A entrevista discute a aquisição da Cooper Industries pela Eaton, como complementar os produtos de ambas as empresas e expandir a presença global da Eaton. O representante da Eaton em Portugal explica como a fusão permitirá à empresa oferecer soluções completas de gestão e distribuição de energia. A estratégia de marketing futura incluirá focar-se em mercados emergentes para contornar a crise económica.
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construção, uma das áreas que mais tem so-
frido desde 2009, o efeito negativo é imediato.
Por outro lado temos notado alguma agitação
na área da reabilitação urbana embora muito
ténue, e ainda exportações sobretudo para os
PALOPs que, de alguma forma, têm contribui-
do positivamente para atenuar a quebra do
mercado interno.
“enorme sensibilidade para
a poupança de energia”
oe: A Eaton passa a mensagem de que
esta é uma empresa com uma grande he-
rança de inovação. Em que se baseia este
conceito?
JC: A Eaton possui vários centros de inovação
espalhados por todo o mundo. Estes dedi-
cam-se em exclusivo a melhorar a eficiência,
tecnologia e aspetos ambientais dos produ-
tos. Atualmente, a Eaton possui 6665 paten-
tes em todo o mundo. A título de exemplo, a
Eaton desenvolve e comercializa produtos de
João Cabrita Country Sales Manager
da Eaton em Portugal
A Eaton adquiriu no
final de 2012 a Cooper
Industries, uma
sinergia que resultou
numa maior oferta ao
mercado. João Cabrita,
Country Sales Manager
da Eaton em Portugal
explicou à revista “o
eletricista” a essência
e os objetivos da marca
que representa e o que
mudou e ainda está
a mudar depois da
fusão com a Cooper
Industries. A estratégia
de marketing para
o futuro, numa área
que sente a crise, foi
igualmente abordada.
Revista “o electricista” (oe): Como cara-
teriza o mercado de distribuição de ma-
terial elétrico e automação em Portugal e
no resto do mundo?
João Cabrita (JC): Para a Eaton, a distribui-
ção de material elétrico é o canal de vendas
por excelência. Estes trazem grande valor
acrescentado pela disponibilidade de produ-
to no mercado, a somar à proximidade com o
cliente final e o crescente know-how interno,
tornando-os hoje praticamente autónomos,
mesmo na definição de alguns sistemas que
envolvem alguma complexidade técnica.
Esta tendência é seguida um pouco por todo
o mundo onde, pelos motivos apontados, os
distribuidores têm tido um papel fundamen-
tal. No caso da Eaton em Portugal quase a
totalidade das vendas são feitas através dos
nossos distribuidores.
oe: A atual crise económica é sentida
também nesta área?
JC: Sim, bastante. Se considerarmos que o
nosso setor está totalmente dependente da
Média Tensão livres de SF6 resultado do res-
peito pelas questões ambientais. Produzimos
sistemas de controlo de iluminação que
reduzem em 30% o consumo de energia.
Produzimos iluminação interior em LED que
podem proporcionar poupanças até 80% com
uma durabilidade de 50 000 horas. As UPSs
Eaton Power Xpert®
9395 têm 99% de efici-
ência, a melhor em aplicações industriais. E
existiriam muitos outros exemplos.
“os distribuidores têm tido um
papel fundamental”
por Helena Paulino
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Também na área da
Iluminação normal e de
emergência, o recurso
à tecnologia dos LEDs,
que representa já uma
grande fatia no total das
vendas, tem contribuido
muito positivamente para
a eficiência elétrica das
instalações.
oe: A eficiência energética é, cada vez
mais, um ponto importante para os con-
sumidores. O que faz a Eaton na distri-
buição dos produtos e contacto com for-
necedores e clientes para contribuir para
uma maior eficiência energética?
JC: Sobretudo, prestamos especial atenção à
conceção de produtos cada vez mais eficien-
tes. O caso das UPSs é um exemplo onde nos
últimos anos, recorrendo a tecnologias cada
vez mais avançadas, conseguiu-se otimizar
os produtos ao máximo em termos de consu-
mo com a eliminação quase total da energia
reativa. Também na área da iluminação nor-
mal e de emergência, o recurso à tecnologia
dos LEDs, que representa já uma grande fatia
no total das vendas, tem contribuido muito
positivamente para a eficiência elétrica das
instalações.
oe: Sentem, igualmente, do lado dos con-
sumidores e dos fornecedores de mate-
rial elétrico e de automação uma preocu-
pação com a redução dos consumos?
JC: Sim, sem dúvida. Atualmente existe uma
enorme sensibilidade para a poupança de
energia, não só pela fatura de energia como
pela fiabilidade e longevidade dos produtos
com estas novas tecnologias. Também a
produção em massa tem permitido aos fa-
bricantes praticarem preços mais acessíveis,
proporcionando ao cliente um retorno do in-
vestimento relativamente rápido.
Crescimento e visibilidade
com a Cooper Industries
oe: Recentemente adquiriram a Cooper
Industries. Esta sinergia já estava plane-
ada há algum tempo?
JC: Esta aquisição começou a ser planeada
na primavera do ano passado culminando
em novembro de 2012. Houve um período de
“namoro” e a decisão final deveu-se ao facto
de não existirem conflitos nas gamas de pro-
dutos, pois são perfeitamente complemen-
tares, e também para aproveitar as sinergias
comerciais entre as duas empresas.
oe: O que vai ganhar a Eaton com esta
aquisição?
JC: Na medida em que há uma perfeita siner-
gia entre as duas empresas, com a Eaton bem
posicionada na área da gestão e qualidade de
energia e a Cooper Industries com uma po-
sição muito forte a nível mundial na distri-
buição em Alta Tensão, redes inteligentes e
a jusante nos componentes, produtos para
atmosferas perigosas, especialmente para
áreas ATEX. A Cooper Industries está muito
focada no mercado dos EUA e na área da ilu-
minação de emergência posiciona-se muito
bem na Europa. Perante isto, o nosso objetivo
passa por oferecer soluções para toda a ca-
deia entre a central de geração de energia até
ao interruptor instalado em casa para acen-
der a lâmpada.
A aquisição da Moeller em 2007 permitiu
‑nos uma maior visibilidade no mercado eu-
ropeu, e com esta nova aquisição teremos
mais peso nos mercados internacionais com
os principais players na área de gestão e dis-
tribuição de energia.
oe: Os mercados onde atuam irão certa-
mente aumentar com este complemen-
to da Cooper. Qual a vossa estratégia de
apresentação ao mercado?
JC: A Eaton irá apresentar-se como um dos
maiores fabricantes à escala global de ma-
terial elétrico. Com a aquisição da Cooper
conseguimos estar presentes em mais de
170 países, com uma estratégia de sinergia
comercial, garantindo uma visibilidade adi-
cional à “Nova Eaton”.
“fazer apostas em
mercados emergentes”
oe: As marcas que comercializam contri-
buem para o sucesso da Eaton?
JC: O portefólio de produtos que temos hoje
permite-nos uma abrangência de mercado
completa, e assim podemos oferecer aos
nossos clientes soluções integradas. Desde
simples aplicações residenciais até comple-
xos sistemas de automação em ambientes
industriais. Cada marca que compõe hoje o
Universo Eaton tem uma contribuição vital
para que isto seja possível.
oe: Em que se baseiam para escolher as
marcas distribuídas pela Eaton?
JC: A Eaton ganhou mais notariedade com
aquisições relativamente recentes como é o
caso das UPSs monofásicas MGE e com a
alemã Moeller. Em 2012, a Cooper represen-
tou a maior aquisição na história da Eaton.
Os critérios de aquisição são variados como
complementaridade com produtos existen-
tes, níveis de qualidade, penetração da mar-
ca nas diversas regiões, potencial de cresci-
mento. Saliento o rigoroso cuidado de, após
a aquisição, manter o enfoque no cliente,
na melhoria técnica e competitividade dos
produtos.
oe: O que espera para o futuro da Eaton
e qual a estratégia de marketing para su-
plantar a crise económica mundial?
JC: A Eaton, com a aquisição da Cooper, for-
taleceu a sua posição a nível mundial sendo
hoje uma empresa com faturação a rondar os
29 biliões de dólares. O declínio do mercado
está de facto a afetar todos. Neste sentido, a
Eaton, estando presente em mais de 170 pa-
íses, vai fazer apostas fortes em mercados
emergentes e ganhar posição em mercados
mais maduros e estagnados por via das si-
nergias com a Cooper.