SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
Baixar para ler offline
167
REB Volume 6 (2): 167-174, 2013
ISSN 1983-7682
DOENÇA DE ALZHEIMER:
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA UTILIZAÇÃO DA MEMANTINA NO
TRATAMENTO1
ALZHEIMER'S DISEASE:
EPIDEMIOLOGICAL ASPECTS OF THE USE IN THE TREATMENT of
MEMANTINE
César Augusto Soares da Costa1
; Rosa Maria Braga Lopes de Moura2
.
1 Professor-tutor da Universidade Federal do Rio Grande/FURG.
2 Mestranda da Universidade do Museu Social Argentino/UMSA
Contato: csc193@hotmail.com
Resumo: Segundo o Relatório sobre a saúde no mundo, divulgado pela Organização
Mundial da Saúde em 2001, a prevalência entre maiores de 60 anos é de,
aproximadamente, 5% para o sexo masculino e 6% para o feminino. Não há indícios de
qualquer diferença na incidência por sexo, mas o número de mulheres com Alzheimer é
maior por ser a longevidade no sexo feminino. Por ser uma doença crônica de evolução
lenta (podendo durar até 20 anos) e somando-se ao fato de que, nas fases avançadas, o
paciente torna-se dependente, incapaz por si de alimentar-se ou vestir-se. Assim, o
objetivo deste artigo é abordar os problemas decorrentes da incidência social nos
portadores de Alzheimer, a importância da saúde nos cuidadores da doença, bem como
do uso da Memantina no tratamento da patologia. Foi utilizada a pesquisa bibliográfica
pertinente ao nosso foco de estudo. Por fim, assinalamos para a importância da
utilização da memantina como um dos tratamentos mais eficazes para portadores da
doença de Alzheimer.
Palavras-chave: Cuidadores, Doença de Alzheimer, Memantina.
1
Este trabalho foi apresentado como requisito final para obtenção do título de Especialização em
Genética e Ambiente na Universidade Católica de Pelotas/UPCEL.
168
ABSTRACT: According to the Report on world health, published by the World Health
Organization in 2001, the prevalence among people over 60 is approximately 5% for
males and 6% for females. There are not any evidences of any difference in incidence
by sex, but the number of women with Alzheimer's Disease is larger due to greater
longevity in females. Since it is a chronic disease of slow evolution (which can last up
to 20 years) and adding to the fact that in advanced stages the patients become
dependent, unable by itself to feed or clothe themselves. This paper’s goal is to address
the social problems arising from the incidence in patients with Alzheimer's, the
importance of health in caregivers of disease as well as the use of memantine in the
treatment of disease. A relevant literature search was used to the focus of this study.
Thus, we stress the importance of the use of memantine as one of the most effective
treatments for patients with Alzheimer's disease.
Keywords: Caregivers, Alzheimer's, Memantine.
Incidências e a prevalência da doença de Alzheimer
O início da doença de Alzheimer geralmente ocorre após 65 anos de idade,
embora não seja raro seu início mais cedo, essencialmente em países onde o período
esperado de vida é mais curto, como por exemplo, a Índia. Com o avançar da idade,
aumenta rapidamente a incidência (duplicada a cada cinco anos). Isso tem óbvias
repercussões no número total de pessoas que vivem com esse transtorno, à medida que
aumenta a esperança na população.
Segundo o Relatório sobre a Saúde no Mundo, divulgado pela Organização
Mundial da Saúde em 2001, a prevalência entre maiores de 60 anos é de,
aproximadamente, 5% para o sexo masculino e 6% para o feminino. Não há indícios de
qualquer diferença na incidência por sexo, mas o número de mulheres com Alzheimer é
maior por ser a longevidade no sexo feminino.
Por ser uma doença crônica de evolução lenta (podendo durar até 20 anos) e
somando-se ao fato de que, nas fases avançadas, o paciente torna-se dependente,
169
incapaz por si de alimentar-se ou vestir-se. O impacto econômico sobre a sociedade é
considerável.
Materiais e Métodos
Para este exame, utilizamos a pesquisa bibliográfica pertinente ao nosso foco de
estudo. Dados estatísticos demonstram que nos Estados Unidos em 1986 foram gastos
de 25 a 40 bilhões de dólares. Atualmente a doença de Alzheimer custa a cada ano à
sociedade norte-americana cerca de 100 bilhões de dólares, sendo que o governo arca
com pouco mais de 10 bilhões. Isto quer dizer que mais de 90 bilhões de dólares são
gastos pelo paciente e suas famílias em exames complementares e cuidados prestados
diretamente ao paciente.
A doença representa 50% dos casos de demência nos EUA e na Grã-Bretanha.
Cerca de 4,5 milhões de americanos, atualmente, são portadores de Alzheimer, que é
responsável por 100 mil óbitos por ano, sendo a quarta causa mortis em adultos nesses
países, perdendo apenas para infarto, derrame e câncer (SMITH, 1999). Estima-se que
no ano 2040, 12 a 14 milhões de americanos serão portadores de Alzheimer.
No Brasil, não temos dados estatísticos concretos sobre a doença, porém,
podemos afirmar que presença da doença de Alzheimer também é significativa em
nosso país atingindo cerca de 1,2 milhões de brasileiros. Sabendo que a família média
brasileira de 3 a 4 pessoas, somos remetidos a cifras assustadoras, uma vez que desse
modo a doença de Alzheimer atinge direta ou indiretamente mais de 4 milhões de
pessoas em nosso pais.
Resultados e Discussão
Embora a doença de Alzheimer corresponda a 50% das demências existentes,
não existem, até o presente, métodos que permitam o diagnóstico clínico definitivo.
Atualmente, o diagnóstico clínico de Alzheimer ocorre por exclusão, por meio do
descarte de outras patologias que poderiam estar causando os mesmos sintomas da
doença, como tumores e complicações cerebrais.
Quanto mais a família e os cuidadores entenderem a patologia e sua evolução,
maiores as chances de aprender estratégias e usufruir recursos paliativos com sucesso. O
envolvimento da família é um componente-chave no tratamento contínuo do paciente
170
com demência. Da mesma forma, que a manutenção de um bom suporte médico,
odontológico, psicológico e nutricional ocorra, para que o paciente e os cuidadores
mantenham ou melhorem o bem estar fisiológico, psicológico e social do portador
(GOODMAN et alii,1993).
Apesar do cuidador do portador de Alzheimer não ser o paciente primário
(SNYDER, 2001), deve-se atentar também para as suas necessidades. Como já foi
demonstrado em diversos estudos, os cuidadores são mais suscetíveis a infecções e mais
deprimidos do que indivíduos não cuidadores (KIECOLT-GLASER et alii, 1995;
SNYDER, 2001). Uma frase exemplifica bem esta questão: “Eu me sinto como se
minha perna tivesse sido amputada, mas é meu marido quem está sendo preparado para
recebê-la” (SNYDER, 2001).
Proporcionar cuidado a um cônjuge com Alzheimer ou outras demências
progressivas está associado a muito sofrimento. O curso da doença é imprevisível, como
é a rapidez do declínio; a única certeza é sua morte, pois o tempo de sobrevivência
depois da instalação da doença que varia entre 8 e 20 anos (DURA et alii, 1990).
A Memantina é o primeiro e único medicamento de uma classe – antagonistas do
receptor N- metil – D – aspartato (NMDA) – para pacientes com Alzheimer,
principalmente nos estágios de moderado a grave. É o único medicamento aprovado
para esta indicação, em que nenhum tratamento estava antes disponível. A memantina é
eficaz e bem tolerada no tratamento de sintomas-chave em pacientes com Alzheimer de
moderada a grave. Devido ao seu mecanismo único de ação, a memantina restabelece a
transmissão neuronal glutamartérgica em um nível fisiológico e impede os efeitos de
níveis patologicamente elevados tônicos de glutamato sináptico, que podem conduzir à
disfunção neuronal.
O objetivo do tratamento com a memantina é tornar mais lenta a progressão dos
sintomas de Alzheimer e, desse modo, melhorar a vida diária, ou pelo menos impedir a
deterioração para executar as atividades diárias, pois o tratamento reduz a sobrecarga e
o estresse dos cuidadores. Preservada a independência do paciente, este e seus
cuidadores, mantém a qualidade de vida por tanto tempo quanto possível. E os
pacientes podem ser capazes de permanecer em casa por mais tempo antes de serem
admitidos em locais para cuidados delonga duração, e de alto custo, como clínicas
especializadas e hospitais privados.
171
As propriedades da memantina – antagonista NMDA dependente de voltagem,
de afinidade moderada, não competitiva – podem explicar as melhoras cognitivas
observadas após o tratamento de cpacientes dementes, em comparação ao placebo. A
memantina é menos dependente de voltagem que o Mg 2+ basal através de receptores
NMDA. Quanto mais os níveis de glutamato na fenda sináptica são aumentados de
forma transitória, a despolarização resultante da membrama pós-sináptica é suficiente
para deslocar a memantina e permitir o influxo de Ca2+ como resultado de estimulação
mais forte.
Em conseqüência, a memantina reduz seletivamente o influxo elevado de Ca2+
basal através de receptores NMDA nas demências, mas devido à sua dependência de
voltagem não afeta o fluxo de Ca2+ sob estímulo fisiológico.
Segundo a hipótese glutamatérgica, o comprometimento cognitivo observado
nos distúrbios neuroprotetores neurodegenerativos como a doença de Alzheimer é
causado pela superativação dos receptores NMDA conduzindo os influxos excessivos
de Ca e danos neuronais. O objetivo do tratamento deve ser, portanto, impedir danos
neuronais adicionais sem impedir a plasticidade neuronal necessária ao processo de
aprendizado e memória.
Como as propriedades de ligação ao receptor da memantina são menos
dependentes de voltagem ao magnésio, a memantina bloqueia receptor NMDA na
presença de níveis elevados prolongados de glutamato sináptico, mais é deslocada
durante a ativação fisiológica que ocorre nos processos de aprendizado e memória.
Dessa maneira, a memantina possui o potencial para proteger os neurônios de
excitoxidade sem inibir a plasticidade neuronal. Isto está em contraste evidente com a
dizocilpina, que inibe a Potenciação de longa duração (LTP) e o aprendizado.
O efeito neuroprotetor foi demonstrado em doses que produzem níveis
plasmáticos no estado de equilíbrio em animais que são comparáveis aos atingidos com
doses terapêuticas da memantina em humanos. As concentrações plasmáticas no estado
de equilíbrio da memantina variam de 0,5 a 1,0 após uma dose de 20mg/dia no portador.
Isto equivale a 2,4 – 5,0mg/Kg por via intraperitonial ou 20mg/Kg ao dia por infusão
subcutânea usado em minibombas osmótica Alzet em ratos.
A alta concentração de glutamato promove a entrada anormal de cálcio no
interior do neurônio levando-o a morte. Fica claro que se esse excesso é controlado e
172
bloqueado automaticamente, e os neurônios são preservados desse fenômeno. A
memantina faz exatamente isso. Impede que os níveis elevados de glutamato atuem
sobre a molécula receptora do glutamato no neurônio adjacente evitando o fluxo
excessivo de cálcio que levaria à morte neuronal.
É sabido que a acetilcolina é um neurotransmissor muito importante e
diretamente relacionado com a doença de Alzheimer (MOURA, 2005), porém não é o
único. Existe perto de uma centena de outros neurotransmissores que também podem
estar envolvidos com a doença. O glutamato é um desses neurotransmissores cujo
excesso é altamente tóxico para os neurônios.
Pacientes que recebem memantina mostram declínio cognitivo menor com
destaque para a atenção, linguagem, execução de tarefas, habilidade visual e memória.
Observa-semelhora nas atividades do dia-dia como alimentar-se, banhar-se, vestir-se,
etc. Pois a memantina já foi utilizada em mais de um milhão de pacientes com poucos
efeitos colaterais, em geral gastro-intestinais: constipação,vômitos e etc.
A memantina não é uma droga nova. Já era comercializada na Alemanha com o
nome de Akatinol desde 1980, mas com indicações diferentes e sem ter sido submetida
a estudos controlados. Em 1999, o primeiro trabalho confiável realizado no Instituto
Karolinska, na Suécia, demonstrou resultados positivos tanto em Alzheimer, como em
demências vasculares graves. Assim, a memantina foi aprovada pelo FDA como droga
para o tratamento da doença de Alzheimer em outubro de 2003, estando indicada nas
fases moderada e severa da moléstia de Alzheimer.
Referências Bibliográficas
1. BOLZANI, Vanderlan; JUNIOR, Cláudio; FURLAN, Maysa; MANSSOUR,
Carlos Alberto. Produtos naturais como candidatos a fármacos úteis no
tratamento do mal de Alzheimer. Química Nova, v. 27, 4, São Paulo, Jul-Ago,
2004.
2. CUMMINGS, JL; BENSOM, DF. The role of nucleus basalis of meinert im
dementia: review ande reconsideration. Alzheimer Dis Assoc Disord, 1987: 1,
128-145,
173
3. DURA, J. R; STUKENBERG, K.W; KIECOLT-GLASER, J. K. Chronic stress
and depressive disorders in older adults. Journal of Abnormal Psychology, 99, p.
284-90, 1990.
4. FOSTER, H.D. Helth, Disease and the Environment. Boca raton: Fla CRC Press:
1992.
5. GOODMAN et alii. Managing patients with Alzheimer´s the primary role of
dentists. Journal of the American Dential Association, 124, p. 74-80, 1993.
6. JORDAN, B. D. Epidemiology of brain injury in boxing. In: JORDAN, B. D.
(Org.). Medical Aspects os Boxing. Boca Raton, p.147-168, 1993.
7. MCKHANN, G; DRACHMAN, D; FOLSTEIN, M; KATZMAN, R; PRICE, D;
STADIAN, E. M; Clinical diagnosis os Alzheimer´s disease: reporto f the
NINCDS-ADRDA Work Group under the auspices of departamento of health
and Human Services Task Force on Alzheimer´s Disease. Neurology 34, 28-
33,1990.
8. FLYNN, F.G; CUMMINGS, J.L; GORNBEIN, J. (org). Delusions in dementia
syndromes: investigation of behavioral and neuropsychological correlates.
Journal of europsychiatry and clinical neurosciences, 3, 364-370.
9. KIECOLT-GLASER et alii. Slowing of wound healing by psychological stress.
Lancet, 346, p. 1194-1196, 1995.
10. MENDEZ, M; MARTIN, R; SMYTH, K. A et alii. Psychiatry symptoms
associated with Alzheimer´s disease. J Neuropsychiatry Clin Neuroscience, 2:
28-33, 1990.
11. MOURA, Rosa Maria Braga Lopes. Cloridrato de Memantina e sua influência
na inibição da progressão da doença de Alzheimer. (Monografia do curso de
Especialização em Genética e Ambiente). Universidade Católica de Pelotas.
Pelotas, 2005. 59 p.
12. PETRY, S; CUMMINGS, J.L; HILL,M. A; SHAPIRA, J. Personality alterations
in dementia of the Alzheimer´s type. Archol Neurol, Psychology Review 9, 45
(11), 1187-1190.
13. REISBERG, B; BORENSTEIN, J; SALOB, S. P. et alii. Behavioral symptoms
in Alzheimer´s disease: phenomenology and treatment. Journal of Clínical
Psychiatry, 48, suplement, 9-15.
174
14. SMITH, M.A.C. Doença de Alzheimer. Revista Brasileira de Psiquiatria. N.21,
s 2, p.3-7, 1999.
15. SNYDER, L. Care of patients with Alzheimer´s disease and their families. In:
Alzheimer´s Disease and Dementia. Clinics in Geriatric Medicine, Philadelphia,
17 (2), 319-35.
16. SKINNER, B. F; VAUGHAN, M. E. Viva bem a velhice: aprendendo a
programar a sua vida. São Paulo: Summus, 1985.
17. WRAGG, R.E; JESTE, D. V. “Overviev of depression and psychosis in
Alzheimer´s disease”, Am J. Psychiatry, 1989, 577-587.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Alzheimer ppt
Alzheimer pptAlzheimer ppt
Alzheimer ppt
 
SAÚDE DO IDOSO ENFERMAGEM 2
SAÚDE DO IDOSO ENFERMAGEM 2SAÚDE DO IDOSO ENFERMAGEM 2
SAÚDE DO IDOSO ENFERMAGEM 2
 
EMcontros: Papel do Enfermeiro na Esclerose Multipla
EMcontros: Papel do Enfermeiro na Esclerose MultiplaEMcontros: Papel do Enfermeiro na Esclerose Multipla
EMcontros: Papel do Enfermeiro na Esclerose Multipla
 
Doença de Alzheimer
Doença de AlzheimerDoença de Alzheimer
Doença de Alzheimer
 
Alzheimer - Rui Grilo
Alzheimer - Rui GriloAlzheimer - Rui Grilo
Alzheimer - Rui Grilo
 
Alzheimer
AlzheimerAlzheimer
Alzheimer
 
Esclerose Múltipla
Esclerose MúltiplaEsclerose Múltipla
Esclerose Múltipla
 
Doença de Alzheimer
Doença de AlzheimerDoença de Alzheimer
Doença de Alzheimer
 
Anais cbnpg
Anais cbnpgAnais cbnpg
Anais cbnpg
 
Transtornos comportamentais em demências
Transtornos comportamentais em demênciasTranstornos comportamentais em demências
Transtornos comportamentais em demências
 
Alzheimer
AlzheimerAlzheimer
Alzheimer
 
Demências alzheimer vs demencia vascular
Demências   alzheimer vs demencia vascularDemências   alzheimer vs demencia vascular
Demências alzheimer vs demencia vascular
 
Esclerose múltipla apresentação
Esclerose múltipla apresentação   Esclerose múltipla apresentação
Esclerose múltipla apresentação
 
Esclerose Multipla
Esclerose MultiplaEsclerose Multipla
Esclerose Multipla
 
Transtorno disfórico pré menstrual - tdpm - aula
Transtorno disfórico pré menstrual - tdpm - aulaTranstorno disfórico pré menstrual - tdpm - aula
Transtorno disfórico pré menstrual - tdpm - aula
 
Aula 1 alzheimer
Aula 1   alzheimerAula 1   alzheimer
Aula 1 alzheimer
 
Apresentação
ApresentaçãoApresentação
Apresentação
 
Depressão geriatria
Depressão geriatriaDepressão geriatria
Depressão geriatria
 
Nutrição X Doenças Neurodegenerativas
Nutrição X Doenças NeurodegenerativasNutrição X Doenças Neurodegenerativas
Nutrição X Doenças Neurodegenerativas
 
Tratamento Medicamentoso Na DoençA De Machado Joseph
Tratamento Medicamentoso Na DoençA De Machado JosephTratamento Medicamentoso Na DoençA De Machado Joseph
Tratamento Medicamentoso Na DoençA De Machado Joseph
 

Destaque

Compendio resumido me_ts[1]
Compendio resumido me_ts[1]Compendio resumido me_ts[1]
Compendio resumido me_ts[1]Andrea Paya
 
Optymalizacja procesu zarządzania komunikacją marki na platformach społecznoś...
Optymalizacja procesu zarządzania komunikacją marki na platformach społecznoś...Optymalizacja procesu zarządzania komunikacją marki na platformach społecznoś...
Optymalizacja procesu zarządzania komunikacją marki na platformach społecznoś...NapoleonCat.com
 
Evaluation q3
Evaluation q3Evaluation q3
Evaluation q3Stunnah
 
Supercharging IBM Websphere with IBM Rational software
Supercharging IBM Websphere with IBM Rational softwareSupercharging IBM Websphere with IBM Rational software
Supercharging IBM Websphere with IBM Rational softwareIBM Rational software
 
Διαθεματική εργασία στο μάθημα των Αρχαίων Ελληνικών: Διατροφή και σύγχρονοι ...
Διαθεματική εργασία στο μάθημα των Αρχαίων Ελληνικών: Διατροφή και σύγχρονοι ...Διαθεματική εργασία στο μάθημα των Αρχαίων Ελληνικών: Διατροφή και σύγχρονοι ...
Διαθεματική εργασία στο μάθημα των Αρχαίων Ελληνικών: Διατροφή και σύγχρονοι ...Εύα Ζαρκογιάννη
 
Scaling FastAGI Applications with Go
Scaling FastAGI Applications with GoScaling FastAGI Applications with Go
Scaling FastAGI Applications with GoDigium
 
Facebook Month-To-Month – April 2014
Facebook Month-To-Month – April 2014Facebook Month-To-Month – April 2014
Facebook Month-To-Month – April 2014NapoleonCat.com
 
selecting a text
selecting a textselecting a text
selecting a textadan_pot
 
Aster cucine contempora
Aster cucine   contemporaAster cucine   contempora
Aster cucine contemporaAster Cucine
 
Lab 1: Importing a Microsoft Word file as a module
Lab 1: Importing a Microsoft Word file as a moduleLab 1: Importing a Microsoft Word file as a module
Lab 1: Importing a Microsoft Word file as a moduleIBM Rational software
 
Our World: The Razors Edge
Our World: The Razors EdgeOur World: The Razors Edge
Our World: The Razors EdgeKevin Thomason
 
domhome.pl - reklama, Walentynki 2011
domhome.pl - reklama, Walentynki 2011domhome.pl - reklama, Walentynki 2011
domhome.pl - reklama, Walentynki 2011webmedia83
 
Internetowy Ranking Jakości Obsługi w Bankach
Internetowy Ranking Jakości Obsługi w BankachInternetowy Ranking Jakości Obsługi w Bankach
Internetowy Ranking Jakości Obsługi w BankachNapoleonCat.com
 
Lecture 19
Lecture 19Lecture 19
Lecture 19giskende
 
Facebook age breakdown by country 2014-03
Facebook age breakdown by country 2014-03Facebook age breakdown by country 2014-03
Facebook age breakdown by country 2014-03NapoleonCat.com
 
Sohan David Cv
Sohan David CvSohan David Cv
Sohan David Cvsohandavid
 
бібліотека +читач
бібліотека +читачбібліотека +читач
бібліотека +читачМарина Жук
 

Destaque (20)

Compendio resumido me_ts[1]
Compendio resumido me_ts[1]Compendio resumido me_ts[1]
Compendio resumido me_ts[1]
 
Tabela met
Tabela metTabela met
Tabela met
 
Optymalizacja procesu zarządzania komunikacją marki na platformach społecznoś...
Optymalizacja procesu zarządzania komunikacją marki na platformach społecznoś...Optymalizacja procesu zarządzania komunikacją marki na platformach społecznoś...
Optymalizacja procesu zarządzania komunikacją marki na platformach społecznoś...
 
Evaluation q3
Evaluation q3Evaluation q3
Evaluation q3
 
Supercharging IBM Websphere with IBM Rational software
Supercharging IBM Websphere with IBM Rational softwareSupercharging IBM Websphere with IBM Rational software
Supercharging IBM Websphere with IBM Rational software
 
Διαθεματική εργασία στο μάθημα των Αρχαίων Ελληνικών: Διατροφή και σύγχρονοι ...
Διαθεματική εργασία στο μάθημα των Αρχαίων Ελληνικών: Διατροφή και σύγχρονοι ...Διαθεματική εργασία στο μάθημα των Αρχαίων Ελληνικών: Διατροφή και σύγχρονοι ...
Διαθεματική εργασία στο μάθημα των Αρχαίων Ελληνικών: Διατροφή και σύγχρονοι ...
 
Scaling FastAGI Applications with Go
Scaling FastAGI Applications with GoScaling FastAGI Applications with Go
Scaling FastAGI Applications with Go
 
Facebook Month-To-Month – April 2014
Facebook Month-To-Month – April 2014Facebook Month-To-Month – April 2014
Facebook Month-To-Month – April 2014
 
selecting a text
selecting a textselecting a text
selecting a text
 
Aster cucine contempora
Aster cucine   contemporaAster cucine   contempora
Aster cucine contempora
 
Lab 1: Importing a Microsoft Word file as a module
Lab 1: Importing a Microsoft Word file as a moduleLab 1: Importing a Microsoft Word file as a module
Lab 1: Importing a Microsoft Word file as a module
 
Lecture 5
Lecture 5Lecture 5
Lecture 5
 
Our World: The Razors Edge
Our World: The Razors EdgeOur World: The Razors Edge
Our World: The Razors Edge
 
domhome.pl - reklama, Walentynki 2011
domhome.pl - reklama, Walentynki 2011domhome.pl - reklama, Walentynki 2011
domhome.pl - reklama, Walentynki 2011
 
Internetowy Ranking Jakości Obsługi w Bankach
Internetowy Ranking Jakości Obsługi w BankachInternetowy Ranking Jakości Obsługi w Bankach
Internetowy Ranking Jakości Obsługi w Bankach
 
0077108086
00771080860077108086
0077108086
 
Lecture 19
Lecture 19Lecture 19
Lecture 19
 
Facebook age breakdown by country 2014-03
Facebook age breakdown by country 2014-03Facebook age breakdown by country 2014-03
Facebook age breakdown by country 2014-03
 
Sohan David Cv
Sohan David CvSohan David Cv
Sohan David Cv
 
бібліотека +читач
бібліотека +читачбібліотека +читач
бібліотека +читач
 

Semelhante a Doença de Alzheimer: aspectos da utilização da memantina no tratamento

Semelhante a Doença de Alzheimer: aspectos da utilização da memantina no tratamento (11)

Doenças Raras.pptx
Doenças Raras.pptxDoenças Raras.pptx
Doenças Raras.pptx
 
Tesis Alumna FUNIBER. Juliana Batista Lima - Maestría en Gerontología
Tesis Alumna FUNIBER. Juliana Batista Lima - Maestría en Gerontología Tesis Alumna FUNIBER. Juliana Batista Lima - Maestría en Gerontología
Tesis Alumna FUNIBER. Juliana Batista Lima - Maestría en Gerontología
 
Doenças Endocrinometabólicas em idosos
Doenças Endocrinometabólicas em idososDoenças Endocrinometabólicas em idosos
Doenças Endocrinometabólicas em idosos
 
Nelcy 2
Nelcy 2Nelcy 2
Nelcy 2
 
https://www.slideshare.net/DoloresPardini/menopausa-e-alzheimer-aspectos-fisi...
https://www.slideshare.net/DoloresPardini/menopausa-e-alzheimer-aspectos-fisi...https://www.slideshare.net/DoloresPardini/menopausa-e-alzheimer-aspectos-fisi...
https://www.slideshare.net/DoloresPardini/menopausa-e-alzheimer-aspectos-fisi...
 
Alzheimer
AlzheimerAlzheimer
Alzheimer
 
Alzheimer
AlzheimerAlzheimer
Alzheimer
 
Dds
DdsDds
Dds
 
Alzheimer grupo 1.docx
Alzheimer grupo 1.docxAlzheimer grupo 1.docx
Alzheimer grupo 1.docx
 
Alzheimer Guia completo (1).pdf
Alzheimer Guia completo (1).pdfAlzheimer Guia completo (1).pdf
Alzheimer Guia completo (1).pdf
 
Anorexia e bulimia
Anorexia e bulimiaAnorexia e bulimia
Anorexia e bulimia
 

Último

700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdfMichele Carvalho
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannRegiane Spielmann
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...DL assessoria 31
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivProfessorThialesDias
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxMarcosRicardoLeite
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfMedTechBiz
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaFrente da Saúde
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesFrente da Saúde
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxSESMTPLDF
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptDaiana Moreira
 

Último (11)

700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 

Doença de Alzheimer: aspectos da utilização da memantina no tratamento

  • 1. 167 REB Volume 6 (2): 167-174, 2013 ISSN 1983-7682 DOENÇA DE ALZHEIMER: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA UTILIZAÇÃO DA MEMANTINA NO TRATAMENTO1 ALZHEIMER'S DISEASE: EPIDEMIOLOGICAL ASPECTS OF THE USE IN THE TREATMENT of MEMANTINE César Augusto Soares da Costa1 ; Rosa Maria Braga Lopes de Moura2 . 1 Professor-tutor da Universidade Federal do Rio Grande/FURG. 2 Mestranda da Universidade do Museu Social Argentino/UMSA Contato: csc193@hotmail.com Resumo: Segundo o Relatório sobre a saúde no mundo, divulgado pela Organização Mundial da Saúde em 2001, a prevalência entre maiores de 60 anos é de, aproximadamente, 5% para o sexo masculino e 6% para o feminino. Não há indícios de qualquer diferença na incidência por sexo, mas o número de mulheres com Alzheimer é maior por ser a longevidade no sexo feminino. Por ser uma doença crônica de evolução lenta (podendo durar até 20 anos) e somando-se ao fato de que, nas fases avançadas, o paciente torna-se dependente, incapaz por si de alimentar-se ou vestir-se. Assim, o objetivo deste artigo é abordar os problemas decorrentes da incidência social nos portadores de Alzheimer, a importância da saúde nos cuidadores da doença, bem como do uso da Memantina no tratamento da patologia. Foi utilizada a pesquisa bibliográfica pertinente ao nosso foco de estudo. Por fim, assinalamos para a importância da utilização da memantina como um dos tratamentos mais eficazes para portadores da doença de Alzheimer. Palavras-chave: Cuidadores, Doença de Alzheimer, Memantina. 1 Este trabalho foi apresentado como requisito final para obtenção do título de Especialização em Genética e Ambiente na Universidade Católica de Pelotas/UPCEL.
  • 2. 168 ABSTRACT: According to the Report on world health, published by the World Health Organization in 2001, the prevalence among people over 60 is approximately 5% for males and 6% for females. There are not any evidences of any difference in incidence by sex, but the number of women with Alzheimer's Disease is larger due to greater longevity in females. Since it is a chronic disease of slow evolution (which can last up to 20 years) and adding to the fact that in advanced stages the patients become dependent, unable by itself to feed or clothe themselves. This paper’s goal is to address the social problems arising from the incidence in patients with Alzheimer's, the importance of health in caregivers of disease as well as the use of memantine in the treatment of disease. A relevant literature search was used to the focus of this study. Thus, we stress the importance of the use of memantine as one of the most effective treatments for patients with Alzheimer's disease. Keywords: Caregivers, Alzheimer's, Memantine. Incidências e a prevalência da doença de Alzheimer O início da doença de Alzheimer geralmente ocorre após 65 anos de idade, embora não seja raro seu início mais cedo, essencialmente em países onde o período esperado de vida é mais curto, como por exemplo, a Índia. Com o avançar da idade, aumenta rapidamente a incidência (duplicada a cada cinco anos). Isso tem óbvias repercussões no número total de pessoas que vivem com esse transtorno, à medida que aumenta a esperança na população. Segundo o Relatório sobre a Saúde no Mundo, divulgado pela Organização Mundial da Saúde em 2001, a prevalência entre maiores de 60 anos é de, aproximadamente, 5% para o sexo masculino e 6% para o feminino. Não há indícios de qualquer diferença na incidência por sexo, mas o número de mulheres com Alzheimer é maior por ser a longevidade no sexo feminino. Por ser uma doença crônica de evolução lenta (podendo durar até 20 anos) e somando-se ao fato de que, nas fases avançadas, o paciente torna-se dependente,
  • 3. 169 incapaz por si de alimentar-se ou vestir-se. O impacto econômico sobre a sociedade é considerável. Materiais e Métodos Para este exame, utilizamos a pesquisa bibliográfica pertinente ao nosso foco de estudo. Dados estatísticos demonstram que nos Estados Unidos em 1986 foram gastos de 25 a 40 bilhões de dólares. Atualmente a doença de Alzheimer custa a cada ano à sociedade norte-americana cerca de 100 bilhões de dólares, sendo que o governo arca com pouco mais de 10 bilhões. Isto quer dizer que mais de 90 bilhões de dólares são gastos pelo paciente e suas famílias em exames complementares e cuidados prestados diretamente ao paciente. A doença representa 50% dos casos de demência nos EUA e na Grã-Bretanha. Cerca de 4,5 milhões de americanos, atualmente, são portadores de Alzheimer, que é responsável por 100 mil óbitos por ano, sendo a quarta causa mortis em adultos nesses países, perdendo apenas para infarto, derrame e câncer (SMITH, 1999). Estima-se que no ano 2040, 12 a 14 milhões de americanos serão portadores de Alzheimer. No Brasil, não temos dados estatísticos concretos sobre a doença, porém, podemos afirmar que presença da doença de Alzheimer também é significativa em nosso país atingindo cerca de 1,2 milhões de brasileiros. Sabendo que a família média brasileira de 3 a 4 pessoas, somos remetidos a cifras assustadoras, uma vez que desse modo a doença de Alzheimer atinge direta ou indiretamente mais de 4 milhões de pessoas em nosso pais. Resultados e Discussão Embora a doença de Alzheimer corresponda a 50% das demências existentes, não existem, até o presente, métodos que permitam o diagnóstico clínico definitivo. Atualmente, o diagnóstico clínico de Alzheimer ocorre por exclusão, por meio do descarte de outras patologias que poderiam estar causando os mesmos sintomas da doença, como tumores e complicações cerebrais. Quanto mais a família e os cuidadores entenderem a patologia e sua evolução, maiores as chances de aprender estratégias e usufruir recursos paliativos com sucesso. O envolvimento da família é um componente-chave no tratamento contínuo do paciente
  • 4. 170 com demência. Da mesma forma, que a manutenção de um bom suporte médico, odontológico, psicológico e nutricional ocorra, para que o paciente e os cuidadores mantenham ou melhorem o bem estar fisiológico, psicológico e social do portador (GOODMAN et alii,1993). Apesar do cuidador do portador de Alzheimer não ser o paciente primário (SNYDER, 2001), deve-se atentar também para as suas necessidades. Como já foi demonstrado em diversos estudos, os cuidadores são mais suscetíveis a infecções e mais deprimidos do que indivíduos não cuidadores (KIECOLT-GLASER et alii, 1995; SNYDER, 2001). Uma frase exemplifica bem esta questão: “Eu me sinto como se minha perna tivesse sido amputada, mas é meu marido quem está sendo preparado para recebê-la” (SNYDER, 2001). Proporcionar cuidado a um cônjuge com Alzheimer ou outras demências progressivas está associado a muito sofrimento. O curso da doença é imprevisível, como é a rapidez do declínio; a única certeza é sua morte, pois o tempo de sobrevivência depois da instalação da doença que varia entre 8 e 20 anos (DURA et alii, 1990). A Memantina é o primeiro e único medicamento de uma classe – antagonistas do receptor N- metil – D – aspartato (NMDA) – para pacientes com Alzheimer, principalmente nos estágios de moderado a grave. É o único medicamento aprovado para esta indicação, em que nenhum tratamento estava antes disponível. A memantina é eficaz e bem tolerada no tratamento de sintomas-chave em pacientes com Alzheimer de moderada a grave. Devido ao seu mecanismo único de ação, a memantina restabelece a transmissão neuronal glutamartérgica em um nível fisiológico e impede os efeitos de níveis patologicamente elevados tônicos de glutamato sináptico, que podem conduzir à disfunção neuronal. O objetivo do tratamento com a memantina é tornar mais lenta a progressão dos sintomas de Alzheimer e, desse modo, melhorar a vida diária, ou pelo menos impedir a deterioração para executar as atividades diárias, pois o tratamento reduz a sobrecarga e o estresse dos cuidadores. Preservada a independência do paciente, este e seus cuidadores, mantém a qualidade de vida por tanto tempo quanto possível. E os pacientes podem ser capazes de permanecer em casa por mais tempo antes de serem admitidos em locais para cuidados delonga duração, e de alto custo, como clínicas especializadas e hospitais privados.
  • 5. 171 As propriedades da memantina – antagonista NMDA dependente de voltagem, de afinidade moderada, não competitiva – podem explicar as melhoras cognitivas observadas após o tratamento de cpacientes dementes, em comparação ao placebo. A memantina é menos dependente de voltagem que o Mg 2+ basal através de receptores NMDA. Quanto mais os níveis de glutamato na fenda sináptica são aumentados de forma transitória, a despolarização resultante da membrama pós-sináptica é suficiente para deslocar a memantina e permitir o influxo de Ca2+ como resultado de estimulação mais forte. Em conseqüência, a memantina reduz seletivamente o influxo elevado de Ca2+ basal através de receptores NMDA nas demências, mas devido à sua dependência de voltagem não afeta o fluxo de Ca2+ sob estímulo fisiológico. Segundo a hipótese glutamatérgica, o comprometimento cognitivo observado nos distúrbios neuroprotetores neurodegenerativos como a doença de Alzheimer é causado pela superativação dos receptores NMDA conduzindo os influxos excessivos de Ca e danos neuronais. O objetivo do tratamento deve ser, portanto, impedir danos neuronais adicionais sem impedir a plasticidade neuronal necessária ao processo de aprendizado e memória. Como as propriedades de ligação ao receptor da memantina são menos dependentes de voltagem ao magnésio, a memantina bloqueia receptor NMDA na presença de níveis elevados prolongados de glutamato sináptico, mais é deslocada durante a ativação fisiológica que ocorre nos processos de aprendizado e memória. Dessa maneira, a memantina possui o potencial para proteger os neurônios de excitoxidade sem inibir a plasticidade neuronal. Isto está em contraste evidente com a dizocilpina, que inibe a Potenciação de longa duração (LTP) e o aprendizado. O efeito neuroprotetor foi demonstrado em doses que produzem níveis plasmáticos no estado de equilíbrio em animais que são comparáveis aos atingidos com doses terapêuticas da memantina em humanos. As concentrações plasmáticas no estado de equilíbrio da memantina variam de 0,5 a 1,0 após uma dose de 20mg/dia no portador. Isto equivale a 2,4 – 5,0mg/Kg por via intraperitonial ou 20mg/Kg ao dia por infusão subcutânea usado em minibombas osmótica Alzet em ratos. A alta concentração de glutamato promove a entrada anormal de cálcio no interior do neurônio levando-o a morte. Fica claro que se esse excesso é controlado e
  • 6. 172 bloqueado automaticamente, e os neurônios são preservados desse fenômeno. A memantina faz exatamente isso. Impede que os níveis elevados de glutamato atuem sobre a molécula receptora do glutamato no neurônio adjacente evitando o fluxo excessivo de cálcio que levaria à morte neuronal. É sabido que a acetilcolina é um neurotransmissor muito importante e diretamente relacionado com a doença de Alzheimer (MOURA, 2005), porém não é o único. Existe perto de uma centena de outros neurotransmissores que também podem estar envolvidos com a doença. O glutamato é um desses neurotransmissores cujo excesso é altamente tóxico para os neurônios. Pacientes que recebem memantina mostram declínio cognitivo menor com destaque para a atenção, linguagem, execução de tarefas, habilidade visual e memória. Observa-semelhora nas atividades do dia-dia como alimentar-se, banhar-se, vestir-se, etc. Pois a memantina já foi utilizada em mais de um milhão de pacientes com poucos efeitos colaterais, em geral gastro-intestinais: constipação,vômitos e etc. A memantina não é uma droga nova. Já era comercializada na Alemanha com o nome de Akatinol desde 1980, mas com indicações diferentes e sem ter sido submetida a estudos controlados. Em 1999, o primeiro trabalho confiável realizado no Instituto Karolinska, na Suécia, demonstrou resultados positivos tanto em Alzheimer, como em demências vasculares graves. Assim, a memantina foi aprovada pelo FDA como droga para o tratamento da doença de Alzheimer em outubro de 2003, estando indicada nas fases moderada e severa da moléstia de Alzheimer. Referências Bibliográficas 1. BOLZANI, Vanderlan; JUNIOR, Cláudio; FURLAN, Maysa; MANSSOUR, Carlos Alberto. Produtos naturais como candidatos a fármacos úteis no tratamento do mal de Alzheimer. Química Nova, v. 27, 4, São Paulo, Jul-Ago, 2004. 2. CUMMINGS, JL; BENSOM, DF. The role of nucleus basalis of meinert im dementia: review ande reconsideration. Alzheimer Dis Assoc Disord, 1987: 1, 128-145,
  • 7. 173 3. DURA, J. R; STUKENBERG, K.W; KIECOLT-GLASER, J. K. Chronic stress and depressive disorders in older adults. Journal of Abnormal Psychology, 99, p. 284-90, 1990. 4. FOSTER, H.D. Helth, Disease and the Environment. Boca raton: Fla CRC Press: 1992. 5. GOODMAN et alii. Managing patients with Alzheimer´s the primary role of dentists. Journal of the American Dential Association, 124, p. 74-80, 1993. 6. JORDAN, B. D. Epidemiology of brain injury in boxing. In: JORDAN, B. D. (Org.). Medical Aspects os Boxing. Boca Raton, p.147-168, 1993. 7. MCKHANN, G; DRACHMAN, D; FOLSTEIN, M; KATZMAN, R; PRICE, D; STADIAN, E. M; Clinical diagnosis os Alzheimer´s disease: reporto f the NINCDS-ADRDA Work Group under the auspices of departamento of health and Human Services Task Force on Alzheimer´s Disease. Neurology 34, 28- 33,1990. 8. FLYNN, F.G; CUMMINGS, J.L; GORNBEIN, J. (org). Delusions in dementia syndromes: investigation of behavioral and neuropsychological correlates. Journal of europsychiatry and clinical neurosciences, 3, 364-370. 9. KIECOLT-GLASER et alii. Slowing of wound healing by psychological stress. Lancet, 346, p. 1194-1196, 1995. 10. MENDEZ, M; MARTIN, R; SMYTH, K. A et alii. Psychiatry symptoms associated with Alzheimer´s disease. J Neuropsychiatry Clin Neuroscience, 2: 28-33, 1990. 11. MOURA, Rosa Maria Braga Lopes. Cloridrato de Memantina e sua influência na inibição da progressão da doença de Alzheimer. (Monografia do curso de Especialização em Genética e Ambiente). Universidade Católica de Pelotas. Pelotas, 2005. 59 p. 12. PETRY, S; CUMMINGS, J.L; HILL,M. A; SHAPIRA, J. Personality alterations in dementia of the Alzheimer´s type. Archol Neurol, Psychology Review 9, 45 (11), 1187-1190. 13. REISBERG, B; BORENSTEIN, J; SALOB, S. P. et alii. Behavioral symptoms in Alzheimer´s disease: phenomenology and treatment. Journal of Clínical Psychiatry, 48, suplement, 9-15.
  • 8. 174 14. SMITH, M.A.C. Doença de Alzheimer. Revista Brasileira de Psiquiatria. N.21, s 2, p.3-7, 1999. 15. SNYDER, L. Care of patients with Alzheimer´s disease and their families. In: Alzheimer´s Disease and Dementia. Clinics in Geriatric Medicine, Philadelphia, 17 (2), 319-35. 16. SKINNER, B. F; VAUGHAN, M. E. Viva bem a velhice: aprendendo a programar a sua vida. São Paulo: Summus, 1985. 17. WRAGG, R.E; JESTE, D. V. “Overviev of depression and psychosis in Alzheimer´s disease”, Am J. Psychiatry, 1989, 577-587.