1. O ESCUTISMO CATÓLICO PORTUGUÊS
O Escutismo é um alegre divertimento ao ar livre, onde homens,
rapazes e raparigas podem, em conjunto, entregar-se à aventura como irmãos mais velhos e mais novos,
colhendo saúde e felicidade, habilidade manual e espírito de auxiliar o próximo.
Robert Baden-Powell (B.-P.)
(1857 – 1941)
Fundador do Movimento Escutista, em 1907
A palavra Escuteiro deriva da palavra inglesa Scout, que, originariamente (antes da fundação do
Escutismo), significava, unicamente, Batedor - aquele que vai adiante explorando o terreno. O
Escutismo é um movimento à escala mundial reunindo 164 Organizações Escutistas Nacionais,
presentes em 224 países e territórios, constituído por mais de 40 milhões de rapazes e
raparigas, homens e mulheres em todo o mundo. Fundado em 1907, em Inglaterra, por Lord
Robert Stephenson Smyth Baden Powell, o Escutismo pretende proporcionar aos jovens uma
formação global, de modo a serem cidadãos participativos e responsáveis nas suas
comunidades. A nível internacional, é um movimento que fomenta a educação para a paz e o
cuidado pela natureza, através de um espírito de compreensão e solidariedade entre os povos,
despertando nos jovens o respeito pela interculturalidade, tornando-os verdadeiros cidadãos
do mundo.
Em Agosto de 1907, o general inglês Robert Baden-Powell — carinhosamente conhecido entre os
escuteiros por B.-P. — decidiu testar um modelo de educação integral dos jovens rapazes. Levou um
grupo para a ilha de Brownsea, no sul de Inglaterra, e durante alguns dias realizou um conjunto vasto de
atividades e observou como os jovens interagiam em patrulhas. O teste correu bem e, em Janeiro de
1908, B.-P. escreveu um conjunto de fascículos que mais tarde se agrupariam num livro chamado
“Escutismo para Rapazes” — Scouting for Boys. O livro foi um sucesso, esgotou rapidamente, e, a partir
daí, foram nascendo patrulhas por toda a Inglaterra e mais tarde por todo o mundo.
O Escutismo é um movimento educacional e formativo, uma escola de ensino não-formal,
criado com o propósito de contribuir para a educação integral das crianças e jovens de ambos os
sexos, baseado na adesão voluntária a um quadro de valores expressos na Promessa e Lei
escutistas, através de um método original que permite a cada jovem ser protagonista do seu
próprio crescimento, para que se sinta plenamente realizado e desempenhe um papel construtivo
na sociedade. A sua principal finalidade é contribuir para a educação dos jovens, rapazes e
raparigas, através de um sistema de autoeducação progressiva baseado num sistema de valores
– adesão à Lei e Promessa do Escutismo – de acordo com o ideal de B-P.
Em Portugal: O CNE (Corpo Nacional de Escutas) e a AEP (Associação de Escoteiros de
Portugal) fazem parte da FEP (Federação Escutista de Portugal, com 75 359 membros, segundo
dados de 2011), a organização escutista nacional que representa ambas as associações a nível
da Organização do Movimento Escutismo (OMME/WOSM). O Corpo Nacional de Escutas
(CNE) - Escutismo Católico Português, foi fundado em 27 de maio de 1923, em Braga, e é a
maior associação de juventude em Portugal, com cerca de 72 mil Escuteiros, distribuídos
por cerca de 1030 Agrupamentos, em todas as regiões do país.
Para quem não conhece a História do Escutismo em Portugal pode parecer estranho que se
utilizem duas grafias para uma palavra, que, além de homófona é homónima. São vulgares as
acusações de erro ortográfico a quem utiliza a expressão “escotismo” – assim mesmo, com um
“o” – em vez do atualmente mais vulgarizado “escutismo”, com “u”.
Em 1913, após experiências feitas por vários Grupos de Escoteiros, foi fundada a primeira
associação escotista portuguesa, a AEP – Associação dos Escoteiros de Portugal. Porque a
adoção do estrangeirismo “boy-scouts” não agradou aos seus mentores, foi adotada uma palavra
2. já existente na língua portuguesa, com uma fonética e um significado muito semelhantes ao
scout saxónico: escoteiro, (s.m.) pioneiro; aquele que viaja sem bagagem, gastando por escote;
adj. leve; veloz. (Dicionário Porto Editora)
Em 1923, a Igreja Católica idealizou criar outra associação escotista, mas com caráter
confessional, destinada exclusivamente aos jovens que professavam a religião Católica Romana.
Assim nasceu o “Corpo de Scouts Católicos Portugueses”, mais tarde “Corpo Nacional de
Scouts”. Por desconhecimento da pronúncia inglesa e inspiração no escotismo católico francês,
a expressão “scout” era pronunciada à maneira francesa: “secúte”. E, embora com outro
desfecho, a história repetiu-se – os responsáveis daquele movimento católico tentaram encontrar
uma palavra portuguesa que soasse ao ouvido de uma maneira próxima de “secúte” e com um
significado ajustável. Escolheram o “escuta”, justificando que, para além da semelhança fonética,
o “scout” era atento e observador e, por isso, se adequava ao significado da palavra. Este
conceito veio a vingar, dando origem ao “Corpo Nacional de Escutas”.
Durante o regime anterior ao 25 de Abril de 1974, a AEP sobreviveu com grandes dificuldades,
sendo considerada indesejável e apenas tolerada. Chegou mesmo a ser publicado um Decreto
que extinguia a atividade da AEP nas colónias. Entretanto, o CNE, sob os auspícios da Igreja,
atingiu uma notável expansão e, felizmente, conseguiu manter acesa a chama escotista durante
a longa noite da ditadura. Enquanto o “escotismo” definhava, o “escutismo” foi-se tornando cada
vez mais conhecido dos portugueses.
O CNE é uma associação de educação não-formal cuja finalidade é a formação integral de
crianças e jovens de ambos os géneros tornando-os em cidadãos ativos, sempre com o apoio de
voluntários e à luz do Evangelho de Jesus Cristo e segundo a doutrina da Igreja Católica
Romana que a associação professa, assume e difunde. O CNE é uma instituição reconhecida
de Utilidade Pública pelo Governo, desde 1983. É um movimento da Igreja Católica, cuja fé e
doutrina assume, proclama e defende, a ela vinculado nos termos da Carta Católica do
Escutismo. É uma associação sem fins-lucrativos, apartidária, não-governamental e de
reconhecida utilidade pública.
Projeto formativo: O Escutismo aposta no aprender fazendo. Através de atividades que são
projetadas, desenvolvidas e implementadas tendo por base o método do projeto e o trabalho em
equipa, procura-se que os escuteiros trabalhem as seguintes
áreas de desenvolvimento: carácter, afetiva, intelectual,
física, social e espiritual. Numa perspetiva educativa, coloca-
se o enfoque nos jovens, promovendo junto destes o sentido
de pertença a um movimento à escala mundial para que
possam desenvolver uma postura e consciência de cidadão
global, conhecedor do seu lugar no mundo, potenciando o
conhecimento de diferentes culturas, tradições, religiões e
espiritualidades e explorando dimensões educativas
adicionais capazes de contribuir para o seu
desenvolvimento integral.
Quatro secções, um método: O método escutista, elemento
pedagógico original e identitário do Escutismo, criado por Lord
Baden-Powell of Gilwell, é um sistema de auto-educação
progressiva, baseado em sete elementos igualmente
relevantes, conforme a figura ao lado.
3. 1. Lei e Promessa: Contribuir para a interiorização de regras sociais (através do jogo e dos
valores universais), ajudando a desenvolver um código de conduta próprio ao qual
voluntariamente aderem.
2. Sistema de Patrulhas:
Proporcionar o crescer em
pequenos grupos, onde a relação
com os pares e o assumir de
responsabilidades são componentes
essenciais de um ensaio para a
vida futura em sociedade.
3. Vida na Natureza: Beber o que a
Natureza nos oferece, ambiente
privilegiado onde as conquistas e
os erros ganham igual valor
pedagógico.
4. Mística e Simbologia:
Transportar a criança/jovem da
imaginação à realidade, dos heróis e
das lendas às personagens de
carne e osso, da história e da Fé
para a vivência no Homem Novo.
5. Aprender Fazendo: A
experimentação alarga horizontes,
construindo conhecimento de
forma prática e envolvendo a
criança/jovem.
6. Sistema de Progressão Pessoal: Procurar ser cada vez mais e melhor, desafiando limites e
estabelecendo novas metas a alcançar, tendo noção dos seus limites e das suas
capacidades.
7. Relação Educativa Jovem-Adulto: Construir uma relação de confiança com alguém que
ajuda, prepara, apoia, encoraja, aconselha e educa. Os escuteiros são uma força social que
promove uma cultura de paz, formando os seus membros para que estes tenham uma
contribuição construtiva nas suas comunidades.
Secções:
Os Lobitos (6-10 anos) - Na idade de Lobito (6-10 anos), o importante é
brincar com os outros, no meio da alegria e da imaginação, com um
primeiro contacto com a natureza. O Lobito gosta de inventar jogos, de
brincar, de colecionar toda a espécie de coisas. A sua curiosidade é
inexcedível. O Escutismo propõe-lhe “Caçadas” apaixonantes em torno
de interesses comuns, apoiadas por contos e lendas conhecidos. O
Livro da Selva é o seu imaginário e São Francisco de Assis é o seu
patrono.
Os Exploradores/Moços (10-14 anos) - Os Exploradores/Moços estão na idade de querer
descobrir o mundo e a vida, é a idade da aventura, dos projetos fabulosos, dos heróis invencíveis,
da penetração nos mistérios da natureza. O Escutismo propõe-lhes a “Aventura”/”Expedição”,
Lei do Escuta:
1. A Honra do Escuta inspira confiança.
2. O Escuta é Leal.
3. O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa acção.
4. O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros
Escutas.
5. O Escuta é delicado e respeitador.
6. O Escuta protege as plantas e os animais.
7. O Escuta é obediente.
8. O Escuta tem sempre boa disposição de espírito.
9. O Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio.
10. O Escuta é puro nos pensamentos, nas palavras e nas
ações.
Princípios
1. O Escuta orgulha-se da sua Fé e por ela orienta toda a sua
vida.
2. O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão
3. O dever do Escuta começa em casa.
Divisa:
“Sempre Alerta”
Promessa:
Prometo, pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo
o possível por:
- Cumprir os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria;
- Auxiliar o meu semelhante em todas as circunstâncias;
- Obedecer a lei do escuta;
4. decidida em conjunto e vivida por todos, na qual a pessoa de um herói é ao mesmo tempo um
desafio e o cimento necessário à coesão do grupo. São Tiago é o seu patrono.
Os Pioneiros/Marinheiros (14-18 anos) - Entre os 14 e os 18 anos é a idade do grande desafio:
os jovens querem dar provas do que são capazes, querem ver reconhecida a sua personalidade,
desejam conhecer os outros a fundo, viver em grupo e, com eles, “ajudar a transformar o mundo”.
O “Empreendimento”/“Cruzeiro” é uma ação criada, enriquecida e vivida em grupo, onde muito se
descobre e muito se constrói, onde a função e a responsabilidade de cada um, tal como a
cooperação entre equipas, são igualmente indispensáveis para o êxito final. São Pedro é o seu
patrono.
Os Caminheiros/Companheiros (18-22 anos) - Entrando na fase adulta, imagina-se a
construção de um Homem-Novo que queira empreender uma caminhada que sabe nem sempre
ser fácil, mas que tem a certeza de ser a correta e por isso opta por ela. Entre os 18 e os 22 anos,
empreendem uma Caminhada/ /Companha que lhes permite ousar através da ação, intervir na
comunidade trilhando percursos comuns de crescimento e de autonomia. São Paulo é o seu
patrono.
Os Adultos Voluntários (>22 anos) - O Escutismo centra a sua ação pedagógica num método
que valoriza a relação entre pares focando toda a sua ação nas crianças e jovens, mas onde a
presença do educador adulto é um elemento essencial. No Escutismo, o adulto é a base da
educação integral das crianças e jovens de cada pequeno grupo, através da garantia do regular
funcionamento dos demais elementos constituintes do método escutista e do correto
enquadramento e ambiente para o desenrolar do jogo escutista. Ser adulto no Escutismo envolve
um conjunto de conhecimentos, competências e atitudes que são garantidos através da
frequência de um sistema de formação próprio. Assim, o Corpo Nacional de Escutas estabelece
um perfil para todos os seus voluntários adultos e assegura a sua formação integral com vista ao
cumprimento do perfil desejado. Para poder ser dirigente do Corpo Nacional de Escutas qualquer
voluntário terá de ser um adulto que frequente o percurso formativo base (denominado Percurso
Inicial de Formação), com uma duração de 2 anos (independentemente de existir um percurso
prévio escutista enquanto jovem). Neste percurso formativo será efetuada uma extensa formação
pedagógica e técnica com vista à correta e integral aplicação do método escutista.
Mais informação:
https://escutismo.pt/
https://www.escoteiros.pt/
https://en.scoutwiki.org/Corpo_Nacional_de_Escutas_-_Escutismo_Cat%C3%B3lico_Portugu%C3%AAs
https://pt.wikiversity.org/wiki/Scout/O_QUE_%C3%89_O_ESCUTISMO%3F
http://www.guiasdeportugal.org/