O documento descreve a visita da diretora Petra Costa à cidade de Santos para exibir seu filme Elena e participar de um bate-papo sobre o mesmo. Elena é um documentário sobre a irmã da diretora que se suicidou e como o tema ainda é tabu na sociedade. O filme tem provocado discussões importantes e tem ajudado outras pessoas que passaram por perdas similares.
1. BomPrograma
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CARLOTACAFIERO
DAREDAÇÃO
Petra é o nome de uma cidade
encravada em um vale da Jor-
dânia cujos edifícios foram es-
culpidos diretamente na ro-
cha. Para nós, brasileiros, tem
sido um dos nomes mais co-
mentados nas últimas sema-
nasnãoporqueserefereàcida-
de árabe, mas à jovem cineasta
PetraCosta,cujaobrajásereve-
la forte como rocha, com voca-
çãoparafazerhistória.
Elena,seuprimeiroepremia-
do longa-metragem, é um do-
cumentário que se confunde
em alguns momentos com a
ficção, nas memórias recriadas
da diretora sobre a irmã que se
matou aos 20 anos de idade –
quando Petra tinha apenas 7 e
ouvia pela primeira vez a pala-
vra suicídio, um tema ainda
tabunasociedade.
É por este e outros assuntos
que julga importantes que a
diretoratemparticipadodeen-
contros com o público e chega
hoje a Santos, para exibição do
filme no Auditório do Sesc, se-
guido de um bate-papo com
ela, mediado por Tammy
Weiss, coordenadora do Insti-
tuto Querô, que responde pela
realização da sessão junto da
produtora Busca Vida e do
Sesc.
O filme ficou apenas três se-
manas em cartaz em Santos,
masfoiosuficienteparaimpac-
tara seleta plateia que encarou
o retrato da dor dilacerante da
perda e a libertação da mesma
quandoPetraresgataairmãdo
“vale dos esquecidos” para re-
construir a memória de Elena
pormeiododiáriodela,defitas
caseiras de vídeo, recortes de
jornal e das audiocartas grava-
da em fitas cassete e enviadas
de Nova Iorque, onde foi estu-
darteatronadécadade80.
Pelo Brasil, até agora, mais
de 46 mil espectadores assisti-
ram a Elena. Não é pouco para
ogênerodocumentário.
OUTRASELENAS
Além de todas as qualidades
estéticas bastante comentadas
pela crítica brasileira e estran-
geira, o filme tem sido impor-
tante também pelas discus-
sõesqueprovoca.
“O encontro com o público é
sempremuitoforte,porquede-
pois da sessão as pessoas vêm
falar comigo bem emociona-
das e compartilham as suas
próprias Elenas, suas perdas,
selembramdepessoasqueper-
deram ou de suas próprias an-
gústias. Então, tem um espe-
lhamento que é muito como-
vente”, disse a diretora, em en-
trevistaparaATribuna.
Petra conta que debater os
temas que o filme suscita era
um de seus objetivos. “Para
mim, o filme era necessário
não só como obra estética mas
também porque ele aborda te-
masquesãotabuepoucodiscu-
tidoscomoosuicídio,adepres-
sãoeasquestõesdofeminino”.
De forma bem delicada, o
filme aborda três gerações de
mulheres: Petra, desde bebê
até o momento atual, em ima-
gens gravadas por uma câme-
ra sempre onipresente; a irmã
Elena, desde os 13 anos, quan-
doganhaumacâmeradevídeo
e passa a registrar vários mo-
mentos em família; e Li An, a
mãe, desde a juventude, quan-
dosonhavaseratriz.
IDEIAPARAOLONGA
Petra conta que a primeira vez
que pensou na possibilidade
de fazer o filme foi quando
tinha 18 anos e encontrou o
diário de Elena: “Identifiquei-
meprofundamentecomaspa-
lavras dela. Eu estava fazendo
umworkshopcomogrupoTea-
trodaVertigem(deSãoPaulo)
e eles deram um tema que era
O Livro da Vida. E eu comecei
a pensar sobre o que era “o
livro da vida” e fui para os
meus diários. Acabei encon-
trando o diário da Elena, que
eu nunca tinha visto. Aí fiz
uma cena em que misturava
trechos do meu diário com ce-
nasdodiáriodela.Eunãofazia
cinema ainda, mas aquilo foi
tão forte que eu pensei ainda
voufazerumfilmesobreisso”.
Esta não é a primeira vez
que Petra parte do acervo fa-
miliar para fazer um filme.
Em 2009, ela realizou o pre-
miado curta-metragem Olhos
de Ressaca, um retrato poéti-
co sobre o amor e o envelheci-
mento sob a ótica dos avós
maternos.Naquelaprodução,
ela contou com um parceiro
especial: o cineasta Eryk Ro-
cha, filho de Glauber, que fez
afotografiadocurta.
NOVOFILME
No momento, Petra se dedica
a um novo filme, uma mistura
de documentário e ficção. “Se
bem que eu considero Elena
também uma mistura com fic-
ção. Mas esse é mais ainda.
Será com dois atores franceses
daThéâtre du Soleil ”, adianta.
Saiba mais no site www.elena-
filme.com.
EXIBIÇÃODOFILMEELENA EBATE-PAPOCOMA
DIRETORAPETRACOSTAEACOORDENADORA
DOINSTITUTOQUERÔTAMMYWEISS.HOJE,ÀS
15HORAS,NOAUDITÓRIODOSESCSANTOS,NA
RUACONSELHEIRORIBAS,136,APARECIDA,
TEL.3278-9800.ENTRADA FRANCA.
Shows,teatro,cinemaedança
Aprogramaçãotrazváriasopçõesparaquem
nãopretendeficaremcasanofinaldesemana.
ConfiranaspáginasD-2,D-3eD-5
Petra tem viajado pelo Brasil para falar de seu filme, que considera mistura de documentário com ficção
“Aspessoasvêmfalaremocionadase
compartilhamassuasprópriasElenas,
suasperdasousuasangústias”
PetraCosta,diretoraeatriz
PetraCostavem
aSantosouvir
‘outrasElenas’Diretora do documentário Elena participa de encontro hoje,
no Sesc Santos, com exibição de seu filme e bate-papo
Cena de Elena, longa no qual a diretora traz à tona emoções difíceis de serem elaboradas e aceitas
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Sexta-feira 12
D-1julho de2013 www.atribuna.com.br