Opções para atualização e modernização hospitalar na feira
1. EngenhariaClínica
MAI-JUN
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A Hospitalar sempre é uma ótima oportunidade de atualização
para aqueles que atuam no mercado da saúde. Em minha
opinião, conhecer e rever pessoas são os pontos altos do evento,
afinal, é através delas que as organizações mudam e podem
melhorar a sua contribuição ao setor de maneira contínua.
Também é a oportunidade de comparar os equipamentos
que a instituição já possui com os novos modelos ou
versões atualizadas apresentadas pelos expositores. A
experiência permite avaliar melhor o mercado e analisar a
possibilidade de modernizar o parque de máquinas.
Fazer uma visita planejada é importante, caso a intenção seja
fechar negócios durante da feira, mas é possível encontrar,
de maneira não planejada, algum recurso tecnológico
simples, porém inovador, que nem se imaginava existir, mas
que pode ajudar muito nas atividades do hospital. Por isso é
importante que os visitantes estejam atentos para percebê-
los e, os fornecedores, para mostrá-los.
As oportunidades são muitas, por isso, algumas
considerações relevantes em termos de engenharia
clínica podem ajudar o visitante a explorar e identificar
as verdadeiramente genuínas e mais adequadas para a
necessidade do hospital.
Caso o interesse seja substituir um equipamento, não se deve
considerar somente o preço de compra do novo, mas também
qual o custo que o recurso atual representa para cada paciente
atendido. Durante a feira, convém pedir ao expositor que
mostre esses valores, para que se tenha uma noção clara do
incremento que a nova tecnologia trará à incorporação.
Igualmente, é importante conhecer os benefícios que a nova
tecnologia se propõe a oferecer, o que possibilita comparar
de maneira mais objetiva se o acréscimo de benefícios e
de custos se encaixa no valor que o hospital está disposto
a pagar. Aconselho evidenciar se a nova tecnologia oferece
melhor resultado ao paciente ou se proporciona redução de
despesas, o que ajuda a focar no planejamento.
Outro ponto a observar é a qualidade do material técnico
que é oferecido ao hospital juntamente com a compra
do equipamento. No final dos anos 80, ainda era possível
encontrar autoclaves a vapor, que eram operadas
manualmente. O controle do tempo era feito por um relógio
regressivo que, no período ajustado, soava, orientando o
operador a fazer novas manobras de registros para produzir o
próximo efeito desejado. Os consertos quase que se limitavam
à troca de resistências elétricas, à limpeza do gerador de vapor
ou mesmo à troca de um contato elétrico mal apertado. Mas
Aproveitando as oportunidades
da feira Hospitalar
os equipamentos mudaram muito e hoje são capazes de fazer
autodiagnóstico, memorizar dados e relatar erros. Também
permitem programar inúmeros ciclos para diferentes tipos de
carga, possuem menu de operação e manutenção, senhas de
acesso e realizam autotestes, “reclamam” se o tempo para
injeção de vapor está muito lento ou se a temperatura passou
do valor permissível pré-programado. Por isso, é importante
conhecer que tipo de conteúdo técnico será entregue junto
com o equipamento e como ele contribui para formar o novo
perfil de usuário requerido.
A exemplo das autoclaves, muitos equipamentos médicos
estão mais seguros e mais complexos e, por isso, vale
reforçar que toda tecnologia incorporada requer novos
conhecimentos e habilidades, pois os usuários não devem
hesitar quando operam um aparelho desta natureza e
precisam saber como interagir de maneira produtiva com
as informações que cada recurso apresenta. Deste modo, o
ganho é maior para todos.
Outro aspecto que destaco é a tendência errônea de
comprar equipamentos simplesmente porque outro
hospital comprou, pois nem sempre o que é bom para
um também é para outro. É comum, ainda, encontrarmos
equipamentos com grande quantidade de recursos,
porém subutilizados, por várias razões, dentre elas, o
desconhecimento completo de determinada função.
Aconselho contemplar nas aquisições a transferência
de documentos, conhecimentos e também habilidades
para a equipe de usuários e engenheiros, já que são os
responsáveis pelas manutenções preventiva e corretiva.
Ainda pensando em planejamento, ocorre com certa
frequência a compra de um recurso fundamentada apenas
no seu preço de compra ou venda. Quase sempre é incorreto
pensar em menor preço sem considerar a especificação
técnica do equipamento. Dois aparelhos com especificações
técnicas semelhantes podem ser avaliados pelo preço. É
prudente avaliar, em conjunto com o expositor, os custos
que o aparelho vai impor ao hospital ao longo dos anos.
Dependendo do valor do investimento e da expectativa de
vida do equipamento, os custos podem ser estimados nos
primeiros cinco, sete ou dez anos. O produto que apresentar o
menor custo total deve receber uma atenção maior.
Deve-se avaliar, ainda, as despesas operacionais com insumos,
consumíveis, substituição de peças e acessórios, contratos
de manutenção, calibrações, treinamento, paralizações por
“recall”, up grade, up date, geração de arquivos digitais para
imagens ou dados, entre outros, o que dará mais segurança
na aquisição. Contudo, caso não sinta confiança para tomar
uma decisão durante o evento, lembre-se que muitos bons
negócios também são feitos depois da feira.
Lúcio Flávio de Magalhães Brito
Engenheiro Clínico Certificado
Lb@engenhariaclinica.com
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