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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA – UNIMEP
FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA – FACEN
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA
JULIANA BASILE NASSIN
Avaliação das Condições de Balneabilidade da
Lagoa do Parque da Rua do Porto -
Piracicaba/SP
PIRACICABA/SP
2010
2
JULIANA BASILE NASSIN
Avaliação das Condições de Balneabilidade da
Lagoa do Parque da Rua do Porto -
Piracicaba/SP
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado no Curso
de Ciências Biológicas -
Licenciatura da Universidade
Metodista de Piracicaba para
obtenção do título de Licenciado
em Ciências Biológicas
Orientação: Prof. Dr. Fábio Braz Machado
Co-Orientação: Ivan Canale
PIRACICABA/SP
2010
3
JULIANA BASILE NASSIN
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE BALNEABILIDADE DA LAGOA DO PARQUE
DA RUA DO PORTO - PIRACICABA/SP
Trabalho apresentado no Curso
de Ciências Biológicas -
Licenciatura da Universidade
Metodista de Piracicaba para
obtenção do título de Licenciada
em Ciências Biológicas.
Data da defesa: de de 2010.
Resultado: _______________________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Fábio Braz Machado _________________________
Universidade Federal de São Paulo
Prof.ª Dr. ª Margarete de Fátima Costa _________________________
Universidade Metodista de Piracicaba
4
Dedico este trabalho,
simplesmente, à minha família.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço, por tudo:
À Deus;
À minha família, em especial ao meu pai, Ademir, que trabalhou duro para
que eu chegasse até aqui, atravessando todos os problemas e desafios; a
minha mãe, Fernanda, por seu amor incondicional; a minha avó Lygia por
entender, mesmo não entendendo direito, o nervoso passado; e
principalmente, à minha irmã Jamille, por estar sempre me ajudando nesse
trabalho, mesmo quando parecia mais cansada que eu mesma.
Ao meu muito querido, Danillo, por ouvir todos os sufocos e ter me acalmado
em todos eles;
E à todos os meus queridos, que me apoiaram ao longo da minha jornada,
cada um à sua maneira, mas sempre me incentivando a chegar exatamente
nessa fase, o final, o tão esperado sonho se realizando e fazendo feliz não
só a mim, mas também a quem realmente me quer bem.
Pela paciência, ensinamentos e conselhos:
Ao meu orientador Prof. Dr. Fábio Braz Machado,
ao meu co-orientador Ivan Canale e
à minha supervisora Prof.ª Dr.ª Kayna Agostini.
Ao Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba
por me ceder seus laboratórios.
À Universidade Metodista de Piracicaba
por me ceder suas salas de aula e seus professores.
6
RESUMO
O presente trabalho teve por escopo um estudo analítico para apresentar as
condições de balneabilidade da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba.
Este estudo foi desenvolvido pelo fato da Lagoa receber inúmeros visitantes que
podem entrar em contato primário com suas águas. Assim, é imprescindível que sua
balneabilidade esteja de acordo com o que rege a Resolução nº 274/ 2000 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabelece as características físico-
químicas, hidrobiológicas e de coliformes termotolerantes (fecais). A esse respeito
houveram análises das coletas de amostras de tal água bem como a avaliação de
dados históricos recentes. Ao final, provou-se estar ela dentro dos padrões de
salubridade.
Palavras-chave: Balneabilidade; Água; Salubridade; Limnologia; Geoquímica
Ambiental.
7
ABSTRACT
The scope of this present work was an analytical study about the conditions of
bathing at the Piracicaba`s Street Port Park Lagoon. This study was developed
because the lake receives many visitors who come in primary contact with their
water. Therefore, it is imperative that its tenor remains in accordance with Resolution
No. 274/ 2000 of the National Council of the Environment, which establishes the
physico-chemical, hydrobiological and fecal coliform conditions. That way, there was
the analysis of collected samples of such water, as well as the assessment of recent
historical data. In the end, it was proved to be within the standards of decency.
Key words: Bathing; Water; Health Commission; Limnology; Environmental
Geochemistry.
8
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................6
ABSTRACT .................................................................................................................7
1. Introdução .............................................................................................................10
2. Objetivo .................................................................................................................10
2.1. Objetivo Específico.............................................................................................11
3. Material e Métodos................................................................................................11
3.1. Coletas das Amostras ........................................................................................13
3.1.1. Coleta das Amostras para Análises de Clorofila e Fitoplâncton...................14
3.1.2. Coleta das Amostras para Análises Físico-Químicas (pH e turbidez)..........14
3.1.3. Coleta das Amostras para Análises de Oxigênio Dissolvido (OD) ...............14
3.1.4. Coleta das Amostras para Análises Bacteriológicas....................................15
3.2. Análise de pH.....................................................................................................15
3.3. Análise de Oxigênio Dissolvido ..........................................................................15
3.4. Análise de Turbidez............................................................................................16
3.5. Análise de Coliformes Termotolerantes (Fecais)................................................16
3.6. Análise da Clorofila ............................................................................................16
3.7. Análise do Fitoplâncton e Contagem de Cianobactérias....................................17
4. Aspectos Geográficos da Área..............................................................................17
5. Resultados e Discussão........................................................................................19
6. Conclusão .............................................................................................................26
7. Referências Bibliográficas.....................................................................................27
9
8. Anexo ....................................................................................................................30
8.1. Conceitos ...........................................................................................................30
8.1.1. Potencial Hidrogênionico (pH)........................................................................30
8.1.2. Turbidez ..........................................................................................................30
8.1.3. Oxigênio Dissolvido (O.D.) ..............................................................................30
8.1.4. Fitoplâncton.....................................................................................................30
8.1.5. Cianobactérias ................................................................................................31
8.1.6. Clorofila-a........................................................................................................31
8.1.7. Coliformes Termotolerantes ............................................................................31
8.1.8. Organismos Patogênicos ................................................................................32
8.1.9. Águas destinadas à balneabilidade.................................................................32
8.1.9.1. Águas próprias..........................................................................................32
8.1.9.2. Águas impróprias ......................................................................................33
8.1.9.3. Interdição de Balneários ...........................................................................33
10
1. INTRODUÇÃO
A sociedade moderna tem, atualmente, uma crescente necessidade do uso
da água para abastecimento doméstico e industrial fazendo com que a quase
totalidade das atividades humanas seja cada vez mais dependente da
disponibilidade de água (ESTEVES, 1998 apud VALIM, 2010).
Além disto, a população humana usufrui da água com a técnica de irrigação e
como lazer. Esse tipo de atividade envolve contato primário com a água e
superfícies do corpo com nenhuma ou pouca ingestão. (ROTMAN & TRAVASSOS,
1987).
A Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba é constantemente utilizada
para práticas esportivas como caiaque, natação e outras atividades que colocam a
pessoa em contato direto com a água.
Portanto, de acordo com a Resolução nº 274 / 2000 do CONAMA, é
necessário que haja um controle periódico da condição da água dessa lagoa, com o
objetivo de verificar as características de suas qualidades, a fim de manter a saúde e
o bem-estar da população usuária.
A discussão do tema pode proporcionar para a comunidade usuária dessa
Lagoa uma reflexão sobre as condições de balneabilidade da mesma.
O estudo das águas da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba - SP
é importante para a verificação de suas características de qualidade, a espelho do
que rege a Resolução nº 274 / 2000 do CONAMA.
Assim, é imprescindível uma água livre de substâncias e microrganismos
nocivos à saúde humana, ao contrário do que pode estar ocorrendo na prática, a fim
de evitar alergias, intoxicações e doenças em geral nos seus usuários.
2. OBJETIVO
O objetivo do trabalho é analisar as condições da água encontrada na Lagoa
do Parque da Rua do Porto da cidade de Piracicaba/SP, enfocando em especial a
sua balneabilidade, ou seja, a salubridade de suas águas para uso de banho e
práticas esportivas pela população.
11
2.1. Objetivo Específico
O presente trabalho pretende avaliar a qualidade da água da Lagoa, com
técnicas de análises físico-químicas, hidrobiológicas e de coliformes termotolerantes,
a fim de enquadrá-la nos padrões de balneabilidade estabelecidos pela Resolução
nº 274 / 2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.
3. MATERIAL E MÉTODOS
A Lagoa pesquisada para este presente trabalho (Figura 1) está localizada em
Piracicaba, a 160 km de São Paulo- SP (acesso de carro pela Rod. dos
Bandeirantes) e a 72,9 km de Campinas- SP (acesso de carro pela Rod. dos
Bandeirantes e Rod. Luiz de Queiroz. Dentro da cidade de Piracicaba, a Lagoa se
encontra na região central, na margem esquerda no Rio Piracicaba, próximo a
Avenida Beira Rio, conforme demonstra o mapa esquemático de localização da
Figura 7.
Figura 1. Vista geral da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba- SP.
12
Para a realização deste trabalho, foi realizado um levantamento histórico
recente (através de informações disponibilizadas pelo Serviço Municipal de Água e
Esgoto de Piracicaba – SEMAE) de dados analíticos de qualidade da água da Lagoa
do Parque da Rua do Porto. Os parâmetros de avaliação escolhidos foram:
• Coliformes termotolerantes;
• Oxigênio Dissolvido;
• pH;
• Turbidez;
• Clorofila;
• Fitoplâncton Total e Contagem de Cianobactérias.
Conforme a classificação dada para as águas recreacionais descritas pela
Resolução CONAMA nº 274 / 2000, tem-se os respectivos limites dos parâmetros de
qualidade avaliados que, se não respeitados, podem gerar efeitos adversos à saúde
de seus usuários.
Portanto foi realizado um levantamento das características de qualidade
físico-químicas, microbiológicas e hidrobiológicas que o CONAMA prescreve para
balneabilidade em corpos d’água superficiais, de modo a se verificar, então, a
adequação da lagoa in casu a esses limites, bem como apurar uma eventual
impropriedade na utilização para recreação.
Também foram pesquisadas as interferências geográficas da região, como
possíveis despejos de águas residuárias, esgotos e a influência de afluentes
contaminados.
13
3.1. Coletas das Amostras
Foram pré-determinados cinco pontos de coleta no entorno da Lagoa do
Parque da Rua do Porto (Figuras 2; 3; 4; 5 e 6). As coletas foram realizadas com
frequência bimensal no período de Janeiro a Setembro de 2010.
Figura 2. Ponto de coletas nº 1 Figura 3. Ponto de coletas nº 2
Figura 4. Ponto de coletas nº 3 Figura 5. Ponto de coletas nº 4
Figura 6. Ponto de coletas nº 5
14
3.1.1. Coleta das Amostras para Análises de Clorofila e Fitoplâncton
A amostragem para análise de clorofila foi realizada retirando-se a amostra de
água da superfície da Lagoa com um balde e transferindo-se a amostra para um
frasco de vidro âmbar (escuro) de 1 litro; preencheu-se apenas 2/3 do frasco com
amostra, de forma a manter ar dentro do frasco para permitir que os organismos
fitoplanctônicos (algas) permanecessem vivos e respirando até o momento da
análise no laboratório.
Para análise do fitoplâncton, retirou-se uma alíquota da amostra para análise
de clorofila e transferiu-se para outro frasco de vidro âmbar pequeno (de 200 mL),
contendo 15 gotas de lugol como preservante para os organismos (AGUDO, 1987).
3.1.2. Coleta das Amostras para Análises Físico-Químicas (pH e turbidez)
Para as análises físico-químicas (pH e turbidez) foi utilizada amostra
diretamente dos frascos coletados para análise de clorofila (amostra de água da
superfície da Lagoa).
3.1.3. Coleta das Amostras para Análises de Oxigênio Dissolvido (OD)
O procedimento realizado nas análises de oxigênio dissolvido (OD) para
amostras de água da Lagoa foram os mesmos de FUNASA (2006), no qual realizou-
se com o auxílio de um coletor de OD, em frasco de D.B.O, imergindo-se o conjunto
na água a ser amostrada, no mínimo 20 cm da superfície, a fim de não coletar
amostra saturada e aerada, e aguardando o completo enchimento do conjunto. O
frasco foi retirado do interior da garrafa coletora e tampado imediatamente,
verificando se não ocorreu aprisionamento de bolhas de ar no interior do frasco.
Ainda no local da coleta foi adicionado imediatamente 2mL de solução de sulfato
manganoso e 2 mL de reagente alcalino-iodeto-azida (para preservar a amostra até
a análise em laboratório) (APHA, 1998).
15
3.1.4. Coleta das Amostras para Análises Bacteriológicas
Segundo FUNASA (2006), para coletas de amostras de água para análises
bacteriológicas foi utilizado balde, coletando-se a amostra de água diretamente da
superfície da Lagoa. Para evitar a contaminação do balde coletor e/ou da amostra
de um ponto de coleta para o outro, o balde sempre foi lavado com a própria água
do local a ser amostrado antes de se tomar a amostra. Foram utilizados frascos
plásticos esterilizados para armazenamento das amostras.
3.2. Análise de pH
Foi realizada pelo método eletrométrico (considerado padrão), que é
praticamente isento de interferentes. O eletrodo foi colocado na amostra de água
que mede diretamente o pH. Antes do uso, o equipamento foi calibrado com
soluções – tampão padrão de pH apropriadas (APHA, 1998). O modelo do aparelho
é DM-22, Digimed de propriedade do Serviço Municipal de Água e Esgoto de
Piracicaba.
3.3. Análise de Oxigênio Dissolvido
Após a coleta, em laboratório, o frasco de DBO contendo a amostra
preservada foi destampado cuidadosamente e adicionado 2 mL de fluoreto de
potássio e 2 mL de ácido sulfúrico concentrado. O frasco foi fechado e agitado muito
bem, por inversão, para dissolver completamente o material precipitado. Foram
transferidos então 200 mL do conteúdo do frasco para um erlenmeyer de 500 mL.
Em seguida, adicionou-se 1-2 mL de solução de amido e foi feita a titulação com
tiossulfato de sódio a 0,025N até o desaparecimento da cor escura. A concentração
de oxigênio dissolvido (em mg/L de O2) corresponde diretamente ao volume de
tiossulfato de sódio gasto (em mL) (APHA, 1998).
16
3.4. Análise de Turbidez
Foi realizada através de metodologia nefelométrica de Santos & Sobreira
(2008), utilizando-se equipamento turbidimetro da marca HACH, modelo 2100 de
propriedade do Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba.
3.5. Análise de Coliformes Termotolerantes (Fecais)
Para a análise de determinação quantitativa de bactérias do grupo coliformes
fecais (termotolerantes) foi realizada a técnica de fermentação em tubos múltiplos,
utilizando meio A1 (APHA, 1988). Essa técnica, segundo APHA (1992), se processa
uma única etapa e consiste na semeadura de volumes e diluições determinados em
cinco tubos de meio A1 incubados a 35 ± 0,5ºC durante 3 horas. A seguir, ficam
expostos a um período de 21 ± 2 horas a 44,5 ± 0,2ºC provocando um
enriquecimento dos organismos fermentadores da lactose.
Quando ocorre produção de gás, a partir da fermentação da lactose neste
meio, obtêm-se o resultado confirmativo positivo para a presença de bactérias desse
grupo.
A densidade de coliformes fecais (termotolerantes) é expressa em NMP / 100
mL, a qual é determinada com o auxílio de uma tabela de número mais provável
(NMP).
3.6. Análise da Clorofila
A metodologia adotada, de acordo com APHA (1992), determina as
concentrações de clorofila-a por meio de espectrofotômetro. Através das leituras das
densidades ópticas obtidas em 2 comprimentos de onda (665 e 750 nm), permite
demonstrar o potencial orgânico local de clorofila-a e o grau de eutrofização do
ambiente aquático.
O procedimento de filtração e extração da clorofila para leitura necessita ser
realizado em ambiente escuro. A filtração (250 mL da amostra de água) é feita em
filtros de fibra de vidro devidamente colocados em porta-filtros acoplados ao sistema
17
de bomba de vácuo. Logo após, lavou-se os porta-filtros com água destilada e
colocou-se os filtros com o material filtrado em tubos de centrífuga, ao abrigo da luz.
A extração dos pigmentos foi feita adicionando aos tubos 10mL de etanol
80%. Os tubos contendo os filtros foram, então, aquecidos em banho-maria a 75ºC
por 5 minutos. Após o aquecimento, os mesmos tubos foram imediatamente
resfriados em um recipiente contendo cubos de gelo moídos por mais 5 minutos e o
extrato foi deixado em repouso por aproximadamente 15 horas em refrigeração (4ºC)
(Norma Holandesa, 1981).
Terminado o tempo de repouso, colocou-se o extrato em cubetas
espectrofotométricas e o mesmo foi lido contra um branco de etanol 80% (Norma
Holandesa, 1981).
3.7. Análise do Fitoplâncton e Contagem de Cianobactérias
A análise qualitativa e quantitativa da comunidade fitoplanctônica foi realizada
por método de concentração da amostra e observação em microscópio óptico. Essa
análise envolve uma estimativa do número e/ou biomassa desses organismos por
unidade de volume e do número de células de cianofíceas por mililitro de água.
Para centrifugar a amostra a 2500 rpm durante 20 minutos foi colocado 10 mL
da mesma em 2 tubos de centrífuga. Depois de centrifugada a amostra desprezou-
se parte do sobrenadante de cada um dos tubos de acordo com orientações da
Norma Técnica L5.303 da CETESB; juntou-se o conteúdo dos dois tubos de
centrífuga e essa amostra concentrada foi colocada em câmara de Sedgwick-Rafter,
para análise no microscópio.
4. ASPECTOS GEOGRÁFICOS DA ÁREA
Os estudos de imageamento por sensoriamento remoto mostraram que a
Lagoa do Parque da Rua do Porto, com cerca de 35 mil m², possui uma elongação
E-W, com 486 metros em seu maior eixo e 103 metros de largura no extremo oeste
e 50 no extremo leste. Está localizada a 130 metros do Rio Piracicaba, na margem
esquerda, na extremidade de um meandro voltado para SSW.
18
As imagens também mostraram, através do satélite Landsat 7, de maio de
2003 (Figura 07), que a lagoa ocupa a planície aluvionar do rio, paralela as margens
do mendro mais próximo, o que leva a interpretação de um meandro abandonado.
Além disso, fica claro na imagem da Figura 07, a ausência de mata ciliar no entorno
da lagoa, representada por pontos amarelos na mesma figura.
Figura 7. Imagem do satélite Landsat 7, de maio de 2003, 4(B)7(G)8(R), com
destaque para a área investigada.
Os sedimentos da planície, segundo os dados de campo, corroborados com
Machado et al. (2005), são os mesmos daquelas do rio Piracicaba, depósitos
cenozóicos, arenosos e inconsolidados. Esses sedimentos ocorrem sobre rochas
sedimentares (arenitos, siltitos e argilitos) do Grupo Itararé, de idade carbonífera, por
vezes cortados por diques de diabásio da Formação Serra Geral (Cretáceo).
De fato, segundo os mesmos autores, a presença das rochas do Grupo
Itararé são aquelas responsáveis pela formação do Aqüífero Tubarão, cujo
19
potenciométrico, na área investigada, é na direção do Rio Piracicaba, e desta forma,
controlam não só a vazão do rio mas também o volume de água da represa.
Como o potencial de um aqüífero está relacionado com o volume de água
meteórica é de se esperar um menor volume de água nos meses de estiagem, no
caso de Piracicaba, clima tropical úmido, marcado por estações secas e úmidas, nos
meses de julho a agosto. Ao contrário, com maior volume de água na lagoa, nos
meses de dezembro a fevereiro, conforme demonstra a Tabela 1 cujos valores são
apontados pelo Departamento de Ciências Exatas da ESALQ-USP.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No ano de 2010, mesmo tendo sido um ano atípico, comparado com os anos
anteriores, para índices pluviométricos, devido à estiagem que ocorreu no Sudeste
do Brasil, podem ter seus dados comparados com a Tabela 1, que apresentam seus
índices de precipitação, comparados com os meses de coletas do presente trabalho,
maiores em Janeiro/2009 e Março/2009 e o menor índice em Julho/2009.
Tabela 1. Médias de temperatura do ar e precipitação para Piracicaba no ano
de 2009.
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima
registrada (°C)
38,5 38,5 37,0 35,0 33,8 32,8 33,0 36,0 38,2 38,4 40,2 38,5 37,6
Temperatura máxima média
(°C)
29,9 30,3 30,0 28,5 26,1 25,0 25,3 27,4 28,1 29,1 29,6 29,7 28,0
Temperatura mínima média
(°C)
19,0 19,1 18,3 15,5 12,1 10,4 9,6 11,1 13,5 15,7 16,8 18,2 16,6
Temperatura mínima
registrada (°C)
10,2 11,2 8,8 0,8 -0,2 -1,8 -1,8 -2,6 0,7 3,0 6,6 11,6 10,7
Precipitação (mm) 229,5 182,6 143,1 63,2 54,0 42,4 28,2 29,6 60,8 110,6 130,9 198,7 1273,3
Fonte: Departamento de Ciências Exatas. Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz/ USP.
20
Na Tabela 2 observa-se que os níveis de Oxigênio Dissolvido (OD) se
apresentaram relativamente altos (≥ 5,0 mg/L) em todas as coletas realizadas,
apesar de não ser prejudicial à vida encontrada nas águas analisadas, pois Santos &
Reis apontaram que no local onde há despejo de efluentes contaminados o nível de
OD diminui, o que não foi identificado no presente trabalho.
Já os valores de pH da Lagoa, de uma forma geral, se mantiveram
ligeiramente alcalino em todas as coletas realizadas (Tabela 2). Esses valores são
considerados dentro do pedido pela Resolução nº 274/ 2000 do CONAMA (pH < 6,0
ou pH > 9,0), deste modo não lesam o ambiente aquático da Lagoa, o que corrobora
com a conclusão de Rodrigues et.al. (2009), que defendem que águas com o pH
levemente superior podem ser consideradas tipicamente alcalinas, sendo comum
em águas naturais.
Os resultados das análises de turbidez da água, de forma geral, se
apresentaram relativamente baixos; entretanto, as análises realizadas em
Setembro/2010 apresentaram valores de turbidez ligeiramente aumentados (Tabela
2), sendo as chuvas 24h antecedentes o motivo provável. Portanto não há danos
para os organismos naturais da referida Lagoa.
Os teores de clorofila-a se apresentaram bastante aumentados em todos os
períodos e pontos amostrados. Comparando-se com os valores de referência da
Tabela 5, a Lagoa estudada pode ser classificada como um ambiente eutrofizado
(clorofila >10 µg/L). Essa informação está diretamente relacionada à densidade de
organismos fitoplanctônicos observados. Observa-se também a presença de
cianobactérias nas águas da Lagoa, com densidades mais elevadas na coleta de
Janeiro/2010 (Tabela 3). Essa elevada densidade de algas também está relacionada
aos valores relativamente altos de pH e teores elevados de OD.
Com relação ao parâmetro coliformes termotolerantes (fecais), de uma forma
geral, nos meses de Março/2010 e Setembro/2010 (Tabela 4), observa-se valores
acima do limite máximo permitido pela Resolução CONAMA 274/2000 (> 1000
NMP/100 mL). Isso se deve a ocorrência de chuvas nas 24h antecedentes a coleta
(que também pode ser evidenciado pelo aumento da turbidez da água), o que
21
também foi verificado por Costa & Mendoza-Sassi (2007), apesar de no trabalho
citado a diferença ter sido não estatisticamente significante.
A Lagoa, além de fazer parte do reservatório de água subterrâneo do Rio
Piracicaba, faz parte da área de várzea desse Rio, portanto quando ocorrem
enchentes, há a mistura da água do Rio de Piracicaba com a da Lagoa. Tendo as
águas do Rio Piracicaba níveis de poluição elevados, estas vão contaminar as
águas da Lagoa. Além disso, pode haver contaminações da montante nos lençóis
freáticos da Lagoa, o que também influência na contaminação.
Como a Lagoa discutida é considerada pequena, pode haver concentrações
maiores de coliformes termotolerantes (fecais) em alguns pontos de coleta, como
mostram as Figuras 8; 9; 10; 11 e 12.
22
Tabela 2. Resultados das análises físico-químicas (pH, O.D. e turbidez), amostras coletadas na Lagoa do Parque da Rua
de Porto, Piracicaba- SP.
Mês de Coleta Ponto 1 Ponto 3 Ponto 5
pH O.D. (mg/L
O2)
Turbidez
(NTU)
pH O.D. (mg/L
O2)
Turbidez
(NTU)
pH O.D. (mg/L
O2)
Turbidez
(NTU)
Janeiro/2010 7,8 * 23,2 8,1 * 20,4 7,9 * 19,2
Março/2010 * * * * * * * * *
Maio/2010 8,5 8,7 11,1 8,4 6,1 13,7 8,3 * 10,9
Julho/2010 * * * * * * * * *
Setembro/2010 8,6 5,8 27,0 8,6 5,3 35,6 8,6 5,0 26,4
Parâmetros pH: < 6,0 ou > 9,0 OD: < 6,0 mg/L O2 Turbidez: > 40 NTU
*Análise não realizada
Tabela 3. Resultados das análises hidrobiológicas (clorofila-a, fitoplâncton total e células de cianobactérias/ mL),
amostras coletadas na Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
Mês de Coleta Ponto 1 Ponto 3 Ponto 5
Clorofila-a
(µg/L)
Fitoplâncton
Total (nº
org/mL)
Cél.
Cianobac.
/mL
Clorofila-a
(µg/L)
Fitoplâncton
Total (nº
org/mL)
Cél.
Cianobac.
/mL
Clorofila-a
(µg/L)
Fitoplâncton
Total (nº
org/mL)
Cél.
Cianobac.
/mL
Janeiro/2010 50,0 9600 41000 59,8 12000 62000 45,5 12000 44000
Março/2010 * * * * * * * * *
Maio/2010 62,9 12000 1900 101,8 12000 150 57,6 13100 950
Julho/2010 66,1 13500 5100 107,1 17700 1400 79,5 * *
Setembro/2010 159,8 * * 165,6 * * 187,0 * *
Parâmetros Clorofila-a: > 10 µg/L Cianobactérias: 20.000 cel/ mL
*Análise não realizada
23
Tabela 4. Resultados das análises de coliformes termotolerantes (fecais)- NMP /100mL, amostras coletadas em 5 pontos
da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
Mês da Coleta Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5
Janeiro/2010 30 350 170 1600 170
Março/2010 1700 3000 9000 9000 5000
Maio/2010 900 1700 300 110 500
Julho/2010 170 300 40 900 500
Setembro/2010 2200 16000 5000 3000 9000
Parâmetros <1000 NMP/ 100mL
24
Figura 8. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Janeiro/2010 nos
5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
Figura 9. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Março/2010 nos
5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
25
Figura 10. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Maio/2010 nos 5
pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
Figura 11. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Julho/2010 nos
5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
26
Figura 12. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Setembro/2010
nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
6. CONCLUSÃO
Apesar da ocorrência eventual de problemas de qualidade da água da Lagoa
do Parque da Rua do Porto, pode-se considerá-la própria a sua condição de
balneabilidade.
Os problemas de qualidade verificados estão relacionados principalmente
com a ocorrência de chuvas nos dias que antecederam as coletas e que levaram ao
aumento da turbidez e dos níveis de coliformes termotolerantes. Importante destacar
também a presença eventual de cianobactérias nas águas da Lagoa, que também
podem representar risco à saúde de seus usuários.
Portanto, é necessário que haja avaliações periódicas da qualidade da água
da Lagoa do Parque da Rua do Porto comparando-a e adequando-a com o que rege
a Resolução nº 274/ 2000 do CONAMA.
27
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUDO, E. G. (coord). et al. Guia de coleta e preservação de amostras de água.
São Paulo, CETESB, 1987.
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the
examination of water wastewater. 20th edithion. Washington. APHA. 1998.
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater. 18 ed. Washington. APHA. 1992.
CETESB. Determinação de Fitoplâncton de água doce: métodos qualitativo e
quantitativo. São Paulo, Julho/1991 (Norma Técnica L5.303).
CETESB. Determinação de pigmentos fotossintetizantes clorofila-a, b e c e
feofitina-a. São Paulo, 1990 (Norma Técnica L5.306).
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº 274/ 2000. Brasília,
2000. Disponível em:
<http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/praias/res_conama_274_00.pdf>. Acesso em: 22
ago. 2010.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n°357/ 2005. Brasília,
2005. Disponível em:
<http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/praias/res_conama_357_05.pdf>. Acesso em 22
ago. 2010.
COSTA, C.F.S. DA; MENDOZA-SASSI, R.A. Identificação de patógenos humanos
nas águas que margeiam a cidade do Rio Grande/ RS. Revista Baiana de Saúde
Pública. Salvador, 2007. P. 203- 213.
Departamento de Ciências Exatas. ESALQ-USP. Disponível em:
<http://ce.esalq.usp.br/>. Acesso em: 14 nov. 2010.
28
DI BERNARDO, L. Algas e suas influências na qualidade das águas e nas
tecnologias de tratamento. Rio de Janeiro, ABES, 1995.
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Decreto nº 8.468 de 8 de setembro de
1976. 1976. Disponível em:
<http://www.cetesb.sp.gov.br/Servicos/licenciamento/postos/legislacao/Decreto_Esta
dual_8468_76.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2010.
Fundação Nacional de Saúde. Cianobactérias Tóxicas na Água para Consumo
Humano na Sáude Pública e Processos de Remoção em Água para Consumo
Humano. Brasília: Ascom, 2003. 56 p.
Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análises de água. 2ª ed. rev. -
Brasília, FUNASA, 2006. 147 p.
LIGHTFOOT, N.F.; MAIER, E.A. Análise Microbiológica de Alimentos e Água.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. 284 p.
MACHADO, F.B.; NARDY, A.J.R.; MELLO, R.P.; OLIVEIRA, M.A.F. DE; SQUISATO,
E. As Rochas Intruvisas da Formação Serra Geral na Porção Leste da Bacia do
Paraná no Estado de São Paulo: Aspectos Petrográficos e Geoquímicos-
Resultados Preliminares. Geociências (São Paulo), Rio Claro (SP), v. 24, n. 1, p. 5-
18, 2005.
Norma Holandesa (Nederlandse Norm – NEN 6520, 1981), baseada em NUSCH &
PALME (1975), MOED & HALLEGRAEFF (1978) E NUSCH (1980).
PELCZAR JUNIOR, J.M.; CHAN, E.C.S.; KRIEG, N.R. Microbiologia: conceitos e
aplicações. 2.ed. São Paulo: Makron books, 1996. 517 p. 2 v.
RODRIGUES, J.R.D.D.; JORGE, A.O.C.; UENO, M. Avaliação da qualidade das
águas de duas áreas utilizadas para recreção do Rio Piracuama/ SP. 2009.
ROITMAM, I; TRAVASSOS, L.R. Tratado de Microbiologia. Vol. 1. São Paulo:
Manole, 1987.
29
SANTOS, C. A.; SOBREIRA, F. G. Análise morfométrica como subsídio ao
zoneamento territorial: o caso das bacias do Córrego Carioca, Córrego do
Bação e Ribeirão Carioca na região do Alto Rio das Velhas – MG. Revista Escola
de Minas. Ouro Preto, 61 (1): 77-85, 2008.
SANTOS, C.R.; REIS, R.S. Avaliação do grau de poluição do Riacho Cruz das
Almas e suas implicações na balneabilidade da praia. Maceió.
Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água
para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 212 p.
SILVA, J.C. DA; SANTANA, H.S.; ITO, S.I. Impacto Causado pela Eutrofização
num Lago Urbano em Guarulhos- Perspectiva de Manejo. Guarulhos, 2010.
SILVA JUNIOR, E.A. DA. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos.
São Paulo: Varela, 1995. 475 p.
VALIM, P.C.N. Avaliação das Condições de Balneabilidade do Rio São
Francisco em Pirapora (MG). Pirapora, 2010.
VASÍLIO, V.A.A. Balenabilidade, índice de qualidade da água e bioensaios de
toxicidade nas praias do Reservatório de Ilha Solteira/ SP. Ilha Solteira, 2006.
30
8. ANEXO
8.1. CONCEITOS
8.1.1. Potencial Hidrogênionico (pH)
O pH (potencial hidrogêniônico) representa, no meio líquido, a intensidade
das condições ácidas ou alcalinas por meio da medição da presença de íons
hidrogênio (H+
). O valor do pH, que para a salubridade da vida aquática deve se
encontrar na faixa de 6 a 9, influi na distribuição das formas livre e ionizada de
diversos compostos químicos, além de contribuir para um maior ou menor grau de
solubilidade das substâncias e de definir o potencial de toxicidade de vários
elementos (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006).
8.1.2. Turbidez
Havendo presença de materiais em suspensão na água, pode ocorrer
interferências que diminuem a transparência e reduzem a passagem de luz através
desta. A medida do grau dessa interferência pode ser definida como turbidez da
água. Essa turbidez pode ser reduzida por sedimentação (Secretaria de Vigilância
em Saúde, 2006).
8.1.3. Oxigênio Dissolvido (O.D.)
O oxigênio dissolvido (OD) permite que os compostos químicos encontrados
na água se precipitem, armazenando-se no fundo da Lagoa. Quando não há
quantidades suficientes de OD (anaerobiose) esses compostos químicos se
encontram não oxidados, disponibilizando essas substâncias químicas para
assimilação pelos organismos que sobrevivem no ambiente (Secretaria de Vigilância
em Saúde, 2006).
8.1.4. Fitoplâncton
Uma das principais comunidades que habitam o ambiente aquático é o
fitoplâncton (algas e bactérias). Como vivem em suspensão na água por não terem
31
movimentação própria, podem interferir na turbidez da mesma. Podem interferir
também no OD da água por serem organismos que produzem oxigênio (Secretaria
de Vigilância em Saúde, 2006).
8.1.5. Cianobactérias
Alguns gêneros de cianobactérias podem produzir toxinas irritantes ao
contato. Essas toxinas são conhecidas como cianotoxinas e seu contato pode
ocorrer devido à ingestão de água, contato em atividades de recreação no ambiente,
ou por consumo de pescado contaminado (Fundação Nacional de Saúde, 2003).
8.1.6. Clorofila-a
A clorofila-a é a mais comum dentre os tipos de clorofila e é comumente
encontrada em algas planctônicas, assim, é considerada um ótimo indicador da
biomassa das algas encontradas nos corpos d’água, propiciando a visualização do
grau de eutrofização do meio (Tabela 1) (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006).
Tabela 5. Estado Trófico em função da concentração de Clorofila-a.
Estado Trófico Concentração de clorofila-a (µg/L)
Oligotrófico 0 a 4
Mesotrófico 4 a 10
Eutrófico > 10
Fonte: Di Bernardo: Algas e suas influências na qualidade das águas e nas tecnologias de
tratamento.
8.1.7. Coliformes Termotolerantes
As bactérias coliformes são o mais importante organismo indicador de
organismos patogênicos. Essas bactérias são provenientes da contaminação da
água por fezes, são facilmente identificáveis e habitam naturalmente o intestino de
animais (inclusive o ser humano), sendo, portanto, um grande apontador da
presença de esgotos domésticos na água (Secretaria de Vigilância em Saúde,
2006).
32
8.1.8. Organismos Patogênicos
Os organismos patogênicos é um dos contaminantes de maior importância, e
a ocorrência de enfermidades decorrentes principalmente pela ingestão de águas
contaminadas, chamadas de enfermidades de veiculação hídrica, pela presença de
microorganismos patogênicos, geralmente de origem fecal, pode ser minimizada ou
mesmo evitada mediante práticas adequadas de saneamento (Secretaria de
Vigilância em Saúde, 2006).
8.1.9. Águas destinadas à balneabilidade
As águas destinadas à balneabilidade podem ser doces, salobras ou salinas.
Sua condição é avaliada e então dividida em duas categorias (CONAMA, Resolução
274/ 2000).
8.1.9.1. Águas próprias
A primeira categoria se refere à condição chamada própria, que por sua vez é
subdividida em excelente, muito boa e satisfatória, de acordo com a quantidade de
coliformes fecais, Escherichia coli e enterococos, encontrados em amostras colhidas
no local, conforme dispõe o artigo 2º da Resolução 274/ 2000 do CONAMA:
Art. 2º. As águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade
(recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias
própria e imprópria.
§ 1º. As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes
categorias:
a) Excelente: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas
em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,
houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200
Escherichia coli ou 25 enterococos por l00 mililitros;
b) Muito Boa: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas
em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,
houver, no máximo, 500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 400
Escherichia coli ou 50 enterococos por 100 mililitros;
33
c) Satisfatória: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas
em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,
houver, no máximo 1.000 coliformes fecais (termotolerantes) ou 800
Escherichia coli ou 100 enterococos por 100 mililitros.
§ 2º. Quando for utilizado mais de um indicador microbiológico, as águas
terão as suas condições avaliadas, de acordo com o critério mais restritivo.
8.1.9.2. Águas impróprias
A segunda categoria de definição de tal água é a de imprópria, nos casos em
que se verificarem as ocorrências dispostas no artigo 4º da mesma Resolução, in
verbis:
§ 4º. As águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado, for
verificada uma das seguintes ocorrências:
a) não atendimento aos critérios estabelecidos para as águas próprias;
b) valor obtido na última amostragem for superior a 2500 coliformes fecais
(termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100
mililitros;
c) incidência elevada ou anormal, na Região, de enfermidades transmissíveis
por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias;
d) presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos
sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à
saúde ou tornar desagradável a recreação;
e) pH < 6,0 ou pH > 9,0 (águas doces), à exceção das condições naturais;
f) floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não
oferecem riscos à saúde humana;
g) outros fatores que contra-indiquem, temporária ou permanentemente, o
exercício da recreação de contato primário.
§ 5º. Nas praias ou balneários sistematicamente impróprios, recomenda-se a
pesquisa de organismos patogênicos.
8.1.9.3. Interdição de Balneários
Há a possibilidade de justificável interdição dos balneários, realizada pelos
órgãos de controle ambiental, nos casos em que houver má qualidade das águas a
34
torná-las impróprias para recreação, bem como se ocorrer alta toxicidade ou
formação de natas devido à floração de algas e outros eventos de mesmo nível,
conforme exposto no artigo 3º e seus parágrafos, da referida Resolução, transcritos
a seguir:
Art. 3º. Os trechos das praias e dos balneários serão interditados se o órgão
de controle ambiental, em quaisquer das suas instâncias (municipal, estadual
ou federal), constatar que a má qualidade das águas de recreação de contato
primário justifica a medida.
§ 1º. Consideram-se ainda, como passíveis de interdição os trechos em que
ocorram acidentes de médio e grande porte, tais como: derramamento de
óleo e extravasamento de esgoto, a ocorrência de toxicidade ou formação de
nata decorrente de floração de algas ou outros organismos e, no caso de
águas doces, a presença de moluscos transmissores potenciais de
esquistossomose e outras doenças de veiculação hídrica.
§ 2º. A interdição e a sinalização, por qualquer um dos motivos mencionados
no caput e no § 1º deste artigo, devem ser efetivadas, pelo órgão de controle
ambiental competente.
Tais ações e avaliações serão realizadas pelos órgãos de controle ambiental
competentes, como dispõe o artigo 9º da Resolução:
Art. 9º. Aos órgãos de controle ambiental compete a aplicação desta
Resolução, cabendo-lhes a divulgação das condições de balneabilidade das
praias e dos balneários e a fiscalização para o cumprimento da legislação
pertinente.

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Avaliação da Balneabilidade Lagoa Parque Rua Porto

  • 1. UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA – UNIMEP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA – FACEN CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA JULIANA BASILE NASSIN Avaliação das Condições de Balneabilidade da Lagoa do Parque da Rua do Porto - Piracicaba/SP PIRACICABA/SP 2010
  • 2. 2 JULIANA BASILE NASSIN Avaliação das Condições de Balneabilidade da Lagoa do Parque da Rua do Porto - Piracicaba/SP Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso de Ciências Biológicas - Licenciatura da Universidade Metodista de Piracicaba para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas Orientação: Prof. Dr. Fábio Braz Machado Co-Orientação: Ivan Canale PIRACICABA/SP 2010
  • 3. 3 JULIANA BASILE NASSIN AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE BALNEABILIDADE DA LAGOA DO PARQUE DA RUA DO PORTO - PIRACICABA/SP Trabalho apresentado no Curso de Ciências Biológicas - Licenciatura da Universidade Metodista de Piracicaba para obtenção do título de Licenciada em Ciências Biológicas. Data da defesa: de de 2010. Resultado: _______________________ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Fábio Braz Machado _________________________ Universidade Federal de São Paulo Prof.ª Dr. ª Margarete de Fátima Costa _________________________ Universidade Metodista de Piracicaba
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço, por tudo: À Deus; À minha família, em especial ao meu pai, Ademir, que trabalhou duro para que eu chegasse até aqui, atravessando todos os problemas e desafios; a minha mãe, Fernanda, por seu amor incondicional; a minha avó Lygia por entender, mesmo não entendendo direito, o nervoso passado; e principalmente, à minha irmã Jamille, por estar sempre me ajudando nesse trabalho, mesmo quando parecia mais cansada que eu mesma. Ao meu muito querido, Danillo, por ouvir todos os sufocos e ter me acalmado em todos eles; E à todos os meus queridos, que me apoiaram ao longo da minha jornada, cada um à sua maneira, mas sempre me incentivando a chegar exatamente nessa fase, o final, o tão esperado sonho se realizando e fazendo feliz não só a mim, mas também a quem realmente me quer bem. Pela paciência, ensinamentos e conselhos: Ao meu orientador Prof. Dr. Fábio Braz Machado, ao meu co-orientador Ivan Canale e à minha supervisora Prof.ª Dr.ª Kayna Agostini. Ao Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba por me ceder seus laboratórios. À Universidade Metodista de Piracicaba por me ceder suas salas de aula e seus professores.
  • 6. 6 RESUMO O presente trabalho teve por escopo um estudo analítico para apresentar as condições de balneabilidade da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba. Este estudo foi desenvolvido pelo fato da Lagoa receber inúmeros visitantes que podem entrar em contato primário com suas águas. Assim, é imprescindível que sua balneabilidade esteja de acordo com o que rege a Resolução nº 274/ 2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabelece as características físico- químicas, hidrobiológicas e de coliformes termotolerantes (fecais). A esse respeito houveram análises das coletas de amostras de tal água bem como a avaliação de dados históricos recentes. Ao final, provou-se estar ela dentro dos padrões de salubridade. Palavras-chave: Balneabilidade; Água; Salubridade; Limnologia; Geoquímica Ambiental.
  • 7. 7 ABSTRACT The scope of this present work was an analytical study about the conditions of bathing at the Piracicaba`s Street Port Park Lagoon. This study was developed because the lake receives many visitors who come in primary contact with their water. Therefore, it is imperative that its tenor remains in accordance with Resolution No. 274/ 2000 of the National Council of the Environment, which establishes the physico-chemical, hydrobiological and fecal coliform conditions. That way, there was the analysis of collected samples of such water, as well as the assessment of recent historical data. In the end, it was proved to be within the standards of decency. Key words: Bathing; Water; Health Commission; Limnology; Environmental Geochemistry.
  • 8. 8 SUMÁRIO RESUMO.....................................................................................................................6 ABSTRACT .................................................................................................................7 1. Introdução .............................................................................................................10 2. Objetivo .................................................................................................................10 2.1. Objetivo Específico.............................................................................................11 3. Material e Métodos................................................................................................11 3.1. Coletas das Amostras ........................................................................................13 3.1.1. Coleta das Amostras para Análises de Clorofila e Fitoplâncton...................14 3.1.2. Coleta das Amostras para Análises Físico-Químicas (pH e turbidez)..........14 3.1.3. Coleta das Amostras para Análises de Oxigênio Dissolvido (OD) ...............14 3.1.4. Coleta das Amostras para Análises Bacteriológicas....................................15 3.2. Análise de pH.....................................................................................................15 3.3. Análise de Oxigênio Dissolvido ..........................................................................15 3.4. Análise de Turbidez............................................................................................16 3.5. Análise de Coliformes Termotolerantes (Fecais)................................................16 3.6. Análise da Clorofila ............................................................................................16 3.7. Análise do Fitoplâncton e Contagem de Cianobactérias....................................17 4. Aspectos Geográficos da Área..............................................................................17 5. Resultados e Discussão........................................................................................19 6. Conclusão .............................................................................................................26 7. Referências Bibliográficas.....................................................................................27
  • 9. 9 8. Anexo ....................................................................................................................30 8.1. Conceitos ...........................................................................................................30 8.1.1. Potencial Hidrogênionico (pH)........................................................................30 8.1.2. Turbidez ..........................................................................................................30 8.1.3. Oxigênio Dissolvido (O.D.) ..............................................................................30 8.1.4. Fitoplâncton.....................................................................................................30 8.1.5. Cianobactérias ................................................................................................31 8.1.6. Clorofila-a........................................................................................................31 8.1.7. Coliformes Termotolerantes ............................................................................31 8.1.8. Organismos Patogênicos ................................................................................32 8.1.9. Águas destinadas à balneabilidade.................................................................32 8.1.9.1. Águas próprias..........................................................................................32 8.1.9.2. Águas impróprias ......................................................................................33 8.1.9.3. Interdição de Balneários ...........................................................................33
  • 10. 10 1. INTRODUÇÃO A sociedade moderna tem, atualmente, uma crescente necessidade do uso da água para abastecimento doméstico e industrial fazendo com que a quase totalidade das atividades humanas seja cada vez mais dependente da disponibilidade de água (ESTEVES, 1998 apud VALIM, 2010). Além disto, a população humana usufrui da água com a técnica de irrigação e como lazer. Esse tipo de atividade envolve contato primário com a água e superfícies do corpo com nenhuma ou pouca ingestão. (ROTMAN & TRAVASSOS, 1987). A Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba é constantemente utilizada para práticas esportivas como caiaque, natação e outras atividades que colocam a pessoa em contato direto com a água. Portanto, de acordo com a Resolução nº 274 / 2000 do CONAMA, é necessário que haja um controle periódico da condição da água dessa lagoa, com o objetivo de verificar as características de suas qualidades, a fim de manter a saúde e o bem-estar da população usuária. A discussão do tema pode proporcionar para a comunidade usuária dessa Lagoa uma reflexão sobre as condições de balneabilidade da mesma. O estudo das águas da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba - SP é importante para a verificação de suas características de qualidade, a espelho do que rege a Resolução nº 274 / 2000 do CONAMA. Assim, é imprescindível uma água livre de substâncias e microrganismos nocivos à saúde humana, ao contrário do que pode estar ocorrendo na prática, a fim de evitar alergias, intoxicações e doenças em geral nos seus usuários. 2. OBJETIVO O objetivo do trabalho é analisar as condições da água encontrada na Lagoa do Parque da Rua do Porto da cidade de Piracicaba/SP, enfocando em especial a sua balneabilidade, ou seja, a salubridade de suas águas para uso de banho e práticas esportivas pela população.
  • 11. 11 2.1. Objetivo Específico O presente trabalho pretende avaliar a qualidade da água da Lagoa, com técnicas de análises físico-químicas, hidrobiológicas e de coliformes termotolerantes, a fim de enquadrá-la nos padrões de balneabilidade estabelecidos pela Resolução nº 274 / 2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. 3. MATERIAL E MÉTODOS A Lagoa pesquisada para este presente trabalho (Figura 1) está localizada em Piracicaba, a 160 km de São Paulo- SP (acesso de carro pela Rod. dos Bandeirantes) e a 72,9 km de Campinas- SP (acesso de carro pela Rod. dos Bandeirantes e Rod. Luiz de Queiroz. Dentro da cidade de Piracicaba, a Lagoa se encontra na região central, na margem esquerda no Rio Piracicaba, próximo a Avenida Beira Rio, conforme demonstra o mapa esquemático de localização da Figura 7. Figura 1. Vista geral da Lagoa do Parque da Rua do Porto de Piracicaba- SP.
  • 12. 12 Para a realização deste trabalho, foi realizado um levantamento histórico recente (através de informações disponibilizadas pelo Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba – SEMAE) de dados analíticos de qualidade da água da Lagoa do Parque da Rua do Porto. Os parâmetros de avaliação escolhidos foram: • Coliformes termotolerantes; • Oxigênio Dissolvido; • pH; • Turbidez; • Clorofila; • Fitoplâncton Total e Contagem de Cianobactérias. Conforme a classificação dada para as águas recreacionais descritas pela Resolução CONAMA nº 274 / 2000, tem-se os respectivos limites dos parâmetros de qualidade avaliados que, se não respeitados, podem gerar efeitos adversos à saúde de seus usuários. Portanto foi realizado um levantamento das características de qualidade físico-químicas, microbiológicas e hidrobiológicas que o CONAMA prescreve para balneabilidade em corpos d’água superficiais, de modo a se verificar, então, a adequação da lagoa in casu a esses limites, bem como apurar uma eventual impropriedade na utilização para recreação. Também foram pesquisadas as interferências geográficas da região, como possíveis despejos de águas residuárias, esgotos e a influência de afluentes contaminados.
  • 13. 13 3.1. Coletas das Amostras Foram pré-determinados cinco pontos de coleta no entorno da Lagoa do Parque da Rua do Porto (Figuras 2; 3; 4; 5 e 6). As coletas foram realizadas com frequência bimensal no período de Janeiro a Setembro de 2010. Figura 2. Ponto de coletas nº 1 Figura 3. Ponto de coletas nº 2 Figura 4. Ponto de coletas nº 3 Figura 5. Ponto de coletas nº 4 Figura 6. Ponto de coletas nº 5
  • 14. 14 3.1.1. Coleta das Amostras para Análises de Clorofila e Fitoplâncton A amostragem para análise de clorofila foi realizada retirando-se a amostra de água da superfície da Lagoa com um balde e transferindo-se a amostra para um frasco de vidro âmbar (escuro) de 1 litro; preencheu-se apenas 2/3 do frasco com amostra, de forma a manter ar dentro do frasco para permitir que os organismos fitoplanctônicos (algas) permanecessem vivos e respirando até o momento da análise no laboratório. Para análise do fitoplâncton, retirou-se uma alíquota da amostra para análise de clorofila e transferiu-se para outro frasco de vidro âmbar pequeno (de 200 mL), contendo 15 gotas de lugol como preservante para os organismos (AGUDO, 1987). 3.1.2. Coleta das Amostras para Análises Físico-Químicas (pH e turbidez) Para as análises físico-químicas (pH e turbidez) foi utilizada amostra diretamente dos frascos coletados para análise de clorofila (amostra de água da superfície da Lagoa). 3.1.3. Coleta das Amostras para Análises de Oxigênio Dissolvido (OD) O procedimento realizado nas análises de oxigênio dissolvido (OD) para amostras de água da Lagoa foram os mesmos de FUNASA (2006), no qual realizou- se com o auxílio de um coletor de OD, em frasco de D.B.O, imergindo-se o conjunto na água a ser amostrada, no mínimo 20 cm da superfície, a fim de não coletar amostra saturada e aerada, e aguardando o completo enchimento do conjunto. O frasco foi retirado do interior da garrafa coletora e tampado imediatamente, verificando se não ocorreu aprisionamento de bolhas de ar no interior do frasco. Ainda no local da coleta foi adicionado imediatamente 2mL de solução de sulfato manganoso e 2 mL de reagente alcalino-iodeto-azida (para preservar a amostra até a análise em laboratório) (APHA, 1998).
  • 15. 15 3.1.4. Coleta das Amostras para Análises Bacteriológicas Segundo FUNASA (2006), para coletas de amostras de água para análises bacteriológicas foi utilizado balde, coletando-se a amostra de água diretamente da superfície da Lagoa. Para evitar a contaminação do balde coletor e/ou da amostra de um ponto de coleta para o outro, o balde sempre foi lavado com a própria água do local a ser amostrado antes de se tomar a amostra. Foram utilizados frascos plásticos esterilizados para armazenamento das amostras. 3.2. Análise de pH Foi realizada pelo método eletrométrico (considerado padrão), que é praticamente isento de interferentes. O eletrodo foi colocado na amostra de água que mede diretamente o pH. Antes do uso, o equipamento foi calibrado com soluções – tampão padrão de pH apropriadas (APHA, 1998). O modelo do aparelho é DM-22, Digimed de propriedade do Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba. 3.3. Análise de Oxigênio Dissolvido Após a coleta, em laboratório, o frasco de DBO contendo a amostra preservada foi destampado cuidadosamente e adicionado 2 mL de fluoreto de potássio e 2 mL de ácido sulfúrico concentrado. O frasco foi fechado e agitado muito bem, por inversão, para dissolver completamente o material precipitado. Foram transferidos então 200 mL do conteúdo do frasco para um erlenmeyer de 500 mL. Em seguida, adicionou-se 1-2 mL de solução de amido e foi feita a titulação com tiossulfato de sódio a 0,025N até o desaparecimento da cor escura. A concentração de oxigênio dissolvido (em mg/L de O2) corresponde diretamente ao volume de tiossulfato de sódio gasto (em mL) (APHA, 1998).
  • 16. 16 3.4. Análise de Turbidez Foi realizada através de metodologia nefelométrica de Santos & Sobreira (2008), utilizando-se equipamento turbidimetro da marca HACH, modelo 2100 de propriedade do Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba. 3.5. Análise de Coliformes Termotolerantes (Fecais) Para a análise de determinação quantitativa de bactérias do grupo coliformes fecais (termotolerantes) foi realizada a técnica de fermentação em tubos múltiplos, utilizando meio A1 (APHA, 1988). Essa técnica, segundo APHA (1992), se processa uma única etapa e consiste na semeadura de volumes e diluições determinados em cinco tubos de meio A1 incubados a 35 ± 0,5ºC durante 3 horas. A seguir, ficam expostos a um período de 21 ± 2 horas a 44,5 ± 0,2ºC provocando um enriquecimento dos organismos fermentadores da lactose. Quando ocorre produção de gás, a partir da fermentação da lactose neste meio, obtêm-se o resultado confirmativo positivo para a presença de bactérias desse grupo. A densidade de coliformes fecais (termotolerantes) é expressa em NMP / 100 mL, a qual é determinada com o auxílio de uma tabela de número mais provável (NMP). 3.6. Análise da Clorofila A metodologia adotada, de acordo com APHA (1992), determina as concentrações de clorofila-a por meio de espectrofotômetro. Através das leituras das densidades ópticas obtidas em 2 comprimentos de onda (665 e 750 nm), permite demonstrar o potencial orgânico local de clorofila-a e o grau de eutrofização do ambiente aquático. O procedimento de filtração e extração da clorofila para leitura necessita ser realizado em ambiente escuro. A filtração (250 mL da amostra de água) é feita em filtros de fibra de vidro devidamente colocados em porta-filtros acoplados ao sistema
  • 17. 17 de bomba de vácuo. Logo após, lavou-se os porta-filtros com água destilada e colocou-se os filtros com o material filtrado em tubos de centrífuga, ao abrigo da luz. A extração dos pigmentos foi feita adicionando aos tubos 10mL de etanol 80%. Os tubos contendo os filtros foram, então, aquecidos em banho-maria a 75ºC por 5 minutos. Após o aquecimento, os mesmos tubos foram imediatamente resfriados em um recipiente contendo cubos de gelo moídos por mais 5 minutos e o extrato foi deixado em repouso por aproximadamente 15 horas em refrigeração (4ºC) (Norma Holandesa, 1981). Terminado o tempo de repouso, colocou-se o extrato em cubetas espectrofotométricas e o mesmo foi lido contra um branco de etanol 80% (Norma Holandesa, 1981). 3.7. Análise do Fitoplâncton e Contagem de Cianobactérias A análise qualitativa e quantitativa da comunidade fitoplanctônica foi realizada por método de concentração da amostra e observação em microscópio óptico. Essa análise envolve uma estimativa do número e/ou biomassa desses organismos por unidade de volume e do número de células de cianofíceas por mililitro de água. Para centrifugar a amostra a 2500 rpm durante 20 minutos foi colocado 10 mL da mesma em 2 tubos de centrífuga. Depois de centrifugada a amostra desprezou- se parte do sobrenadante de cada um dos tubos de acordo com orientações da Norma Técnica L5.303 da CETESB; juntou-se o conteúdo dos dois tubos de centrífuga e essa amostra concentrada foi colocada em câmara de Sedgwick-Rafter, para análise no microscópio. 4. ASPECTOS GEOGRÁFICOS DA ÁREA Os estudos de imageamento por sensoriamento remoto mostraram que a Lagoa do Parque da Rua do Porto, com cerca de 35 mil m², possui uma elongação E-W, com 486 metros em seu maior eixo e 103 metros de largura no extremo oeste e 50 no extremo leste. Está localizada a 130 metros do Rio Piracicaba, na margem esquerda, na extremidade de um meandro voltado para SSW.
  • 18. 18 As imagens também mostraram, através do satélite Landsat 7, de maio de 2003 (Figura 07), que a lagoa ocupa a planície aluvionar do rio, paralela as margens do mendro mais próximo, o que leva a interpretação de um meandro abandonado. Além disso, fica claro na imagem da Figura 07, a ausência de mata ciliar no entorno da lagoa, representada por pontos amarelos na mesma figura. Figura 7. Imagem do satélite Landsat 7, de maio de 2003, 4(B)7(G)8(R), com destaque para a área investigada. Os sedimentos da planície, segundo os dados de campo, corroborados com Machado et al. (2005), são os mesmos daquelas do rio Piracicaba, depósitos cenozóicos, arenosos e inconsolidados. Esses sedimentos ocorrem sobre rochas sedimentares (arenitos, siltitos e argilitos) do Grupo Itararé, de idade carbonífera, por vezes cortados por diques de diabásio da Formação Serra Geral (Cretáceo). De fato, segundo os mesmos autores, a presença das rochas do Grupo Itararé são aquelas responsáveis pela formação do Aqüífero Tubarão, cujo
  • 19. 19 potenciométrico, na área investigada, é na direção do Rio Piracicaba, e desta forma, controlam não só a vazão do rio mas também o volume de água da represa. Como o potencial de um aqüífero está relacionado com o volume de água meteórica é de se esperar um menor volume de água nos meses de estiagem, no caso de Piracicaba, clima tropical úmido, marcado por estações secas e úmidas, nos meses de julho a agosto. Ao contrário, com maior volume de água na lagoa, nos meses de dezembro a fevereiro, conforme demonstra a Tabela 1 cujos valores são apontados pelo Departamento de Ciências Exatas da ESALQ-USP. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO No ano de 2010, mesmo tendo sido um ano atípico, comparado com os anos anteriores, para índices pluviométricos, devido à estiagem que ocorreu no Sudeste do Brasil, podem ter seus dados comparados com a Tabela 1, que apresentam seus índices de precipitação, comparados com os meses de coletas do presente trabalho, maiores em Janeiro/2009 e Março/2009 e o menor índice em Julho/2009. Tabela 1. Médias de temperatura do ar e precipitação para Piracicaba no ano de 2009. Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano Temperatura máxima registrada (°C) 38,5 38,5 37,0 35,0 33,8 32,8 33,0 36,0 38,2 38,4 40,2 38,5 37,6 Temperatura máxima média (°C) 29,9 30,3 30,0 28,5 26,1 25,0 25,3 27,4 28,1 29,1 29,6 29,7 28,0 Temperatura mínima média (°C) 19,0 19,1 18,3 15,5 12,1 10,4 9,6 11,1 13,5 15,7 16,8 18,2 16,6 Temperatura mínima registrada (°C) 10,2 11,2 8,8 0,8 -0,2 -1,8 -1,8 -2,6 0,7 3,0 6,6 11,6 10,7 Precipitação (mm) 229,5 182,6 143,1 63,2 54,0 42,4 28,2 29,6 60,8 110,6 130,9 198,7 1273,3 Fonte: Departamento de Ciências Exatas. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/ USP.
  • 20. 20 Na Tabela 2 observa-se que os níveis de Oxigênio Dissolvido (OD) se apresentaram relativamente altos (≥ 5,0 mg/L) em todas as coletas realizadas, apesar de não ser prejudicial à vida encontrada nas águas analisadas, pois Santos & Reis apontaram que no local onde há despejo de efluentes contaminados o nível de OD diminui, o que não foi identificado no presente trabalho. Já os valores de pH da Lagoa, de uma forma geral, se mantiveram ligeiramente alcalino em todas as coletas realizadas (Tabela 2). Esses valores são considerados dentro do pedido pela Resolução nº 274/ 2000 do CONAMA (pH < 6,0 ou pH > 9,0), deste modo não lesam o ambiente aquático da Lagoa, o que corrobora com a conclusão de Rodrigues et.al. (2009), que defendem que águas com o pH levemente superior podem ser consideradas tipicamente alcalinas, sendo comum em águas naturais. Os resultados das análises de turbidez da água, de forma geral, se apresentaram relativamente baixos; entretanto, as análises realizadas em Setembro/2010 apresentaram valores de turbidez ligeiramente aumentados (Tabela 2), sendo as chuvas 24h antecedentes o motivo provável. Portanto não há danos para os organismos naturais da referida Lagoa. Os teores de clorofila-a se apresentaram bastante aumentados em todos os períodos e pontos amostrados. Comparando-se com os valores de referência da Tabela 5, a Lagoa estudada pode ser classificada como um ambiente eutrofizado (clorofila >10 µg/L). Essa informação está diretamente relacionada à densidade de organismos fitoplanctônicos observados. Observa-se também a presença de cianobactérias nas águas da Lagoa, com densidades mais elevadas na coleta de Janeiro/2010 (Tabela 3). Essa elevada densidade de algas também está relacionada aos valores relativamente altos de pH e teores elevados de OD. Com relação ao parâmetro coliformes termotolerantes (fecais), de uma forma geral, nos meses de Março/2010 e Setembro/2010 (Tabela 4), observa-se valores acima do limite máximo permitido pela Resolução CONAMA 274/2000 (> 1000 NMP/100 mL). Isso se deve a ocorrência de chuvas nas 24h antecedentes a coleta (que também pode ser evidenciado pelo aumento da turbidez da água), o que
  • 21. 21 também foi verificado por Costa & Mendoza-Sassi (2007), apesar de no trabalho citado a diferença ter sido não estatisticamente significante. A Lagoa, além de fazer parte do reservatório de água subterrâneo do Rio Piracicaba, faz parte da área de várzea desse Rio, portanto quando ocorrem enchentes, há a mistura da água do Rio de Piracicaba com a da Lagoa. Tendo as águas do Rio Piracicaba níveis de poluição elevados, estas vão contaminar as águas da Lagoa. Além disso, pode haver contaminações da montante nos lençóis freáticos da Lagoa, o que também influência na contaminação. Como a Lagoa discutida é considerada pequena, pode haver concentrações maiores de coliformes termotolerantes (fecais) em alguns pontos de coleta, como mostram as Figuras 8; 9; 10; 11 e 12.
  • 22. 22 Tabela 2. Resultados das análises físico-químicas (pH, O.D. e turbidez), amostras coletadas na Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP. Mês de Coleta Ponto 1 Ponto 3 Ponto 5 pH O.D. (mg/L O2) Turbidez (NTU) pH O.D. (mg/L O2) Turbidez (NTU) pH O.D. (mg/L O2) Turbidez (NTU) Janeiro/2010 7,8 * 23,2 8,1 * 20,4 7,9 * 19,2 Março/2010 * * * * * * * * * Maio/2010 8,5 8,7 11,1 8,4 6,1 13,7 8,3 * 10,9 Julho/2010 * * * * * * * * * Setembro/2010 8,6 5,8 27,0 8,6 5,3 35,6 8,6 5,0 26,4 Parâmetros pH: < 6,0 ou > 9,0 OD: < 6,0 mg/L O2 Turbidez: > 40 NTU *Análise não realizada Tabela 3. Resultados das análises hidrobiológicas (clorofila-a, fitoplâncton total e células de cianobactérias/ mL), amostras coletadas na Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP. Mês de Coleta Ponto 1 Ponto 3 Ponto 5 Clorofila-a (µg/L) Fitoplâncton Total (nº org/mL) Cél. Cianobac. /mL Clorofila-a (µg/L) Fitoplâncton Total (nº org/mL) Cél. Cianobac. /mL Clorofila-a (µg/L) Fitoplâncton Total (nº org/mL) Cél. Cianobac. /mL Janeiro/2010 50,0 9600 41000 59,8 12000 62000 45,5 12000 44000 Março/2010 * * * * * * * * * Maio/2010 62,9 12000 1900 101,8 12000 150 57,6 13100 950 Julho/2010 66,1 13500 5100 107,1 17700 1400 79,5 * * Setembro/2010 159,8 * * 165,6 * * 187,0 * * Parâmetros Clorofila-a: > 10 µg/L Cianobactérias: 20.000 cel/ mL *Análise não realizada
  • 23. 23 Tabela 4. Resultados das análises de coliformes termotolerantes (fecais)- NMP /100mL, amostras coletadas em 5 pontos da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP. Mês da Coleta Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Janeiro/2010 30 350 170 1600 170 Março/2010 1700 3000 9000 9000 5000 Maio/2010 900 1700 300 110 500 Julho/2010 170 300 40 900 500 Setembro/2010 2200 16000 5000 3000 9000 Parâmetros <1000 NMP/ 100mL
  • 24. 24 Figura 8. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Janeiro/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP. Figura 9. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Março/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
  • 25. 25 Figura 10. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Maio/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP. Figura 11. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Julho/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP.
  • 26. 26 Figura 12. Coliformes termotolerantes (fecais)- NMP/100mL, de Setembro/2010 nos 5 pontos de coleta da Lagoa do Parque da Rua de Porto, Piracicaba- SP. 6. CONCLUSÃO Apesar da ocorrência eventual de problemas de qualidade da água da Lagoa do Parque da Rua do Porto, pode-se considerá-la própria a sua condição de balneabilidade. Os problemas de qualidade verificados estão relacionados principalmente com a ocorrência de chuvas nos dias que antecederam as coletas e que levaram ao aumento da turbidez e dos níveis de coliformes termotolerantes. Importante destacar também a presença eventual de cianobactérias nas águas da Lagoa, que também podem representar risco à saúde de seus usuários. Portanto, é necessário que haja avaliações periódicas da qualidade da água da Lagoa do Parque da Rua do Porto comparando-a e adequando-a com o que rege a Resolução nº 274/ 2000 do CONAMA.
  • 27. 27 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUDO, E. G. (coord). et al. Guia de coleta e preservação de amostras de água. São Paulo, CETESB, 1987. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water wastewater. 20th edithion. Washington. APHA. 1998. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 18 ed. Washington. APHA. 1992. CETESB. Determinação de Fitoplâncton de água doce: métodos qualitativo e quantitativo. São Paulo, Julho/1991 (Norma Técnica L5.303). CETESB. Determinação de pigmentos fotossintetizantes clorofila-a, b e c e feofitina-a. São Paulo, 1990 (Norma Técnica L5.306). CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº 274/ 2000. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/praias/res_conama_274_00.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2010. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n°357/ 2005. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/praias/res_conama_357_05.pdf>. Acesso em 22 ago. 2010. COSTA, C.F.S. DA; MENDOZA-SASSI, R.A. Identificação de patógenos humanos nas águas que margeiam a cidade do Rio Grande/ RS. Revista Baiana de Saúde Pública. Salvador, 2007. P. 203- 213. Departamento de Ciências Exatas. ESALQ-USP. Disponível em: <http://ce.esalq.usp.br/>. Acesso em: 14 nov. 2010.
  • 28. 28 DI BERNARDO, L. Algas e suas influências na qualidade das águas e nas tecnologias de tratamento. Rio de Janeiro, ABES, 1995. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Decreto nº 8.468 de 8 de setembro de 1976. 1976. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Servicos/licenciamento/postos/legislacao/Decreto_Esta dual_8468_76.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2010. Fundação Nacional de Saúde. Cianobactérias Tóxicas na Água para Consumo Humano na Sáude Pública e Processos de Remoção em Água para Consumo Humano. Brasília: Ascom, 2003. 56 p. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análises de água. 2ª ed. rev. - Brasília, FUNASA, 2006. 147 p. LIGHTFOOT, N.F.; MAIER, E.A. Análise Microbiológica de Alimentos e Água. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. 284 p. MACHADO, F.B.; NARDY, A.J.R.; MELLO, R.P.; OLIVEIRA, M.A.F. DE; SQUISATO, E. As Rochas Intruvisas da Formação Serra Geral na Porção Leste da Bacia do Paraná no Estado de São Paulo: Aspectos Petrográficos e Geoquímicos- Resultados Preliminares. Geociências (São Paulo), Rio Claro (SP), v. 24, n. 1, p. 5- 18, 2005. Norma Holandesa (Nederlandse Norm – NEN 6520, 1981), baseada em NUSCH & PALME (1975), MOED & HALLEGRAEFF (1978) E NUSCH (1980). PELCZAR JUNIOR, J.M.; CHAN, E.C.S.; KRIEG, N.R. Microbiologia: conceitos e aplicações. 2.ed. São Paulo: Makron books, 1996. 517 p. 2 v. RODRIGUES, J.R.D.D.; JORGE, A.O.C.; UENO, M. Avaliação da qualidade das águas de duas áreas utilizadas para recreção do Rio Piracuama/ SP. 2009. ROITMAM, I; TRAVASSOS, L.R. Tratado de Microbiologia. Vol. 1. São Paulo: Manole, 1987.
  • 29. 29 SANTOS, C. A.; SOBREIRA, F. G. Análise morfométrica como subsídio ao zoneamento territorial: o caso das bacias do Córrego Carioca, Córrego do Bação e Ribeirão Carioca na região do Alto Rio das Velhas – MG. Revista Escola de Minas. Ouro Preto, 61 (1): 77-85, 2008. SANTOS, C.R.; REIS, R.S. Avaliação do grau de poluição do Riacho Cruz das Almas e suas implicações na balneabilidade da praia. Maceió. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 212 p. SILVA, J.C. DA; SANTANA, H.S.; ITO, S.I. Impacto Causado pela Eutrofização num Lago Urbano em Guarulhos- Perspectiva de Manejo. Guarulhos, 2010. SILVA JUNIOR, E.A. DA. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos. São Paulo: Varela, 1995. 475 p. VALIM, P.C.N. Avaliação das Condições de Balneabilidade do Rio São Francisco em Pirapora (MG). Pirapora, 2010. VASÍLIO, V.A.A. Balenabilidade, índice de qualidade da água e bioensaios de toxicidade nas praias do Reservatório de Ilha Solteira/ SP. Ilha Solteira, 2006.
  • 30. 30 8. ANEXO 8.1. CONCEITOS 8.1.1. Potencial Hidrogênionico (pH) O pH (potencial hidrogêniônico) representa, no meio líquido, a intensidade das condições ácidas ou alcalinas por meio da medição da presença de íons hidrogênio (H+ ). O valor do pH, que para a salubridade da vida aquática deve se encontrar na faixa de 6 a 9, influi na distribuição das formas livre e ionizada de diversos compostos químicos, além de contribuir para um maior ou menor grau de solubilidade das substâncias e de definir o potencial de toxicidade de vários elementos (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006). 8.1.2. Turbidez Havendo presença de materiais em suspensão na água, pode ocorrer interferências que diminuem a transparência e reduzem a passagem de luz através desta. A medida do grau dessa interferência pode ser definida como turbidez da água. Essa turbidez pode ser reduzida por sedimentação (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006). 8.1.3. Oxigênio Dissolvido (O.D.) O oxigênio dissolvido (OD) permite que os compostos químicos encontrados na água se precipitem, armazenando-se no fundo da Lagoa. Quando não há quantidades suficientes de OD (anaerobiose) esses compostos químicos se encontram não oxidados, disponibilizando essas substâncias químicas para assimilação pelos organismos que sobrevivem no ambiente (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006). 8.1.4. Fitoplâncton Uma das principais comunidades que habitam o ambiente aquático é o fitoplâncton (algas e bactérias). Como vivem em suspensão na água por não terem
  • 31. 31 movimentação própria, podem interferir na turbidez da mesma. Podem interferir também no OD da água por serem organismos que produzem oxigênio (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006). 8.1.5. Cianobactérias Alguns gêneros de cianobactérias podem produzir toxinas irritantes ao contato. Essas toxinas são conhecidas como cianotoxinas e seu contato pode ocorrer devido à ingestão de água, contato em atividades de recreação no ambiente, ou por consumo de pescado contaminado (Fundação Nacional de Saúde, 2003). 8.1.6. Clorofila-a A clorofila-a é a mais comum dentre os tipos de clorofila e é comumente encontrada em algas planctônicas, assim, é considerada um ótimo indicador da biomassa das algas encontradas nos corpos d’água, propiciando a visualização do grau de eutrofização do meio (Tabela 1) (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006). Tabela 5. Estado Trófico em função da concentração de Clorofila-a. Estado Trófico Concentração de clorofila-a (µg/L) Oligotrófico 0 a 4 Mesotrófico 4 a 10 Eutrófico > 10 Fonte: Di Bernardo: Algas e suas influências na qualidade das águas e nas tecnologias de tratamento. 8.1.7. Coliformes Termotolerantes As bactérias coliformes são o mais importante organismo indicador de organismos patogênicos. Essas bactérias são provenientes da contaminação da água por fezes, são facilmente identificáveis e habitam naturalmente o intestino de animais (inclusive o ser humano), sendo, portanto, um grande apontador da presença de esgotos domésticos na água (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006).
  • 32. 32 8.1.8. Organismos Patogênicos Os organismos patogênicos é um dos contaminantes de maior importância, e a ocorrência de enfermidades decorrentes principalmente pela ingestão de águas contaminadas, chamadas de enfermidades de veiculação hídrica, pela presença de microorganismos patogênicos, geralmente de origem fecal, pode ser minimizada ou mesmo evitada mediante práticas adequadas de saneamento (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006). 8.1.9. Águas destinadas à balneabilidade As águas destinadas à balneabilidade podem ser doces, salobras ou salinas. Sua condição é avaliada e então dividida em duas categorias (CONAMA, Resolução 274/ 2000). 8.1.9.1. Águas próprias A primeira categoria se refere à condição chamada própria, que por sua vez é subdividida em excelente, muito boa e satisfatória, de acordo com a quantidade de coliformes fecais, Escherichia coli e enterococos, encontrados em amostras colhidas no local, conforme dispõe o artigo 2º da Resolução 274/ 2000 do CONAMA: Art. 2º. As águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade (recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias própria e imprópria. § 1º. As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias: a) Excelente: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 Escherichia coli ou 25 enterococos por l00 mililitros; b) Muito Boa: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 400 Escherichia coli ou 50 enterococos por 100 mililitros;
  • 33. 33 c) Satisfatória: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo 1.000 coliformes fecais (termotolerantes) ou 800 Escherichia coli ou 100 enterococos por 100 mililitros. § 2º. Quando for utilizado mais de um indicador microbiológico, as águas terão as suas condições avaliadas, de acordo com o critério mais restritivo. 8.1.9.2. Águas impróprias A segunda categoria de definição de tal água é a de imprópria, nos casos em que se verificarem as ocorrências dispostas no artigo 4º da mesma Resolução, in verbis: § 4º. As águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado, for verificada uma das seguintes ocorrências: a) não atendimento aos critérios estabelecidos para as águas próprias; b) valor obtido na última amostragem for superior a 2500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100 mililitros; c) incidência elevada ou anormal, na Região, de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias; d) presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação; e) pH < 6,0 ou pH > 9,0 (águas doces), à exceção das condições naturais; f) floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não oferecem riscos à saúde humana; g) outros fatores que contra-indiquem, temporária ou permanentemente, o exercício da recreação de contato primário. § 5º. Nas praias ou balneários sistematicamente impróprios, recomenda-se a pesquisa de organismos patogênicos. 8.1.9.3. Interdição de Balneários Há a possibilidade de justificável interdição dos balneários, realizada pelos órgãos de controle ambiental, nos casos em que houver má qualidade das águas a
  • 34. 34 torná-las impróprias para recreação, bem como se ocorrer alta toxicidade ou formação de natas devido à floração de algas e outros eventos de mesmo nível, conforme exposto no artigo 3º e seus parágrafos, da referida Resolução, transcritos a seguir: Art. 3º. Os trechos das praias e dos balneários serão interditados se o órgão de controle ambiental, em quaisquer das suas instâncias (municipal, estadual ou federal), constatar que a má qualidade das águas de recreação de contato primário justifica a medida. § 1º. Consideram-se ainda, como passíveis de interdição os trechos em que ocorram acidentes de médio e grande porte, tais como: derramamento de óleo e extravasamento de esgoto, a ocorrência de toxicidade ou formação de nata decorrente de floração de algas ou outros organismos e, no caso de águas doces, a presença de moluscos transmissores potenciais de esquistossomose e outras doenças de veiculação hídrica. § 2º. A interdição e a sinalização, por qualquer um dos motivos mencionados no caput e no § 1º deste artigo, devem ser efetivadas, pelo órgão de controle ambiental competente. Tais ações e avaliações serão realizadas pelos órgãos de controle ambiental competentes, como dispõe o artigo 9º da Resolução: Art. 9º. Aos órgãos de controle ambiental compete a aplicação desta Resolução, cabendo-lhes a divulgação das condições de balneabilidade das praias e dos balneários e a fiscalização para o cumprimento da legislação pertinente.