SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Musculatura Esquelética
O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo, formando
o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura recobre totalmente o esqueleto e
está presa aos ossos, sendo responsável pela movimentação corporal.
Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido conjuntivo, o
perimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos quais se derivam divisões
sempre mais delgadas. O músculo fica assim dividido em feixes (primários, secundários,
terciários). O revestimento dos feixes menores (primários), chamado endomísio, manda para
o interior do músculo membranas delgadíssimas que envolvem cada uma das fibras
musculares. A fibra muscular é uma célula cilíndrica ou prismática, longa, de 3 a 12
centímetros; o seu diâmetro é infinitamente menor, variando de 20 a 100 mícrons (milésimos
de milímetro), tendo um aspecto de filamento fusiforme. No seu interior notam-se muitos
núcleos, de modo que setem aidéia de sera fibra constituída por várias células que perderam
os seus limites, fundindo-se umas com as outras. Dessa forma, podemos dizer que um
músculo esquelético é um pacote formado por longas fibras, que percorrem o músculo de
ponta a ponta.
No citoplasma da fibra muscular esquelética há muitas
miofibrilas contráteis, constituídas por filamentos compostos por dois tipos principais de
proteínas – a actina e a miosina. Filamentos deactina e miosina dispostos regularmente
originam um padrão bem definido de estrias (faixas) transversais alternadas, claras e
escuras. Essa estrutura existe somente nas fibras que constituem os músculos esqueléticos,
os quais são por isso chamados músculos estriados.
Em torno do conjunto de miofibrilas de uma fibra muscular esquelética situa-se o retículo
sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso), especializado no armazenamento de íons
cálcio.
As miofibrilas são constituídas por unidades que se
repetem ao longo de seu comprimento, denominadas sarcômeros. A distribuição dos
filamentos de actina e miosina varia ao longo do sarcômero. As faixas mais extremas e mais
claras do sarcômero, chamadas banda I,contêm apenas filamentos de actina. Dentro da
banda I existe uma linha que se cora mais intensamente, denominada linha Z, que
corresponde a várias uniões entre dois filamentos de actina. A faixa central, mais escura, é
chamada banda A, cujas extremidades são formadas por filamentos de actina e miosina
sobrepostos. Dentro da banda A existe uma região mediana mais clara – a banda H – que
contém apenas miosina. Um sarcômero compreende o segmento entre duas linhas Z
consecutivas e é a unidade contrátil da fibra muscular, pois é a menor porção da fibra
muscular com capacidade de contração e distensão.
1- Bandas escuras (anisotrópicas – banda A).
2- Faixasclaras (isotrópicas – bandaI, com linha
Z central).
3- Núcleos periféricos.
Contração: ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina c
sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer.
A contração do músculo esquelético é voluntária e ocorre pelo deslizamento dos filamentos
de actina sobre os de miosina. Nas pontas dos filamentos de miosina existem pequenas
projeções, capazes de formar ligações com certos sítios dos filamentos de actina, quando o
músculo é estimulado. Essas projeções de miosina puxam os filamentos de actina, forçando-
os a deslizar sobre os filamentos de miosina. Isso leva ao encurtamento das miofibrilas e à
contração muscular. Durante a contração muscular, o sarcômero diminui devido à
aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer.
Constatou-se, através de microscopia eletrônica, que o sarcolema (membrana plasmática) da
fibra muscular sofre invaginações, formando túbulos anastomosados que envolvem cada
conjunto de miofibrilas. Essa rede foi denominada sistema T, pois as invaginações são
perpendiculares as miofibrilas. Esse sistema é responsável pela contração uniforme de cada
fibra muscular estriadaesquelética, não ocorrendo nas fibras lisas esendo reduzido nas fibras
cardíacas.
A química da contração muscular
O estímulo para a contração muscular é geralmente um impulso nervoso, que chega à fibra
muscular através de um nervo. O impulso nervoso propaga-se pela membrana das fibras
musculares (sarcolema) e atinge o retículo sarcoplasmático, fazendo com que o cálcio ali
armazenado seja liberado no hialoplasma. Ao entrar em contato com as miofibrilas, o cálcio
desbloqueia os sítios de ligação da actina e permite que esta se ligue à miosina, iniciando a
contração muscular. Assimque cessa o estímulo, o cálcio é imediatamente rebombeado para
o interior do retículo sarcoplasmático, o que faz cessar a contração.
A energia para a contração muscular é suprida por moléculas de ATP produzidas durante a
respiração celular. O ATP atua tanto na ligação da miosina à actina quanto em sua separação,
que ocorre durante o relaxamento muscular. Quando falta ATP, a miosina mantém-se unida
à actina, causando enrijecimento muscular. É o que acontece após a morte, produzindo-se o
estado de rigidez cadavérica (rigor mortis).
A quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir apenas alguns
segundos de atividade muscular intensa. A principal reserva de energianas células musculares
é uma substância denominada fosfato de creatina(fosfocreatina ou creatina-fosfato). Dessa
forma, podemos resumir que a energia é inicialmente fornecida pela respiração celular é
armazenada como fosfocreatina (principalmente) e na forma de ATP. Quando a fibra
muscular necessita de energia para manter a contração, grupos fosfatos ricos em energia são
transferidos da fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP. Quando o trabalho
muscular é intenso, as células musculares repõem seus estoques de ATP e de fosfocreatina
pela intensificação da respiração celular. Para isso utilizam o glicogênio armazenado no
citoplasma das fibras musculares como combustível.
Uma teoria simplificada admite que, ao receber um estímulo nervoso, a fibra muscular
mostra, em sequência, os seguintes eventos:
1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca++ e Mg++ para o citoplasma.
2. Em presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade ATP ásica, isto é,
desdobra o ATP, liberando a energia de um radical fosfato:
3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de miosina,
caracterizando o encurtamento das miofibrilas.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Fisiologia do músculo estriado
Fisiologia do músculo estriadoFisiologia do músculo estriado
Fisiologia do músculo estriadoCaio Maximino
 
Fisiologia Humana 4 - Tecido Muscular
Fisiologia Humana 4 - Tecido MuscularFisiologia Humana 4 - Tecido Muscular
Fisiologia Humana 4 - Tecido MuscularHerbert Santana
 
Aula 1 musculos esqueléticos
Aula 1 musculos esqueléticosAula 1 musculos esqueléticos
Aula 1 musculos esqueléticosdanieltoreta
 
Seminário de histologia
Seminário de histologiaSeminário de histologia
Seminário de histologiaSuzana Ribeiro
 
Aula sistema musco esqueletico aula 04 cetesp
Aula sistema musco esqueletico aula 04 cetespAula sistema musco esqueletico aula 04 cetesp
Aula sistema musco esqueletico aula 04 cetespLaercio Leao
 
A fisiologia e o mecanismo da contração muscular
A fisiologia e o mecanismo da contração muscularA fisiologia e o mecanismo da contração muscular
A fisiologia e o mecanismo da contração muscularamandatt231
 
Estrutura e funcionamento do musculo esqueletico
Estrutura e funcionamento do musculo esqueleticoEstrutura e funcionamento do musculo esqueletico
Estrutura e funcionamento do musculo esqueleticodonell21
 
Fisiologia do sistema muscular
Fisiologia do sistema muscularFisiologia do sistema muscular
Fisiologia do sistema muscularguestc2bec7
 
Contracção muscular
Contracção muscularContracção muscular
Contracção muscularJosé Nilson
 
Tecido muscular
Tecido muscularTecido muscular
Tecido muscularwhybells
 
Contração Muscular - Bioquímica
Contração Muscular - BioquímicaContração Muscular - Bioquímica
Contração Muscular - Bioquímicaisrael.gyn
 
Músculo esquelético délio gaspar
Músculo esquelético   délio gasparMúsculo esquelético   délio gaspar
Músculo esquelético délio gaspargigantossauro9
 
Estrutura e funcionamento do musculo esqueletico
Estrutura e funcionamento do musculo esqueleticoEstrutura e funcionamento do musculo esqueletico
Estrutura e funcionamento do musculo esqueleticoAnailtOn Silva Jr.
 
Estrutura e funcionamento do muscular estriado
Estrutura e funcionamento do muscular  estriadoEstrutura e funcionamento do muscular  estriado
Estrutura e funcionamento do muscular estriadodiogo23tiago
 

Mais procurados (20)

Fisiologia do músculo estriado
Fisiologia do músculo estriadoFisiologia do músculo estriado
Fisiologia do músculo estriado
 
Sistema muscular
Sistema muscularSistema muscular
Sistema muscular
 
Fisiologia Humana 4 - Tecido Muscular
Fisiologia Humana 4 - Tecido MuscularFisiologia Humana 4 - Tecido Muscular
Fisiologia Humana 4 - Tecido Muscular
 
Tecido Muscular
Tecido MuscularTecido Muscular
Tecido Muscular
 
Aula 1 musculos esqueléticos
Aula 1 musculos esqueléticosAula 1 musculos esqueléticos
Aula 1 musculos esqueléticos
 
Sistema locomotor
Sistema locomotorSistema locomotor
Sistema locomotor
 
Seminário de histologia
Seminário de histologiaSeminário de histologia
Seminário de histologia
 
Aula sistema musco esqueletico aula 04 cetesp
Aula sistema musco esqueletico aula 04 cetespAula sistema musco esqueletico aula 04 cetesp
Aula sistema musco esqueletico aula 04 cetesp
 
A fisiologia e o mecanismo da contração muscular
A fisiologia e o mecanismo da contração muscularA fisiologia e o mecanismo da contração muscular
A fisiologia e o mecanismo da contração muscular
 
Estrutura e funcionamento do musculo esqueletico
Estrutura e funcionamento do musculo esqueleticoEstrutura e funcionamento do musculo esqueletico
Estrutura e funcionamento do musculo esqueletico
 
Fisiologia do sistema muscular
Fisiologia do sistema muscularFisiologia do sistema muscular
Fisiologia do sistema muscular
 
Contracção muscular
Contracção muscularContracção muscular
Contracção muscular
 
Tecido muscular
Tecido muscularTecido muscular
Tecido muscular
 
Contração Muscular - Bioquímica
Contração Muscular - BioquímicaContração Muscular - Bioquímica
Contração Muscular - Bioquímica
 
02 miologia obj. b1 e b2
02   miologia obj. b1 e b202   miologia obj. b1 e b2
02 miologia obj. b1 e b2
 
Músculo estriado esquelético
Músculo estriado esqueléticoMúsculo estriado esquelético
Músculo estriado esquelético
 
Músculo esquelético délio gaspar
Músculo esquelético   délio gasparMúsculo esquelético   délio gaspar
Músculo esquelético délio gaspar
 
Estrutura e funcionamento do musculo esqueletico
Estrutura e funcionamento do musculo esqueleticoEstrutura e funcionamento do musculo esqueletico
Estrutura e funcionamento do musculo esqueletico
 
Estrutura e funcionamento do muscular estriado
Estrutura e funcionamento do muscular  estriadoEstrutura e funcionamento do muscular  estriado
Estrutura e funcionamento do muscular estriado
 
Tecido muscular
Tecido muscularTecido muscular
Tecido muscular
 

Semelhante a Resumo fisiologia musculo estriado

Semelhante a Resumo fisiologia musculo estriado (20)

Nutrição e músculo
Nutrição e músculoNutrição e músculo
Nutrição e músculo
 
Muscular
MuscularMuscular
Muscular
 
Tecido muscular
Tecido muscularTecido muscular
Tecido muscular
 
Tecido muscular
Tecido muscularTecido muscular
Tecido muscular
 
1._MUSCULO_ESQUELETICO_-_Slides.pdf
1._MUSCULO_ESQUELETICO_-_Slides.pdf1._MUSCULO_ESQUELETICO_-_Slides.pdf
1._MUSCULO_ESQUELETICO_-_Slides.pdf
 
10341628032012Histologia_Basica_Aula_7.pdf
10341628032012Histologia_Basica_Aula_7.pdf10341628032012Histologia_Basica_Aula_7.pdf
10341628032012Histologia_Basica_Aula_7.pdf
 
Palestra: Anatomia muscular.-Filipe Gustavopptx
Palestra: Anatomia muscular.-Filipe GustavopptxPalestra: Anatomia muscular.-Filipe Gustavopptx
Palestra: Anatomia muscular.-Filipe Gustavopptx
 
99257151 tecidos-musculares
99257151 tecidos-musculares99257151 tecidos-musculares
99257151 tecidos-musculares
 
tecidos musculares
tecidos musculares tecidos musculares
tecidos musculares
 
Fisiologia da contração muscular
Fisiologia da contração muscularFisiologia da contração muscular
Fisiologia da contração muscular
 
Músculo
MúsculoMúsculo
Músculo
 
Atlas Muscular.pdf
Atlas Muscular.pdfAtlas Muscular.pdf
Atlas Muscular.pdf
 
Fisiologia – neuromuscular 2
Fisiologia – neuromuscular 2Fisiologia – neuromuscular 2
Fisiologia – neuromuscular 2
 
Tecido muscular 2o a
Tecido muscular 2o aTecido muscular 2o a
Tecido muscular 2o a
 
Músculos - Leno
Músculos - LenoMúsculos - Leno
Músculos - Leno
 
Fisiologia da contração muscular
Fisiologia da contração muscularFisiologia da contração muscular
Fisiologia da contração muscular
 
Tecido muscular
Tecido muscularTecido muscular
Tecido muscular
 
AULA 04 - TIPOS E CONTRAÇÃO DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA.pdf
AULA 04 - TIPOS E CONTRAÇÃO DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA.pdfAULA 04 - TIPOS E CONTRAÇÃO DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA.pdf
AULA 04 - TIPOS E CONTRAÇÃO DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA.pdf
 
Fisiologia
FisiologiaFisiologia
Fisiologia
 
Sistema Muscular
Sistema MuscularSistema Muscular
Sistema Muscular
 

Último

Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)a099601
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdfMichele Carvalho
 
SDR - síndrome do desconforto respiratorio
SDR - síndrome do desconforto respiratorioSDR - síndrome do desconforto respiratorio
SDR - síndrome do desconforto respiratoriolaissacardoso16
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannRegiane Spielmann
 
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptx
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptxCURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptx
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptxKarineRibeiro57
 
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...Leila Fortes
 

Último (6)

Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
SDR - síndrome do desconforto respiratorio
SDR - síndrome do desconforto respiratorioSDR - síndrome do desconforto respiratorio
SDR - síndrome do desconforto respiratorio
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptx
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptxCURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptx
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptx
 
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
 

Resumo fisiologia musculo estriado

  • 1. Musculatura Esquelética O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo, formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, sendo responsável pela movimentação corporal. Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido conjuntivo, o perimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos quais se derivam divisões sempre mais delgadas. O músculo fica assim dividido em feixes (primários, secundários, terciários). O revestimento dos feixes menores (primários), chamado endomísio, manda para o interior do músculo membranas delgadíssimas que envolvem cada uma das fibras musculares. A fibra muscular é uma célula cilíndrica ou prismática, longa, de 3 a 12 centímetros; o seu diâmetro é infinitamente menor, variando de 20 a 100 mícrons (milésimos de milímetro), tendo um aspecto de filamento fusiforme. No seu interior notam-se muitos núcleos, de modo que setem aidéia de sera fibra constituída por várias células que perderam os seus limites, fundindo-se umas com as outras. Dessa forma, podemos dizer que um músculo esquelético é um pacote formado por longas fibras, que percorrem o músculo de ponta a ponta.
  • 2. No citoplasma da fibra muscular esquelética há muitas miofibrilas contráteis, constituídas por filamentos compostos por dois tipos principais de proteínas – a actina e a miosina. Filamentos deactina e miosina dispostos regularmente originam um padrão bem definido de estrias (faixas) transversais alternadas, claras e escuras. Essa estrutura existe somente nas fibras que constituem os músculos esqueléticos, os quais são por isso chamados músculos estriados. Em torno do conjunto de miofibrilas de uma fibra muscular esquelética situa-se o retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso), especializado no armazenamento de íons cálcio.
  • 3. As miofibrilas são constituídas por unidades que se repetem ao longo de seu comprimento, denominadas sarcômeros. A distribuição dos filamentos de actina e miosina varia ao longo do sarcômero. As faixas mais extremas e mais claras do sarcômero, chamadas banda I,contêm apenas filamentos de actina. Dentro da banda I existe uma linha que se cora mais intensamente, denominada linha Z, que corresponde a várias uniões entre dois filamentos de actina. A faixa central, mais escura, é chamada banda A, cujas extremidades são formadas por filamentos de actina e miosina sobrepostos. Dentro da banda A existe uma região mediana mais clara – a banda H – que contém apenas miosina. Um sarcômero compreende o segmento entre duas linhas Z consecutivas e é a unidade contrátil da fibra muscular, pois é a menor porção da fibra muscular com capacidade de contração e distensão. 1- Bandas escuras (anisotrópicas – banda A). 2- Faixasclaras (isotrópicas – bandaI, com linha Z central). 3- Núcleos periféricos. Contração: ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina c sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer.
  • 4. A contração do músculo esquelético é voluntária e ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina. Nas pontas dos filamentos de miosina existem pequenas projeções, capazes de formar ligações com certos sítios dos filamentos de actina, quando o músculo é estimulado. Essas projeções de miosina puxam os filamentos de actina, forçando- os a deslizar sobre os filamentos de miosina. Isso leva ao encurtamento das miofibrilas e à contração muscular. Durante a contração muscular, o sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer. Constatou-se, através de microscopia eletrônica, que o sarcolema (membrana plasmática) da fibra muscular sofre invaginações, formando túbulos anastomosados que envolvem cada conjunto de miofibrilas. Essa rede foi denominada sistema T, pois as invaginações são perpendiculares as miofibrilas. Esse sistema é responsável pela contração uniforme de cada fibra muscular estriadaesquelética, não ocorrendo nas fibras lisas esendo reduzido nas fibras cardíacas.
  • 5. A química da contração muscular O estímulo para a contração muscular é geralmente um impulso nervoso, que chega à fibra muscular através de um nervo. O impulso nervoso propaga-se pela membrana das fibras musculares (sarcolema) e atinge o retículo sarcoplasmático, fazendo com que o cálcio ali armazenado seja liberado no hialoplasma. Ao entrar em contato com as miofibrilas, o cálcio desbloqueia os sítios de ligação da actina e permite que esta se ligue à miosina, iniciando a contração muscular. Assimque cessa o estímulo, o cálcio é imediatamente rebombeado para o interior do retículo sarcoplasmático, o que faz cessar a contração. A energia para a contração muscular é suprida por moléculas de ATP produzidas durante a respiração celular. O ATP atua tanto na ligação da miosina à actina quanto em sua separação, que ocorre durante o relaxamento muscular. Quando falta ATP, a miosina mantém-se unida à actina, causando enrijecimento muscular. É o que acontece após a morte, produzindo-se o estado de rigidez cadavérica (rigor mortis). A quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir apenas alguns segundos de atividade muscular intensa. A principal reserva de energianas células musculares é uma substância denominada fosfato de creatina(fosfocreatina ou creatina-fosfato). Dessa forma, podemos resumir que a energia é inicialmente fornecida pela respiração celular é armazenada como fosfocreatina (principalmente) e na forma de ATP. Quando a fibra muscular necessita de energia para manter a contração, grupos fosfatos ricos em energia são
  • 6. transferidos da fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP. Quando o trabalho muscular é intenso, as células musculares repõem seus estoques de ATP e de fosfocreatina pela intensificação da respiração celular. Para isso utilizam o glicogênio armazenado no citoplasma das fibras musculares como combustível. Uma teoria simplificada admite que, ao receber um estímulo nervoso, a fibra muscular mostra, em sequência, os seguintes eventos: 1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca++ e Mg++ para o citoplasma. 2. Em presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade ATP ásica, isto é, desdobra o ATP, liberando a energia de um radical fosfato: 3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de miosina, caracterizando o encurtamento das miofibrilas.