceberam que o caminho mais seguro para mudara mentalidade do mundo é o de entrar na Igreja e mudá-la, desdedentro [2]. Os marxistas sabem que a Igreja é sustentada por uma lógica burguesa, que tem “apego" ao certo e ao errado, ao moral e ao imoral e usarão isso contra ela. Eles não têm uma opinião clara sobre qualquertema: quando algo ajuda a revolução, são favoráveis; quando atrapalha, abominam [3]. Exatamente por isso, o marxismo tem um sistema racional versátil, revolucionário e dialético. Gramsci já alertava para a não existência do bem oudo mal, tendo como um de seus inspiradores a figura de Maquiavel, ao dizer quetudo aquilo que Maquiavel fez a favordo Príncipe, precisava serfeito a favor do partido comunista. Existe aquilo que é oportuno, aquilo queajuda ou não a revolução. Tudo o que existe de realidade racional é fruto de uma criação humana. Não existe verdade, que determine um agir. Isso é bastante coerente da parte dos marxistas, pois só haveria uma ordem a ser seguida no agir se houvesse um intelecto criador. Como são ateus, defendem queo intelecto criador não existe e, portanto, não há ordem a ser seguida ouverdade que determine o agir humano. Só para esclareceresta ideia, dizer quea ordem que existe no mundo não é obra de um Criador não foi mérito dos marxistas. Por incrível que pareça, a visão tradicional de que a ordem que existe no mundo é criacional, racional foi combatida por obrade um cristão piedoso chamado Immanuel Kant. Para Kant, o mundo em si, os objetos, o númeno [4], o que está fora damente humana é irracional, caótico. O que realmente existe é desconhecido, pois o homem só tem acesso a um fenômeno, que é compreensível ao intelecto graçasàs categorias mentais que condicionam (e possibilitam) o pensamento. Na Crítica da Razão Pura, por exemplo, Kant mostra quea ordem da física newtoniana não está no númeno, na coisa em si e também não foi colocada nas coisas pelo Criador. Na verdade, a ordem foi imposta à realidade pelo intelecto. A física de Newton funciona não porque o mundo é assim, mas porque a mente humanaa fez assim. Kant, assim, é um grande exemplo de paralaxecognitiva [5]. Resumindo, para Kant a realidade é absolutamente caótica e irracional. Quem cria a racionalidade é o intelecto humano.
  • 3. O marxista também pensa dessa forma, não porconcordarcom o pensamento kantiano, mas por afirmar que a ordem imposta ao mundo irracional é a que traduz o interesse de uma classe, especificamente, o da classeburguesa. Segundo o marxismo, existe uma superestrutura (baseada na religião judaico-cristã, na filosofia grega e no direito romano) que justifica o status quo, a situação opressora na qual a sociedade se encontra. Esta superestrutura cria uma cultura que busca defenderseusinteresses de classe. As pessoas, inoculadas por esta cultura, passam também a defenderos interessesda classe burguesa. Concluindo, é necessário entender que os agentes daluta cultural possuem visões de mundo diferentes. Assim, para quea revolução cultural aconteçaé necessário incutir na cabeça dos cristãos a ideia de que o cristão não odeia nada, de que ele deve defender a paz custe o quecustar. A Igreja, à medida que vai assimilando as ideias revolucionárias, passa a ser uma sociedade igualitária e que, por engenharia social, quer implantar,neste mundo,uma terra sem males [6]. Os marxistas sabem que sem transformação da religião numa força socialista, a revolução não iráacontecer. Referências 1. Existe uma coisa muito importante que é sempre preciso ter diante dos olhos: para se compreender bem o pensamento marxista, é necessário ter a certeza de que a verdade não existe. Enquanto houver fixação na verdade, na lógica, não será possível compreender ou ser um bom marxista. O marxista vê o mundo a partir da irracionalidade. E isso é uma demonstração de certa coerência, pois, já que, segundo a sua filosofia, Deus não existe, tudo o que existe é irracional. 2. A Igreja Católica tradicional é uma instituição hierárquica, com uma economia (ação) sacramental que tem por finalidade última levar o homem para o céu. Para destruí-la, é necessário transformá-la numa sociedade igualitária, sem uma economia sacramental, transformando tudo numa engenharia social, buscando imanentizar a escatologia. O céu foi trazido para este mundo pelos marxistas. 3. Por exemplo, os homossexuais: na Rússia são abominados, pois atrapalham na implantação da mentalidade do homo sovieticus, homem forte, que possibilita a revolução; no Ocidente, são essenciais, pois são usados como meio para destruir a ética judaico-cristã. 4. Segundo o dicionário Michaelis: substantivo masculino (do grego νοούμενoν, noûmenon) Filos 1 A coisa em si, por oposição ao fenômeno ou às coisas tais como aparecem e são conhecidas.2 Fato concebido pela consciência, mas não confirmado pela experiência. 3 Objeto cuja existência é abstrata e problemática.
  • 4. 5. A paralaxe (do grego παράλλαξις, alteração) cognitiva é o deslocamento, na obra de um pensador, entre o eixo da especulação teórica e o da experiência concreta que ele tem da realidade. Tal conceito é apresentado pelo filósofo Olavo de Carvalho, tanto em seus escritos (cf. http://www.olavodecarvalho.org/semana/040710globo.htm) como em seu programa Trueoutspeak (cf. trecho do programa do dia 19 de fevereiro de 2007 postado no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=EjaTyPbVxog). Exatamente por isso, o pensamento kantiano é inconciliável com a mensagem cristã. 6. Quando o papa João Paulo II se encontrou com o padre Ernesto Cardenal, ministro de um governo comunista, repreendeu veementemente o padre diante das câmeras de todo o mundo. O padre defendia a existência de duas igrejas: uma popular e outra romana, da hierarquia. A romana propaga a ideologia do magistério, com uma superestrutura imperialista e opressora. A outra igreja, do padre Ernesto Cardenal, seria uma igreja popular, que, na verdade não existe, mas é simplesmente instrumento de implantação da ideologia partidária.