VOLTÁMOS COM VONTADE DE AJUDAR O CLUBE MAIS UMA VEZ". Daniel Bragança discute o início da pré-temporada 2021/2022 no Sporting CP, expressando vontade de ajudar o clube novamente. Ele também fala sobre o foco na Supertaça e a importância da união do grupo.
1. 10- SPORTING 3826 115 anos de Glória
Depois de mais de um mês longe dos treinos na
Academia e com a camisola do Sporting CP, já tinha
saudades?
Sim. Aproveitámos bem as férias, que são sempre boas
para descansar e para recarregar energias, mas senti-
mos sempre saudades daquilo que nos faz feliz, que é
o futebol. É bom estar de volta.
Como foram estes primeiros treinos de 2021/2022?
Ainda não foram muito duros. Vão ser [risos], mas
agora ainda nos estamos a adaptar. Os primeiros
treinos são mais tranquilos e depois começamos a
acelerar.
Sentiu uma boa atitude por parte de todo o plantel
no regresso?
Voltámos todos bem, com saudades de fazer aquilo de
que mais gostamos e com vontade de ajudar o Clube
mais uma vez.
Que mensagem vos foi passada pela equipa técnica?
A mesma de sempre: para nos prepararmos da melhor
maneira para o que aí vem, focados na Supertaça, que
vai ser o nosso primeiro jogo oficial. Temos de nos
preparar bem para estarmos o melhor possível.
Falta cerca de um mês para a Supertaça. Já estão a
pensar nessa partida?
Sim, porque vai ser o primeiro jogo oficial. Vamos ter
vários jogos de pré-época para nos prepararmos e es-
tarmos na máxima força.
Sabendo que a união do grupo é uma das principais
mais-valias desta equipa, calculo que já esperasse o
reencontro com os colegas há algum tempo...
Temos uma grande união e damo-nos todos muito
bem. Agora vieram alguns mais novos da formação e
estamos a tentar integrá-los no grupo o mais rapida-
mente possível, mas acho que vai ser superfácil. O gru-
po é muito unido e somos todos boas pessoas. Vai ser
fácil para eles, como foi para mim, adaptarem-se.
Como vê a aposta do Sporting CP em jovens da for-
mação, como é o seu caso, e qual é a importância que
têm no seio da equipa?
Para eles, é excelente terem estas oportunidades, como
foi para mim, de treinar com excelentes jogadores. É
uma mensagem muito forte para a formação, para eles
sentirem ainda mais que é possível. Basta acreditarem
neles e continuarem a trabalhar. O Sporting CP é um
Clube que aposta [na formação]. A mensagem é para
acreditarem e para se focarem. É uma mensagem muito
forte daquilo que o Sporting CP é e vai continuar a ser.
Acabou por não estar parado durante todo este pe-
ríodo sem competição de clubes, uma vez que parti-
cipou no Campeonato da Europa de sub-21 e ajudou
Portugal a chegar à final. Como foi essa experiência?
Foi uma experiência única. Foi o meu primeiro Europeu
e ter chegado à final foi incrível. Claro que ficou o sabor
amargo de não termos conseguido ganhar, mas foi úni-
co jogar com grandes jogadores num Europeu pela pri-
meira vez. Foi muito bom. Fiquei muito feliz – podia ter
ficado mais – e retirei coisas muito boas desse Europeu.
“VOLTÁMOS COM VONTADE DE AJUDAR O CLUBE MAIS UMA VEZ”
ENTREVISTA DANIEL BRAGANÇA
Aos 22 anos, Daniel Bragança atravessa uma excelente fase da carreira depois de ter conquistado o Campeonato e a Taça da Liga no primeiro
ano ao serviço da equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal. Nos Leões desde os sete anos, o médio falou, em entrevista ao
Jornal Sporting, sobre o início da pré-temporada 2021/2022, o foco na Supertaça, a aposta na formação e a importância dos adeptos, tendo
também recordado o seu percurso.
Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: José Lorvão
2. SPORTING 3826-11
115 anos de Glória
“ESTAMOSFOCADOSNASUPERTAÇA”
Vamos recuar alguns anos. Como foi a sua infância em
Almeirim?
Foi uma infância dividida entre escola e futebol. De-
pois, aos sete anos, vim para o Sporting CP. Durante
a semana treinava na Cidade Universitária às quartas-
-feiras e jogava ao fim-de-semana. No resto da semana
treinava no Footkart [clube de Almeirim]. Foi assim
até aos 13 anos, quando vim para a Academia. Aí co-
meçou a ser diferente. A minha vida passou a ser aqui,
até hoje.
Quando é que percebeu que tinha jeito para jogar
futebol?
Sinceramente, é uma pergunta à qual nem sei responder.
Quando era miúdo, não pensava muito nisto. Aproveitava
só o futebol e a convivência com os colegas. Mais a sério,
a partir dos sub-17, quando comecei a ganhar outras no-
ções. Começou a ser diferente.
Em entrevista ao Zerozero, em 2020, revelou que quan-
do teve a oportunidade de fazer o primeiro treino no
Sporting CP, em 2007, recusou inicialmente porque es-
tava “com medo”. Já imaginou como seria a sua vida se
não tivesse mudado de ideias?
Não fui eu que mudei de ideias, foi o meu pai que quase
me obrigou a vir. Era um miúdo muito tímido e reserva-
do. Sempre fui do Sporting CP e tinha a noção do que era
o Clube, por isso a minha primeira resposta foi ‘não’ por-
que tinha medo e timidez. Felizmente, correu tudo bem
e hoje estou aqui.
“OSADEPTOSSÃOAESSÊNCIADOFUTEBOL.PARA
NÓS,[OREGRESSODELESAOSESTÁDIOS]
ERAMUITOIMPORTANTE”
Qual é a sua primeira memória de Sporting CP?
Quando o meu avô me levou ao Estádio José Alvalade
para ver um jogo entre o Sporting CP e o CS Marítimo.
Ainda se lembra do primeiro dia e dos primeiros tem-
pos no Sporting CP?
A primeira vez que vim ao Sporting CP foi aqui, na
Academia, para as captações. Estavam cá muitos miú-
dos e eu não falava com ninguém. Nesse treino, mal to-
quei na bola. [Risos] Sinceramente, nem sei como me
escolheram, mas já me conheciam de jogos anteriores
e fiquei. Lembro-me desse dia e até de assinar o meu
primeiro contrato com o Sporting CP. Antes da Cida-
de Universitária, ainda treinei em Pina Manique, já há
muito tempo.
Quem foram os colegas de equipa que mais o marca-
ram nos escalões de formação do Sporting CP?
O Max [Luís Maximiano], que já me acompanha desde
que entrámos os dois na Academia. Desde os 13 anos até
à equipa principal.
Dentro de campo, é um jogador virtuoso que não pas-
sa indiferente a ninguém, mesmo quando os jogos não
correm como esperado. Fora de campo, como é a sua
personalidade?
Não gosto muito de dar nas vistas, prefiro passar pelos
pingos da chuva. Ainda sou um bocadinho reservado.
Com as pessoas com quem me sinto bem sou muito
aberto, mas de resto prefiro passar despercebido.
Ao longo de todos os anos de Leão ao peito, qual foi o
aspectodoseujogoemqueconsideraquemaisevoluiu?
[Pensativo]. Pergunta difícil. É sempre possível desen-
volver vários aspectos ao longo do tempo e esse é o meu
principal foco: todos os anos evoluir o máximo possível.
Desde que entrei no Sporting CP que cresci todos os anos
e isso tem-me ajudado muito.
Depois dos empréstimos a SC Farense e GD Estoril
Praia, regressou ao Sporting CP em 2020/2021, já com
Rúben Amorim ao leme. Olhando para trás, foi a época
perfeita para voltar, por todas as razões e mais alguma?
Sim, posso dizer que foi a época perfeita até porque nos
correu quase tudo bem fruto do nosso trabalho ao longo
da época. Foi uma época cheia de sucessos que o Sporting
CP já merecia há muito tempo. Felizmente, tive o prazer
de fazer parte dela.
Como foi recebido no balneário?
Muito bem. Já conhecia praticamente todos porque já ti-
nha feito a pré-época anterior com vários jogadores que
ainda estão cá hoje. Mas, tanto para mim como vai ser pa-
ra os mais novos que estão a chegar agora, foi fácil porque
somos um grupo muito unido. Isso faz a diferença.
QualéamelhorpartedetrabalharcomRúbenAmorim?
É a exigência que ele coloca nos treinos e nos jogos. Faz-
-nos evoluir em cada treino e em cada jogo.
O poder de um balneário unido acabou por ser o maior
segredo para as conquistas da Taça da Liga e da Liga?
Sim. O nosso balneário foi muito forte do início ao fim
da época. Onde se sentiu mais essa união foi no regresso
das selecções, em que tivemos uma sequência de empates.
Juntámo-nos e acreditámos sempre em nós. Foi uma das
forças que nos fez levar ao título.
Tem muitos anos de Sporting CP, conhece bem a casa.
Quando se diz que é um Clube diferente, o que é que
isso significa?
É fácil: os pormenores que existem aqui e que eu acredito
que não existam em muitos sítios. Aquilo que as pessoas
fazem por nós, coisas que não dá para explicar. Só nós, que
estamos aqui, conseguimos sentir. As pessoas fazem tudo
para nós, jogadores, nos sentirmos da melhor forma para
treinarejogar.Issofazmuitadiferençaporquenossentimos
bem e damo-nos bem com toda a gente que trabalha aqui.
“DESDEQUEENTREINOSPORTINGCPQUECRESCI
TODOSOSANOS”
Já levantou troféus enquanto capitão nas camadas jo-
vens. Consegue descrever essa sensação?
Consigo, mas a melhor de todas foi ser Campeão Nacio-
nal. As outras também foram muito importantes no nos-
so percurso. É uma sensação única. Depois de um ano
longo de trabalho difícil, acabar com a cereja no topo do
bolo é sempre muito bom. É sempre único, mas a melhor
sensação foi quando levantámos o troféu de Campeão
Nacional no ano passado.
Por todo esse sentimento que tem pelo Sporting CP, ter
sido Campeão Nacional em sub-17, sub-19 e seniores
deixa-o orgulhoso?
Éumprazereumorgulhoenormes.CrescicomesteADN
e conseguir o troféu principal foi um orgulho enorme.
Esteve uma época completa a jogar sem adeptos nas
bancadas. Foi a única coisa má da temporada passada?
Acho que sim. Nós, miúdos da formação, crescemos aqui
e éramos levados ao Estádio [José Alvalade]. Vivíamos
aquele ambiente e o nosso sonho era jogar ali com a casa
cheia. [Estar sem adeptos] foi um aspecto negativo que eu
espero que volte rápido porque os adeptos são a essência
do futebol. Para nós, era muito importante.
Ainda assim, o apoio dos Sportinguistas fez-se sentir
fora dos estádios e através das redes sociais. Qual foi o
papel dos adeptos nas conquistas de 2020/2021?
Foi acreditar em nós. A partir do momento em que eles
acharam que era possível conquistar o título, era muito
importante sentirmos esse apoio porque nos dava mais
força. Foi muito desse apoio que nos fez vencer jogos.
Tem alguma mensagem para eles agora que começa
uma nova temporada?
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