1. CADA TEMPO EM SEU TEMPO
(GILBERTO GIL)
Preciso refrear um pouco o meu desejo de ajudar
Não vou mudar um mundo louco dando socos para o ar
Não posso me esquecer que a pressa
É inimiga da perfeição
Se eu ando o tempo a jato, ao menos
Aprendi a ser o último a sair do avião.
Preciso me livrar do ofício de ter que ser sempre bom
Bondade pode ser um vício, levar a lugar nenhum
Não posso me esquecer que o açoite também foi usado por Jesus
Se eu ando o tempo todo aflito, ao menos
Aprendi a dar meu grito e a carregar a minha cruz.
Ô – ô, ô – ô
Cada coisa em seu lugar
Ô – ô, ô – ô
A bondade, quando foi bom ser bom
A justiça, quando for melhor
O perdão:
Se for preciso perdoar.
Agora deve estar chegando a hora de ir descansar
Um velho sábio na Bahia recomendou: “Devagar”
Não posso me esquecer que um dia
Houve em que eu nem estava aqui
Se eu ando por aí correndo, ao menos
Eu vou aprendendo o keito de não ter mais aonde ir.
Ô – ô, ô – ô
Cada tempo em seu lugar
Ô – ô, ô – ô
A velocidade, quando for bom
A saudade, quando for melhor
Solidão:
Quando a desilusão chegar.