Manual de normas e procedimentos para vacinação 2014
Nota técnica viabilidade de contribuição do açude jaburu ii para o abastecimento emergencial de crateús
1. NOTA TÉCNICA : VIABILIDADE DE CONTRIBUIÇÃO DO AÇUDE
JABURU II PARA O ABASTECIMENTO EMERGENCIAL DE CRATEÚS
Data: 15 de julho de 2013
1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Com mais um ano de escassez hídrica na região dos Sertões de Crateús, que desde 2010
sofre o problema, é cada dia mais crítica a situação de abastecimento da cidade de Crateús. Com o
prognóstica da FUNCEME, divulgado no final de janeiro de 2013, indicando mais um ano de
precipitações abaixo da média no estado do Ceará, a COGERH planejou a transferência de água do
açude Jaburu II, em Independência, para a barragem do Batalhão, em Crateús, de onde é feita a
captação de água para o sistema de abastecimento de Crateús, como solução emergencial para o
problema. Conforme os dados de projeto, utilizados para o monitoramento do açude, haveria água
suficiente para evitar o colapso de Crateús com essa transferência, procedimento que que já havia
sido realizado com sucesso em secas anteriores.
Entre as ações planejadas para realizar esta operação, a COGERH julgou importante
verificar com maior precisão a reserva existente nos açudes Carnaubal e Jaburu II, para avaliar a
ocorrência de assoreamento. Esta ocorrência é mais comum em açudes mais antigos, devido ao
assoreamento acumulado ao longo dos anos, não sendo o caso dos açudes aqui considerados, de
construção mais recente. Contudo, havia indícios de que o açude Carnaubal, estivesse com reserva
inferior à indicada pelo projeto, já que visualmente parecia mais raso do que o esperado, fato
percebido por estar o açude com a menor acumulação de sua história. Tal suspeita não era forte em
relação ao Jaburu II, que vinha apresentando um comportamento normal em relação às suas
simulações para fins de alocação de água.
A COGERH realizou no mês de abril as batimetrias desses reservatórios, constatando uma
redução de 5,94 milhões de m3
, para 0,91 milhões de m3
, no açude Carnaubal, redução bem maior
do que se esperava. No caso do açude jaburu II, a redução verificada foi ainda maior, de 14,3
milhões para 5,3 milhões de m3
, praticamente inviabilizando a transferência para Crateús. Vale
salientar que somente a batimetria com o açude cheio ou a topografia da bacia hidráulica permitirá
uma avaliação da real diferença entre a capacidade real e os dados de projeto, além de permitir uma
melhor avaliação das causas dessa diferença.
2. ESTUDOS SOBRE A PROPOSTA DE LIBERAÇÃO DE ÁGUA DO AÇUDE JABURU II
O volume atual do açude Jaburu II é de apenas 4,1 milhões de m3
, e sua distância até a
barragem do Batalhão, pelo curso do rio no sentido jusante, é de aproximadamente 38 km.
Considerando que o açude Carnaubal estará seco no final desse mês, julho de 2013, e que a
barragem do Batalhão teria reserva para apenas mais um mês, a COGERH avaliou a possibilidade
de transferir água do açude Jaburu, através do riacho do Meio, para a barragem do Batalhão, para
que esta permanecesse mais tempo com água e pudesse viabilizar a construção de uma adutora de
montagem rápida para transferir água do açude Flor do Campo para o açude Carnaubal, evitando a
descarga prevista através do leito do rio Poti.
A primeira dificuldade identificada para esta liberação a partir do Jaburu II é que a máxima
vazão possível de ser liberada gravitacionalmente pela galeria, devido ao baixo nível da água atual,
é de 200 l/s. Pela experiência de alocação de água, sabe-se que com essa vazão, a água não
2. alcançaria a barragem do batalhão. Além disso, mesmo que fosse instalado um potente sistema para
bombear a água do volume morto do açude, capaz de bombear 600 l/s, por exemplo, haveria dois
entraves. O primeiro é que para percorrer uma distância de cerca de 40 km, no riacho do Meio, as
dificuldade seriam grandes, já que trata-se de um rio com tradição de uso para irrigação e com
muitos empecilhos ao escoamento: dois grandes poços que encontram-se quase secos, áreas
propícias à inundação, uma barragem, trechos onde o rio bifurca criando dois braços, e grande
quantidade de motores, em dois projetos de irrigação implantados pelo Estado, que seriam
acionados para captar água numa extensão de mais de 12 km do curso hídrico. Com estes fatores,
significativa parcela da água liberada seria consumida ou perdida ao longo do rio. Outro agravante é
que é difícil se conseguir grandes vazões com sistema de bombeamento, comparado à liberação pela
galeria, o que contribui para reduzir o saldo percentual da água que chega à barragem do batalhão.
Nessa perspectiva, mesmo que fosse conseguida maiores vazões, a reduzida capacidade da
barragem do batalhão geraria o risco de transbordamento, com grande desperdício de água.
Uma simulação realizada com a liberação de 600 l/s do açude Jaburu II, a partir de 01 de
agosto de 2013, secaria totalmente o reservatório no final de setembro deste ano. Tal ação, além de
não garantir o suprimento adequado para Crateús, dadas as adversidades envolvidas, poderia ser
considerada um crime ambiental ao provocar a morte de toda a vida aquática do reservatório, além
de outros impactos indiretos.
3. CONCLUSÕES
Uma análise comparativa entre a liberação do açude Flor do Campo e do Jaburu II, leva-nos
a crer que a liberação no rio Poti a partir do açude Flor do Campo seria mais eficiente, pois ao
contrário do riacho do Meio, o rio Poti não possui tradição de irrigação, tem menos empecilhos
físicos e o açude Flor do Campo pode operar com uma vazão bem maior, através da galeria,
estimada em 1500 l/s. Estimou-se que nas condições acima, a água levaria 30 dias para chegar ao
açude Carnaubal, nos levando a supor que no caso do Jaburu II esse período seria no mínimo um
mês e meio e o percentual de perda no trecho bem maior.
Por outro lado, levaríamos pelo menos mais um mês para se fazer toda a articulação com a
sociedade e a imprensa, proceder a desobstrução do rio, montar uma campanha, com apoio do
Ministério Público, para suspender a irrigação no vale, proceder a licitação ou dispensa desta, para
aquisição e instalação dos sistema de bombeamento. Com isso, estima-se que a água só chegaria ao
seu destino num prazo de 2 meses e meio, o que não evitaria o colapso da cidade de Crateús,
estimado para ocorrer em um mês. Desta forma, a COGERH não entende que esta operação seria
adequada diante das condições descritas. Além disso, a reação da comunidade do Jaburu e do
município de Independência não seria menor do que a que ocorre atualmente em Novo Oriente e
Crateús, aumentando a tensão social na região.
Responsáveis técnicos:
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Gianni Peixoto B. Lima - Assistente da Diretoria de Operações
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Francisco Rennys Aguiar Frota – Diretor-Presidente