2. Dia dos Avós
A minha avó tem três rugas,
o meu avô é careca,
Mas no que toca a brincar
são levadinhos da breca.
A minha avó salta à corda,
o avô deita o pião.
A jogarem ao berlinde
andam de gatas no chão.
Vão ver filmes ao cinema,
vão aos concertos de rock
e levam os netos todos,
todos, todos, a reboque.
Hoje é dia dos avós,
Não os vamos deixar sós.
Falam pelo telemóvel,
jogam no computador.
Fazem tudo o que quisermos,
se pedirmos por favor.
Correm connosco na praia,
nadam como tubarões.
Sabem lendas bem antigas,
que nos contam aos serões.
Têm sempre muito tempo
para darem atenção
aos netos muito marotos
que guardam no coração.
Hoje é dia dos avós,
Não os vamos deixar sós.
3. A Fada Palavrinha
Vitória, vitória!
Vai começar a história.
Era uma vez um rei
com um grande tesouro:
esmeraldas, diamantes
e muitas moedas de ouro.
A rainha então lhe disse:
- Podias comprar para mim
um palácio com dez torres
e telhado de marfim.
O rei franziu o nariz,
não ficou nada contente.
Ele tinha outra ideia
há tempos na sua mente.
Vitória, vitória!
Começou a história.
Ergueu um grande edifício,
forrou-o todo com estantes,
mandou vir imensos livros,
no dorso de elefantes.
Na nova biblioteca
ganhou tal sabedoria,
que melhor rei neste mundo,
aposto que não havia.
Mas o pior foi que as traças,
vendo tantos livros juntos,
começaram a roê-los:
eram melhores que presuntos!
Vitória, vitória!
É meio da história.
Quando a noite desceu
apareceu um gigante
com longas asas, que vinha
de uma gruta distante.
Eu venho aqui, majestade,
apenas pedir emprego,
comer traças é trabalho
ideal para um morcego.
Vitória, vitória!
É o final da história.
No meio de tantas traças,
uma borboleta achou:
- Sou a Fada Palavrinha,
para te ajudar aqui estou.
Sobre as crianças eu deito
uns pós de perlimpimpim,
para descobrirem que ler
é uma aventura sem fim.
Vitória, vitória!
Quem gostou da história?
4. Hora de dormir
- Vai-te embora, passarinho,
não cantes mais no telhado,
deixa dormir o menino
um soninho descansado.
Vai-te embora, autocarro,
que buzinas lá na rua,
deixa dormir o menino
porque já vai alta a lua.
Vai-te embora, ó rapaz,
com essa telefonia,
deixa dormir o menino
que a noite está escura e fria.
Vai-te embora, tu que cantas
essa canção de embalar,
deixa-me fugir da cama,
porque só quero brincar
5. O Dragão
A menina Manuela,
para bicho de estimação
não quis gato nem canário,
foi arranjar um dragão.
Mas que rica ideia a tua,
disse-lhe a mãe, encantada,
com o lume que ele deita
vou fazer galinha assada.
Um dragão,
ai não, ai não!
Um dragão,
até morro de aflição!
Mas que rica ideia a tua,
disse-lhe o pai, faroleiro,
com o clarão que ele sopra
ilumina o rio inteiro.
Mas que rica ideia a tua,
disse o avô, friorento,
já não acendo a lareira,
com o dragão me contento.
Um dragão,
ai não, ai não!
Um dragão,
até morro de aflição!
Mas que rica ideia a tua,
disse o maninho João,
melhor que andar de escorrega,
é descer por um dragão.
E tu, que estás tão calado,
para bicho de estimação
preferes ter um gatinho
ou um enorme dragão?
Um dragão,
ai não, ai não!
Um dragão,
até morro de aflição!