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ASPECTOS ENERGÉTICOS DA BIOMASSA COMO RECURSO NO
BRASIL E NO MUNDO
ALEX LEÃO GENOVESE
MIGUEL EDGAR MORALES UDAETA
LUIZ CLÁUDIO RIBEIRO GALVAO
Alex Leão Genovese é aluno pesquisador da Escola Politécnica da USP,
Miguel Edgar Morales Udaeta é Professor Doutor da Escola Politécnica da USP
Luiz Cláudio Ribeiro Galvão é Professor Doutor da Escola Politécnica da USP
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise técnica, social e ambiental da
biomassa como fonte de energia, nos diferentes setores que utilizam este energético, no país e no
mundo. Também serão analisadas e discutidas as possibilidades da biomassa como fonte de
energia no Brasil e as barreiras existentes à sua inserção em maior escala na matriz energética,
bem como propostas de mecanismos para a eliminação destas barreiras. A pesquisa aborda os
diversos tipos de aproveitamento da biomassa, como combustão, extração de óleos, fabricação de
combustíveis como álcool, biodiesel e biogás. Para todo tipo de aproveitamento, é focada a
difusão da utilização de biomassa como opção estratégica e social para o planejamento energético
do país.
Palavras-chave: Biomassa, planejamento energético, combustíveis renováveis.
Abstract
This paper aims to make an economic, social, environmental, technical and political
analysis of the biomass as source of energy, in the different sectors that use this energy in Brazil
and in the world. It will also be analyzed and argued the possibilities of biomass uses in Brazil and
the barriers to a bigger scale insertion in the energy matrix, as well as proposals of mechanisms for
the elimination of these barriers. The research approaches the diverse kinds of biomass´
exploitation, as direct combustion, extraction of oils and fuel manufacturing (alcohol, biodiesel and
biogas). For all kinds of exploitation, the diffusion of the biomass use is targeted as strategic and
social option for national energy planning.
Keywords: Biomass, energy planning, renewable fuels.
1- Introdução [Ref. 1]
Aproximadamente 11% da energia produzida no mundo têm com origem a biomassa. Em
países em desenvolvimento ela é a principal fonte de energia, contribuindo com 35% do total
(WEC, 1994). Em países pobres a contribuição da biomassa chega a mais de 90% das fontes de
energia, a maior parte em forma não comercial. Isso mostra que muitas vezes a biomassa é
considerada uma fonte de energia do passado, pois quando um país é industrializado ela fica
relegada a segundo plano.
No entanto, os recursos mundiais de biomassa são enormes, e existem várias técnicas que
produzem energia de forma economicamente eficiente em vez das formas não-comerciais
utilizadas nos países mais pobres. Estudos recentes mostram quem em cenários futuros haverá
muitas vantagens em produzir energia da biomassa, principalmente quando as fontes de energia
renovável se tornarem competitivas em relação aos combustíveis fósseis, o que se espera que
ocorra por volta de 2020. No Brasil, a biomassa como fonte de energia possui vantagens
significativas, principalmente por:
Diversificar a matriz energética brasileira face à dependência externa do país com relação
aos combustíveis fósseis (petróleo e gás natural);
Contribuir para um desenvolvimento sustentável do país, em particular com a utilização de
mão de obra local, principalmente na zona rural, podendo colaborar na garantia de
suprimento de energia a comunidades isoladas, principalmente nas regiões Norte e Centro
Oeste do país;
Apresentar vantagens ambientais quando comparada aos combustíveis fósseis,
principalmente em termos de emissões de gases do efeito estufa.
Por outro lado, existem aspectos fundamentais e conjunturais importantes que se relacionam com
a biomassa, como por exemplo:
A necessidade e a oportunidade de utilização eficiente da enorme quantidade de resíduos
agrícolas disponíveis no país correspondendo a um elevado potencial de geração de
energia;
As perspectivas de alteração na matriz energética brasileira com o aumento da participação
de combustíveis fósseis para geração termelétrica;
As perspectivas de viabilização de projetos que utilizam a biomassa como fonte de energia
através dos mecanismos do Protocolo de Quioto.
No Brasil, 60% da energia gerada hoje provém de fontes renováveis, enquanto que outros
países pretendem chegar a 12% somente em 2010. Atualmente, 85% da energia que movimenta o
mundo são de origem fóssil e 80% dessa energia tem seu uso concentrado em cerca de 10
países. A contribuição do Brasil na emissão de gás carbônico para a atmosfera é de 0,41%,
enquanto que a dos EUA, China, Alemanha, Rússia e Japão, soma 65%. Esse contexto foca a
difusão da utilização de biomassa como opção estratégica e social para o planejamento energético
do país. (1)
2 – Aproveitamento da biomassa por combustão direta [Ref. 7,8]
2.1 - Biomassa:
Biomassa é a matéria orgânica da terra, principalmente, os resíduos de plantas. No campo
da energia, o termo biomassa é usado para descrever todas as formas de plantas e derivados que
podem ser convertidos em energia utilizável como, madeira, resíduos urbanos e florestais, grãos,
talos, óleos vegetais e lodo de tratamento biológico de efluentes. A energia gerada pela biomassa
é também conhecida como “energia verde” ou “bioenergia”.
Uma das formas de utilização da biomassa é através da queima direta para produzir
energia térmica e elétrica. É uma fonte primária de energia e que está em desenvolvimento em
muitos países. Outra forma de utilização é através do processamento da biomassa para produção
de combustíveis. O processamento pode ser realizado através de processos químicos, como a
gaseificação, ou através de processos biotecnológicos, como a fermentação. Como exemplos,
pode-se citar o álcool. O óleo vegetal obtido de mamona ou de colza, e o biodiesel, obtido pela
esterificação do óleo vegetal, também são utilizados como combustíveis em motores diesel. A
diferença básica entre os dois está na forma de obtenção e na maior viscosidade do óleo vegetal.
Há muitas vantagens na utilização da biomassa diretamente como combustível, por
exemplo, as reduzidas emissões de poluentes. Por exemplo, o conteúdo de enxofre em
biomassas, geralmente, é baixo, ocorrendo baixas emissões de SO2 na combustão. As emissões
de CO2, liberadas durante a queima de biomassa, podem ser consideradas praticamente nulas,
pois esse gás é reabsorvido no próximo ciclo de vida da planta, no processo de fotossíntese. Além
disso, a madeira, por exemplo, contem pouca cinza (1% ou menos) o que reduz a quantidade de
cinza que precisa ser disposta no meio ambiente, em comparação ao carvão mineral. Entretanto,
deve ser observado que em comparação com combustíveis fósseis sólidos, biomassa contem
muito menos carbono e mais oxigênio e, como conseqüência, tem um baixo poder calorífico. Além
2
disso, o conteúdo de cloro de certas biomassas, como algumas palhas, pode exceder o nível
encontrado no carvão. Como acontece com qualquer tipo de combustível, a queima direta da
biomassa deve ser adequadamente administrada de forma sustentável. Assim, o desmatamento
deve ser evitado, pois pode diminuir a diversidade genética de nossas florestas, com todos os
prejuízos associados.
Entre os diversos tipos de biomassa que podem ser usados como combustíveis, se
destacam no Brasil, pela quantidade utilizada, as que são provenientes da madeira, como a lenha,
serragem e cavacos. Além dessas, o bagaço de cana também é muito empregado, devido à
grande produção brasileira de açúcar e álcool.
2.3 - Geração de eletricidade a partir de biomassa
A única tecnologia comercial utilizada em larga escala é a combustão direta da biomassa
em caldeiras, em ciclos a vapor, com produção de 40 GWe em unidades médias com potência de
20 MW. A combustão direta poderia atingir US$0,042/ kWh com custos progressivamente
menores da biomassa, e com alguns avanços tecnológicos (pré-secagem do material,
transporte/alimentação, fornalhas próprias para material com alto teor de alcalis). As duas outras
tecnologias consideradas para conversão termelétrica são:
a. Combustão mista de biomassa/carvão, com até 10-15% de madeira
e custo de US$ 100-700/kW;
b. Gasificação da biomassa e uso do gás em ciclos combinados.
Esta última não é ainda uma tecnologia comercial, existindo apenas na etapa de planta
piloto, com potencia variável dentre 5-30 MWe. Outras tecnologias envolvem a gaseificação
pressurizada ou atmosférica; o aquecimento direto ou indireto, leito fixo (limitado a pequeno porte)
ou CFB; com injeção de ar ou oxigênio. Em todos os casos há necessidade de avanços
tecnológicos para sua viabilização.
Nos países do Primeiro Mundo, com a tecnologia atualmente disponível, uma planta de 30
MWe, usando madeira (com custo de US$4/GJ) teria eficiência elétrica líquida de 41-45%,
gerando energia na faixa de US$ 4000/kWe. As projeções para a próxima década indicam plantas
com potência de 110 MWe, com custos de US$1600- 2400/KWe instalado, e com custo da energia
gerada de US$0,07- 0,09/kWh, considerando o custo da biomassa a US$4./GJ. Considerando a
evolução nos custos internacionais de biomassa e da tecnologia, as projeções futuras indicam
que, em 2030, o custo poderá cair para US$ 1100/kw, quando o kWh de energia produzida
atingiria, a valores de hoje, US$0,04/ kWh.
No Brasil, já foi possível antecipar a redução de custos. A planta projetada para
construção na Bahia, utilizando madeira (abaixo de US$ 1,5/GJ), com potência instalada de 32
MWe, teria 37% de eficiência elétrica líquida – base PCS – com custo de US$ 2500/kWe, uma
redução superior a 40% em relação aos países do Hemisfério Norte.
2.4 - Queima direta de biomassa: ciclos a vapor
Os sistemas utilizados no Brasil são predominantemente ciclos a vapor (queima direta)
operando em co-geração nas indústrias de cana e papel/celulose. A produção de energia elétrica
da biomassa foi 10 TWh (1999; 3% do total de energia elétrica) sendo 4,1TWh no setor de cana de
açúcar (cogeração); 2,9TWh na indústria de papel/celulose; 0,7TWh (lenha), 2,1 TWh de resíduos
agrícolas. O setor de cana -de-açúcar passa hoje por uma transição, evoluindo de sistemas a
vapor de baixa pressão (até 20 bar) para sistemas a alta pressão (até 80 bar), permitindo sair da
auto-suficiência em energia elétrica para a geração de alguns GW excedentes.
A utilização destas tecnologias, com os custos atuais, é economicamente viável em
comparação com custos comerciais da energia (o investimento estimado na indústria de açúcar é
de R$ 725-1100/kW adicional, excedente, para sistemas em baixa pressão e alta pressão, 2,2-8,0
3
MPa, respectivamente). Há um grande aumento na implantação destes sistemas, nos últimos 12
meses, sendo que investimentos até R$ 1350/KW são viáveis, no caso de usinas de açúcar.
Na indústria de cana de açúcar, sistemas de queima direta poderão gerar adicionais de
até 2,4-2,7 GW (base anual) se usarem cerca de 25% da palha em adição ao bagaço (ou até 3,4
GW, com 40% de palha). O setor de papel e celulose gera para consumo próprio, usando a lixívia
negra, cavacos e cascas de madeira. Em 1999 a capacidade instalada era 718 MW cobrindo 50%
das necessidades de energia; seria possível complementar com madeira, em co-geração pura,
atingindo 79% das necessidades (450 MW adicionais).
3 – Aproveitamento de Óleos Vegetais [Ref. 15]
3.1 - Definição:
Os óleos vegetais e as gorduras animais pertencem a um grupo de compostos orgânicos
chamados ésteres, produzidos pela união entre um ácido e um álcool. No caso, os ácidos que
entram em sua composição são chamados genericamente de ácidos graxos, porque na natureza
são encontrados praticamente apenas nos óleos e gorduras. O álcool que entra na fórmula dos
óleos não é o álcool combustível de automóveis ou aquele encontrado em bebidas alcoólicas.
Esse álcool é o álcool etílico ou etanol. Na natureza existem muitos outros álcoois, além daquele
que se coloca no tanque do carro ou se degusta. No caso dos óleos e gorduras, o álcool é a
glicerina. Em resumo, os óleos e gorduras, vegetais ou animais, são substâncias que contém
glicerina combinada com vários ácidos graxos. Há uma variedade de plantas das quais se pode
extrair óleo, tais como soja, amendoim, girassol, algodão, milho, canola, colza, coco, mamona,
pequi, macaúba, babaçu e dendê.
3.2 - Biodiesel:
3.2.1 – Considerações Gerais
O uso energético de óleos vegetais no Brasil foi proposto em 1975, originando o Pró-óleo
– Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos. Seu objetivo era gerar um
excedente de óleo vegetal capaz de tornar seus custos de produção competitivos com os do
petróleo. Previa-se uma mistura de 30% de óleo vegetal no óleo diesel, com perspectivas para sua
substituição integral em longo prazo.
3.2.2 – Produção e Tecnologia
Nas últimas duas décadas houve um avanço respeitável nas pesquisas relativas ao
biodiesel, assim, além dos vários testes de motores, algumas plantas de piloto começaram a ser
construídas em diferentes cidades. Recentemente, o biodiesel deixou de ser um combustível
puramente experimental e passou para as fases iniciais de comercialização. O biodiesel pode ser
obtido a partir de óleos vegetais novos, residuais, gorduras animais e ácidos graxos oriundos do
refino dos óleos vegetais. Uma série de processos tecnológicos pode ser utilizada na obtenção
deste produto (Fig. 1).
4
Fig 1. Processo de obtenção do biodiesel a partir da transesterificação
Esterificação é o nome dado à reação que envolve a obtenção de ésteres (biodiesel) a
partir de álcoois e ácidos graxos ou seus derivados. A transesterificação consiste na reação
química de triglicerídeos (óleos e gorduras vegetais ou animais, em que os ácidos graxos formam
ésteres com o glicerol) com álcoois (metanol ou etanol), na presença de um catalisador (ácido,
base ou enzimático), resultando na substituição do grupo éster do glicerol pelo grupo do etanol ou
metanol. A glicerina é um subproduto da reação, que deve ser purificada antes da venda para
aumentar a eficiência econômica do processo Por fim, o craqueamento catalítico ou térmico
refere-se ao processo que provoca a quebra de moléculas por aquecimento a altas temperaturas,
formando uma mistura de compostos químicos com propriedades muito semelhantes às do diesel
de petróleo.
No Brasil, as alternativas para a produção de óleos vegetais são diversas, o que constitui
num dos muitos diferenciais para a estruturação do programa de produção e uso do biodiesel no
país. Por se tratar de um país tropical, com dimensões continentais, o desafio colocado é o do
aproveitamento das potencialidades regionais. Isso é válido tanto para culturas já tradicionais,
como a soja, o amendoim, o girassol, a mamona e o dendê, quanto para alternativas novas, como
o pinhão manso, o nabo forrageiro, o pequi, o buriti, a macaúba e uma grande variedade de
oleaginosas a serem exploradas.
Entretanto, embora algumas plantas nativas apresentem bons resultados em laboratórios,
como o pequi, o buriti e a macaúba, sua produção é extrativista e não há plantios comerciais que
permitam avaliar com precisão as suas potencialidades. Isso levaria certo tempo, uma vez que a
pesquisa agropecuária nacional ainda não desenvolveu pesquisas com foco no domínio dos ciclos
botânico e agronômico dessas espécies. Dentre as várias alternativas, merecem destaque a soja,
cujo óleo representa 90% da produção brasileira de óleos vegetais, o dendê, o coco e o girassol,
pelo rendimento em óleo, e a mamona, pela resistência à seca. Na figura 2 são apresentadas
algumas características de culturas oleaginosas com potencial de uso para fins energéticos.
Matérias-Primas para a produção de Biodiesel
Espécie Origem do Óleo
Porcentagem de
óleo (%)
Meses de
Colheita
Rendimento em
Óleo (t/ha)
Dendê Amêndoa 22 12 3,0 - 6,0
Babaçu Amêndoa 66 12 0,1 - 0,3
Girassol Grão 38 - 48 3 0,5 - 1,9
Colza Grão 40 - 48 3 0,5 - 0,9
Mamona Grão 45 - 50 3 0,5 - 0,9
Amendoim Grão 40 - 43 3 0,6 - 0,8
Soja Grão 18 3 0,1 - 0,2
Fig 2. - Matérias primas para produção de biodiesel
5
4 – Lenha e Carvão Vegetal [Ref. 15]
4.1 – Considerações Gerais
As variações no consumo de energia de madeira (em forma de lenha bruta e resíduos)
estão fortemente associadas ao grau de desenvolvimento do país (Tabela 4). Seu uso é
especialmente comum em área rurais dos países em desenvolvimento, sendo responsável pela
quase totalidade da energia consumida no lar. Normalmente, o seu consumo ocorre, em sua
quase totalidade, no local de produção. Já o carvão vegetal é mais consumido nas áreas urbanas
e suburbanas das cidades, demandando cerca de 6m3 de madeira para a produção de uma
tonelada de carvão. Assim, incorrem custos de transporte tanto da matéria prima quanto do
carvão, de processamento e de estocagem.
Fig 3. – Energia produzida exclusivamente da madeira (não inclui licor). 1999
4.2 - Definição
A lenha é provavelmente o energético mais antigo usado pelo homem e continua tendo
grande importância na matriz energética brasileira, participando com cerca de 10% da produção
de energia primária. A lenha pode ser de origem nativa ou de reflorestamento. Ela chega a
representar até 95% da fonte de energia países em desenvolvimento. Nos países industrializados,
a contribuição da lenha chega a um máximo de 4%. Seus principais constituintes são a celulose
(41-49%) a hemicelulose (15-27%) e a lignina (18-24%), e seu poder calorífico inferior médio é de
4.200 kcal/kg (17,57 MJ/kg).
O carvão vegetal é produzido a partir da lenha pelo processo de carbonização ou pirólise.
Ao contrário do que aconteceu nos países industrializados, no Brasil, o uso industrial do carvão
vegetal continua sendo largamente praticado. O Brasil é o maior produtor mundial desse insumo
energético.
4.2.1 Pirólise
A pirólise ou carbonização é o mais simples e mais antigo processo de conversão de um
combustível (normalmente lenha) em outro de melhor qualidade e conteúdo energético (carvão
essencialmente). O processo consiste em aquecer o material original (normalmente entre 300 oC
e 500 oC), na "quase-ausência" de ar, até que o material volátil seja retirado. O principal produto
final (carvão) tem uma densidade energética duas vezes maior do que aquela do material de
origem e queima em temperaturas muito mais elevadas. Além de gás combustível, a pirólise
produz alcatrão e ácido piro-lenhoso.
A relação entre a quantidade de lenha (material de origem) e a de carvão (principal
combustível gerado) varia muito de acordo com as características do processo e o teor de
umidade do material de origem. Em geral, são necessárias de quatro a dez toneladas de lenha
6
para a produção de uma tonelada de carvão. Se o material volátil não for coletado, o custo relativo
do carvão produzido fica em torno de dois terços daquele do material de origem (considerando o
conteúdo energético).
Nos processos mais sofisticados, costuma-se controlar a temperatura e coletar o material
volátil, visando melhorar a qualidade do combustível gerado e o aproveitamento dos resíduos.
Neste caso, a proporção de carvão pode chegar a 30% do material de origem. Embora necessite
de tratamento prévio (redução da acidez), o líquido produzido pode ser usado como óleo
combustível.
Nos processos de pirólise rápida, sob temperaturas entre 800 oC e 900 oC, cerca de 60%
do material se transforma num gás rico em hidrogênio e monóxido de carbono (apenas 10% de
carvão sólido); o que a torna uma tecnologia competitiva com a gaseificação. Contudo, a pirólise
convencional (300 oC a 500 oC) ainda é a tecnologia mais atrativa, devido ao problema do
tratamento dos resíduos, que são maiores nos processos com temperatura mais elevada [Ramage
& Scurlock, 1996].
A pirólise pode ser empregada também no aproveitamento de resíduos vegetais, como
subprodutos de processos agroindustriais. Nesse caso, faz-se necessária a compactação dos
resíduos, cuja matéria-prima é transformada em briquetes. Através da pirólise, os briquetes
adquirem maiores teores de carbono e poder calorífico, podendo ser usados com maior eficiência
na geração de calor e potência. Ensaios de laboratório têm sido realizados no Laboratório de
Combustíveis Alternativos da Universidade Estadual de Campinas (Luengo & Bezzon, 1997).
5 – Biogás para a geração de energia [Ref. 15]
5.1 – Definição
O biogás é um gás inflamável produzido por microorganismos, quando matérias orgânicas
são fermentadas dentro de determinados limites de temperatura, teor de umidade e acidez, em um
ambiente impermeável ao ar. O metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou
sabor, mas os outros gases presentes conferem-lhe um ligeiro odor desagradável. A composição
média da mistura gasosa é a seguinte:
Metano (CH4) 50 a 75 %
Dióxido de Carbono (CO2) 25 a 40 %
Hidrogênio (H2) 1 a 3 %
Azoto (N2) 0.5 a 2.5 %
Oxigênio (O2) 0.1 a 1 %
Sulfureto de Hidrogênio (H2S) 0.1 a 0.5 %
Amoníaco (NH3) 0.1 a 0.5 %
Monóxido de Carbono (CO) 0 a 0.1 %
Água (H2O) variável
Fig 4. Composição média do biogás
O biogás por ser extremamente inflamável, oferece condições para:
uso em fogão doméstico
em lampião
como combustível para motores de combustão interna
em geladeiras
em chocadeiras
em secadores de grãos ou secadores diversos
geração de energia elétrica
aquecimento e balanço calorífico
7
A redução das necessidades de lenha poupa as matas. A produção de biogás representa
um importante meio de estímulo a agricultura, promovendo a devolução de produtos vegetais ao
solo e aumentando o volume e a qualidade de adubo orgânico. Os excrementos fermentados
aumentam o rendimento agrícola. O biogás, substituindo o gás de petróleo no meio rural, elimina
também os custos do transporte de bujão de gás dos estoques do litoral ao interior.O uso do
biogás na cozinha é higiênico, não desprende fumaça e não deixa resíduos nas panelas. O
desenvolvimento de um programa de biogás também representa um recurso eficiente para tratar
os excrementos e melhorar a higiene e o padrão sanitário do meio rural.
O poder calorífico inferior (P.C.I.) do biogás é cerca de 5500 Kcal/m3
, quando a proporção
em metano é aproximadamente de 60 %. A título de comparação, o quadro que se segue
apresenta os P.C.I.`s para os outros gases correntes:
Gás P.C.I. em Kcal/ m3
Metano 8500
Propano 22000
Butano 28000
Gás de Cidade 4000
Gás Natural 7600
Biometano 5500
Fig 5. Comparação do P.C.I do biogás e outros gases
O biogás é um gás leve e de fraca densidade. Mais leve do que o ar, contrariamente ao
butano e ao propano, ele suscita menores riscos de explosão na medida em que a sua
acumulação se torna mais difícil. A sua fraca densidade implica, em contrapartida, que ele ocupe
um volume significativo e que a sua liquefação seja mais difícil, o que lhe confere algumas
desvantagens em termos de transporte e utilização.O biogás, em condições normais de produção,
devido ao seu baixo teor de monóxido de carbono (inferior a 0.1 %) não é tóxico, contrariamente,
por exemplo ao gás de cidade, cujo teor neste gás, próximo dos 20 %, é mortal. Por outro lado,
devido às impurezas que contém, o biometano é muito corrosivo. A tabela abaixo compara
energeticamente o biogás e outros combustíveis:
1 m3
de Biogás = 6000 Kcal equivale a:
1,7 m3
de Metano
1,5 m3
de Gás de Cidade
0,8 L de Gasolina
1,3 L de Álcool
2 Kg de Carboneto de Cálcio
0,7 L de Gasóleo
7 Kw h de Eletricidade
2,7 Kg de Madeira
1,4 Kg de Carvão de Madeira
0,2 m3
de Butano
0,3 m3
de Propano
Fig 6. - Equivalências energéticas
8 – O álcool como combustível [Ref. 13,14,16]
8.1. Visão histórica da produção de etanol no Brasil
A produção brasileira de álcool foi largamente estimulada a partir de 1975, com a criação
Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL –, que levou o Brasil à condição de único país do
mundo a utilizar largamente o álcool em substituição ao combustível fóssil. Em 1994, esse
combustível alternativo, de fonte renovável e não poluente, respondeu por aproximadamente 50%
do consumo nacional de combustível para veículos de passeio.
8
Até o advento do PROÁLCOOL, o setor sucroalcooleiro carreava toda a moagem da cana
para a produção de açúcar, sendo o álcool, então, um produto residual, resultante da destilação do
mel pobre - subproduto da fabricação do açúcar. A elevação dos preços e a instabilidade de
fornecimento do petróleo no mercado internacional levaram o Governo brasileiro a desenvolver
uma política econômica com o objetivo de amenizar os desequilíbrios externos da balança
comercial e reduzir a dependência do país, que tem uma estrutura de transporte basicamente
rodoviária, com relação ao petróleo importado. Para tanto, em 1979, foram adotadas políticas de
incentivo ao consumo, tais como o protocolo de comprometimento com a indústria automobilística
para expansão da produção de veículos movidos a álcool e o zoneamento agrícola para evitar
concorrência entre a cana e culturas alimentares . Essa decisão foi instrumentalizada por meio de
isenções fiscais e linhas de crédito especiais, o que deu ao programa uma base de sustentação
mais duradoura e abrangente, envolvendo não só o setor sucroalcooleiro, como o químico, o
automotivo e o de mecânica pesada.
De 1979 para 1980, a produção anual de automóveis a álcool saltou de 5% para 25% do
total. A ociosidade rapidamente se converteu em gargalo e projetos para construção de destilarias,
nessa fase já desvinculadas das usinas, eram aprovados com poucas restrições. Mais uma vez a
euforia e a excessiva demanda por álcool davam respaldo a decisões pouco racionais e muitas
destilarias, hoje sucatas inadimplentes, foram autorizadas a operar até mesmo em regiões
distantes das plantações de cana.
Os resultados do PROÁLCOOL contribuíram para o equilíbrio nas contas externas,
geração de empregos, aumento da arrecadação fiscal, diminuição da poluição ambiental e
desenvolvimento de tecnologia nos setores agrícola e industrial, tornando o país menos
dependente externamente em um setor vital da economia: o energético. Alguns fatores levavam a
crer que o PROÁLCOOL demonstrava ter atingido a maturidade, já na década de 80. A adesão da
sociedade ao programa era demonstrada pelo volume crescente de vendas de carros a álcool. O
número de destilarias em operação também crescia, bem como era introduzida a mistura do álcool
anidro à gasolina na proporção de 22%, o que proporcionava a eliminação do chumbo tetraetila,
maior octanagem e redução da emissão de poluentes.
Na década de 90, o PROÁLCOOL atravessou um momento crítico. Os preços do açúcar
no mercado internacional estavam bem mais favoráveis do que os do álcool no Brasil e o
Programa não mais se justificava para substituir a gasolina, especialmente se considerássemos,
apenas, os custos atuais e mensuráveis de produção. Uma das características do álcool derivado
da cana é a preservação ambiental que, por não ser quantificável economicamente, não é
usualmente incorporada a nenhuma análise de competitividade do produto. Desde sua efetiva
incorporação à matriz energética brasileira, em 1975, até a atualidade, o etanol conseguiu
importantes resultados:
A produção e a demanda ultrapassaram largamente as expectativas colocadas no início
do Programa Nacional do Álcool.
A implementação de tecnologias e avanços gerenciais tornaram este combustível
renovável competitivo com os combustíveis fósseis.
As características de sua produção o tornam a melhor opção, no momento, para a
redução estufa no setor de transportes, em todo o mundo. Este estudo avalia quais
seriam as vantagens e as dificuldades a resolver para expandir sua produção no Brasil,
visando inclusive a mercados externos nos próximos dez anos.
9
10 – Referências Bibliográficas
[1] GRIMONI, J.A.B, GALVÃO, L.C.R, UDAETA, M.E.M , ”Iniciação a Conceitos de
Sistemas Energéticos para o Desenvolvimento Limpo”, Edusp, São Paulo 2004
[2] [Bolognini, M.F., Externalidades na Produção de Álcool Combustível no Estado de São
Paulo. Dissertação de Mestrado. Programa Interunidades de Pós-Graduação em
Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.
[3] Breeze, P. Power Generation Technologies - Evaluating the Cost of Eletricity - Financial
Times, 1998.
[4] Camargo, C. A. de (coord.) Manual de Recomendações: Conservação de Energia na
Indústria do Açúcar e do Álcool. IPT, São Paulo, 1987.
[5] Coelho, S.T. Mecanismos para Implementação da Cogeração de Eletricidade a partir de
Biomassa, Um modelo para o Estado de São Paulo, Tese de Doutorado. Programa
Interunidades de Pós Graduação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo,
1999.
[6] Coelho, S.T. Avaliação da Cogeração de Eletricidade a Partir de Cana de Açúcar em
Sistemas de Gaseificação e Turbina a Gás. Dissertação de Mestrado. Programa
Interunidades de Pós Graduação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo,
1992.
[7] http://lema.enq.ufsc.br/Arquivos/ApostilaCombustaocombustiveis.pdf
[8] http://www.remade.com.br
[9] http://infoener.iee.usp.br/scripts/biomassa/br_carvao.asp
[10]Guidance Nome on Recuperation of Landfill Gas from Municipal Solid Waste Landfills
(World Bank)
[11]http://www.cerpch.efei.br/biodigestor.html
[12]http://www.usinaester.com.br/Produtos/produtos.html
[13]http://www.bndes.gov.br
[14]http://www.dieese.gov.br
[15]Plano Nacional de Agroenergia 2006 – 2001. Brasília-DF 2005.
[16]Cadernos NAE – Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. No. 2 –
2005
[17]Balanço Energético do Estado de São Paulo 2000, ano base 1999.
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Biomassa brasil

  • 1. ASPECTOS ENERGÉTICOS DA BIOMASSA COMO RECURSO NO BRASIL E NO MUNDO ALEX LEÃO GENOVESE MIGUEL EDGAR MORALES UDAETA LUIZ CLÁUDIO RIBEIRO GALVAO Alex Leão Genovese é aluno pesquisador da Escola Politécnica da USP, Miguel Edgar Morales Udaeta é Professor Doutor da Escola Politécnica da USP Luiz Cláudio Ribeiro Galvão é Professor Doutor da Escola Politécnica da USP Resumo O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise técnica, social e ambiental da biomassa como fonte de energia, nos diferentes setores que utilizam este energético, no país e no mundo. Também serão analisadas e discutidas as possibilidades da biomassa como fonte de energia no Brasil e as barreiras existentes à sua inserção em maior escala na matriz energética, bem como propostas de mecanismos para a eliminação destas barreiras. A pesquisa aborda os diversos tipos de aproveitamento da biomassa, como combustão, extração de óleos, fabricação de combustíveis como álcool, biodiesel e biogás. Para todo tipo de aproveitamento, é focada a difusão da utilização de biomassa como opção estratégica e social para o planejamento energético do país. Palavras-chave: Biomassa, planejamento energético, combustíveis renováveis. Abstract This paper aims to make an economic, social, environmental, technical and political analysis of the biomass as source of energy, in the different sectors that use this energy in Brazil and in the world. It will also be analyzed and argued the possibilities of biomass uses in Brazil and the barriers to a bigger scale insertion in the energy matrix, as well as proposals of mechanisms for the elimination of these barriers. The research approaches the diverse kinds of biomass´ exploitation, as direct combustion, extraction of oils and fuel manufacturing (alcohol, biodiesel and biogas). For all kinds of exploitation, the diffusion of the biomass use is targeted as strategic and social option for national energy planning. Keywords: Biomass, energy planning, renewable fuels. 1- Introdução [Ref. 1] Aproximadamente 11% da energia produzida no mundo têm com origem a biomassa. Em países em desenvolvimento ela é a principal fonte de energia, contribuindo com 35% do total (WEC, 1994). Em países pobres a contribuição da biomassa chega a mais de 90% das fontes de energia, a maior parte em forma não comercial. Isso mostra que muitas vezes a biomassa é considerada uma fonte de energia do passado, pois quando um país é industrializado ela fica relegada a segundo plano. No entanto, os recursos mundiais de biomassa são enormes, e existem várias técnicas que produzem energia de forma economicamente eficiente em vez das formas não-comerciais utilizadas nos países mais pobres. Estudos recentes mostram quem em cenários futuros haverá muitas vantagens em produzir energia da biomassa, principalmente quando as fontes de energia renovável se tornarem competitivas em relação aos combustíveis fósseis, o que se espera que ocorra por volta de 2020. No Brasil, a biomassa como fonte de energia possui vantagens significativas, principalmente por:
  • 2. Diversificar a matriz energética brasileira face à dependência externa do país com relação aos combustíveis fósseis (petróleo e gás natural); Contribuir para um desenvolvimento sustentável do país, em particular com a utilização de mão de obra local, principalmente na zona rural, podendo colaborar na garantia de suprimento de energia a comunidades isoladas, principalmente nas regiões Norte e Centro Oeste do país; Apresentar vantagens ambientais quando comparada aos combustíveis fósseis, principalmente em termos de emissões de gases do efeito estufa. Por outro lado, existem aspectos fundamentais e conjunturais importantes que se relacionam com a biomassa, como por exemplo: A necessidade e a oportunidade de utilização eficiente da enorme quantidade de resíduos agrícolas disponíveis no país correspondendo a um elevado potencial de geração de energia; As perspectivas de alteração na matriz energética brasileira com o aumento da participação de combustíveis fósseis para geração termelétrica; As perspectivas de viabilização de projetos que utilizam a biomassa como fonte de energia através dos mecanismos do Protocolo de Quioto. No Brasil, 60% da energia gerada hoje provém de fontes renováveis, enquanto que outros países pretendem chegar a 12% somente em 2010. Atualmente, 85% da energia que movimenta o mundo são de origem fóssil e 80% dessa energia tem seu uso concentrado em cerca de 10 países. A contribuição do Brasil na emissão de gás carbônico para a atmosfera é de 0,41%, enquanto que a dos EUA, China, Alemanha, Rússia e Japão, soma 65%. Esse contexto foca a difusão da utilização de biomassa como opção estratégica e social para o planejamento energético do país. (1) 2 – Aproveitamento da biomassa por combustão direta [Ref. 7,8] 2.1 - Biomassa: Biomassa é a matéria orgânica da terra, principalmente, os resíduos de plantas. No campo da energia, o termo biomassa é usado para descrever todas as formas de plantas e derivados que podem ser convertidos em energia utilizável como, madeira, resíduos urbanos e florestais, grãos, talos, óleos vegetais e lodo de tratamento biológico de efluentes. A energia gerada pela biomassa é também conhecida como “energia verde” ou “bioenergia”. Uma das formas de utilização da biomassa é através da queima direta para produzir energia térmica e elétrica. É uma fonte primária de energia e que está em desenvolvimento em muitos países. Outra forma de utilização é através do processamento da biomassa para produção de combustíveis. O processamento pode ser realizado através de processos químicos, como a gaseificação, ou através de processos biotecnológicos, como a fermentação. Como exemplos, pode-se citar o álcool. O óleo vegetal obtido de mamona ou de colza, e o biodiesel, obtido pela esterificação do óleo vegetal, também são utilizados como combustíveis em motores diesel. A diferença básica entre os dois está na forma de obtenção e na maior viscosidade do óleo vegetal. Há muitas vantagens na utilização da biomassa diretamente como combustível, por exemplo, as reduzidas emissões de poluentes. Por exemplo, o conteúdo de enxofre em biomassas, geralmente, é baixo, ocorrendo baixas emissões de SO2 na combustão. As emissões de CO2, liberadas durante a queima de biomassa, podem ser consideradas praticamente nulas, pois esse gás é reabsorvido no próximo ciclo de vida da planta, no processo de fotossíntese. Além disso, a madeira, por exemplo, contem pouca cinza (1% ou menos) o que reduz a quantidade de cinza que precisa ser disposta no meio ambiente, em comparação ao carvão mineral. Entretanto, deve ser observado que em comparação com combustíveis fósseis sólidos, biomassa contem muito menos carbono e mais oxigênio e, como conseqüência, tem um baixo poder calorífico. Além 2
  • 3. disso, o conteúdo de cloro de certas biomassas, como algumas palhas, pode exceder o nível encontrado no carvão. Como acontece com qualquer tipo de combustível, a queima direta da biomassa deve ser adequadamente administrada de forma sustentável. Assim, o desmatamento deve ser evitado, pois pode diminuir a diversidade genética de nossas florestas, com todos os prejuízos associados. Entre os diversos tipos de biomassa que podem ser usados como combustíveis, se destacam no Brasil, pela quantidade utilizada, as que são provenientes da madeira, como a lenha, serragem e cavacos. Além dessas, o bagaço de cana também é muito empregado, devido à grande produção brasileira de açúcar e álcool. 2.3 - Geração de eletricidade a partir de biomassa A única tecnologia comercial utilizada em larga escala é a combustão direta da biomassa em caldeiras, em ciclos a vapor, com produção de 40 GWe em unidades médias com potência de 20 MW. A combustão direta poderia atingir US$0,042/ kWh com custos progressivamente menores da biomassa, e com alguns avanços tecnológicos (pré-secagem do material, transporte/alimentação, fornalhas próprias para material com alto teor de alcalis). As duas outras tecnologias consideradas para conversão termelétrica são: a. Combustão mista de biomassa/carvão, com até 10-15% de madeira e custo de US$ 100-700/kW; b. Gasificação da biomassa e uso do gás em ciclos combinados. Esta última não é ainda uma tecnologia comercial, existindo apenas na etapa de planta piloto, com potencia variável dentre 5-30 MWe. Outras tecnologias envolvem a gaseificação pressurizada ou atmosférica; o aquecimento direto ou indireto, leito fixo (limitado a pequeno porte) ou CFB; com injeção de ar ou oxigênio. Em todos os casos há necessidade de avanços tecnológicos para sua viabilização. Nos países do Primeiro Mundo, com a tecnologia atualmente disponível, uma planta de 30 MWe, usando madeira (com custo de US$4/GJ) teria eficiência elétrica líquida de 41-45%, gerando energia na faixa de US$ 4000/kWe. As projeções para a próxima década indicam plantas com potência de 110 MWe, com custos de US$1600- 2400/KWe instalado, e com custo da energia gerada de US$0,07- 0,09/kWh, considerando o custo da biomassa a US$4./GJ. Considerando a evolução nos custos internacionais de biomassa e da tecnologia, as projeções futuras indicam que, em 2030, o custo poderá cair para US$ 1100/kw, quando o kWh de energia produzida atingiria, a valores de hoje, US$0,04/ kWh. No Brasil, já foi possível antecipar a redução de custos. A planta projetada para construção na Bahia, utilizando madeira (abaixo de US$ 1,5/GJ), com potência instalada de 32 MWe, teria 37% de eficiência elétrica líquida – base PCS – com custo de US$ 2500/kWe, uma redução superior a 40% em relação aos países do Hemisfério Norte. 2.4 - Queima direta de biomassa: ciclos a vapor Os sistemas utilizados no Brasil são predominantemente ciclos a vapor (queima direta) operando em co-geração nas indústrias de cana e papel/celulose. A produção de energia elétrica da biomassa foi 10 TWh (1999; 3% do total de energia elétrica) sendo 4,1TWh no setor de cana de açúcar (cogeração); 2,9TWh na indústria de papel/celulose; 0,7TWh (lenha), 2,1 TWh de resíduos agrícolas. O setor de cana -de-açúcar passa hoje por uma transição, evoluindo de sistemas a vapor de baixa pressão (até 20 bar) para sistemas a alta pressão (até 80 bar), permitindo sair da auto-suficiência em energia elétrica para a geração de alguns GW excedentes. A utilização destas tecnologias, com os custos atuais, é economicamente viável em comparação com custos comerciais da energia (o investimento estimado na indústria de açúcar é de R$ 725-1100/kW adicional, excedente, para sistemas em baixa pressão e alta pressão, 2,2-8,0 3
  • 4. MPa, respectivamente). Há um grande aumento na implantação destes sistemas, nos últimos 12 meses, sendo que investimentos até R$ 1350/KW são viáveis, no caso de usinas de açúcar. Na indústria de cana de açúcar, sistemas de queima direta poderão gerar adicionais de até 2,4-2,7 GW (base anual) se usarem cerca de 25% da palha em adição ao bagaço (ou até 3,4 GW, com 40% de palha). O setor de papel e celulose gera para consumo próprio, usando a lixívia negra, cavacos e cascas de madeira. Em 1999 a capacidade instalada era 718 MW cobrindo 50% das necessidades de energia; seria possível complementar com madeira, em co-geração pura, atingindo 79% das necessidades (450 MW adicionais). 3 – Aproveitamento de Óleos Vegetais [Ref. 15] 3.1 - Definição: Os óleos vegetais e as gorduras animais pertencem a um grupo de compostos orgânicos chamados ésteres, produzidos pela união entre um ácido e um álcool. No caso, os ácidos que entram em sua composição são chamados genericamente de ácidos graxos, porque na natureza são encontrados praticamente apenas nos óleos e gorduras. O álcool que entra na fórmula dos óleos não é o álcool combustível de automóveis ou aquele encontrado em bebidas alcoólicas. Esse álcool é o álcool etílico ou etanol. Na natureza existem muitos outros álcoois, além daquele que se coloca no tanque do carro ou se degusta. No caso dos óleos e gorduras, o álcool é a glicerina. Em resumo, os óleos e gorduras, vegetais ou animais, são substâncias que contém glicerina combinada com vários ácidos graxos. Há uma variedade de plantas das quais se pode extrair óleo, tais como soja, amendoim, girassol, algodão, milho, canola, colza, coco, mamona, pequi, macaúba, babaçu e dendê. 3.2 - Biodiesel: 3.2.1 – Considerações Gerais O uso energético de óleos vegetais no Brasil foi proposto em 1975, originando o Pró-óleo – Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos. Seu objetivo era gerar um excedente de óleo vegetal capaz de tornar seus custos de produção competitivos com os do petróleo. Previa-se uma mistura de 30% de óleo vegetal no óleo diesel, com perspectivas para sua substituição integral em longo prazo. 3.2.2 – Produção e Tecnologia Nas últimas duas décadas houve um avanço respeitável nas pesquisas relativas ao biodiesel, assim, além dos vários testes de motores, algumas plantas de piloto começaram a ser construídas em diferentes cidades. Recentemente, o biodiesel deixou de ser um combustível puramente experimental e passou para as fases iniciais de comercialização. O biodiesel pode ser obtido a partir de óleos vegetais novos, residuais, gorduras animais e ácidos graxos oriundos do refino dos óleos vegetais. Uma série de processos tecnológicos pode ser utilizada na obtenção deste produto (Fig. 1). 4
  • 5. Fig 1. Processo de obtenção do biodiesel a partir da transesterificação Esterificação é o nome dado à reação que envolve a obtenção de ésteres (biodiesel) a partir de álcoois e ácidos graxos ou seus derivados. A transesterificação consiste na reação química de triglicerídeos (óleos e gorduras vegetais ou animais, em que os ácidos graxos formam ésteres com o glicerol) com álcoois (metanol ou etanol), na presença de um catalisador (ácido, base ou enzimático), resultando na substituição do grupo éster do glicerol pelo grupo do etanol ou metanol. A glicerina é um subproduto da reação, que deve ser purificada antes da venda para aumentar a eficiência econômica do processo Por fim, o craqueamento catalítico ou térmico refere-se ao processo que provoca a quebra de moléculas por aquecimento a altas temperaturas, formando uma mistura de compostos químicos com propriedades muito semelhantes às do diesel de petróleo. No Brasil, as alternativas para a produção de óleos vegetais são diversas, o que constitui num dos muitos diferenciais para a estruturação do programa de produção e uso do biodiesel no país. Por se tratar de um país tropical, com dimensões continentais, o desafio colocado é o do aproveitamento das potencialidades regionais. Isso é válido tanto para culturas já tradicionais, como a soja, o amendoim, o girassol, a mamona e o dendê, quanto para alternativas novas, como o pinhão manso, o nabo forrageiro, o pequi, o buriti, a macaúba e uma grande variedade de oleaginosas a serem exploradas. Entretanto, embora algumas plantas nativas apresentem bons resultados em laboratórios, como o pequi, o buriti e a macaúba, sua produção é extrativista e não há plantios comerciais que permitam avaliar com precisão as suas potencialidades. Isso levaria certo tempo, uma vez que a pesquisa agropecuária nacional ainda não desenvolveu pesquisas com foco no domínio dos ciclos botânico e agronômico dessas espécies. Dentre as várias alternativas, merecem destaque a soja, cujo óleo representa 90% da produção brasileira de óleos vegetais, o dendê, o coco e o girassol, pelo rendimento em óleo, e a mamona, pela resistência à seca. Na figura 2 são apresentadas algumas características de culturas oleaginosas com potencial de uso para fins energéticos. Matérias-Primas para a produção de Biodiesel Espécie Origem do Óleo Porcentagem de óleo (%) Meses de Colheita Rendimento em Óleo (t/ha) Dendê Amêndoa 22 12 3,0 - 6,0 Babaçu Amêndoa 66 12 0,1 - 0,3 Girassol Grão 38 - 48 3 0,5 - 1,9 Colza Grão 40 - 48 3 0,5 - 0,9 Mamona Grão 45 - 50 3 0,5 - 0,9 Amendoim Grão 40 - 43 3 0,6 - 0,8 Soja Grão 18 3 0,1 - 0,2 Fig 2. - Matérias primas para produção de biodiesel 5
  • 6. 4 – Lenha e Carvão Vegetal [Ref. 15] 4.1 – Considerações Gerais As variações no consumo de energia de madeira (em forma de lenha bruta e resíduos) estão fortemente associadas ao grau de desenvolvimento do país (Tabela 4). Seu uso é especialmente comum em área rurais dos países em desenvolvimento, sendo responsável pela quase totalidade da energia consumida no lar. Normalmente, o seu consumo ocorre, em sua quase totalidade, no local de produção. Já o carvão vegetal é mais consumido nas áreas urbanas e suburbanas das cidades, demandando cerca de 6m3 de madeira para a produção de uma tonelada de carvão. Assim, incorrem custos de transporte tanto da matéria prima quanto do carvão, de processamento e de estocagem. Fig 3. – Energia produzida exclusivamente da madeira (não inclui licor). 1999 4.2 - Definição A lenha é provavelmente o energético mais antigo usado pelo homem e continua tendo grande importância na matriz energética brasileira, participando com cerca de 10% da produção de energia primária. A lenha pode ser de origem nativa ou de reflorestamento. Ela chega a representar até 95% da fonte de energia países em desenvolvimento. Nos países industrializados, a contribuição da lenha chega a um máximo de 4%. Seus principais constituintes são a celulose (41-49%) a hemicelulose (15-27%) e a lignina (18-24%), e seu poder calorífico inferior médio é de 4.200 kcal/kg (17,57 MJ/kg). O carvão vegetal é produzido a partir da lenha pelo processo de carbonização ou pirólise. Ao contrário do que aconteceu nos países industrializados, no Brasil, o uso industrial do carvão vegetal continua sendo largamente praticado. O Brasil é o maior produtor mundial desse insumo energético. 4.2.1 Pirólise A pirólise ou carbonização é o mais simples e mais antigo processo de conversão de um combustível (normalmente lenha) em outro de melhor qualidade e conteúdo energético (carvão essencialmente). O processo consiste em aquecer o material original (normalmente entre 300 oC e 500 oC), na "quase-ausência" de ar, até que o material volátil seja retirado. O principal produto final (carvão) tem uma densidade energética duas vezes maior do que aquela do material de origem e queima em temperaturas muito mais elevadas. Além de gás combustível, a pirólise produz alcatrão e ácido piro-lenhoso. A relação entre a quantidade de lenha (material de origem) e a de carvão (principal combustível gerado) varia muito de acordo com as características do processo e o teor de umidade do material de origem. Em geral, são necessárias de quatro a dez toneladas de lenha 6
  • 7. para a produção de uma tonelada de carvão. Se o material volátil não for coletado, o custo relativo do carvão produzido fica em torno de dois terços daquele do material de origem (considerando o conteúdo energético). Nos processos mais sofisticados, costuma-se controlar a temperatura e coletar o material volátil, visando melhorar a qualidade do combustível gerado e o aproveitamento dos resíduos. Neste caso, a proporção de carvão pode chegar a 30% do material de origem. Embora necessite de tratamento prévio (redução da acidez), o líquido produzido pode ser usado como óleo combustível. Nos processos de pirólise rápida, sob temperaturas entre 800 oC e 900 oC, cerca de 60% do material se transforma num gás rico em hidrogênio e monóxido de carbono (apenas 10% de carvão sólido); o que a torna uma tecnologia competitiva com a gaseificação. Contudo, a pirólise convencional (300 oC a 500 oC) ainda é a tecnologia mais atrativa, devido ao problema do tratamento dos resíduos, que são maiores nos processos com temperatura mais elevada [Ramage & Scurlock, 1996]. A pirólise pode ser empregada também no aproveitamento de resíduos vegetais, como subprodutos de processos agroindustriais. Nesse caso, faz-se necessária a compactação dos resíduos, cuja matéria-prima é transformada em briquetes. Através da pirólise, os briquetes adquirem maiores teores de carbono e poder calorífico, podendo ser usados com maior eficiência na geração de calor e potência. Ensaios de laboratório têm sido realizados no Laboratório de Combustíveis Alternativos da Universidade Estadual de Campinas (Luengo & Bezzon, 1997). 5 – Biogás para a geração de energia [Ref. 15] 5.1 – Definição O biogás é um gás inflamável produzido por microorganismos, quando matérias orgânicas são fermentadas dentro de determinados limites de temperatura, teor de umidade e acidez, em um ambiente impermeável ao ar. O metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou sabor, mas os outros gases presentes conferem-lhe um ligeiro odor desagradável. A composição média da mistura gasosa é a seguinte: Metano (CH4) 50 a 75 % Dióxido de Carbono (CO2) 25 a 40 % Hidrogênio (H2) 1 a 3 % Azoto (N2) 0.5 a 2.5 % Oxigênio (O2) 0.1 a 1 % Sulfureto de Hidrogênio (H2S) 0.1 a 0.5 % Amoníaco (NH3) 0.1 a 0.5 % Monóxido de Carbono (CO) 0 a 0.1 % Água (H2O) variável Fig 4. Composição média do biogás O biogás por ser extremamente inflamável, oferece condições para: uso em fogão doméstico em lampião como combustível para motores de combustão interna em geladeiras em chocadeiras em secadores de grãos ou secadores diversos geração de energia elétrica aquecimento e balanço calorífico 7
  • 8. A redução das necessidades de lenha poupa as matas. A produção de biogás representa um importante meio de estímulo a agricultura, promovendo a devolução de produtos vegetais ao solo e aumentando o volume e a qualidade de adubo orgânico. Os excrementos fermentados aumentam o rendimento agrícola. O biogás, substituindo o gás de petróleo no meio rural, elimina também os custos do transporte de bujão de gás dos estoques do litoral ao interior.O uso do biogás na cozinha é higiênico, não desprende fumaça e não deixa resíduos nas panelas. O desenvolvimento de um programa de biogás também representa um recurso eficiente para tratar os excrementos e melhorar a higiene e o padrão sanitário do meio rural. O poder calorífico inferior (P.C.I.) do biogás é cerca de 5500 Kcal/m3 , quando a proporção em metano é aproximadamente de 60 %. A título de comparação, o quadro que se segue apresenta os P.C.I.`s para os outros gases correntes: Gás P.C.I. em Kcal/ m3 Metano 8500 Propano 22000 Butano 28000 Gás de Cidade 4000 Gás Natural 7600 Biometano 5500 Fig 5. Comparação do P.C.I do biogás e outros gases O biogás é um gás leve e de fraca densidade. Mais leve do que o ar, contrariamente ao butano e ao propano, ele suscita menores riscos de explosão na medida em que a sua acumulação se torna mais difícil. A sua fraca densidade implica, em contrapartida, que ele ocupe um volume significativo e que a sua liquefação seja mais difícil, o que lhe confere algumas desvantagens em termos de transporte e utilização.O biogás, em condições normais de produção, devido ao seu baixo teor de monóxido de carbono (inferior a 0.1 %) não é tóxico, contrariamente, por exemplo ao gás de cidade, cujo teor neste gás, próximo dos 20 %, é mortal. Por outro lado, devido às impurezas que contém, o biometano é muito corrosivo. A tabela abaixo compara energeticamente o biogás e outros combustíveis: 1 m3 de Biogás = 6000 Kcal equivale a: 1,7 m3 de Metano 1,5 m3 de Gás de Cidade 0,8 L de Gasolina 1,3 L de Álcool 2 Kg de Carboneto de Cálcio 0,7 L de Gasóleo 7 Kw h de Eletricidade 2,7 Kg de Madeira 1,4 Kg de Carvão de Madeira 0,2 m3 de Butano 0,3 m3 de Propano Fig 6. - Equivalências energéticas 8 – O álcool como combustível [Ref. 13,14,16] 8.1. Visão histórica da produção de etanol no Brasil A produção brasileira de álcool foi largamente estimulada a partir de 1975, com a criação Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL –, que levou o Brasil à condição de único país do mundo a utilizar largamente o álcool em substituição ao combustível fóssil. Em 1994, esse combustível alternativo, de fonte renovável e não poluente, respondeu por aproximadamente 50% do consumo nacional de combustível para veículos de passeio. 8
  • 9. Até o advento do PROÁLCOOL, o setor sucroalcooleiro carreava toda a moagem da cana para a produção de açúcar, sendo o álcool, então, um produto residual, resultante da destilação do mel pobre - subproduto da fabricação do açúcar. A elevação dos preços e a instabilidade de fornecimento do petróleo no mercado internacional levaram o Governo brasileiro a desenvolver uma política econômica com o objetivo de amenizar os desequilíbrios externos da balança comercial e reduzir a dependência do país, que tem uma estrutura de transporte basicamente rodoviária, com relação ao petróleo importado. Para tanto, em 1979, foram adotadas políticas de incentivo ao consumo, tais como o protocolo de comprometimento com a indústria automobilística para expansão da produção de veículos movidos a álcool e o zoneamento agrícola para evitar concorrência entre a cana e culturas alimentares . Essa decisão foi instrumentalizada por meio de isenções fiscais e linhas de crédito especiais, o que deu ao programa uma base de sustentação mais duradoura e abrangente, envolvendo não só o setor sucroalcooleiro, como o químico, o automotivo e o de mecânica pesada. De 1979 para 1980, a produção anual de automóveis a álcool saltou de 5% para 25% do total. A ociosidade rapidamente se converteu em gargalo e projetos para construção de destilarias, nessa fase já desvinculadas das usinas, eram aprovados com poucas restrições. Mais uma vez a euforia e a excessiva demanda por álcool davam respaldo a decisões pouco racionais e muitas destilarias, hoje sucatas inadimplentes, foram autorizadas a operar até mesmo em regiões distantes das plantações de cana. Os resultados do PROÁLCOOL contribuíram para o equilíbrio nas contas externas, geração de empregos, aumento da arrecadação fiscal, diminuição da poluição ambiental e desenvolvimento de tecnologia nos setores agrícola e industrial, tornando o país menos dependente externamente em um setor vital da economia: o energético. Alguns fatores levavam a crer que o PROÁLCOOL demonstrava ter atingido a maturidade, já na década de 80. A adesão da sociedade ao programa era demonstrada pelo volume crescente de vendas de carros a álcool. O número de destilarias em operação também crescia, bem como era introduzida a mistura do álcool anidro à gasolina na proporção de 22%, o que proporcionava a eliminação do chumbo tetraetila, maior octanagem e redução da emissão de poluentes. Na década de 90, o PROÁLCOOL atravessou um momento crítico. Os preços do açúcar no mercado internacional estavam bem mais favoráveis do que os do álcool no Brasil e o Programa não mais se justificava para substituir a gasolina, especialmente se considerássemos, apenas, os custos atuais e mensuráveis de produção. Uma das características do álcool derivado da cana é a preservação ambiental que, por não ser quantificável economicamente, não é usualmente incorporada a nenhuma análise de competitividade do produto. Desde sua efetiva incorporação à matriz energética brasileira, em 1975, até a atualidade, o etanol conseguiu importantes resultados: A produção e a demanda ultrapassaram largamente as expectativas colocadas no início do Programa Nacional do Álcool. A implementação de tecnologias e avanços gerenciais tornaram este combustível renovável competitivo com os combustíveis fósseis. As características de sua produção o tornam a melhor opção, no momento, para a redução estufa no setor de transportes, em todo o mundo. Este estudo avalia quais seriam as vantagens e as dificuldades a resolver para expandir sua produção no Brasil, visando inclusive a mercados externos nos próximos dez anos. 9
  • 10. 10 – Referências Bibliográficas [1] GRIMONI, J.A.B, GALVÃO, L.C.R, UDAETA, M.E.M , ”Iniciação a Conceitos de Sistemas Energéticos para o Desenvolvimento Limpo”, Edusp, São Paulo 2004 [2] [Bolognini, M.F., Externalidades na Produção de Álcool Combustível no Estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. [3] Breeze, P. Power Generation Technologies - Evaluating the Cost of Eletricity - Financial Times, 1998. [4] Camargo, C. A. de (coord.) Manual de Recomendações: Conservação de Energia na Indústria do Açúcar e do Álcool. IPT, São Paulo, 1987. [5] Coelho, S.T. Mecanismos para Implementação da Cogeração de Eletricidade a partir de Biomassa, Um modelo para o Estado de São Paulo, Tese de Doutorado. Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. [6] Coelho, S.T. Avaliação da Cogeração de Eletricidade a Partir de Cana de Açúcar em Sistemas de Gaseificação e Turbina a Gás. Dissertação de Mestrado. Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992. [7] http://lema.enq.ufsc.br/Arquivos/ApostilaCombustaocombustiveis.pdf [8] http://www.remade.com.br [9] http://infoener.iee.usp.br/scripts/biomassa/br_carvao.asp [10]Guidance Nome on Recuperation of Landfill Gas from Municipal Solid Waste Landfills (World Bank) [11]http://www.cerpch.efei.br/biodigestor.html [12]http://www.usinaester.com.br/Produtos/produtos.html [13]http://www.bndes.gov.br [14]http://www.dieese.gov.br [15]Plano Nacional de Agroenergia 2006 – 2001. Brasília-DF 2005. [16]Cadernos NAE – Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. No. 2 – 2005 [17]Balanço Energético do Estado de São Paulo 2000, ano base 1999. 10