1. 2 OPINIÃO outubro de 2015
Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP:
85.806-080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretor-geral: Adriano Coelho. Unifatos. Jornal-laboratório elaborado na disciplina de Técnicas
de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Patrícia Duarte. Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos,
fotos, diagramação e paginação): Adilson Anderle Junior, Alex Sandro Betim Meurer, Alice de Oliveira, Aline Libera Mayer Arriola, Amanda Valeska Cieslak, Ana
Claudia Dembinski Kaminski, Ana Talita da Rosa Bonadimann, Anderson Leal da Silva, Andressa Barbon Gimenez, Beatriz Helena da Silva, Camila Juviak dos
Santos, Deisy Antoniele Guedes Mayer, Diego Ubiratan Caetano, Ellen Bruna dos Santos, Evelyn Rafaeli de Oliveira Antonio, Gabriel Datsch dos Santos, Graziele
Rodrigues de Oliveira da Silva, Juliana Aparecida de Jesus Gregozewski, Lohana Larissa Mariano Civiero, Maiara Coelho, Matheus Vieira Rocha, Pamella
Dayani dos Santos, Patrícia Cordeiro da Silva, Rafaela Ghelfond Bacaltcuk, Renan Cesar Alves, Renan Fabrício Lorenzatto da Silva e Wellen Fernanda Reinhold.
Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: unifatos@univel.br
Expediente
Cover: respeito e
louvor ao artista
Graziele Rodrigues
“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo
que passou, mas tenho muito tempo.Temos todo o tempo do
mundo.” ♫ ♫ ♪ ♪
As coisas boas deveriam ser eternas, e foi com a intenção
de eternizar uma lenda do rock nacional que Miro Penna
formou uma banda cover da Legião Urbana.
As músicas carregadas de senso crítico, reflexões
políticas e sociais, como a música “Que país é esse?”, não
podem ser esquecidas, por isso Miro Penna e tantos outros
covers espalhados pelo país trazem à tona o passado que
nunca deveria ter partido, as belas canções e a arte na sua
mais pura essência.
A partida é triste, mas as lembranças e a contribuição de
artistas assim devem ficar para semente. E quem vai semear?
O repertório de música atual precisa conhecer essa arte.
O trabalho de um cover pode ser comparado ao trabalho
de um ator que renasce nos personagens e como em uma
máquina do tempo nos teletransporta para um filme da idade
antiga ou do último século, dá vida aos poetas mortos em
uma série ou minissérie de TV, o que interessa é que são
importantes para eternizar todas as obras célebres.
A primeira percepção, a de um homem que copia, é
quebrada quando entende que também fazem parte da arte a
admiração e o dom de incorporar um protagonista da música
e fazer voltar num tempo bom. Trazer para o público um
sentimento que só poderia vivenciar quando o artista estaria
em vida. Sem coveres a geração atual estaria abandonada e
seria um grande desperdício não desfrutar, mesmo em ficção,
da imaginação de trazer de volta Renato Russo.
Música boa nunca morre, é verdade, mas o cover cria
vida à memória do artista e salva uma geração carente,
fragmentada, sem paciência, que curte um “quero tchu, quero
tcha, tchu, tcha”, músicas que serão esvaídas ao mesmo
tempo em que dura o seu refrão.
O medo de perder tempo faz esquecer que há tanto
tempo do mundo, para aproveitar “Pais e Filhos”, momentos
que merecem ser vividos com plenitude, para espairecer,
para crescer, porque quem vive a crítica em ritmo de belas
melodias atropela banalidades da estética do corpo, pois
prefere a estética da alma e todas as pessoas que fazem
reviver esta arte, trazem alegria ao público e não deixam
perder as raízes de um passado sempre de frente para um
futuro bom.
Cultura de Interior
Graziele Rodrigues
Era uma vez uma cidadezinha... Ao começar a crônica
vai parecer um clichê, ou um plágio das mais conhecidas
poesias de Carlos Drummond de Andrade “Cidadezinha
qualquer”. Mas é fato que quando ouvia os versos de
Drummond na escola de madeira, com pintura descascada
e pisos de tacos, sempre me identificava com a cidade em
que morava. A poesia de 1930 retrata minha infância e
adolescência.
A cidadezinha é Guaiporã, distrito de Cafezal do Sul,
que acredito não ajudou muito a tentativa de indicação, pois
nem o Word entendeu ao grifar com cor vermelha a palavra.
Em Guaiporã não tem bolacha Wafer, mas tem Mirabel e
salgadinhos de milho são Chips...
Em Guaiporã fazer compras é ir à venda.
Em Guaiporã ir em Iporã é ir “no” Iporã e é onde
tira-se habilitação para dirigir, onde compram-se calças
jeans também. E quando você vai em Iporã todos sabem
o que você foi fazer lá, pois ao chegar, uma escadaria te
espera com moradores receptivos que te perguntam sem
cerimônias: - Onde foi? Com quem foi? Fez o quê?
Foi em Guaiporã que aprendi o que é um lead.
Em Guaiporã todos sabem dirigir, motocicleta, carro,
trator e caminhão, inclusive as crianças a partir de oito anos.
Em Guaiporã, carro não é só um meio de transporte,
é uma atração circense cultural, tem carros equipados com
alto falante, turbinas, cornetas e luzes de neon.
Em Guaiporã ninguém usa cinto de segurança e quem
usar, logo adianta-se: - Trata-se de um treino para tirar
carteira de motorista.
Em Guaiporã, o maior lazer é pegar o carro para ir ao
campo de futebol, que fica há três quadras de casa, sempre
tem jogo aos domingos, quando não tem, soltam-se rojões
para o pessoal do sítio não vir pra cidade perder a viagem.
Em Guaiporã, moça direita casa virgem com rapazes
direitos que vão para a casinha cor de rosa (casa de
prostituição) nos dias de domingo.
Em Guaiporã, eu aprendi a dançar o TCHAN na escola,
também dançava o TCHAN na festa da igreja católica.
Em Guaiporã, festa da Igreja é o maior evento do distrito, as
pessoas costumam ir em Iporã comprar roupa nova para ir
bem vestido.
Em Guaiporã, tem assombração, lobisomem e carro
preto. O lobisomem é de verdade, pena que na loja de
fantasias não lhe venderam o rabo para acabar com o
assunto da cidade.