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Estudos da CNBB – 108
Coleção Estudos da cnbb
•   08. Pastoral do dízimo, CNBB
•   59. Formação de Catequistas, idem
•   65. Pastoral familiar no Brasil, idem
•   79. Música litúrgica no Brasil (A), idem
•   81. Batismo de crianças: subsídios litúrgico-pastorais (O), idem
•   82. Itinerário da fé na iniciação cristã de adultos (O), idem
•   89. Eucaristia na vida da Igreja: subsídios para o ano da eucaristia, idem
•   91. Ouvir e proclamar a Palavra: seguir Jesus no Caminho, idem
•   93. Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais, idem
•   94. Catequistas para a catequese com adultos: processo formativo, idem
•   95. Ministério do Catequista, idem
•   96. Deixai-vos reconciliar: seminário nacional sobre a reconciliação, idem
•   97. Iniciação à vida cristã: um processo de inspiração catecumenal, idem
•   98. Questões de bioética, idem
•   99. Igreja e questão agrária no início do século XXI, idem
• 100. Missionários(as) para a Amazônia, idem
• 101. Comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil (A), idem
• 102. Seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário
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• 103. Pastoral juvenil no Brasil: identidade e horizontes, idem
• 105. Igreja e as comunidades quilombolas (A), idem
• 106. Orientações para projeto e construção de igrejas e disposição do espaço
		 celebrativo, idem
• 107. Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade (Os): sal da terra e luz do
		 mundo (cf. Mt 5,13-14), idem
• 108. Missão e cooperação missionária: orientações para a animação missionária
		 da Igreja no Brasil, idem
Missão
e Cooperação Missionária
Conferência nacional dos Bispos do Brasil
Orientações
para a animação missionária
da Igreja no Brasil
© Paulus – 2016
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Fax (11) 5579-3627
Tel. (11) 5087-3700
paulus.com.br
editorial@paulus.com.br
ISBN 978-85-349-4284-3
© Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
1ª edição, 2016
5
Siglas
AG Ad Gentes – Decreto do Concílio Vaticano II sobre a atividade
missionária da Igreja
ChL Christifideles Laici – Exortação Apostólica de João Paulo II
sobre vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo
CDC Código de Direito Canônico
CMi Cooperatio Missionalis – Instrução da Congregação para
a Evangelização dos Povos
DAp Documento de Aparecida
DGAE Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil
DPb Documento de Puebla – Conclusões da III Conferência Geral
do Episcopado Latino-Americano
DV Dei Verbum – Constituição dogmática do Concílio Vaticano II
sobre a Revelação
EAm Ecclesia in America – Exortação Apostólica de João Paulo II
EG Evangelii Gaudium – Exortação Apostólica de Francisco
EN Evangelii Nuntiandi – Exortação Apostólica de Paulo VI
ES Ecclesiam Suam – Carta Encíclica de Paulo VI
GS Gaudium et Spes – Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II
sobre a Igreja no mundo atual
LG Lumen Gentium – Constituição dogmática do Concílio Vaticano II
sobre a Igreja
PB Pastor Bonus – Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana
RMi Redemptoris Missio – Carta Encíclica de João Paulo II
sobre a validade permanente do mandato missionário
SC Sacrosanctum Concilium – Constituição do Concílio Vaticano II
sobre a Liturgia
7
APRESENTAção
“Levanta-te, desce e vai com eles, sem hesitar, pois fui eu que os
mandei”. (At 10,20)
Damos graças a Deus pelas várias iniciativas missionárias que
vão se firmando em tantas dioceses e regionais no Brasil. Vemos como
nos últimos 20 anos a consciência missionária vem sendo assumida
por tantos cristãos leigos e leigas, religiosos e presbíteros como uma
graça de Deus que tem transformado a vida de muitas pessoas.
Dentre milhares de exemplos, escolhi o testemunho do Senhor
Eniel Miranda, nascido em Minas Gerais, que depois migrou para
o Paraná, Mato Grosso e finalmente Rondônia. Chegou à então
Vila de Buritis, hoje município, em 1993, e encontrou somente três
comunidades. O Padre visitava o lugar de vez em quando. Sentiu o
chamado de Deus para visitar vários lugares nas áreas urbana e rural e,
mesmo com todas as dificuldades – e entre elas poder contar somente
com uma bicicleta como meio de transporte –, ajudou a fundar 67
comunidades no período de 1993 a 2007, articulando-as para que
não ficassem isoladas. Mesmo sendo analfabeto, formava grupos para
ler o Evangelho e meditar a vida de Jesus Cristo. Ele costuma dizer:
“Jesus Cristo precisa muito de nós e precisamos ser animados e estar
conscientes de que participar da vida da comunidade dá sentido à
nossa vida porque é assim que Jesus ordenou”.
Nesse processo de descoberta e fortalecimento da consciência
missionária, o Documento de Aparecida tem sido muito importante,
porque destaca a força do encontro com Jesus Cristo: “Quando cresce
no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em razão da gratuidade
e alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o
8
dom desse encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto,
mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com
Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade
a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo (cf. At 1,8)”
(n. 145).
O Senhor Eniel e outros(as) milhares de missionários(as)
sentem-se confirmados na fé e com maior disposição para dar conti-
nuidade à missão ao escutar a Conferência de Aparecida proclamar:
“cumprir essa missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da
identidade cristã porque é a extensão testemunhal da vocação mesma”
(DAp, n. 144).
O protagonismo de cada pessoa batizada marca de modo deci-
sivo a nova evangelização. É o Espírito Santo que suscita no coração
dessas e de outras pessoas o desejo ardente de seguir Jesus Cristo e dele
dar testemunho colaborando para que as comunidades sejam, de fato,
fraternas, celebrantes do Mistério Pascal, solidárias e missionárias.
O Papa Francisco faz questão de afirmar: “‘a causa missioná-
ria dever ser (...) a primeira de todas as causas’. Que sucederia se
tomássemos realmente a sério essas palavras? Simplesmente reco-
nheceríamos que a ação missionária é o paradigma de toda a obra
da Igreja” (EG, n. 15). Neste sentido, o Conselho Missionário
Nacional (COMINA), desejando oferecer a toda a Igreja no Brasil
elementos fundamentais para a reflexão sobre a missão, animação e
cooperação missionárias, preparou o presente subsídio, publicado pelas
Edições CNBB como texto de estudos.
Agradecemos a todas as pessoas que, com dedicação
à causa missionária – em especial a Dom Sergio Braschi,
então presidente da Comissão para a Ação Missionária e Coo-
peração Intereclesial da CNBB –, elaboraram, aprofundaram e
revisaram o texto ora editado. Deus ajude que possa ser instru-
mento para fortalecer e dinamizar a caminhada missionária no
Brasil. Certamente, o estudo pessoal, em grupos, nas comunidades
eclesiais, nas pastorais, nos movimentos, serviços e Conselhos
9
Missionários Paroquiais (COMIPAs), Diocesanos (COMIDIs),
Regionais (COMIREs) e de Seminaristas (COMISEs) contribuirá
para que outros elementos sejam considerados nas próximas edições.
Trabalhemos com fé e alegria, pois na grande obra que é de Deus,
somos chamados a ser seus colaboradores. “Não nos deixemos roubar
o entusiasmo missionário!” (EG, n. 80).
Dom Esmeraldo Barreto de Farias
Bispo Auxiliar de São Luís do Maranhão e
Presidente da Comissão para a Ação Missionária e
Ação Intereclesial da CNBB
11
Introdução
“Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulas,
batizando-asemnomedoPai,doFilhoedoEspíritoSantoeensinando-
-as a observar tudo quanto vos ordenei” (cf. Mt 28,19-20a). Com
essas palavras o Ressuscitado dirige-se a seus irmãos (cf. Mt 28,10)
confiando-lhesnãoapenas uma tarefa, esimuma identidademessiânica
(cf. LG, n. 9b) que os projetava além de si, no anúncio, no serviço e no
testemunho do Reino de Deus ao mundo inteiro. Com efeito, a Igreja
“não é fim em si mesma, uma vez que se ordena ao Reino de Deus,
do qual é princípio, sinal e instrumento” (RMi, n. 18).1
A missão é
um serviço ao Reino de Deus que, na busca de fidelidade ao Espírito
de Deus procura recriar, no hoje da nossa história, a prática de Jesus.
Porém, não é tanto um trabalho burocrático nem se esgota num “fa-
zer” missionário, é uma presença amiga, amorosa, profética e crítica,
capaz de manifestar o amor e a misericórdia de Deus nas suas ações,
palavras e testemunhos de vida. O contato com outra realidade cultural
e eclesial ajuda a abrir os horizontes de compreensão do missionário.
Ele é questionado em sua vida religiosa, em seu testemunho cristão. A
missãoexigeumacapacidadedeesvaziamentoespiritual(kênosis):aobra
é de Deus, o protagonista da missão é o Espírito Santo, os missionários
atuantes são apenas instrumentos nas mãos de Deus.
A tarefa essencial da missão é o anúncio da proximidade do Reino
de Deus, da conversão e da fé na Boa-Nova (cf. Mc 1,15). O conjunto
do Reino, da conversão e da fé se desdobra na prática de caridade que
é um dom de Cristo Salvador. Há 50 anos, na última sessão pública do
1
Cf. Paulo VI. Discurso de abertura do terceiro período do Concílio, 14 de setembro de 1964:
AAS 56 (1964) 810.
12
Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI resumiu com poucas palavras
debates e documentos desse evento eclesial: “Desejamos notar que a
religião do nosso Concílio foi, antes de mais, a caridade (...), se nos
lembrarmos que o próprio Cristo nos ensina que todos conhecerão que
somosseusdiscípulossenosamarmosmutuamente(cf.Jo13,35)”.2
Por
conseguinte, a Igreja está no mundo unicamente para cooperar com a
missão de Deus (cf. 1Cor 3,9; EG, n. 12), sabendo que assim participa
da condição divina enquanto impulsionada pelo Espírito a anunciar o
Evangelho, revive nela própria a presença de Cristo ressuscitado, que a
coloca em comunhão com Deus Pai.
Esta é a concepção expressa pelo Concílio Vaticano II quando
descreve “a Igreja peregrina” como “missionária por natureza” (AG,
n. 2): essa é sua vocação própria, sua identidade mais profunda (cf. EN,
n. 14), sua razão de ser, sua essência estruturante e seu serviço à huma-
nidade (cf. DPb, n. 1145; RMi, n. 2). De fato, a constitutiva unidade
da Igreja com o mistério de Deus Amor, testemunhada pela santidade
de vida de uma comunidade cristã, é fundamentalmente católica, quer
dizer, universal, aberta a todos, e, por ser essencialmente apostólica, “en-
viada” e “missionária”. Portanto, a Igreja é chamada a estar “em saída”
como o seu Senhor que “sabe ir à frente, sabe tomar iniciativa sem
medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas
dos caminhos para convidar os excluídos” (EG, n. 24). Dizer Igreja
é dizer missão: “a Igreja nasce da missão e existe para a missão: existe
para os outros e precisa ir a todos” (DGAE 2011, n. 76).
EsseprofundomistériodecomunhãocomDeustraduz-seemgene-
roso,alegre,dialógicoeinfatigávelengajamentonomundo,assimcomoo
“impulso interior da caridade tende a fazer-se dom exterior” (ES, n. 37).
Anúncio e cooperação missionária estão articulados no interior de
uma Igreja samaritana, enfatizada no Documento de Aparecida: “Ilu-
minados pelo Cristo, o sofrimento, a injustiça e a cruz nos desafiam a
2
Cf. Paulo VI. Discurso na última sessão pública do Concílio Vaticano II, 7 de dezembro de
1965:AAS 58 (1966), p. 51-59.
13
viver como Igreja samaritana, recordando que a evangelização vai uni-
da sempre à promoção humana e à autêntica libertação cristã” (n. 26).
A V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano convoca
todas as Igrejas do Continente a colocar-se “em estado permanente
de missão” (DAp, n. 551). Assim é preciso “repensar profundamen-
te e relançar com fidelidade e audácia a missão da Igreja nas novas
circunstâncias latino-americanas e mundiais” (DAp, n. 12), pois
esta missão “ainda está longe do seu pleno cumprimento” (RMi,
n. 1), ou melhor, “está ainda no começo” (RMi, n. 1; 40). Por isso,
“necessitamos de um novo pentecostes, necessitamos sair ao encon-
tro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes
comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo. (...) Não
podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas
é urgente ir em todas as direções” (DAp, n. 548).

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Estudos da CNBB – 108 Missão e Cooperação Missionária

  • 1. Estudos da CNBB – 108
  • 2. Coleção Estudos da cnbb • 08. Pastoral do dízimo, CNBB • 59. Formação de Catequistas, idem • 65. Pastoral familiar no Brasil, idem • 79. Música litúrgica no Brasil (A), idem • 81. Batismo de crianças: subsídios litúrgico-pastorais (O), idem • 82. Itinerário da fé na iniciação cristã de adultos (O), idem • 89. Eucaristia na vida da Igreja: subsídios para o ano da eucaristia, idem • 91. Ouvir e proclamar a Palavra: seguir Jesus no Caminho, idem • 93. Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais, idem • 94. Catequistas para a catequese com adultos: processo formativo, idem • 95. Ministério do Catequista, idem • 96. Deixai-vos reconciliar: seminário nacional sobre a reconciliação, idem • 97. Iniciação à vida cristã: um processo de inspiração catecumenal, idem • 98. Questões de bioética, idem • 99. Igreja e questão agrária no início do século XXI, idem • 100. Missionários(as) para a Amazônia, idem • 101. Comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil (A), idem • 102. Seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário (O), idem • 103. Pastoral juvenil no Brasil: identidade e horizontes, idem • 105. Igreja e as comunidades quilombolas (A), idem • 106. Orientações para projeto e construção de igrejas e disposição do espaço celebrativo, idem • 107. Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade (Os): sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-14), idem • 108. Missão e cooperação missionária: orientações para a animação missionária da Igreja no Brasil, idem
  • 3. Missão e Cooperação Missionária Conferência nacional dos Bispos do Brasil Orientações para a animação missionária da Igreja no Brasil
  • 4. © Paulus – 2016 Rua Francisco Cruz, 229 04117-091 São Paulo (Brasil) Fax (11) 5579-3627 Tel. (11) 5087-3700 paulus.com.br editorial@paulus.com.br ISBN 978-85-349-4284-3 © Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 1ª edição, 2016
  • 5. 5 Siglas AG Ad Gentes – Decreto do Concílio Vaticano II sobre a atividade missionária da Igreja ChL Christifideles Laici – Exortação Apostólica de João Paulo II sobre vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo CDC Código de Direito Canônico CMi Cooperatio Missionalis – Instrução da Congregação para a Evangelização dos Povos DAp Documento de Aparecida DGAE Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil DPb Documento de Puebla – Conclusões da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano DV Dei Verbum – Constituição dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Revelação EAm Ecclesia in America – Exortação Apostólica de João Paulo II EG Evangelii Gaudium – Exortação Apostólica de Francisco EN Evangelii Nuntiandi – Exortação Apostólica de Paulo VI ES Ecclesiam Suam – Carta Encíclica de Paulo VI GS Gaudium et Spes – Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II sobre a Igreja no mundo atual LG Lumen Gentium – Constituição dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Igreja PB Pastor Bonus – Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana RMi Redemptoris Missio – Carta Encíclica de João Paulo II sobre a validade permanente do mandato missionário SC Sacrosanctum Concilium – Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia
  • 6. 7 APRESENTAção “Levanta-te, desce e vai com eles, sem hesitar, pois fui eu que os mandei”. (At 10,20) Damos graças a Deus pelas várias iniciativas missionárias que vão se firmando em tantas dioceses e regionais no Brasil. Vemos como nos últimos 20 anos a consciência missionária vem sendo assumida por tantos cristãos leigos e leigas, religiosos e presbíteros como uma graça de Deus que tem transformado a vida de muitas pessoas. Dentre milhares de exemplos, escolhi o testemunho do Senhor Eniel Miranda, nascido em Minas Gerais, que depois migrou para o Paraná, Mato Grosso e finalmente Rondônia. Chegou à então Vila de Buritis, hoje município, em 1993, e encontrou somente três comunidades. O Padre visitava o lugar de vez em quando. Sentiu o chamado de Deus para visitar vários lugares nas áreas urbana e rural e, mesmo com todas as dificuldades – e entre elas poder contar somente com uma bicicleta como meio de transporte –, ajudou a fundar 67 comunidades no período de 1993 a 2007, articulando-as para que não ficassem isoladas. Mesmo sendo analfabeto, formava grupos para ler o Evangelho e meditar a vida de Jesus Cristo. Ele costuma dizer: “Jesus Cristo precisa muito de nós e precisamos ser animados e estar conscientes de que participar da vida da comunidade dá sentido à nossa vida porque é assim que Jesus ordenou”. Nesse processo de descoberta e fortalecimento da consciência missionária, o Documento de Aparecida tem sido muito importante, porque destaca a força do encontro com Jesus Cristo: “Quando cresce no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o
  • 7. 8 dom desse encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo (cf. At 1,8)” (n. 145). O Senhor Eniel e outros(as) milhares de missionários(as) sentem-se confirmados na fé e com maior disposição para dar conti- nuidade à missão ao escutar a Conferência de Aparecida proclamar: “cumprir essa missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã porque é a extensão testemunhal da vocação mesma” (DAp, n. 144). O protagonismo de cada pessoa batizada marca de modo deci- sivo a nova evangelização. É o Espírito Santo que suscita no coração dessas e de outras pessoas o desejo ardente de seguir Jesus Cristo e dele dar testemunho colaborando para que as comunidades sejam, de fato, fraternas, celebrantes do Mistério Pascal, solidárias e missionárias. O Papa Francisco faz questão de afirmar: “‘a causa missioná- ria dever ser (...) a primeira de todas as causas’. Que sucederia se tomássemos realmente a sério essas palavras? Simplesmente reco- nheceríamos que a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG, n. 15). Neste sentido, o Conselho Missionário Nacional (COMINA), desejando oferecer a toda a Igreja no Brasil elementos fundamentais para a reflexão sobre a missão, animação e cooperação missionárias, preparou o presente subsídio, publicado pelas Edições CNBB como texto de estudos. Agradecemos a todas as pessoas que, com dedicação à causa missionária – em especial a Dom Sergio Braschi, então presidente da Comissão para a Ação Missionária e Coo- peração Intereclesial da CNBB –, elaboraram, aprofundaram e revisaram o texto ora editado. Deus ajude que possa ser instru- mento para fortalecer e dinamizar a caminhada missionária no Brasil. Certamente, o estudo pessoal, em grupos, nas comunidades eclesiais, nas pastorais, nos movimentos, serviços e Conselhos
  • 8. 9 Missionários Paroquiais (COMIPAs), Diocesanos (COMIDIs), Regionais (COMIREs) e de Seminaristas (COMISEs) contribuirá para que outros elementos sejam considerados nas próximas edições. Trabalhemos com fé e alegria, pois na grande obra que é de Deus, somos chamados a ser seus colaboradores. “Não nos deixemos roubar o entusiasmo missionário!” (EG, n. 80). Dom Esmeraldo Barreto de Farias Bispo Auxiliar de São Luís do Maranhão e Presidente da Comissão para a Ação Missionária e Ação Intereclesial da CNBB
  • 9. 11 Introdução “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulas, batizando-asemnomedoPai,doFilhoedoEspíritoSantoeensinando- -as a observar tudo quanto vos ordenei” (cf. Mt 28,19-20a). Com essas palavras o Ressuscitado dirige-se a seus irmãos (cf. Mt 28,10) confiando-lhesnãoapenas uma tarefa, esimuma identidademessiânica (cf. LG, n. 9b) que os projetava além de si, no anúncio, no serviço e no testemunho do Reino de Deus ao mundo inteiro. Com efeito, a Igreja “não é fim em si mesma, uma vez que se ordena ao Reino de Deus, do qual é princípio, sinal e instrumento” (RMi, n. 18).1 A missão é um serviço ao Reino de Deus que, na busca de fidelidade ao Espírito de Deus procura recriar, no hoje da nossa história, a prática de Jesus. Porém, não é tanto um trabalho burocrático nem se esgota num “fa- zer” missionário, é uma presença amiga, amorosa, profética e crítica, capaz de manifestar o amor e a misericórdia de Deus nas suas ações, palavras e testemunhos de vida. O contato com outra realidade cultural e eclesial ajuda a abrir os horizontes de compreensão do missionário. Ele é questionado em sua vida religiosa, em seu testemunho cristão. A missãoexigeumacapacidadedeesvaziamentoespiritual(kênosis):aobra é de Deus, o protagonista da missão é o Espírito Santo, os missionários atuantes são apenas instrumentos nas mãos de Deus. A tarefa essencial da missão é o anúncio da proximidade do Reino de Deus, da conversão e da fé na Boa-Nova (cf. Mc 1,15). O conjunto do Reino, da conversão e da fé se desdobra na prática de caridade que é um dom de Cristo Salvador. Há 50 anos, na última sessão pública do 1 Cf. Paulo VI. Discurso de abertura do terceiro período do Concílio, 14 de setembro de 1964: AAS 56 (1964) 810.
  • 10. 12 Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI resumiu com poucas palavras debates e documentos desse evento eclesial: “Desejamos notar que a religião do nosso Concílio foi, antes de mais, a caridade (...), se nos lembrarmos que o próprio Cristo nos ensina que todos conhecerão que somosseusdiscípulossenosamarmosmutuamente(cf.Jo13,35)”.2 Por conseguinte, a Igreja está no mundo unicamente para cooperar com a missão de Deus (cf. 1Cor 3,9; EG, n. 12), sabendo que assim participa da condição divina enquanto impulsionada pelo Espírito a anunciar o Evangelho, revive nela própria a presença de Cristo ressuscitado, que a coloca em comunhão com Deus Pai. Esta é a concepção expressa pelo Concílio Vaticano II quando descreve “a Igreja peregrina” como “missionária por natureza” (AG, n. 2): essa é sua vocação própria, sua identidade mais profunda (cf. EN, n. 14), sua razão de ser, sua essência estruturante e seu serviço à huma- nidade (cf. DPb, n. 1145; RMi, n. 2). De fato, a constitutiva unidade da Igreja com o mistério de Deus Amor, testemunhada pela santidade de vida de uma comunidade cristã, é fundamentalmente católica, quer dizer, universal, aberta a todos, e, por ser essencialmente apostólica, “en- viada” e “missionária”. Portanto, a Igreja é chamada a estar “em saída” como o seu Senhor que “sabe ir à frente, sabe tomar iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” (EG, n. 24). Dizer Igreja é dizer missão: “a Igreja nasce da missão e existe para a missão: existe para os outros e precisa ir a todos” (DGAE 2011, n. 76). EsseprofundomistériodecomunhãocomDeustraduz-seemgene- roso,alegre,dialógicoeinfatigávelengajamentonomundo,assimcomoo “impulso interior da caridade tende a fazer-se dom exterior” (ES, n. 37). Anúncio e cooperação missionária estão articulados no interior de uma Igreja samaritana, enfatizada no Documento de Aparecida: “Ilu- minados pelo Cristo, o sofrimento, a injustiça e a cruz nos desafiam a 2 Cf. Paulo VI. Discurso na última sessão pública do Concílio Vaticano II, 7 de dezembro de 1965:AAS 58 (1966), p. 51-59.
  • 11. 13 viver como Igreja samaritana, recordando que a evangelização vai uni- da sempre à promoção humana e à autêntica libertação cristã” (n. 26). A V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano convoca todas as Igrejas do Continente a colocar-se “em estado permanente de missão” (DAp, n. 551). Assim é preciso “repensar profundamen- te e relançar com fidelidade e audácia a missão da Igreja nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais” (DAp, n. 12), pois esta missão “ainda está longe do seu pleno cumprimento” (RMi, n. 1), ou melhor, “está ainda no começo” (RMi, n. 1; 40). Por isso, “necessitamos de um novo pentecostes, necessitamos sair ao encon- tro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo. (...) Não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções” (DAp, n. 548).