Este artigo tem por objetivo explicar os fatos relacionados com o conflito entre o Estado de Israel e os palestinos do Hamas e propor como poderá ser celebrada a paz imediata e a paz duradoura entre os beligerantes.
COMMENT FONCTIONNENT L'INTELLIGENCE ARTIFICIELLE ET SES LOGICIELS ET ALGORITH...
Conflito Israel-Hamas e a construção da paz na Faixa de Gaza
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O TERRORISMO DO HAMAS, O MASSACRE ISRAELENSE DA FAIXA DE
GAZA E A CONSTRUÇÃO DA PAZ NA REGIÃO
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo explicar os fatos relacionados com o conflito entre o Estado
de Israel e os palestinos do Hamas e propor como poderá ser celebrada a paz imediata e
a paz duradoura entre os beligerantes. É importante observar que a Faixa de Gaza (Mapa
1) é um território palestino composto por uma estreita faixa de terra no Oriente Médio
localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, que faz fronteira com o Egito no
sudoeste (11 km) e com Israel no leste e no norte (51 km). A designação Faixa de
Gaza deriva do nome da sua principal cidade, Gaza, cuja existência remonta
à Antiguidade. A Faixa de Gaza tem 41 quilômetros de comprimento e apenas de 6 a 12
quilômetros de largura, com uma área total de 365 quilômetros quadrados. A Faixa de
Gaza é um dos territórios mais densamente povoados do planeta, tem uma população de
cerca de 2 milhões de habitantes, tem infraestrutura precária, sofre uma escassez crônica
de água e praticamente não tem indústrias.
Mapa 1- Mapa da Faixa de Gaza
Mapa da Faixa de Gaza mostrando as áreas urbanas,
campos de refugiados e pontos de travessia na fronteira.
Fonte: https://en.wikivoyage.org/wiki/Gaza_Strip
Em conformidade com os Acordos de Oslo assinados com Israel em 1993, a Autoridade
Nacional Palestina (ANP) se tornou o órgão administrativo que governaria os centros
populacionais palestinos (Cisjordânia e Faixa de Gaza). Após a Guerra dos Seis Dias, em
2005, Israel decidiu retirar seus colonos e militares da Faixa de Gaza, entregando sua
administração à ANP devido à dificuldade de conviver em um pequeno espaço com a
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população palestina. Apesar disso, Israel manteve o controle do espaço aéreo, das águas
territoriais e das fronteiras da Faixa de Gaza. Na prática, a Faixa de Gaza sofre o cerco de
Israel por terra e pelo mar e, na fronteira com o Egito, sofre com restrições exercidas pelo
governo deste país contra sua população. Esta situação na Faixa de Gaza é similar à
enfrentada pela população judaica que viveu no Gueto de Varsóvia na Polônia durante a
Segunda Guerra Mundial e que, em seguida, foi dizimada nos campos de concentração
pelos nazistas.
Ressalte-se que duas forças políticas (Fatah e Hamas) passaram a se digladiar pelo poder
da ANP- Autoridade Nacional Palestina que resultou do Acordo de Oslo em 1993. A
eleição do Hamas em janeiro de 2006 para liderar o Conselho Legislativo Palestino
congelou as relações entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina. Após várias batalhas
de rua, o Hamas expulsou totalmente da Faixa de Gaza, onde estava concentrada, a
Autoridade Nacional Palestina dominada pelo Fatah, considerada muito conciliadora com
Israel, levando este país a cortar a entrada nesta região de todos os suprimentos. O impasse
entre o Hamas e o Fatah é devido, principalmente, à resistência do Hamas em reconhecer
o direito de Israel a existir, a renunciar à violência ou aceitar os acordos anteriores
assinados entre Israel e a ANP.
Visto como um grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e por países europeus, o
Hamas vem sofrendo uma série de sanções por parte desses países. Com o domínio da
Faixa de Gaza pelo Hamas, o governo israelense ampliou a vigilância sobre este território,
aumentou seu controle sobre as fronteiras e restringiu a circulação de produtos e pessoas
entre os dois territórios. Desde então, houve uma série de confrontos abertos entre o
governo israelense e o Hamas. Em geral, os confrontos têm envolvido o lançamento de
mísseis pelo Hamas a cidades de Israel e ataques de Israel à Faixa de Gaza, por meio de
bombardeios e ofensivas terrestres. Além dos confrontos abertos que resultaram em
centenas de mortes (na maioria, de palestinos), a relação entre israelenses e palestinos nas
últimas décadas tem sido marcada por atentados, conflitos entre militares israelenses e
civis palestinos, intifadas (revoltas populares) e tentativas de acordos de paz que sempre
são emperradas por algum motivo.
Nos últimos dias, o mundo tem acompanhado a intensificação do conflito entre
israelenses e palestinos na Faixa de Gaza. Terroristas do Hamas, que romperam a barreira
de segurança militarizada em torno da Faixa de Gaza em 7 de outubro passado,
mataram mais de 1.300 pessoas no sul de Israel e sequestraram cerca de 200 pessoas.
Diversas pessoas que estão entre os mortos e desaparecidos durante o ataque terrorista do
Hamas a Israel são estrangeiros. Em resposta à selvageria praticada pelo Hamas, o
governo de Israel encetou, também, um tratamento bárbaro e brutal contra o povo
palestino com bombardeios indiscriminados e a ameaça de invasão da Faixa de Gaza sob
o controle do Hamas por parte das forças armadas israelenses. Desde o início do conflito,
em 7 de outubro passado, entre o Estado de Israel e o Hamas, o exército de Israel já atacou
cerca de 5 mil alvos do Hamas na Faixa de Gaza atingindo indiscriminadamente a
população civil e os palestinos já dispararam cerca 2.500 mísseis do outro lado da
fronteira contra o território israelense. Desde o início do conflito, Israel tem bombardeado
sistematicamente a Faixa de Gaza matando cerca de 3 mil palestinos.
O Hamas é possuidor de um arsenal de mísseis fornecidos pelo Irã que podem atingir os
arredores de Tel Aviv e Jerusalém. Estas novas armas estão longe de criar um "equilíbrio
do terror" entre os dois campos. Israel tem um poder de fogo e uma capacidade de
dissuasão imensamente superior, além de possuir um escudo antimísseis bastante
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eficiente. De acordo com o exército israelense, dos cerca de 1.050 mísseis e morteiros
disparados recentemente pelo Hamas, 850 foram interceptados por este sistema
antimísseis. Não há dúvidas que está em execução um plano de guerra por parte do
governo de Israel com o propósito de aniquilar o Hamas, sendo o próximo passo uma
invasão terrestre à Faixa de Gaza. Neste momento, as principais estradas ao redor da Faixa
de Gaza estão sendo bloqueadas, para facilitar a operação militar que está sendo
desenvolvida. Antes de iniciar sua ofensiva na Faixa de Gaza, Israel tem bombardeado
incessantemente a população civil da Faixa de Gaza e impede o fornecimento de energia
elétrica, combustível, água, alimentos e medicamentos à população que são utilizados
como armas de guerra contra o Hamas. Trata-se de um ato bárbaro, um crime de guerra,
praticado pelo governo de Israel ao atentar contra a vida dos habitantes de Gaza matando-
as de fome e sede.
Porta-vozes do governo de Israel está recomendando que a população do norte da Faixa
de Gaza se desloque para o sul com o objetivo de facilitar sua ação no combate ao Hamas.
Esta operação militar comandada por Benjamin Netanyahu, primeiro ministro israelense,
teria, também, por objetivo fortalecê-lo politicamente haja vista que ele está sendo
responsabilizado pela fragilidade nas defesas de Israel no ataque terrorista de 7 de outubro
realizado pelo Hamas. Em 17 de outubro, ocorreu o bombardeio a um hospital na Faixa
de Gaza, que deixou ao menos 500 mortos e foi atribuído a Israel pelo Ministério da Saúde
de Gaza, sendo amplamente condenado por governos em todo o mundo. Israel
responsabiliza sem provas a Jihad Islâmica que negou ter relação com o bombardeio. O
terrorismo do Hamas não justifica a barbárie praticada pelo governo de Israel contra a
população civil da Faixa de Gaza. Após o bombardeio do hospital de Gaza atribuído a
Israel, o ambiente lhe ficou hostil com um mundo árabe recriminando o governo de Israel
ao ponto de cancelar encontro de lideranças árabes que teriam com o presidente Joe Biden
dos Estados Unidos.
Se os dois lados quiserem viver em paz precisam se submeter às leis internacionais. O
conflito entre o Estado de Israel e os palestinos do Hamas só chegará ao fim de imediato,
se houver um cessar fogo entre Israel e o Hamas, a troca dos reféns em poder do Hamas
por prisioneiros palestinos nas prisões israelenses e a criação de um corredor humanitário
na Faixa de Gaza para evitar a morte de palestinos de sede e de fome. Para que um acordo
de paz duradouro tenha início entre palestinos e israelenses, é preciso que Israel e Hamas
cessem suas hostilidades, as fronteiras pré-1967 sejam respeitadas, Jerusalém seja
transformada em uma cidade internacional sob o controle das Nações Unidas haja vista
que há um profundo desacordo entre palestinos e israelenses sobre sua divisão, a imediata
retirada dos colonos israelenses de terras palestinas da Cisjordânia, o retorno de
refugiados das guerras árabe-israelenses a suas antigas terras e o reconhecimento da
Palestina como Estado independente. Sem esta solução haverá apenas a continuidade das
guerras, com algumas tréguas, mas não a paz duradoura. Para mediar o conflito, é preciso
que a ONU, através de seu Conselho de Segurança, assuma este papel. Além de mediar o
conflito, é preciso que a ONU apure as responsabilidades pelos crimes de guerra
praticados pelo Hamas e pelo governo de Israel.
* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA
e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona,
professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento
estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi
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Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution
company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de
Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e
a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel,
São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado.
Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e
Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX
e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of
the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o
progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo,
São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV,
Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI
(Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o
Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba,
2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-
autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade
ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da
ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da
humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton,
Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the
extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução
da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).