1) O documento fornece instruções sobre como realizar testes de acuidade visual em crianças, incluindo preparação do ambiente e dos materiais, aplicação do teste e registro dos resultados.
2) É descrito o procedimento passo a passo para aplicar o teste de Snellen, observando sinais de problemas visuais e critérios para encaminhamento oftalmológico.
3) As causas mais comuns de estrabismo em crianças são também explicadas.
1. POP
Procedimento Operacional Padrão
Número:
Revisão:
Aprovação:__/__/__
Título: Teste de Acuidade Visual
Executante: Docentes e discentes em Enfermagem.
Finalidades: desenvolver habilidades para testar acuidade visual
Material necessário: Escala de Snellen; lápis preto; sala ampla e iluminada; fita métrica;
banco/cadeira; tapa-olho; fita crepe; folha de anotações dos resultados.
Procedimentos:
Visão. Inspecionar se as pupilas estão isocóricas
1- Testar a reação das pupilas à luz, fotorreatividade. Pedir para o paciente fixar um
ponto com o olhar. Lançar um feixe de luz sobre as pupilas e verificar se ela reage.
Verificar também se há simetria (pupilas isocóricas). Resposta esperada: pupilas
isometricamente fotorreativas (miose em reação à luz), isocóricas.
olho com hipertensão
2. 2- Testar o fundo do olho. Oftalmoscópio na dioptria zero. Apaga-se a luz. Pede o
paciente para fixar o olhar num ponto mais alto acima do ombro do examinador.
Resposta esperada: coloração fundo de olho não pode estar alterada, edema de
papila não deve aparecer, nenhuma alteração dos vasos do fundo do olho, nenhum
alteração do disco ótico ...
3- Testar o campo visual, visão periférica. Solicitar que o paciente fixe o olhar nos olhos
3. do examinador que irá colocar as duas mãos num anglo de 180 graus lateralmente às
orelhas do paciente. O examinador leva paulatinamente as mãos na região frontal ao
paciente. Pede ao paciente que lhe informe a partir de que momento ele enxerga as
mãos do examinador. Repetir este exame acima da cabeça e um pouco abaixo.
Resposta esperada: que o paciente enxergue próximo aos 180 graus.
4- Testar o campo visual, visão periférica 2- Pedir ao paciente para tapar o olho com
uma das mãos e continue fixando o olhar nos olhos do examinador. O examinador
deverá trazer sua mão a partir da orelha oposta ao olho tapado em direção frontal ao
paciente. Resposta esperada: que o paciente enxergue próximo aos 180 graus.
5- Testar os movimentos oculares: primeiramente pedir ao paciente para fixar o olhar
em um ponto para pesquisar desvios oculares substanciais que podem ser um viés
neste teste. Com o objeto a frente do paciente, faz movimentos na forma de “H” no
ar e pede para ele acompanhar com os olhos. O objeto na frente e distante do nariz
do paciente, o examinador vai aproximando até tocar o nariz do paciente. Resposta
esperada:
Estrabismo:
O que é o estrabismo?
“Quando uma pessoa com visão normal olha para um objeto provoca a formação de imagens
na retina de cada um dos olhos. O cérebro as recebe e as ajunta ou funde, fazendo com que o
individuo veja apenas uma imagem. Assim, o reflexo de fusão é responsável pela manutenção
do adequado alinhamento dos olhos. No caso de estrabismo, cada olho do individuo fixa um
ponto diferente. Desta forma, o cérebro não consegue ajuntar ou fundir as imagens recebidas,
pois elas são diferentes. Como nesse caso o cérebro não consegue alinhar os olhos, cria um
mecanismo de supressão da imagem que se formou na retina do olho desviado para evitar a
visão dupla ou diplopia”. (JANUÁRIO, L.H, 2010)
Quais são os tipos de estrabismo?
Convergente ou esotropia, quando o olho desvia em direção ao nariz;
Divergente ou exotropia, quando o olho desvia, em direção à orelha;
Vertical ou hipertropia, quando o olho desvia para cima ou para baixo. (JANUÁRIO, L.H,
2010)
Quais as causas conhecidas do estrabismo?
Hereditariedade e a hipermetropia elevada – defeito/vício de refração que faz com que a
imagem do objeto fixado se localize para trás da retina e a visão seja turva. Especialmente no
olho em desenvolvimento (ate mais ou menos oito anos de idade.O estrabismo acomodativo,
outra forma de esotropia, surge na presença de hipermetropia, geralmente de alto grau. A
esotropia é observada também no estrabismo por deprivação e na paralisia do VI par de
nervos cranianos. O Estrabismo por deprivação sensorial a baixa acuidade visual, em um ou
em ambos os olhos, pode ser causado por catarata congênita, opacidade corneana, cicatriz
retiniana ou anisometropia. Na ocorrência destas doenças a visão não se desenvolve
normalmente e o olho desvia. (JANUÁRIO, L.H, 2010)
4. PREPARO DA SALA PARA APLICAÇÃO DO TESTE
• Boa iluminação (a luz deve vir de trás ou dos lados da criança a ser
examinada)
• Marcar no piso um risco de giz ou colar uma fita crepe a uma distância de
5 m da escala de sinais de Snellen.
• Colocar a cadeira que a criança irá sentar, de maneira que as pernas
traseiras coincidam com a linha traçada no piso.
• As linhas de sinais correspondentes a 0,8 e 1,0 devem estar situadas na
altura dos olhos do examinando. Evitar procedimentos que alterem as
características da escala como xérox, plastificação ou emolduramento.
• Evitar barulho e pessoas circulando na frente da criança (para evitar
desvio de atenção)
PREPARO COLETIVO DAS CRIANÇAS PARA O TESTE
• O ideal é que seja realizado um treinamento em grupo com as crianças
antes de realizar o teste, facilitando-se assim o aprendizado e diminuindo-
se o tempo despendido.
• O grupo (aproximadamente de 10 crianças) deve ser colocado próximo à
tabela
• Apontam-se primeiramente os sinais (Letra “E”) maiores e solicita-se que
cada criança mostre com a mão para que lado está virado cada sinal
• Repetir a explicação, quantas vezes forem necessárias, para que cada
criança entenda o teste.
• Explicar que cada criança terá um e outro olho coberto, para se avaliar
qual dos dois olhos tem melhor visão.
• Os sinais devem ser apontados com um lápis preto, colocado
verticalmente 2 cm abaixo do sinal.
• O professor deve ensinar a criança a cobrir o olho sem fechar ou apertar.
Lembrar que mesmo usando o oclusor, os dois olhos devem ficar abertos.
• Explicar a criança sobre a importância de falar de forma clara e verdadeira
“não enxergo”, quando não estiver enxergando o sinal apontado.
5. APLICAÇÃO DO TESTE (realizado pelo aluno sob a supervisão do professor ou
preceptor)
• Se a criança usa óculos, realizar o teste com os óculos (o olho ocluído
deve manter-se aberto)
• Testar sempre o olho direito (OD) primeiro.
• Utilizar um lápis preto em posição vertical, para apontar o sinal a ser visto,
passando-o em cima e repousando abaixo do sinal – a aproximadamente
2 cm .
• Começar de cima para baixo, mostrando dois ou três sinais de cada linha,
alternando os “E” posicionados na horizontal e vertical.
• Testar pelo menos 3 sinais das linhas 1,0 ou da linha que a criança
conseguir ver.
• Se a criança tiver alguma dificuldade numa determinada linha, mostrar um
número maior de sinais da mesma linha. Caso a dificuldade continue,
voltar à linha anterior.
• Mover com segurança e ritmicamente o lápis de um sinal para outro.
• Lembrar que quanto menor a idade da criança, menor sua capacidade de
concentração.
• A atenção e a colaboração da criança dependem do professor e do
ambiente da sala de aula, preparada para a aplicação do teste.
• Estimular a criança durante a aplicação do teste, incentivá-la mesmo que
apresente baixa visão.
• Durante a medida da acuidade visual, convém verificar se a criança
apresenta queixas e sinais como lacrimejamento, inclinação da cabeça,
piscar contínuo dos olhos, estrabismo, desconforto ou se ela franze a
testa.
REGISTRO DOS RESULTADOS
• Será anotado sempre o equivalente à última linha lida sem dificuldade. A
acuidade visual a ser registrada será aquela em que a criança conseguir
enxergar 2/3 da linha de sinais. Numa linha de 6 sinais, a criança deve
enxergar, no mínimo 3.
• Anotar separadamente, no impresso de resultado da triagem visual (em
anexo), no espaço correspondente, os resultados do olho direito (OD) e do
olho esquerdo (OE), por exemplo: 0,7 (OD) e 0,9 (OE)
• Caso a criança não enxergue os sinais maiores, deve-se pedir à criança
que se aproxime da tabela de sinais de Snellen até que possa enxergar o
sinal. Anotar a distância, em metros, em que a criança conseguiu
6. visualizar os sinais.
• Se a criança, a um metro de distância da tabela, não conseguiu distinguir
os sinais maiores, verificar se consegue contar os dedos da mão do
estagiário e , em caso afirmativo, anotar qual a distância máxima em que
isto acontece. Anotar por ex: conta dedos a 50 m.
• A atenção e colaboração da criança dependem muito do professor e do
ambiente da sala em que está sendo aplicado o teste.
RETESTE (somente para crianças que apresentarem, no teste, visão igual ou
inferior a 0,7 em pelo menos 1 dos olhos e/ou queixas e sinais de problemas
visuais)
• Antes de serem examinadas ao oftalmologista, as crianças que
apresentarem visão abaixo do normal deverão ser reavaliadas, para
maior segurança dos resultados , evitando-se , desta forma,
encaminhamentos desnecessários
(falsos positivos)
• A técnica do reteste é a mesma do teste
CRITÉRIOS DE ENCAMINHAMENTO PARA EXAME OFTALMOLÓGICO
• Crianças com acuidade igual ou inferior a 0,7 (20/30) em pelo menos
um dos olhos, com ou sem queixas e sinais.
• Escolares com diferença de visão entre os olhos, de duas linhas ou
mais (em relação à escala de sinais de Snellen) Constituem
exemplos:OD=0,5 e OE= 0,3 ou OD=0,9 OE= 0,7
• Escolares portadores de estrabismo
• Crianças que, apesar de visão normal em cada olho, apresentam, na
observação do professor: queixas de fadiga visual aos esforços, dor de
cabeça na região dos supercílios, ato de franzir a testa,
lacrimejamento, problemas de leitura e de escrita, desinteresse ou
desatenção, ou mesmo aversão para o trabalho a pouca distância,
tonturas, etc.
7. Cuidados: preparar previamente os materiais e o ambiente para a realização do teste.
Referência:
Brasil. Ministério da Saúde. Projeto Olhar Brasil : triagem de acuidade visual : manual de
orientação / Ministério da Saúde, Ministério da Educação. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2008. 24 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
ALVES, M. R.; TEMPORINI, E. R.; KARA-JOSÉ, N. Atendimento oftalmológico de
escolares do sistema público de ensino no município de São Paulo: aspectos médico-sociais.
Arq Bras Oftalmol. v. 63, n. 5, p. 359-63, 2000.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da Criança – Acompanhamento do Crescimento e
Desenvolvimento Infantil. Cadernos de Reabilitação em Hanseníase nº4. Brasília, 2003.
CORDONNIER, M.; DRAMAIX, M. Screening for abnormal levels of hyperopia in children:
a non-cycloplegic method with a hand held refractor. Br J Ophthalmol. v. 82, n. 11, p. 1260-4,
1998.
DANTAS, R. A.; PAGLIUCA, L. M. F. Escalas Optométricas: História e Princípios Ópticos.
8. Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 1, p. 152-158, jan./mar. 2009.
FERREIRA, R. C. Exame da criança na fase pré-verbal e verbal. Disponível em:
<http://www.sbop.com.br/sbop/site/interna.asp?campo=74&secao_id=4>. Acesso em: 28 de
outubro de 2010.
FOSTER, A.; GILBERT, C. Epidemiology of childhood blindness.Eye. v. 6, p. 173-6, 1992.
JÚNIOR, A. S. C., et al. Prevalência das ametropias e oftalmopatias em crianças pré-escolares
e escolares em favelas do Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro, Brasil. Rev Bras Oftalmol; v. 66,
n. 5, p. 304-8, 2007.
MOJON-AZZI, S. M.; KUNZ, A.; MOJON, D. S. Strabismus and discrimination in children:
are children with strabismus invited to fewer birthday parties? Br J Ophthalmol bjo. 2010. 18
ago. 2010. doi:10.1136/bjo.2010.185793.
NELSON, W. E. Tratado de Pediatria. 12ª ed. v. II. Rio de Janeiro, 2007.
OLIVEIRA, P. R. Causas da cegueira na infância. Arq Bras Oftalmol. v. 55, n. 4, p. 172-5,
1992.
OLIVEIRA; C. A. S., ET AL. Erros de refração como causas de baixa visual em crianças da
rede de escolas públicas da regional de Botucatu - SP. Arq Bras Oftalmol. v. 72, n. 2, p. 194-
8, 2009. 10
RESNIKOFF, S. et al. Global data on visual impairment in the year 2002. Bull World Health
Organ; v.82, n. 11, p. 844-51, 2004.
SBO Sociedade Brasileira de Oftalmologia. O olho. Disponível em:<
http://www.sboportal.org.br/sbo/scripts/ap/glossario.asp>. Acesso em: 28 de outubro de 2010.
SCHELLINI, S. A. et al.Estudo da prevalência das afecções oculares nos pré-escolares da
cidade de Botucatu (São Paulo). Rev Bras Oftalmol.; v. 46, n. 2, p. 21-6, 1987.
SPERANDIO, A. M. G. Promoção da saúde ocular e prevenção precoce de problemas visuais
nos serviços de saúde pública. Rev. Saúde Pública, v. 33, n. 5, 1999.
WHO. World Health Organization Sixty-Second World Health Assembly Provisional. Agenda
item 12.3. A62/7, 2009.
World Health Organization. Bulletin of the World Health Organization, 2001, 79
Elaborado por: Elen Menezes