O documento analisa o edifício E1 projetado por Ernesto Mange na década de 1960 com foco em iluminação e ventilação naturais. Discute como mudanças posteriores no layout prejudicaram esses aspectos e como readequações poderiam melhorar o conforto e reduzir gastos energéticos, recorrendo aos princípios originais de Mange.
Edifício E1: Análise da ventilação e iluminação naturais
1. Saneamento e Meio ambiente para Arquitetura
Edificações Sustentáveis – Análise E1
G10 . Brunieli Mori | Juliana Oliveira | Mayara Serra
2. Introdução
A partir da análise do Edifício E1, entende-se que é papel do projeto arquitetônico oferecer,
no interior dos edifícios, condições térmicas e de iluminação compatíveis com os níveis de
conforto do ser humano independente das condições externas. Para projetar edifícios e
espaços urbanos com resultados eficientes em termos térmicos e de iluminação, é
importante conhecer as exigências humanas quanto ao conforto ambiental, que podem
variar dependendo do uso do espaço.
A consideração desses fatores não se dá apenas pela preocupação com o conforto térmico,
mas também pela eficiência energética das edificações. Com o melhor aproveitamento da
ventilação natural, o emprego dos materiais mais adequados e o uso de iluminação natural,
as construções podem obter uma significativa redução do consumo de energia e um melhor
aproveitamento destas pelos ocupantes.
3. Contextualização
Segundo Segawa (2001), o engenheiro carioca Paulo de Sá foi um dos primeiros a introduzir o
Conforto Térmico nas discussões de projeto, assim como Ernesto Mange, que se preocupava
com a coerência entre estética e clima. Mange é também um dos principais autores que
discutem essas questões, e fez várias experimentações em suas obras, inclusive no objeto de
estudo deste trabalho, o Bloco E1. Por isso o projeto original do prédio conta com
mecanismos que favorecem a ventilação e iluminação naturais.
Conforto Visual consiste na quantidade de luz e condições visuais para a máxima precisão
visual (cada ambiente e uso com uma especialidade). Na concepção de um projeto é
necessária a garantia de uma iluminação suficiente para um ambiente agradável e, se
possível, aproveitando da iluminação natural que é mais agradável aos olhos.
4. Contextualização
Os planos criados para o campus se alteraram muito durante os anos. O bloco E1 é o único
prédio que chega a ser executado e sua construção durou três anos. Suas marcantes
características (pilotis, planta-livre, terraço-jardim, fachada livre e grandes áreas
envidraçadas) refirmam os preceitos da arquitetura moderna. A permeabilidade visual e a
livre circulação do piso térreo do prédio condizem com as abordagens modernas, e há
preocupação com a interação da obra no espaço em que é inserida e com o convívio social.
A construção da obra ocorreu com a utilização de elementos pré-fabricados e o uso de
modulação, com módulos de 70 cm. Sua extensão possui 114 por 16 módulos. Sobre o térreo
ergueu-se três pavimentos e a cobertura. A estrutura conta com 10 pilares que, além de
estruturais, são ocos para que abriguem as instalações elétricas e hidráulicas, formando
ductos horizontais.
5. Contextualização
O responsável pela a esquematização do conforto térmico, acústico e visual foi Mange, ele
acreditava que, através de dosagens dos “vazios”, era possível obter a iluminação e a
ventilação necessária para garantir o conforto do edifício. A seriação da fachada resulta em
duas faixas de iluminação, o que torna a iluminação uniforme. Uma das faixas tem a altura
do olhar do homem, proporcionando maior contato com o meio externo.
O sistema de ventilação é diferenciado, e as estratégias adotadas estimulam a ventilação
natural permanente e cruzada no prédio. Devido à diferença de altura das duas aberturas
permanentes, ocorrem trocas entre ar frio e quente com o meio externo. As aberturas de
iluminação podem também serem usadas para ventilação, porém a ventilação pode ser
controlada, dependendo da necessidade.
Já para o isolamento térmico do terraço, foi utilizado um sistema composto por duas lajes,
com espaços vazios entre elas, e a impermeabilização do material. Essa solução foi
discretamente alterada depois da utilização, assim como a instalação de persianas na faixa
superior de iluminação. Essas e outras alterações prejudicam a iluminação e a ventilação
planejadas para o edifício.
7. A economia de energia seria muito maior se houvesse a conscientização dos usuários perante
o uso de persianas e das aberturas para ventilação. Também, é de grande destaque, que a
mudança do layout original do prédio, com a adição de divisórias, alterou as relações de
iluminação e ventilação antes previstas para todas as salas.
Desse modo, a necessidade de readequação dessas divisórias se faz cada vez mais presente.
Assim, com algumas mudanças, as vantagens do Bloco E1 se farão cada vez mais presentes
para garantir o melhor uso da edificação com o menor gasto energético possível.
Contextualização
8. Contextualização
A flexibilidade espacial foi um conceito muito presente no projeto do E1. A função prevista
inicialmente para o prédio era um bloco de salas de aula, laboratórios, bibliotecas e gabinetes
de professores, e conforme fossem ficando prontos outros prédios, as funções poderiam ir se
alterando. A modulação necessária para que essa flexibilidade fosse possível está presente na
estrutura, na vedação interna e externa e até nas instalações elétricas e hidráulicas. Todas as
instalações elétricas e hidráulicas foram embutidas nas colunas e lajes, criando um sistema
de dutos verticais e horizontais. Através de aberturas podem ser feitas manutenções e
alterações nessas canalizações de acordo com a ocupação pretendida.
9. As figuras mostram imagens internas do edifício em dois períodos de utilização, logo após a
construção e nos dias atuais. É possível identificar mudanças nas divisórias internas, que
possuíam aberturas superiores para auxiliar na ventilação e iluminação. No novo layout essa
questão foi desconsiderada, na maioria dos ambientes há divisórias totalmente fechadas,
sendo que em algumas salas existem pequenas áreas envidraçadas, porém sem aberturas.
Também é possível observar o uso de persianas nas janelas da fachada norte, as quais
permanecem fechadas constantemente, prejudicando a iluminação e ventilação naturais.
Contextualização
11. Uma pesquisa realizada através de medições locais e questionários concluiu que, sobre os
níveis de iluminância, medidos em duas salas com diferentes configurações – a sala da
Assistência Administrativa possui corredor e divisórias e a Ante-sala da Congregação possui
comunicação direta com o exterior – os resultados obtidos na sala que não possui divisórias
são consideravelmente melhores, principalmente no verão.
Considerando o uso de escritórios com base no layout atual, há um uso intenso de
iluminação artificial. Deveria ser realizado um novo projeto, focado na setorização –
iluminação direta onde é necessário e mais fraca nos corredores, por exemplo.
A readequação das divisórias é extremamente necessária, possibilitando a entrada de luz e
ventilação natural pelas fachadas sul e norte. É também necessário conscientizar os
funcionários quando ao uso das persianas, luz artificial e ar condicionado. Com algumas
mudanças é possível minimizar o uso desses equipamentos, diminuindo assim os gastos
energéticos.
Contextualização
12. A orientação da edificação, sua forma, os materiais, o projeto das fachadas e esquadrias, e
em consequência desses fatores a ventilação e iluminação naturais, contribuem para um bom
conforto térmico dos ocupantes.
Uma diminuição significativa dos gastos energéticos é possível através de uma mudança no
layout atual, com a modificação das divisórias internas, a conscientização dos funcionários e
uma setorização de acordo com a iluminação.
As estratégias desenvolvidas por Mange, quando o edifício foi projetado, podem ser
aplicadas, resolvendo muitas das questões que se colocam hoje em dia. A instalação de
equipamentos de ar condicionado pode ser questionada e revista através do estudo dessas
questões.
Conclusão