Custos da indústria brasileira crescem menos no começo de 2013. Indicador subiu 5,8% no primeiro trimestre do ano frente a igual período de 2012. Medidas do governo foram a principal causa da desaceleração nas despesas.
Informe Conjuntural | 2º trimestre de 2014 | Divulgação 24/07/2014
Custos industriais sobem menos no começo de 2013
1. Custos industriais crescem em menor ritmo
no começo de 2013
O Indicador de Custos Industriais subiu 5,8% no primeiro trimestre de 2013, quando comparado com o
mesmo trimestre do ano anterior. Esse resultado sugere que o crescimento dos custos industriais está
perdendo força. Na mesma comparação, houve crescimento de 8,2% no terceiro trimestre de 2012 e de
6,5% no quarto trimestre do mesmo ano.
A perda de ritmo de crescimento dos custos é resultado, sobretudo, das medidas de redução de custos
promovidas pelo Governo. O custo com tributos cresceu apenas 1,0%, puxado pelo ICMS, e os custos
com energia e capital de giro recuaram 1,8% e 22,5%, respectivamente, sempre na comparação com
igual período do ano anterior.
O crescimento do custo industrial tem sido estimulado pelo custo com bens intermediários (insumos
e matérias-primas). Na comparação entre os primeiros trimestres de 2013 e 2012, o custo com bens
intermediários aumentou 9,9%, sendo que no caso dos importados o crescimento foi de 12,3%.
O gasto com pessoal continua crescendo acima da média dos custos (7,7%), mas também apresenta
sinais de perda de ritmo.
INDICADOR DE CUSTOS INDUSTRIAIS
Ano 2 Número 1 janeiro/março de 2013 www.cni.org.brInformativo da Confederação Nacional da Indústria
Indicadores
variação no 1° trimestre 2013
frente ao 1° trimestre 2012
Indicador de custos industriais
5,8%
Custo de produção
9,0%
Custo de capital de giro
-22,5%
Custo tributário
1,0%
Indicador de custos industriais
Base: Média de 2006 = 100
80
90
100
110
120
130
140
I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
2. 2
Ano 2, n. 1, janeiro/março de 2013
Indicador de Custos Industriais
O custo de produção cresceu 9,0% no primeiro
trimestre de 2013, na comparação com igual período
em 2012. Embora continue elevada, a taxa de
crescimento do custo de produção caiu. No último
trimestre de 2012, a taxa foi de 10,5%, na comparação
em 12 meses.
Parte significativa dessa desaceleração deve-se a
perda de força do ritmo de crescimento do custo
com pessoal. Após seis trimestres consecutivos com
crescimento acima de dois dígitos, o índice de custo
com pessoal subiu 7,7% no primeiro trimestre de
2013, em relação a igual período de 2012.
O custo com bens intermediários mantém-se em
crescimento elevado, ainda que a taxa tenha se
reduzido. No primeiro trimestre de 2013, registra-
se aumento de 9,9%, na comparação com o
mesmo trimestre do ano passado. Chama atenção o
comportamento do custo com insumos importados,
que continua a refletir os efeitos da desvalorização do
real. Também na comparação com o primeiro trimestre
de 2012, o indicador registra alta de 12,3%, variação
superior à registrada no último trimestre de 2012.
Pela primeira vez, desde o começo da série histórica
em 2006, houve queda no custo com energia,
sempre na comparação com o mesmo trimestre do
ano anterior. O recuo de 1,8% deve-se à redução da
tarifa de energia elétrica promovida pelo Governo
no início desse ano, que resultou em uma queda de
5,0% no custo da energia elétrica, na mesma base de
comparação.
Custo de produção
Custo de produção e custo com pessoal
Base: Média de 2006 = 100
Custo de produção e custo com bens intermediários
Base: Média de 2006 = 100
Custo de produção e custo com energia
Base: Média de 2006 = 100
Custo de produção Custo com energia
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
I
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I
Custo de produção Custo com pessoal
I
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
Custo de produção Custo com bens intermediários
I
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
3. 3
Ano 2, n. 1, janeiro/março de 2013
Indicador de Custos Industriais
O custo de capital de giro segue contribuindo
negativamente para o crescimento dos custos
industriais. No primeiro trimestre de 2013, a redução
desse componente foi de 22,5%, ao se comparar com
o mesmo trimestre do ano passado.
Essa é a sétima queda consecutiva, mas já com menor
intensidade em relação aos três trimestres anteriores.
As medidas tomadas, desde o ano passado, pelo
Governo com foco na diminuição da carga tributária
da indústria – como a desoneração da folha de
pagamentos e a redução do IPI dos automóveis e
dos produtos da linha branca – provocaram forte
desaceleração na taxa de crescimento do indicador
de custo tributário no último trimestre de 2012 e no
primeiro trimestre desse ano: crescimento de 0,3%
e 1,0%, respectivamente, na comparação com igual
período do ano anterior. A evolução positiva só se
manteve devido ao comportamento do ICMS, que
continua crescendo.
Indicador de custos industriais
Custo de capital de giro
Custo tributário
Custo de capital de giro
Base: Média de 2006 = 100
Custo tributário
Base: Média de 2006 = 100
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
INDICADOR
PERÍODO
Variação percentual dos indicadores médios com relação ao ano anterior (%) Variação percentual com relação ao mesmo trimestre do ano anterior (%)
2010 2011 2012 2011- III 2011- IV 2012 - I 2012 - II 2012 - III 2012 - IV 2013- I
Indicador de custos industriais 2,3 6,1 6,6 6,3 6,0 4,5 7,2 8,2 6,5 5,8
Custo de produção 3,6 6,6 8,4 6,0 6,4 4,6 7,6 10,7 10,5 9,0
Custo com pessoal 5,4 10,5 11,2 11,7 11,8 12,4 11,9 10,4 10,2 7,7
Custo com bens intermediários 3,1 5,7 7,8 4,6 5,0 2,6 6,6 11,1 10,9 9,9
Intermediários nacionais 5,5 5,4 6,8 4,3 3,1 1,5 4,7 10,0 10,9 9,6
Intermediários importados -11,5 7,3 15,3 6,8 18,8 10,2 21,0 19,2 11,0 12,3
Custo com energia 5,1 5,2 4,6 4,9 4,8 4,3 3,4 4,2 6,5 -1,8
Energia elétrica 1,9 5,3 4,8 5,5 5,7 5,2 4,1 3,6 6,2 -5,0
Óleo combustível 18,4 4,7 3,9 2,4 1,6 1,1 0,8 6,3 7,3 9,9
Custo de capital de giro -7,8 3,0 -21,9 -0,3 -3,2 -9,9 -24,4 -26,6 -27,1 -22,5
Custo tributário 0,5 5,2 5,6 8,0 6,2 6,0 10,9 6,1 0,3 1,0
4. 4
Ano 2, n. 1, janeiro/março de 2013
Indicador de Custos Industriais
Efeito sobre a lucratividade e a competitividade
No primeiro trimestre de 2013, os custos industriais tiveram alta de 5,8%, enquanto os preços domésticos
dos manufaturados subiram 7,6%, na comparação com o primeiro trimestre de 2012. Com isso, a expectativa
de recuperação da margem de lucro, projetada no fim de 2012, é confirmada. Já são dois trimestres consecutivos
em que os preços dos produtos manufaturados crescem mais do que os custos. Essa melhora na margem de
lucro é fundamental para que as empresas industriais possam executar seus projetos de investimento.
Para avaliar a competitividade da indústria brasileira comparamos a evolução dos custos com a dos preços
dos manufaturados importados e dos preços dos manufaturados nos Estados Unidos, como proxy para os
preços internacionais, todos mensurados em reais. O processo de ganho de competitividade visto ao longo
de 2012 mostra sinais de esgotamento. Isso é fruto, basicamente, da perda de intensidade no crescimento
da taxa de câmbio a partir do segundo semestre de 2012.
Os preços, em reais, dos produtos manufaturados importados que chegaram a crescer 23,7% no segundo
trimestre de 2012, subiram 11,9% no primeiro trimestre de 2013, na comparação em 12 meses. Os preços dos
produtos manufaturados no mercado norte-americano também subiram bastante no terceiro (24,5%) e quarto
(25,2%) trimestres de 2012, enquanto no último trimestre de 2012 e no primeiro desse ano apresentaram
elevação bem mais modesta: 16,2% e 13,7%, respectivamente – na mesma base de comparação.
Ainda assim, o ganho foi significativo no primeiro trimestre à medida que tais preços aumentaram mais
que os custos industriais. Não obstante, o comportamento recente da taxa de câmbio sugere sua perda
de importância no processo de recuperação da competitividade da indústria. Para que em 2013 a indústria
de fato equipare-se em termos competitivos com os seus principais concorrentes, é preciso intensificar as
ações que promovam a redução do Custo Brasil: tanto os custos de produção da indústria, como os custos
sistêmicos da economia brasileira.
Custos industriais e preços
domésticos dos manufaturados
Base: Média de 2006 = 100
Custos industriais e preços dos
manufaturados importados, em reais
Base: Média de 2006 = 100
Custos industriais e preços nos EUA
dos manufaturados, em reais
Base: Média de 2006 = 100
INDICADOR DE CUSTOS INDUSTRIAIS | Publicação Trimestral da Confederação Nacional da Indústria - CNI | Gerência Executiva de Pesquisa e Competitividade
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Autorizada a reprodução desde que citada a fonte. Documento divulgado em 6 de junho de 2013
A variável usada no cálculo do Índice de custo de capital de giro foi revisada pelo BACEN, o que implica em alterações na série
histórica. Maiores detalhes sobre a metodologia estão disponíveis no endereço: www.cni.org.br/indicadordecustosindustriais
Custos Industriais Preços nos EUA dos manuf.
80
100
120
140
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Custos Industriais Preços domésticos dos manuf.
80
100
120
140
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
80
100
120
140
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Custos Industriais Preços dos manuf. importados