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Curso com plano próprio de
Análises Químico-Biológicas
Prova de aptidão profissional
12.º ano de escolaridade
Relatório
Tumor mamário canino e o impacte da
ovariohisterectomia
Aluno
Carolina Sofia Pereira de Almeida Cardoso
Trabalho realizado sob a orientação do professor
Maria Manuela Bandeira Sousa Peres Ricon Leite Bragança
Vila Nova de Gaia, junho de 2023
Relatório da prova de aptidão profissional
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Dedicatória
“A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana.”
Charles Darwin
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Agradecimentos
A realização deste trabalho de investigação só foi possível devido ao enorme apoio por parte de inúmeras
pessoas que gostaria de destacar e expressar os mais sinceros agradecimentos.
A toda a equipa do Hospital Veterinário do Porto, por serem um exemplo de profissionais dedicados, por
todo o conhecimento partilhado e por estarem sempre disponíveis para esclarecerem todas as minhas dúvidas.
À minha tutora de estágio, Doutora Ana Reis, e Enfermeira Helena Lima por toda a paciência e por todos
os ensinamentos que me deram ao longo da realização deste trabalho.
À minha orientadora de estágio, Professora Manuela Bragança, por me ter fornecido todos os recursos
necessários e esclarecer todas as minhas dúvidas.
À minha amiga e colega de estágio, Beatriz Rodrigues, pela motivação e companheirismo durante a reali-
zação do estágio e da prova de aptidão pessoal.
Por fim, a toda a minha família e amigos, pela paciência e motivação que me deram ao longo deste fim de
percurso académico.
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Resumo
O tumor mamário canino é uma neoplasia que afeta as glândulas mamárias das cadelas. Sendo considerada
a mais comuns em fêmeas desta espécie, o tumor mamário canino afeta, essencialmente, cadelas não esteriliza-
das e de idade avançada.
A ovariohisterectomia precoce confere uma proteção e diminuição da incidência de tumores mamários, no
entanto a idade, a raça, e a obesidade são importantes fatores de risco.
O estudo realizado tem como objetivo associar a ovariohisterectomia como o método preventivo mais eficaz
no que toca ao desenvolvimento de uma neoplasia da glândula mamária.
Os dados recolhidos e posteriormente analisados foram recolhidos através de um questionário composto por
treze (13) perguntas para avaliar questões direcionadas à esterilização, e desenvolvimento do tumor mamário
canino.
Procedeu-se a uma análise qualitativa e quantitativa dos resultados, tendo sido concluído que a maioria das
cadelas que realizou o procedimento, na idade tradicionalmente recomendada, não desenvolveu o tumor. E, pra-
ticamente todas que o desenvolveram não eram esterilizadas ou realizaram o processo depois da idade recomen-
dada.
Uma vez que é uma patologia recorrente, e de modo a complementar o estudo foi realizado um vídeo animado
com dois (2) minutos de duração com o objetivo de informar os espectadores relativamente a vários aspetos bá-
sicos relacionados com o tumor mamário canino e ainda os adverte para possíveis fatores de risco e/ou situações
de alerta.
Palavras-chave: Neoplasia; Glândula mamária; Tumor; Ovariohisterectomia
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Abstract
Canine mammary tumor is a neoplasm that affects the mammary glands of female dogs. Considered the most
common in females of this species, canine mammary tumor primarily affects unspayed and older bitches.
Early ovariohysterectomy provides protection and reduces the incidence of mammary tumors. However, age,
breed, and obesity are important risk factors.
The objective of the conducted study is to associate ovariohysterectomy as the most effective preventive
method regarding the development of mammary gland neoplasia.
The collected data, subsequently analyzed, were obtained through a questionnaire consisting of thirteen (13)
questions aimed at assessing issues related to sterilization and canine mammary tumor development.
A qualitative and quantitative analysis of the results was performed, concluding that the majority of dogs that
underwent the procedure at the traditionally recommended age did not develop the tumor. Almost all dogs that did
develop it were either unsterilized or underwent the procedure after the recommended age.
Since it is a recurring pathology, and in order to complement the study, an animated video with a duration of
two (2) minutes was created with the aim of informing viewers about various basic aspects related to canine mam-
mary tumors, as well as warning them about possible risk factors and/or alert situations.
Keywords: Neoplasm; Mammary gland;Tumor; Ovariohysterectomy
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Índice Geral
Agradecimentos........................................................................................................................................................v
Resumo.................................................................................................................................................................. vii
Abstract ...................................................................................................................................................................ix
Lista de abreviaturas..............................................................................................................................................xv
1. Introdução.........................................................................................................................................................17
2. Neoplasia..........................................................................................................................................................19
3. Carcinomas.......................................................................................................................................................20
4. Tumor mamário canino.....................................................................................................................................20
5. Anatomia e fisiologia da glândula mamária ......................................................................................................21
6. Epidemiologia ...................................................................................................................................................22
6.1. Incidência................................................................................................................................................ 22
6.2. Raça........................................................................................................................................................ 22
6.3. Idade ....................................................................................................................................................... 23
7. Fatores de risco................................................................................................................................................23
7.1. Fatores hormonais .................................................................................................................................. 23
7.2. Fatores genéticos.................................................................................................................................... 24
7.3. Dieta........................................................................................................................................................ 24
8. Sintomatologia..................................................................................................................................................24
9. Diagnóstico.......................................................................................................................................................25
10.Estadiamento tumoral.......................................................................................................................................26
11.Tratamento .......................................................................................................................................................27
11.1.Cirurgia.................................................................................................................................................... 27
11.2.Quimioterapia.......................................................................................................................................... 29
11.3.Radioterapia............................................................................................................................................ 29
12.Fatores de prognóstico.....................................................................................................................................30
13.Ovariohisterectomia (OVH)...............................................................................................................................30
13.1.O procedimento....................................................................................................................................... 30
13.2.Quando deve ser realizada? ................................................................................................................... 31
13.3.OVH como método de prevenção ........................................................................................................... 31
14.Metodologia ......................................................................................................................................................33
14.1.Objetivos da investigação........................................................................................................................ 33
14.2.Questões de investigação....................................................................................................................... 33
14.3.Metodologia adotada............................................................................................................................... 33
14.4.Questionário............................................................................................................................................ 34
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14.4.1.Análise de dados.................................................................................................................................. 34
14.5.Vídeo animado ........................................................................................................................................ 40
15.Conclusão.........................................................................................................................................................41
16.Bibliografia........................................................................................................................................................43
Apêndices/Anexos..................................................................................................................................................45
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Índice de Tabelas
Tabela 1- Sistema de estadiamento de neoplasias mamárias (Adaptada de Pinto, 2009) ................................... 26
Tabela 2- Sistema de Classificação TNM para neoplasias mamárias................................................................... 27
Índice de Figuras
Figura 1- Crescimento celular normal e neoplasia ................................................................................................ 19
Figura 2- Ilustração da cadeia mamária canina..................................................................................................... 21
Figura 3- Cadela com carcinoma mamário (Fonte: Do autor) ............................................................................... 25
Figura 4- Metástase pulmonar associada ao carcinoma mamário (Fonte: Revista de Educação Continuada em
Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP) .................................................................................................. 26
Figura 5- Tipos de mastectomia canina (Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Tecnicas-de-
mastectomia-empregadas-a-Mastectomia-regional-toracica_fig1_350670124).................................................... 28
Figura 6- Canídeo com carcinoma inflamatório da glândula mamária (Fonte: https://www.acvs.org/small-
animal/mammary-tumor) ....................................................................................................................................... 28
Figura 7- Canídeo em sessão de radioterapia (Fonte:
https://www.oncologiavetemfoco.com.br/2020/06/22/radioterapia-principios-basicos-e-uso-na-veterinaria/)....... 29
Figura 8- Ilustração do sistema reprodutor feminino canino (Fonte:
https://hosvetpet.com.br/site/2018/09/19/castracao-de-cadelas-e-gatas/)............................................................ 30
Figura 9- Ilustração da incisão para realização de OVH (Fonte:
https://www.vetsuldotejo.pt/_files/20140327185752_B5HK60Q0DI6OI7WZTVE9.pd)f) ....................................... 31
Figura 10- Recetores hormonais........................................................................................................................... 32
Índice de apêndices
Apêndice 1- Questionário online aplicado no âmbito da metodologia................................................................... 45
Apêndice 2- Vídeo animado aplicado no âmbito da metodologia.......................................................................... 48
Índice de gráficos
Gráfico 1- Questão número 1................................................................................................................................ 34
Gráfico 2- Questão número 2................................................................................................................................ 34
Gráfico 3- Questão número 3................................................................................................................................ 35
Gráfico 4- Questão número 4................................................................................................................................ 35
Gráfico 5- Questão número 5................................................................................................................................ 36
Gráfico 6- Questão número 6................................................................................................................................ 36
Gráfico 7- Questão número 7................................................................................................................................ 37
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Gráfico 8- Questão número 8................................................................................................................................ 37
Gráfico 9- Questão número 9................................................................................................................................ 38
Gráfico 10- Questão número 10............................................................................................................................ 38
Gráfico 11- Questão número 11............................................................................................................................ 39
Gráfico 12- Questão número 12............................................................................................................................ 39
Gráfico 13- Questão número 13............................................................................................................................ 40
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Lista de abreviaturas
GN – Growth hormone
OVH – Ovariohisterectomia
TGM – Tumor da glândula mamária
TMC- Tumor mamário canino
TNM -Tumor size, node infiltration, metastasis
OMS- Organização Mundial de Saúde
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1. Introdução
O trabalho de investigação proposto surgiu no âmbito da Prova de Aptidão Profissional, integrado no
curso de Análises Químico-Biológicas (AQB), no qual contempla um tema enquadrado na experiência
adquirida na área de medicina veterinária em Formação em Contexto de Trabalho (FCT).
A temática abordada tem como objetivo analisar a ocorrência, o diagnóstico, o tratamento e prevenção
de tumores mamários caninos, além da importância da consciencialização e da deteção precoce dessa
neoplasia.
De modo a permitir uma análise sequencial do trabalho desenvolvido começa-se por fazer uma abor-
dagem à temática de neoplasias e as suas tipologias, fazendo referência ao tumor mamário canino, com
a apresentação de dados epidemiológicos, os seus fatores de risco, a sintomatologia e o diagnóstico.
Face a avaliação da doença, ainda se identifica as possibilidades de prevenção, destacando-se a ova-
riohisterectomia. De seguida é apresentada a metodologia adotada, assim como os resultados obtidos.
Finalmente são discutidas as conclusões do trabalhado de investigação, bem como a bibliografia e os
respetivos apêndices.
Por forma a completar o conteúdo bibliográfico do trabalho e dada a prevalência desta doença e as
suas implicações no animal afetado e nos seus donos, recorreu-se a uma metodologia em formato de
questionário, com o intuito de avaliar o conhecimento sobre o conceito e compreender o impacte da
ovariohisterectomia no desenvolvimento da mesma, e foi também elaborado um vídeo animado informa-
tivo, que visa sensibilizar e alertar a população-alvo.
A escolha do tema do meu trabalho é essencialmente justificada pela perda recente de um animal de
um familiar próximo que lutou vários anos contra esta doença, e não poderia deixar de lhe prestar uma
homenagem. Para além disse, como foi referido, é um tema que enquadra na área de Medicina Veteri-
nária, onde realizei a minha Formação em Contexto de Trabalho (FCT).
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2. Neoplasia
Neoplasia é uma palavra que deriva do grego e significa “novo crescimento”, denotando a sua característica
básica de ser uma proliferação celular anormal.
Esse crescimento desordenado leva à formação de uma massa anormal de tecido. A maioria das células dos
tecidos estão em constante multiplicação, até mesmo porque essa é uma forma de repor as células mortas. No
entanto, esse crescimento é controlado por diversos fatores. Nas neoplasias, as células sofrem alterações e a sua
proliferação passa a ser desordenada (Figura 1).
Figura 1- Crescimento celular normal e neoplasia
Todas as neoplasias possuem duas estruturas em comum: o parênquima e o estroma. O parênquima, com-
posto por células em proliferação, as quais determinam o comportamento e as consequências da doença, e um
estroma, formado por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos, os quais definem o crescimento e a evolução da
neoplasia.
As neoplasias podem ser de dois tipos, benigna ou maligna:
▪ Neoplasia benigna ou tumor benigno:
Em geral, as neoplasias benignas são geneticamente mais “simples” quando comparadas às malignas, pois
apresentam menos mutações e alterações nos seus genótipos com o passar do tempo, sendo assim mais
estáveis.
A diferenciação é uma característica das neoplasias benignas, uma vez que as células se assemelham morfo-
logicamente e funcionalmente com as células do tecido de origem, ou seja, são células ainda com um certo
grau de funcionalidade e especialidade.
As neoplasias benignas, geralmente, crescem de forma lenta, isso porque realizam poucas mitoses. Esses
tumores podem passar meses ou até mesmo anos sem ter grandes alterações em seu tamanho.
▪ Neoplasia maligna ou tumor maligno:
A neoplasia maligna, caracteriza-se por um crescimento celular mais rápido do que a benigna e suas células
são menos diferenciadas, o que faz com que muitas percam a sua função no tecido de origem.
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Este tumor tem limites pouco definidos, sendo capaz de invadir tecidos vizinhos e também provocar metásta-
ses. As neoplasias malignas são frequentemente denominadas de cancro.
As neoplasias mamárias mais comuns são adenomas (benignos), carcinomas (malignos) e adenocarcinomas (ma-
lignos).
3. Carcinomas
Tal como referido existem vários tipos diferentes de tumores mamários malignos, sendo os carcinomas os mais
comuns.
O carcinoma é um tipo de neoplasia maligna e é desenvolvida, principalmente, a partir de células epiteliais e outras
células encontradas nas glândulas mamárias. As células epiteliais formam o tecido epitelial, que está distribuído
difusamente pelo organismo, uma vez que ele é o responsável pelo revestimento da pele e órgãos.
Há também células epiteliais que possuem glândulas, sendo capazes de segregar substâncias, como saliva na
boca (glândulas salivares), gordura e suor na pele (glândulas sebáceas e sudoríparas), leite nas mamas (glândulas
mamárias) e ácido no estômago (células parietais).
Com isto, a neoplasia de caráter maligno tem a designação de “carcinoma” se for desenvolvida a partir de células
epiteliais, ou “adenocarcinoma” se for desenvolvida a partir de células epiteliais associadas a glândulas.
4. Tumor mamário canino
O tumor mamário canino (TMC) é uma neoplasia que ocorre nas glândulas mamárias caninas, sendo considerada
a mais comum em fêmeas desta espécie. Podem ser consideradas benignas ou malignas, no entanto, metade são
classificadas como malignas, sendo o carcinoma a neoplasia mais comum.
Apesar de 50% dos TMC serem considerados malignos, uma elevada percentagem destes não possui comporta-
mento agressivo, isto é, não invade outros tecidos nem se dissemina à distância.
Ocorrem essencialmente em cadelas mais velhas e não esterilizadas, embora possam ocorrer em qualquer idade,
sendo que a obesidade e a utilização de contracetivos podem aumentar a incidência deste tipo de neoplasia.
É importante salientar que a castração precoce das cadelas pode reduzir significativamente o risco de desenvol-
vimento de tumores mamários, podendo ser considerado o meio de prevenção mais eficaz.
A remoção cirúrgica dos tumores mamários também é uma opção de tratamento comum e dependendo da natu-
reza do tumor e do estadiamento do tumor, podem ser necessários tratamentos adicionais, como quimioterapia
e/ou radioterapia.
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5. Anatomia e fisiologia da glândula mamária
A glândula mamária é uma glândula sudorípara modificada, presente apenas em mamíferos (Santos et al., 2009;
Sleeckx et al., 2011; Peña et al., 2013, como citado em Silva, 2021).
A glândula mamária canina é composta por várias unidades glandulares que se estendem ao longo das paredes
do abdómen e da parte interna das coxas. As glândulas são divididas em três grupos principais: as glândulas
torácicas (1 e 2), localizadas na região do peito, as glândulas abdominais (3 e 4), localizadas na região do abdó-
men e ainda as glândulas inguinais (5), como representado na figura 2.
Cada glândula mamária é composta por vários lóbulos. No interior de cada lóbulo, existem os alvéolos glandulares,
que são pequenas estruturas em forma de saco ou bolsa, onde ocorre a produção e armazenamento do leite
materno, sendo cada alvéolo revestido por células secretoras de leite.
Os alvéolos conectam-se aos ductos mamários, que têm como função transportar o leite produzido pelos alvéolos
até os mamilos.
O desenvolvimento da cadeia mamária inicia-se na embriogénese com a formação de epitélio glandular e dos
principais ductos (Santos et al., 2009; Sorenmo et al., 2011). Após o nascimento inicia-se um período de pausa,
havendo apenas um crescimento de tecido mamário proporcional ao crescimento do corpo do animal, sem cres-
cimento glandular (Sorenmo et al., 2011, adaptado de Silva, 2021).
Com a entrada na puberdade e início do ciclo éstrico, o desenvolvimento mamário vai recomeçar por influência
hormonal, e irá prolongar-se por toda a vida reprodutiva do animal (Santos et al., 2009). As hormonas identificadas
como responsáveis por esta estimulação são: estrogénios, progesterona, hormona do crescimento (GH) e a pro-
lactina (Santos et al., 2009; Concannon et al, 2011; Sorenmo et al., 2011; Spoerri et al., 2015, como citado em
Silva, 2021).
Figura 2- Ilustração da
cadeia mamária canina
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Assim, ao longo do ciclo éstrico, as variações hormonais vão estimular o desenvolvimento de diferentes estruturas
da glândula mamária:
▪ Os estrogénios, libertados em maior quantidade no estro, estimulam a proliferação do epitélio ductal,
aumentando desta forma a área de extensão dos ductos (Sorenmo et al., 2011; Spoerri et al., 2015, como
citado em Silva, 2021).
▪ A progesterona, produzida em maiores quantidades no diestro, irá atuar de duas formas distintas: esti-
mula a produção de GH no tecido mamário e, juntamente com a prolactina, estimula o desenvolvimento
lobulo-alveolar e aumenta as conexões da rede ductal (Mol et al., 2002; Rehm et al., 2007; Concannon
et al., 2011; Sorenmo et al., 2011, como citado em Silva, 2021).
▪ A GH irá atuar de forma direta estimulando o desenvolvimento e a diferenciação do tecido epitelial mamá-
rio;
▪ Por último, a prolactina, produzida no final do ciclo, é responsável pela diferenciação do tecido mamário,
com formação de alvéolos, que constituem a unidade secretora da glândula mamária (Sorenmo et al.,
2011; Spoerri et al., 2015, como citado em Silva, 2021).
6. Epidemiologia
É o ramo da ciência que fundamenta a prevenção da doença, que estuda a distribuição da doença nas populações,
os fatores que influenciam ou que determinam essa distribuição e a aplicação deste estudo ao controlo dos pro-
blemas de saúde (Adaptado de Gordis, 2011, como citado em Santos, 2019).
6.1. Incidência
Os tumores mamários constituem o segundo tipo tumoral mais frequente na espécie canina, logo a seguir aos
tumores de pele (Queiroga et al., 2002, como citado em Silva, 2021). No entanto, em cadelas intactas o tumor
mamário é a neoplasia mais frequente. Os cães machos podem também desenvolver esta neoplasia, apesar de
ser considerado raro. O risco de aparecimento destes tumores nos machos é menor ou igual a 1% em comparação
com as cadelas (Daleck et al., 2008, como citado em Nobre, 2020).
A percentagem de tumores malignos e benignos é cerca de 50%, porém, a tendência que se tem verificado é para
um aumento da percentagem de tumores malignos (Sleeckx et al., 2011; De Araújo et al., 2015; Vail et al., 2019,
como citado em Silva, 2021).
6.2. Raça
Várias raças de cães podem ser afetadas pelo tumor mamário canino, no entanto algumas raças apresentam uma
maior predisposição para desenvolver esta neoplasia. Algumas raças têm maior risco de desenvolver tumores
mamários do que outras, incluindo Poodles, Cocker Spaniels, Doberman Pinschers, Boxers e Pastores Alemães
(Withrow & Page, 2020).
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6.3. Idade
Existe uma relação entre a idade da cadela e o aparecimento do tumor mamário canino. Normalmente, os tumo-
res mamários em cadelas não são encontrados antes dos dois anos de idade, sendo que a taxa de incidência
aumenta significativamente a partir dos 6 anos de idade.
Tal como na generalidade das neoplasias, a probabilidade de desenvolvimento de tumores mamários aumenta
com a idade do animal, situando-se a idade média de manifestação tumoral, nas cadelas, entre os 10 e os 11
anos (Lana et al., 2007, como citado em Pinto, 2009).
7. Fatores de risco
7.1. Fatores hormonais
Há uma relação entre a exposição a hormonas sexuais e o desenvolvimento de tumores mamários em cadelas. A
exposição prolongada e excessiva a hormonas sexuais, especialmente o estrogénio e progesterona, pode aumen-
tar o risco de desenvolvimento de tumores mamários em cadelas.
A progesterona e o estrogénio são hormonas esteroides que atuam como iniciadoras (estimulam a transformação
de uma célula normal em célula neoplásica) e promotoras da carcinogénese (promovem o crescimento celular
anormal) (Johnston et al., 2001, como citado em Peralta, 2018).
A realização da castração precoce, ou seja, antes do primeiro cio, pode reduzir o risco de desenvolvimento de
tumor mamário canino uma vez que esta reduz a exposição da cadela a hormonas sexuais, como o estrogénio e
progesterona, que estimulam o crescimento e proliferação das células mamárias.
A ovariohisterectomia (OVH) parece ser o método mais eficaz de prevenção deste tipo de neoplasia maligna (Are-
nas, Peña, Granados-Soler, & Pérez-Alenza, 2016; Choi et al., 2016; Grüntzig et al., 2016; HyunWoo Kim, Jung-
Hyung Ju, Jong-II Shin, Byung-Joon Seung, 2017; Lascelles, D. & Dobson, J. 2003; Nguyen et al., 2017; Withrow
& MacEven, 2013, como citado em Peralta, 2018).
Os tumores mamários em cães machos são relativamente raros, representando 1% a 3% de todos os casos de
tumores mamários em cães. As causas exatas do aparecimento desses tumores em machos ainda não são bem
compreendidas, mas acredita-se que possam estar relacionadas a fatores hormonais, como altos níveis de estro-
génio ou baixos níveis de testosterona.
A utilização de contraceptivos em cadelas está generalizada um pouco por todo o mundo (Concannon & Verste-
gen, 2005, como citado em Pinto, 2009). O efeito da administração de contraceptivos orais sobre o desenvolvi-
mento de tumores mamários nas cadelas e nas gatas tem sido objecto de inúmeros estudos, dos quais se obtive-
ram, por vezes, resultados contraditórios (Lana et al., 2007, como citado em Pinto, 2009). A contracepção com
recurso à administração prolongada de estrogénios não revelou qualquer efeito potenciador do desenvolvimento
de neoplasias mamárias em ambas as espécies (Lana et al., 2007; Misdrop, 2002,como citado em Pinto, 2009).
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Quando analisada a contracepção prolongada com recurso a progesterona, as cadelas revelaram apenas um
aumento na incidência de tumores mamários benignos (Lana et al., 2007; Misdrop, 2002, como citado em Pinto,
2009).
7.2. Fatores genéticos
A incidência de tumores mamários caninos difere significativamente entre as raças, apoiando fortemente a influ-
ência de fatores de risco genéticos (K. S. Borge, F. Lingaas, & A. L. Børresen-Dale, 2011). Vários estudos descre-
vem a presença de mutações tanto no gene p53 como nos genes BRCA 1 e/ou 2 (Gene tumoral 1 e 2) (Sorenmo
et al., 2003; Rivera et al., 2009; Yoshikawa et al., 2015; Thumser-Henner et al., 2020, como citado em Silva, 2021).
7.3. Dieta
Vários fatores nutricionais têm sido apontados como promotores da carcinogénese e parece existir uma relação
entre os fatores nutricionais diretamente associados à obesidade e os TGMs (tumores da glândula mamária)
(Calle, E. E. & Kaaks, R. , 2004).
O risco do aparecimento de TGMs pode estar ligado a fatores nutricionais interagindo já nos primeiros meses de
vida do animal, principalmente antes do primeiro cio. A obesidade no primeiro ano de vida, assim como um ano
antes do diagnóstico da doença tumoral, parece predispor as fêmeas à neoplasia (Sonnenschein et al., 1991,
como citado em Nobre, 2020).
Uma análise à relação da dieta/obesidade com o desenvolvimento desta patologia revelou que cães com uma
dieta rica em carnes vermelhas ou obesos até aos 9 a 12 meses de idade, se encontram significativamente mais
predispostos do que animais com o peso recomendado ou até ligeiramente abaixo (Vail et al., 2019; Gray et al.,
2020, como citado em Silva, 2021).
8. Sintomatologia
Os TGMs afetam, mais frequentemente, os 2 últimos pares mamários caudais, onde o tecido da glândula mamária
é maior. No entanto, toda a cadeia mamária deve ser examinada cuidadosamente de modo a serem detectados
nódulos de menor dimensão (Daleck et al., 2008, como citado em Nobre, 2020).
Os tumores mamários em cadelas podem se manifestar de várias maneiras, e os sinais clínicos variam de acordo
com o estágio e o tipo do tumor. Alguns dos sinais clínicos mais comuns do tumor mamário canino incluem:
• Nódulos ou protuberâncias na mama: esses nódulos podem variar de tamanho, forma e consistên-
cia. E podem ser duros, macios ou irregulares ao toque.
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• Inchaço ou inflamação: a mama pode parecer inchada ou inflamada, e a pele pode parecer vermelha
ou quente ao toque.
• Feridas ou úlceras na mama: o tumor pode causar feridas ou úlceras na pele da mama, que podem
ser sensíveis ou dolorosas ao toque.
• Descarga mamária: pode haver uma secreção sanguinolenta ou purulenta da mama afetada.
• Mudanças de comportamento: a cadela pode se sentir desconfortável, lamber ou morder a área
afetada, e pode apresentar uma mudança no comportamento, como falta de apetite, apatia ou letargia.
• Metástase para outras partes do corpo: se o tumor mamário se espalhar para outras partes do
corpo, pode haver sinais clínicos adicionais, como dificuldade respiratória, dor abdominal, perda de
peso e letargia.
9. Diagnóstico
A primeira abordagem a um paciente com nódulos mamários deve consistir num exame físico minucioso, não só
de cada glândula mamária de ambas as cadeias, mas também de características globais que permitam avaliar o
estado geral do animal. Deve colher-se sangue para hemograma e bioquímicas gerais e urina para urianálise.
(Lana et al., 2007; Rutteman & Kirpensteijn, 2003, como citado em Pinto, 2009).
Os tumores mamários malignos podem-se espalhar para os gânglios linfáticos encontrados na região axilar e
inguinal. Então, deve proceder-se a uma biópsia, que é a maneira mais confiável de distinguir uma massa benigna
de uma maligna, onde uma pequena agulha é usada para colher amostras de células desses gânglios linfáticos
para procurar disseminação (NC State University - Veterinary Hospital, 2023).
Radiografias de tórax e ultrassonografia abdominal procuram disseminação para os pulmões e órgãos internos.
Figura 3- Cadela com carcinoma mamário (Fonte: Do au-
tor)
Relatório da prova de aptidão profissional
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10. Estadiamento tumoral
O estadiamento refere-se à extensão da doença e passa por uma classificação (Tabela 1) segundo um sistema
TNM (tumor size, node infiltration, metastasis) estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem em
conta: (Adaptado de: National Cancer Institute, 2023)
• O tamanho e extensão do tumor primário (T);
• A infiltração de células neoplásicas nos gânglios linfáticos (N);
• A presença ou não de metástases à distância (M).
Este sistema possibilita uma descrição detalhada da apresentação clínica do tumor, permitindo prever o seu com-
portamento biológico. Com base no estadiamento, juntamente com as informações sobre o estado geral do animal,
pode-se decidir qual o protocolo terapêutico mais adequado para cada caso e dar respostas ao proprietário do
animal sobre o prognóstico da neoplasia (Vail & Withrow, 2001).
Tabela 1- Sistema de estadiamento de neoplasias mamárias (Adaptada de Pinto, 2009)
Estádio
Tamanho Tumoral
(T)
Envolvimento ganglionar
regional (N)
Metástases à distância
(M)
I T1 N0 M0
II T2 N0 M0
III T3 N0 M0
IV Qualquer T N1 M0
V Qualquer T Qualquer N M1
Figura 4- Metástase pulmonar associada ao carcinoma
mamário (Fonte: Revista de Educação Continuada em Me-
dicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP)
Relatório da prova de aptidão profissional
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Tabela 2- Sistema de Classificação TNM para neoplasias mamárias
Classificação
Tamanho e extensão do tumor primário (T)
< 3 cm de diâmetro T1
3-5 cm de diâmetro T2
> 5 cm de diâmetro T3
Envolvimento ganglionar regional (N)
Sem metástases N0
Com metástases N1
Metástases à distância (M)
Sem metástases M0
Com metástases M1
11. Tratamento
11.1. Cirurgia
A melhor técnica cirúrgica para o tratamento de tumores mamários em cadelas tem sido exaustivamente debatida
na comunidade científica (Horta, Lavalle, Cunha, Moura, & de Araújo, 2014). Os tumores mamários são tratados
cirurgicamente, embora não haja consenso quanto ao melhor procedimento.
A dúvida reside na escolha entre uma cirurgia mais agressiva (mastectomia) e com maior probabilidade de remover
doença residual não visível, mas que provoca maior morbilidade (maior período de recuperação) ou cirurgia menos
agressiva (lumpectomia) que consiste na remoção exclusiva do nódulo, ou parte da mama, mas que teoricamente
poderá deixar doença residual.
Remoção de uma massa ou parte da mama (lumpectomia), mastectomia local (remoção apenas da glândula afe-
tada), mastectomia regional (remoção da glândula afetada e daquelas que compartilham drenagem linfática e
linfonodos associados) (a;b), mastectomia unilateral (remoção de uma cadeia mamária inteira) (c) e mastectomia
bilateral (remoção de ambas as cadeias mamárias) (d;e;f) todos têm seus proponentes (Kutzler, 2020).
Relatório da prova de aptidão profissional
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Figura 5- Tipos de mastectomia canina (Fonte: https://www.re-
searchgate.net/figure/Figura-1-Tecnicas-de-mastectomia-em-
pregadas-a-Mastectomia-regional-toracica_fig1_350670124)
O carcinoma inflamatório é a designação atribuída aos carcinomas mamários que apresentam uma intensa reação
inflamatória, não constituindo, deste modo, um tipo isolado de tumor, podendo qualquer tipo de carcinoma, ser
considerado inflamatório (Misdrop, 2002, como citado em Pinto, 2009). O carcinoma inflamatório ocorre em 4% a
18% das neoplasias mamárias (VSSO, 2008ª, como citado em Pinto, 2009).
A cirurgia não é recomendada para cães com carcinoma mamário inflamatório porque não melhora a taxa de
sobrevivência. Infelizmente, um tratamento eficaz não foi descoberto.
Figura 6- Canídeo com carcinoma inflamatório da
glândula mamária (Fonte: https://www.acvs.org/small-
animal/mammary-tumor)
Relatório da prova de aptidão profissional
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11.2. Quimioterapia
A quimioterapia consiste na utilização de fármacos com efeito citotóxico que atuam nas células tumorais em divi-
são, interferindo com o ciclo de replicação celular. Estes fármacos atuam de três formas principais: interferindo
com a replicação do DNA, inibindo as mitoses e/ou induzindo a apoptose (Thamm, Vail, & Liptak, 2019).
Contrariamente ao verificado na espécie humana, nos canídeos, há pouca informação quanto à eficácia dos com-
postos quimioterápicos sobre os tumores mamários (Pinto, 2009).
Em carcinomas muito invasivos a eficácia da quimioterapia é bastante contestada. No entanto parece atingir-se
algum benefício aquando da sua utilização em carcinomas simples de estadios II ou III (Rutteman & Kirpensteijn,
2003, como citado em Pinto, 2009).
11.3. Radioterapia
A radioterapia consiste num tratamento focal, com radiação ionizante, que pode ser administrado através de um
equipamento externo (de seu nome acelerador linear) ou através de fontes radioativas, fontes essas que estarão
em contacto direto com o tumor/leito tumoral. A radiação penetra nas células malignas e destrói a sua capacidade
de replicação, o que conduz consequentemente à destruição da doença neoplásica (Nunes, 2019).
A radioterapia é recorrentemente utilizada em medicina humana, porém o seu uso em animais ainda necessita de
mais estudos (Novosad et al., 2003, como citado em Silva, 2021).
A sua utilização tem-se revelado interessante, sobretudo, na diminuição da extensão de neoplasias que, de outro
modo, seriam demasiado grandes para serem extirpadas cirurgicamente na sua totalidade. Por isso, a radioterapia
não é relevante como terapia adjuvante no caso de tumores malignos totalmente removidos (Lana, Rutteman, &
Withrow, 2007).
Figura 7- Canídeo em sessão de radioterapia (Fonte:
https://www.oncologiavetemfoco.com.br/2020/06/22/radiotera-
pia-principios-basicos-e-uso-na-veterinaria/)
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12. Fatores de prognóstico
O prognóstico para a recuperação do seu cão depende de muitos fatores e é único para cada cão. Pode ser feito
com base em vários fatores, entre os quais: estadiamento clínico, classificação histológica, tamanho da maior
massa presente, invasão dos gânglios linfáticos, metastização à distância, idade do animal e plano terapêutico
(Mulas et al., 2005; Zaidan, 2008; Vail et al., 2019; Gray et al., 2020, como citado em Silva, 2021).
Em regra geral, quanto mais avançado for o estadio da doença, isto é, maiores dimensões, envolvimento linfático
e presença de metastização, e mais avançada a idade do animal, pior o prognóstico.
13. Ovariohisterectomia (OVH)
13.1. O procedimento
A ovariohisterectomia (OVH) ou esterilização é um procedimento cirúrgico, com anestesia geral, que consiste na
remoção dos ovários e do útero da cadela.
Figura 8- Ilustração do sistema reprodutor feminino canino (Fonte:
https://hosvetpet.com.br/site/2018/09/19/castracao-de-cadelas-e-
gatas/)
Relatório da prova de aptidão profissional
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Em cadelas e gatas, a ovariohisterectomia é tradicionalmente realizada por uma pequena incisão na linha
média. Em cadelas a incisão cutânea começa normalmente um centímetro abaixo da cicatriz umbilical
(EA, 2003, como citado em Tavares, 2010).
13.2. Quando deve ser realizada?
A castração é realizada, tradicionalmente, após o primeiro cio da cadela, tipicamente aos 6 meses de idade. Do
ponto de vista técnico, a cirurgia nesta idade é fácil, rápida e segura devido ao pequeno tamanho do paciente,
falta de gordura corporal e rápida recuperação; no entanto, estudos recentes sugerem que a OVH antes da matu-
ridade esquelética pode ter efeitos adversos, particularmente em certas raças de cães.
Não há estudos que confirmem qual o momento apropriado para realizar o procedimento, portanto, a decisão
sobre quando e se um paciente deve ser castrado deve ser baseada no paciente individual, no proprietário e nos
dados disponíveis (Tobias, 2022).
13.3. OVH como método de prevenção
Tem-se verificado crescente evidência da etiologia hormonal para o tumor de mama em cadelas, sendo que o
índice de risco varia entre cadelas castradas e não castradas e depende ainda da fase em que a intervenção
cirúrgica é efetuada (Fonseca & Daleck, 1999).
O tecido mamário normal contém receptores para estrogénio e receptores para progesterona, em concentrações
relativamente altas, reflectindo, deste modo, a sua dependência hormonal (Lana et al., 2007, como citado em
Pinto, 2009).
Figura 9- Ilustração da incisão para realização de OVH
(Fonte: https://www.vetsuldotejo.pt/_fi-
les/20140327185752_B5HK60Q0DI6OI7WZTVE9.pd)f)
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Os recetores hormonais, são proteínas localizadas nas células do organismo que têm a capacidade de se ligar a
hormonas específicas. Os recetores hormonais desempenham um papel crucial na regulação e funcionamento do
sistema endócrino, que é responsável pela produção e sinalização hormonal no organismo.
No contexto do tumor mamário canino, os recetores hormonais mais comuns que são avaliados são o recetor de
estrogénio (ER) e o recetor de progesterona (PR). A presença ou ausência desses recetores hormonais nos
tumores mamários pode influenciar o crescimento, progressão e resposta ao tratamento desses tumores.
As hormonas sexuais, o estrogénio e a progesterona, desempenham um papel importante no desenvolvimento e
crescimento dos tumores mamários caninos. O estrogénio é responsável pelo crescimento e desenvolvimento do
tecido mamário, enquanto a progesterona desempenha um papel na preparação das mamas para a lactação.
Quando há um desequilíbrio ou excesso dessas hormonas, pode ocorrer um crescimento descontrolado das
células mamárias e o desenvolvimento de tumores.
Essas hormonas são produzidas principalmente pelos ovários das cadelas, então a OVH em cadelas tem um
impacte direto nos receptores hormonais relacionados aos tumores mamários. Sendo os ovários a principal fonte
de produção de hormonas sexuais, ao serem removidos há uma redução significativa dos níveis de estrogénio e
progesterona circulantes no corpo da cadela.
Por esse motivo a castração é considerada o principal meio de prevenção do aparecimento de TMC.
A redução do risco de desenvolvimento de tumores de mama pela ovariohisterectomia (OVH) após os 2-5 anos é
mínimo, mas está demonstrado que cadelas castradas antes do primeiro cio têm 0,5% de risco de desenvolver
estas neoplasias, quando comparadas com cadelas inteiras. O risco aumenta para 8% se a OVH for feita após o
primeiro cio e para 26% se a OVH for feita depois do segundo cio (Sorenmo et al., 2000; Moe, 2001; Argyle et al,
2008; Fossum, 2008, como citado em Leitão, 2015).
Figura 10- Recetores hormonais
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14. Metodologia
O presente capítulo visa dar a conhecer os principais objetivos do trabalho de investigação, apresentar os meios
de metodologia escolhidos bem como os resultados obtidos.
14.1. Objetivos da investigação
▪ Avaliar o conhecimento sobre o conceito de tumor mamário canino;
▪ Avaliar a percentagem de cadelas esterilizadas;
▪ Detetar a percentagem de cadelas que já desenvolveram a doença;
▪ Avaliar a eficácia da esterilização;
▪ Avaliar idade média em que as cadelas dos inquiridos são esterilizadas;
▪ Apresentar o conceito de tumor mamário canino;
▪ Alertar a população detentora de cães para os fatores que potenciam o desenvolvimento da doença;
▪ Apresentar os sintomas e métodos de prevenção da doença;
▪ Dar a conhecer o procedimento da ovariohisterectomia.
14.2. Questões de investigação
▪ Qual a quantidade de cadelas esterilizadas da amostra em estudo?
▪ Com que idade é realizado o procedimento de esterilização?
▪ Qual a percentagem de cadelas esterilizadas que desenvolveu tumor? E que não desenvolveu?
▪ Qual a percentagem de cadelas não esterilizadas que desenvolveu tumor? E que não desenvolveu?
▪ Qual a percentagem de inquiridos que conhece os principais sintomas do tumor mamário canino?
▪ Terá a ovariohisterectomia um forte impacte na prevenção do tumor?
14.3. Metodologia adotada
De modo a analisar vários aspetos relativos ao TMC, nomeadamente, o impacte da ovariohisterectomia na proli-
feração da doença, elaborou-se um questionário, de treze (13) perguntas, na plataforma Google Forms, tendo este
sido partilhado nas redes sociais de modo a atingir uma maior taxa de respostas, tendo sido atingido um total de
213 respostas.
Para além do questionário, realizou-se um vídeo animado informativo com dois (2) minutos de duração, elaborado
na plataforma Animaker, cujo principal objetivo é, essencialmente, dar a conhecer o conceito da doença, os prin-
cipais sintomas e meios de tratamento, qual a incidência da doença, quais a formas de prevenção e ainda o
conceito de OVH.
Relatório da prova de aptidão profissional
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14.4. Questionário
14.4.1. Análise de dados
Após a análise do Gráfico 1, concluímos que 33,8% da amostra encontra-se na faixa etária entre os 18 e 30 anos
de idade, 28,2% são menores de 18 anos de idade, 18,8% dos inquiridos afirmam ter entre 40 a 50 anos de idade,
9,4% têm entre 30 a 40 anos de idade, 7,5% situam-se entre os 50 e 60 anos e os restantes inquiridos têm mais
de 60 anos de idade.
A partir da análise do Gráfico 2, concluímos que mais de metade da amostra pertence ao sexo feminino (78,4%)
sendo que o sexo masculino corresponde a 21,6% das respostas.
Gráfico 1- Questão número 1
Gráfico 2- Questão número 2
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É possível afirmar, a partir da visualização do Gráfico 3, que 82,6% da amostra tem ou já teve cães, e os restantes
17,4% não.
A quarta pergunta só estaria disponível se o inquirido afirmasse que tem ou já teve cão(ães). Cerca de 40,3% tem
ou tiveram cães machos, 33,5% fêmeas e os restantes 22,1% têm ou já tiveram ambos os géneros.
Gráfico 3- Questão número 3
Gráfico 4- Questão número 4
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A seguinte questão é apenas feita aos inquiridos que têm ou já tiveram cadelas fêmeas. É possível concluir que
59% da população em estudo esterilizou a cadela, 38,1% optou por não realizar este processo e os restantes não
sabem se o processo foi realizado.
Para os inquiridos que afirmaram ter esterilizado a(s) cadela(s), foi-lhes perguntado com que idade realizaram o
procedimento. 41,9% realizaram antes dos 6 meses de idade, 38,7% com mais de um ano, 11,3% não sabem com
que idade realizaram e os restantes realizaram entre os 3 e 5 anos de idade.
Gráfico 5- Questão número 5
Gráfico 6- Questão número 6
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No Gráfico 7, pretendeu-se saber se as cadelas dos inquiridos já desenvolveram tumor mamário canino, e é
possível afirmar que 88,6% deselvolveram e 11,4% não.
A oitava questão é comum tanto aos inquiridos que responderam “Sim” e “Não” na terceira questão, sendo que
vem como oitava questão para os que selecionaram “Sim” e como quarta questão para os que selecionaram “Não”.
É possível concluir que 61% a amostra tem conhevimento do conceito de tumor mamário canino e 39% não. O
questionário continua se a resposta for afirmativa, caso contrário, o formulário é submetido.
Gráfico 7- Questão número 7
Gráfico 8- Questão número 8
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Para os inquiridos que têm conhecimento do conceito referido anteriormente, foi-lhes perguntado se conhece quais
os principais sintomas. 74,2% não tem conhecimento e os restantes 25,8% têm.
A décima pergunta tinha como objetivo avaliar o conmhevimento da população quanto à proliferação do tumor em
cães machos. Concluiu-se que 73,8% dos inquiridos sabiam que os machos podem também desenvolver este
tumor e 26,2% não sabiam.
Gráfico 9- Questão número 9
Gráfico 10- Questão número 10
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O Gráfico 11 demonstra que 81,5% da amostra tinha conhecimento da existência de vário tipo de tumor, enquanto
18,5% não sabia.
A próxima questão pretendia avaliar o conhecimento do inquirido relativamente à incidência, a partir da raça, desta
doença. 48,5% não que acha os cães sem raça definida têm mais tendência a desenvolver tumor mamário, 43,1%
responderam talvez tenham mais tendência e 8,5% acham que têm.
Gráfico 11- Questão número 11
Gráfico 12- Questão número 12
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A última pergunta, tinha como objetivo avaliar o conhecimento da amostra relativamente ao conhecimento de
métodos preventivos da doença. 61,5% dos inquiridos acredita que a castração, alimentação e a não introdução
de hormonas são as principais fontes de prevenção, 33,1% não sabe, e os restantes não concordam.
14.5. Vídeo animado
O vídeo animado (apêndice 2) foi realizado com o intuito de complementar a metodologia selecionada anterior-
mente e dar a conhecer conceitos básicos relacionados com o tumor mamário canino.
O vídeo foi partilhado nas redes sociais, assim como o questionário, de modo a atingir um maior número de visu-
alizações.
Na primeiro parte de vídeo apresenta-se o tumor mamário como uma neoplasia e faz-se uma breve explicação do
que é e dos tipos de neoplasia que existem.
De seguida são referidos os principais sintomas da doença, bem como os principais meios de tratamento e a
incidência desta doença.
Por fim, é apresentada o procedimento de ovariohisterectomia como sendo o meio de prevenção mais eficaz. Para
além de ser abordado de uma forma breve em que consiste o procedimento, é também explicado de que forma
atua e de que forma ajuda a prevenir o desenvolvimento de um tumor nas glândulas mamárias.
No final do vídeo é salientada a importância de uma monitorização frequente e de atenção a qualquer alteração
do animal. Com isto, pretendeu-se alertar e sensibilizar os espectadores a possíveis sinais de alerta e/ou fatores
de risco.
Gráfico 13- Questão número 13
Relatório da prova de aptidão profissional
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15. Conclusão
Com a realização do presente estudo conclui-se que a maior parte dos tutores caninos optam por proceder à
esterilização e, maioritariamente, antes dos 6 meses de idade, ou seja, fazem a remoção dos ovários e do útero
das cadelas antes das cadelas atingirem o seu primeiro cio.
A partir da análise estatística dos dados, constatou-se que, das 59 cadelas esterilizadas, 93% não desenvolveram
tumor mamário canino e os restantes 7% desenvolveram, tendo realizado o procedimento depois da idade tradici-
onalmente recomendada, isto é, depois de um, três ou cinco anos de idade.
Das cadelas esterilizadas, 54% realizaram o procedimento depois de, pelo menos, um ano de idade, sendo que
dessa amostra, apenas 9,3% desenvolveram o tumor. Já das 43 cadelas não esterilizadas, 69% não desenvolve-
ram tumor mamário canino, mas 31% da amostra referida desenvolveram sendo, esta última, uma percentagem
considerável. Dos 12 casos de tumor mamário registados no questionário apenas um procedeu à OVH antes dos
6 meses de idade, tal como é, normalmente indicado, podendo ser classificado como um acontecimento “raro”.
Este estudo teve como objetivo avaliar o impacte da ovariohisterectomia (OVH) como principal medida preventiva
no aparecimento do tumor mamário canino e realmente a partir da análise realizada, os resultados obtidos apon-
tam a OVH como fundamental na redução do risco de desenvolvimento desta condição em cadelas.
Apesar de recomendada antes do primeiro cio para obter os melhores resultados de prevenção, a castração rea-
lizada após o primeiro cio também demonstrou ser benéfica na redução do risco, embora em menor grau.
Embora seja uma das patologias mais frequentes em canídeos, ficou evidente que não há um elevado conheci-
mento geral no que toca aos principais sintomas desta doença, tendo sido registado apenas 25,8% de inquiridos
com conhecimento sobre o TMC e os sintomas associados.
Tal como referido, a falta de conhecimento é notória, o que reflete uma baixa taxa de sensibilização e divulgação
desta patologia. Seria expectável que, ao existir uma maior divulgação e partilha de informação relativamente ao
TMC e os métodos preventivos associados, essencialmente, a OVH, a percentagem de cadelas afetadas pudesse
ser significativamente menor. Por isso é fundamental a partilha de informações, como a promoção de exames
regulares, os fatores de risco e prevenção e da deteção precoce do tumor, através de, por exemplo organizações
veterinárias, campanhas de conscientização, redes sociais e/ou meios de comunicação social.
Uma divulgação adequada do tumor mamário canino pode levar a uma deteção mais precoce da doença, aumen-
tando assim a eficácia de tratamento. Para além disso, ao informar os proprietários dos animais sobre a eficácia
da OVH, estes podem ser incentivados a considerar a OVH como a principal opção no que toca à prevenção do
tumor.
Relatório da prova de aptidão profissional
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MOD274.0
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MOD274.0
16. Bibliografia
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Relatório da prova de aptidão profissional
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MOD274.0
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Apêndices/Anexos
Apêndice 1- Questionário online aplicado no âmbito da metodologia
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Apêndice 2- Vídeo animado aplicado no âmbito da metodologia

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  • 1. MOD274.0 Curso com plano próprio de Análises Químico-Biológicas Prova de aptidão profissional 12.º ano de escolaridade Relatório Tumor mamário canino e o impacte da ovariohisterectomia Aluno Carolina Sofia Pereira de Almeida Cardoso Trabalho realizado sob a orientação do professor Maria Manuela Bandeira Sousa Peres Ricon Leite Bragança Vila Nova de Gaia, junho de 2023
  • 2.
  • 3. Relatório da prova de aptidão profissional iii MOD274.0 Dedicatória “A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana.” Charles Darwin
  • 4.
  • 5. Relatório da prova de aptidão profissional v MOD274.0 Agradecimentos A realização deste trabalho de investigação só foi possível devido ao enorme apoio por parte de inúmeras pessoas que gostaria de destacar e expressar os mais sinceros agradecimentos. A toda a equipa do Hospital Veterinário do Porto, por serem um exemplo de profissionais dedicados, por todo o conhecimento partilhado e por estarem sempre disponíveis para esclarecerem todas as minhas dúvidas. À minha tutora de estágio, Doutora Ana Reis, e Enfermeira Helena Lima por toda a paciência e por todos os ensinamentos que me deram ao longo da realização deste trabalho. À minha orientadora de estágio, Professora Manuela Bragança, por me ter fornecido todos os recursos necessários e esclarecer todas as minhas dúvidas. À minha amiga e colega de estágio, Beatriz Rodrigues, pela motivação e companheirismo durante a reali- zação do estágio e da prova de aptidão pessoal. Por fim, a toda a minha família e amigos, pela paciência e motivação que me deram ao longo deste fim de percurso académico.
  • 6. Relatório da prova de aptidão profissional vi MOD274.0
  • 7. Relatório da prova de aptidão profissional vii MOD274.0 Resumo O tumor mamário canino é uma neoplasia que afeta as glândulas mamárias das cadelas. Sendo considerada a mais comuns em fêmeas desta espécie, o tumor mamário canino afeta, essencialmente, cadelas não esteriliza- das e de idade avançada. A ovariohisterectomia precoce confere uma proteção e diminuição da incidência de tumores mamários, no entanto a idade, a raça, e a obesidade são importantes fatores de risco. O estudo realizado tem como objetivo associar a ovariohisterectomia como o método preventivo mais eficaz no que toca ao desenvolvimento de uma neoplasia da glândula mamária. Os dados recolhidos e posteriormente analisados foram recolhidos através de um questionário composto por treze (13) perguntas para avaliar questões direcionadas à esterilização, e desenvolvimento do tumor mamário canino. Procedeu-se a uma análise qualitativa e quantitativa dos resultados, tendo sido concluído que a maioria das cadelas que realizou o procedimento, na idade tradicionalmente recomendada, não desenvolveu o tumor. E, pra- ticamente todas que o desenvolveram não eram esterilizadas ou realizaram o processo depois da idade recomen- dada. Uma vez que é uma patologia recorrente, e de modo a complementar o estudo foi realizado um vídeo animado com dois (2) minutos de duração com o objetivo de informar os espectadores relativamente a vários aspetos bá- sicos relacionados com o tumor mamário canino e ainda os adverte para possíveis fatores de risco e/ou situações de alerta. Palavras-chave: Neoplasia; Glândula mamária; Tumor; Ovariohisterectomia
  • 8. Relatório da prova de aptidão profissional viii MOD274.0
  • 9. Relatório da prova de aptidão profissional ix MOD274.0 Abstract Canine mammary tumor is a neoplasm that affects the mammary glands of female dogs. Considered the most common in females of this species, canine mammary tumor primarily affects unspayed and older bitches. Early ovariohysterectomy provides protection and reduces the incidence of mammary tumors. However, age, breed, and obesity are important risk factors. The objective of the conducted study is to associate ovariohysterectomy as the most effective preventive method regarding the development of mammary gland neoplasia. The collected data, subsequently analyzed, were obtained through a questionnaire consisting of thirteen (13) questions aimed at assessing issues related to sterilization and canine mammary tumor development. A qualitative and quantitative analysis of the results was performed, concluding that the majority of dogs that underwent the procedure at the traditionally recommended age did not develop the tumor. Almost all dogs that did develop it were either unsterilized or underwent the procedure after the recommended age. Since it is a recurring pathology, and in order to complement the study, an animated video with a duration of two (2) minutes was created with the aim of informing viewers about various basic aspects related to canine mam- mary tumors, as well as warning them about possible risk factors and/or alert situations. Keywords: Neoplasm; Mammary gland;Tumor; Ovariohysterectomy
  • 10. Relatório da prova de aptidão profissional x MOD274.0
  • 11. Relatório da prova de aptidão profissional xi MOD274.0 Índice Geral Agradecimentos........................................................................................................................................................v Resumo.................................................................................................................................................................. vii Abstract ...................................................................................................................................................................ix Lista de abreviaturas..............................................................................................................................................xv 1. Introdução.........................................................................................................................................................17 2. Neoplasia..........................................................................................................................................................19 3. Carcinomas.......................................................................................................................................................20 4. Tumor mamário canino.....................................................................................................................................20 5. Anatomia e fisiologia da glândula mamária ......................................................................................................21 6. Epidemiologia ...................................................................................................................................................22 6.1. Incidência................................................................................................................................................ 22 6.2. Raça........................................................................................................................................................ 22 6.3. Idade ....................................................................................................................................................... 23 7. Fatores de risco................................................................................................................................................23 7.1. Fatores hormonais .................................................................................................................................. 23 7.2. Fatores genéticos.................................................................................................................................... 24 7.3. Dieta........................................................................................................................................................ 24 8. Sintomatologia..................................................................................................................................................24 9. Diagnóstico.......................................................................................................................................................25 10.Estadiamento tumoral.......................................................................................................................................26 11.Tratamento .......................................................................................................................................................27 11.1.Cirurgia.................................................................................................................................................... 27 11.2.Quimioterapia.......................................................................................................................................... 29 11.3.Radioterapia............................................................................................................................................ 29 12.Fatores de prognóstico.....................................................................................................................................30 13.Ovariohisterectomia (OVH)...............................................................................................................................30 13.1.O procedimento....................................................................................................................................... 30 13.2.Quando deve ser realizada? ................................................................................................................... 31 13.3.OVH como método de prevenção ........................................................................................................... 31 14.Metodologia ......................................................................................................................................................33 14.1.Objetivos da investigação........................................................................................................................ 33 14.2.Questões de investigação....................................................................................................................... 33 14.3.Metodologia adotada............................................................................................................................... 33 14.4.Questionário............................................................................................................................................ 34
  • 12. Relatório da prova de aptidão profissional xii MOD274.0 14.4.1.Análise de dados.................................................................................................................................. 34 14.5.Vídeo animado ........................................................................................................................................ 40 15.Conclusão.........................................................................................................................................................41 16.Bibliografia........................................................................................................................................................43 Apêndices/Anexos..................................................................................................................................................45
  • 13. Relatório da prova de aptidão profissional xiii MOD274.0 Índice de Tabelas Tabela 1- Sistema de estadiamento de neoplasias mamárias (Adaptada de Pinto, 2009) ................................... 26 Tabela 2- Sistema de Classificação TNM para neoplasias mamárias................................................................... 27 Índice de Figuras Figura 1- Crescimento celular normal e neoplasia ................................................................................................ 19 Figura 2- Ilustração da cadeia mamária canina..................................................................................................... 21 Figura 3- Cadela com carcinoma mamário (Fonte: Do autor) ............................................................................... 25 Figura 4- Metástase pulmonar associada ao carcinoma mamário (Fonte: Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP) .................................................................................................. 26 Figura 5- Tipos de mastectomia canina (Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Tecnicas-de- mastectomia-empregadas-a-Mastectomia-regional-toracica_fig1_350670124).................................................... 28 Figura 6- Canídeo com carcinoma inflamatório da glândula mamária (Fonte: https://www.acvs.org/small- animal/mammary-tumor) ....................................................................................................................................... 28 Figura 7- Canídeo em sessão de radioterapia (Fonte: https://www.oncologiavetemfoco.com.br/2020/06/22/radioterapia-principios-basicos-e-uso-na-veterinaria/)....... 29 Figura 8- Ilustração do sistema reprodutor feminino canino (Fonte: https://hosvetpet.com.br/site/2018/09/19/castracao-de-cadelas-e-gatas/)............................................................ 30 Figura 9- Ilustração da incisão para realização de OVH (Fonte: https://www.vetsuldotejo.pt/_files/20140327185752_B5HK60Q0DI6OI7WZTVE9.pd)f) ....................................... 31 Figura 10- Recetores hormonais........................................................................................................................... 32 Índice de apêndices Apêndice 1- Questionário online aplicado no âmbito da metodologia................................................................... 45 Apêndice 2- Vídeo animado aplicado no âmbito da metodologia.......................................................................... 48 Índice de gráficos Gráfico 1- Questão número 1................................................................................................................................ 34 Gráfico 2- Questão número 2................................................................................................................................ 34 Gráfico 3- Questão número 3................................................................................................................................ 35 Gráfico 4- Questão número 4................................................................................................................................ 35 Gráfico 5- Questão número 5................................................................................................................................ 36 Gráfico 6- Questão número 6................................................................................................................................ 36 Gráfico 7- Questão número 7................................................................................................................................ 37
  • 14. Relatório da prova de aptidão profissional xiv MOD274.0 Gráfico 8- Questão número 8................................................................................................................................ 37 Gráfico 9- Questão número 9................................................................................................................................ 38 Gráfico 10- Questão número 10............................................................................................................................ 38 Gráfico 11- Questão número 11............................................................................................................................ 39 Gráfico 12- Questão número 12............................................................................................................................ 39 Gráfico 13- Questão número 13............................................................................................................................ 40
  • 15. Relatório da prova de aptidão profissional xv MOD274.0 Lista de abreviaturas GN – Growth hormone OVH – Ovariohisterectomia TGM – Tumor da glândula mamária TMC- Tumor mamário canino TNM -Tumor size, node infiltration, metastasis OMS- Organização Mundial de Saúde
  • 16.
  • 17. Relatório da prova de aptidão profissional 17 MOD274.0 1. Introdução O trabalho de investigação proposto surgiu no âmbito da Prova de Aptidão Profissional, integrado no curso de Análises Químico-Biológicas (AQB), no qual contempla um tema enquadrado na experiência adquirida na área de medicina veterinária em Formação em Contexto de Trabalho (FCT). A temática abordada tem como objetivo analisar a ocorrência, o diagnóstico, o tratamento e prevenção de tumores mamários caninos, além da importância da consciencialização e da deteção precoce dessa neoplasia. De modo a permitir uma análise sequencial do trabalho desenvolvido começa-se por fazer uma abor- dagem à temática de neoplasias e as suas tipologias, fazendo referência ao tumor mamário canino, com a apresentação de dados epidemiológicos, os seus fatores de risco, a sintomatologia e o diagnóstico. Face a avaliação da doença, ainda se identifica as possibilidades de prevenção, destacando-se a ova- riohisterectomia. De seguida é apresentada a metodologia adotada, assim como os resultados obtidos. Finalmente são discutidas as conclusões do trabalhado de investigação, bem como a bibliografia e os respetivos apêndices. Por forma a completar o conteúdo bibliográfico do trabalho e dada a prevalência desta doença e as suas implicações no animal afetado e nos seus donos, recorreu-se a uma metodologia em formato de questionário, com o intuito de avaliar o conhecimento sobre o conceito e compreender o impacte da ovariohisterectomia no desenvolvimento da mesma, e foi também elaborado um vídeo animado informa- tivo, que visa sensibilizar e alertar a população-alvo. A escolha do tema do meu trabalho é essencialmente justificada pela perda recente de um animal de um familiar próximo que lutou vários anos contra esta doença, e não poderia deixar de lhe prestar uma homenagem. Para além disse, como foi referido, é um tema que enquadra na área de Medicina Veteri- nária, onde realizei a minha Formação em Contexto de Trabalho (FCT).
  • 18. Relatório da prova de aptidão profissional 18 MOD274.0
  • 19. Relatório da prova de aptidão profissional 19 MOD274.0 2. Neoplasia Neoplasia é uma palavra que deriva do grego e significa “novo crescimento”, denotando a sua característica básica de ser uma proliferação celular anormal. Esse crescimento desordenado leva à formação de uma massa anormal de tecido. A maioria das células dos tecidos estão em constante multiplicação, até mesmo porque essa é uma forma de repor as células mortas. No entanto, esse crescimento é controlado por diversos fatores. Nas neoplasias, as células sofrem alterações e a sua proliferação passa a ser desordenada (Figura 1). Figura 1- Crescimento celular normal e neoplasia Todas as neoplasias possuem duas estruturas em comum: o parênquima e o estroma. O parênquima, com- posto por células em proliferação, as quais determinam o comportamento e as consequências da doença, e um estroma, formado por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos, os quais definem o crescimento e a evolução da neoplasia. As neoplasias podem ser de dois tipos, benigna ou maligna: ▪ Neoplasia benigna ou tumor benigno: Em geral, as neoplasias benignas são geneticamente mais “simples” quando comparadas às malignas, pois apresentam menos mutações e alterações nos seus genótipos com o passar do tempo, sendo assim mais estáveis. A diferenciação é uma característica das neoplasias benignas, uma vez que as células se assemelham morfo- logicamente e funcionalmente com as células do tecido de origem, ou seja, são células ainda com um certo grau de funcionalidade e especialidade. As neoplasias benignas, geralmente, crescem de forma lenta, isso porque realizam poucas mitoses. Esses tumores podem passar meses ou até mesmo anos sem ter grandes alterações em seu tamanho. ▪ Neoplasia maligna ou tumor maligno: A neoplasia maligna, caracteriza-se por um crescimento celular mais rápido do que a benigna e suas células são menos diferenciadas, o que faz com que muitas percam a sua função no tecido de origem.
  • 20. Relatório da prova de aptidão profissional 20 MOD274.0 Este tumor tem limites pouco definidos, sendo capaz de invadir tecidos vizinhos e também provocar metásta- ses. As neoplasias malignas são frequentemente denominadas de cancro. As neoplasias mamárias mais comuns são adenomas (benignos), carcinomas (malignos) e adenocarcinomas (ma- lignos). 3. Carcinomas Tal como referido existem vários tipos diferentes de tumores mamários malignos, sendo os carcinomas os mais comuns. O carcinoma é um tipo de neoplasia maligna e é desenvolvida, principalmente, a partir de células epiteliais e outras células encontradas nas glândulas mamárias. As células epiteliais formam o tecido epitelial, que está distribuído difusamente pelo organismo, uma vez que ele é o responsável pelo revestimento da pele e órgãos. Há também células epiteliais que possuem glândulas, sendo capazes de segregar substâncias, como saliva na boca (glândulas salivares), gordura e suor na pele (glândulas sebáceas e sudoríparas), leite nas mamas (glândulas mamárias) e ácido no estômago (células parietais). Com isto, a neoplasia de caráter maligno tem a designação de “carcinoma” se for desenvolvida a partir de células epiteliais, ou “adenocarcinoma” se for desenvolvida a partir de células epiteliais associadas a glândulas. 4. Tumor mamário canino O tumor mamário canino (TMC) é uma neoplasia que ocorre nas glândulas mamárias caninas, sendo considerada a mais comum em fêmeas desta espécie. Podem ser consideradas benignas ou malignas, no entanto, metade são classificadas como malignas, sendo o carcinoma a neoplasia mais comum. Apesar de 50% dos TMC serem considerados malignos, uma elevada percentagem destes não possui comporta- mento agressivo, isto é, não invade outros tecidos nem se dissemina à distância. Ocorrem essencialmente em cadelas mais velhas e não esterilizadas, embora possam ocorrer em qualquer idade, sendo que a obesidade e a utilização de contracetivos podem aumentar a incidência deste tipo de neoplasia. É importante salientar que a castração precoce das cadelas pode reduzir significativamente o risco de desenvol- vimento de tumores mamários, podendo ser considerado o meio de prevenção mais eficaz. A remoção cirúrgica dos tumores mamários também é uma opção de tratamento comum e dependendo da natu- reza do tumor e do estadiamento do tumor, podem ser necessários tratamentos adicionais, como quimioterapia e/ou radioterapia.
  • 21. Relatório da prova de aptidão profissional 21 MOD274.0 5. Anatomia e fisiologia da glândula mamária A glândula mamária é uma glândula sudorípara modificada, presente apenas em mamíferos (Santos et al., 2009; Sleeckx et al., 2011; Peña et al., 2013, como citado em Silva, 2021). A glândula mamária canina é composta por várias unidades glandulares que se estendem ao longo das paredes do abdómen e da parte interna das coxas. As glândulas são divididas em três grupos principais: as glândulas torácicas (1 e 2), localizadas na região do peito, as glândulas abdominais (3 e 4), localizadas na região do abdó- men e ainda as glândulas inguinais (5), como representado na figura 2. Cada glândula mamária é composta por vários lóbulos. No interior de cada lóbulo, existem os alvéolos glandulares, que são pequenas estruturas em forma de saco ou bolsa, onde ocorre a produção e armazenamento do leite materno, sendo cada alvéolo revestido por células secretoras de leite. Os alvéolos conectam-se aos ductos mamários, que têm como função transportar o leite produzido pelos alvéolos até os mamilos. O desenvolvimento da cadeia mamária inicia-se na embriogénese com a formação de epitélio glandular e dos principais ductos (Santos et al., 2009; Sorenmo et al., 2011). Após o nascimento inicia-se um período de pausa, havendo apenas um crescimento de tecido mamário proporcional ao crescimento do corpo do animal, sem cres- cimento glandular (Sorenmo et al., 2011, adaptado de Silva, 2021). Com a entrada na puberdade e início do ciclo éstrico, o desenvolvimento mamário vai recomeçar por influência hormonal, e irá prolongar-se por toda a vida reprodutiva do animal (Santos et al., 2009). As hormonas identificadas como responsáveis por esta estimulação são: estrogénios, progesterona, hormona do crescimento (GH) e a pro- lactina (Santos et al., 2009; Concannon et al, 2011; Sorenmo et al., 2011; Spoerri et al., 2015, como citado em Silva, 2021). Figura 2- Ilustração da cadeia mamária canina
  • 22. Relatório da prova de aptidão profissional 22 MOD274.0 Assim, ao longo do ciclo éstrico, as variações hormonais vão estimular o desenvolvimento de diferentes estruturas da glândula mamária: ▪ Os estrogénios, libertados em maior quantidade no estro, estimulam a proliferação do epitélio ductal, aumentando desta forma a área de extensão dos ductos (Sorenmo et al., 2011; Spoerri et al., 2015, como citado em Silva, 2021). ▪ A progesterona, produzida em maiores quantidades no diestro, irá atuar de duas formas distintas: esti- mula a produção de GH no tecido mamário e, juntamente com a prolactina, estimula o desenvolvimento lobulo-alveolar e aumenta as conexões da rede ductal (Mol et al., 2002; Rehm et al., 2007; Concannon et al., 2011; Sorenmo et al., 2011, como citado em Silva, 2021). ▪ A GH irá atuar de forma direta estimulando o desenvolvimento e a diferenciação do tecido epitelial mamá- rio; ▪ Por último, a prolactina, produzida no final do ciclo, é responsável pela diferenciação do tecido mamário, com formação de alvéolos, que constituem a unidade secretora da glândula mamária (Sorenmo et al., 2011; Spoerri et al., 2015, como citado em Silva, 2021). 6. Epidemiologia É o ramo da ciência que fundamenta a prevenção da doença, que estuda a distribuição da doença nas populações, os fatores que influenciam ou que determinam essa distribuição e a aplicação deste estudo ao controlo dos pro- blemas de saúde (Adaptado de Gordis, 2011, como citado em Santos, 2019). 6.1. Incidência Os tumores mamários constituem o segundo tipo tumoral mais frequente na espécie canina, logo a seguir aos tumores de pele (Queiroga et al., 2002, como citado em Silva, 2021). No entanto, em cadelas intactas o tumor mamário é a neoplasia mais frequente. Os cães machos podem também desenvolver esta neoplasia, apesar de ser considerado raro. O risco de aparecimento destes tumores nos machos é menor ou igual a 1% em comparação com as cadelas (Daleck et al., 2008, como citado em Nobre, 2020). A percentagem de tumores malignos e benignos é cerca de 50%, porém, a tendência que se tem verificado é para um aumento da percentagem de tumores malignos (Sleeckx et al., 2011; De Araújo et al., 2015; Vail et al., 2019, como citado em Silva, 2021). 6.2. Raça Várias raças de cães podem ser afetadas pelo tumor mamário canino, no entanto algumas raças apresentam uma maior predisposição para desenvolver esta neoplasia. Algumas raças têm maior risco de desenvolver tumores mamários do que outras, incluindo Poodles, Cocker Spaniels, Doberman Pinschers, Boxers e Pastores Alemães (Withrow & Page, 2020).
  • 23. Relatório da prova de aptidão profissional 23 MOD274.0 6.3. Idade Existe uma relação entre a idade da cadela e o aparecimento do tumor mamário canino. Normalmente, os tumo- res mamários em cadelas não são encontrados antes dos dois anos de idade, sendo que a taxa de incidência aumenta significativamente a partir dos 6 anos de idade. Tal como na generalidade das neoplasias, a probabilidade de desenvolvimento de tumores mamários aumenta com a idade do animal, situando-se a idade média de manifestação tumoral, nas cadelas, entre os 10 e os 11 anos (Lana et al., 2007, como citado em Pinto, 2009). 7. Fatores de risco 7.1. Fatores hormonais Há uma relação entre a exposição a hormonas sexuais e o desenvolvimento de tumores mamários em cadelas. A exposição prolongada e excessiva a hormonas sexuais, especialmente o estrogénio e progesterona, pode aumen- tar o risco de desenvolvimento de tumores mamários em cadelas. A progesterona e o estrogénio são hormonas esteroides que atuam como iniciadoras (estimulam a transformação de uma célula normal em célula neoplásica) e promotoras da carcinogénese (promovem o crescimento celular anormal) (Johnston et al., 2001, como citado em Peralta, 2018). A realização da castração precoce, ou seja, antes do primeiro cio, pode reduzir o risco de desenvolvimento de tumor mamário canino uma vez que esta reduz a exposição da cadela a hormonas sexuais, como o estrogénio e progesterona, que estimulam o crescimento e proliferação das células mamárias. A ovariohisterectomia (OVH) parece ser o método mais eficaz de prevenção deste tipo de neoplasia maligna (Are- nas, Peña, Granados-Soler, & Pérez-Alenza, 2016; Choi et al., 2016; Grüntzig et al., 2016; HyunWoo Kim, Jung- Hyung Ju, Jong-II Shin, Byung-Joon Seung, 2017; Lascelles, D. & Dobson, J. 2003; Nguyen et al., 2017; Withrow & MacEven, 2013, como citado em Peralta, 2018). Os tumores mamários em cães machos são relativamente raros, representando 1% a 3% de todos os casos de tumores mamários em cães. As causas exatas do aparecimento desses tumores em machos ainda não são bem compreendidas, mas acredita-se que possam estar relacionadas a fatores hormonais, como altos níveis de estro- génio ou baixos níveis de testosterona. A utilização de contraceptivos em cadelas está generalizada um pouco por todo o mundo (Concannon & Verste- gen, 2005, como citado em Pinto, 2009). O efeito da administração de contraceptivos orais sobre o desenvolvi- mento de tumores mamários nas cadelas e nas gatas tem sido objecto de inúmeros estudos, dos quais se obtive- ram, por vezes, resultados contraditórios (Lana et al., 2007, como citado em Pinto, 2009). A contracepção com recurso à administração prolongada de estrogénios não revelou qualquer efeito potenciador do desenvolvimento de neoplasias mamárias em ambas as espécies (Lana et al., 2007; Misdrop, 2002,como citado em Pinto, 2009).
  • 24. Relatório da prova de aptidão profissional 24 MOD274.0 Quando analisada a contracepção prolongada com recurso a progesterona, as cadelas revelaram apenas um aumento na incidência de tumores mamários benignos (Lana et al., 2007; Misdrop, 2002, como citado em Pinto, 2009). 7.2. Fatores genéticos A incidência de tumores mamários caninos difere significativamente entre as raças, apoiando fortemente a influ- ência de fatores de risco genéticos (K. S. Borge, F. Lingaas, & A. L. Børresen-Dale, 2011). Vários estudos descre- vem a presença de mutações tanto no gene p53 como nos genes BRCA 1 e/ou 2 (Gene tumoral 1 e 2) (Sorenmo et al., 2003; Rivera et al., 2009; Yoshikawa et al., 2015; Thumser-Henner et al., 2020, como citado em Silva, 2021). 7.3. Dieta Vários fatores nutricionais têm sido apontados como promotores da carcinogénese e parece existir uma relação entre os fatores nutricionais diretamente associados à obesidade e os TGMs (tumores da glândula mamária) (Calle, E. E. & Kaaks, R. , 2004). O risco do aparecimento de TGMs pode estar ligado a fatores nutricionais interagindo já nos primeiros meses de vida do animal, principalmente antes do primeiro cio. A obesidade no primeiro ano de vida, assim como um ano antes do diagnóstico da doença tumoral, parece predispor as fêmeas à neoplasia (Sonnenschein et al., 1991, como citado em Nobre, 2020). Uma análise à relação da dieta/obesidade com o desenvolvimento desta patologia revelou que cães com uma dieta rica em carnes vermelhas ou obesos até aos 9 a 12 meses de idade, se encontram significativamente mais predispostos do que animais com o peso recomendado ou até ligeiramente abaixo (Vail et al., 2019; Gray et al., 2020, como citado em Silva, 2021). 8. Sintomatologia Os TGMs afetam, mais frequentemente, os 2 últimos pares mamários caudais, onde o tecido da glândula mamária é maior. No entanto, toda a cadeia mamária deve ser examinada cuidadosamente de modo a serem detectados nódulos de menor dimensão (Daleck et al., 2008, como citado em Nobre, 2020). Os tumores mamários em cadelas podem se manifestar de várias maneiras, e os sinais clínicos variam de acordo com o estágio e o tipo do tumor. Alguns dos sinais clínicos mais comuns do tumor mamário canino incluem: • Nódulos ou protuberâncias na mama: esses nódulos podem variar de tamanho, forma e consistên- cia. E podem ser duros, macios ou irregulares ao toque.
  • 25. Relatório da prova de aptidão profissional 25 MOD274.0 • Inchaço ou inflamação: a mama pode parecer inchada ou inflamada, e a pele pode parecer vermelha ou quente ao toque. • Feridas ou úlceras na mama: o tumor pode causar feridas ou úlceras na pele da mama, que podem ser sensíveis ou dolorosas ao toque. • Descarga mamária: pode haver uma secreção sanguinolenta ou purulenta da mama afetada. • Mudanças de comportamento: a cadela pode se sentir desconfortável, lamber ou morder a área afetada, e pode apresentar uma mudança no comportamento, como falta de apetite, apatia ou letargia. • Metástase para outras partes do corpo: se o tumor mamário se espalhar para outras partes do corpo, pode haver sinais clínicos adicionais, como dificuldade respiratória, dor abdominal, perda de peso e letargia. 9. Diagnóstico A primeira abordagem a um paciente com nódulos mamários deve consistir num exame físico minucioso, não só de cada glândula mamária de ambas as cadeias, mas também de características globais que permitam avaliar o estado geral do animal. Deve colher-se sangue para hemograma e bioquímicas gerais e urina para urianálise. (Lana et al., 2007; Rutteman & Kirpensteijn, 2003, como citado em Pinto, 2009). Os tumores mamários malignos podem-se espalhar para os gânglios linfáticos encontrados na região axilar e inguinal. Então, deve proceder-se a uma biópsia, que é a maneira mais confiável de distinguir uma massa benigna de uma maligna, onde uma pequena agulha é usada para colher amostras de células desses gânglios linfáticos para procurar disseminação (NC State University - Veterinary Hospital, 2023). Radiografias de tórax e ultrassonografia abdominal procuram disseminação para os pulmões e órgãos internos. Figura 3- Cadela com carcinoma mamário (Fonte: Do au- tor)
  • 26. Relatório da prova de aptidão profissional 26 MOD274.0 10. Estadiamento tumoral O estadiamento refere-se à extensão da doença e passa por uma classificação (Tabela 1) segundo um sistema TNM (tumor size, node infiltration, metastasis) estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem em conta: (Adaptado de: National Cancer Institute, 2023) • O tamanho e extensão do tumor primário (T); • A infiltração de células neoplásicas nos gânglios linfáticos (N); • A presença ou não de metástases à distância (M). Este sistema possibilita uma descrição detalhada da apresentação clínica do tumor, permitindo prever o seu com- portamento biológico. Com base no estadiamento, juntamente com as informações sobre o estado geral do animal, pode-se decidir qual o protocolo terapêutico mais adequado para cada caso e dar respostas ao proprietário do animal sobre o prognóstico da neoplasia (Vail & Withrow, 2001). Tabela 1- Sistema de estadiamento de neoplasias mamárias (Adaptada de Pinto, 2009) Estádio Tamanho Tumoral (T) Envolvimento ganglionar regional (N) Metástases à distância (M) I T1 N0 M0 II T2 N0 M0 III T3 N0 M0 IV Qualquer T N1 M0 V Qualquer T Qualquer N M1 Figura 4- Metástase pulmonar associada ao carcinoma mamário (Fonte: Revista de Educação Continuada em Me- dicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP)
  • 27. Relatório da prova de aptidão profissional 27 MOD274.0 Tabela 2- Sistema de Classificação TNM para neoplasias mamárias Classificação Tamanho e extensão do tumor primário (T) < 3 cm de diâmetro T1 3-5 cm de diâmetro T2 > 5 cm de diâmetro T3 Envolvimento ganglionar regional (N) Sem metástases N0 Com metástases N1 Metástases à distância (M) Sem metástases M0 Com metástases M1 11. Tratamento 11.1. Cirurgia A melhor técnica cirúrgica para o tratamento de tumores mamários em cadelas tem sido exaustivamente debatida na comunidade científica (Horta, Lavalle, Cunha, Moura, & de Araújo, 2014). Os tumores mamários são tratados cirurgicamente, embora não haja consenso quanto ao melhor procedimento. A dúvida reside na escolha entre uma cirurgia mais agressiva (mastectomia) e com maior probabilidade de remover doença residual não visível, mas que provoca maior morbilidade (maior período de recuperação) ou cirurgia menos agressiva (lumpectomia) que consiste na remoção exclusiva do nódulo, ou parte da mama, mas que teoricamente poderá deixar doença residual. Remoção de uma massa ou parte da mama (lumpectomia), mastectomia local (remoção apenas da glândula afe- tada), mastectomia regional (remoção da glândula afetada e daquelas que compartilham drenagem linfática e linfonodos associados) (a;b), mastectomia unilateral (remoção de uma cadeia mamária inteira) (c) e mastectomia bilateral (remoção de ambas as cadeias mamárias) (d;e;f) todos têm seus proponentes (Kutzler, 2020).
  • 28. Relatório da prova de aptidão profissional 28 MOD274.0 Figura 5- Tipos de mastectomia canina (Fonte: https://www.re- searchgate.net/figure/Figura-1-Tecnicas-de-mastectomia-em- pregadas-a-Mastectomia-regional-toracica_fig1_350670124) O carcinoma inflamatório é a designação atribuída aos carcinomas mamários que apresentam uma intensa reação inflamatória, não constituindo, deste modo, um tipo isolado de tumor, podendo qualquer tipo de carcinoma, ser considerado inflamatório (Misdrop, 2002, como citado em Pinto, 2009). O carcinoma inflamatório ocorre em 4% a 18% das neoplasias mamárias (VSSO, 2008ª, como citado em Pinto, 2009). A cirurgia não é recomendada para cães com carcinoma mamário inflamatório porque não melhora a taxa de sobrevivência. Infelizmente, um tratamento eficaz não foi descoberto. Figura 6- Canídeo com carcinoma inflamatório da glândula mamária (Fonte: https://www.acvs.org/small- animal/mammary-tumor)
  • 29. Relatório da prova de aptidão profissional 29 MOD274.0 11.2. Quimioterapia A quimioterapia consiste na utilização de fármacos com efeito citotóxico que atuam nas células tumorais em divi- são, interferindo com o ciclo de replicação celular. Estes fármacos atuam de três formas principais: interferindo com a replicação do DNA, inibindo as mitoses e/ou induzindo a apoptose (Thamm, Vail, & Liptak, 2019). Contrariamente ao verificado na espécie humana, nos canídeos, há pouca informação quanto à eficácia dos com- postos quimioterápicos sobre os tumores mamários (Pinto, 2009). Em carcinomas muito invasivos a eficácia da quimioterapia é bastante contestada. No entanto parece atingir-se algum benefício aquando da sua utilização em carcinomas simples de estadios II ou III (Rutteman & Kirpensteijn, 2003, como citado em Pinto, 2009). 11.3. Radioterapia A radioterapia consiste num tratamento focal, com radiação ionizante, que pode ser administrado através de um equipamento externo (de seu nome acelerador linear) ou através de fontes radioativas, fontes essas que estarão em contacto direto com o tumor/leito tumoral. A radiação penetra nas células malignas e destrói a sua capacidade de replicação, o que conduz consequentemente à destruição da doença neoplásica (Nunes, 2019). A radioterapia é recorrentemente utilizada em medicina humana, porém o seu uso em animais ainda necessita de mais estudos (Novosad et al., 2003, como citado em Silva, 2021). A sua utilização tem-se revelado interessante, sobretudo, na diminuição da extensão de neoplasias que, de outro modo, seriam demasiado grandes para serem extirpadas cirurgicamente na sua totalidade. Por isso, a radioterapia não é relevante como terapia adjuvante no caso de tumores malignos totalmente removidos (Lana, Rutteman, & Withrow, 2007). Figura 7- Canídeo em sessão de radioterapia (Fonte: https://www.oncologiavetemfoco.com.br/2020/06/22/radiotera- pia-principios-basicos-e-uso-na-veterinaria/)
  • 30. Relatório da prova de aptidão profissional 30 MOD274.0 12. Fatores de prognóstico O prognóstico para a recuperação do seu cão depende de muitos fatores e é único para cada cão. Pode ser feito com base em vários fatores, entre os quais: estadiamento clínico, classificação histológica, tamanho da maior massa presente, invasão dos gânglios linfáticos, metastização à distância, idade do animal e plano terapêutico (Mulas et al., 2005; Zaidan, 2008; Vail et al., 2019; Gray et al., 2020, como citado em Silva, 2021). Em regra geral, quanto mais avançado for o estadio da doença, isto é, maiores dimensões, envolvimento linfático e presença de metastização, e mais avançada a idade do animal, pior o prognóstico. 13. Ovariohisterectomia (OVH) 13.1. O procedimento A ovariohisterectomia (OVH) ou esterilização é um procedimento cirúrgico, com anestesia geral, que consiste na remoção dos ovários e do útero da cadela. Figura 8- Ilustração do sistema reprodutor feminino canino (Fonte: https://hosvetpet.com.br/site/2018/09/19/castracao-de-cadelas-e- gatas/)
  • 31. Relatório da prova de aptidão profissional 31 MOD274.0 Em cadelas e gatas, a ovariohisterectomia é tradicionalmente realizada por uma pequena incisão na linha média. Em cadelas a incisão cutânea começa normalmente um centímetro abaixo da cicatriz umbilical (EA, 2003, como citado em Tavares, 2010). 13.2. Quando deve ser realizada? A castração é realizada, tradicionalmente, após o primeiro cio da cadela, tipicamente aos 6 meses de idade. Do ponto de vista técnico, a cirurgia nesta idade é fácil, rápida e segura devido ao pequeno tamanho do paciente, falta de gordura corporal e rápida recuperação; no entanto, estudos recentes sugerem que a OVH antes da matu- ridade esquelética pode ter efeitos adversos, particularmente em certas raças de cães. Não há estudos que confirmem qual o momento apropriado para realizar o procedimento, portanto, a decisão sobre quando e se um paciente deve ser castrado deve ser baseada no paciente individual, no proprietário e nos dados disponíveis (Tobias, 2022). 13.3. OVH como método de prevenção Tem-se verificado crescente evidência da etiologia hormonal para o tumor de mama em cadelas, sendo que o índice de risco varia entre cadelas castradas e não castradas e depende ainda da fase em que a intervenção cirúrgica é efetuada (Fonseca & Daleck, 1999). O tecido mamário normal contém receptores para estrogénio e receptores para progesterona, em concentrações relativamente altas, reflectindo, deste modo, a sua dependência hormonal (Lana et al., 2007, como citado em Pinto, 2009). Figura 9- Ilustração da incisão para realização de OVH (Fonte: https://www.vetsuldotejo.pt/_fi- les/20140327185752_B5HK60Q0DI6OI7WZTVE9.pd)f)
  • 32. Relatório da prova de aptidão profissional 32 MOD274.0 Os recetores hormonais, são proteínas localizadas nas células do organismo que têm a capacidade de se ligar a hormonas específicas. Os recetores hormonais desempenham um papel crucial na regulação e funcionamento do sistema endócrino, que é responsável pela produção e sinalização hormonal no organismo. No contexto do tumor mamário canino, os recetores hormonais mais comuns que são avaliados são o recetor de estrogénio (ER) e o recetor de progesterona (PR). A presença ou ausência desses recetores hormonais nos tumores mamários pode influenciar o crescimento, progressão e resposta ao tratamento desses tumores. As hormonas sexuais, o estrogénio e a progesterona, desempenham um papel importante no desenvolvimento e crescimento dos tumores mamários caninos. O estrogénio é responsável pelo crescimento e desenvolvimento do tecido mamário, enquanto a progesterona desempenha um papel na preparação das mamas para a lactação. Quando há um desequilíbrio ou excesso dessas hormonas, pode ocorrer um crescimento descontrolado das células mamárias e o desenvolvimento de tumores. Essas hormonas são produzidas principalmente pelos ovários das cadelas, então a OVH em cadelas tem um impacte direto nos receptores hormonais relacionados aos tumores mamários. Sendo os ovários a principal fonte de produção de hormonas sexuais, ao serem removidos há uma redução significativa dos níveis de estrogénio e progesterona circulantes no corpo da cadela. Por esse motivo a castração é considerada o principal meio de prevenção do aparecimento de TMC. A redução do risco de desenvolvimento de tumores de mama pela ovariohisterectomia (OVH) após os 2-5 anos é mínimo, mas está demonstrado que cadelas castradas antes do primeiro cio têm 0,5% de risco de desenvolver estas neoplasias, quando comparadas com cadelas inteiras. O risco aumenta para 8% se a OVH for feita após o primeiro cio e para 26% se a OVH for feita depois do segundo cio (Sorenmo et al., 2000; Moe, 2001; Argyle et al, 2008; Fossum, 2008, como citado em Leitão, 2015). Figura 10- Recetores hormonais
  • 33. Relatório da prova de aptidão profissional 33 MOD274.0 14. Metodologia O presente capítulo visa dar a conhecer os principais objetivos do trabalho de investigação, apresentar os meios de metodologia escolhidos bem como os resultados obtidos. 14.1. Objetivos da investigação ▪ Avaliar o conhecimento sobre o conceito de tumor mamário canino; ▪ Avaliar a percentagem de cadelas esterilizadas; ▪ Detetar a percentagem de cadelas que já desenvolveram a doença; ▪ Avaliar a eficácia da esterilização; ▪ Avaliar idade média em que as cadelas dos inquiridos são esterilizadas; ▪ Apresentar o conceito de tumor mamário canino; ▪ Alertar a população detentora de cães para os fatores que potenciam o desenvolvimento da doença; ▪ Apresentar os sintomas e métodos de prevenção da doença; ▪ Dar a conhecer o procedimento da ovariohisterectomia. 14.2. Questões de investigação ▪ Qual a quantidade de cadelas esterilizadas da amostra em estudo? ▪ Com que idade é realizado o procedimento de esterilização? ▪ Qual a percentagem de cadelas esterilizadas que desenvolveu tumor? E que não desenvolveu? ▪ Qual a percentagem de cadelas não esterilizadas que desenvolveu tumor? E que não desenvolveu? ▪ Qual a percentagem de inquiridos que conhece os principais sintomas do tumor mamário canino? ▪ Terá a ovariohisterectomia um forte impacte na prevenção do tumor? 14.3. Metodologia adotada De modo a analisar vários aspetos relativos ao TMC, nomeadamente, o impacte da ovariohisterectomia na proli- feração da doença, elaborou-se um questionário, de treze (13) perguntas, na plataforma Google Forms, tendo este sido partilhado nas redes sociais de modo a atingir uma maior taxa de respostas, tendo sido atingido um total de 213 respostas. Para além do questionário, realizou-se um vídeo animado informativo com dois (2) minutos de duração, elaborado na plataforma Animaker, cujo principal objetivo é, essencialmente, dar a conhecer o conceito da doença, os prin- cipais sintomas e meios de tratamento, qual a incidência da doença, quais a formas de prevenção e ainda o conceito de OVH.
  • 34. Relatório da prova de aptidão profissional 34 MOD274.0 14.4. Questionário 14.4.1. Análise de dados Após a análise do Gráfico 1, concluímos que 33,8% da amostra encontra-se na faixa etária entre os 18 e 30 anos de idade, 28,2% são menores de 18 anos de idade, 18,8% dos inquiridos afirmam ter entre 40 a 50 anos de idade, 9,4% têm entre 30 a 40 anos de idade, 7,5% situam-se entre os 50 e 60 anos e os restantes inquiridos têm mais de 60 anos de idade. A partir da análise do Gráfico 2, concluímos que mais de metade da amostra pertence ao sexo feminino (78,4%) sendo que o sexo masculino corresponde a 21,6% das respostas. Gráfico 1- Questão número 1 Gráfico 2- Questão número 2
  • 35. Relatório da prova de aptidão profissional 35 MOD274.0 É possível afirmar, a partir da visualização do Gráfico 3, que 82,6% da amostra tem ou já teve cães, e os restantes 17,4% não. A quarta pergunta só estaria disponível se o inquirido afirmasse que tem ou já teve cão(ães). Cerca de 40,3% tem ou tiveram cães machos, 33,5% fêmeas e os restantes 22,1% têm ou já tiveram ambos os géneros. Gráfico 3- Questão número 3 Gráfico 4- Questão número 4
  • 36. Relatório da prova de aptidão profissional 36 MOD274.0 A seguinte questão é apenas feita aos inquiridos que têm ou já tiveram cadelas fêmeas. É possível concluir que 59% da população em estudo esterilizou a cadela, 38,1% optou por não realizar este processo e os restantes não sabem se o processo foi realizado. Para os inquiridos que afirmaram ter esterilizado a(s) cadela(s), foi-lhes perguntado com que idade realizaram o procedimento. 41,9% realizaram antes dos 6 meses de idade, 38,7% com mais de um ano, 11,3% não sabem com que idade realizaram e os restantes realizaram entre os 3 e 5 anos de idade. Gráfico 5- Questão número 5 Gráfico 6- Questão número 6
  • 37. Relatório da prova de aptidão profissional 37 MOD274.0 No Gráfico 7, pretendeu-se saber se as cadelas dos inquiridos já desenvolveram tumor mamário canino, e é possível afirmar que 88,6% deselvolveram e 11,4% não. A oitava questão é comum tanto aos inquiridos que responderam “Sim” e “Não” na terceira questão, sendo que vem como oitava questão para os que selecionaram “Sim” e como quarta questão para os que selecionaram “Não”. É possível concluir que 61% a amostra tem conhevimento do conceito de tumor mamário canino e 39% não. O questionário continua se a resposta for afirmativa, caso contrário, o formulário é submetido. Gráfico 7- Questão número 7 Gráfico 8- Questão número 8
  • 38. Relatório da prova de aptidão profissional 38 MOD274.0 Para os inquiridos que têm conhecimento do conceito referido anteriormente, foi-lhes perguntado se conhece quais os principais sintomas. 74,2% não tem conhecimento e os restantes 25,8% têm. A décima pergunta tinha como objetivo avaliar o conmhevimento da população quanto à proliferação do tumor em cães machos. Concluiu-se que 73,8% dos inquiridos sabiam que os machos podem também desenvolver este tumor e 26,2% não sabiam. Gráfico 9- Questão número 9 Gráfico 10- Questão número 10
  • 39. Relatório da prova de aptidão profissional 39 MOD274.0 O Gráfico 11 demonstra que 81,5% da amostra tinha conhecimento da existência de vário tipo de tumor, enquanto 18,5% não sabia. A próxima questão pretendia avaliar o conhecimento do inquirido relativamente à incidência, a partir da raça, desta doença. 48,5% não que acha os cães sem raça definida têm mais tendência a desenvolver tumor mamário, 43,1% responderam talvez tenham mais tendência e 8,5% acham que têm. Gráfico 11- Questão número 11 Gráfico 12- Questão número 12
  • 40. Relatório da prova de aptidão profissional 40 MOD274.0 A última pergunta, tinha como objetivo avaliar o conhecimento da amostra relativamente ao conhecimento de métodos preventivos da doença. 61,5% dos inquiridos acredita que a castração, alimentação e a não introdução de hormonas são as principais fontes de prevenção, 33,1% não sabe, e os restantes não concordam. 14.5. Vídeo animado O vídeo animado (apêndice 2) foi realizado com o intuito de complementar a metodologia selecionada anterior- mente e dar a conhecer conceitos básicos relacionados com o tumor mamário canino. O vídeo foi partilhado nas redes sociais, assim como o questionário, de modo a atingir um maior número de visu- alizações. Na primeiro parte de vídeo apresenta-se o tumor mamário como uma neoplasia e faz-se uma breve explicação do que é e dos tipos de neoplasia que existem. De seguida são referidos os principais sintomas da doença, bem como os principais meios de tratamento e a incidência desta doença. Por fim, é apresentada o procedimento de ovariohisterectomia como sendo o meio de prevenção mais eficaz. Para além de ser abordado de uma forma breve em que consiste o procedimento, é também explicado de que forma atua e de que forma ajuda a prevenir o desenvolvimento de um tumor nas glândulas mamárias. No final do vídeo é salientada a importância de uma monitorização frequente e de atenção a qualquer alteração do animal. Com isto, pretendeu-se alertar e sensibilizar os espectadores a possíveis sinais de alerta e/ou fatores de risco. Gráfico 13- Questão número 13
  • 41. Relatório da prova de aptidão profissional 41 MOD274.0 15. Conclusão Com a realização do presente estudo conclui-se que a maior parte dos tutores caninos optam por proceder à esterilização e, maioritariamente, antes dos 6 meses de idade, ou seja, fazem a remoção dos ovários e do útero das cadelas antes das cadelas atingirem o seu primeiro cio. A partir da análise estatística dos dados, constatou-se que, das 59 cadelas esterilizadas, 93% não desenvolveram tumor mamário canino e os restantes 7% desenvolveram, tendo realizado o procedimento depois da idade tradici- onalmente recomendada, isto é, depois de um, três ou cinco anos de idade. Das cadelas esterilizadas, 54% realizaram o procedimento depois de, pelo menos, um ano de idade, sendo que dessa amostra, apenas 9,3% desenvolveram o tumor. Já das 43 cadelas não esterilizadas, 69% não desenvolve- ram tumor mamário canino, mas 31% da amostra referida desenvolveram sendo, esta última, uma percentagem considerável. Dos 12 casos de tumor mamário registados no questionário apenas um procedeu à OVH antes dos 6 meses de idade, tal como é, normalmente indicado, podendo ser classificado como um acontecimento “raro”. Este estudo teve como objetivo avaliar o impacte da ovariohisterectomia (OVH) como principal medida preventiva no aparecimento do tumor mamário canino e realmente a partir da análise realizada, os resultados obtidos apon- tam a OVH como fundamental na redução do risco de desenvolvimento desta condição em cadelas. Apesar de recomendada antes do primeiro cio para obter os melhores resultados de prevenção, a castração rea- lizada após o primeiro cio também demonstrou ser benéfica na redução do risco, embora em menor grau. Embora seja uma das patologias mais frequentes em canídeos, ficou evidente que não há um elevado conheci- mento geral no que toca aos principais sintomas desta doença, tendo sido registado apenas 25,8% de inquiridos com conhecimento sobre o TMC e os sintomas associados. Tal como referido, a falta de conhecimento é notória, o que reflete uma baixa taxa de sensibilização e divulgação desta patologia. Seria expectável que, ao existir uma maior divulgação e partilha de informação relativamente ao TMC e os métodos preventivos associados, essencialmente, a OVH, a percentagem de cadelas afetadas pudesse ser significativamente menor. Por isso é fundamental a partilha de informações, como a promoção de exames regulares, os fatores de risco e prevenção e da deteção precoce do tumor, através de, por exemplo organizações veterinárias, campanhas de conscientização, redes sociais e/ou meios de comunicação social. Uma divulgação adequada do tumor mamário canino pode levar a uma deteção mais precoce da doença, aumen- tando assim a eficácia de tratamento. Para além disso, ao informar os proprietários dos animais sobre a eficácia da OVH, estes podem ser incentivados a considerar a OVH como a principal opção no que toca à prevenção do tumor.
  • 42. Relatório da prova de aptidão profissional 42 MOD274.0
  • 43. Relatório da prova de aptidão profissional 43 MOD274.0 16. Bibliografia Calle, E. E., & Kaaks, R. . (2004). Nature Reviews Cancer. Overweight, obesity and cancer: Epidemiological evidence. Fonseca, C. S., & Daleck, C. R. (1999). NEOPLASIAS MAMARIAS EM CADELAS: INFLUÊNCIA HORMONAL. Gregório, H. (s.d.). Centro Hospitalar Veterinário. Obtido de Neoplasias Mamárias na Cadela e na Gata: https://www.chv.pt/pt/unidades/oncologia/neoplasiamamaria/detalhe.html Horta, R. D., Lavalle, G. E., Cunha, R. M., Moura, L. L., & de Araújo, R. B. (2014). Advances In Breast Cancer Research. Influence of Surgical Technique on Overall Survival, Disease Free Interval and New Lesion Development Interval in Dogs with Mammary Tumors. K. S. Borge, F. Lingaas, & A. L. Børresen-Dale. (2011). Identification of genetic variation in 11 candidate genes of canine mammary tumour. Identification of genetic variation in 11 candidate genes of canine mammary tumour. Kutzler, M. (2020). MDS MANUAL- Veterinary Manual. Obtido de Mammary Tumors in Dogs and Cats: https://www.msdvetmanual.com/reproductive-system/mammary-tumors/mammary-tumors-in-dogs-and- cats Lana, S. E., Rutteman, G. R., & Withrow, S. J. (2007). Withrow & MacEwen's Small Animal Clinical Oncology. Tumors of the mammary gland. Leitão, C. P. (2015). PAPEL DA OVARIOHISTERECTOMIA PRECOCE NA PREVENÇÃO. Lisboa. Mammary cancer | Cornell University College of Veterinary Medicine. (s.d.). Obtido de Mammary cancer in female dogs: https://www.vet.cornell.edu/departments-centers-and-institutes/riney-canine-health- center/health-info/mammary-cancer Mammary Gland Tumors- Nacional Library of Medicine. (s.d.). Obtido de Mammary Gland Tumors: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK9542/ Mammary Tumors - Canine | Veterinary Society of Surgical Oncology. (s.d.). Obtido de Mammary Tumors - Canine: https://vsso.org/mammary-tumors-canine National Cancer Institute. (06 de Fevereiro de 2023). Cancer Staging - NCL. Obtido de Cancer Staging: https://www.cancer.gov/about-cancer/diagnosis-staging/staging NC State University - Veterinary Hospital. (02 de Fevereiro de 2023). Medical Oncology: Canine Mammary Tumors. Nobre, A. R. (2020). Tumores mamários em cadelas e a relação da agressividade tumoral com a condição corporal: estudo retrospectivo de 29 casos. Lisboa: Faculdade de Medicina Veterinária. Nunes, B. M. (2019). O que é a Radioterapia?- Médis. Obtido de O que é a Radioterapia?: https://www.medis.pt/mais-medis/cancro/o-que-e-a-radioterapia/ Peralta, I. L. (2018). Tumores Mamários em Cadelas: Fatores de Prognóstico. Coimbra. Pinto, R. M. (2009). Neoplasia mamária em cadelas e gatas. Lisboa: Faculdade de Medicina Veterinária. Santos, D. C. (2019). A epidemiologia e a abordagem epidemiológica da doença. Lisboa. Silva, J. I. (2021). Tumores mamários em cadelas. Évora.
  • 44. Relatório da prova de aptidão profissional 44 MOD274.0 Tavares, I. M. (2010). Ovariohisterectomia laparoscópica em cadelas. Lisboa. Thamm, D., Vail, D., & Liptak, J. (2019). 6º Edição, Elsevier Health Sciences. Withrow and MacEwen's small animal clinical oncology. Tobias, K. M. (Janeiro de 2022). Gonadectomy in Dogs: Considerations & Review - Clinician´s Brief. Obtido de Gonadectomy in Dogs: Considerations & Review: https://www.cliniciansbrief.com/article/gonadectomy- dogs-considerations- review?utm_medium=email&utm_source=newsletter&utm_campaign=Online+230509&oly_enc_id=5912 C2584589B9Y Vail, D., & Withrow, S. (2001). Tumors of the skin and subcutaneous tissues. Em Small animal clinical oncology. Philadelphia. Withrow, S. J., & Page, R. L. (2020). Small Animal Clinical Oncology.
  • 45. Relatório da prova de aptidão profissional 45 MOD274.0 Apêndices/Anexos Apêndice 1- Questionário online aplicado no âmbito da metodologia
  • 46. Relatório da prova de aptidão profissional 46 MOD274.0
  • 47. Relatório da prova de aptidão profissional 47 MOD274.0
  • 48. Relatório da prova de aptidão profissional 48 MOD274.0 Apêndice 2- Vídeo animado aplicado no âmbito da metodologia