Kitsch é um termo usado para designar objetos baratos e de mau gosto que copiam referências culturais sem qualidade. Embora o kitsch se apresente como artístico, raramente possui características intrínsecas. É um produto da cultura de massa associado à classe média, mas também influenciou artistas. Defini-lo é difícil pois depende de juízos de valor variáveis.
Dicionário crítico de política cultural (teixeira coelho)
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1. KITSCH: CONCEITO E PERSPECTIVAS
Kitsch é um termo de origem alemã de significado e aplicação
controversos. Usualmente é empregado nos estudos de estética para
designar uma categoria de objetos vulgares, baratos, de mau gosto,
sentimentais, que copiam referências da cultura erudita sem critério e sem
atingirem o nível de qualidade de seus modelos, e que se destinam ao
consumo de massa. Embora o kitsch apresente a si mesmo como
"profundo", "artístico", "importante" ou "emocionante", raramente estes
qualificativos são adquiridos por características intrínsecas ao objeto, antes
derivam de associações externas que seu público estabelece. É uma
expressão essencialmente figurativa, sendo difícil detectá-lo nas artes
abstratas, pois depende de um conteúdo narrativo para exercer seu efeito.
É um produto da industrialização e da cultura de massa, sendo
considerado típico da classe média com pretensões de ascensão social, mas
nos círculos ilustrados emprega-se o termo frequentemente com intenção
pejorativa e como reprovação moral. Entretanto, o kitsch é um fenômeno de
largo alcance, movimenta uma indústria milionária e para grande número de
pessoas constitui, mais do que uma simples questão de gosto, todo um
modo de vida, tendo para este público todos os atributos da legitimidade.
Apareceu de forma importante também na produção de muitos artistas
influentes do "grande circuito", e quase toda a arte, arquitetura e design pós-
modernos apresentam características que podem ser classificadas como
kitsch.
Sem descartar outros elementos do conceito, como a imposição de
efeitos pré-fabricados, Umberto Eco ressalta, no Kitsch, o fato de se
constituir em "meio de afirmação cultural fácil, por um público que se ilude,
julgando consumir uma representação original do mundo enquanto, na
verdade, goza apenas de uma imitação secundária da força primária das
2. imagens" (ECO, 1993, p. 69). O Kitsch, prossegue o semiólogo italiano,
"tende continuamente a sugerir a ideia de que, gozando destes efeitos
[fáceis], o leitor esteja aprimorando uma experiência estética privilegiada".
(ECO, 1993, p. 71)
Estabelecer-lhe uma definição não é fácil, pois, baseando-se
geralmente em juízos de valor, padece das inconsistências comuns a todos
os tipos de valorações, que variam segundo os tempos, os grupos sociais, as
preferências individuais e as geografias, mas geralmente é tido, em suma,
como sinônimo de algo banal, barato e de mau gosto. Muitas vezes é
considerado uma oposição completa ao conceito de arte, enquanto outras
vezes ele é aceito como arte, mas de má qualidade.
Sua influência se torna tão penetrante também porque ele anda
paralelo ao processo moderno de educação das massas, estando presente
em escolas e na propaganda oficial na forma de simbologias e iconografias
estereotipadas a respeito da pátria, da família, da moralidade, dos costumes
e valores, que tendem a criar uma consciência coletiva complacente e
alienada da realidade, sendo notórios os casos extremos de Hitler, Stalin e
Franco, entre outros, que usaram sua estética programaticamente para
alcançar objetivos totalitários e formar um gosto nacional.
REFERÊNCIAS
ECO, Umberto. 1993 [1964]. Apocalittici e integrati: comunicazioni di massa e teorie della
cultura di massa. Milano: Bompiani.
BENJAMIN, Andrew & RICE, Charles. Walter Benjamin and the Architecture of Modernity.
Re.Press, 2009.