Atendimento odontológico de paciente com paralisia cerebral utilizando música
1. Universidade Nilton Lins
Graduação em Odontologia
Trabalho de conclusão de curso
Manaus - 2018
PARALISIA CEREBRAL
Acadêmico: Carolline Chaves
Prof.(a) Carolina Rocha e Prof. Leandro Coelho
Graduação em Odontologia
Disciplina - OPNE
Manaus - 2023
2. Introdução
Paralisia Cerebral (PC) é uma lesão que atinge o cérebro quando este é imaturo, a deficiência mais
comum na infância e interfere no desenvolvimento motor normal da criança. É o resultado de uma lesão
ou mau desenvolvimento do cérebro, de caráter não progressivo. É caracterizada por alterações
neurológicas permanentes que afetam o desenvolvimento motor, dificuldade de movimentação e rigidez
muscular e também cognitivo, envolvendo o movimento e a postura do corpo.
3. Causas
Uma das principais causas de PC é a
hipóxia, motivo relacionado ao parto, tanto
referentes à mãe quanto ao feto, ocorre
falta de oxigenação no cérebro, resultando
em uma lesão cerebral.
4. Outras Causas
• Diabetes • Prematuridade
• Desnutrição
• Problemas genéticos • Traumas no momento do parto • Uso de drogas e álcool durante a gestação
5. EPIDEMIOLOGIA
“Ocorre numa proporção de 3 casos para 1000 habitantes (considerando
todas as formas e faixas etárias)”
(Em 1970, Mac Intosh - Escócia: 1,2 para 1000)
(Em 1989, Ferrareto – Brasil: 6,0 para1000)
(Em 1970, Mac Intosh - Escócia: 1,2 para 1000)
10. Quatro tipos de Paralisia Cerebral
Espástica Atetoide (ou
discinética)
Atáxica Mista
11. Espástica
É a rigidez muscular que impede o movimento normal. A
paralisia cerebral espástica é o tipo mais comum e ocorre
em 80% das crianças com paralisia cerebral.
Atetoide (ou discinética)
Atetose são movimentos contorcidos involuntários.
A paralisia cerebral atetoide é o segundo tipo mais comum
e ocorre em cerca de 15% das crianças com paralisia
cerebral
12. Atáxica
Ataxia é dificuldade em controlar e coordenar os
movimentos corporais, principalmente ao caminhar.
Paralisia cerebral atáxica é rara.
Mista
No tipo misto, dois dos tipos acima e anterior se
combinam, mais frequentemente o espástico e o
atetoide. Esse tipo ocorre em muitas crianças com
paralisia cerebral. Crianças com tipos mistos podem
apresentar deficiência intelectual grave.
13. Paralisia Cerebral na Odontologia
Dificuldade na coordenação motora
Dificuldade de movimentar a língua
causam impedimento na sucção, na
deglutição, na mastigação, no ato de
cuspir e de bochechar
Falta de coordenação para abrir e fechar
a boca
15. Realize uma anamnese minuciosa, procurando
conhecer as limitações físicas, mentais, a saúde
geral do paciente e sua história médica. Para
evitar a fadiga muscular do paciente, planeje
consultas curtas.
Posicione o paciente confortavelmente na cadeira
odontológica, utilizando almofadas de posicionamento
que se adaptam ao corpo do paciente, proporcionando
mais conforto e estabilização dos movimentos.
Condicionamento do atendimento ao Paciente
P.C
16. Mantenha o paciente em posição
inclinada, evitando deixá-lo
completamente deitado, facilitando a
deglutição.
Utilize abridores de boca, pois
apresentam limitações na abertura
bucal ou dificuldades em manter a
boca aberta por um determinado
período.
Condicionamento do atendimento ao Paciente
P.C
17. Evite movimentos bruscos que
possam desencadear o reflexo da
tonicidade do pescoço assimétrica, o
reflexo da tonicidade do labirinto e o
reflexo do susto.
Dê importância à acessibilidade no
local de atendimento – rampas,
corrimãos, portas com medidas
especiais, banheiros adaptados,
vagas especiais.
Condicionamento do atendimento ao Paciente
P.C
18. Relato de caso
Paciente S.C., trinta e um anos, gênero feminino, portadora de paralisia cerebral, compareceu à clínica
odontológica de Pacientes para atendimento, apresentando como queixa principal dor de dente. A mãe relatou
várias tentativas frustradas de atendimento odontológico, em virtude da resistência da filha em abrir a boca
para o exame bucal, além de relatar grande dificuldade de higienização bucal em casa.
Durante a anamnese foi relatado que a paciente teve sua paralisia cerebral diagnosticada por volta dos seis
meses de vida devido à ausência do seu desenvolvimento normal, atentando que além do parto ter sido muito
difícil, no pós-parto a paciente apresentou icterícia e incompatibilidade sanguínea com a mãe.
A paciente atualmente
usa o medicamento
Gardenal® - 90 gotas,
duas vezes ao dia e faz
acompanhamento com
neurologista.
19. Relato de caso
Na primeira consulta foi realizado o exame clínico, em que foi observado a presença de cálculos cobrindo
todas as superfícies dentárias, lesão de cárie profunda no elemento 47 associada à presença de fístula com
comunicação extra-oral, além do crescimento gengival generalizado.
Na primeira sessão, foi realizado o condicionamento da paciente por meio da técnica diga-mostre-faça e
controle de voz, mas, houve grande resistência da paciente durante a manipulação oral, com ânsia e vômitos.
A mãe foi orientada sobre a necessidade de a paciente comparecer com estômago vazio nas consultas
seguintes e, nessa sessão a mãe informou a apreciação da paciente pela música sertaneja e seus
respectivos ídolos.
20. Relato de caso
Figura 1
Adaptação na cadeira odontológica com
condicionamento por meio da música e da
fotografia das personalidades queridas pela
paciente.
Os procedimentos introduzidos e realizados foram
instrução de higiene oral com uso de abridor de boca
confeccionado com palitos de madeira, profilaxia com
baixa-rotação e escova de Robson, raspagem e
alisamento corono-radicular com curetas e ultrassom
Figura 2
21. Relato de caso
Figura 3
Instrução de higiene oral com a escova elétrica da
própria paciente e responsável a partir da
utilização do recurso audiovisual para sua
distração e interação.
Figura 4
Após quatro meses de adequação bucal e comportamental a
paciente foi levada a ambiente hospitalar para a realização da
extração do dente 47 que apresentava extensa destruição óssea
e comunicação extraoral por meio de fístula.
22. Relato de caso
Figura 5
Raspagem e alisamento radicular supragengival
realizados em ambiente hospitalar sob anestesia
geral.
Figura 6
Condição bucal inicial da paciente: acúmulo de cálculo
supragengival e processo inflamatório generalizado.
23. Relato de caso
Figura 7
Condição bucal final da paciente: saúde bucal
estabelecida por meio da eliminação dos fatores
inflamatórios e infecciosos na cavidade bucal a
partir de atividade lúdica musical realizada em
consultório.
Figura 8
Integração profissional-paciente a partir da utilização
audiovisual no atendimento realizado em consultório. Em
todas as sessões foram utilizadas as técnicas do diga-
mostre-faça e reforço positivo, associado ao recurso
áudio visual
24. Conclusão
É possível evidenciar as características clínicas de pessoas com PC, as patologias bucais mais
frequentes nesses pacientes e as condutas mais adequada destes pacientes no atendimento
odontológico. Sendo assim, observa-se a importância do cirurgião dentista na equipe multidisciplinar,
bem como o domínio sobre as técnicas de manejo mais adequada para atendimento destes
pacientes afim de proporcionar um tratamento seguro.
Essas alterações são secundárias a uma lesão do cérebro apesar de ser complexa e irreversível,
crianças com PC podem ter uma vida rica e produtiva, desde que recebam o tratamento clínico e
cirúrgico adequados às suas necessidades.
25. “Lembre-se que o atendimento domiciliar é considerado uma proposta
alternativa. Descubra novos caminhos e possibilidades, o preparo
profissional deve ser contínuo”, conclui a cirurgiã-dentista Fernanda
Urbini Romagnolo.