SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 21
Baixar para ler offline
FINANÇAS
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE
ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
Luciano Augusto Vega Pires
Universidade Federal de Viçosa
José Vitor Palhares
Universidade Federal de Minas Gerais
Maria das Graças de Oliveira
Inst. Fed. de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi apresentar um panorama da produção científica
brasileira que utiliza as Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) como base
de dados nos artigos publicados na área das Ciências Sociais Aplicadas, em
especial na Administração. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliométrica
como método de revisão sistemática de literatura nas bases de dados Scientific
Electronic Library Online (SciELO) e Scientific Periodicals Electronic Library
(SPELL) entre 2003 e 2017, que possibilitou a construção de um cenário so-
bre a temática considerando suas características, contribuições e problemá-
ticas para a área. A análise dos resultados evidenciou que a POF é um tema
frequente na Economia,mas recente e pouco utilizado naAdministração.Desse
modo,por se tratar de uma pesquisa ampla,sistemática e que envolve múltiplas
variáveis, as POF poderiam ser mais bem exploradas nas áreas de Marketing,
Contabilidade e Administração Pública, pois possui interfaces com as mesmas.
PALAVRAS-CHAVE
Pesquisa de Orçamentos Familiares. Bibliometria. Administração. Orçamento
Familiar. Economia.
Data de submissão: 01 mar. 2018. Data de aprovação:
20 nov. 2018. Sistema de avaliação: Double blind review.
Universidade FUMEC / FACE. Prof. Dr. Henrique Cordeiro
Martins. Prof. Dr. Cid Gonçalves Filho.
FINANÇAS
ACADEMIC PRODUCTION ABOUT HOUSEHOLD BUDGET
SURVEYS IN MANAGEMENT
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 31
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
ABSTRACT
The objective of this paper was to present an overview of the Brazilian scientific
production that uses the Household Budget Surveys (HBS) as a database in the
articles published in the area of ​​
Applied Social Sciences, especially in Management.
In order to do so, a bibliometric research was carried out as a method of literature
systematic review in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Scientific
Periodicals Electronic Library (SPELL) databases between 2003 and 2017, which
allowed the construction of a scenario about this subject, considering its character-
istics, contributions and problems for the area.The analysis of the results showed
that the POF is a frequent theme in Economics, but recent and little used in the
Management. Because it is a broad, systematic and multi-variable research, the POF
could be better explored in the Marketing area, Accounting and Public Manage-
ment, because it has interfaces with them.
KEYWORDS
Household Budget Surveys. Bibliometrics. Management. Household budget. Economy.
INTRODUÇÃO
A Pesquisa de Orçamento Familiar
(POF) é um estudo que delineia perfis das
condições de vida dos brasileiros através
da análise de seus orçamentos domésticos,
por meio de informações como hábitos
de consumo e os ganhos e despesas dos
indivíduos nos domicílios investigados.Tra-
ta-se de uma pesquisa realizada por amos-
tragem em diversos municípios brasileiros
que fornece informações não apenas sobre
as estruturas orçamentárias da população,
como também antropométricas, sobre
a composição dos gastos das famílias de
acordo com as classes de rendimentos, as
desigualdades regionais nas áreas urbana e
rural, a extensão do endividamento fami-
liar e a dimensão do mercado consumidor
para diferentes grupos de produtos e ser-
viços (IBGE, 2004; 2010).
Nesse sentido, as POF podem ser uti-
lizadas como base de dados de estudos
em diversas áreas de conhecimento, como
no consumo alimentar (SCHLINDWEIN;
KASSOUF, 2006; ABREU; HOR-MEYLL;
NOGUEIRA, 2014; SILVA; SILVA; DIVINO,
2015), na logística de distribuição varejis-
ta nas cidades (FREITAS; MARTINS, 2018),
nos gastos com bens e serviços culturais
(WINK JUNIOR et al., 2016), com saúde e
assistência médica (REIS;SILVEIRA;ANDRE-
AZZI, 2003; ZUCCHI; BITTAR, 2003), com
educação (NOVAES et al.,2014),em relação
à segurança alimentar (COSTA et al., 2014),
dentre outros trabalhos em que as POF se
destacam por possibilitar estimativas por
meio de recorte de dados com tamanhos
de amostra elevados (LEITE, 2015) sobre o
orçamento das famílias brasileiras. No que
se refere especificamente à área daAdminis-
tração, de acordo com Silva, Parente e Kato
(2009), as POF possuem grande potencial
para se tornar um instrumento poderoso
na tomada de decisões mercadológicas, haja
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
32
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
vista sua amplitude e seu detalhamento de
informações sobre orçamentos familiares e
padrões de consumo.
Nos últimos anos, foi possível observar
um crescente número de pesquisas so-
bre orçamentos familiares no Brasil (e.g.,
ABREU; HOR-MEYLL; NOGUEIRA, 2014;
NOVAES et al., 2014; COSTA FILHO;
MOTTA, 2015; SILVA; SILVA; DIVINO,
2015; PAIVA; SILVA; FEIJÓ, 2016; CAR-
RARO; MEROLA, 2018). Contudo, apesar
de se mostrar um instrumento poderoso
e consistente para a tomada de decisões
e um campo diverso de possibilidades de
ampliação dos conhecimentos teóricos e
práticos sobre Administração no Brasil,
em virtude do amplo conjunto de variáveis
que detalham o comportamento de con-
sumo das famílias brasileiras, as POF ainda
têm sido uma base de dados secundários
pouco debatida na Administração e, devido
à sua confiabilidade, pode ser mais explo-
rada para subsidiar diferentes estudos na
área (DU; KAMAKURA, 2008; SILVA, 2009;
SILVA; PARENTE; KATO, 2009; KAMAKU-
RA; MAZZON, 2013).
Portanto,buscando preencher essa lacu-
na de compreender como as POF têm sido
exploradas na Administração, o problema
de pesquisa que este estudo buscou res-
ponder foi: Como se apresenta a produção
acadêmica nacional nas Ciências Sociais
Aplicadas sobre as Pesquisas de Orçamen-
tos Familiares (POF) e quais os principais
artigos, autores e temáticas emergentes
sobre o assunto em questão? O objetivo
deste trabalho foi apresentar um panora-
ma da produção científica brasileira que
utiliza as Pesquisas de Orçamentos Fami-
liares como base de dados para os artigos
na área das Ciências Sociais Aplicadas pu-
blicados nas bases de dados Scientific Elec-
tronic Library Online (SciELO) e Scientific
Periodicals Electronic Library (SPELL) com
o recorte temporal de 2003 e 2017, a fim
de identificar os principais artigos, autores
e as temáticas emergentes sobre as POF.
Este estudo se justifica devido à impor-
tância das pesquisas bibliométricas para
quantificar os processos de comunicação
escrita, analisar a produção sobre deter-
minado assunto e a disseminação e o uso
da informação em áreas específicas do co-
nhecimento (PRITCHARD,1969;MACIAS-
CHAPULA, 1998; ARAÚJO, 2006). Para
Mugnaini (2003), a produção contínua de
conhecimento pode dificultar o trabalho
do pesquisador de recuperar o cenário da
sua pesquisa, e técnicas como a bibliome-
tria facilitam a apreciação da informação
produzida e armazenada. Dessa forma, esta
pesquisa bibliométrica auxiliaria não ape-
nas na análise da informação produzida e
armazenada sobre as POF, como também
na identificação de novas tendências sobre
o tema para pesquisas futuras (QUEVE-
DO-SILVA et al., 2016) na Administração.
Além disso, este estudo se justifica tam-
bém no âmbito social e econômico, uma
vez que os estudos sobre as POF podem
explicar com mais detalhamento e profun-
didade as influências da renda familiar e da
restrição orçamentária nos processos de-
cisórios de compra e nos padrões de con-
sumo das famílias brasileiras (SILVA, 2009;
SILVA; PARENTE; KATO, 2009), já que a
POF se trata de um estudo de alta per-
formance que explica o nível de consumo
das famílias brasileiras por estrato socioe-
conômico fundamentado em critérios váli-
dos, fidedignos e confiáveis (KAMAKURA;
MAZZON, 2016).
Este artigo foi estruturado em cinco se-
ções. Após esta introdução, foi feita uma
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 33
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
explanação sobre a Pesquisa de Orçamen-
to Familiar (POF), de forma a situar o lei-
tor do contexto teórico deste trabalho.
Em seguida, foram apresentados os pro-
cedimentos metodológicos utilizados para
condução do estudo e alcance do objetivo
delimitado. Posteriormente, são apresenta-
dos e discutidos os resultados da pesquisa
e,por fim,são feitas as considerações finais.
A PESQUISA DE ORÇAMENTO
FAMILIAR (POF)
Considerando a teoria clássica do con-
sumidor, amplamente desenvolvida pelo
conjunto teórico de microeconomia, po-
demos entender a escolha do consumidor
típico como a tentativa racional de con-
frontar um conjunto de preferências hie-
rarquizadas por bens e serviços frente a
um conjunto orçamentário para preços de
mercado dados e conhecidos (Conjunto
Orçamentário Walrasiano) (MAS-COLELL
et al., 1995).
Devido à limitação de recursos eco-
nômicos frente ao caráter ilimitado das
necessidades, as pessoas, na maioria das
vezes, são obrigadas a distribuírem suas
receitas em determinados itens de consu-
mo e em quantidades específicas (PINTO;
FREDES; MARINHO, 1983). Tais decisões
decorrentes da distribuição de renda for-
mam o orçamento familiar. O termo “or-
çamento” compreende calcular os gastos
previamente para a consecução de uma de-
terminada atividade, sendo que as pessoas
costumam organizar seus orçamentos em
diversas categorias de despesa, como com-
pras domésticas, alimentação, habitação,
entretenimento, saúde e educação, e bus-
cando obter o maior bem-estar coletivo
do núcleo familiar (HEATH; SOLL, 1996).
Apesar das proposições centrais iden-
tificadas no conjunto teórico ainda per-
manecerem sólidas, muitos pressupostos
relacionados às estruturas de decisão tive-
ram que ser adaptados ou revistos a luz da
evidência empírica, principalmente devido
a contribuições da área de economia com-
portamental (HEATH;SOLL,1996).Evidên-
cias relacionadas com a forma de entender
ganhos e perdas,avaliar compras (Utilidade
Transacional), definir regras de orçamento,
classificação de grupos orçamentários e
despesas levaram a um novo entendimento
de que a escolha individual e coletiva (nú-
cleo familiar) enfrenta um conjunto de limi-
tações cognitivas e informacionais (THA-
LER, 1985;THALER; JOHNSON, 1990).
Desta forma, as Pesquisas de Orçamen-
tos Familiares (POF) e Pesquisas de Padrão
de Vida Familiar visam, principalmente, a
mensuração das estruturas de consumo,
dos gastos e rendimentos efetivadas pela
escolha individual,e da variação patrimonial
de famílias, traçando perfis das condições
de vida da população através da análise de
seus orçamentos domésticos efetivados
(orçamento doméstico revelado) (IBGE,
2004; 2010; DEATON, 2018).
Historicamente, os estudos sobre orça-
mentos e despesas familiares começaram
a ganhar visibilidade a partir do momento
em que o estatístico Ernst Engel publicou,
em 1857,um artigo que demonstrava o im-
pacto do rendimento no perfil dos gastos
familiares (SILVA; PARENTE; KATO, 2009).
Apesar de sua pesquisa de consumos fa-
miliares ter sido antecedida por traba-
lhos seminais como as de Ducpetiaux e
Le Play, sua contribuição se destaca como
uma tentativa inicial de estimação da re-
lação entre variáveis socioeconômicas de
forma não paramétrica e pela identificação
de padrões regulares de comportamento
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
34
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
do consumo coletivo (PETHEL, 1975). Para
Johnson, Rogers e Tan (2001), somente no
início do século XX que pesquisas relacio-
nadas ao orçamento familiar foram siste-
maticamente delineadas, com a Bureau of
Labor Statistics – Agência de Governo dos
EUA – mapeando os padrões de consumo
das famílias norte-americanas.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE) já realizou cinco
amplos estudos sobre orçamento familiar,a
saber: I) o Estudo Nacional da Despesa Fa-
miliar – ENDEF 1974/1975, de abrangência
nacional, com exceção da área rural da Re-
gião Norte; II) a Pesquisa de Orçamentos
Familiares – POF 1987/1988; III) outra Pes-
quisa de Orçamentos Familiares (POF) nos
anos 1995/1996, sendo que estas duas úl-
timas foram realizadas em Belém, Fortale-
za, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de
Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre,
Goiânia e no Distrito Federal, e idealiza-
das para atender, prioritariamente, a atuali-
zação das estruturas de consumo do Índice
de Preços ao Consumidor (IPC); e as IV)
POF de 2002/2003 eV) POF de 2008/2009,
as quais, além de priorizarem as diretrizes
acima, foram realizadas em nível nacional e
tiveram o acréscimo de questões sobre as
condições de vida das pessoas a partir do
consumo,aquisições não-monetárias,ques-
tões sobre qualidade de vida,dentre outras
que complementaram análises socioeco-
nômicas, especialmente sobre pobreza, de-
sigualdade e exclusão social (IBGE, 2010).
As Pesquisas de Orçamentos Familiares
(POF) visam, principalmente, a mensura-
ção das estruturas de consumo, dos gastos
e rendimentos e da variação patrimonial
das famílias brasileiras, traçando perfis das
condições de vida da população através da
análise de seus orçamentos domésticos
(MELO; TEIXEIRA; SILVEIRA, 2017). Além
disso, há outros temas mais subjetivos que
também podem ser analisados por meio
dos dados das POF, como a avaliação do
perfil nutricional da população,medidas an-
tropométricas e sobre alimentação esco-
lar.Trata-se de uma pesquisa realizada por
amostragem, em que são investigados os
domicílios particulares permanentes, nos
quais são identificados a unidade básica da
pesquisa, que compreende um único mo-
rador ou um conjunto de moradores que
compartilham as despesas com moradia
(IBGE, 2004; 2010; DEATON, 2018). Nes-
se entremeio, as POF se constituem como
estudos que possuem informações extre-
mamente importantes e detalhadas sobre
diversas variáveis de renda e consumo das
famílias brasileiras, permitindo aprofundar,
por exemplo, na compreensão sobre os di-
ferentes padrões de consumo entre as di-
versas classes de renda do país (SILVEIRA;
MENEZES; MAGALHÃES; DINIZ, 2007).
Nesse contexto, Coelho, Aguiar e Fer-
nandes (2009) e Coelho, Aguiar e Eales
(2010), por exemplo, analisaram o padrão
de consumo de alimentos das famílias bra-
sileiras com base nos dados da POF de
2002/2003 e concluíram que há discre-
pâncias significativas nas probabilidades de
aquisição entre domicílios chefiados por
mulheres, por pessoas que se autodecla-
ram pardas e negras e entre domicílios lo-
calizados nos meios urbano e rural, além
de constatarem a relevância das variáveis
regionais e educacionais na explicação da
aquisição de diversos produtos. Da mesma
forma, Neto e Menezes (2010) analisaram
os níveis e a evolução da desigualdade do
gasto familiar per capita e da desigualdade
da distribuição do consumo familiar per ca-
pita no Brasil,demonstrando que os micro-
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 35
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
dados das POF são relevantes nos estudos
sobre a dinâmica dos tipos de gastos fami-
liares e na compreensão da evolução dos
desníveis de bem-estar da população.
Desse modo, as POF podem ser consi-
deradas um vasto campo de informações
relacionadas não somente às estruturas or-
çamentárias da população brasileira, como
também contem elementos dos domicílios
e das famílias pesquisadas, ampliando o
potencial de utilização dos resultados do
estudo, principalmente para habilitar avali-
ções sobre desigualdade de renda, pobre-
za e padrões de vida mínimos (DEATON,
2018). Entretanto, embora o volume signi-
ficativo de informações que tais pesquisas
apresentam, elas ainda são pouco explo-
radas na academia, devido, talvez, à dificul-
dade de compreensão da sua estrutura de
apresentação a cada tempo e da sua evolu-
ção (DINIZ et al., 2007).
Outra consideração importante, como
observado por Deaton (2018), é que a pró-
pria metodologia de pesquisa utilizada apre-
senta um conjunto de limitações,como falta
de uniformização sobre o que constitui uma
família (household) e suas formas de aqui-
sição e divisão de recursos, dificuldade de
construir via amostra o acompanhamento
de um mesmo indivíduo ou família (panel
data), falta de uniformidade sobre qual o
melhor período para delimitar as pesquisas
de consumo, dificuldades para caracterizar
o espectro relevante de itens ou ações de
consumo (dificuldades com bens que geram
externalidades positivas, consumo de bens
públicos, etc..), e dificuldades de medir a
própria renda e riqueza.
Portanto, os estudos sobre orçamento
familiar são pouco frequentes na academia,
apesar do intenso uso de tais fontes de
informação por órgãos internacionais de
avalição de política, distribuição de renda e
pobreza como a ONU e o Banco Mundial.
Geralmente,tais pesquisas não estão preo-
cupadas com as razões da composição do
orçamento dos indivíduos e famílias, e são
mais comuns e aprofundadas na área da
Microeconomia (SILVA; PARENTE; KATO,
2009). Nesse contexto, muitos estudos im-
plicam em usos dos dados das POF para
avaliação simulada de propostas teóricas,
como as das características distributivas de
impostos indiretos (ASANO et al., 2004;
SIQUERIRA et al.,2012;CARVALHO et al.,
2013), testes sobre pressupostos estrutu-
rais da teoria da demanda (TRAVASSOS;
COELHO, 2015), entre outras aplicações
de validação ou análise teórica. Por outro
lado,podemos listar uma gama de trabalhos
empíricos dentro da área de economia e
avaliação de políticas públicas preocupados
com nichos específicos do conjunto social
(escolha familiar de consumo e distinções
de gênero, setor de consumo e distinções
raciais e culturais) e suas escolhas (CAR-
VALHO; KASSOUF, 2009; SANTANA; ME-
NEZES, 2009; PAGLIOTO; MACHADO,
2012) ou mesmo políticas especificas e
seus efeitos (RESENDE; OLIVEIRA, 2008;
JUNIOR et al., 2016).
Em contraposição, na área de Adminis-
tração as POF são bases de dados pouco
exploradas, apesar de serem instrumentos
de alto potencial na tomada de decisões
mercadológicas (SILVA, 2004). De acordo
com Silva e Parente (2007) e Du e Kamaku-
ra (2008), os estudos sobre orçamentos
familiares são pertinentes nos dias atuais
e estão intimamente relacionados com a
temática de segmentação de mercado e
comportamento do consumidor. Por isso,
quando ocorrem, são mais comuns na área
de Marketing, como os estudos de Silva et
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
36
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
al. (2009), Costa Filho e Motta (2015) e
Kamakura e Mazzon (2016), embora ainda
sejam escassos e recentes.
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
A fim de atingir o objetivo proposto
de apresentar um panorama da produção
científica brasileira que utiliza as POF como
base de dados para os artigos na área das
Ciências Sociais Aplicadas publicados nas
bases de dados SciELO e SPELL entre 2003
e 2017,esta pesquisa fez uso do método bi-
bliométrico e é de abordagem quantitativa,
de cunho descritivo, uma vez que utilizou
de técnicas estatísticas para obter informa-
ções sobre características de determinadas
áreas (COLLIS; HUSSEY, 2005).
De acordo com Araújo (2006), a Biblio-
metria é uma técnica quantitativa e esta-
tística que tem como finalidade medir a
produção e disseminação do conhecimen-
to científico.Tal método vem sendo usado,
principalmente, para identificar autores e
periódicos mais produtivos sobre determi-
nada temática, analisar linhas de pesquisa
de periódicos e a colaboração entre auto-
res e instituições (ANDRÉS, 2009).
Tendo por base o trabalho de Tranfield,
Denyer e Smart (2003), este estudo foi re-
alizado em duas etapas:I) busca sistemática
e II) análise sistemática da literatura,descri-
tas a seguir. A primeira etapa ocorreu em
janeiro de 2017, em que foram definidas as
bases de dados, as palavra-chave, os cam-
pos de buscas e os filtros de refinamento.A
definição das palavras-chave é fundamental
nessa etapa, uma vez que determina o es-
copo da pesquisa e impacta na sua validade
(SINGLETON; STRAITS, 1993). A escolha
pelas bases de dados Scientific Electronic
Library Online (SciELO) e Scientific Pe-
riodicals Electronic Library (SPELL) levou
em consideração o fato de serem coleções
abrangentes de periódicos reconhecidos
pela comunidade científica nacional, com
foco na produção acadêmica das áreas re-
lacionadas às Ciências Sociais Aplicadas,
principalmente à Administração.
Tendo em vista que a utilização das POF é
pouco frequente na academia (SILVA,2004;
SILVA; PARENTE, 2007; DU; KAMAKU-
RA, 2008; SILVA; PARENTE; KATO, 2009),
considerou-se a totalidade dos artigos lo-
calizados desde a sua primeira publicação,
ou seja, de 2003 até janeiro de 2017. Os
termos utilizados como critérios de bus-
ca foram “orçamento familiar”, “pesqui-
sa de orçamento familiar”, “estudo sobre
orçamento familiar”, “POF” e “orçamen-
tos familiares” investigados nos resumos
dos artigos.Vale destacar que o descritor
“orçamento familiar”, utilizado como filtro
para refinamento da pesquisa, está enqua-
drado nos descritores recomendados pela
Thesaurus Brasileiro da Educação. Contu-
do, como a busca somente por “orçamen-
to familiar” levantou um número reduzido
de artigos sobre a temática, optou-se por
expandir os termos utilizados como crité-
rios de busca,passando a englobar também
os demais termos supracitados, de modo
a ampliar e a enriquecer a base de dados
para análise.
Com base nesses procedimentos e na ex-
clusão de artigos repetidos entre as duas ba-
ses, foram encontrados 125 artigos publica-
dos. Em seguida, para refinamento da busca,
aplicou-se o filtro da área de pesquisa – Ci-
ências Sociais Aplicadas – e coleções brasi-
leiras, tendo em vista que as POF, regular-
mente conduzidas pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), possuem
métodos e características específicas para
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 37
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
desenvolver as análises (IBGE, 2004; 2010)
e, por isso, não seria apropriado expandir a
busca para periódicos internacionais. Após
o filtro da área de pesquisa e o recorte na-
cional, foram selecionados 43 artigos.
Na etapa seguinte (análise sistemática da
literatura), os 43 artigos foram lidos na ín-
tegra, com o objetivo de manter somente
aqueles que apresentassem a POF como
base de dados para o artigo, e excluir aque-
les que apenas faziam menções a POF no
corpo do texto mas cujo assunto não se re-
lacionava com ela. Dessa forma, após essa
análise restaram 39 artigos que compuse-
ram a amostra final objeto das análises e que
foram publicados em 18 periódicos,sendo o
mais antigo publicado em julho de 2003 e o
mais recente em dezembro de 2016.
Este estudo foi conduzido com base na
Lei de Lotka, na Lei de Bradford e na Lei
de Zipf (ARAÚJO, 2006; PATRA; BHATTA-
CHARYA;VERMA, 2006; NORONHA; MA-
RICATO, 2008; MACHADO JUNIOR et
al., 2016). Em suma, a primeira se refere a
produtividade dos autores; a segunda obje-
tiva avaliar a evolução histórica do número
de publicações e os periódicos que mais
publicaram sobre a temática ; e a terceira
visa aferir a distribuição de frequências de
palavras de um texto, estabelecendo uma
lista ordenada de termos sobre uma deter-
minada temática (VANTI, 2002).
Por fim, foram utilizadas as seguintes ca-
tegorias de análise: (a) evolução histórica
do número de publicações e (b) os perió-
dicos que mais publicaram sobre a temáti-
ca (Lei de Bradford); (c) Distribuição dos
artigos por número de autores e autores
com maior número de publicação (Lei de
Lotka); (d) as instituições das quais esses
autores são filiados (e) a identificação dos
artigos mais citados; (f) os principais auto-
res e obras referenciados em Pesquisa de
Orçamentos Familiares nas Ciências So-
ciais Aplicadas; e (g) as palavras-chave que
mais se destacam nas POF (Lei de Zipf).
Os resultados obtidos a partir da análise
bibliométrica foram tabulados e analisados
no software Microsoft Excel® e discutidos
na seção a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Frequência anual de publicação
Na pesquisa bibliográfica foram localiza-
dos 39 artigos que abordaram a temática
das Pesquisas de Orçamentos Familiares
em artigos da área das Ciências Sociais
Aplicadas. Através da distribuição das pu-
blicações no tempo e sua frequência em
cada período é possível identificar a pro-
dutividade científica de uma determinada
área de estudo (ANDRÉS, 2009).
Ao analisar os dados da distribuição por
ano das publicações sobre as POF em Ci-
ências Sociais Aplicadas (Figura 1), é possí-
vel afirmar que,embora a partir de 2009 as
publicações tenham aumentado, o número
de artigos publicados sobre tal temática
nessa área ainda é muito baixo,sendo 2004,
2005 e 2007 os anos com menor número
de publicações – apenas 1 artigo – e os
anos de 2009 e 2015 com maior número
de publicações, com 6 artigos em cada.Tal
fato corrobora com os estudos de Diniz
et al. (2007), os quais afirmam que as POF
ainda são pouco exploradas pela academia.
Publicações por periódicos
A tabela 1 lista em ordem decrescente a
quantidade de artigos publicados por peri-
ódicos, permitindo identificar os periódicos
mais produtivos. A partir disso, foi eviden-
ciado que não há uma amplitude de revistas
em que são publicados os estudos sobre as
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
38
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
POF na área das Ciências Sociais Aplicadas,
uma vez que periódicos específicos de cam-
pos de conhecimento dessa área, como por
exemplo, Direito, Ciência da Informação e
Turismo, não apareceram na relação. Pelo
contrário, a partir da Lei de Bradford cons-
tatou-se um núcleo pouco disperso sobre
as POF em um mesmo conjunto de periódi-
cos, já que um pequeno número de revistas
(três) é responsável por uma parcela signifi-
cativa (43,6%) do total da produção científi-
ca da área (VANTI, 2002).
Vale ressaltar, além disso, como pontuado
por Silva, Parente e Kato (2009) e demons-
trado na tabela abaixo, que essa temática é
mais comum em periódicos da área da Eco-
nomia, seguidos pela da Administração, as
quais, em conjunto, totalizaram quase 90%
das publicações, ainda que a segunda área
tenha um número de artigos relativamente
baixo se comparada à primeira. Nesse con-
texto, destaca-se o periódico “Estudos Eco-
nômicos”, que apresentou o maior número
de artigos sobre as POF entre 2003 e 2017,
com sete publicações. Assim, apesar de se
tratar de um assunto interdisciplinar, as POF
têm sido mais abordada na Economia,e pou-
co debatida em outras áreas, como na Ad-
ministração,demonstrando,por exemplo,um
maior interesse por parte dos pesquisadores
da Economia sobre o assunto ou até mesmo
uma maior abertura dos periódicos da área
para a temática, uma vez que a Lei de Brad-
ford também se refere ao aperfeiçoamento
de políticas de alcance e de rejeite de revistas
(BEUREN;SOUZA,2008).
Distribuição dos artigos por número de
autores e autores com maior número de
publicação
A tabela 2 mostra a distribuição dos ar-
tigos por número de autores.A partir dela,
é possível afirmar que há a predominância
de publicações com dois autores por arti-
go – 38,5% do total da amostra –, seguidos
de três autores por artigo, que representa
FIGURA 1 – Distribuição por ano das publicações sobre as POF em Ciências Sociais Aplicadas.
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 39
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
30,8% do total da amostra. Nesse sentido,
constatou-se também o baixo número de
publicações individuais quando comparado
às publicações em conjunto.
A relevância de buscar identificar a com-
posição de autores por artigo analisado nes-
te estudo se deu pelo fato de que em outras
áreas,como na Ciência da Informação,“arti-
TABELA 1 – Periódicos das Ciências Sociais Aplicadas com mais artigos publicados sobre POF
Periódicos Frequência %
Estudos Econômicos 7 17,9%
Economia Aplicada 5 12,8%
Revista de Economia e Sociologia Rural 5 12,8%
Economia e Sociedade 3 7,7%
Revista Brasileira de Estudos de População 3 7,7%
Revista de Administração Pública 2 5,1%
Revista ADM.MADE 2 5,1%
Revista Brasileira de Economia 2 5,1%
Nova Economia 1 2,6%
Revista Administração em Diálogo 1 2,6%
Revista de Administração 1 2,6%
Revista de Administração Contemporânea 1 2,6%
Revista de Administração de Empresas 1 2,6%
Revista de Administração FACES Journal 1 2,6%
Revista de Economia Contemporânea 1 2,6%
Revista de Economia e Administração 1 2,6%
Revista do Serviço Público 1 2,6%
Revista Pensamento Contemporâneo em Administração 1 2,6%
TOTAL 39 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
TABELA 2 – Distribuição dos artigos por número de autores.
Ano/número de
autores
1 autor por artigo 2 autores por artigo 3 autores por artigo 4 autores por artigo
Total de artigos
no ano
2003 1 1 2
2004 1 1
2005 1 1
2006 2 2
2007 1 1
2008 1 1 1 3
2009 1 3 2 6
2010 1 1 1 3
2012 2 1 3
2013 3 1 4
2014 1 1 2 4
2015 2 2 2 6
2016 2 1 3
Total 5 15 12 7 39
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
40
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
gos com autoria única predominam sobre a
autoria em colaboração” (MUELLER; PECE-
GUEIRO, 2001). Por conseguinte, vale des-
tacar também que “a literatura gerada por
pesquisas feitas em colaboração mostra di-
ferenças importantes se comparadas com a
produzida por pesquisadores que trabalham
isoladamente” (MEADOWS, 1999, p. 109),
podendo indicar, nesse caso, uma tendên-
cia de ampliação do número de trabalhos
sobre as POF com dois ou mais autores, a
ampliação das redes de cooperação entre
pesquisadores e uma possível integração do
conhecimento diversificado com um núme-
ro maior de autores.
Já a tabela 3 evidenciou os autores e
coautores com maior número de publi-
cação sobre as POF em Ciências Sociais
Aplicadas.Tendo em vista que os 39 artigos
selecionados pela pesquisa bibliométrica
possuem um total de 99 autores – já que
há uma grande quantidade de artigos que
possuem autoria de dois ou mais pesquisa-
dores –, foram selecionados para compor
os dados dessa tabela apenas aqueles que
publicaram mais de uma vez.
Visto isso, destacaram-se Alexandre
Bragança Coelho, filiado à Universidade
Federal de Viçosa (UFV) e Tatiane Almeida
de Menezes, da Universidade Federal do
Pernambuco (UFPE), ambos com três pu-
blicações sobre Pesquisa de Orçamentos
Familiares em Ciências Sociais Aplicadas
nas bases de dados analisadas.Vale ressaltar
ainda que, dentre os outros autores que ti-
veram duas publicações sobre tal temática,
houve a prevalência, novamente, das Insti-
tuições UFV e UFPE.
Desse modo, observou-se que não há
uma alta concentração de publicações por
um grupo específico de pesquisadores,mas
sim uma ampla difusão de autores. Isso se
refere a uma característica de determinada
área de conhecimento (as POF) cujo refe-
rencial teórico, identidade e institucionali-
zação do corpo de autoridade ainda estão
em um processo de construção (RODRI-
GUES;VIEIRA, 2016). Portanto, a partir dos
dados apresentados na tabela abaixo, con-
sidera-se inapropriada a aplicação da Lei de
Lotka para os estudos das POF, já que a
quantidade de pesquisadores que produzi-
ram n contribuições sobre as POF não foi
aproximadamente 1/n2 daqueles que pro-
duziram apenas uma contribuição (VANTI,
2002). Por exemplo, segundo a Lei de Lo-
tka, a proporção entre quantidade de au-
tores que produziram dois artigos em de-
terminada área seria 25% da quantidade de
autores que produziram apenas um artigo.
Contudo, no presente trabalho, essa pro-
porção foi de aproximadamente 13,7%, já
que 73 autores publicaram apenas uma vez.
Distribuição dos artigos por instituição
de origem
Os artigos que compõem esta análise
também foram distribuídos de acordo com
as instituições de origem dos seus autores e
coautores. Para tanto, foram realçadas aque-
las que tiveram 5 ou mais autores vinculados
à instituição. Como é possível verificar na ta-
bela 4,houve um maior número de autores e
coautores nas publicações sobre as POF vin-
culados à Universidade de São Paulo (USP),
com 17 autores no total, seguidos pela Uni-
versidade Federal de Pernambuco (UFPE),
com 12, e pela Universidade Federal de Vi-
çosa (UFV),com 11 autores em publicações.
Análise das obras mais citadas
Esta seção apresenta os artigos mais ci-
tados até o mês de janeiro de 2017 entre
os artigos utilizados na amostra total da
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 41
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
pesquisa.O número de vezes que uma obra
ou autor foi citado por outros pesquisado-
res é uma das maneiras mais utilizadas pela
academia para mensurar a importância de
um artigo. De acordo com Andrés (2009),
apesar de esse não ser o único critério
utilizado, o impacto de autores, pesquisas
e periódicos pode ser avaliado por meio
da análise de citações, as quais são vistas
como reconhecimento positivo da contri-
buição feita pelo autor citado. Por isso, do
total dos artigos selecionados nesta pes-
quisa bibliográfica, foram realçados aqueles
que apresentavam o maior número de ci-
tações no SciELO e no Spell. O resultado
pode ser conferido na tabela 5.
Dentre os artigos mais citados, um cha-
mou atenção pela frequência superior em
que aparece em relação aos demais, citado
9 vezes e escrito pelas autoras Madalena
Maria Schlindwein eAna Lúcia Kassouf,am-
bas vinculadas a Universidade de São Pau-
lo, instituição esta que mais publica sobre
a temática Pesquisa de Orçamentos Fami-
liares.Vale ressaltar também que Ana Lúcia
Kassouf apareceu como uma das autoras
mais produtivas sobre as POF durante a
realização deste estudo na Tabela 3. O ar-
tigo mais citado, intitulado “Análise da in-
fluência de alguns fatores socioeconômicos
e demográficos no consumo domiciliar de
carnes no Brasil”,evidenciou,por meio dos
TABELA 3 – Autores com maior número de publicação sobre POF em Ciências Sociais Aplicadas
Autores
Quantidade de
artigos publicados
Afiliação (instituição vinculada)
Alexandre Bragança Coelho 3 Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Tatiane Almeida de Menezes 3 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Ana Lúcia Kassouf 2 Universidade de São Paulo (USP)
Danilo Rolim Dias de Aguiar 2 Universidade Federal de São Carlos (Ufscar)
Diogo Baerlocher Carvalho 2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Fernando Gaiger Silveira 2 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
José Ricardo Bezerra Nogueira 2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Lorena Vieira Costa 2 Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Marcelo José Braga 2 Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza 2 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Rozane Bezerra de Siqueira 2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Viviani Silva Lírio 2 Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
TABELA 4 – Instituições com maior número de autores em publicações sobre as POF
Instituição de vínculo
Número de autores
em publicações
Universidade de São Paulo (USP) 17
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 12
Universidade Federal de Viçosa (UFV) 11
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) 7
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) 7
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 6
Universidade de Brasília (UnB) 5
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
42
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
dados da Pesquisa de Orçamentos Familia-
res (POF) 2002-2003, que fatores socioe-
conômicos e demográficos possuem influ-
ência expressiva nos padrões de consumo
domiciliar de carnes no Brasil.
Ademais,é importante ressaltar também
que o baixo número de citações de traba-
lhos sobre as POF podem ser explicados
por dois motivos:o primeiro é que se trata
de um tema relativamente novo para a aca-
demia e que ainda pode ser mais explorado,
visto que as primeiras publicações sobre a
temática nessas bases de dados datam de
2003; outra consideração a ser feita a esse
respeito é que, além do baixo número de
produções de artigos, apenas um número
reduzido desses é que gerou um impacto
significativo na comunidade que publica na
área das Ciências Sociais Aplicadas, devido
ao número de citações.
Outro aspecto relevante de se destacar
sobre aTabela 5 é que as obras mais citadas
sobre as POF levam em consideração in-
formações relacionadas com os domicílios,
as famílias e as estruturas orçamentárias da
população brasileira (DINIZ et al., 2007),
sendo amplamente citadas e divulgadas
em periódicos da área da Economia, como
apontado por Silva, Parente e Kato (2009),
mas pouco frequentes na área da Adminis-
tração (SILVA, 2004).
Análise das principais obras referenciadas
Nesta seção, apresentam-se os principais
autores e obras referenciadas nas Pesquisas
de Orçamentos Familiares (POF). Para tan-
to, foi levado em consideração dois fatores:
I) as referências bibliográficas utilizadas nos
39 artigos analisados, e II) a obra ser refe-
renciada cinco vezes ou mais no total de
publicação sobre as POF como critério de
seleção para compor os resultados abaixo,
descritos naTabela 6.
Constatou-se que a principal obra refe-
renciada nessa temática é a Pesquisa de Or-
çamentos Familiares realizada pelo IBGE nos
anos de 2008/2009, seguida pela POF de
2002/2003, referenciadas 17 e 13 vezes, res-
pectivamente.Tal fato pode ser explicado pois,
segundo o IBGE (2010),a última POF,realizada
em 2008/2009 e publicada em 2010,foi a mais
abrangente e sistemática realizada até o mo-
mento.Além disso,é importante ressaltar que
as POF de 1987/1988 e 1995/1996 também
foram referenciadas nos artigos analisados,
sem, contudo, atingir o critério de aparecer
cinco vezes ou mais como referência e, por
isso,ambas não compuseram aTabela 6.
TABELA 5 – Obras mais citadas sobre POF nas Ciências Sociais Aplicadas.
Artigos
Total do núme-
ro de citações
SCHLINDWEIN, M. M.; KASSOUF, A. L. Análise da influência de alguns fatores socioeconômicos e demográfi-
cos no consumo domiciliar de carnes no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 44, n. 3, p. 549-572,
2006.
9
COELHO, A. B.; AGUIAR, D. R. D.; EALES, J. S. Food demand in Brazil: an application of Shonkwiler & Yen
Two-Step estimation method. Estudos Econômicos, v. 40, n. 1, p. 186-211, 2010.
2
MEDEIROS, M.; SOUZA, P. H. G. F. Previdências dos trabalhadores dos setores público e privado e desigual-
dade no Brasil. Economia Aplicada, v. 18, n. 4, p. 603-623, 2014.
2
PAES, N. L.; BUGARIN, N. S. Parâmetros tributários da economia brasileira. Estudos Econômicos, v. 36, n. 4,
p. 699-720, 2006.
2
SILVEIRA, F. G.; MENEZES, T. A.; MAGALHÃES, L. C. G.; DINIZ, B. P. C. Elasticidade-renda dos produtos
alimentares nas regiões metropolitanas brasileiras: uma aplicação da POF 1995/1996. Estudos Econômicos, v.
37, n. 2, p. 329-352, 2007.
2
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 43
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
Foi possível verificar também que al-
gumas das obras referenciadas nos traba-
lhos sobre as POF são da Economia,como
em “Economics and consumer behavior”,
“An almost ideal demand system” e “Eco-
nometric Analysis”, reforçando a intensa
relação de tal temática com essa área (SIL-
VA; PARENTE; KATO, 2009) nas Ciências
Sociais Aplicadas. Entretanto, destaca-se
ainda que alguns trabalhos referenciados
abrangem também a Administração, como
em “Economics and consumer behavior”
e “Gasto e consumo das famílias brasilei-
ras contemporâneas”, demonstrando que,
embora sejam pouco explorados nessa
área (SILVA, 2004), os estudos sobre as
POF podem ser vinculados ao Marketing,
principalmente no que se refere ao com-
portamento do consumidor e a segmenta-
ção de mercado (SILVA; PARENTE, 2007;
DU; KAMAKURA, 2008).
Frequência de termos nas palavras-chave
Por fim, conforme a Lei de Zipf – so-
bre identificar a frequência do aparecimen-
to das palavras no texto e criar uma lista
ordenada de termos de uma determinada
área temática (VANTI, 2002) –, foram ana-
lisadas as palavras-chave que mais ficaram
em evidência na pesquisa bibliométrica
sobre as POF. O objetivo desta análise foi
subsidiar a construção de figuras-conceito
sobre os antecedentes, as relações e os
consequentes do conhecimento construí-
do sobre POF até o momento, bem como
identificar suas dimensões e as principais
tendências e temáticas emergentes sobre
o assunto nos dias de hoje, como demons-
trado na Tabela 7.
De acordo com a tabela acima, os prin-
cipais termos que se destacaram na análise
da frequência das principais palavras-chave
foram “Pesquisa de Orçamentos Familia-
TABELA 6 – Principais obras referenciadas em POF nas Ciências Sociais Aplicadas.
Obras
Número de vezes
referenciada
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Fami-
liares 2008-2009: despesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
17
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Fami-
liares 2002-2003. Primeiros Resultados: Brasil e Grandes Regiões. Rio de Janeiro: IBGE, 2004.
13
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD): Síntese de Indicadores 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
10
DEATON, A.; MUELLBAUER, J. Economics and consumer behavior. New York: Cambridge University
Press, 1980.
7
DEATON, A.; MUELLBAUER, J. An almost ideal demand system. American Economic Review, v. 70, n.
3, p. 312-326, 1980.
6
HOFFMANN, R. Elasticidades-renda das despesas e do consumo físico de alimentos no Brasil metro-
politano em 1995-1996. Agricultura em São Paulo, v. 47, n. 1, p. 111-122, 2000.
6
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA (ABEP). Critério de Classificação Econô-
mica Brasil. Rio de Janeiro: ABEP, 2012.
5
DINIZ, B. P. C.; SILVEIRA, F. G.; BERTASSO, B.; MAGALHES, L. C. F.; SERVO, L. M. S. As Pesquisas
de Orçamentos Familiares no Brasil. In: SILVEIRA, F. G.; SERVO, L. M. S.; ALMEIDA, T.; PIOLA, S. F.
(Orgs.). Gasto e consumo das famílias brasileiras contemporâneas. Ipea: Brasília, v. 2, 2007.
5
GREENE, W. Econometric Analysis. New Jersey: Prentice Hall, 2003. 5
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
44
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
res”, que foi citado 8 vezes e “Orçamento
Familiar”,que apareceu 6 vezes.Foi possível
identificar outros termos frequentes que
geralmente se relacionam com a temática
das POF, tais como “desigualdade” e “con-
sumo”, sendo que o primeiro apareceu 5
vezes e o segundo foi citado 4 vezes como
termo isolado. Nesse contexto, vale des-
tacar que além dessas 4 vezes isoladas, o
termo “consumo” foi citado enquanto pa-
lavra-chave também na forma de expressão
em outros seis trabalhos diferentes (con-
sumo alimentar (2 vezes),consumo de açú-
car, consumo de carne, consumo de saúde
e consumo familiar), demonstrando que
essa temática é uma dimensão importan-
te e emergente nos estudos sobre as POF,
já que, se somadas as frequências isoladas
mais as vezes como expressão em que o
termo apareceu, a temática do consumo
representaria 6,8% de todas as palavras-
chave, ou seja, mais frequente até do que
“Pesquisa de Orçamentos Familiares”.
Além disso, outros termos se destaca-
ram enquanto palavras-chave nos estudos
das POF, como “bem-estar”, “distribuição
de renda”,“segmentação” e “segurança ali-
mentar”, os quais apareceram 3 vezes na
amostra, demonstrando ser outros pos-
síveis temas emergentes sobre as POF. Já
“gastos” e “demanda”, ainda que represen-
tem isoladamente um percentual reduzido
do total (1,3%) e que tenham aparecido
na mesma frequência (2 vezes) que outras
palavras-chave, como “equidade”,“reforma
tributária”, “elasticidade-renda” e “baixa
renda”, ressalta-se que, assim como “con-
sumo”, tais termos foram citados também
na forma de expressão. Assim, “gastos”
apareceu duas vezes isoladamente mais
outras três vezes em forma de expressão
(gasto com alimentação, gasto com edu-
cação e gastos em saúde), bem como “de-
manda”, que foi citado isoladamente duas
vezes, mais outras duas vezes em forma de
expressão (demanda por alimentos e de-
manda por carnes), colocando tais termos
também como temas de destaque quando
relacionados as Pesquisas de Orçamentos
Familiares.
De modo geral, considerando essa in-
consistência na frequência de palavras-chave
nos artigos analisados – tendo em vista que
poucos termos se repetiram algumas vezes
– pode-se afirmar que ainda não há muitas
temáticas consolidadas que se relacionam
com as POF e que a Lei de Zipf também
não se aplicada nesse contexto,já que ela se
TABELA 7 – Frequência das principais palavras-chave nas publicações sobre as POF
em Ciências Sociais Aplicadas.
Palavras-chave relacionadas as POF Frequência (%)
Pesquisa de Orçamentos Familiares 5,4%
Orçamento Familiar 4,0%
Desigualdade 3,4%
Consumo 2,7%
Bem-estar 2,0%
Distribuição de renda 2,0%
Segmentação 2,0%
Segurança alimentar 2,0%
Gastos 1,3%
Demanda 1,3%
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 45
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
refere ao princípio do mínimo esforço, em
que haveria pouca dispersão dos principais
termos citados no texto (VANTI,2002).Por
outro lado, tal fato demonstra também que
as POF realmente contem um vasto campo
de informações relevantes sobre a popula-
ção brasileira e que, portanto, trata-se de
um instrumento em potencial para utiliza-
ção de seus resultados nas pesquisas nacio-
nais (DINIZ et al., 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo proposto neste artigo foi
apresentar um panorama da produção
científica brasileira que utiliza as Pesquisas
de Orçamentos Familiares como base de
dados para os artigos na área das Ciências
Sociais Aplicadas publicados nas bases de
dados Scientific Electronic Library Online
(SciELO) e Scientific Periodicals Electronic
Library (SPELL) entre 2003 e 2017.Tal obje-
tivo foi alcançado ao ser analisado,por meio
de uma pesquisa bibliométrica, o cenário
das pesquisas realizadas sobre as POF,consi-
derando suas características, contribuições
e problemáticas para a área, e por oferecer
insights para pesquisas posteriores.
A partir da bibliometria realizada nas ba-
ses de dados citadas,foram selecionados 39
artigos publicados em 18 periódicos distin-
tos, sendo a publicação mais antiga datada
de 2003 e a mais atual em dezembro de
2016. Por meio da análise dos resultados,
foi possível afirmar que essa temática ain-
da não é muito consolidada e utilizada nas
Ciências SociaisAplicadas,tendo em vista a
baixa produtividade e as publicações relati-
vamente recentes na área.
Nesse contexto, vale destacar que, em-
bora este estudo tenha se baseado na Lei
de Lotka, Lei de Bradford e Lei de Zipf para
a condução da pesquisa,apenas a segunda se
aplicou no contexto das pesquisas de orça-
mentos familiares no Brasil. Foi visto que a
Lei de Lotka e a Lei de Zipf não se aplicam
aos estudos das POF, uma vez que se trata
de uma temática recente e pouco consoli-
dada, cujo referencial teórico, identidade e
institucionalização do corpo de autoridade
ainda estão em fase de construção.
Além disso, foi evidenciado que os arti-
gos que se baseiam nas POF são publicados,
principalmente, em periódicos da Econo-
mia, demonstrando a estreita relação que
há entre tal temática e a área econômica.
As publicações ocorreram,também,embo-
ra menos comuns, na Administração. Isso
demonstra que há, ainda, outros campos
das Ciências Sociais Aplicadas que podem
explorar as Pesquisas de Orçamentos Fa-
miliares como fonte de informações, como
por exemplo, o Direito, a Ciência da Infor-
mação e o Turismo.
Quanto à autoria, destacaram-se Alexan-
dre Bragança Coelho, da Universidade Fe-
deral de Viçosa (UFV) e Tatiane Almeida de
Menezes, da Universidade Federal do Per-
nambuco (UFPE), ambos com três publica-
ções sobre a temática. Notou-se, também,
que a maioria dos autores que publicam
sobre as POF estão vinculados a Universi-
dade de São Paulo (USP),seguidos pela Uni-
versidade Federal de Pernambuco (UFPE) e
pela Universidade Federal de Viçosa (UFV),
demonstrando a possibilidade de um futuro
fortalecimento de grupos de pesquisa sobre
a temática nessas instituições.
Outra questão a ser destacada foi o
baixo número de citações dos artigos ana-
lisados e a concentração de citações em
apenas um artigo.Tal fato pode ser justifica-
do por ser tratar de uma temática relativa-
mente nova para a academia, mas também
pode indicar que apenas um número redu-
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
46
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
zido dessa produção científica gerou im-
pacto significativo na comunidade que pu-
blica na área das Ciências SociaisAplicadas.
Em relação às principais obras referencia-
das nos artigos analisados, destacaram-se
as POF realizadas pelo IBGE nos anos de
2008/2009 e 2002/2003,por serem pesqui-
sas mais abrangentes e sistemáticas.
A contribuição deste estudo diz respei-
to à apresentação e difusão da produção
do conhecimento sobre as POF para as
Ciências Sociais Aplicadas, especialmen-
te para a Administração.Além de ser uma
temática recente na área, ainda não havia
uma pesquisa bibliométrica que abordasse
esse tema. Nesse sentido, o presente estu-
do demonstrou que as POF podem ampliar
os conhecimentos teóricos e práticos no
ensino e em pesquisas em Administração
no Brasil. Nas POF realizadas pelo IBGE há
inúmeras variáveis que compõem os orça-
mentos das famílias brasileiras. E há tam-
bém diversos fatores que impactam a com-
posição desse orçamento, dando subsídio,
então, para inúmeros estudos específicos
sobre a temática.
Entretanto, embora sejam um vasto e
significativo campo de informações,as POF
ainda são pouco exploradas no ensino e
pesquisas em Administração. E quando o
são, se referem a estudos específicos na
área de Marketing, em relação à segmenta-
ção de mercado e comportamento do con-
sumidor, já que as POF são fundamentadas
em critérios válidos, fidedignos e confiáveis
e podem ser úteis para as empresas na im-
plementação de estratégias mercadológi-
cas diferenciadas de acordo com o estrato
socioeconômico do público-alvo, na for-
mulação de estratégias de comunicação e
mídia,na facilitação do processo de tomada
de decisões de compra e no conhecimen-
to dos desejos de aquisição e atitudes em
relação a determinados tipos de produtos
(KAMAKURA; MAZZON, 2016).
Contudo, por se tratar de uma pesquisa
ampla,sistemática,que envolve múltiplas va-
riáveis e possui diversas interfaces, as POF
também podem ser utilizadas por outras
áreas da Administração, como na Contabi-
lidade e o efeito dos sistemas contábeis no
comportamento humano; na Administra-
ção Pública e a gestão de políticas sociais,
subsidiando políticas sociais para a melho-
ria das condições de vida da população em
relação a nutrição, saúde, moradia e contra
a desigualdade social, por exemplo; e em
outros temas em Marketing, como o con-
sumo consciente/verde, a responsabilidade
social e comunidades de anticonsumo.Para
tanto, basta apenas empreender esforços
científicos sistemáticos a este propósito.
Como limitação da pesquisa, destacou-
se a utilização de apenas duas bases de da-
dos para a bibliometria. Dessa forma, su-
gere-se uma ampliação desse recorte para
pesquisas posteriores, o que permitiria
análises complementares e uma apreensão
mais abrangente da produção científica na-
cional sobre a temática.Ademais,recomen-
da-se também a utilização da sociometria
em pesquisas futuras, que permitiria ana-
lisar as redes de parceria entre autores e
instituições. Por fim, vale ressaltar como
um desdobramento futuro deste presente
trabalho o interesse por parte dos autores
deste artigo de, posteriormente, analisar
os dados da POF da região metropolitana
de Belo Horizonte e relacioná-los com ou-
tras temáticas da Administração.
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 47
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
REFERÊNCIAS
ABREU, L. G.; HOR-MEYLL, L. F.; NO-
GUEIRA,E.M.C.Consumo de Fa-
mílias de Baixa Renda no Rio de
Janeiro: Um Estudo de Segmenta-
ção Baseada no Orçamento Fami-
liar.RevistaADM.MADE,v.18,n.3,
p. 19-39, 2014.
ANDRÉS, A. Measuring academic re-
search:how to undertake a biblio-
metric study. Chandos Publishing:
Oxford, 2009.
ARAÚJO, C. A. A. Bibliometria: evo-
lução histórica e questões atuais.
Em Questão, v. 12, n. 1, p. 11-32,
2006.
ASANO, S.; BARBOSA, A. L.; FIUZA,
E. P. Optimal commodity taxes for
Brazil based on AIDS preferences.
Revista Brasileira de Economia, v.
58, n. 1, 2004.
BEUREN,I.M.;SOUZA,J.C.Em busca
de um delineamento de proposta
para classificação dos periódicos
internacionais de contabilidade
para o Qualis Capes.Revista Con-
tabilidade & Finanças,v.19,n.46,p.
44-58, 2008.
CARRARO,W. B.W. H.; MEROLA,A.
Percepções Adquiridas numa Ca-
pacitação em Educação Financeira
para Adultos. Revista Gestão &
Planejamento, v. 19, n. 1, p. 414-
435, 2018.
CARVALHO, S. C.; KASSOUF,A. L.As
despesas familiares com educação
no Brasil e a composição de gê-
nero do grupo de irmãos. Econo-
mia Aplicada, v. 13, n. 3, p. 353-375,
2009.
CARVALHO, D. B.; SIQUEIRA, R. B.;
NOGUEIRA, J. R. Características
distributivas e impacto de refor-
mas tributárias sobre o bem-es-
tar das famílias no Brasil. Revista
Brasileira de Economia, v.67, n.3,
p. 263-282, 2013.
COELHO, A. B.; AGUIAR, D. R. D.;
EALES, J. S. Food demand in Bra-
zil: an application of Shonkwiler &
Yen two-step estimation method.
Estudos Econômicos (São Paulo),
v. 40, n. 1, p. 185-211, 2010.
COELHO, A. B.; AGUIAR, D. R. D.;
FERNANDES, E. A. Padrão de
consumo de alimentos no Brasil.
Revista de Economia e Sociologia
Rural, v. 47, n. 2, p. 335-362, 2009.
COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em
administração: um guia prático
para alunos de graduação e pós-
graduação. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2005.
COSTA, L.V.; SILVA, M. M. C.; BRAGA,
M. J.; LIRIO, V. S. Fatores associa-
dos à segurança alimentar nos do-
micílios brasileiros em 2009. Eco-
nomia e Sociedade, v. 23, n. 2, p.
373-394, 2014.
COSTA FILHO, M. C. M.; MOTTA, P.
C. M. Gestão de Orçamento nas
Compras de Supermercado da
Nova Classe Média. Revista Pen-
samento Contemporâneo em Ad-
ministração, v. 9, n. 4, p. 111-127,
2015.
DEATON, A. The analysis of hou-
sehold surveys:A microeconome-
tric approach to development po-
licy.Washington:The World Bank,
2018.
DINIZ, B. P. C.; SILVEIRA, F. G.; BER-
TASSO, B.; MAGALHES, L. C. F.;
SERVO, L. M. S. As Pesquisas de
Orçamentos Familiares no Brasil.
In: SILVEIRA, F. G.; SERVO, L. M. S.;
MENEZES,T.; PIOLA, S. F. (Orgs.).
Gasto e consumo das famílias
brasileiras contemporâneas. Ipea:
Brasília, v. 2, 2007.
DU, R.Y.; KAMAKURA,W. A.Where
did all that money go? Unders-
tanding how consumers allocate
their consumption budget.Journal
of Marketing, [S. l.], v. 72, p. 109-
131, 2008.
FREITAS, K. A.; MARTINS, R. S. Alte-
rações nos hábitos de compra e
distribuição varejista. Revista de
Administração FACES Journal, v.
17, n. 3, p. 8-27, 2018.
HEATH, C.; SOLL, J. B. Mental bud-
geting and consumer decisions.
Journal of Consumer Research, v.
23, p. 40-52, 1996.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO-
GRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).
Pesquisa de Orçamentos Familia-
res 2008-2009: despesas, rendi-
mentos e condições de vida. Rio
de Janeiro: IBGE, 2010.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO-
GRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).
Pesquisa de Orçamentos Familia-
res 2002-2003. Primeiros Resulta-
dos: Brasil e Grandes Regiões. Rio
de Janeiro: IBGE, 2004.
JOHNSON,D.S.;ROGERS,J.M.;TAN,
L. A century of family budgets in
the United States. Monthly Labor
Review. [S. l.], p. 28-45, 2001.
JUNIOR,M.V.;RIBEIRO,F.G.;FLORIS-
SI, S.; ZUANAZZI, P.T. Os efeitos
da criação de leis de meia entrada
para estudantes sobre o consumo
de bens e serviços culturais no
Brasil. Estudos Econômicos, v.46,
n. 4, p. 745-781, 2016.
KAMAKURA, W. A.; MAZZON, J. A.
Socioeconomic status and con-
sumption in an emerging eco-
nomy. International Journal of Re-
search in Marketing, v. 30, n. 1, p.
4-18, 2013.
KAMAKURA, W.; MAZZON, J. A.
Critérios de estratificação e com-
paração de classificadores socioe-
conômicos no Brasil. RAE-Revista
de Administração de Empresas, v.
56, n. 1, p. 55-70, 2016.
LEITE, F. P. Como o grau de desigual-
dade afeta a propensão marginal a
consumir? Distribuição de renda
e consumo das famílias no Brasil
a partir dos dados das POF 2002-
PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
48
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
2003 e 2008-2009. Economia e So-
ciedade,v.24, n.3, p.617-650,2015. 
MACHADO JUNIOR,C.;SOUZA,M.
T. S.; PARISOTTO, I. R. S.; PALMI-
SANO, A. As leis da bibliometria
em diferentes bases de dados
científicos. Revista de Ciências da
Administração, v. 18, n. 44, p. 111-
123, 2016.
MACIAS-CHAPULA,C.A.O papel da
informetria e da cienciometria e
sua perspectiva nacional e inter-
nacional. Ciência da Informação, v.
27, n. 2, p.134-140, 1998.
MAS-COLELL, A.; WHINSTON, M.;
GREEN, J. Microeconomic The-
ory. New York: Oxford University
Press, 1995.
MEADOWS, A. J. A comunicação
científica. Briquet de Lemos: Bra-
sília, 1999.
MELO, N. C.V. de;TEIXEIRA, K. M. D.;
SILVEIRA, M. B. Consumo e perfil
social e demográfico dos diferen-
tes arranjos domiciliares de ido-
sos no Brasil: análises a partir dos
dados da Pesquisa de Orçamen-
tos Familiares. Revista Brasileira
de Geriatria e Gerontologia, Rio
de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 607-617,
2017.
MUELLER, S. P. M.; PECEGUEIRO, C.
M. P. A. O periódico Ciência da
Informação na década de 90: um
retrato da área refletido em seus
artigos. Ciência da Informação,
Brasília, v. 30, n. 2, p. 47-63, 2001.
MUGNAINI, R.A bibliometria na ex-
ploração de bases de dados: im-
portância da Lingüística. TransIn-
formação,v.15,n.1,p.45-52,2003.
NETO,R.M.S.;MENEZES,T.A.Nível e
evolução da desigualdade dos gas-
tos familiares no Brasil: uma análi-
se para as regiões metropolitanas
no período 1996 a 2003. Estudos
Econômicos (São Paulo),v.40,n.2,
p. 341-372, 2010.
NORONHA, D. P.; MARICATO, J. M.
Estudos métricos da informação:
primeiras aproximações. Encon-
tros Bibli, Florianópolis, n. esp., p.
116-128, 2008.
NOVAES, V. M.; PESSÔA, L. A. G. P.;
DUBEUX,V. J. C.; LIMA, M. C. O
Espaço da Educação no Orça-
mento Familiar: o Caso das Fa-
mílias da Região Metropolitana
do Rio de Janeiro. Revista ADM.
MADE, v. 18, n. 3, p. 62-84, 2014.
PAGLIOTO, B. F.; MACHADO, A.
F. Perfil dos frequentadores de
atividades culturais: O caso nas
metrópoles brasileiras. Estudos
Econômicos, v. 42, n. 4, p. 701-730,
2012.
PAIVA,G.F.S.;SILVA,D.B.N.;FEIJÓ,C.
A. Exploratory note on consump-
tion and socioeconomic classifica-
tion in Brazil based on evidences
from the family expenditure sur-
vey. Revista de Economia Con-
temporânea, Rio de Janeiro, v. 20,
n. 2, p. 207-228, 2016.
PATRA, S. K.; BHATTACHARYA, P.;
VERMA, N. Bibliometric study of
literature on bibliometrics. DESI-
DOC Bulletin of Information Te-
chnology, v. 26, n. 1, p. 27-32, 2006.
PINTO,A.; FREDES, C.; MARINHO, L.
C.Curso de economia:elementos
de teoria econômica.Rio de Janei-
ro: Unilivros, 1983.
PRITCHARD, A. Statistical bibliogra-
phy or bibliometrics? Journal of
Documentation, v.25, n.4, p. 348-
349, 1969.
QUEVEDO-SILVA, F.; SANTOS, E. B.
A.; BRANDÃO, M. M.;VILS, L. Es-
tudo Bibliométrico: Orientações
sobre sua Aplicação. Revista Bra-
sileira de Marketing, v. 15, n. 2, p.
246-262, 2016.
REIS, C. O. O.; SILVEIRA, F. G.; AN-
DREAZZI, M. F. S. Avaliação dos
gastos das famílias com a assistên-
cia médica no Brasil: o caso dos
planos de saúde. 
Revista de Ad-
ministração Pública, v. 37, n. 4, p.
859-897, 2003.
RESENDE, A. C.; OLIVEIRA, A. M. H.
Avaliando resultados de um pro-
grama de transferência de renda:
o impacto do bolsa-escola sobre
os gastos das famílias brasileiras.
Estudos Econômicos, v. 38, n.2, p.
235-265, 2008.
RODRIGUES, C.; VIERA, A. F. G. Es-
tudos bibliométricos sobre a
produção científica da temática
Tecnologias de Informação e Co-
municação em bibliotecas. InCID:
Revista de Ciência da Informação
e Documentação, v. 7, n. 1, p. 167-
180, 2016.
SANTANA, P. J. MENEZES,T.A. Dife-
renças raciais no padrão de gastos
com educação: uma abordagem
semiparamétrica.Nova economia,
v. 19, n. 3, p. 383-405, 2009.
SCHLINDWEIN, M. M.; KASSOUF,A.
L. Análise da influência de alguns
fatores socioeconômicos e de-
mográficos no consumo domici-
liar de carnes no Brasil.Revista de
Economia e Sociologia Rural,v.44,
n. 3, p. 549-572, 2006.
SILVA, A. L. B.; SILVA, K.; DIVINO, B.
Dinâmica de compra de alimentos
das famílias de baixa renda frente
às limitações do orçamento fami-
liar. Revista Administração em Di-
álogo, v. 17, n. 2, p. 104-128, 2015.
SILVA, H. M. R.Análise de orçamento
de uma amostra de famílias brasi-
leiras: um estudo baseado na Pes-
quisa de Orçamentos Familiares
do IBGE. Dissertação (Mestrado
em Administração) – Universida-
de de São Paulo. São Paulo: USP,
2004.
SILVA, H. M. R.; PARENTE, J. G. O
mercado de baixa renda em São
Paulo: um estudo de segmentação
baseado no orçamento familiar.
In: ENCONTRO NACIONAL
DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DOS PROGRAMAS DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM ADMINIS-
TRAÇÃO, XXXI, 2007, Rio de
JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES
R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 49
http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013
Janeiro. Anais...Rio de Janeiro:
EANPAD, 2007.
SILVA, H. M. R.; PARENTE, J. G.; KATO,
H. T. Segmentação da baixa renda
baseado no orçamento familiar. Re-
vista deAdministração FACES Jour-
nal,v.8,n.4,p.98-114,2009.
SILVEIRA, F. G.; MENEZES,T. A.; MA-
GALHÃES, L. C. G.; DINIZ, B. P. C.
Elasticidade-renda dos produtos
alimentares nas regiões metropo-
litanas brasileiras: uma aplicação
da POF 1995/1996. Estudos Eco-
nômicos (São Paulo), v. 37, n. 2, p.
329-352, 2007.
SINGLETON JR., R. A.; STRAITS, B.
C. Approaches to social resear-
ch. New York: Oxford University
Press, 1993.
THALER, R. Mental accounting and
consumer choice. Marketing Scien-
ce,v.4,p.119-214,1985.
THALER, R. JOHNSON, E. Gambling
with the house money and trying
to break even:The effects of prior
outcomes on risky choice. Mana-
gement Science, v. 36, p. 643-660,
1990.
TRANFIELD,D.;DENYER,D.;SMART,
P.Towards a methodology for de-
veloping evidence-informed ma-
nagement knowledge by means of
systematic review. British Journal
of Management, v. 14, n. 3, p. 207–
222, 2003.
TRAVASSOS, G. F.; COELHO, A. B. A
questão da separabilidade fraca na
estimação de sistemas de deman-
da: Uma aplicação para a demanda
de carnes no Brasil.EconomiaApli-
cada, v. 19, n.3, p. 507-539, 2015.
VANTI, N.A. P. Da bibliometria à we-
bometria: uma exploração con-
ceitual dos mecanismos utilizados
para medir o registro da informa-
ção e a difusão do conhecimento.
Ciência da Informação, v. 31, n. 2,
p. 152-162, 2002.
WINK JUNIOR, M.V.; RIBEIRO, F. G.;
FLORISSI, S.; ZUANAZZI, P.T. Os
efeitos da criação de leis de meia
entrada para estudantes sobre
o consumo de bens e serviços
culturais no Brasil. 
Estudos Eco-
nômicos, São Paulo, v. 46, n. 4, p.
745-781, 2016.
ZUCCHI, P.; BITTAR, O.V. N. O gasto
das famílias com saúde. Revista de
Administração Pública, v. 37, n. 6,
p. 1233-1244, 2003.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Análise da produção acadêmica sobre Pesquisas de Orçamentos Familiares na Administração

A demografia organizacional de instituições de pesquisa paulistas
A demografia organizacional de instituições de pesquisa paulistasA demografia organizacional de instituições de pesquisa paulistas
A demografia organizacional de instituições de pesquisa paulistasmypurplesky
 
ECONOMIA INSTITUCIONAL E OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE REGIONAL NO PERIODO DE 20...
ECONOMIA INSTITUCIONAL E OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE REGIONAL NO PERIODO DE 20...ECONOMIA INSTITUCIONAL E OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE REGIONAL NO PERIODO DE 20...
ECONOMIA INSTITUCIONAL E OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE REGIONAL NO PERIODO DE 20...1sested
 
Análise: "Trends in library and information science research: a scientometric...
Análise: "Trends in library and information science research: a scientometric...Análise: "Trends in library and information science research: a scientometric...
Análise: "Trends in library and information science research: a scientometric...Vinícius Caixeta
 
Prestação de Contas - NISP - 2014/2015
Prestação de Contas - NISP - 2014/2015Prestação de Contas - NISP - 2014/2015
Prestação de Contas - NISP - 2014/2015Daniel Pinheiro
 
Artigo gislene bioenergética tcc temporário fevereiro 2013
Artigo gislene bioenergética tcc temporário fevereiro 2013Artigo gislene bioenergética tcc temporário fevereiro 2013
Artigo gislene bioenergética tcc temporário fevereiro 2013Professora Gislene
 
Informe junho 2011
Informe junho 2011Informe junho 2011
Informe junho 2011neepssuerj
 
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...RBEFE Rev. Bras. Educação Física e Esporte
 
Capacidade funcional e sua mensuração em idosos: uma revisão integrativa
Capacidade funcional e sua mensuração em idosos: uma revisão integrativaCapacidade funcional e sua mensuração em idosos: uma revisão integrativa
Capacidade funcional e sua mensuração em idosos: uma revisão integrativaCentro Universitário Ages
 
Considerações sobre o Caderno PNA
Considerações sobre o Caderno PNAConsiderações sobre o Caderno PNA
Considerações sobre o Caderno PNALuciane Souza
 
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...Solange Santana
 
Estudos sobre ic no brasil 2010
Estudos sobre ic no brasil   2010Estudos sobre ic no brasil   2010
Estudos sobre ic no brasil 2010gisa_legal
 
REVISTAS CIENTÍFICAS DE ACESSO LIVRE: RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E QUALIFICAÇÃO
REVISTAS CIENTÍFICAS DE ACESSO LIVRE: RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E QUALIFICAÇÃOREVISTAS CIENTÍFICAS DE ACESSO LIVRE: RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E QUALIFICAÇÃO
REVISTAS CIENTÍFICAS DE ACESSO LIVRE: RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E QUALIFICAÇÃOThiago Pitaluga
 
Em dialogo relatorio_final_pesquisa_para
Em dialogo relatorio_final_pesquisa_paraEm dialogo relatorio_final_pesquisa_para
Em dialogo relatorio_final_pesquisa_paraFabiolla Andrade
 
O perfil da educação de jovens e adultos na cidade de Ferraz de Vasconcelos
O perfil da educação de jovens e adultos na cidade de Ferraz de VasconcelosO perfil da educação de jovens e adultos na cidade de Ferraz de Vasconcelos
O perfil da educação de jovens e adultos na cidade de Ferraz de VasconcelosGoverno do Estado de São Paulo
 

Semelhante a Análise da produção acadêmica sobre Pesquisas de Orçamentos Familiares na Administração (20)

PERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM SAÚDE COLETIVA: análise preliminar
PERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM SAÚDE COLETIVA: análise preliminarPERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM SAÚDE COLETIVA: análise preliminar
PERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM SAÚDE COLETIVA: análise preliminar
 
A demografia organizacional de instituições de pesquisa paulistas
A demografia organizacional de instituições de pesquisa paulistasA demografia organizacional de instituições de pesquisa paulistas
A demografia organizacional de instituições de pesquisa paulistas
 
Periódicos brasileiros e a fuga de artigos de alto impacto
Periódicos brasileiros e a fuga de artigos de alto impacto Periódicos brasileiros e a fuga de artigos de alto impacto
Periódicos brasileiros e a fuga de artigos de alto impacto
 
ECONOMIA INSTITUCIONAL E OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE REGIONAL NO PERIODO DE 20...
ECONOMIA INSTITUCIONAL E OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE REGIONAL NO PERIODO DE 20...ECONOMIA INSTITUCIONAL E OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE REGIONAL NO PERIODO DE 20...
ECONOMIA INSTITUCIONAL E OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE REGIONAL NO PERIODO DE 20...
 
Análise: "Trends in library and information science research: a scientometric...
Análise: "Trends in library and information science research: a scientometric...Análise: "Trends in library and information science research: a scientometric...
Análise: "Trends in library and information science research: a scientometric...
 
Prestação de Contas - NISP - 2014/2015
Prestação de Contas - NISP - 2014/2015Prestação de Contas - NISP - 2014/2015
Prestação de Contas - NISP - 2014/2015
 
Presença de agradecimentos por financiamento nos artigos brasileiros indexad...
 Presença de agradecimentos por financiamento nos artigos brasileiros indexad... Presença de agradecimentos por financiamento nos artigos brasileiros indexad...
Presença de agradecimentos por financiamento nos artigos brasileiros indexad...
 
Artigo gislene bioenergética tcc temporário fevereiro 2013
Artigo gislene bioenergética tcc temporário fevereiro 2013Artigo gislene bioenergética tcc temporário fevereiro 2013
Artigo gislene bioenergética tcc temporário fevereiro 2013
 
Informe junho 2011
Informe junho 2011Informe junho 2011
Informe junho 2011
 
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
 
Capacidade funcional e sua mensuração em idosos: uma revisão integrativa
Capacidade funcional e sua mensuração em idosos: uma revisão integrativaCapacidade funcional e sua mensuração em idosos: uma revisão integrativa
Capacidade funcional e sua mensuração em idosos: uma revisão integrativa
 
Considerações sobre o Caderno PNA
Considerações sobre o Caderno PNAConsiderações sobre o Caderno PNA
Considerações sobre o Caderno PNA
 
Adoção de Repositórios de Dados Governamentais para Obtenção de Dados Científ...
Adoção de Repositórios de Dados Governamentais para Obtenção de Dados Científ...Adoção de Repositórios de Dados Governamentais para Obtenção de Dados Científ...
Adoção de Repositórios de Dados Governamentais para Obtenção de Dados Científ...
 
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
Disseminação da informação científica em meio às redes sociais: o caso da Rev...
 
ANÁLISE DOS ESTUDOS BRASILEIROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E BIBLIOMÉTRICOS: de 2...
ANÁLISE DOS ESTUDOS BRASILEIROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E BIBLIOMÉTRICOS: de 2...ANÁLISE DOS ESTUDOS BRASILEIROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E BIBLIOMÉTRICOS: de 2...
ANÁLISE DOS ESTUDOS BRASILEIROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E BIBLIOMÉTRICOS: de 2...
 
ANÁLISE DOS ESTUDOS BRASILEIROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E BIBLIOMÉTRICOS: de 2...
ANÁLISE DOS ESTUDOS BRASILEIROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E BIBLIOMÉTRICOS: de 2...ANÁLISE DOS ESTUDOS BRASILEIROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E BIBLIOMÉTRICOS: de 2...
ANÁLISE DOS ESTUDOS BRASILEIROS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E BIBLIOMÉTRICOS: de 2...
 
Estudos sobre ic no brasil 2010
Estudos sobre ic no brasil   2010Estudos sobre ic no brasil   2010
Estudos sobre ic no brasil 2010
 
REVISTAS CIENTÍFICAS DE ACESSO LIVRE: RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E QUALIFICAÇÃO
REVISTAS CIENTÍFICAS DE ACESSO LIVRE: RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E QUALIFICAÇÃOREVISTAS CIENTÍFICAS DE ACESSO LIVRE: RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E QUALIFICAÇÃO
REVISTAS CIENTÍFICAS DE ACESSO LIVRE: RELAÇÕES ENTRE GESTÃO E QUALIFICAÇÃO
 
Em dialogo relatorio_final_pesquisa_para
Em dialogo relatorio_final_pesquisa_paraEm dialogo relatorio_final_pesquisa_para
Em dialogo relatorio_final_pesquisa_para
 
O perfil da educação de jovens e adultos na cidade de Ferraz de Vasconcelos
O perfil da educação de jovens e adultos na cidade de Ferraz de VasconcelosO perfil da educação de jovens e adultos na cidade de Ferraz de Vasconcelos
O perfil da educação de jovens e adultos na cidade de Ferraz de Vasconcelos
 

Mais de Luciano Pires

Decisão da empresa monopolista
Decisão da empresa monopolistaDecisão da empresa monopolista
Decisão da empresa monopolistaLuciano Pires
 
Introdução à finanças corporativas
Introdução à finanças corporativasIntrodução à finanças corporativas
Introdução à finanças corporativasLuciano Pires
 
Semana de ciência e tecnologia 2014 - Mesa Redonda Desenvolvimento Econômic...
Semana de ciência e tecnologia 2014   - Mesa Redonda Desenvolvimento Econômic...Semana de ciência e tecnologia 2014   - Mesa Redonda Desenvolvimento Econômic...
Semana de ciência e tecnologia 2014 - Mesa Redonda Desenvolvimento Econômic...Luciano Pires
 
Decisão da empresa em mercados competitivos
Decisão da empresa em mercados competitivosDecisão da empresa em mercados competitivos
Decisão da empresa em mercados competitivosLuciano Pires
 
Respostas Mankiw - Capítulo 26 (Superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 26 (Superior)Respostas Mankiw - Capítulo 26 (Superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 26 (Superior)Luciano Pires
 
Sistema Financeiro e Níveis de Investimento e Poupança Nacionais
Sistema Financeiro e Níveis de Investimento e Poupança NacionaisSistema Financeiro e Níveis de Investimento e Poupança Nacionais
Sistema Financeiro e Níveis de Investimento e Poupança NacionaisLuciano Pires
 
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)Luciano Pires
 
Respostas Mankiw - Capítulo 24 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 24 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 24 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 24 (superior)Luciano Pires
 
Produção e crescimento econômico
Produção e crescimento econômicoProdução e crescimento econômico
Produção e crescimento econômicoLuciano Pires
 
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)Luciano Pires
 
Custo de vida, inflação e indices de preços
Custo de vida, inflação e indices de preçosCusto de vida, inflação e indices de preços
Custo de vida, inflação e indices de preçosLuciano Pires
 
Fundamentos de economia
Fundamentos de economiaFundamentos de economia
Fundamentos de economiaLuciano Pires
 
Renda nacional e Bem-estar Econômico
Renda nacional e Bem-estar EconômicoRenda nacional e Bem-estar Econômico
Renda nacional e Bem-estar EconômicoLuciano Pires
 
Respostas Mankiw - Capítulo 13 (Superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 13 (Superior)Respostas Mankiw - Capítulo 13 (Superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 13 (Superior)Luciano Pires
 
Custos de Produção
Custos de ProduçãoCustos de Produção
Custos de ProduçãoLuciano Pires
 
Respostas mankiw - capítulo 6 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 6 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 6 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 6 (superior)Luciano Pires
 
Respostas mankiw - capítulo 5 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 5 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 5 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 5 (superior)Luciano Pires
 
Respostas mankiw - capítulo 4 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 4 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 4 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 4 (superior)Luciano Pires
 
Respostas mankiw - capítulo 2 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 2 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 2 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 2 (superior)Luciano Pires
 

Mais de Luciano Pires (20)

Decisão da empresa monopolista
Decisão da empresa monopolistaDecisão da empresa monopolista
Decisão da empresa monopolista
 
Introdução à finanças corporativas
Introdução à finanças corporativasIntrodução à finanças corporativas
Introdução à finanças corporativas
 
Semana de ciência e tecnologia 2014 - Mesa Redonda Desenvolvimento Econômic...
Semana de ciência e tecnologia 2014   - Mesa Redonda Desenvolvimento Econômic...Semana de ciência e tecnologia 2014   - Mesa Redonda Desenvolvimento Econômic...
Semana de ciência e tecnologia 2014 - Mesa Redonda Desenvolvimento Econômic...
 
Decisão da empresa em mercados competitivos
Decisão da empresa em mercados competitivosDecisão da empresa em mercados competitivos
Decisão da empresa em mercados competitivos
 
Respostas Mankiw - Capítulo 26 (Superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 26 (Superior)Respostas Mankiw - Capítulo 26 (Superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 26 (Superior)
 
Desemprego
DesempregoDesemprego
Desemprego
 
Sistema Financeiro e Níveis de Investimento e Poupança Nacionais
Sistema Financeiro e Níveis de Investimento e Poupança NacionaisSistema Financeiro e Níveis de Investimento e Poupança Nacionais
Sistema Financeiro e Níveis de Investimento e Poupança Nacionais
 
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
 
Respostas Mankiw - Capítulo 24 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 24 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 24 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 24 (superior)
 
Produção e crescimento econômico
Produção e crescimento econômicoProdução e crescimento econômico
Produção e crescimento econômico
 
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
 
Custo de vida, inflação e indices de preços
Custo de vida, inflação e indices de preçosCusto de vida, inflação e indices de preços
Custo de vida, inflação e indices de preços
 
Fundamentos de economia
Fundamentos de economiaFundamentos de economia
Fundamentos de economia
 
Renda nacional e Bem-estar Econômico
Renda nacional e Bem-estar EconômicoRenda nacional e Bem-estar Econômico
Renda nacional e Bem-estar Econômico
 
Respostas Mankiw - Capítulo 13 (Superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 13 (Superior)Respostas Mankiw - Capítulo 13 (Superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 13 (Superior)
 
Custos de Produção
Custos de ProduçãoCustos de Produção
Custos de Produção
 
Respostas mankiw - capítulo 6 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 6 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 6 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 6 (superior)
 
Respostas mankiw - capítulo 5 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 5 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 5 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 5 (superior)
 
Respostas mankiw - capítulo 4 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 4 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 4 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 4 (superior)
 
Respostas mankiw - capítulo 2 (superior)
Respostas mankiw  - capítulo 2 (superior)Respostas mankiw  - capítulo 2 (superior)
Respostas mankiw - capítulo 2 (superior)
 

Análise da produção acadêmica sobre Pesquisas de Orçamentos Familiares na Administração

  • 2. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO Luciano Augusto Vega Pires Universidade Federal de Viçosa José Vitor Palhares Universidade Federal de Minas Gerais Maria das Graças de Oliveira Inst. Fed. de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais RESUMO O objetivo deste trabalho foi apresentar um panorama da produção científica brasileira que utiliza as Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) como base de dados nos artigos publicados na área das Ciências Sociais Aplicadas, em especial na Administração. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliométrica como método de revisão sistemática de literatura nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL) entre 2003 e 2017, que possibilitou a construção de um cenário so- bre a temática considerando suas características, contribuições e problemá- ticas para a área. A análise dos resultados evidenciou que a POF é um tema frequente na Economia,mas recente e pouco utilizado naAdministração.Desse modo,por se tratar de uma pesquisa ampla,sistemática e que envolve múltiplas variáveis, as POF poderiam ser mais bem exploradas nas áreas de Marketing, Contabilidade e Administração Pública, pois possui interfaces com as mesmas. PALAVRAS-CHAVE Pesquisa de Orçamentos Familiares. Bibliometria. Administração. Orçamento Familiar. Economia. Data de submissão: 01 mar. 2018. Data de aprovação: 20 nov. 2018. Sistema de avaliação: Double blind review. Universidade FUMEC / FACE. Prof. Dr. Henrique Cordeiro Martins. Prof. Dr. Cid Gonçalves Filho. FINANÇAS ACADEMIC PRODUCTION ABOUT HOUSEHOLD BUDGET SURVEYS IN MANAGEMENT
  • 3. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 31 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 ABSTRACT The objective of this paper was to present an overview of the Brazilian scientific production that uses the Household Budget Surveys (HBS) as a database in the articles published in the area of ​​ Applied Social Sciences, especially in Management. In order to do so, a bibliometric research was carried out as a method of literature systematic review in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL) databases between 2003 and 2017, which allowed the construction of a scenario about this subject, considering its character- istics, contributions and problems for the area.The analysis of the results showed that the POF is a frequent theme in Economics, but recent and little used in the Management. Because it is a broad, systematic and multi-variable research, the POF could be better explored in the Marketing area, Accounting and Public Manage- ment, because it has interfaces with them. KEYWORDS Household Budget Surveys. Bibliometrics. Management. Household budget. Economy. INTRODUÇÃO A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) é um estudo que delineia perfis das condições de vida dos brasileiros através da análise de seus orçamentos domésticos, por meio de informações como hábitos de consumo e os ganhos e despesas dos indivíduos nos domicílios investigados.Tra- ta-se de uma pesquisa realizada por amos- tragem em diversos municípios brasileiros que fornece informações não apenas sobre as estruturas orçamentárias da população, como também antropométricas, sobre a composição dos gastos das famílias de acordo com as classes de rendimentos, as desigualdades regionais nas áreas urbana e rural, a extensão do endividamento fami- liar e a dimensão do mercado consumidor para diferentes grupos de produtos e ser- viços (IBGE, 2004; 2010). Nesse sentido, as POF podem ser uti- lizadas como base de dados de estudos em diversas áreas de conhecimento, como no consumo alimentar (SCHLINDWEIN; KASSOUF, 2006; ABREU; HOR-MEYLL; NOGUEIRA, 2014; SILVA; SILVA; DIVINO, 2015), na logística de distribuição varejis- ta nas cidades (FREITAS; MARTINS, 2018), nos gastos com bens e serviços culturais (WINK JUNIOR et al., 2016), com saúde e assistência médica (REIS;SILVEIRA;ANDRE- AZZI, 2003; ZUCCHI; BITTAR, 2003), com educação (NOVAES et al.,2014),em relação à segurança alimentar (COSTA et al., 2014), dentre outros trabalhos em que as POF se destacam por possibilitar estimativas por meio de recorte de dados com tamanhos de amostra elevados (LEITE, 2015) sobre o orçamento das famílias brasileiras. No que se refere especificamente à área daAdminis- tração, de acordo com Silva, Parente e Kato (2009), as POF possuem grande potencial para se tornar um instrumento poderoso na tomada de decisões mercadológicas, haja
  • 4. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 32 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 vista sua amplitude e seu detalhamento de informações sobre orçamentos familiares e padrões de consumo. Nos últimos anos, foi possível observar um crescente número de pesquisas so- bre orçamentos familiares no Brasil (e.g., ABREU; HOR-MEYLL; NOGUEIRA, 2014; NOVAES et al., 2014; COSTA FILHO; MOTTA, 2015; SILVA; SILVA; DIVINO, 2015; PAIVA; SILVA; FEIJÓ, 2016; CAR- RARO; MEROLA, 2018). Contudo, apesar de se mostrar um instrumento poderoso e consistente para a tomada de decisões e um campo diverso de possibilidades de ampliação dos conhecimentos teóricos e práticos sobre Administração no Brasil, em virtude do amplo conjunto de variáveis que detalham o comportamento de con- sumo das famílias brasileiras, as POF ainda têm sido uma base de dados secundários pouco debatida na Administração e, devido à sua confiabilidade, pode ser mais explo- rada para subsidiar diferentes estudos na área (DU; KAMAKURA, 2008; SILVA, 2009; SILVA; PARENTE; KATO, 2009; KAMAKU- RA; MAZZON, 2013). Portanto,buscando preencher essa lacu- na de compreender como as POF têm sido exploradas na Administração, o problema de pesquisa que este estudo buscou res- ponder foi: Como se apresenta a produção acadêmica nacional nas Ciências Sociais Aplicadas sobre as Pesquisas de Orçamen- tos Familiares (POF) e quais os principais artigos, autores e temáticas emergentes sobre o assunto em questão? O objetivo deste trabalho foi apresentar um panora- ma da produção científica brasileira que utiliza as Pesquisas de Orçamentos Fami- liares como base de dados para os artigos na área das Ciências Sociais Aplicadas pu- blicados nas bases de dados Scientific Elec- tronic Library Online (SciELO) e Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL) com o recorte temporal de 2003 e 2017, a fim de identificar os principais artigos, autores e as temáticas emergentes sobre as POF. Este estudo se justifica devido à impor- tância das pesquisas bibliométricas para quantificar os processos de comunicação escrita, analisar a produção sobre deter- minado assunto e a disseminação e o uso da informação em áreas específicas do co- nhecimento (PRITCHARD,1969;MACIAS- CHAPULA, 1998; ARAÚJO, 2006). Para Mugnaini (2003), a produção contínua de conhecimento pode dificultar o trabalho do pesquisador de recuperar o cenário da sua pesquisa, e técnicas como a bibliome- tria facilitam a apreciação da informação produzida e armazenada. Dessa forma, esta pesquisa bibliométrica auxiliaria não ape- nas na análise da informação produzida e armazenada sobre as POF, como também na identificação de novas tendências sobre o tema para pesquisas futuras (QUEVE- DO-SILVA et al., 2016) na Administração. Além disso, este estudo se justifica tam- bém no âmbito social e econômico, uma vez que os estudos sobre as POF podem explicar com mais detalhamento e profun- didade as influências da renda familiar e da restrição orçamentária nos processos de- cisórios de compra e nos padrões de con- sumo das famílias brasileiras (SILVA, 2009; SILVA; PARENTE; KATO, 2009), já que a POF se trata de um estudo de alta per- formance que explica o nível de consumo das famílias brasileiras por estrato socioe- conômico fundamentado em critérios váli- dos, fidedignos e confiáveis (KAMAKURA; MAZZON, 2016). Este artigo foi estruturado em cinco se- ções. Após esta introdução, foi feita uma
  • 5. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 33 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 explanação sobre a Pesquisa de Orçamen- to Familiar (POF), de forma a situar o lei- tor do contexto teórico deste trabalho. Em seguida, foram apresentados os pro- cedimentos metodológicos utilizados para condução do estudo e alcance do objetivo delimitado. Posteriormente, são apresenta- dos e discutidos os resultados da pesquisa e,por fim,são feitas as considerações finais. A PESQUISA DE ORÇAMENTO FAMILIAR (POF) Considerando a teoria clássica do con- sumidor, amplamente desenvolvida pelo conjunto teórico de microeconomia, po- demos entender a escolha do consumidor típico como a tentativa racional de con- frontar um conjunto de preferências hie- rarquizadas por bens e serviços frente a um conjunto orçamentário para preços de mercado dados e conhecidos (Conjunto Orçamentário Walrasiano) (MAS-COLELL et al., 1995). Devido à limitação de recursos eco- nômicos frente ao caráter ilimitado das necessidades, as pessoas, na maioria das vezes, são obrigadas a distribuírem suas receitas em determinados itens de consu- mo e em quantidades específicas (PINTO; FREDES; MARINHO, 1983). Tais decisões decorrentes da distribuição de renda for- mam o orçamento familiar. O termo “or- çamento” compreende calcular os gastos previamente para a consecução de uma de- terminada atividade, sendo que as pessoas costumam organizar seus orçamentos em diversas categorias de despesa, como com- pras domésticas, alimentação, habitação, entretenimento, saúde e educação, e bus- cando obter o maior bem-estar coletivo do núcleo familiar (HEATH; SOLL, 1996). Apesar das proposições centrais iden- tificadas no conjunto teórico ainda per- manecerem sólidas, muitos pressupostos relacionados às estruturas de decisão tive- ram que ser adaptados ou revistos a luz da evidência empírica, principalmente devido a contribuições da área de economia com- portamental (HEATH;SOLL,1996).Evidên- cias relacionadas com a forma de entender ganhos e perdas,avaliar compras (Utilidade Transacional), definir regras de orçamento, classificação de grupos orçamentários e despesas levaram a um novo entendimento de que a escolha individual e coletiva (nú- cleo familiar) enfrenta um conjunto de limi- tações cognitivas e informacionais (THA- LER, 1985;THALER; JOHNSON, 1990). Desta forma, as Pesquisas de Orçamen- tos Familiares (POF) e Pesquisas de Padrão de Vida Familiar visam, principalmente, a mensuração das estruturas de consumo, dos gastos e rendimentos efetivadas pela escolha individual,e da variação patrimonial de famílias, traçando perfis das condições de vida da população através da análise de seus orçamentos domésticos efetivados (orçamento doméstico revelado) (IBGE, 2004; 2010; DEATON, 2018). Historicamente, os estudos sobre orça- mentos e despesas familiares começaram a ganhar visibilidade a partir do momento em que o estatístico Ernst Engel publicou, em 1857,um artigo que demonstrava o im- pacto do rendimento no perfil dos gastos familiares (SILVA; PARENTE; KATO, 2009). Apesar de sua pesquisa de consumos fa- miliares ter sido antecedida por traba- lhos seminais como as de Ducpetiaux e Le Play, sua contribuição se destaca como uma tentativa inicial de estimação da re- lação entre variáveis socioeconômicas de forma não paramétrica e pela identificação de padrões regulares de comportamento
  • 6. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 34 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 do consumo coletivo (PETHEL, 1975). Para Johnson, Rogers e Tan (2001), somente no início do século XX que pesquisas relacio- nadas ao orçamento familiar foram siste- maticamente delineadas, com a Bureau of Labor Statistics – Agência de Governo dos EUA – mapeando os padrões de consumo das famílias norte-americanas. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística (IBGE) já realizou cinco amplos estudos sobre orçamento familiar,a saber: I) o Estudo Nacional da Despesa Fa- miliar – ENDEF 1974/1975, de abrangência nacional, com exceção da área rural da Re- gião Norte; II) a Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 1987/1988; III) outra Pes- quisa de Orçamentos Familiares (POF) nos anos 1995/1996, sendo que estas duas úl- timas foram realizadas em Belém, Fortale- za, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia e no Distrito Federal, e idealiza- das para atender, prioritariamente, a atuali- zação das estruturas de consumo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC); e as IV) POF de 2002/2003 eV) POF de 2008/2009, as quais, além de priorizarem as diretrizes acima, foram realizadas em nível nacional e tiveram o acréscimo de questões sobre as condições de vida das pessoas a partir do consumo,aquisições não-monetárias,ques- tões sobre qualidade de vida,dentre outras que complementaram análises socioeco- nômicas, especialmente sobre pobreza, de- sigualdade e exclusão social (IBGE, 2010). As Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) visam, principalmente, a mensura- ção das estruturas de consumo, dos gastos e rendimentos e da variação patrimonial das famílias brasileiras, traçando perfis das condições de vida da população através da análise de seus orçamentos domésticos (MELO; TEIXEIRA; SILVEIRA, 2017). Além disso, há outros temas mais subjetivos que também podem ser analisados por meio dos dados das POF, como a avaliação do perfil nutricional da população,medidas an- tropométricas e sobre alimentação esco- lar.Trata-se de uma pesquisa realizada por amostragem, em que são investigados os domicílios particulares permanentes, nos quais são identificados a unidade básica da pesquisa, que compreende um único mo- rador ou um conjunto de moradores que compartilham as despesas com moradia (IBGE, 2004; 2010; DEATON, 2018). Nes- se entremeio, as POF se constituem como estudos que possuem informações extre- mamente importantes e detalhadas sobre diversas variáveis de renda e consumo das famílias brasileiras, permitindo aprofundar, por exemplo, na compreensão sobre os di- ferentes padrões de consumo entre as di- versas classes de renda do país (SILVEIRA; MENEZES; MAGALHÃES; DINIZ, 2007). Nesse contexto, Coelho, Aguiar e Fer- nandes (2009) e Coelho, Aguiar e Eales (2010), por exemplo, analisaram o padrão de consumo de alimentos das famílias bra- sileiras com base nos dados da POF de 2002/2003 e concluíram que há discre- pâncias significativas nas probabilidades de aquisição entre domicílios chefiados por mulheres, por pessoas que se autodecla- ram pardas e negras e entre domicílios lo- calizados nos meios urbano e rural, além de constatarem a relevância das variáveis regionais e educacionais na explicação da aquisição de diversos produtos. Da mesma forma, Neto e Menezes (2010) analisaram os níveis e a evolução da desigualdade do gasto familiar per capita e da desigualdade da distribuição do consumo familiar per ca- pita no Brasil,demonstrando que os micro-
  • 7. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 35 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 dados das POF são relevantes nos estudos sobre a dinâmica dos tipos de gastos fami- liares e na compreensão da evolução dos desníveis de bem-estar da população. Desse modo, as POF podem ser consi- deradas um vasto campo de informações relacionadas não somente às estruturas or- çamentárias da população brasileira, como também contem elementos dos domicílios e das famílias pesquisadas, ampliando o potencial de utilização dos resultados do estudo, principalmente para habilitar avali- ções sobre desigualdade de renda, pobre- za e padrões de vida mínimos (DEATON, 2018). Entretanto, embora o volume signi- ficativo de informações que tais pesquisas apresentam, elas ainda são pouco explo- radas na academia, devido, talvez, à dificul- dade de compreensão da sua estrutura de apresentação a cada tempo e da sua evolu- ção (DINIZ et al., 2007). Outra consideração importante, como observado por Deaton (2018), é que a pró- pria metodologia de pesquisa utilizada apre- senta um conjunto de limitações,como falta de uniformização sobre o que constitui uma família (household) e suas formas de aqui- sição e divisão de recursos, dificuldade de construir via amostra o acompanhamento de um mesmo indivíduo ou família (panel data), falta de uniformidade sobre qual o melhor período para delimitar as pesquisas de consumo, dificuldades para caracterizar o espectro relevante de itens ou ações de consumo (dificuldades com bens que geram externalidades positivas, consumo de bens públicos, etc..), e dificuldades de medir a própria renda e riqueza. Portanto, os estudos sobre orçamento familiar são pouco frequentes na academia, apesar do intenso uso de tais fontes de informação por órgãos internacionais de avalição de política, distribuição de renda e pobreza como a ONU e o Banco Mundial. Geralmente,tais pesquisas não estão preo- cupadas com as razões da composição do orçamento dos indivíduos e famílias, e são mais comuns e aprofundadas na área da Microeconomia (SILVA; PARENTE; KATO, 2009). Nesse contexto, muitos estudos im- plicam em usos dos dados das POF para avaliação simulada de propostas teóricas, como as das características distributivas de impostos indiretos (ASANO et al., 2004; SIQUERIRA et al.,2012;CARVALHO et al., 2013), testes sobre pressupostos estrutu- rais da teoria da demanda (TRAVASSOS; COELHO, 2015), entre outras aplicações de validação ou análise teórica. Por outro lado,podemos listar uma gama de trabalhos empíricos dentro da área de economia e avaliação de políticas públicas preocupados com nichos específicos do conjunto social (escolha familiar de consumo e distinções de gênero, setor de consumo e distinções raciais e culturais) e suas escolhas (CAR- VALHO; KASSOUF, 2009; SANTANA; ME- NEZES, 2009; PAGLIOTO; MACHADO, 2012) ou mesmo políticas especificas e seus efeitos (RESENDE; OLIVEIRA, 2008; JUNIOR et al., 2016). Em contraposição, na área de Adminis- tração as POF são bases de dados pouco exploradas, apesar de serem instrumentos de alto potencial na tomada de decisões mercadológicas (SILVA, 2004). De acordo com Silva e Parente (2007) e Du e Kamaku- ra (2008), os estudos sobre orçamentos familiares são pertinentes nos dias atuais e estão intimamente relacionados com a temática de segmentação de mercado e comportamento do consumidor. Por isso, quando ocorrem, são mais comuns na área de Marketing, como os estudos de Silva et
  • 8. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 36 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 al. (2009), Costa Filho e Motta (2015) e Kamakura e Mazzon (2016), embora ainda sejam escassos e recentes. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A fim de atingir o objetivo proposto de apresentar um panorama da produção científica brasileira que utiliza as POF como base de dados para os artigos na área das Ciências Sociais Aplicadas publicados nas bases de dados SciELO e SPELL entre 2003 e 2017,esta pesquisa fez uso do método bi- bliométrico e é de abordagem quantitativa, de cunho descritivo, uma vez que utilizou de técnicas estatísticas para obter informa- ções sobre características de determinadas áreas (COLLIS; HUSSEY, 2005). De acordo com Araújo (2006), a Biblio- metria é uma técnica quantitativa e esta- tística que tem como finalidade medir a produção e disseminação do conhecimen- to científico.Tal método vem sendo usado, principalmente, para identificar autores e periódicos mais produtivos sobre determi- nada temática, analisar linhas de pesquisa de periódicos e a colaboração entre auto- res e instituições (ANDRÉS, 2009). Tendo por base o trabalho de Tranfield, Denyer e Smart (2003), este estudo foi re- alizado em duas etapas:I) busca sistemática e II) análise sistemática da literatura,descri- tas a seguir. A primeira etapa ocorreu em janeiro de 2017, em que foram definidas as bases de dados, as palavra-chave, os cam- pos de buscas e os filtros de refinamento.A definição das palavras-chave é fundamental nessa etapa, uma vez que determina o es- copo da pesquisa e impacta na sua validade (SINGLETON; STRAITS, 1993). A escolha pelas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Scientific Pe- riodicals Electronic Library (SPELL) levou em consideração o fato de serem coleções abrangentes de periódicos reconhecidos pela comunidade científica nacional, com foco na produção acadêmica das áreas re- lacionadas às Ciências Sociais Aplicadas, principalmente à Administração. Tendo em vista que a utilização das POF é pouco frequente na academia (SILVA,2004; SILVA; PARENTE, 2007; DU; KAMAKU- RA, 2008; SILVA; PARENTE; KATO, 2009), considerou-se a totalidade dos artigos lo- calizados desde a sua primeira publicação, ou seja, de 2003 até janeiro de 2017. Os termos utilizados como critérios de bus- ca foram “orçamento familiar”, “pesqui- sa de orçamento familiar”, “estudo sobre orçamento familiar”, “POF” e “orçamen- tos familiares” investigados nos resumos dos artigos.Vale destacar que o descritor “orçamento familiar”, utilizado como filtro para refinamento da pesquisa, está enqua- drado nos descritores recomendados pela Thesaurus Brasileiro da Educação. Contu- do, como a busca somente por “orçamen- to familiar” levantou um número reduzido de artigos sobre a temática, optou-se por expandir os termos utilizados como crité- rios de busca,passando a englobar também os demais termos supracitados, de modo a ampliar e a enriquecer a base de dados para análise. Com base nesses procedimentos e na ex- clusão de artigos repetidos entre as duas ba- ses, foram encontrados 125 artigos publica- dos. Em seguida, para refinamento da busca, aplicou-se o filtro da área de pesquisa – Ci- ências Sociais Aplicadas – e coleções brasi- leiras, tendo em vista que as POF, regular- mente conduzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possuem métodos e características específicas para
  • 9. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 37 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 desenvolver as análises (IBGE, 2004; 2010) e, por isso, não seria apropriado expandir a busca para periódicos internacionais. Após o filtro da área de pesquisa e o recorte na- cional, foram selecionados 43 artigos. Na etapa seguinte (análise sistemática da literatura), os 43 artigos foram lidos na ín- tegra, com o objetivo de manter somente aqueles que apresentassem a POF como base de dados para o artigo, e excluir aque- les que apenas faziam menções a POF no corpo do texto mas cujo assunto não se re- lacionava com ela. Dessa forma, após essa análise restaram 39 artigos que compuse- ram a amostra final objeto das análises e que foram publicados em 18 periódicos,sendo o mais antigo publicado em julho de 2003 e o mais recente em dezembro de 2016. Este estudo foi conduzido com base na Lei de Lotka, na Lei de Bradford e na Lei de Zipf (ARAÚJO, 2006; PATRA; BHATTA- CHARYA;VERMA, 2006; NORONHA; MA- RICATO, 2008; MACHADO JUNIOR et al., 2016). Em suma, a primeira se refere a produtividade dos autores; a segunda obje- tiva avaliar a evolução histórica do número de publicações e os periódicos que mais publicaram sobre a temática ; e a terceira visa aferir a distribuição de frequências de palavras de um texto, estabelecendo uma lista ordenada de termos sobre uma deter- minada temática (VANTI, 2002). Por fim, foram utilizadas as seguintes ca- tegorias de análise: (a) evolução histórica do número de publicações e (b) os perió- dicos que mais publicaram sobre a temáti- ca (Lei de Bradford); (c) Distribuição dos artigos por número de autores e autores com maior número de publicação (Lei de Lotka); (d) as instituições das quais esses autores são filiados (e) a identificação dos artigos mais citados; (f) os principais auto- res e obras referenciados em Pesquisa de Orçamentos Familiares nas Ciências So- ciais Aplicadas; e (g) as palavras-chave que mais se destacam nas POF (Lei de Zipf). Os resultados obtidos a partir da análise bibliométrica foram tabulados e analisados no software Microsoft Excel® e discutidos na seção a seguir. RESULTADOS E DISCUSSÕES Frequência anual de publicação Na pesquisa bibliográfica foram localiza- dos 39 artigos que abordaram a temática das Pesquisas de Orçamentos Familiares em artigos da área das Ciências Sociais Aplicadas. Através da distribuição das pu- blicações no tempo e sua frequência em cada período é possível identificar a pro- dutividade científica de uma determinada área de estudo (ANDRÉS, 2009). Ao analisar os dados da distribuição por ano das publicações sobre as POF em Ci- ências Sociais Aplicadas (Figura 1), é possí- vel afirmar que,embora a partir de 2009 as publicações tenham aumentado, o número de artigos publicados sobre tal temática nessa área ainda é muito baixo,sendo 2004, 2005 e 2007 os anos com menor número de publicações – apenas 1 artigo – e os anos de 2009 e 2015 com maior número de publicações, com 6 artigos em cada.Tal fato corrobora com os estudos de Diniz et al. (2007), os quais afirmam que as POF ainda são pouco exploradas pela academia. Publicações por periódicos A tabela 1 lista em ordem decrescente a quantidade de artigos publicados por peri- ódicos, permitindo identificar os periódicos mais produtivos. A partir disso, foi eviden- ciado que não há uma amplitude de revistas em que são publicados os estudos sobre as
  • 10. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 38 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 POF na área das Ciências Sociais Aplicadas, uma vez que periódicos específicos de cam- pos de conhecimento dessa área, como por exemplo, Direito, Ciência da Informação e Turismo, não apareceram na relação. Pelo contrário, a partir da Lei de Bradford cons- tatou-se um núcleo pouco disperso sobre as POF em um mesmo conjunto de periódi- cos, já que um pequeno número de revistas (três) é responsável por uma parcela signifi- cativa (43,6%) do total da produção científi- ca da área (VANTI, 2002). Vale ressaltar, além disso, como pontuado por Silva, Parente e Kato (2009) e demons- trado na tabela abaixo, que essa temática é mais comum em periódicos da área da Eco- nomia, seguidos pela da Administração, as quais, em conjunto, totalizaram quase 90% das publicações, ainda que a segunda área tenha um número de artigos relativamente baixo se comparada à primeira. Nesse con- texto, destaca-se o periódico “Estudos Eco- nômicos”, que apresentou o maior número de artigos sobre as POF entre 2003 e 2017, com sete publicações. Assim, apesar de se tratar de um assunto interdisciplinar, as POF têm sido mais abordada na Economia,e pou- co debatida em outras áreas, como na Ad- ministração,demonstrando,por exemplo,um maior interesse por parte dos pesquisadores da Economia sobre o assunto ou até mesmo uma maior abertura dos periódicos da área para a temática, uma vez que a Lei de Brad- ford também se refere ao aperfeiçoamento de políticas de alcance e de rejeite de revistas (BEUREN;SOUZA,2008). Distribuição dos artigos por número de autores e autores com maior número de publicação A tabela 2 mostra a distribuição dos ar- tigos por número de autores.A partir dela, é possível afirmar que há a predominância de publicações com dois autores por arti- go – 38,5% do total da amostra –, seguidos de três autores por artigo, que representa FIGURA 1 – Distribuição por ano das publicações sobre as POF em Ciências Sociais Aplicadas. Fonte: Dados da pesquisa (2017).
  • 11. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 39 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 30,8% do total da amostra. Nesse sentido, constatou-se também o baixo número de publicações individuais quando comparado às publicações em conjunto. A relevância de buscar identificar a com- posição de autores por artigo analisado nes- te estudo se deu pelo fato de que em outras áreas,como na Ciência da Informação,“arti- TABELA 1 – Periódicos das Ciências Sociais Aplicadas com mais artigos publicados sobre POF Periódicos Frequência % Estudos Econômicos 7 17,9% Economia Aplicada 5 12,8% Revista de Economia e Sociologia Rural 5 12,8% Economia e Sociedade 3 7,7% Revista Brasileira de Estudos de População 3 7,7% Revista de Administração Pública 2 5,1% Revista ADM.MADE 2 5,1% Revista Brasileira de Economia 2 5,1% Nova Economia 1 2,6% Revista Administração em Diálogo 1 2,6% Revista de Administração 1 2,6% Revista de Administração Contemporânea 1 2,6% Revista de Administração de Empresas 1 2,6% Revista de Administração FACES Journal 1 2,6% Revista de Economia Contemporânea 1 2,6% Revista de Economia e Administração 1 2,6% Revista do Serviço Público 1 2,6% Revista Pensamento Contemporâneo em Administração 1 2,6% TOTAL 39 100,0% Fonte: Dados da pesquisa (2017). TABELA 2 – Distribuição dos artigos por número de autores. Ano/número de autores 1 autor por artigo 2 autores por artigo 3 autores por artigo 4 autores por artigo Total de artigos no ano 2003 1 1 2 2004 1 1 2005 1 1 2006 2 2 2007 1 1 2008 1 1 1 3 2009 1 3 2 6 2010 1 1 1 3 2012 2 1 3 2013 3 1 4 2014 1 1 2 4 2015 2 2 2 6 2016 2 1 3 Total 5 15 12 7 39 Fonte: Dados da pesquisa (2017).
  • 12. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 40 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 gos com autoria única predominam sobre a autoria em colaboração” (MUELLER; PECE- GUEIRO, 2001). Por conseguinte, vale des- tacar também que “a literatura gerada por pesquisas feitas em colaboração mostra di- ferenças importantes se comparadas com a produzida por pesquisadores que trabalham isoladamente” (MEADOWS, 1999, p. 109), podendo indicar, nesse caso, uma tendên- cia de ampliação do número de trabalhos sobre as POF com dois ou mais autores, a ampliação das redes de cooperação entre pesquisadores e uma possível integração do conhecimento diversificado com um núme- ro maior de autores. Já a tabela 3 evidenciou os autores e coautores com maior número de publi- cação sobre as POF em Ciências Sociais Aplicadas.Tendo em vista que os 39 artigos selecionados pela pesquisa bibliométrica possuem um total de 99 autores – já que há uma grande quantidade de artigos que possuem autoria de dois ou mais pesquisa- dores –, foram selecionados para compor os dados dessa tabela apenas aqueles que publicaram mais de uma vez. Visto isso, destacaram-se Alexandre Bragança Coelho, filiado à Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Tatiane Almeida de Menezes, da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), ambos com três pu- blicações sobre Pesquisa de Orçamentos Familiares em Ciências Sociais Aplicadas nas bases de dados analisadas.Vale ressaltar ainda que, dentre os outros autores que ti- veram duas publicações sobre tal temática, houve a prevalência, novamente, das Insti- tuições UFV e UFPE. Desse modo, observou-se que não há uma alta concentração de publicações por um grupo específico de pesquisadores,mas sim uma ampla difusão de autores. Isso se refere a uma característica de determinada área de conhecimento (as POF) cujo refe- rencial teórico, identidade e institucionali- zação do corpo de autoridade ainda estão em um processo de construção (RODRI- GUES;VIEIRA, 2016). Portanto, a partir dos dados apresentados na tabela abaixo, con- sidera-se inapropriada a aplicação da Lei de Lotka para os estudos das POF, já que a quantidade de pesquisadores que produzi- ram n contribuições sobre as POF não foi aproximadamente 1/n2 daqueles que pro- duziram apenas uma contribuição (VANTI, 2002). Por exemplo, segundo a Lei de Lo- tka, a proporção entre quantidade de au- tores que produziram dois artigos em de- terminada área seria 25% da quantidade de autores que produziram apenas um artigo. Contudo, no presente trabalho, essa pro- porção foi de aproximadamente 13,7%, já que 73 autores publicaram apenas uma vez. Distribuição dos artigos por instituição de origem Os artigos que compõem esta análise também foram distribuídos de acordo com as instituições de origem dos seus autores e coautores. Para tanto, foram realçadas aque- las que tiveram 5 ou mais autores vinculados à instituição. Como é possível verificar na ta- bela 4,houve um maior número de autores e coautores nas publicações sobre as POF vin- culados à Universidade de São Paulo (USP), com 17 autores no total, seguidos pela Uni- versidade Federal de Pernambuco (UFPE), com 12, e pela Universidade Federal de Vi- çosa (UFV),com 11 autores em publicações. Análise das obras mais citadas Esta seção apresenta os artigos mais ci- tados até o mês de janeiro de 2017 entre os artigos utilizados na amostra total da
  • 13. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 41 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 pesquisa.O número de vezes que uma obra ou autor foi citado por outros pesquisado- res é uma das maneiras mais utilizadas pela academia para mensurar a importância de um artigo. De acordo com Andrés (2009), apesar de esse não ser o único critério utilizado, o impacto de autores, pesquisas e periódicos pode ser avaliado por meio da análise de citações, as quais são vistas como reconhecimento positivo da contri- buição feita pelo autor citado. Por isso, do total dos artigos selecionados nesta pes- quisa bibliográfica, foram realçados aqueles que apresentavam o maior número de ci- tações no SciELO e no Spell. O resultado pode ser conferido na tabela 5. Dentre os artigos mais citados, um cha- mou atenção pela frequência superior em que aparece em relação aos demais, citado 9 vezes e escrito pelas autoras Madalena Maria Schlindwein eAna Lúcia Kassouf,am- bas vinculadas a Universidade de São Pau- lo, instituição esta que mais publica sobre a temática Pesquisa de Orçamentos Fami- liares.Vale ressaltar também que Ana Lúcia Kassouf apareceu como uma das autoras mais produtivas sobre as POF durante a realização deste estudo na Tabela 3. O ar- tigo mais citado, intitulado “Análise da in- fluência de alguns fatores socioeconômicos e demográficos no consumo domiciliar de carnes no Brasil”,evidenciou,por meio dos TABELA 3 – Autores com maior número de publicação sobre POF em Ciências Sociais Aplicadas Autores Quantidade de artigos publicados Afiliação (instituição vinculada) Alexandre Bragança Coelho 3 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Tatiane Almeida de Menezes 3 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ana Lúcia Kassouf 2 Universidade de São Paulo (USP) Danilo Rolim Dias de Aguiar 2 Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) Diogo Baerlocher Carvalho 2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Fernando Gaiger Silveira 2 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) José Ricardo Bezerra Nogueira 2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lorena Vieira Costa 2 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Marcelo José Braga 2 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza 2 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Rozane Bezerra de Siqueira 2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Viviani Silva Lírio 2 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Fonte: Dados da pesquisa (2017). TABELA 4 – Instituições com maior número de autores em publicações sobre as POF Instituição de vínculo Número de autores em publicações Universidade de São Paulo (USP) 17 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 12 Universidade Federal de Viçosa (UFV) 11 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) 7 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) 7 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 6 Universidade de Brasília (UnB) 5 Fonte: Dados da pesquisa (2017).
  • 14. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 42 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 dados da Pesquisa de Orçamentos Familia- res (POF) 2002-2003, que fatores socioe- conômicos e demográficos possuem influ- ência expressiva nos padrões de consumo domiciliar de carnes no Brasil. Ademais,é importante ressaltar também que o baixo número de citações de traba- lhos sobre as POF podem ser explicados por dois motivos:o primeiro é que se trata de um tema relativamente novo para a aca- demia e que ainda pode ser mais explorado, visto que as primeiras publicações sobre a temática nessas bases de dados datam de 2003; outra consideração a ser feita a esse respeito é que, além do baixo número de produções de artigos, apenas um número reduzido desses é que gerou um impacto significativo na comunidade que publica na área das Ciências Sociais Aplicadas, devido ao número de citações. Outro aspecto relevante de se destacar sobre aTabela 5 é que as obras mais citadas sobre as POF levam em consideração in- formações relacionadas com os domicílios, as famílias e as estruturas orçamentárias da população brasileira (DINIZ et al., 2007), sendo amplamente citadas e divulgadas em periódicos da área da Economia, como apontado por Silva, Parente e Kato (2009), mas pouco frequentes na área da Adminis- tração (SILVA, 2004). Análise das principais obras referenciadas Nesta seção, apresentam-se os principais autores e obras referenciadas nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF). Para tan- to, foi levado em consideração dois fatores: I) as referências bibliográficas utilizadas nos 39 artigos analisados, e II) a obra ser refe- renciada cinco vezes ou mais no total de publicação sobre as POF como critério de seleção para compor os resultados abaixo, descritos naTabela 6. Constatou-se que a principal obra refe- renciada nessa temática é a Pesquisa de Or- çamentos Familiares realizada pelo IBGE nos anos de 2008/2009, seguida pela POF de 2002/2003, referenciadas 17 e 13 vezes, res- pectivamente.Tal fato pode ser explicado pois, segundo o IBGE (2010),a última POF,realizada em 2008/2009 e publicada em 2010,foi a mais abrangente e sistemática realizada até o mo- mento.Além disso,é importante ressaltar que as POF de 1987/1988 e 1995/1996 também foram referenciadas nos artigos analisados, sem, contudo, atingir o critério de aparecer cinco vezes ou mais como referência e, por isso,ambas não compuseram aTabela 6. TABELA 5 – Obras mais citadas sobre POF nas Ciências Sociais Aplicadas. Artigos Total do núme- ro de citações SCHLINDWEIN, M. M.; KASSOUF, A. L. Análise da influência de alguns fatores socioeconômicos e demográfi- cos no consumo domiciliar de carnes no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 44, n. 3, p. 549-572, 2006. 9 COELHO, A. B.; AGUIAR, D. R. D.; EALES, J. S. Food demand in Brazil: an application of Shonkwiler & Yen Two-Step estimation method. Estudos Econômicos, v. 40, n. 1, p. 186-211, 2010. 2 MEDEIROS, M.; SOUZA, P. H. G. F. Previdências dos trabalhadores dos setores público e privado e desigual- dade no Brasil. Economia Aplicada, v. 18, n. 4, p. 603-623, 2014. 2 PAES, N. L.; BUGARIN, N. S. Parâmetros tributários da economia brasileira. Estudos Econômicos, v. 36, n. 4, p. 699-720, 2006. 2 SILVEIRA, F. G.; MENEZES, T. A.; MAGALHÃES, L. C. G.; DINIZ, B. P. C. Elasticidade-renda dos produtos alimentares nas regiões metropolitanas brasileiras: uma aplicação da POF 1995/1996. Estudos Econômicos, v. 37, n. 2, p. 329-352, 2007. 2 Fonte: Dados da pesquisa (2017).
  • 15. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 43 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 Foi possível verificar também que al- gumas das obras referenciadas nos traba- lhos sobre as POF são da Economia,como em “Economics and consumer behavior”, “An almost ideal demand system” e “Eco- nometric Analysis”, reforçando a intensa relação de tal temática com essa área (SIL- VA; PARENTE; KATO, 2009) nas Ciências Sociais Aplicadas. Entretanto, destaca-se ainda que alguns trabalhos referenciados abrangem também a Administração, como em “Economics and consumer behavior” e “Gasto e consumo das famílias brasilei- ras contemporâneas”, demonstrando que, embora sejam pouco explorados nessa área (SILVA, 2004), os estudos sobre as POF podem ser vinculados ao Marketing, principalmente no que se refere ao com- portamento do consumidor e a segmenta- ção de mercado (SILVA; PARENTE, 2007; DU; KAMAKURA, 2008). Frequência de termos nas palavras-chave Por fim, conforme a Lei de Zipf – so- bre identificar a frequência do aparecimen- to das palavras no texto e criar uma lista ordenada de termos de uma determinada área temática (VANTI, 2002) –, foram ana- lisadas as palavras-chave que mais ficaram em evidência na pesquisa bibliométrica sobre as POF. O objetivo desta análise foi subsidiar a construção de figuras-conceito sobre os antecedentes, as relações e os consequentes do conhecimento construí- do sobre POF até o momento, bem como identificar suas dimensões e as principais tendências e temáticas emergentes sobre o assunto nos dias de hoje, como demons- trado na Tabela 7. De acordo com a tabela acima, os prin- cipais termos que se destacaram na análise da frequência das principais palavras-chave foram “Pesquisa de Orçamentos Familia- TABELA 6 – Principais obras referenciadas em POF nas Ciências Sociais Aplicadas. Obras Número de vezes referenciada INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Fami- liares 2008-2009: despesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 17 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Fami- liares 2002-2003. Primeiros Resultados: Brasil e Grandes Regiões. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. 13 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): Síntese de Indicadores 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 10 DEATON, A.; MUELLBAUER, J. Economics and consumer behavior. New York: Cambridge University Press, 1980. 7 DEATON, A.; MUELLBAUER, J. An almost ideal demand system. American Economic Review, v. 70, n. 3, p. 312-326, 1980. 6 HOFFMANN, R. Elasticidades-renda das despesas e do consumo físico de alimentos no Brasil metro- politano em 1995-1996. Agricultura em São Paulo, v. 47, n. 1, p. 111-122, 2000. 6 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA (ABEP). Critério de Classificação Econô- mica Brasil. Rio de Janeiro: ABEP, 2012. 5 DINIZ, B. P. C.; SILVEIRA, F. G.; BERTASSO, B.; MAGALHES, L. C. F.; SERVO, L. M. S. As Pesquisas de Orçamentos Familiares no Brasil. In: SILVEIRA, F. G.; SERVO, L. M. S.; ALMEIDA, T.; PIOLA, S. F. (Orgs.). Gasto e consumo das famílias brasileiras contemporâneas. Ipea: Brasília, v. 2, 2007. 5 GREENE, W. Econometric Analysis. New Jersey: Prentice Hall, 2003. 5 Fonte: Dados da pesquisa (2017).
  • 16. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 44 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 res”, que foi citado 8 vezes e “Orçamento Familiar”,que apareceu 6 vezes.Foi possível identificar outros termos frequentes que geralmente se relacionam com a temática das POF, tais como “desigualdade” e “con- sumo”, sendo que o primeiro apareceu 5 vezes e o segundo foi citado 4 vezes como termo isolado. Nesse contexto, vale des- tacar que além dessas 4 vezes isoladas, o termo “consumo” foi citado enquanto pa- lavra-chave também na forma de expressão em outros seis trabalhos diferentes (con- sumo alimentar (2 vezes),consumo de açú- car, consumo de carne, consumo de saúde e consumo familiar), demonstrando que essa temática é uma dimensão importan- te e emergente nos estudos sobre as POF, já que, se somadas as frequências isoladas mais as vezes como expressão em que o termo apareceu, a temática do consumo representaria 6,8% de todas as palavras- chave, ou seja, mais frequente até do que “Pesquisa de Orçamentos Familiares”. Além disso, outros termos se destaca- ram enquanto palavras-chave nos estudos das POF, como “bem-estar”, “distribuição de renda”,“segmentação” e “segurança ali- mentar”, os quais apareceram 3 vezes na amostra, demonstrando ser outros pos- síveis temas emergentes sobre as POF. Já “gastos” e “demanda”, ainda que represen- tem isoladamente um percentual reduzido do total (1,3%) e que tenham aparecido na mesma frequência (2 vezes) que outras palavras-chave, como “equidade”,“reforma tributária”, “elasticidade-renda” e “baixa renda”, ressalta-se que, assim como “con- sumo”, tais termos foram citados também na forma de expressão. Assim, “gastos” apareceu duas vezes isoladamente mais outras três vezes em forma de expressão (gasto com alimentação, gasto com edu- cação e gastos em saúde), bem como “de- manda”, que foi citado isoladamente duas vezes, mais outras duas vezes em forma de expressão (demanda por alimentos e de- manda por carnes), colocando tais termos também como temas de destaque quando relacionados as Pesquisas de Orçamentos Familiares. De modo geral, considerando essa in- consistência na frequência de palavras-chave nos artigos analisados – tendo em vista que poucos termos se repetiram algumas vezes – pode-se afirmar que ainda não há muitas temáticas consolidadas que se relacionam com as POF e que a Lei de Zipf também não se aplicada nesse contexto,já que ela se TABELA 7 – Frequência das principais palavras-chave nas publicações sobre as POF em Ciências Sociais Aplicadas. Palavras-chave relacionadas as POF Frequência (%) Pesquisa de Orçamentos Familiares 5,4% Orçamento Familiar 4,0% Desigualdade 3,4% Consumo 2,7% Bem-estar 2,0% Distribuição de renda 2,0% Segmentação 2,0% Segurança alimentar 2,0% Gastos 1,3% Demanda 1,3% Fonte: Dados da pesquisa (2017).
  • 17. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 45 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 refere ao princípio do mínimo esforço, em que haveria pouca dispersão dos principais termos citados no texto (VANTI,2002).Por outro lado, tal fato demonstra também que as POF realmente contem um vasto campo de informações relevantes sobre a popula- ção brasileira e que, portanto, trata-se de um instrumento em potencial para utiliza- ção de seus resultados nas pesquisas nacio- nais (DINIZ et al., 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo proposto neste artigo foi apresentar um panorama da produção científica brasileira que utiliza as Pesquisas de Orçamentos Familiares como base de dados para os artigos na área das Ciências Sociais Aplicadas publicados nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL) entre 2003 e 2017.Tal obje- tivo foi alcançado ao ser analisado,por meio de uma pesquisa bibliométrica, o cenário das pesquisas realizadas sobre as POF,consi- derando suas características, contribuições e problemáticas para a área, e por oferecer insights para pesquisas posteriores. A partir da bibliometria realizada nas ba- ses de dados citadas,foram selecionados 39 artigos publicados em 18 periódicos distin- tos, sendo a publicação mais antiga datada de 2003 e a mais atual em dezembro de 2016. Por meio da análise dos resultados, foi possível afirmar que essa temática ain- da não é muito consolidada e utilizada nas Ciências SociaisAplicadas,tendo em vista a baixa produtividade e as publicações relati- vamente recentes na área. Nesse contexto, vale destacar que, em- bora este estudo tenha se baseado na Lei de Lotka, Lei de Bradford e Lei de Zipf para a condução da pesquisa,apenas a segunda se aplicou no contexto das pesquisas de orça- mentos familiares no Brasil. Foi visto que a Lei de Lotka e a Lei de Zipf não se aplicam aos estudos das POF, uma vez que se trata de uma temática recente e pouco consoli- dada, cujo referencial teórico, identidade e institucionalização do corpo de autoridade ainda estão em fase de construção. Além disso, foi evidenciado que os arti- gos que se baseiam nas POF são publicados, principalmente, em periódicos da Econo- mia, demonstrando a estreita relação que há entre tal temática e a área econômica. As publicações ocorreram,também,embo- ra menos comuns, na Administração. Isso demonstra que há, ainda, outros campos das Ciências Sociais Aplicadas que podem explorar as Pesquisas de Orçamentos Fa- miliares como fonte de informações, como por exemplo, o Direito, a Ciência da Infor- mação e o Turismo. Quanto à autoria, destacaram-se Alexan- dre Bragança Coelho, da Universidade Fe- deral de Viçosa (UFV) e Tatiane Almeida de Menezes, da Universidade Federal do Per- nambuco (UFPE), ambos com três publica- ções sobre a temática. Notou-se, também, que a maioria dos autores que publicam sobre as POF estão vinculados a Universi- dade de São Paulo (USP),seguidos pela Uni- versidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), demonstrando a possibilidade de um futuro fortalecimento de grupos de pesquisa sobre a temática nessas instituições. Outra questão a ser destacada foi o baixo número de citações dos artigos ana- lisados e a concentração de citações em apenas um artigo.Tal fato pode ser justifica- do por ser tratar de uma temática relativa- mente nova para a academia, mas também pode indicar que apenas um número redu-
  • 18. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 46 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 zido dessa produção científica gerou im- pacto significativo na comunidade que pu- blica na área das Ciências SociaisAplicadas. Em relação às principais obras referencia- das nos artigos analisados, destacaram-se as POF realizadas pelo IBGE nos anos de 2008/2009 e 2002/2003,por serem pesqui- sas mais abrangentes e sistemáticas. A contribuição deste estudo diz respei- to à apresentação e difusão da produção do conhecimento sobre as POF para as Ciências Sociais Aplicadas, especialmen- te para a Administração.Além de ser uma temática recente na área, ainda não havia uma pesquisa bibliométrica que abordasse esse tema. Nesse sentido, o presente estu- do demonstrou que as POF podem ampliar os conhecimentos teóricos e práticos no ensino e em pesquisas em Administração no Brasil. Nas POF realizadas pelo IBGE há inúmeras variáveis que compõem os orça- mentos das famílias brasileiras. E há tam- bém diversos fatores que impactam a com- posição desse orçamento, dando subsídio, então, para inúmeros estudos específicos sobre a temática. Entretanto, embora sejam um vasto e significativo campo de informações,as POF ainda são pouco exploradas no ensino e pesquisas em Administração. E quando o são, se referem a estudos específicos na área de Marketing, em relação à segmenta- ção de mercado e comportamento do con- sumidor, já que as POF são fundamentadas em critérios válidos, fidedignos e confiáveis e podem ser úteis para as empresas na im- plementação de estratégias mercadológi- cas diferenciadas de acordo com o estrato socioeconômico do público-alvo, na for- mulação de estratégias de comunicação e mídia,na facilitação do processo de tomada de decisões de compra e no conhecimen- to dos desejos de aquisição e atitudes em relação a determinados tipos de produtos (KAMAKURA; MAZZON, 2016). Contudo, por se tratar de uma pesquisa ampla,sistemática,que envolve múltiplas va- riáveis e possui diversas interfaces, as POF também podem ser utilizadas por outras áreas da Administração, como na Contabi- lidade e o efeito dos sistemas contábeis no comportamento humano; na Administra- ção Pública e a gestão de políticas sociais, subsidiando políticas sociais para a melho- ria das condições de vida da população em relação a nutrição, saúde, moradia e contra a desigualdade social, por exemplo; e em outros temas em Marketing, como o con- sumo consciente/verde, a responsabilidade social e comunidades de anticonsumo.Para tanto, basta apenas empreender esforços científicos sistemáticos a este propósito. Como limitação da pesquisa, destacou- se a utilização de apenas duas bases de da- dos para a bibliometria. Dessa forma, su- gere-se uma ampliação desse recorte para pesquisas posteriores, o que permitiria análises complementares e uma apreensão mais abrangente da produção científica na- cional sobre a temática.Ademais,recomen- da-se também a utilização da sociometria em pesquisas futuras, que permitiria ana- lisar as redes de parceria entre autores e instituições. Por fim, vale ressaltar como um desdobramento futuro deste presente trabalho o interesse por parte dos autores deste artigo de, posteriormente, analisar os dados da POF da região metropolitana de Belo Horizonte e relacioná-los com ou- tras temáticas da Administração.
  • 19. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 47 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 REFERÊNCIAS ABREU, L. G.; HOR-MEYLL, L. F.; NO- GUEIRA,E.M.C.Consumo de Fa- mílias de Baixa Renda no Rio de Janeiro: Um Estudo de Segmenta- ção Baseada no Orçamento Fami- liar.RevistaADM.MADE,v.18,n.3, p. 19-39, 2014. ANDRÉS, A. Measuring academic re- search:how to undertake a biblio- metric study. Chandos Publishing: Oxford, 2009. ARAÚJO, C. A. A. Bibliometria: evo- lução histórica e questões atuais. Em Questão, v. 12, n. 1, p. 11-32, 2006. ASANO, S.; BARBOSA, A. L.; FIUZA, E. P. Optimal commodity taxes for Brazil based on AIDS preferences. Revista Brasileira de Economia, v. 58, n. 1, 2004. BEUREN,I.M.;SOUZA,J.C.Em busca de um delineamento de proposta para classificação dos periódicos internacionais de contabilidade para o Qualis Capes.Revista Con- tabilidade & Finanças,v.19,n.46,p. 44-58, 2008. CARRARO,W. B.W. H.; MEROLA,A. Percepções Adquiridas numa Ca- pacitação em Educação Financeira para Adultos. Revista Gestão & Planejamento, v. 19, n. 1, p. 414- 435, 2018. CARVALHO, S. C.; KASSOUF,A. L.As despesas familiares com educação no Brasil e a composição de gê- nero do grupo de irmãos. Econo- mia Aplicada, v. 13, n. 3, p. 353-375, 2009. CARVALHO, D. B.; SIQUEIRA, R. B.; NOGUEIRA, J. R. Características distributivas e impacto de refor- mas tributárias sobre o bem-es- tar das famílias no Brasil. Revista Brasileira de Economia, v.67, n.3, p. 263-282, 2013. COELHO, A. B.; AGUIAR, D. R. D.; EALES, J. S. Food demand in Bra- zil: an application of Shonkwiler & Yen two-step estimation method. Estudos Econômicos (São Paulo), v. 40, n. 1, p. 185-211, 2010. COELHO, A. B.; AGUIAR, D. R. D.; FERNANDES, E. A. Padrão de consumo de alimentos no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 47, n. 2, p. 335-362, 2009. COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós- graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. COSTA, L.V.; SILVA, M. M. C.; BRAGA, M. J.; LIRIO, V. S. Fatores associa- dos à segurança alimentar nos do- micílios brasileiros em 2009. Eco- nomia e Sociedade, v. 23, n. 2, p. 373-394, 2014. COSTA FILHO, M. C. M.; MOTTA, P. C. M. Gestão de Orçamento nas Compras de Supermercado da Nova Classe Média. Revista Pen- samento Contemporâneo em Ad- ministração, v. 9, n. 4, p. 111-127, 2015. DEATON, A. The analysis of hou- sehold surveys:A microeconome- tric approach to development po- licy.Washington:The World Bank, 2018. DINIZ, B. P. C.; SILVEIRA, F. G.; BER- TASSO, B.; MAGALHES, L. C. F.; SERVO, L. M. S. As Pesquisas de Orçamentos Familiares no Brasil. In: SILVEIRA, F. G.; SERVO, L. M. S.; MENEZES,T.; PIOLA, S. F. (Orgs.). Gasto e consumo das famílias brasileiras contemporâneas. Ipea: Brasília, v. 2, 2007. DU, R.Y.; KAMAKURA,W. A.Where did all that money go? Unders- tanding how consumers allocate their consumption budget.Journal of Marketing, [S. l.], v. 72, p. 109- 131, 2008. FREITAS, K. A.; MARTINS, R. S. Alte- rações nos hábitos de compra e distribuição varejista. Revista de Administração FACES Journal, v. 17, n. 3, p. 8-27, 2018. HEATH, C.; SOLL, J. B. Mental bud- geting and consumer decisions. Journal of Consumer Research, v. 23, p. 40-52, 1996. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO- GRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familia- res 2008-2009: despesas, rendi- mentos e condições de vida. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO- GRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familia- res 2002-2003. Primeiros Resulta- dos: Brasil e Grandes Regiões. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. JOHNSON,D.S.;ROGERS,J.M.;TAN, L. A century of family budgets in the United States. Monthly Labor Review. [S. l.], p. 28-45, 2001. JUNIOR,M.V.;RIBEIRO,F.G.;FLORIS- SI, S.; ZUANAZZI, P.T. Os efeitos da criação de leis de meia entrada para estudantes sobre o consumo de bens e serviços culturais no Brasil. Estudos Econômicos, v.46, n. 4, p. 745-781, 2016. KAMAKURA, W. A.; MAZZON, J. A. Socioeconomic status and con- sumption in an emerging eco- nomy. International Journal of Re- search in Marketing, v. 30, n. 1, p. 4-18, 2013. KAMAKURA, W.; MAZZON, J. A. Critérios de estratificação e com- paração de classificadores socioe- conômicos no Brasil. RAE-Revista de Administração de Empresas, v. 56, n. 1, p. 55-70, 2016. LEITE, F. P. Como o grau de desigual- dade afeta a propensão marginal a consumir? Distribuição de renda e consumo das famílias no Brasil a partir dos dados das POF 2002-
  • 20. PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE PESQUISAS DE ORÇAMENTOS FAMILIARES NA ADMINISTRAÇÃO R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 48 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 2003 e 2008-2009. Economia e So- ciedade,v.24, n.3, p.617-650,2015.  MACHADO JUNIOR,C.;SOUZA,M. T. S.; PARISOTTO, I. R. S.; PALMI- SANO, A. As leis da bibliometria em diferentes bases de dados científicos. Revista de Ciências da Administração, v. 18, n. 44, p. 111- 123, 2016. MACIAS-CHAPULA,C.A.O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e inter- nacional. Ciência da Informação, v. 27, n. 2, p.134-140, 1998. MAS-COLELL, A.; WHINSTON, M.; GREEN, J. Microeconomic The- ory. New York: Oxford University Press, 1995. MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Briquet de Lemos: Bra- sília, 1999. MELO, N. C.V. de;TEIXEIRA, K. M. D.; SILVEIRA, M. B. Consumo e perfil social e demográfico dos diferen- tes arranjos domiciliares de ido- sos no Brasil: análises a partir dos dados da Pesquisa de Orçamen- tos Familiares. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 607-617, 2017. MUELLER, S. P. M.; PECEGUEIRO, C. M. P. A. O periódico Ciência da Informação na década de 90: um retrato da área refletido em seus artigos. Ciência da Informação, Brasília, v. 30, n. 2, p. 47-63, 2001. MUGNAINI, R.A bibliometria na ex- ploração de bases de dados: im- portância da Lingüística. TransIn- formação,v.15,n.1,p.45-52,2003. NETO,R.M.S.;MENEZES,T.A.Nível e evolução da desigualdade dos gas- tos familiares no Brasil: uma análi- se para as regiões metropolitanas no período 1996 a 2003. Estudos Econômicos (São Paulo),v.40,n.2, p. 341-372, 2010. NORONHA, D. P.; MARICATO, J. M. Estudos métricos da informação: primeiras aproximações. Encon- tros Bibli, Florianópolis, n. esp., p. 116-128, 2008. NOVAES, V. M.; PESSÔA, L. A. G. P.; DUBEUX,V. J. C.; LIMA, M. C. O Espaço da Educação no Orça- mento Familiar: o Caso das Fa- mílias da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Revista ADM. MADE, v. 18, n. 3, p. 62-84, 2014. PAGLIOTO, B. F.; MACHADO, A. F. Perfil dos frequentadores de atividades culturais: O caso nas metrópoles brasileiras. Estudos Econômicos, v. 42, n. 4, p. 701-730, 2012. PAIVA,G.F.S.;SILVA,D.B.N.;FEIJÓ,C. A. Exploratory note on consump- tion and socioeconomic classifica- tion in Brazil based on evidences from the family expenditure sur- vey. Revista de Economia Con- temporânea, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 207-228, 2016. PATRA, S. K.; BHATTACHARYA, P.; VERMA, N. Bibliometric study of literature on bibliometrics. DESI- DOC Bulletin of Information Te- chnology, v. 26, n. 1, p. 27-32, 2006. PINTO,A.; FREDES, C.; MARINHO, L. C.Curso de economia:elementos de teoria econômica.Rio de Janei- ro: Unilivros, 1983. PRITCHARD, A. Statistical bibliogra- phy or bibliometrics? Journal of Documentation, v.25, n.4, p. 348- 349, 1969. QUEVEDO-SILVA, F.; SANTOS, E. B. A.; BRANDÃO, M. M.;VILS, L. Es- tudo Bibliométrico: Orientações sobre sua Aplicação. Revista Bra- sileira de Marketing, v. 15, n. 2, p. 246-262, 2016. REIS, C. O. O.; SILVEIRA, F. G.; AN- DREAZZI, M. F. S. Avaliação dos gastos das famílias com a assistên- cia médica no Brasil: o caso dos planos de saúde.  Revista de Ad- ministração Pública, v. 37, n. 4, p. 859-897, 2003. RESENDE, A. C.; OLIVEIRA, A. M. H. Avaliando resultados de um pro- grama de transferência de renda: o impacto do bolsa-escola sobre os gastos das famílias brasileiras. Estudos Econômicos, v. 38, n.2, p. 235-265, 2008. RODRIGUES, C.; VIERA, A. F. G. Es- tudos bibliométricos sobre a produção científica da temática Tecnologias de Informação e Co- municação em bibliotecas. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 7, n. 1, p. 167- 180, 2016. SANTANA, P. J. MENEZES,T.A. Dife- renças raciais no padrão de gastos com educação: uma abordagem semiparamétrica.Nova economia, v. 19, n. 3, p. 383-405, 2009. SCHLINDWEIN, M. M.; KASSOUF,A. L. Análise da influência de alguns fatores socioeconômicos e de- mográficos no consumo domici- liar de carnes no Brasil.Revista de Economia e Sociologia Rural,v.44, n. 3, p. 549-572, 2006. SILVA, A. L. B.; SILVA, K.; DIVINO, B. Dinâmica de compra de alimentos das famílias de baixa renda frente às limitações do orçamento fami- liar. Revista Administração em Di- álogo, v. 17, n. 2, p. 104-128, 2015. SILVA, H. M. R.Análise de orçamento de uma amostra de famílias brasi- leiras: um estudo baseado na Pes- quisa de Orçamentos Familiares do IBGE. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universida- de de São Paulo. São Paulo: USP, 2004. SILVA, H. M. R.; PARENTE, J. G. O mercado de baixa renda em São Paulo: um estudo de segmentação baseado no orçamento familiar. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMINIS- TRAÇÃO, XXXI, 2007, Rio de
  • 21. JOSÉ VITOR PALHARES, MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA, LUCIANO AUGUSTO VEGA PIRES R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 18 n. 1 p. 29-49 jan./mar. 2019. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 49 http://dx.doi.org/10.21714/1984-6975FACES2019V18N1ART6013 Janeiro. Anais...Rio de Janeiro: EANPAD, 2007. SILVA, H. M. R.; PARENTE, J. G.; KATO, H. T. Segmentação da baixa renda baseado no orçamento familiar. Re- vista deAdministração FACES Jour- nal,v.8,n.4,p.98-114,2009. SILVEIRA, F. G.; MENEZES,T. A.; MA- GALHÃES, L. C. G.; DINIZ, B. P. C. Elasticidade-renda dos produtos alimentares nas regiões metropo- litanas brasileiras: uma aplicação da POF 1995/1996. Estudos Eco- nômicos (São Paulo), v. 37, n. 2, p. 329-352, 2007. SINGLETON JR., R. A.; STRAITS, B. C. Approaches to social resear- ch. New York: Oxford University Press, 1993. THALER, R. Mental accounting and consumer choice. Marketing Scien- ce,v.4,p.119-214,1985. THALER, R. JOHNSON, E. Gambling with the house money and trying to break even:The effects of prior outcomes on risky choice. Mana- gement Science, v. 36, p. 643-660, 1990. TRANFIELD,D.;DENYER,D.;SMART, P.Towards a methodology for de- veloping evidence-informed ma- nagement knowledge by means of systematic review. British Journal of Management, v. 14, n. 3, p. 207– 222, 2003. TRAVASSOS, G. F.; COELHO, A. B. A questão da separabilidade fraca na estimação de sistemas de deman- da: Uma aplicação para a demanda de carnes no Brasil.EconomiaApli- cada, v. 19, n.3, p. 507-539, 2015. VANTI, N.A. P. Da bibliometria à we- bometria: uma exploração con- ceitual dos mecanismos utilizados para medir o registro da informa- ção e a difusão do conhecimento. Ciência da Informação, v. 31, n. 2, p. 152-162, 2002. WINK JUNIOR, M.V.; RIBEIRO, F. G.; FLORISSI, S.; ZUANAZZI, P.T. Os efeitos da criação de leis de meia entrada para estudantes sobre o consumo de bens e serviços culturais no Brasil.  Estudos Eco- nômicos, São Paulo, v. 46, n. 4, p. 745-781, 2016. ZUCCHI, P.; BITTAR, O.V. N. O gasto das famílias com saúde. Revista de Administração Pública, v. 37, n. 6, p. 1233-1244, 2003.