O documento discute a importância do jornalismo científico na disseminação da ciência e tecnologia para a sociedade. A Embrapa promove diversas ações de comunicação, como palestras públicas, visitas de estudantes, publicações especializadas e informativos online, para popularizar o conhecimento científico de forma acessível. No entanto, existem desafios como convencer pesquisadores da importância de divulgar seus resultados. Cada vez mais as instituições criam seus próprios canais de comunicação para divulgação.
Jornalismo Científico e sua importância na disseminação da ciência
1. Mesa-Redonda
Jornalismo Científico e sua importância na disseminação
da ciência e tecnologia para a comunidade
Guilherme Ferreira Viana
Jornalista
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
Especialista em Jornalismo & Mídia / Famecos (PUCRS / Uniron)
Graduação em Comunicação Social / Jornalismo pela PUC Minas
2. Estrutura
As atividades de comunicação social na Embrapa são coordenadas pela ACS
(Assessoria de Comunicação Social), Unidade Central da Empresa localizada em
Brasília-DF.
Entre as suas finalidades básicas estão o planejamento, a execução e a
coordenação de ações de comunicação social, cujo objetivo é reforçar o
conhecimento e o entendimento da sociedade sobre o papel e a
importância da Embrapa para o desenvolvimento sustentável do
agronegócio brasileiro.
3. Estrutura
Em cada Unidade de Pesquisa – são 44 Unidades distribuídas em todas as regiões
e biomas brasileiros, além de escritórios na América do Norte, Europa, Ásia,
África e América Latina – a Empresa mantém jornalistas, relações públicas,
profissionais de marketing e das ciências da informação e outros
profissionais de comunicação.
O objetivo é APRIMORAR O RELACIONAMENTO E DIVULGAR RESULTADOS
DE PESQUISA (CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO) da Embrapa para a
SOCIEDADE, por meio da IMPRENSA e de outras AÇÕES DE COMUNICAÇÃO.
6. Missão
Desta forma, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO, matérias-primas do
jornalismo científico, permeiam o dia a dia de comunicadores em busca de
cumprimento da missão da Embrapa:
“Viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a
sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira”
7. Em 2009, segundo pesquisa do Cybermetrics Lab,
maior organismo público pertencente ao Conselho
Superior de Investigações Científicas (CSIC) da
Espanha, a Embrapa está entre as instituições de
pesquisa mais acessadas na internet em todo o
mundo. Do total de duas mil organizações que
compõem o ranking, 49 são brasileiras. A lista
nacional, liderada pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais - Inpe (44º no mundo), destaca a
Embrapa na segunda colocação e 88ª no ranking
internacional, seguida pela Fundação Oswaldo Cruz
(112º no mundo).
8. MAS...
Como DEMOCRATIZAR essas informações (pesquisas, inovações,
conceitos de ciência e tecnologia) e torná-las ACESSÍVEIS ao
público leigo?
MAIOR DESAFIO DO JORNALISMO CIENTÍFICO
9. Histórico e Conjuntura
Em 37 anos completados em 2010, a Embrapa exibe uma contribuição
formidável à ciência, à tecnologia e à inovação brasileiras.
Sua cultura de gestão valoriza a interação com a sociedade e sua
competência em comunicação é hoje reconhecida internacionalmente.
Essa trajetória bem-sucedida, apesar da timidez da divulgação da
pesquisa agropecuária na imprensa brasileira, é marcada pela média
mensal superior a 500 inserções na mídia, constituindo-se num dos
exemplos mais importantes de visibilidade para a ciência e a tecnologia
geradas no País.
10. Histórico e Conjuntura
Como documento orientador das ações implantadas pelos comunicadores
nas Unidades, há uma política de Comunicação Empresarial, com
diretrizes e valores continuamente atualizados frente aos novos desafios,
no campo da ciência e da tecnologia.
Outro estímulo à disseminação da ciência e tecnologia é a capacitação
permanente dos profissionais de comunicação.
Programas de pós-graduação são estimulados pela Empresa.
11. Histórico e Conjuntura
Por outro lado, diversos desafios são impostos às organizações públicas
(entre as quais se inclui a Embrapa) onde a ausência de uma cultura de
comunicação cria dificuldades para a prevalência de uma comunicação
que seja EFICAZ E TRANSPARENTE.
Algumas das principais dificuldades enfrentadas por quem faz jornalismo
na Empresa está na PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE TOMADA DE
DECISÕES E NO CONVENCIMENTO DOS PESQUISADORES QUE É DE
INTERESSE PÚBLICO OS RESULTADOS DE SUAS PESQUISAS.
12. Histórico e Conjuntura RECEIO
em relação ao
conhecimento do
Como exemplo, na própria Embrapa, jornalista / assessor?
podemos citar a dificuldade de
convencimento, pelos jornalistas ou
(leiam assessores de imprensa), de
BUSCA
pesquisadores com diversos anos de
casa em mostrar para a sociedade por uma comunicação
os resultados de suas pesquisas. mais dirigida, em
revistas segmentadas
e/ou especializadas
(técnico-científicas)?
13. Histórico e Conjuntura
No dia a dia de uma empresa de CT&I, quando um clima de confiança entre fonte e
assessor é estabelecido, podemos refletir sobre dois aspectos:
1) Assessores de imprensa: privilégio à informação (!)
2) Quais as melhores formas de abordagem e acompanhamento, pelo assessor, da
fonte (pesquisador) quando é entrevistada por um jornalista de veículo? (dar
autonomia ao jornalista??)
Exemplo: Série “É bom pra quê?” do Fantástico do último domingo (26/09) em
reportagem veiculada sobre plantas medicinas / Drauzio Varella (artigo Wilson
Bueno; pesquisador Osmar Lameira)
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1621018-15605,00-
E+BOM+PARA+QUE+MOSTRA+A+IMPORTANCIA+DOS+TESTES+PARA+USO+DOS+FITOTERAPICOS.html
14. Histórico e Conjuntura
Na verdade, a palavra-chave é CAPACITAÇÃO dos profissionais de
comunicação (assessores e jornalistas de veículos) e das próprias fontes
(medias trainnings), gerando CREDIBILIDADE junto a suas fontes e ao público
interessado, transformando ciência e tecnologia em assuntos discutíveis,
palatáveis, inteligíveis.
Na Embrapa Milho e Sorgo, por exemplo, tem-se buscado criar uma
CULTURA DE COMUNICAÇÃO PARA CT&I
15. Cultura de Comunicação para CT&I
Neste contexto, os jornalistas da Embrapa Milho e Sorgo vêm tentando
estabelecer algumas práticas para democratizar esse conhecimento.
Quais são elas?
16. Cultura de Comunicação para CT&I
Literalmente, traduzir conhecimento. Uma espécie de alfabetização da
ciência deve ser prática comum entre os jornalistas que lidam com CT&I.
Na Embrapa e em qualquer outra instituição de CT&I, descobrir pautas
científicas e mostrar seus benefícios para a sociedade deve ser um
estímulo ao dia a dia do jornalista.
Para isso, cada intervenção com o pesquisador deve ser feita de forma acertada,
de forma que haja um clima de confiança e comprometimento entre fonte e
entrevistado.
17. Cultura de Comunicação para CT&I
Escrever diversas vezes, ler, reler, colocar-se no ponto de vista de quem vai ler a
matéria...
... Os fundamentos do jornalismo são mais contundentes e devem ser
seguidos ainda mais à risca no jornalismo científico!
18. Cultura de Comunicação para CT&I
Essa divulgação científica deve ser formal, engessada, em uma única via?
NÃO!
Para participar e se interessar por esses temas, temos que provocar e
mobilizar a sociedade.
A Embrapa Milho e Sorgo vem implantando algumas ações...
19. Papo com Ciência
Para aproximar Embrapa e sociedade, a área de comunicação empresarial
iniciou uma ação denominada “Papo com Ciência”, que consiste em uma série
de palestras, feitas com uma linguagem simples e objetiva, sobre temas ligados à
CT&I.
Aquecimento global, mudanças climáticas, transgênicos... temas
apresentados pelos pesquisadores cuja linguagem foi considerada plenamente
acessível pelos participantes, por meio de questionários respondidos.
21. Programa Embrapa & Escola
Popularização da ciência. É com esse espírito que a Embrapa Milho e Sorgo
recebe, há quase 10 anos, estudantes do ensino infantil ao médio das redes
pública e particular de Sete Lagoas e região.
O Programa Embrapa & Escola tem como objetivos divulgar as tecnologias
geradas para a agricultura tropical visando a aumentar a oferta de alimentos, a
desenvolver melhores produtos, a reduzir o custo de produção para os
agricultores e, principalmente, a aliar a produção de alimentos com a
conservação dos recursos naturais.
23. Publicações para públicos segmentados
Temas como melhoramento genético e educação ambiental, por exemplo, vêm
sendo democratizados com a publicação de cartilhas e jogos voltados para o público
infanto-juvenil.
As formas de apresentação estimulam o interesse e a curiosidade das crianças e
adolescentes pela ciência.
A cartilha “Vamos descobrir o Milho” apresenta, de forma didática, por meio de
desenhos, o trabalho de melhoramento genético feito pelo pesquisador no
processo de desenvolvimento de cultivares de milho. Um jogo da memória, em
forma de baralho, acompanha a cartilha.
Todas essas peças foram lançadas este ano pela Embrapa Milho e Sorgo.
25. Informativos especializados em CT&I
O Grão em Grão foi criado pensando-se em ocupar uma lacuna que existia na
comunicação externa da Embrapa Milho e Sorgo. Ele começou eminentemente
técnico, mostrando resultados ou o andamento de trabalhos e pesquisas feitas por
pesquisadores e analistas da Unidade.
O primeiro número foi em outubro de 2007. Na edição número 8, de junho de
2008, foi acrescentada a editoria “institucional”, que objetiva publicar ações e
atividades desta natureza. Mantém-se a editoria “notícias”, com assuntos
exclusivamente técnicos.
Hoje, ele está em sua 26ª edição.
26. Informativos especializados em CT&I
A recepção do informativo tem sido bastante positiva. Os retornos via e-mail,
telefone ou pessoal são elogiosos, o que permite concluir que o objetivo inicial
(criar um canal direto de comunicação com o público externo para
divulgar CT&I) está sendo atingido.
Atualmente, o Grão em Grão é enviado a mais de 5.000 e-mails, divididos
em grupos diversos como membros de sociedades científicas, instituições
de ensino, políticos, imprensa, associações e cooperativas.
28. Informativos especializados em CT&I
“A partir da divulgação do sorgo
sacarino pelos jornalistas, via Grão
em Grão, vejo que a cultura em
questão se tornou alvo frequente
de incentivos e demandas.
Realmente passei a atender desde
produtores a formadores de opinião
do segmento, como empresários e
políticos, a partir dessa primeira
divulgação, feita em maio de
2009.”
Rafael Augusto da Costa Parrella
Pesquisador / Embrapa Milho e
Sorgo
30. Tendências para o Jornalismo Científico
Independência crescente da “grande mídia” na cobertura e divulgação de CT&I:
cada vez mais as empresas investem na criação de newsletters, jornais eletrônicos, hot
sites, blogs e em posts em redes sociais, como o Twitter, para divulgarem suas ações e
resultados de pesquisa. Ou seja, espaços próprios para divulgação de CT&I.
DISCUSSÃO - Atualmente, os próprios cadernos (impressos) especializados em CT&I da
chamada grande mídia vêm dando preferência para assuntos relacionados à saúde,
comportamento e outros temas de interesse humano, em detrimento da abordagem de
resultados de pesquisa relacionados à “ciência pura”. Na mídia televisiva, por exemplo,
o público tem que se adaptar aos horários – pouco versáteis – dos programas que
divulgam CT&I: Globo Ciência, Globo Universidade, Globo Ecologia.
31. Tendências para o Jornalismo Científico
Realização: SBPC e Labjor Realização: Labjor
(Laboratório de Estudos
Avançados em Jornalismo)
32. Conclusões
De qualquer forma, em meio a novas vertentes, espaços, linguagens e
abordagens, o jornalismo científico deve buscar a qualidade, a seriedade e a
responsabilidade ética.
Atrair a curiosidade do receptor, seja leitor, telespectador, ouvinte ou internauta,
mostrando o impacto que o jornalismo científico tem em nosso cotidiano, com a
possibilidade de avanços sociais, é a saída mais plausível para ganhar mais espaço
nos meios de comunicação.
Consequentemente, toda uma nação poderá ser beneficiada, já que ciência e
tecnologia devem ser compreendidas como molas propulsoras do progresso
social.
33. Muito obrigado pela atenção!
Guilherme Viana
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo
www.cnpms.embrapa.br
gfviana@cnpms.embrapa.br
(31) 3027-1272 / (31) 9733-4373