2. SPORTING 3805- 13
Depois de muitos meses de especulação e de ter cor-
rido muita tinta, chegou finalmente ao Sporting CP.
É uma sensação de felicidade?
Sim. É a palavra correcta para tudo isto. Já no mercado
de Verão houve esta possibilidade e infelizmente não
aconteceu. Felizmente, ficou tudo acertado no último
dia de mercado e estou aqui.
Já disse que está “onde queria estar”. Já sonhava com
este momento há bastante tempo?
Sim. Como disse, no Verão já tinha existido esta hi-
pótese, mas não se concretizou. Temos de ser pro-
fissionais e honrar o símbolo que estamos a repre-
sentar. Foi isso que fiz, mas o pensamento e o desejo
de estar aqui estiveram sempre presentes, como é
lógico. Finalmente aconteceu.
Qual é o sentimento de representar um emblema com
a dimensão do Sporting CP?
Estou a representar um dos grandes. Sou um jogador
formado num clube de freguesia. O primeiro ano de
sénior foi nesse clube e fiz a formação toda em campos
pelados. Hoje, chegar a um grande é realizar um sonho.
Mas é também realizar um objectivo.
O seu percurso não é muito comum, tendo subido
muitos patamares ao longo da carreira. Também por
isso tem um orgulho especial?
Sim. Hoje em dia é muito difícil vermos um jovem que
vem tão de baixo a chegar a um Clube grande desta di-
mensão. O facto de o ter conseguido é motivo de orgu-
lho. Claro que tenho muita coisa para fazer, ainda não
fiz nada pelo Sporting CP. Tenho tudo a provar e espero
conseguir fazer isso o mais rápido possível.
Jogou muitas vezes contra o Sporting CP. Nesses jo-
gos, alguma vez imaginou que o Estádio José Alvala-
de podia ser a sua casa e que os adeptos podiam estar
a gritar o seu nome?
Acho que o Sporting CP talvez tenha um dos ambien-
tes, assim como a música que toca quando as equipas
estão a entrar e estão perfiladas [‘Marcha do Spor-
ting’ e ‘O Mundo Sabe Que’], mais emotivos. Apela ao
sentimento e esse sentimento é bom e bonito para qual-
quer pessoa no estádio. Nós, jogadores, não somos in-
diferentes a isso. Infelizmente, agora não temos adeptos
nos estádios, mas gostava imenso de, quando for possí-
vel, ter adeptos para sentir esse ambiente.
Rúben Amorim já trabalhou consigo e já o elogiou
publicamente. Voltar a trabalhar com o técnico foi
uma motivação extra?
Sim, claro. Conheço o míster e apesar de ele já ter falado
[de mim] publicamente também conheço a exigência
dele. Tenho a certeza absoluta de que vai exigir o má-
ximo de mim. Não duvido disso e só se der tudo o que
tenho é que vou ser opção.
Passou toda a carreira em Portugal e conhece bem to-
das as equipas. Por isso, o tempo de adaptação pode
ser reduzido?
O facto de estar no meu país, de falar a minha língua, de
conhecer os clubes [adversários] e o treinador vai aca-
bar por diminuir esse tempo de adaptação. Claro que
existe sempre algum pequeno tempo de adaptação, mas
hoje [terça-feira] já fui recebido de forma magnífica por
toda a gente, incluindo colegas de equipa. Sinceramen-
te, acho que [a adaptação] vai ser muito fácil.
Não querendo falar em números de golos, o que seria
para si uma boa segunda metade da época?
Começar a ganhar já na sexta-feira [contra o CS Ma-
rítimo]. Quem me conhece e quem trabalhou comigo,
como o míster, sabe que o meu objectivo não são só os
golos. Gosto de jogar bem e de estar
bem em todos os momentos do jogo.
Uma boa segunda metade da época é
começar sexta-feira a ganhar e assim
sucessivamente.
Junta-se a uma equipa que está feliz
e que está a realizar uma excelente
temporada. Considera que chega
ao Sporting CP, também por isso,
no momento certo?
Sim. É o momento ideal. A compe-
titividade é saudável, mas muito for-
te. Os jogadores têm uma qualidade
incrível e a equipa está muito bem,
a praticar um futebol muito bom
com uma dinâmica muita boa e uma intensidade ain-
da maior. Tenho de estar preparado e a 100% para os
acompanhar.
Para além de Rúben Amorim, volta a encontrar João
Palhinha. Falou com ele antes de assinar? Como se
sente por voltar a tê-lo como colega de equipa?
Infelizmente, não falei com ele antes porque isto foi até
à última. Estou feliz por estar com o [João] Palhinha.
Eu e o Palhinha tivemos uma relação incrível em Braga
de amizade. Dava-me muito bem com ele e reencon-
trá-lo aqui é muito bom. É uma porta que se abre para
entrar mais facilmente no grupo.
O Sporting CP tem agora os dois Paulinhos mais co-
nhecidos do futebol português. Já teve a oportunida-
de de falar com o técnico de equipamentos. Como foi
esse momento?
Foi bom. A primeira coisa que lhe disse é que ele é o
Paulinho mais importante do Sporting CP. Eu ainda
tenho de escrever o meu nome aqui e ele já faz parte
da casa. Há que lidar com os dois, mas que não haja
dúvidas de que ele é o mais importante.
Estamos em ano de Campeonato da Europa de selec-
ções nacionais. Passar a representar o Sporting CP
ajuda-o a estar mais perto de integrar a convocatória
final de Fernando Santos?
Sim. Estar num Clube com a dimensão do Sporting CP aju-
da-me a estar mais perto, mas é dentro das quatro linhas
quesetrabalhaequesefazpormerecer.Éissoquevoufazer.
“O DESEJO DE ESTAR AQUI ESTEVE SEMPRE PRESENTE”
ENTREVISTA PAULINHO
Paulinho, internacional português de 28 anos e um dos principais goleadores do futebol lusitano, é reforço da equipa principal de futebol
do Sporting Clube de Portugal. O ponta-de-lança contratado ao SC Braga – que agora está “onde queria estar”, como o próprio revelou na
última terça-feira, quando foi apresentado – assinou um contrato válido até 2025 com cláusula de rescisão fixada nos 60 milhões de euros.
Em entrevista ao Jornal Sporting, admitiu que este “é o momento ideal” para chegar ao emblema de Alvalade, mas não escondeu que
tinha este desejo há vários meses. À publicação verde e branca, o novo avançado Leonino falou ainda sobre os reencontros com Rúben
Amorim e João Palhinha, do facto de ter subido vários patamares até finalmente chegar a um dos grandes, do “ambiente emotivo” criado
pelos Sportinguistas e ainda do outro Paulinho que faz parte da equipa.
Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: Pedro Zenkl
“TENHO A CERTEZA ABSOLUTA DE
QUE RÚBEN AMORIM VAI EXIGIR O
MÁXIMO DE MIM”
BILHETE DE IDENTIDADE
Nome: João Paulo Dias
Fernandes ‘Paulinho’
Data de nascimento: 9 de
Novembro de 1992 (28 anos)
Nacionalidade: portuguesa
Posição: ponta-de-lança
Clubes anteriores: Santa Maria
FC, CD Trofense, Gil Vicente
FC e SC Braga
Internacional português