Apresentação realizada em março de 2016 para a reunião do Conselho de Meio Ambiente (COEMA) da Confederação Nacional da Indústria - CNI, descreve a situação da bioinvasão com o coral sol
1. INVASÃO DO CORAL SOL NO
BRASIL: O QUE PODE SER FEITO?
CONSELHO TEMÁTICO DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
REGIONAL NORDESTE
Apresentação da 20a Reunião do COEMA – Regional Nordeste/CNI
Março de 2016
Pablo Alejandro Cotsifis
Biólogo, MSc.
Biomonitoramento e Meio Ambiente LTDA
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2. O CORAL SOL
• No Brasil, invasão
de duas espécies:
– Tubastrea coccinea –
cosmopolita
– Tubastrea tagusensis
– endêmica das Ilhas
Galápagos
TUBASTREA COCCINEA
TUBASTREA TAGUSENSIS 2
4. ALGUNS IMPACTOS ATRIBUÍDOS
• Coral não realiza fotossíntese: Compete com a fauna
nativa pelo alimento;
• Pode afetar recursos pesqueiros/segurança alimentar;
• Ciclo de vida adaptado para crescimento e reprodução
rápida;
• Populações podem expandir rapidamente;
• Reprodução pode ser desencadeada por estresse
ambiental.
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5. ALGUNS IMPACTOS ATRIBUÍDOS
• Larvas se fixam rapidamente, mas
resistem por vários dias no mar
(Da Silva et. al., 2014);
• Tende a se fixar facilmente em
substratos artificiais;
• Produz substâncias tóxicas que
inibem predadores e ataca
competidores pelo espaço no
substrato (Lages et. al., 2010).
• Modifica a biodiversidade das
áreas invadidas.
Efeito do coral sol sobre Mussismilia. Fonte:
Creed, 2006.
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6. DISTRIBUIÇÃO ATUAL NO BRASIL
• Primeiro registro – 1980
(Bacia de Campos);
• Década de 90 – Ilha
Grande (RJ);
• Distribuição atual (Da
Silva et. al., 2014): São
Paulo, Espírito Santo,
Santa Catarina e Bahia;
• Cobre cerca de 2.000km
de costa. Distribuição do coral sol no Brasil. Fonte: Projeto
Coral Sol, 2011
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7. BIOINVASÃO – ILHA GRANDE (RJ)
Bioinvasão do coral sol na Ilha
Grande (RJ) entre os anos 2000
e 2011 (Da Silva et. al., 2014)
DOMINANTE
ABUNDANTE
FREQUENTE
OCASIONAL
RARO
2000
2004
2010
2011
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FONTE: DA SILVA ET. AL., 2014
8. BAÍA DE TODOS OS SANTOS (BA)
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FONTE: MIRANDA ET. AL., 2012 E ECOMON, 2015.
9. TÉCNICAS DE REMOÇÃO
• Principal abordagem: retirada manual;
• Risco de liberação de gametas;
• Medidas para reduzir riscos (sacos plásticos + água doce).
• Pesquisas com uso de biotecnologia (compostos
antiincrustantes) (Fonte: Coutinho – IEAPM, 2014);
• Dada a ampla distribuição atual do coral sol, será possível
erradicar o invasor?
• Erradicação completa é improvável!
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FONTE: PROMAR, 2015
10. VETORES DE INTRODUÇÃO
• Principais vetores: águas de lastro e bioincrustações;
• Água de lastro: o principal controle é a Normam
20/DPC;
• Navios modernos já tem tecnologia para tratamento da
água de lastro;
• Para bioincrustações: uso de tintas antincrustantes;
• Risco aumenta para estruturas que permanecem por
longos períodos no mar sem manutenção.
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11. PONTOS FOCAIS DE INTRODUÇÃO
• Pontos focais de
introdução de
bioinvasões:
– Portos;
– Marinas;
– Estaleiros;
– Terminais.
• Correlação negativa entre
aumento de distância de
pontos de introdução e
abundância do coral sol.
Distance (km)
RESULTADOS PARA O ANCORADOURO DO BANANAL
– ILHA GRANDE. FONTE: DA SILVA ET. AL., 2014.
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12. O QUE PODE SER FEITO?
• Responsabilidade e controle compartilhados entre
operadores de portos, terminais, marinas,
estaleiros, armadores, etc.;
• Adoção de Estratégias conjuntas (operadores,
Marinha, academia e comunidade) visando:
– Dimensionar impactos - Estudar interações ecológicas
do coral sol em áreas invadidas;
– Controlar a expansão - Ações periódicas de limpeza e
monitoramento de pontos focais de invasão;
– Proteção - Ações de proteção de áreas
protegidas/sensíveis;
– Redução dos riscos - Protocolos de limpeza de cascos,
tecnologias de tratamento de água de lastro e
intensificação da fiscalização da Normam 20/DPC.
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13. PESQUISA ACADÊMICA
• Pesquisa de interações com a fauna nativa,
para estudar reais impactos do invasor para:
– Fauna nativa incrustante (bentos);
– Peixes;
– Plâncton.
• Estudar a tolerância ambiental do coral sol;
• Estudar novas técnicas de controle do invasor.
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14. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE
• Controle de expansão e proteção:
remoção em pontos focais de invasão e
áreas sensíveis;
• Monitoramento: Pontos focais de invasão
e áreas sensíveis (ex: Protocolo CRIMP
(Hewitt & Martin, 2001);
• Procedimentos de mitigação de risco:
Ações de controle na origem, tratamento
da água de lastro e atendimento à
legislaçao de controle (Normam 20/DPC).
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15. ZONAS DE RISCO EM INSTALAÇÕES
ÁREAS PRIORITÁRIAS DE MONITORAMENTO EM INSTALAÇÕES P/DETECÇÃO DE BIOINVASÕES.
FONTE: HEWITT & MARTIN, 2001.
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17. CONTROLE EM ÁREAS CRÍTICAS
• Uso de método adequado para remoção;
• Áreas alvo:
– Portos;
– Terminais (TUPs);
– Estaleiros;
– Marinas;
– Monobóias;
– Estruturas submersas (dutos);
– Areas sensíveis (Unidades de Conservação
Marinhas, Recifes de Coral).
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18. PROTOCOLOS PARA MITIGAR RISCOS
• Atendimento da Normam 20/DPC;
• Limpeza de cascos na origem;
• Tratamento das águas de lastro;
• Tecnologias disponíveis;
• Dificuldades logísticas, financeiras e operacionais;
• Consequências de não fazer:
– Riscos jurídicos;
– Riscos de imagem;
– Prejuízos financeiros,
• Análise de custo/benefício, considerando possíveis
prejuízos da ausência de ações de mitigação e
controle (crime ambiental);
• Riscos para a aprovação de financiamentos (Princípios
do Equador).
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19. MÉTODOS DE LIMPEZA DE CASCOS
• Imersão em água doce;
• Limpeza em dique seco;
• Limpeza mecânica (raspagem);
• Limpeza mecânica (raspagem) com
tratamento e separação de resíduos.
• Uso do controle contratual (exigências
contratuais para fornecedores).
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20. IMERSÃO EM ÁGUA DOCE
• Possível uso de rios – nem sempre viável;
• Uso de diques inundados - dependendo
do tipo da embarcação pode ser inviável.
• Precisaria haver uma rede desses diques
ao longo da costa;
• Custos adicionais envolvidos;
• Apresenta grande dificuldade de
implementação efetiva e custos muito
elevados.
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21. LIMPEZA EM DIQUE SECO
• Procedimento caro e
demorado;
• Limitações de
disponibilidade de
diques e espaço;
• Baixa viabilidade.
LIMPEZA EM DIQUE SECO. FONTE: IEAPM, 2014.
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22. LIMPEZA MECÂNICA
• Lixadeira pneumática submersa operada por mergulhador;
• Desvantagens:
– Os resíduos caem no mar;
– Riscos operacionais (acidentes).
• Considerado viável apenas em águas profundas e afastadas
da costa.
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23. LIMPEZA MECÂNICA E TRATAMENTO
• Lixadeira pneumática acoplada a sistema de tratamento;
• Vantagens: remoção e destinação adequada dos resíduos sólidos
e tratamento da água (UV);
• Desvantagens: requer área de apoio em terra.
• Indicado para limpeza de cascos em instalações próximas a áreas
sensíveis.
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24. CONTROLE CONTRATUAL
• Para reduzir riscos de bioinvasões pode-
se usar cláusulas contratuais;
• Solicitação de casco limpo, como pré-
condição contratual, com limpeza do
casco no porto de origem.
• Provável aumento no custo dos
contratos.
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25. TRATAMENTO DA ÁGUA DE LASTRO
• O Brasil é signatário da convenção para o Controle e
Gerenciamento da Água de Lastro e Sedimentos (IMO, 2004);
• Normam 20/DPC permite a não execução da troca em caso
de ameaça à integridade/segurança da embarcação;
• A troca no ambiente marinho não é 100% segura (Tsolaki e
Diamadopoulos, 2010);
• Tratamento em terra ou a bordo das embarcações;
• Métodos:
– Separação física;
– Métodos mecânicos;
– Métodos químicos.
• Tratamento a bordo preferível sobre tratamento em terra.
• Por exigência da IMO, em 2016 (este ano) os navios tem que
possuir capacidade de tratamento da água de lastro!
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27. CONCLUSÕES
• Dada a extensão geográfica, erradicação do
coral sol no Brasil é considerada impossível;
• Reponsabilidade pela mitigação deve ser
compartilhada, visando:
– Estímulo à pesquisa para determinar reais
impactos;
– Ações de monitoramento e controle tendo como
foco áreas focais de introdução e áreas sensíveis;
– Criação de protocolos e procedimentos para o
controle das bioincrustações na origem e
tratamento da água de lastro;
– Intensificação da fiscalização do atendimento à
Normam 20/DPC.
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28. OBRIGADO !
• Pablo Alejandro Cotsifis /
Biomonitoramento e Meio Ambiente LTDA.
• E-mail: bma@biomon.com.br
• Telefax: (71) 3245 3100
• Celular: (71) 99145 1476
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29. REFERÊNCIAS CONSULTADAS
• CREED, J.C. Ameaça do Coral Exótico Nocivo Tubastrea spp. (Coral Sol) à Zona Costeira Marinha da Baía de Todos os
Santos (BA). Laboratório de Ecologia Marinha Bêntica. Departamento de Ecologia. Instituto de Biologia Roberto
Alcântara Gomes. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Parecer Técnico 001/2012. Projeto Coral Sol.
• DA SILVA, A.G.; DE PAULA, A.F.; FLEURY, B.G.; CREED, J.C. Eleven Years of Range Expansion of Two Invasive Corals
(Tubastrea coccinea e Tubastrea tagusensis) through the Southwest Atlantic (Brazil). Estuarine, Coastal and Shelf
Science. 141, 2014, 9-16.
• ECOMON. Análise de Alternativas de Limpeza de Embarcações na Área do Estaleiro Enseada Indústria Naval.
Relatório Ecomon 42/15. Novembro de 2015.
• HEWITT, C.L.; MARTIN, R.B. Revised Protocols for Baseline Port Surveys for Introduced Marine Species: Survey
Design, Sampling Protocols and Specimen Handling. Centre for Research on Introduced Marine Pests. CSIRO
Marine Research, Hobart, Tasmania. Technical Report no 22. April, 2001.
• IEAPM - Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM). O uso da Biotecnologia Marinha no
controle do Coral Sol. 2014.
• IMO. International Convention for the Control and Management of Ship´s Ballast Water and Sediments (BWM).
2004.
• LAGES, B.F.; FLEURY, B.G.; PINTO, A.C.; CREED, J.C. Chemical defences against generalist fish predators and fouling
organisms in two invasive ahermatypic corals in the Genus Tubastrea. Marine Ecology (31). 473-482. 2010.
• MIRANDA, R.J., PORTO, L.; CRUZ, I.C.S.; BARROS, F. Coral Invasor Tubastrea spp. em Recifes de Corais e Substratos
Artificiais na Baía de Todos os Santos (BA). Congresso Brasileiro de Oceanografia, 2012, CBO, 2012. Rio de Janeiro.
• MIZRAHI, D. Influência da Temperatura e Luminosidade na Distribuição da Espécie Invasora Tubastrea coccinea na
Região de Ressurgência de Arraial do Cabo-RJ. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Centro de Ciências da
Saúde. Instituto de Biologia. Programa de Pós Graduação em Ecologia. 2008.
• TSOLAKI, E.; DIAMADOPOULOS, E. Technologies for Ballast Water Treatment: A Review. Journal of Chem. Technol.
Biotechnology.. 85. 19-32. 2010.
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