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14- SPORTING 3812
MarcouogolodavitóriadoSportingCPnoúltimofim-
-de-semana, na recepção ao Vitória SC. Como se sente?
Sinto-me extremamente feliz. É um orgulho enorme
jogar na equipa principal e este primeiro golo [na Liga
NOS] traz um sentimento enorme de satisfação.
Foi o primeiro golo para a Liga NOS, depois de já ter
marcado para a Taça de Portugal contra o SG Saca-
venense. Tem um sabor especial por ter valido três
pontos importantes na caminhada do campeonato?
Todos os golos são especiais, mas, obviamente, há um sa-
bor diferente quando é o golo que dá os três pontos. É uma
sensação fantástica ajudar a equipa a garantir a vitória.
O golo foi, primeiro, anulado e depois validado pelo
VAR. Como viveu aqueles instantes de incerteza?
O árbitro marcou logo fora-de-jogo e eu pensava que
não ia ser golo. Depois, o árbitro validou. Não deu para
festejar muito, mas foi um sentimento incrível.
Como tem sido este último mês e meio em que agar-
rou a titularidade?
Não esperava isto tão cedo, mas tenho trabalhado todos
os dias dentro e fora de campo. É sempre uma novidade
jogar pelo meu Clube do coração. Tenho 19 anos, ainda
sou um miúdo, mas luto para isto todos os dias e cá estou.
A nível individual, o que tem significado esta tempo-
rada para si?
Tenho evoluído bastante. Jogar neste espaço é uma
intensidade diferente. Os mais velhos têm-me ajuda-
do muito.
Em todos os momentos dá para perceber que esta é
uma equipa unida. Foi bem acolhido quando subiu à
equipa principal?
Sim, sempre fui bem acolhido. Temo-nos ajudado uns
aos outros, temos um grupo muito unido.
“ESTOU A VIVER O MEU SONHO”
ENTREVISTA GONÇALO INÁCIO
Aos 19 anos, Gonçalo Inácio tem sido titular na equipa principal do Sporting Clube de Portugal, integrando o sector defensivo que tem
brilhado ao longo de 2020/2021. Veste de verde e branco desde 2012, mas é Leão desde os tempos em que, em criança, o pai o levava a
Alvalade para assistir aos jogos. Em entrevista ao Jornal Sporting, o central falou sobre o momento que vive – ainda que não acredite que
seja bem real –, elogiou Rúben Amorim, recordou o seu passado no futebol e explicou que o Sporting CP é “uma paixão”.
Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: José Lorvão
SPORTING 3812-15
Estreou-se contra o Portimonense SC, fora de casa,
numa vitória do Sporting CP por 0-2 em Outubro
passado. O que se lembra desse momento?
Os primeiros minutos na equipa principal deram-me
confiança. Veio-me à cabeça muito orgulho e nem per-
cebia se era real ou não. Parecia um sonho.
Tinha 14 anos quando o capitão Sebastián Coates,
por exemplo, chegou ao Sporting CP. Em Portimão,
estava a jogar com ele. Calculo que tenha tido um tur-
bilhão de emoções difícil de explicar por palavras…
Sim. Custou-me a acreditar ao início. Eu jogava com ele
na Playstation e agora estou ao lado dele.
“JOGAVA COM O COATES NA PLAYSTATION E
AGORA ESTOU AO LADO DELE”
O que lhe disse Rúben Amorim antes dessa estreia?
Disse apenas para fazer o que sei, dar o meu melhor e
ajudar a equipa. Passou-me confiança, senti que ele acre-
ditava em mim e isso foi muito importante para mim.
Para além de Sebastián Coates, o plantel conta com
vários jogadores experientes como João Pereira, Vi-
torino Antunes, Antonio Adán, Luís Neto, Zouhair
Feddal ou João Mário. São bons ‘irmãos mais velhos’
para vocês, jovens?
Sim. Têm-nos ajudado muito dentro e fora de campo.
Ajudam-nos a melhorar e temos evoluído bastante.
Já conquistou um título, a Taça da Liga desta época,
pela equipa principal. Foi até importante na final,
tendo sido determinante no golo de Pedro Porro con-
tra o SC Braga. Como foi contribuir para um título
do Sporting CP?
É um sentimento incrível estar aqui e ganhar um troféu
pelo Sporting CP logo na minha primeira época. Fo-
ram dois jogos difíceis, mas no final conseguimos levar
a melhor. Foi um troféu muito saboroso para nós.
Tem recebido muitas mensagens ao longo dos últi-
mos meses?
Sim, tenho recebido algumas mensagens. Têm-me dado
confiança.
O Sporting CP tem mais dez jogos até ao final da tem-
porada e o mote tem sido o mesmo desde o início:
jogo a jogo. Esse pensamento está bem incutido no
balneário?
Sim. Trabalhamos todas as semanas, todos os dias e em
todos os jogos sob o mote ‘jogo a jogo’. Esse é o nosso
objectivo.
Para além de si, Rúben Amorim tem dado oportuni-
dades a muitos jovens da formação do Sporting CP.
Como vê esta aposta?
É muito importante apostar nos jovens. Dá um valor
enorme à Academia e apostar na formação é mesmo
muito importante.
O que gosta mais em Rúben Amorim?
É o facto de ele não escolher em função da idade. Quem
estiver a trabalhar melhor é quem joga. Ele não liga
muito às idades.
Alguns dos jogadores que cresceram consigo em Al-
cochete, como Nuno Mendes, Eduardo Quaresma
ou Tiago Tomás, também têm sido aposta na equipa
principal ao longo do último ano. Chegar a este nível
com amigos de muitos anos tem outro significado?
Sim, tem outro gosto. Jogámos juntos nos juvenis, nos
juniores e agora estamos aqui. Ajudamo-nos bastante.
É incrível estarmos na mesma equipa. Todos sonhámos
com isto, com estarmos na equipa principal.
Têm noção de que já são um exemplo para os mais
novos que jogam nas Academias de Formação Spor-
ting (AFS), Escolas Academia Sporting (EAS), Pólo
EUL e na Academia?
Sim. Agora, como chegámos aqui, temos outra visão
das coisas e isso é muito importante. Somos referências
para os miúdos mais novos porque atingimos o sonho
de chegar à equipa principal, que é o que todos querem.
Queremos passar esse exemplo para os meninos do Pó-
lo EUL, porque um dia vai chegar a vez deles.
“RÚBEN AMORIM NÃO LIGA MUITO ÀS
IDADES. QUEM ESTIVER A TRABALHAR
MELHOR É QUEM JOGA”
O jovem Leão em acção pela equipa principal no Estádio José Alvalade
16- SPORTING 3812
Regressemos ao passado. Como era em criança?
Não parava quieto e estava sempre a correr de um lado
para o outro.
Cresceu em Almada, na margem Sul do Tejo. Teve
uma infância feliz?
Sim, tive uma infância muito feliz. Estava sempre a
brincar com os meus amigos e isso foi muito importan-
te para mim.
Calculo que a paixão pelo futebol tenha começado
a jogar com amigos e colegas na rua ou na escola.
Quem eram os seus ídolos no futebol?
Não olhava muito para a minha posição porque ainda
não sabia o que ia ser. Gostava muito do Cristiano Ro-
naldo, mas para a minha posição não olhava para mui-
tos jogadores.
Ehoje?Quemsãoosseusdefesas-centraisdereferência?
Hoje em dia não me vêm muitos nomes à cabeça, mas
há pouco tempo tivemos o Jérémy Mathieu no nosso
Clube. É uma grande referência para mim. Era um
grande central.
“JÉRÉMY MATHIEU É UMA GRANDE
REFERÊNCIA PARA MIM. ERA UM
GRANDE CENTRAL”
Jogou no Almada AC antes de, ainda em criança, che-
gar ao Sporting CP. Como aconteceu essa mudança?
Falei com os meus pais e foi fácil porque o Sporting
CP é o Clube do meu coração. Fui-me adaptando no
primeiro ano e depois as coisas começaram a correr
melhor. No primeiro ano vinha fazer um treino por
semana para ver como corria e, no ano seguinte, vim
definitivamente. 	
			
Como foram os primeiros tempos de verde e branco?
Cada treino era uma alegria… estava a jogar no Spor-
ting CP. O peso da camisola é diferente, principalmente
sendo o meu Clube do coração.
De que episódios se lembra desses tempos?
Lembro-me de muitos torneios… éramos felizes. Não
pensávamos mais à frente, só no momento. Claro que
tínhamos os nossos sonhos, mas era diferente.
Quais foram os maiores desafios ao longo dos anos
na formação do Sporting CP?
O meu maior desafio foi quando fui operado ao joelho.
Se não me engano, foi no final da época de sub-17, a
passar para sub-18, e foi um momento difícil.
Se tivesse de escolher um momento vivido na forma-
ção do Sporting CP, qual seria e porquê?
[Pensativo] Veio-me à cabeça um torneio em Singapu-
ra. Acho que era sub-16 e foi um grande torneio. Fui
muito feliz. Divertimo-nos e ganhámos o torneio.
Que colega de equipa mais o marcou na formação?
Todos me marcaram, de uma maneira ou outra. Se tivesse
de nomear um, talvez o Hevertton Santos. Ainda cá está,
nos sub-23, e há pouco tempo estreou-se na equipa B. Tra-
balhamuitodentroeforadecampo.Temumaraçaincrível.
Tem boa relação com os funcionários que todos os
dias trabalham em Alcochete?
Sim.Aspessoas,aqui,naAcademiasãoespectaculares.Tra-
tam-nossempredamelhormaneiraeajudam-nosbastante.
Ainda se lembra da primeira vez que foi chamado aos
trabalhos da equipa principal? O que sentiu?
Sim. Foi pouco antes de entrarmos em quarentena, em
2020. Vim treinar e senti algum nervosismo, mas de-
pois fui ganhando confiança.
Em que posições já jogou ao longo dos anos?
Comecei a central, como hoje em dia. Joguei também a
lateral e poucas vezes a médio-centro.
É um central moderno. Rápido, bom de pés e com
grande leitura de jogo tanto a defender como a
atacar. Porque é que acha que os centrais evoluíram
neste sentido?
Hoje em dia, o futebol joga-se mais a partir de trás, já
não é tanto pontapé para a frente. Acho que os centrais
foram evoluindo a partir daí. Saímos mais a jogar de
trás. Na formação, tínhamos exercícios em que saíamos
a jogar a partir de trás e fomos evoluindo.
“HOJE, O FUTEBOL JOGA-SE MAIS A PARTIR
DE TRÁS, JÁ NÃO É TANTO PONTAPÉ PARA
A FRENTE. ACHO QUE OS CENTRAIS FORAM
EVOLUINDO A PARTIR DAÍ”
É dono de uma grande capacidade de passe longo,
na construção, e de antecipação, a defender. Foram
duas características que trabalhou especificamente
na formação?
Sim. Trabalhamos sempre para melhorar os nossos
pontos fortes e os mais fracos. Trabalhei para isso e as
coisas têm corrido bem.
Prefere fazer um grande passe a rasgar ou um exce-
lente corte no momento certo?
Depende das situações. O melhor era fazer os dois num
só lance. Cortar, primeiro, e isolar [um colega], depois.
No Sporting CP, tem jogado várias vezes como cen-
tral do lado direito na linha mais recuada de três
apesar de ser canhoto. Que desafios e benefícios tem
neste contexto ao utilizar mais o pé esquerdo?
Em termos de desafios, as equipas adversárias tentam
pressionar e encaminhar-me para o meu pé direito. Nos
benefícios, como tenho capacidade para sair a jogar
acho que consigo fazê-lo melhor com o pé esquerdo.
Gonçalo Inácio respondeu às perguntas do Jornal Sporting
“Desde miúdo que o meu pai me levava ao Estádio José Alvalade para ver
os jogos. Foi assim que se tornou uma paixão”, garantiu
SPORTING 3812-17
Meia Pag Jornal SCP Verde em Casa Completo.pdf 1 15/02/21 15:01
De que forma este sistema implementado por Rúben
AmorimnoSportingCPpotenciaassuascaracterísticas?
Tentamos sempre sair a jogar e isso torna tudo mais fá-
cil. Como treinamos isso, chegamos ao jogo e é muito
mais fácil.
Gostava de ter os adeptos nas bancadas até ao final
da temporada?
Sim, gostava. O jogo torna-se diferente. Não sabe-
mos ainda quando poderão regressar às bancadas
mas, apesar do distan-
ciamento social a que a
pandemia obriga, temos
sentido muito apoio dos
Sportinguistas.
Já imaginou esse momento
que vai poder, finalmente, jo-
garperanteosSportinguistas?
Não consigo imaginar… É es-
perar pelo momento e tentar
adaptar-me da melhor forma.
Que palavra melhor descre-
ve o Sporting CP?
Paixão.
O que significa o Sporting
CP para si?
Desde miúdo que o meu pai
me levava ao Estádio José Alvalade para ver os jogos.
Foi assim que se tornou uma paixão. Depois vim jo-
gar para o Sporting CP e a paixão ficou ainda maior.
Sempre sonhei em ser jogador da equipa principal
do Sporting CP e estou a viver o meu sonho. Imensas
crianças têm este sonho. Trabalhei para isto, mas não
esperava estar aqui tão cedo. Só tenho de agradecer
a oportunidade que me deram e tentar corresponder
da melhor forma. Sonhei, trabalhei todos os dias e
aqui estou.
Já passou quase metade da sua vida como atleta do
Sporting CP. Considera o Clube a sua casa?
Sim, é a minha casa desde os meus 11 anos. Antes no
Pólo EUL, agora todos os dias na Academia. Tornou-se
uma casa e toda a gente que está aqui é uma família. Já
não me vejo sem isto.
“SOU INTROVERTIDO”
É um jovem introvertido ou extrovertido?
Sou introvertido.
Prefere expressar-se com a bola nos pés?
Sim. Com bola é sempre tudo mais fácil.
Lida bem com a fama e exposição que tem tido ao
longo do último ano?
Sim, tenho lidado bem. É diferente, agora que sou
jogador de uma grande equipa. As pessoas abor-
dam-me de outra maneira. Não saímos tanto à rua
e tentamos ter o nosso espaço.
O que o podemos encontrar a fazer quando não
está a treinar ou a jogar?
Gostodeestaremcasa,comaminhafamília,etambém
a jogar Playstation com os meus amigos de infância.
Vê muito futebol?
Sim, vejo algum. Tento sempre tirar pontos fortes
do jogo e vê-lo da melhor maneira.
Gonçalo Inácio em pose para o Jornal Sporting na Academia

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ESTOU A VIVER O MEU SONHO ENTREVISTA GONÇALO INÁCIO

  • 1. 14- SPORTING 3812 MarcouogolodavitóriadoSportingCPnoúltimofim- -de-semana, na recepção ao Vitória SC. Como se sente? Sinto-me extremamente feliz. É um orgulho enorme jogar na equipa principal e este primeiro golo [na Liga NOS] traz um sentimento enorme de satisfação. Foi o primeiro golo para a Liga NOS, depois de já ter marcado para a Taça de Portugal contra o SG Saca- venense. Tem um sabor especial por ter valido três pontos importantes na caminhada do campeonato? Todos os golos são especiais, mas, obviamente, há um sa- bor diferente quando é o golo que dá os três pontos. É uma sensação fantástica ajudar a equipa a garantir a vitória. O golo foi, primeiro, anulado e depois validado pelo VAR. Como viveu aqueles instantes de incerteza? O árbitro marcou logo fora-de-jogo e eu pensava que não ia ser golo. Depois, o árbitro validou. Não deu para festejar muito, mas foi um sentimento incrível. Como tem sido este último mês e meio em que agar- rou a titularidade? Não esperava isto tão cedo, mas tenho trabalhado todos os dias dentro e fora de campo. É sempre uma novidade jogar pelo meu Clube do coração. Tenho 19 anos, ainda sou um miúdo, mas luto para isto todos os dias e cá estou. A nível individual, o que tem significado esta tempo- rada para si? Tenho evoluído bastante. Jogar neste espaço é uma intensidade diferente. Os mais velhos têm-me ajuda- do muito. Em todos os momentos dá para perceber que esta é uma equipa unida. Foi bem acolhido quando subiu à equipa principal? Sim, sempre fui bem acolhido. Temo-nos ajudado uns aos outros, temos um grupo muito unido. “ESTOU A VIVER O MEU SONHO” ENTREVISTA GONÇALO INÁCIO Aos 19 anos, Gonçalo Inácio tem sido titular na equipa principal do Sporting Clube de Portugal, integrando o sector defensivo que tem brilhado ao longo de 2020/2021. Veste de verde e branco desde 2012, mas é Leão desde os tempos em que, em criança, o pai o levava a Alvalade para assistir aos jogos. Em entrevista ao Jornal Sporting, o central falou sobre o momento que vive – ainda que não acredite que seja bem real –, elogiou Rúben Amorim, recordou o seu passado no futebol e explicou que o Sporting CP é “uma paixão”. Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: José Lorvão
  • 2. SPORTING 3812-15 Estreou-se contra o Portimonense SC, fora de casa, numa vitória do Sporting CP por 0-2 em Outubro passado. O que se lembra desse momento? Os primeiros minutos na equipa principal deram-me confiança. Veio-me à cabeça muito orgulho e nem per- cebia se era real ou não. Parecia um sonho. Tinha 14 anos quando o capitão Sebastián Coates, por exemplo, chegou ao Sporting CP. Em Portimão, estava a jogar com ele. Calculo que tenha tido um tur- bilhão de emoções difícil de explicar por palavras… Sim. Custou-me a acreditar ao início. Eu jogava com ele na Playstation e agora estou ao lado dele. “JOGAVA COM O COATES NA PLAYSTATION E AGORA ESTOU AO LADO DELE” O que lhe disse Rúben Amorim antes dessa estreia? Disse apenas para fazer o que sei, dar o meu melhor e ajudar a equipa. Passou-me confiança, senti que ele acre- ditava em mim e isso foi muito importante para mim. Para além de Sebastián Coates, o plantel conta com vários jogadores experientes como João Pereira, Vi- torino Antunes, Antonio Adán, Luís Neto, Zouhair Feddal ou João Mário. São bons ‘irmãos mais velhos’ para vocês, jovens? Sim. Têm-nos ajudado muito dentro e fora de campo. Ajudam-nos a melhorar e temos evoluído bastante. Já conquistou um título, a Taça da Liga desta época, pela equipa principal. Foi até importante na final, tendo sido determinante no golo de Pedro Porro con- tra o SC Braga. Como foi contribuir para um título do Sporting CP? É um sentimento incrível estar aqui e ganhar um troféu pelo Sporting CP logo na minha primeira época. Fo- ram dois jogos difíceis, mas no final conseguimos levar a melhor. Foi um troféu muito saboroso para nós. Tem recebido muitas mensagens ao longo dos últi- mos meses? Sim, tenho recebido algumas mensagens. Têm-me dado confiança. O Sporting CP tem mais dez jogos até ao final da tem- porada e o mote tem sido o mesmo desde o início: jogo a jogo. Esse pensamento está bem incutido no balneário? Sim. Trabalhamos todas as semanas, todos os dias e em todos os jogos sob o mote ‘jogo a jogo’. Esse é o nosso objectivo. Para além de si, Rúben Amorim tem dado oportuni- dades a muitos jovens da formação do Sporting CP. Como vê esta aposta? É muito importante apostar nos jovens. Dá um valor enorme à Academia e apostar na formação é mesmo muito importante. O que gosta mais em Rúben Amorim? É o facto de ele não escolher em função da idade. Quem estiver a trabalhar melhor é quem joga. Ele não liga muito às idades. Alguns dos jogadores que cresceram consigo em Al- cochete, como Nuno Mendes, Eduardo Quaresma ou Tiago Tomás, também têm sido aposta na equipa principal ao longo do último ano. Chegar a este nível com amigos de muitos anos tem outro significado? Sim, tem outro gosto. Jogámos juntos nos juvenis, nos juniores e agora estamos aqui. Ajudamo-nos bastante. É incrível estarmos na mesma equipa. Todos sonhámos com isto, com estarmos na equipa principal. Têm noção de que já são um exemplo para os mais novos que jogam nas Academias de Formação Spor- ting (AFS), Escolas Academia Sporting (EAS), Pólo EUL e na Academia? Sim. Agora, como chegámos aqui, temos outra visão das coisas e isso é muito importante. Somos referências para os miúdos mais novos porque atingimos o sonho de chegar à equipa principal, que é o que todos querem. Queremos passar esse exemplo para os meninos do Pó- lo EUL, porque um dia vai chegar a vez deles. “RÚBEN AMORIM NÃO LIGA MUITO ÀS IDADES. QUEM ESTIVER A TRABALHAR MELHOR É QUEM JOGA” O jovem Leão em acção pela equipa principal no Estádio José Alvalade
  • 3. 16- SPORTING 3812 Regressemos ao passado. Como era em criança? Não parava quieto e estava sempre a correr de um lado para o outro. Cresceu em Almada, na margem Sul do Tejo. Teve uma infância feliz? Sim, tive uma infância muito feliz. Estava sempre a brincar com os meus amigos e isso foi muito importan- te para mim. Calculo que a paixão pelo futebol tenha começado a jogar com amigos e colegas na rua ou na escola. Quem eram os seus ídolos no futebol? Não olhava muito para a minha posição porque ainda não sabia o que ia ser. Gostava muito do Cristiano Ro- naldo, mas para a minha posição não olhava para mui- tos jogadores. Ehoje?Quemsãoosseusdefesas-centraisdereferência? Hoje em dia não me vêm muitos nomes à cabeça, mas há pouco tempo tivemos o Jérémy Mathieu no nosso Clube. É uma grande referência para mim. Era um grande central. “JÉRÉMY MATHIEU É UMA GRANDE REFERÊNCIA PARA MIM. ERA UM GRANDE CENTRAL” Jogou no Almada AC antes de, ainda em criança, che- gar ao Sporting CP. Como aconteceu essa mudança? Falei com os meus pais e foi fácil porque o Sporting CP é o Clube do meu coração. Fui-me adaptando no primeiro ano e depois as coisas começaram a correr melhor. No primeiro ano vinha fazer um treino por semana para ver como corria e, no ano seguinte, vim definitivamente. Como foram os primeiros tempos de verde e branco? Cada treino era uma alegria… estava a jogar no Spor- ting CP. O peso da camisola é diferente, principalmente sendo o meu Clube do coração. De que episódios se lembra desses tempos? Lembro-me de muitos torneios… éramos felizes. Não pensávamos mais à frente, só no momento. Claro que tínhamos os nossos sonhos, mas era diferente. Quais foram os maiores desafios ao longo dos anos na formação do Sporting CP? O meu maior desafio foi quando fui operado ao joelho. Se não me engano, foi no final da época de sub-17, a passar para sub-18, e foi um momento difícil. Se tivesse de escolher um momento vivido na forma- ção do Sporting CP, qual seria e porquê? [Pensativo] Veio-me à cabeça um torneio em Singapu- ra. Acho que era sub-16 e foi um grande torneio. Fui muito feliz. Divertimo-nos e ganhámos o torneio. Que colega de equipa mais o marcou na formação? Todos me marcaram, de uma maneira ou outra. Se tivesse de nomear um, talvez o Hevertton Santos. Ainda cá está, nos sub-23, e há pouco tempo estreou-se na equipa B. Tra- balhamuitodentroeforadecampo.Temumaraçaincrível. Tem boa relação com os funcionários que todos os dias trabalham em Alcochete? Sim.Aspessoas,aqui,naAcademiasãoespectaculares.Tra- tam-nossempredamelhormaneiraeajudam-nosbastante. Ainda se lembra da primeira vez que foi chamado aos trabalhos da equipa principal? O que sentiu? Sim. Foi pouco antes de entrarmos em quarentena, em 2020. Vim treinar e senti algum nervosismo, mas de- pois fui ganhando confiança. Em que posições já jogou ao longo dos anos? Comecei a central, como hoje em dia. Joguei também a lateral e poucas vezes a médio-centro. É um central moderno. Rápido, bom de pés e com grande leitura de jogo tanto a defender como a atacar. Porque é que acha que os centrais evoluíram neste sentido? Hoje em dia, o futebol joga-se mais a partir de trás, já não é tanto pontapé para a frente. Acho que os centrais foram evoluindo a partir daí. Saímos mais a jogar de trás. Na formação, tínhamos exercícios em que saíamos a jogar a partir de trás e fomos evoluindo. “HOJE, O FUTEBOL JOGA-SE MAIS A PARTIR DE TRÁS, JÁ NÃO É TANTO PONTAPÉ PARA A FRENTE. ACHO QUE OS CENTRAIS FORAM EVOLUINDO A PARTIR DAÍ” É dono de uma grande capacidade de passe longo, na construção, e de antecipação, a defender. Foram duas características que trabalhou especificamente na formação? Sim. Trabalhamos sempre para melhorar os nossos pontos fortes e os mais fracos. Trabalhei para isso e as coisas têm corrido bem. Prefere fazer um grande passe a rasgar ou um exce- lente corte no momento certo? Depende das situações. O melhor era fazer os dois num só lance. Cortar, primeiro, e isolar [um colega], depois. No Sporting CP, tem jogado várias vezes como cen- tral do lado direito na linha mais recuada de três apesar de ser canhoto. Que desafios e benefícios tem neste contexto ao utilizar mais o pé esquerdo? Em termos de desafios, as equipas adversárias tentam pressionar e encaminhar-me para o meu pé direito. Nos benefícios, como tenho capacidade para sair a jogar acho que consigo fazê-lo melhor com o pé esquerdo. Gonçalo Inácio respondeu às perguntas do Jornal Sporting “Desde miúdo que o meu pai me levava ao Estádio José Alvalade para ver os jogos. Foi assim que se tornou uma paixão”, garantiu
  • 4. SPORTING 3812-17 Meia Pag Jornal SCP Verde em Casa Completo.pdf 1 15/02/21 15:01 De que forma este sistema implementado por Rúben AmorimnoSportingCPpotenciaassuascaracterísticas? Tentamos sempre sair a jogar e isso torna tudo mais fá- cil. Como treinamos isso, chegamos ao jogo e é muito mais fácil. Gostava de ter os adeptos nas bancadas até ao final da temporada? Sim, gostava. O jogo torna-se diferente. Não sabe- mos ainda quando poderão regressar às bancadas mas, apesar do distan- ciamento social a que a pandemia obriga, temos sentido muito apoio dos Sportinguistas. Já imaginou esse momento que vai poder, finalmente, jo- garperanteosSportinguistas? Não consigo imaginar… É es- perar pelo momento e tentar adaptar-me da melhor forma. Que palavra melhor descre- ve o Sporting CP? Paixão. O que significa o Sporting CP para si? Desde miúdo que o meu pai me levava ao Estádio José Alvalade para ver os jogos. Foi assim que se tornou uma paixão. Depois vim jo- gar para o Sporting CP e a paixão ficou ainda maior. Sempre sonhei em ser jogador da equipa principal do Sporting CP e estou a viver o meu sonho. Imensas crianças têm este sonho. Trabalhei para isto, mas não esperava estar aqui tão cedo. Só tenho de agradecer a oportunidade que me deram e tentar corresponder da melhor forma. Sonhei, trabalhei todos os dias e aqui estou. Já passou quase metade da sua vida como atleta do Sporting CP. Considera o Clube a sua casa? Sim, é a minha casa desde os meus 11 anos. Antes no Pólo EUL, agora todos os dias na Academia. Tornou-se uma casa e toda a gente que está aqui é uma família. Já não me vejo sem isto. “SOU INTROVERTIDO” É um jovem introvertido ou extrovertido? Sou introvertido. Prefere expressar-se com a bola nos pés? Sim. Com bola é sempre tudo mais fácil. Lida bem com a fama e exposição que tem tido ao longo do último ano? Sim, tenho lidado bem. É diferente, agora que sou jogador de uma grande equipa. As pessoas abor- dam-me de outra maneira. Não saímos tanto à rua e tentamos ter o nosso espaço. O que o podemos encontrar a fazer quando não está a treinar ou a jogar? Gostodeestaremcasa,comaminhafamília,etambém a jogar Playstation com os meus amigos de infância. Vê muito futebol? Sim, vejo algum. Tento sempre tirar pontos fortes do jogo e vê-lo da melhor maneira. Gonçalo Inácio em pose para o Jornal Sporting na Academia