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A História da Luana

       Luana era o nome dado pela mãe, que sempre quis ser chamada assim,
porque queria ser como a lua, bela e luminosa. Por outro lado, a mãe
considerava-se demasiado bonita, para ter o nome de Conchita. Queixava-se
sempre e perguntava-se a si e aos pais porque é que a mãe tinha aquela
paixão por conchas e porque é que tinha de lhe dar aquele nome.
       Às vezes, quando falava com os amigos e lhes punha esta questão eles
diziam:
       - Tu também estás a ir pelo mesmo caminho: só estás a dar à tua filha
o nome de Luana, por causa dessa tua obsessão pela Lua. Conchita não é
assim tão feio, até porque as conchas são as coisas mais belas que existem
no mar!
       - Pois não, dizes isso porque não és tu a ter este nome. É o nome mais
feio que existe neste mundo. É um nome dos nossos antepassados e mesmo
assim ninguém merece isto. Imaginem, em pleno século XXI, ainda existir
este nome. As conchas até podem ser a coisa mais bela que existe em todo o
Universo, como vocês dizem, mas não servem para nome. Por causa deste
nome, não consigo ver beleza nenhuma nas conchas. Estou traumatizada!!!
       -Não achas que estás a dramatizar um pouco? – diziam uns.
       -Como se um nome fosse motivo para um trauma – diziam outros, a rir.
       Passou-se algum tempo e nasceu a Luana, linda como a lua e a mãe, mal
olhou para a filha, disse:
       -Luana, minha Luana querida!
       Assim foi chamada. Entretanto a Luana foi crescendo, crescendo,
tornando-se cada vez mais bonita. A mãe, orgulhosa da sua filha,
apresentava-a a toda a gente.
       Entretanto, aos 6 anos, foi para a escola. Toda a gente achou o nome
Luana muito bonito para não falar da dona do nome. As pessoas perguntavam
-lhe:
       -Onde arranjaram os teus pais este lindo nome?
       Ela, toda orgulhosa, contava-lhes a sua história e, quando lhes disse
que a mãe se chamava Conchita, desataram todas a rir e obviamente ficou
muito triste. Foi para casa contar à mãe o sucedido, deixando esta ainda
mais indignada, culpando os seus pais directamente por lhe terem dado este
nome horroroso, dizendo ela que podiam lhe dar um outro melhor.
       A mãe, ou seja, a avó da Luana, olhou longamente para a filha e disse:
       - Oh minha filha querida! Não fiques zangada connosco, perdoa-nos,
se nós te causámos todo esse mal; não era a nossa intenção! Tu és uma
menina muito bonita por dentro e por fora, és encantadora, meiga e
carinhosa, tudo o que muita gente não tem. Conchita é só um nome;
simplesmente um nome, não vale a pena torturares-te tanto minha querida.
      E a Conchita demoradamente olhou para a mãe e disse:
      -Desculpa mãezinha! - abraçando-a e chorando as duas - Desculpa por
vos ter cobrado isto ao longo de todos estes anos. É verdade mãe, tem
razão, Conchita não passa de um nome como todos os outros nomes. Além do
mais, não é o mais importante no mundo. E pensar que não fui capaz de
desfrutar totalmente de tantas coisas boas por causa de um nome, se eu
pudesse voltar para trás…
      -Mas infelizmente não podes querida, mas podes moldar um novo
futuro podes aproveitar a vida, viver sem essa obsessão do nome. Agora já
percebeste que a beleza interior é que conta e há coisas mais importantes
que um nome – disse a avó da Luana.
      Luana cresceu numa família feliz, onde lhe foram ensinados grandes
valores, especialmente foi-lhe ensinado a nunca criar uma ideia só a partir
da primeira vista, da primeira impressão. A nunca julgar ou ignorar uma
pessoa pela beleza, pela aparência, e até (neste caso) pelo nome.

       E é esta a minha leitura da lição desta história: nunca julgar as
pessoas pela aparência ou pelo que quer que seja, sem a conhecer primeiro.
Esta é a minha interpretação desta história. Mas cada um tem a sua
interpretação e todas são válidas. Eu gostava que todos tivessem a sua
própria interpretação e que todos os que lerem esta história, tirem dela
uma lição.




                                                              Precila Costa
                                                                       7ºA

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  • 1. A História da Luana Luana era o nome dado pela mãe, que sempre quis ser chamada assim, porque queria ser como a lua, bela e luminosa. Por outro lado, a mãe considerava-se demasiado bonita, para ter o nome de Conchita. Queixava-se sempre e perguntava-se a si e aos pais porque é que a mãe tinha aquela paixão por conchas e porque é que tinha de lhe dar aquele nome. Às vezes, quando falava com os amigos e lhes punha esta questão eles diziam: - Tu também estás a ir pelo mesmo caminho: só estás a dar à tua filha o nome de Luana, por causa dessa tua obsessão pela Lua. Conchita não é assim tão feio, até porque as conchas são as coisas mais belas que existem no mar! - Pois não, dizes isso porque não és tu a ter este nome. É o nome mais feio que existe neste mundo. É um nome dos nossos antepassados e mesmo assim ninguém merece isto. Imaginem, em pleno século XXI, ainda existir este nome. As conchas até podem ser a coisa mais bela que existe em todo o Universo, como vocês dizem, mas não servem para nome. Por causa deste nome, não consigo ver beleza nenhuma nas conchas. Estou traumatizada!!! -Não achas que estás a dramatizar um pouco? – diziam uns. -Como se um nome fosse motivo para um trauma – diziam outros, a rir. Passou-se algum tempo e nasceu a Luana, linda como a lua e a mãe, mal olhou para a filha, disse: -Luana, minha Luana querida! Assim foi chamada. Entretanto a Luana foi crescendo, crescendo, tornando-se cada vez mais bonita. A mãe, orgulhosa da sua filha, apresentava-a a toda a gente. Entretanto, aos 6 anos, foi para a escola. Toda a gente achou o nome Luana muito bonito para não falar da dona do nome. As pessoas perguntavam -lhe: -Onde arranjaram os teus pais este lindo nome? Ela, toda orgulhosa, contava-lhes a sua história e, quando lhes disse que a mãe se chamava Conchita, desataram todas a rir e obviamente ficou muito triste. Foi para casa contar à mãe o sucedido, deixando esta ainda mais indignada, culpando os seus pais directamente por lhe terem dado este nome horroroso, dizendo ela que podiam lhe dar um outro melhor. A mãe, ou seja, a avó da Luana, olhou longamente para a filha e disse: - Oh minha filha querida! Não fiques zangada connosco, perdoa-nos, se nós te causámos todo esse mal; não era a nossa intenção! Tu és uma menina muito bonita por dentro e por fora, és encantadora, meiga e
  • 2. carinhosa, tudo o que muita gente não tem. Conchita é só um nome; simplesmente um nome, não vale a pena torturares-te tanto minha querida. E a Conchita demoradamente olhou para a mãe e disse: -Desculpa mãezinha! - abraçando-a e chorando as duas - Desculpa por vos ter cobrado isto ao longo de todos estes anos. É verdade mãe, tem razão, Conchita não passa de um nome como todos os outros nomes. Além do mais, não é o mais importante no mundo. E pensar que não fui capaz de desfrutar totalmente de tantas coisas boas por causa de um nome, se eu pudesse voltar para trás… -Mas infelizmente não podes querida, mas podes moldar um novo futuro podes aproveitar a vida, viver sem essa obsessão do nome. Agora já percebeste que a beleza interior é que conta e há coisas mais importantes que um nome – disse a avó da Luana. Luana cresceu numa família feliz, onde lhe foram ensinados grandes valores, especialmente foi-lhe ensinado a nunca criar uma ideia só a partir da primeira vista, da primeira impressão. A nunca julgar ou ignorar uma pessoa pela beleza, pela aparência, e até (neste caso) pelo nome. E é esta a minha leitura da lição desta história: nunca julgar as pessoas pela aparência ou pelo que quer que seja, sem a conhecer primeiro. Esta é a minha interpretação desta história. Mas cada um tem a sua interpretação e todas são válidas. Eu gostava que todos tivessem a sua própria interpretação e que todos os que lerem esta história, tirem dela uma lição. Precila Costa 7ºA