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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
NÚCLEO DE PESQUISAS EM LIMNOLOGIA, ICTIOLOGIA E
AQÜICULTURA
RELATÓRIO FINAL:
LEVANTAMENTO PRELIMINAR DO
ICTIOPLÂNCTON DA BACIA DO RIO IVAÍ –
PR.
(Período: Janeiro/99 a Abril/99)
Maringá
Maio de 1999
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
NÚCLEO DE PESQUISAS EM LIMNOLOGIA,
ICTIOLOGIA E AQÜICULTURA - NUPÉLIA
Relatório Final
“LEVANTAMENTO PRELIMINAR DO
ICTIOPLÂNCTON DA BACIA DO RIO IVAÍ – PR.”
Projeto desenvolvido entre a
Companhia Paranaense de
Energia (COPEL) e o Núcleo de
Pesquisas em Limnologia,
Ictiologia e Aqüicultura da
Universidade Estadual de
Maringá (Nupélia/UEM).
MARINGÁ
MAIO DE 1999
COPEL
COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA
UEM
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Antonio Fonseca dos Santos Neuza Altoé
Gerente da área de Meio Ambiente Reitora
Milton Ferreira José Jesus Previdelli
Gerente Assistente Vice-Reitor
Sérgio Augusto Morato Sandra Regina Stabille
Biólogo Diretora do CCB
Izabel de Fátima Andrian
Vice Diretora do CCB
Fábio Amodêo Lansac Tôha
Coord. Geral do Nupélia
Sidinei Magela Thomaz
Vice-Coord. do Nupélia
Jair Gregoris
Coord. Admin. do Nupélia
Angelo Antônio Agostinho
Coord. Cient. do Nupélia
Keshiyu Nakatani
Coord. Geral do Projeto
EQUIPE EXECUTORA
Dr. Keshiyu Nakatani
(Biólogo, Doutor em Zoologia, Professor Associado no Departamento de Biologia e
Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura
(Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá; Pesquisador do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq)
Dr. Angelo Antônio Agostinho
(Biólogo; Doutor em Ecologia, Professor Titular no Departamento de Biologia e
Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura
(Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá; Pesquisador do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq)
M.Sc. Gilmar Baumgartner
(Biólogo, Doutorando em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais e
Pesquisador do Nupélia da Universidade Estadual de Maringá)
M.Sc. Paulo Vanderlei Sanches
(Biólogo, Doutorando em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da
Universidade Estadual de Maringá)
M.Sc. Andréa Bialetzki
(Bióloga, Doutoranda em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da
Universidade Estadual de Maringá)
Econ. Jair Gregoris
(Economista, Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e
Aqüicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá)
EQUIPE DE APOIO
Michelli Eliane Gatti Felis
(Bióloga/Estagiária Voluntária/Nupélia)
Marta Eliane Echeverria Borges
(Bióloga/Estagiária Voluntária/Nupélia)
Érika Neumann
(Acadêmica/Bolsista do Nupélia/DBI)
Miriam Rodrigues Suiberto
(Acadêmica/Bolsista do Nupélia/DBI)
Vanessa de Melo Peres
(Estagiária Voluntária/Lab. de Ictioplâncton/Nupélia)
Valmir Alves Teixeira
(Técnico de Laboratório/Nupélia)
Sebastião Rodrigues
(Marinheiro fluvial/Nupélia/UEM)
AGRADECIMENTOS
À Prof. Drª. Carla Simone Pavanelli pelo auxílio na identificação do material
coletado.
A Jaime Luiz Lopes Pereira pela confecção do mapa e editoração das fotos.
A Angelo Henrique Pantoja Agostinho pelo apoio no processamento de
dados.
À equipe da secretaria, Marcos Antônio de Morais, Marilda Schnaider,
Marlyze Corrêa Tenório e Maria Cecília Olher Moreira.
À bibliotecária Maria Salete Ribelatto Arita pela normalização da
bibliografia.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO......................................................................................... 01
CARACTERIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM... .......... 03
Rio Ivaí.................................................................................................... 05
Estação Tereza Cristina.................................................................... 05
Estação Cândido de Abreu............................................................... 06
Estação Porto Ubá............................................................................ 07
Estação Vila Rural............................................................................07
Estação Floresta................................................................................08
Estação Copacabana......................................................................... 09
Estação Paraíso.................................................................................10
Estação Tapira.................................................................................. 10
Estação Herculândia......................................................................... 12
Estação Pontal do Tigre....................................................................12
Rio Alonso .............................................................................................. 13
Estação São José...............................................................................13
Estação Grandes Rios....................................................................... 14
Rio Corumbataí............................................................................. .......... 15
Estação Corumbataí..........................................................................15
MATERIAL E MÉTODOS............................................................. .......... 16
SÍNTESE DE ESTUDOS ANTERIORES..................................... ........... 22
RESULTADOS.......................................................................................... 25
Coletas de Ictioplâncton............................................................................. 30
Estação Tereza Cristina............................................... .................... 32
Estação Cândido de Abreu............................................................... 33
Estação Grandes Rios........................................................... ........... 36
Estação São José..................................................................... .........38
Estação Porto Ubá.............................................................................40
Estação Corumbataí......................................................................... 42
Estação Vila Rural................................................................... ........ 44
Estação Floresta............................................................................... 46
Estação Copacabana.................................................................. ...... 48
Estação Paraíso........................................................................ ........ 50
Estação Tapira.................................................................................. 52
Estação Herculândia................................................................ ........ 54
Estação Pontal do Tigre................................................................... 56
Coletas com redes de arrasto, espera e espinhéis....................................... 58
DISCUSSÃO..................................................... ........................................ 63
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 67
RECOMENDAÇÕES................................................................................ 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 82
ANEXOS........................................................................................... ........ 88
Ictioplâncton do Rio Ivaí 1
INTRODUÇÃO
Os impactos causados pelas barragens constituem a maior fonte
pontual de interferência humana nos regimes hídricos naturais
(AGOSTINHO, 1992). Os represamentos têm como conseqüências
inevitáveis alterações na composição específica e na estrutura das
comunidades de peixes nativos, sendo que as mais atingidas são aquelas
espécies reofílicas. Os impactos sobre as espécies migradoras normalmente
resultam da fragmentação do habitat (áreas de desova, alimentação e
crescimento) ou do isolamento de segmentos populacionais (redução da
heterogeneidade genética).
No processo de ocupação do novo ambiente pelas espécies é
esperado que ocorra a redução de algumas espécies reofílicas e proliferação
de espécies oportunistas. Assim, em reservatórios, onde os impactos
negativos sobre a diversidade biológica são decorrências inevitáveis de sua
formação, a prática do manejo da fauna aquática visando sua recomposição e
manutenção da diversidade deve ser um compromisso permanente da sua
administração (AGOSTINHO, 1992).
De maneira geral, as espécies que constituem a comunidade
ictíica de um rio, podem ser enquadradas em dois grandes grupos: 1) aquelas
que cumprem todo o seu ciclo de vida na região, ocorrendo indivíduos em
todas as fases de desenvolvimento, e 2) aquelas que cumprem apenas uma
fase do seu ciclo de vida na região, utilizando as cabeceiras como área de
reprodução e a foz como área de crescimento inicial, ou como áreas
temporárias de alimentação e recuperação na fase adulta (VAZZOLER et al.,
1997). Assim, numa bacia hidrográfica, para garantir a manutenção do
equilíbrio da estrutura populacional da ictiofauna, a condição primária é
manter a integridade das áreas de desova e permitir a dispersão dos ovos e
larvas dos peixes.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 2
A identificação precisa das áreas de desovas tem importância
fundamental para a implementação de medidas de orientação e proteção
destas áreas. Estas informações constituem um dado precioso na fase de
inventário, pois fornece subsídios importantes à partição de quedas. Nas
fases de estudo de viabilidade e de projeto básico, estes conhecimentos
auxiliam na avaliação dos impactos específicos do empreendimento e do
detalhamento dos planos e programas ambientais. Além disso, outros
conhecimentos, como áreas de reprodução, alimentação e crescimento
inicial, também são elementos necessários para uma avaliação dos custos
sócios-ambientais associados às diferentes alternativas na escolha do local
do eixo da barragem a ser construída. Assim, a posição de um afluente em
relação à barragem pode ser decisiva sobre a preservação de grupos de
espécies.
No rio Ivaí, a escassez de informações acerca dos peixes,
particularmente no que se refere às suas organizações em assembléias e
mesmo a bionomia, indica urgência de estudos mais detalhados sobre os
aspectos básicos da biologia e ecologia das espécies, para que possam ser
adotadas medidas atenuadoras dos impactos decorrentes da ação antrópica.
Neste sentido, o presente projeto tem grande relevância como uma avaliação.
Constitui objetivo deste relatório e do projeto que lhe deu
origem (Ictioplâncton da bacia do rio Ivaí/PR), identificar a importância do
rio Ivaí no recrutamento de juvenis aos estoques de peixes da região e
fornecer evidências preliminares acerca de afluentes ou trechos de rios com
importância nesse processo. Procurou-se durante a análise dos resultados,
contemplar as abordagens discutidas nos relatórios do Comitê Coordenador
das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico (COMASE-
ELETROBRÁS) e apresentados durante os seminários sobre a fauna
aquática durante os anos de 1994-95.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 3
CARACTERIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM
A sub-bacia do rio Ivaí cobre 35.845km2
, pertencente ao Estado
do Paraná. O curso principal tem extensão de 695km, dirigindo-se de sudeste
para noroeste e depois de leste para oeste, entre as altitudes de 1.220 e 227
metros, com desnível total de 893 metros. Suas nascentes são as do rio dos
Patos (seu prolongamento natural), próximas à Ignácio Martins na Serra da
Boa Esperança, e o rio São João que nasce perto de Bananas (PAIVA, 1982)
(Fig. 01)
RiodasAntas
Rio Ivaí Rio
Ivaí
Rio
Ivaí
RioParaná
RioParaná
RioÁguadoMacaca
RiodosÍndios
RioLigeiro
RioClaro
Rib.M
ourão
Rio Araras
Rio
Corumbatai
Rio Formoso
Rio Alonso
Lajeadão
RioMarrequinhas
RioBarraGrande
Rio São João
RiodosPatos
51º
18 36
ESCALA
54 72 90km
PARANÁ
PARANÁ
MATO GROSSO
DO SUL
SÃO PAULO
SANTA CATARINA
PARAGUAI
MATOGROSSODOSUL
52º 53º
53º
54º
N
54º
23º
23º
24º
24º
25º
ESCALA GRÁFICA
0 50 100km
RIO
PARANÁ
RIO
PARANAPANEMA
PONTAL
DO TIGRE
HERCULÂNDIA
TAPIRA
PARAÍSO
FLORESTA
VILA RURAL
GRANDES RIOS
SÃO JOSÉ
COPACABANA
CORUMBATAÍ
PORTO UBÁ
TEREZA CRISTINA
CÂNDIDO DE ABREU
Figura 01 – Localização das estações de amostragem.
Os principais afluentes do rio Ivaí de montante para jusante,
são: margem direita – rio Ubazinho, rio Alonso, rio Bom, ribeirão Keller, rio
Bandeirantes do Sul e rio Anhuma; margem esquerda – rio Marrecas, rio
Ictioplâncton do Rio Ivaí 4
Marrecazinho, rio da Bulha, rio Corumbataí, rio Mourão, rio Ligeiro, rio dos
Índios, rio Tapiracuí e rio das Antas.
O trecho amostrado compreendeu a região do alto rio Ivaí até a
sua foz. Para o presente estudo, foram determinadas 13 estações de
amostragem, distribuídas ao longo dos rios Ivaí (10 estações), Alonso (2
estações) e Corumbataí (1 estação) (Tab. 1).
Tabela 01 - Relação das estações de amostragens em função de sua
localização.
Subáreas Número Estações
Alto Ivaí 01 Tereza Cristina
02 Cândido de Abreu
03 Grandes Rios (Alonso)
04 São José (Alonso)
05 Porto Ubá
06 Corumbataí (Corumbataí)
07 Vila Rural
Médio Ivaí
08 Floresta
09 Copacabana
10 Paraíso
11 Tapira
Baixo Ivaí
12 Herculândia
13 Pontal do Tigre
As subáreas demarcadas ao longo do rio Ivaí foram baseadas
nas descrições de PAIVA (1982) conforme segue:
Ivaí superior – das nascentes do rio dos Patos (Km 74) até a confluência
com o rio São João (Km 0), com 74Km de extensão e
desnível de 542m;
Alto Ivaí – da confluência dos rios dos Patos e São João (Km 621) até a foz
do rio Bandeirantes do Sul (Km 228), com 393Km de
extensão e 309 metros de desnível;
Ictioplâncton do Rio Ivaí 5
Médio Ivaí – da foz do rio Bandeirantes do Sul (Km 228) até 2,5Km abaixo
do ribeirão Taquara e Córrego do Horácio (Km 60), com
168Km de extensão e 37m de desnível;
Baixo Ivaí – desde o Km 60 até sua foz (Km 0), com 60Km de extensão e
desnível de 5m.
Descrição das estações de amostragem
Rio Ivaí:
Tereza Cristina (Fig. 2): Estação localizada nas proximidades
da balsa que liga o distrito de Tereza Cristina, pertencente ao município de
Cândido de Abreu, ao município de Prudentópolis.
Figura 2 – Estação de amostragem Tereza Cristina localizada no rio Ivaí.
No trecho amostrado o rio apresenta largura de 78 metros,
profundidade média de 1,39m e velocidade média de corrente 0,8914m/s. As
Ictioplâncton do Rio Ivaí 6
margens são muito íngremes em ambos os lados; a vegetação é composta de
gramíneas, árvores e arbustos. Apresenta um despraiado logo abaixo da
desembocadura do rio Ivaizinho (nome local) e uma ilha no centro do rio a
qual divide o canal em dois, seu fundo é pedregoso com muito cascalho
rolado (seixo). A atividade principal nas encostas é a pecuária.
Cândido de Abreu (Fig. 3): Localizada próximo a ponte que
liga os municípios de Cândido de Abreu e Manoel Ribas. No local de
amostragem o rio apresenta largura média de 159 metros, profundidade
média de 4 metros e velocidade média de 0,2761m/s.
Figura 3 – Estação de amostragem Cândido de Abreu localizada no rio Ivaí.
As margens são íngremes, com vegetação arbórea e arbustiva
em uma pequena faixa de aproximadamente 15 metros. Nos morros ocorre
predomínio de mata nativa e nas encostas a pecuária é a atividade principal.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 7
Porto Ubá (Fig. 4): Situada entre os municípios de Faxinal e
Jardim Alegre na localidade chamada Porto Ubá, abaixo da ponte que liga
estes dois municípios. O rio neste trecho apresenta largura de 144 metros, a
profundidade média é de 6,62m e a velocidade média de corrente de
0,1631m/s. As margens neste ponto são menos íngremes com uma faixa de
aproximadamente 20 metros de vegetação arbórea-arbustiva; nas encostas
predomina o cultivo de milho e em alguns locais a pecuária.
Figura 4 – Estação de amostragem Porto Ubá localizada no rio Ivaí.
Vila Rural (Fig. 5): Localizada no município de Fênix,
aproximadamente 5Km abaixo da confluência com o rio Corumbataí, na
estrada Vila Rural deste município. A água apresenta muitos remansos com
somente um local onde a água é corrente, neste ponto o rio apresenta largura
de 340 metros, profundidade média de 4,25m, velocidade média de corrente
de 0,3853m/s e fundo rochoso. As margens são pouco íngremes cobertas por
Ictioplâncton do Rio Ivaí 8
uma estreita faixa de vegetação arbórea-arbustiva (15 metros). Nas encostas
da margem esquerda predomina o cultivo de soja, e na direita existe uma
reserva de mata aparentemente nativa.
Figura 5 – Estação de amostragem Vila Rural localizada no rio Ivaí.
Floresta (Fig. 6): Localizada entre os municípios de Floresta e
Ivailândia, aproximadamente 5Km abaixo da ponte. A estação localiza-se a
500 metros abaixo do salto Bananeiras, cuja transposição por peixes é
possível com águas altas. As águas são rápidas com velocidade de
0,2246m/s. O rio apresenta várias ilhas, sendo sua largura aproximadamente
de 173m e profundidade média de 11,67m. As margens são pouco íngremes
e as ilhas são cobertas por árvores, arbustos e gramíneas.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 9
Figura 6 – Estação de amostragem Floresta localizada no rio Ivaí.
Copacabana (Fig. 7): Situada no distrito de Copacabana do
Norte, aproximadamente 10Km abaixo da desembocadura do rio Ligeiro, no
município de São Jorge do Ivaí. Nesta área o rio apresenta largura de 205m,
profundidade média de 4,62m e velocidade média de corrente é de
0,4900m/s. As margens muito íngremes são de difícil acesso, sendo cobertas
de gramíneas, e acima do platô ocorrem algumas árvores na margem
esquerda, enquanto na direita existe uma grande reserva de floresta nativa. A
atividade na encosta da margem esquerda é predominantemente o cultivo de
soja.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 10
Figura 7 – Estação de amostragem Copacabana localizada no rio Ivaí.
Paraíso (Fig. 8): Localizada entre os municípios de Paraíso do
Norte e Rondon aproximadamente 1Km acima da ponte que liga estes dois
municípios. O rio neste trecho apresenta largura de 190 metros e
profundidade média de 4,97m, sendo que a velocidade média da água foi de
0,6148 m/s. As margens íngremes são tomadas de gramíneas, alguns
arbustos e poucas árvores. Nas encostas predomina o cultivo de soja e em
alguns locais a pecuária.
Tapira (Fig. 9): Situada entre os municípios de Santa Mônica e
Tapira, aproximadamente 5Km abaixo da balsa de Tapira. O rio apresenta
neste trecho largura de 150 metros, a profundidade média é de 3,94m e a
velocidade média da água de 0,9160m/s. As margens íngremes são tomadas
Ictioplâncton do Rio Ivaí 11
por gramíneas e vegetação arbustiva, não apresentando mata ciliar. As
encostas são ocupadas exclusivamente com pecuária.
Figura 8 – Estação de amostragem Paraíso localizada no rio Ivaí.
Figura 9 – Estação de amostragem Tapira localizada no rio Ivaí.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 12
Herculândia (Fig. 10): Localiza-se entre os municípios de
Querência do Norte e Ivaté, próximo a balsa São Marcos. O rio apresenta
largura de 146m, profundidade média de 6,08m e velocidade média de
corrente de 0,5850m/s. As margens íngremes apresentam pequena faixa de
vegetação marginal bastante impactada. Na encosta da margem esquerda o
predomínio é de pecuária, e na direita o cultivo de soja.
Figura 10 – Estação de amostragem de Herculância localizada no rio Ivaí.
Pontal do Tigre (Fig. 11): Situada entre os municípios de
Querência do Norte e Icaraíma aproximadamente 500 metros acima da foz
do rio Ivaí no rio Paraná, em uma localidade denominada de Porto Novo. A
água apresenta baixa velocidade, sendo a largura do rio de 282m, a
profundidade média de 7,94m e a velocidade média de 0,2684m/s. O fundo é
lodoso e as margens são cobertas principalmente por gramíneas e alguns
arbustos. Não apresenta vegetação nativa e nenhum indício de conservação.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 13
Figura 11 – Estação de amostragem de Pontal do Tigre localizada no rio Ivaí.
Rio Alonso
São José (Fig. 12): Situada entre os municípios de Grandes
Rios e Faxinal, nos fundos da Fazenda São José, em um local denominado
“Poço da mulher”. O rio é muito encaixado com largura de 28,0m,
profundidade média de 1,62m e velocidade média de corrente de 0,9901m/s.
As margens muito íngremes são cobertas por mata nativa, sendo que a
esquerda apresenta pequena faixa ocupada por este tipo de vegetação,
enquanto na direita esta área é bem mais extensa. A pecuária é a atividade
dominante na região.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 14
Figura 12 – Estação de amostragem São José localizada no rio Alonso.
Grandes Rios (Fig. 13): Localizada no município de Grandes
rios acima da ponte que liga este município à Faxinal. Apresenta
profundidade de 1,68m e largura de 70,5m, velocidade média da corrente é
0,4693m/s e o fundo lodoso. O rio encaixado com margens muito íngremes
cobertas por mata nativa e uma plantação de eucalipto, sendo uma grande
faixa nas encostas ocupada por vegetação. A atividade predominante é a
pecuária.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 15
Figura 13 – Estação de amostragem Grandes Rios localizada no rio Alonso.
Rio Corumbataí
Corumbataí – (Fig. 14): Localizada entre os municípios de
Fênix e São João do Ivaí, aproximadamente 2Km acima da foz do rio
Corumbataí, no local denominado recanto dos magnatas. A água é bastante
represada com somente um ponto de correnteza. Neste trecho o rio apresenta
largura de 79,0m, profundidade média de 1,42m e velocidade de corrente de
0,2043m/s. As margens bem íngremes são tomadas de vegetação, sendo a
direita com gramíneas e arbustos e a esquerda por uma reserva de mata
nativa.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 16
Figura 14 – Estação de amostragem Corumbataí localizada no rio Corumbataí.
MATERIAL E MÉTODOS
As coletas foram realizadas no período de 11 a 31 de janeiro de
1999, nas 13 estações de amostragem acima descritas. Para a coleta de ovos
e larvas foram utilizadas redes de plâncton cônico-cilíndricas de malhagem
0,5mm com área de boca de 0,06605m2
, fixadas a um cabo estendido
perpendicularmente à superfície da água, sendo uma rede de superfície (Fig.
15) e uma de fundo (Fig. 16) em cada margem e no centro das estações (Fig.
17). Na estação Pontal do Tigre, devido a baixa velocidade de fluxo, as
amostragens foram realizadas arrastando-se as redes com o barco à baixa
velocidade. Na estação Vila Rural, em virtude da grande largura do rio, a
coleta foi realizada com o barco ancorado. Todas as redes foram equipadas
com fluxômetro para a obtenção do volume de água filtrada.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 17
As coletas foram realizadas durante 24 horas com intervalos 3
horas entre as amostragens, sendo as redes expostas durante 30 minutos em
todas as estações com exceção de Vila Rural e Pontal do Tigre. Na estação
Vila Rural a duração da amostragem foi de 15 minutos para cada margem e
centro e na estação Pontal do Tigre foi de 10 minutos.
As amostras de plâncton coletadas foram acondicionadas em
frascos de polietileno e fixadas em formol a 4% tamponado com carbonato
de cálcio. No laboratório, os ovos e larvas foram separados do restante do
plâncton sob microscópio-esteroscópio em aumento de 10 vezes, sobre placa
de acrílico do tipo Bogorov. As amostras de ovos e larvas foram
padronizadas para um volume de 10m3
de água filtrada, utilizando-se a
seguinte equação:
Y = (X/V).10
onde: Y = número de ovos ou larvas por 10m3
;
X = número de ovos ou larvas coletados;
V = volume de água filtrada.
Para o cálculo do volume de água filtrada utilizou-se a seguinte fórmula:
V = a.r.f.
onde V = volume de água filtrada (m3
);
a = área da boca da rede (m2
);
r = número de rotações do fluxômetro;
f = fator de calibração do fluxômetro (0,026873).
A densidade de deriva de ovos e larvas foi obtida através da
equação:
Ictioplâncton do Rio Ivaí 18
D = C/B
onde: D = densidade relativa de ovos ou larvas;
C = número total de ovos ou larvas capturados;
B = número de amostras positivas (considerou-se amostras
positivas aquelas onde foram verificadas capturas de ovos ou larvas).
Em todas as estações foram tomadas as medidas de velocidade
da água através de Molinete hidrométrico e de fluxômetro General Oceanics.
Para cada estação foi realizada batimetria onde foram obtidos a largura do
rio e profundidade (tomados dez valores) para a obtenção da área.
Figura 15 - Draga utilizada para amostragem do ictioplâncton no fundo.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 19
Figura 16 - Rede cônico-cilindrica utilizada
nas amostragens de ictioplâncton na
superfície da água.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 20
Figura 17 – Esquema de instalação das redes estacionárias.
Para coleta de peixes adultos e juvenis, foram instaladas em
todas as estações baterias de redes de 10 metros de comprimento, sendo que
as malhas simples foram 6, 7, 8, 9, 10, 12, 14, 16 e as de três malhos 6, 7 e 8,
bem como espinhel com 30 anzóis iscados com isca viva. O período de
exposição destes equipamentos foi de 24 horas com coletas ao entardecer e
amanhecer. Exceto nas estações Cândido de abreu, Grandes rios e São José
foram efetuados também arrastos noturnos com redes de arrastos de 5mm de
abertura de malha e com 20 metros de comprimento.
Para os exemplares capturados nas redes de espera, espinhel e
arrasto foram realizadas as seguintes observações: comprimento padrão,
sexo, estágio de desenvolvimento gonadal, turno e equipamento de captura,
bem como local de coleta. Para a análise do desenvolvimento gonadal dos
Ictioplâncton do Rio Ivaí 21
indivíduos adultos utilizou-se a classificação proposta por VAZZOLER
(1971).
Após a separação dos ovos e das larvas do restante do plâncton
as larvas foram identificadas de acordo com a técnica de seqüência de
desenvolvimento proposta por AHLSTROM & MOSER (1976) e com base
no manual de identificação de ovos e larvas de peixes de água doce
brasileiros (FUEM/ELETROBRÁS, 1998).
A diversidade específica (H’) em cada estação de amostragem
foi determinada utilizando-se o índice de Shannon-Wiener, que baseia-se na
teoria da informação, e, é descrito pela equação: H’ = -  Ni/N.log2Ni/N,
onde Ni é o número de indivíduos da espécie i, e N é o número total de
indivíduos (PIELOU, 1975).
A uniformidade ou equitabilidade (E), componente da
diversidade, foi avaliada através da equação E = H’/Hmáx; onde: H’ é a
diversidade de Shannon e Hmáx a diversidade sob condição máxima de
uniformidade (PIELOU, 1966).
Durante o período foram obtidas amostras de água através de
garrafa de Van Dorn, para a determinação de parâmetros limnológicos
referentes às características físicas (temperatura) e químicas (pH,
condutividade elétrica e oxigênio dissolvido). Os valores de temperatura
foram obtidos através de termômetro comum com bulbo de mercúrio e seus
valores expressos em graus celcius. Os valores de pH e condutividade
elétrica foram determinados em laboratório de campo através de pHmêtro e
condutivímetro portáteis (valores expressos em µS/cm). O oxigênio
dissolvido foi determinados através de oxigenômetro portátil, e os valores
expressos em mg/l.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 22
SÍNTESE DE ESTUDOS ANTERIORES
Período: outubro de 1991 a janeiro de 1992 e outubro de 1994 a janeiro
de 1995 (FUEM/Itaipu Binacional, 1995).
Durante o período de 1991/1992 e 1994/1995, foram amostradas os
rios Ivinhema, Amambai, Iguatemi, Ivaí, Piquiri, Paraná e o Reservatório de
Itaipu, onde foram coletados um total de 103.060 indivíduos; 68.358 ovos
(66,33%), 31.399 larvas (30,47%) e 3.303 juvenis/adultos (3,20%). A maior
freqüência de captura de ovos, foi no rio Ivaí com 29,83%, seguido do
Amambai com 24,70%, e para larvas, os rios Ivaí e Paraná com 39,33 e
19,78%, respectivamente. O rio Paraná foi responsável pela maior captura de
juvenis/adultos, com 66,45%, seguido do Ivaí, com 18,35% (Fig. 18).
IVI AMA IGU IVA PIQ PAR RES
0
20
40
60
80
100
Freqüência(%)
ovos larvas juv/adultos
Figura 18 – Ocorrência de ovos, larvas e
juvenis/adultos nos rios Ivinhema (IVI), Amambai
(AMA), Iguatemi (IGU), Ivaí (IVA), Piquiri (PIQ),
Paraná (PAR) e Reservatório de Itaipu (RES)
pertencentes a bacia do rio Paraná, capturados
durante os períodos de outubro de 1991 a janeiro de
1992 e outubro de 1994 a janeiro de 1995 (Fonte:
FUEM/Itaipu Binacional, 1995).
Durante amostragens realizadas no rio Ivaí no período de
outubro de 1994 a janeiro de 1995, foram capturados 3.224 ovos, 1319
larvas e 212 juvenis. Do total de ovos obtidos neste período, a estação Tapira
Ictioplâncton do Rio Ivaí 23
foi responsável pela maior captura com 56,9%, seguida das estações Pontal
do Tigre (24,4%) e Bananeira (18,7%). Com relação as larvas, as maiores
ocorrências foram verificadas na estação Pontal do Tigre com 72,0%,
seguida da estação Tapira (16,2%) e Bananeira (11,7%). A estação Pontal do
Tigre foi a responsável também pela maior captura de juvenis/adultos com
96,7%, sendo que nas demais estações as freqüências mantiveram-se abaixo
de 2% (Fig. 19).
BAN
18,7%
TAP
56,9%
TIG
24,4%
BAN
1,9%
TAP
1,4%
TIG
96,7%
BAN
11,8%
TAP
16,2%
TIG
72,0%
A
C
B
Figura 19 – Freqüência de A) ovos, B) larvas e C)
juvenis/adultos capturados nas estações Bananeira (BAN),
Tapira (TAP) e Pontal do Tigre (TIG) localizadas no rio Ivaí,
durante o período outubro de 1994 a janeiro de 1995.
Analisando globalmente os dados do período 94/95 para o rio
Ivaí, constatamos que as maiores capturas de ovos ocorreram nos meses de
outubro e janeiro com 8,84 e 6,98 ovos/10m³, respectivamente, enquanto que
para larvas as maiores densidades foram verificadas em janeiro com 4,63
ind/10m³, e outubro com 4,54 ind/10m³. Observamos um padrão de redução
na densidade de ovos e larvas de outubro para novembro, com aumento em
dezembro e janeiro. Em todos os meses os ovos foram capturados em
maiores densidades que as larvas (Fig. 20).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 24
OUT NOV DEZ JAN
0
2
4
6
8
10
Ind/10m³
OVOS LARVAS
Figura 20 – Densidades relativas mensais de ovos e
larvas de peixes capturados no rio Ivaí, no período
de outubro de 1994 a janeiro de 1995.
Com relação à composição ictiofaunística encontrada no
plâncton, foram identificados 27 grupos taxonômicos (Fig. 21), sendo os
mais capturados Auchenipterus nuchalis, Pimelodinae, Rhamdia quelen,
Bryconamericus stramineus. Neste período podemos destacar a captura de
várias espécies de peixes migradores, entre elas, Pseudoplatystoma
corruscans, Salminus maxillosus, Sorubim lima, Astyanax sp., Leporinus
spp. e ainda os Pimelodinae e Anostomidae, que incluem os mandis e outros
piaus.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 25
A. nuchalis
Pimelodinae
R. quelen
B. stramineus
A. affinis
Hypostomus sp
Anostomidae
P. corruscans
H. malabaricus
R. vulpinus
I. labrosus
G. carapo
N. schubart
A. albifrons
S. maxillosus
R. paranensis
Paravendelia sp
Loricaria sp
S. lima
L. platymetopon
P. gobioides
Pimelodus spp
S. marginatus
Cheirodon sp
Characiformes
Siluriformes
Gymnotiformes
Recém-eclodidas
0 5 10 15 20 25 30
Freqüência (%)
Hypostomussp.
Pimelodusspp.
Paravandelliasp.
Loricariasp.
Cheirodonsp.
Figura 21 – Grupos taxonômicos capturados no rio Ivaí durante o
período de outubro de 1994 a janeiro de 1995 (Destacadas em azul
grupos de espécies migradoras).
RESULTADOS
Janeiro de 1999
Durante o mês de janeiro de 1999 foram capturadas 81 espécies
de larvas, jovens e adultos de peixes, distribuídas em 24 famílias. O
enquadramento taxonômico é apresentado a seguir, segundo chaves
propostas por BRITSKI (1972), GÉRY (1977), Itaipu Binacional (1981) e
BRITSKI et al. (1988).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 26
Classe CHONDRICHTHYES
Sub-Classe ELASMOBRANCHII
Super ordem HYPOTREMATA
Ordem RAJIFORMES
Família POTAMOTRYGONIDAE
Potamotrygon motoro - "raia"
Potamotrygon sp. - "raia"
Classe OSTEICHTHYES
Ordem CHARACIFORMES
Subordem CHARACOIDEI
Família CHARACIDAE
Subfamília TETRAGONOPTERINAE
Astyanax bimaculatus - "lambari"
Astyanax fasciatus - "lambari"
Astyanax sp. - "lambari"
Bryconamericus stramineus - "pequira"
Bryconamericus sp. - "pequira"
Hemigrammus marginatus - "lambari"
Piabina argentea - "piaba"
Subfamília CHEIRODONTINAE
Aphyocharax nasutus - "piqui"
Cheirodon sp. - "pequira"
Subfamília GLANDULOCAUDINAE
Planaltina cf. myersi
Subfamília ACESTRORHYNCHINAE
Acestrorhynchus lacustris - " peixe-cachorro"
Subfamília CYNOPOTAMINAE
Galeocharax knerii - "peixe-cadela"
Subfamília CHARACINAE
Roeboides paranensis - "dentudo"
Subfamília SERRASALMINAE
Serrasalmus marginatus - "piranha"
Serrasalmus spilopleura - "piranha"
Ictioplâncton do Rio Ivaí 27
Subfamília MYLEINAE
Myloplus cf. tiete - "pacu-prata"
Família ANOSTOMIDAE
Leporinus amblyrhynchus - "canivete"
Leporinus friderici - "piau"
Leporinus obtusidens - "piau"
Leporinus octofasciatus - "ferreirinha"
Leporinus sp. - "piau"
Schizodon altoparanae - "piava"
Schizodon borellii - "piava"
Schizodon knerii - "piau"
Família PARODONTIDAE
Apareiodon affinis - "canivete"
Apareiodon piracicabae - "canivete"
Família CURIMATIDAE
Steindachnerina insculpta - "saguiru"
Família PROCHILODONTIDAE
Prochilodus lineatus - "curimba"
Família ERYTHRINIDAE
Hoplias aff. malabaricus - "traíra"
Família CYNODONTIDAE
Rhaphiodon vulpinus - "dourado-cachorro"
Ordem SILURIFORMES
Subordem GYMNOTOIDEI
Família GYMNOTIDAE
Gymnotus carapo - "morenita"
Família STERNOPYGIDAE
Eigenmania sp. - "tuvira"
Sternopygus macrurus - "sarapó"
Família APTERONOTIDAE
Apteronotus albifrons - "ituí-cavalo"
Porotergus ellisi
Sternarchorhyncus sp.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 28
Família RHAMPHICHTHYDAE
Rhamphichtys rostratus - "peixe-espada"
Subordem SILUROIDEI
Família DORADIDAE
Pterodoras granulosus - "armado"
Trachydoras paraguayensis - "armadinho"
Família AUCHENIPTERIDAE
Auchenipterus nuchalis - "surumanha"
Parauchenipterus galeatus - "cangati"
Tatia neivai - "jundiá"
Glanidium cf. cesarpintoi
Família AGENEIOSIDAE
Ageneisosus ucayalensis - "manduvê"
Ageneiosus cf. valenciennesi - "manduvê"
Família CETOPSIDAE
Pseudocetopis gobioides - "candiru"
Família PIMELODIDAE
Subfamília PIMELODINAE
Iheringichthys labrosus - "mandi"
Nannorhamdia schubarti - "bagre"
Pimelodella sp. - "chorão"
Pimelodus maculatus - "mandi"
Pimelodus ornatus - "mandi"
Pimelodus fur - "mandi"
Pimelodus paranensis - "mandi"
Pimelodus sp. "mandi"
Pseudopimelodus mangurus - "bagre-sapo"
Pariolius sp.
Rhamdia quelen - "bagre"
Subfamília SORUBIMINAE
Hemisorubim platyrhynchos - "jurupoca"
Pseudoplatystoma corruscans - "pintado"
Sorubim lima - "chinelo"
Steindachneridion scripta - "sorubim"
Subfamília LUCIOPIMELODINAE
Pinirampus pirinampu - "barbado"
Ictioplâncton do Rio Ivaí 29
Família HYPOPHTHALMIDAE
Hypophthalmus edentatus - "mapará"
Família TRICHOMYCTERIDAE
Paravandellia sp. - "candiru"
Trichomycterus sp. - "candiru"
Família CALLICHTHYIDAE
Corydoras sp. - "coridoras"
Hoplosternum littorale - "tamboatá"
Família LORICARIIDAE
Loricariichthys platymetopon - "cascudo-chinelo"
Rineloricaria sp. - "cascudo"
Subfamília HYPOPTOPOMATINAE
Isonotus sp. - "cascudo"
Subfamília PLECOSTOMINAE
Hypostomus aff. derbyi - "cascudo"
Hypostomus sp. - "cascudo"
Hypostomus sp.1 - "cascudo"
Hypostomus sp.2 - "cascudo"
Megalancistrus aculeatus - "cascudo-abacaxi"
Subfamília LORICARIINAE
Loricaria sp. - "cascudo-chinelo"
Super Ordem ACANTHOPTERYGII
Ordem SYNBRANCHIFORMES
Família SYNBRANCHIDAE
Synbranchus marmoratus - "mussum"
Ordem PERCIFORMES
Subordem PERCOIDEI
Família SCIAENIDAE
Plagioscion squamosissimus - "curvina"
Família CICHLIDAE
Crenicichla britskii - "joaninha"
Geophagus brasiliensis - "cará"
Ictioplâncton do Rio Ivaí 30
Coletas no Plâncton
Durante o período de 10 a 31 de janeiro de 1999, foram
coletados com redes de plâncton 28.208 ovos e 3.638 larvas. A região do
alto rio Ivaí foi responsável pela maior captura de ovos (91%) e de larvas
(90,7%), seguido do médio e baixo que apresentaram aproximadamente a
mesma freqüência de captura, tanto de ovos quanto de larvas (Fig. 22).
As maiores densidades de ovos foram verificadas nas estações
Vila Rural (38,78 ovos/10m³), seguida das estações Tereza Cristina (36,80
ovos/10m³) e Corumbataí (24,96 ovos/10m³). Com relação as larvas, as
maiores densidades são observadas nas estações Cândido de Abreu, com
37,11 ind/10m³, seguida das estações Tereza Cristina e Grandes Rios com
2,72 e 1,96 ind/10m³, respectivamente. Na maior parte das estações foram
verificadas maiores densidades de ovos, exceto nas estações Cândido de
Abreu, Herculândia e Pontal do Tigre (Fig. 23).
Alto
98,6%
Médio
1,3%
Baixo
0,1%
Alto
90,7%
Médio
4,9%
Baixo
4,4%
Figura 22 – Freqüência de A) ovos e B) larvas de peixes, nas
diferentes regiões do rio Ivaí.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 31
T. Cristina
C. Abreu
G. Rios
S. José
P. Ubá
Corumbataí
V. Rural
Floresta
Copacabana
Paraíso
Tapira
Herculândia
P. Tigre
010203040 0 10 20 30 40
ovos larvas
Ind/10m3
Figura 23 – Densidade de ovos e larvas de peixes
verificados nas 13 estações de amostragens
localizadas no rio Ivaí.
Quando comparamos as densidades de captura observadas em
janeiro de 1995 e janeiro de 1999 nas estações Bananeira, Tapira e Pontal do
Tigre, verificamos que houve uma redução acentuada na captura de ovos e
larvas nessas três estações de amostragem (Fig. 24).
BAN95
BAN99
TAP95
TAP99
TIG95
TIG99
04812 0 4 8 12
ovos larvas
Ind/10m3
Figura 24 – Densidades de ovos e larvas de peixes
verificados em janeiro de 1995 (Fonte:
FUEM/Itaipu Binacional, 1995) e janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 32
Estação Tereza Cristina:
Foram coletados nesta estação 21.674 ovos e 1.869 larvas.
Tanto ovos como larvas foram capturados em todos os horários de
amostragem, sendo que as densidades de ovos geralmente foram maiores que
as de larvas (Fig. 25A e B). Na maioria dos horários os ovos foram
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
 
      
     
15
25
35
45
temperatura
            
4
5
6
7
8
pH
 
  
  
  
 40
60
80
100
mS/cm
 
 

   
 

  
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
E
F
D
C
sup fun
Figura 25 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica
(E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Tereza
Cristina nos dias 12 e 13 de janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 33
capturados em maiores densidades no fundo, exceção feita às 12:00, 15:00 e
0:00 horas. As maiores densidades de ovos na superfície foram verificadas
às 0:00 e 21:00 com 92,25 e 75,52 ovos/10m3
, respectivamente, enquanto
que no fundo foram verificadas as maiores densidades às 21:00 (172,77
ovos/10m³) e às 9:00, com 39,25 ovos/10m³. Em todos os horários de coleta,
a captura de larvas foi maior na superfície, sendo as maiores densidades
verificadas às 9:00 e às 15:00 horas com 7,88 e 6,09 ind/10m³,
respectivamente. Enquanto para ovos as maiores densidades são verificadas
a noite, para larvas estas ocorreram, principalmente, durante o dia.
Os valores das variáveis não apresentaram diferenças entre
superfície e fundo, porém ao longo da coleta a temperatura da água variou
entre 20,0 e 25,7ºC; o pH entre 6,55 e 7,11; a condutividade elétrica
apresentou valores entre 45 e 69µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido
variaram de 8,08 e 9,46mg/l (Fig. 25C, D, E e F).
Nesta estação foram identificados 19 grupos taxonômicos,
sendo que as maiores freqüências foram de P. coruscans (41,94%),
Pimelodinae (34,85%) e Bryconamericus stramineus (2,28%) (Fig. 26).
Entre as espécies capturadas podemos destacar que 7 grupos são de espécies
migradoras.
Estação Cândido de Abreu:
Nesta estação foram coletados 287 ovos e 912 larvas. Ambos
ocorreram em todos os horários, sendo que as larvas foram capturadas em
maiores densidades. Durante todo o período os ovos foram mais capturados
no fundo, sendo que as maiores densidades na superfície foram verificadas
no período noturno, com pico à 21:00 (7,86 ovos/10m³), enquanto que no
Ictioplâncton do Rio Ivaí 34
Tereza Cristina
P. corruscans
Pimelodinae
A. affinis
B. stramineus
R. quelen
T. neivae
H. malabaricus
L.platymetopom
Anostomidae
C. aneus
G. brasiliensis
G. carapo
Trychomicterus sp.
P. gobioides
S. spilopleura
N. schubarti
Siluriformes
Characiformes
Gymnotiformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Trychomicterus sp.
Figura 26 – Freqüência de captura para os diferentes
grupos taxonômicos encontrados na estação Tereza
Cristina, nos dias 12 e 13 de janeiro de 1999 (Destacadas em
azul grupos de espécies migradoras).
fundo as maiores densidades foram observadas no período diurno, com pico
às 9:00 e 12:00 horas, com 23,95 e 18,42 ovos/10m³, respectivamente (Fig.
27A). Assim como os ovos, as maiores densidades de larvas foram
verificadas no fundo em todos os horários. Na superfície, foram observadas
maiores densidades à noite, com pico às 3:00 (5,19 ind/10m³). No fundo
foram verificadas maiores densidades no período noturno, com pico às 0:00
e 21:00 horas (119,91 e 110,14 ind/10m³, respectivamente) (Fig. 27B).
Os valores de temperatura da água oscilaram entre 20,7 e
26,9ºC, o pH entre 6,71 e 7,10 e a condutividade elétrica apresentou valores
entre 39 e 51µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,42 e
8,86mg/l (Fig. 27C, D, E e F).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 35
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3


     

     
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
   
     
  
20
50
80
110
mS/cm
 
    


 




9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
C
D
E
F
sup fun
Figura 27 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Cândido de
Abreu nos dias 13 e 14 de janeiro de 1999.
Nesta estação foram encontrados 12 grupos taxonômicos (Fig.
28), destacando-se Pimelodinae com 87,66%, seguido de P. coruscans
(1,91%) e Characiformes (1,35%), podemos observar ainda que foram
capturados 8 grupos aos quais pertencem espécies migradoras, representando
30% dos grupos capturados.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 36
Pimelodinae
P. corruscans
A. affinis
Bryconamericus sp
Anostomidae
Astyanax spp
B. stramineus
Hypostomus spp
S. marmoratus
Leporinus spp
Characiformes
Siluriformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Byconamericussp.
Astyanaxspp.
Hypostomusspp.
Leporinusspp.
Figura 28 – Freqüência de captura de larvas por grupo
taxonômico, encontrados na estação Cândido de Abreu
nos dias 13 e 14 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul
grupos de espécies migradoras).
Estação Grandes Rios:
Durante o período amostrado foram capturados 1.485 ovos e
349 larvas. Em quase todos os horários, foram verificadas maiores
densidades tanto de ovos como de larvas no fundo, exceto às 12:00 e 18:00
horas, quando somente foram capturados ovos na superfície. Para a
superfície o maior pico de captura de ovos ocorreu às 9:00, com 13,68
ovos/10m³, enquanto para o fundo as maiores capturas deram-se no período
noturno, com pico às 6:00 (41,22 ovos/10m3
) e 3:00 (29,88 ovos/10m³)(Fig.
29A). Para larvas as maiores capturas ocorreram no período diurno, sendo o
horário de maior captura às 15:00 horas tanto para superfície como fundo,
com 2,29 e 4,78 ind/10m³, respectivamente (Fig. 29B).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 37
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
      
      
15
25
35
45
Temperatura
          


5
6
7
8
9
pH
 
 

 
 
 
   
20
50
80
110
mS/cm



 





 




9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
C
D
E
F
sup fun
Figura 29 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Grandes Rios
nos dias 15 e 16 de janeiro de 1999.
Os valores de temperatura da água variaram entre 23,2 e
27,6ºC, o pH entre 7,04 e 7,31 e a condutividade elétrica apresentou valores
entre 64 e 85µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,90 e
8,78mg/l (Fig. 29C, D, E e F).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 38
Foram identificados nesta estação 9 grupos taxonômicos, sendo
que Pimelodinae foi capturado com maior freqüência, seguido de P.
coruscans e Characiformes. 8 destes nove grupos apresentam indivíduos
migradores. Entre os grupos encontrados, 66,46% são larvas recém-
eclodidas, o que denota a proximidade deste local com alguma área de
desova (Fig. 30).
Pimelodinae
P. corruscans
R. quelen
Anostomidae
T. neivae
A. affinis
B. stramineus
Characiformes
Siluriformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 30 – Freqüência de captura de larvas por grupo
taxonômico, capturados na estação Grandes Rios nos
dias 15 e 16 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul
grupos de espécies migradoras).
Estação São José:
Nesta estação foram coletados 1.036 ovos e 79 larvas. Na
maioria dos horários, a captura de ovos e de larvas foi maior no fundo. Tanto
para superfície como fundo, elevadas densidades de ovos foram verificadas
no período noturno, sendo as maiores capturas observadas na superfície às
6:00 (5,02 ovos/10m³), e no fundo às 3:00 (9,56 ovos/10m³)(Fig. 31A). Para
as larvas a maior captura na superfície ocorreu no período noturno, sendo o
pico de captura às 21:00, com 0,46 ind/10m³, enquanto no fundo as maiores
Ictioplâncton do Rio Ivaí 39
densidades são observadas durante o dia, com maior captura às 9:00 horas,
com 1,11 ind/10m³ (Fig. 31B).
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,01
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
            
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
            
20
50
80
110
mS/cm




   



   
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
C
D
E
F
sup fun
Figura 31 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação São José nos
dias 16 e 17 de janeiro de 1999.
Os valores de temperatura da água variaram entre 24,3 e
27,0ºC, o pH entre 7,23 e 7,60 e a condutividade elétrica apresentou valores
entre 92 e 109µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,09 e
Ictioplâncton do Rio Ivaí 40
8,42mg/l (Fig. 31C, D, E e F). Os valores destas variáveis não apresentaram
diferenças entre a superfície e fundo.
Nesta estação foram identificados 10 grupos taxonômicos,
sendo que Pimelodinae apresentou a maior freqüência com 16,05%, seguido
de P. coruscans (11,11%) e B. stramineus (9,88%). As larvas recém-
eclodidas somaram 23,22%. Dentre estes grupos 70% são de espécies
migradoras (Fig. 32).
Pimelodinae
P. corruscans
B. stramineus
A. nuchalis
T. neivae
R. quelen
A. affinis
Anostomidae
Characiformes
Siluriformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 32 – Freqüência de captura de larvas por
grupo taxonômico, encontrados na estação São José
nos dias 16 e 17 de janeiro de 1999 (Destacadas em
azul grupos de espécies migradoras).
Estação Porto Ubá:
Nesta estação foram registrados apenas 53 ovos e 5 larvas,
sendo que estes ocorreram somente em alguns horários do turno da noite. As
maiores densidades de ovos foram verificadas no fundo, enquanto que as
larvas foram capturadas somente na superfície. As maiores densidades de
ovos foram verificadas às 0:00 horas tanto para a superfície (2,51
Ictioplâncton do Rio Ivaí 41
ovos/10m³) como o fundo (19,52 ovos/10m³)(Fig. 33A). A maior captura de
larvas ocorreu às 3:00 horas, com 0,47 ind/10m³ (Fig. 33B).
A temperatura da água variou entre 24,2 e 27,8ºC, o pH entre
7,35 e 7,65 e a condutividade elétrica apresentou valores entre 61 e
69µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,68 e 8,40mg/l
(Fig. 33C, D, E e F).
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
            
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
            
20
50
80
110
mS/cm





 


 

  
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
C
D
E
F
sup fun
Figura 33 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Porto Ubá
nos dias 17 e 18 de janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 42
Somente 4 grupos taxonômicos de larvas foram
encontrados nesta estação, sendo Anostomidae o mais freqüente com
40%, os demais grupos (Hoplias malabaricus, Auchenipterus
nuchalis e Pimelodinae) apresentaram freqüência de 20% (Fig. 34).
Entre estes grupos, dois são compostos por espécies migradoras.
Anostomidae
H. malabaricus
A. nuchalis
Pimelodinae
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 34 – Freqüência de captura de larvas
por grupo taxonômico, encontrados na
estação Porto Ubá nos dias 17 e 18 de janeiro
de 1999 (Destacadas em azul grupos de
espécies migradoras).
Estação Corumbataí:
Nesta estação foram capturados 959 ovos e 72 larvas. Os ovos
ocorreram somente no período noturno, sendo que em todos os horários
foram registradas maiores densidades no fundo. Tanto a superfície como o
fundo apresentaram maiores densidades às 21:00 horas (76,43 e 79,94
ovos/10m³, respectivamente)(Fig. 35A). As larvas em menores densidades
que os ovos, foram mais capturadas no período noturno tanto na superfície
como no fundo, sendo o pico de captura às 3:00 horas (2,56 ind/10m³) para a
superfície, e 6:00 horas (4,65 ind/10m³) para o fundo (Fig. 35B).
Com exceção do pH, os valores das outras variáveis não
apresentaram diferenças entre a superfície e fundo, sendo que a temperatura
Ictioplâncton do Rio Ivaí 43
da água variou entre 29,0 e 31,0ºC. O pH variou entre 6,78 e 8,04, enquanto
que a condutividade elétrica apresentou valores entre 79 e 91µS/cm. Os
valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,54 e 7,68mg/l (Fig. 35C, D, E e
F).
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
            
15
25
35
45
Temperatura
 

     
 
   
5
6
7
8
9
pH
 
      
     
20
50
80
110
mS/cm
 
 


  
 


 
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
C
D
E
F
sup fun
Figura 35 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Corumbataí
nos dias 19 e 20 de janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 44
Nesta estação foram identificados 8 grupos taxonômicos,
sendo que Pimelodinae foi mais freqüente com 67,2%, seguido de
Anostomidae com 16,9%. Entre os grupos encontrados, 6 apresentam ou
são espécies migradoras. Poucas larvas recém-eclodidas foram
capturadas (Fig. 36).
Pimelodinae
Anostomidae
A. affinis
P. coruscans
Siluriformes
T. neivae
Gymnotiformes
Characiformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 36 - Freqüência de captura de larvas por grupo
taxonômico, encontrados na estação Corumbataí nos
dias 19 e 20 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul
grupos de espécies migradoras).
Estação Vila Rural:
Foram obtidos nesta estação 2.309 ovos e 13 larvas. A exemplo
da estação Corumbataí, a captura de ovos ocorreu somente no período
noturno, sendo que em todos os horários foram verificadas maiores capturas
no fundo. O pico de captura foi registrado às 0:00 horas tanto para a
superfície como fundo com 35,27 e 196,09 ovos/10m³, respectivamente (Fig.
37A). Nesta estação as larvas foram capturadas em menores densidades que
os ovos, sendo que na superfície foram registradas somente larvas no
Ictioplâncton do Rio Ivaí 45
período noturno, com maior captura às 3:00 horas (0,44 ind/10m³), enquanto
no fundo as capturas se deram durante todo o período, com maior densidade
às 6:00 horas (1,13 ind/10m³) (Fig. 37B).
A temperatura da água variou entre 25,1 e 30,6ºC, o pH entre
6,83 e 7,47, enquanto a condutividade elétrica apresentou valores entre 60 e
72µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,76 e 7,95mg/l
(Fig. 37C, D, E e F).
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
    
       
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
 
           
20
50
80
110
mS/cm
      

     
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
C
D
E
F
sup fun
Figura 37 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Vila Rural
nos dias 20 e 21 de janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 46
Nesta estação dos 6 grupos capturados, 4 são compostos
por espécies migradoras. A. nuchalis e Pimelodinae foram os mais
freqüentes com 35,71%, seguido de A. affinis com 14,29% (Fig. 38).
A. nuchalis
Pimelodinae
A. affinis
T. neivae
Anostomidae
Siluriformes
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 38 – Freqüência de captura de larvas por
grupo taxonômico, encontrados na estação Vila
Rural nos dias 20 e 21 de janeiro de 1999
(Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).
Estação Floresta:
Nesta estação baixas densidades de ovos e larvas foram
constatadas durante o período amostrado O número total de ovos capturados
foi 198 e de larvas 46, sendo que as maiores foram observadas no fundo. A
maior densidade de ovos na superfície foi às 3:00 horas (2,12 ovos/10m³), e
às 0:00 horas (2,95 ovos/10m³) para o fundo (Fig. 39A). Para as larvas a
maior densidade na superfície foi verificada às 21:00 horas (0,51 ind/10m³),
e no fundo às 9:00 horas (1,67 ind/10m³) (Fig. 39B).
A temperatura da água variou entre 26,0 e 30,5ºC, o pH entre
7,03 e 7,52, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre
66 e 86µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,20 e
7,79mg/l (Fig. 39C, D, E e F).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 47
0,1
1
10
100
1000Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
            
15
25
35
45
Temperatura
      
      
5
6
7
8
9
pH
 

    
    
20
50
80
110
mS/cm
   

       
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l A
B
D
E
F
sup fun
C
Figura 39 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Floresta nos
dias 22 e 23 de janeiro de 1999.
Foram identificados para esta estação 8 grupos
taxonômicos, entre estes, 5 são ou apresentam espécies migradoras. As
maiores freqüências foram de Pimelodinae 45,45%, P. corruscans
22,73% e Anostomidae 9,1% (Fig. 40).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 48
Pimelodinae
P. corruscans
Anostomidae
B. stramineus
Leporinus spp
A. nuchalis
Gymnotiformes
Characiformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Leporinusspp.
Figura 40 – Freqüência de captura de larvas por grupo
taxonômico, encontrados na estação Floresta nos dias 22 e
23 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de
espécies migradoras).
Estação Copacabana:
Nesta estação foram capturados 85 ovos e 48 larvas. Em todos
os horários do período noturno foram registrados ovos, enquanto que no
diurno somente às 9:00 horas. As maiores capturas ocorreram no fundo,
sendo as maiores densidades observadas às 6:00 (5,56 ovos/10m³), e às 3:00
horas (1,09 ovos/10m³) na superfície (Fig. 41A). Foi verificada captura de
larvas na superfície somente à noite, com maior densidade às 6:00 horas
(0,52 ind/10m³). No fundo as larvas foram capturadas em quase todos os
horários, com maior densidade às 6:00 horas(7,51 ind/10m³) (Fig. 41B).
Os valores das variáveis não apresentaram diferenças entre a
superfície e fundo, porém ao longo da coleta a temperatura da água variou
entre 29,0 e 31,0ºC, o pH entre 7,01 e 7,56 e a condutividade elétrica
Ictioplâncton do Rio Ivaí 49
apresentou valores entre 64 e 77µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido
variaram de 6,80 e 7,13mg/l (Fig. 41C,D, E e F).
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
            
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
            
20
50
80
110
mS/cm
            
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
D
E
F
C
sup fun
Figura 41 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Copacabana
nos dias 23 e 24 de janeiro de 1999.
Nove grupos taxonômicos foram identificados nesta
estação, sendo que o mais freqüente foi A. nuchalis 41,3%, seguido de
Ictioplâncton do Rio Ivaí 50
Pimelodinae (28,26%) e Gymnotiformes (4,35%). Entre os grupos
encontrados, apenas dois apresentam espécies migradoras (Fig. 42).
A. nuchalis
Pimelodinae
Hypostomus sp
A. affinis
T. neivae
P. galeatus
Gymnotiformes
Characiformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Hypostomussp.
Figura 42 – Freqüência de captura de larvas por grupo
taxonômico, encontrados na estação Copacabana nos dias
23 e 24 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de
espécies migradoras).
Estação Paraíso:
Nesta estação foram capturados 68 ovos e 32 larvas. Os ovos
foram capturados apenas em alguns horários, não sendo possível determinar
um padrão diferencial de captura entre superfície e fundo, sendo a maior
densidade verificada para a superfície às 0:00 horas, com 12,26 ovos/10m³, e
para o fundo às 3:00 horas, com 7,89 ovos/10m³ (Fig. 43A). Em relação as
larvas, observamos que na superfície estas foram capturadas somente no
período noturno, com maior densidade às 0:00 horas (3,06 ind/10m³),
enquanto que para o fundo as capturas foram verificadas quase que
Ictioplâncton do Rio Ivaí 51
exclusivamente no período diurno, sendo o pico de captura observado às
9:00 horas, com 4,01 ind/10m³ (Fig. 43B).
A temperatura da água variou entre 26,8 e 31,0ºC, o pH entre
7,14 e 7,45, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre
59 e 74µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,83 e
7,15mg/l (Fig. 43C, D, E e F).
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
  

    

  
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
 
           
20
50
80
110
mS/cm
        
   
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
D
E
F
C
sup fun
Figura 43 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Paraíso nos
dias 25 e 26 de janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 52
Neste ambiente foram identificados 4 grupos taxonômicos
(Fig. 44), cuja maior freqüência foi de A. nuchalis (70,0%), seguido de
Pimelodinae (16,67%) e P. corruscans (6,66%), as larvas recém-
eclodidas representaram apenas 3,33% do total capturado neste ponto.
Entre os 4 grupos identificados 3 apresentam migradores.
A. nuchalis
Pimelodinae
P. corruscans
Characiformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 44 – Freqüência de captura de larvas por
grupo taxonômico, encontrados na estação Paraíso
nos dias 25 e 26 de janeiro de 1999 (Destacadas em
azul grupos de espécies migradoras).
Estação Tapira:
No período amostrado foram capturados 20 ovos e 54 larvas. Os
ovos ocorreram somente em 4 horários, sendo que a maior densidade na
superfície foi de 0,31 ovos/10m³, às 9:00 horas, enquanto que no fundo foi às
6:00 horas, com 6,76 ovos/10m³ (Fig. 45A). As larvas foram verificadas
principalmente, no período noturno e em alguns horários durante o dia. As
maiores densidades na superfície foram registradas às 0:00 e 3:00 horas com
0,86 e,78 ind/10m³, respectivamente. Para o fundo as maiores densidades
ocorreram às 21:00 e 6:00 horas com 0,78 e 0,56 ind/10m³, respectivamente
(Fig. 45B).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 53
A temperatura da água variou entre 26,0 e 32,0ºC, o pH entre
6,84 e 7,15, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre
53 e 68µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,84 e
7,21mg/l (Fig. 45C, D, E e F).
0,1
1
10
100
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3

  
 

  
  
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
       
     
20
50
80
110
mS/cm
      

     
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
D
E
F
C
sup fun
Figura 45 – Densidade de ovos (A), e, larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Tapira, nos
dias 26 e 27 de janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 54
Nove grupos taxonômicos foram capturados nesta estação,
sendo A. nuchalis o mais freqüente com 75,41%, seguido de Anostomidae
(7,54%) e Pimelodinae (5,66%)(Fig. 46). Entre os grupos capturados 3
apresentam representantes migradores.
A. nuchalis
Anostomidae
Pimelodinae
S. marmoratus
G. carapo
A. albifrons
H. littorale
S. spilopleura
Characiformes
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 46 – Freqüência de captura de larvas por grupo
taxonômico, encontradas na estação Tapira nos dias 26 e 27
de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies
migradoras).
Estação Herculândia:
A amostragem nesta estação resultou em 11 ovos e 32 larvas. A
captura de ovos nesta estação restringiu-se a dois horários durante o período
noturno; 0:00 e 3:00 horas; sendo que às 3:00 horas foi registrada a maior
densidade de ovos, tanto para a superfície (0,35 ovos/10m³) como para o
fundo (0,64 ovos/10m³) (Fig. 47A). As larvas ocorreram em 6 dos oito
horários amostrados. Na superfície as maiores capturas ocorreram entre 3:00
e 0:00 horas, com densidade de 0,55 e 0,47 ind/10m³, respectivamente. Para
Ictioplâncton do Rio Ivaí 55
o fundo a maior densidade foi registrada às 15:00 horas com 2,44 ind/10m³,
as outras capturas neste estrato ocorreram no período noturno (Fig. 47B).
A temperatura da água variou entre 27,0 e 30,0ºC, o pH entre
6,45 e 7,07, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre
53 e 64µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,44 e
6,83mg/l (Fig. 47C, D, E e F).
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
            
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
  
         
20
50
80
110
mS/cm
            
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
D
E
F
C
sup fun
Figura 47 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Herculândia
nos dias 28 e 29 de janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 56
Foram identificados nesta estação 10 grupos taxonômicos, entre
estes 5 são migradores. A maior freqüência foi de A. nuchalis (51,43%),
seguida de Loricariidae (8,57% ), S. lima (5,71%) e outros Siluriformes
(5,71%) (Fig. 48).
A. nuchalis
Loricariidae
Siluriformes
S. lima
P. corruscans
G. carapo
T. neivae
Pimelodinae
Gymnotiformes
Characiformes
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 48 – Freqüência de captura de larvas por grupo
taxonômico, encontrados na estação Herculândia nos dias
28 e 29 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de
espécies migradoras).
Estação Pontal do Tigre:
Nesta estação foram capturados 23 ovos e 127 larvas. Conforme
a figura 49A, verificamos que os ovos apresentaram baixas densidades nos 5
dos 8 horários amostrados. Na superfície observamos ovos somente às 6:00
horas (0,13 ovos/10m³), enquanto no fundo a maior densidade foi verificada
às 3:00 horas, com 5,62 ovos/10m³. As larvas na superfície foram coletadas
somente no período noturno, com a maior densidade observada às 6:00 horas
(3,46 ind/10m³). No fundo estas ocorreram em todos os horários amostrados,
Ictioplâncton do Rio Ivaí 57
com maior densidade às 9:00 e 12:00 horas, com 3,01 e 2,35 ind/10m³,
respectivamente (Fig. 49B).
A temperatura da água variou entre 29,0 e 31,5ºC, o pH variou
entre 6,62 e 7,29, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores
entre 57 e 64µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,34 e
6,60mg/l (Fig. 49C, D, E e F).
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
0,1
1
10
100
1000
Ind/10m3
            
15
25
35
45
Temperatura
            
5
6
7
8
9
pH
            
20
50
80
110
mS/cm
 

          
9 12 15 18 21 0 3 6
6
7
8
9
10
mg/l
A
B
D
E
F
C
sup fun
Figura 49 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de
temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)
e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Pontal do
Tigre nos dias 29 e 30 de janeiro de 1999.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 58
Foram identificados 8 grupos taxonômicos nesta estação, sendo
que apenas um grupos não realizam migrações. A maior freqüência foi de
Anostomidae com 24,58%, seguido de S. lima (23,73%) e Pimelodidade
(18,64%) (Fig. 50).
Anostomidae
S. lima
Pimelodinae
Characiformes
P. corruscans
R. vulpinus
Siluriformes
A. nuchalis
Recém-eclodida
0 20 40 60 80 100
Freqüência (%)
Figura 50– Freqüência de captura de larvas por grupo
taxonômico, encontrados na estação Pontal do Tigre nos
dias 29 e 30 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos
de espécies migradoras).
Coletas com redes de arrasto e espera e espinhéis
Nas coletas de arrasto, redes de espera e espinhel foram
capturadas 2.502 indivíduos, sendo 67,6% no alto Ivaí, 19,66% no médio e
12,71% no baixo. Este indivíduos foram enquadrados em 73 espécies, sendo
53 no alto, 49 no médio e 30 no baixo Ivaí.
No alto Ivaí constatamos que as maiores freqüências foram de
P. argetea com 73,40%, seguida de A. piracicabae (6,50%), R. paranensis
(2,84%) e H. derbyi (1,77%), as demais espécies apresentaram freqüência
abaixo de 1,5% (Fig. 51).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 59
P. argentea
A. piracicabae
R. paranensis
H. derbyi
G. cf. cesarpintoi
B. stramineus
P. maculatus
Bryconamericus sp.
S. knerii
Hypostomus sp
Isonotus sp
S. borellii
Hypostomus sp2
R. vulpinus
T. neivai
H. aff. malabaricus
Pimelodus sp.
A. nasutus
Bryconamericus sp1
G. knerii
G. brasiliensis
L. octofasciatus
P. fur
P. cf. myersi
P. lineatus
A. albifrons
A. bimaculatus
A. nuchalis
P. ornatus
P. granulosus
S. scripta
S. spilopleura
M. cf. tiete
A. lacustris
Eigenmannia sp.
H. platyrhynchos
Pimelodella sp.
P. motoro
P. gobioides
Rineloricaria sp.
S. marginatus
S. insculpta
A. fasciatus
C. britskii
G. carapo
Hypostomus sp.1
I. labrosus
L. amblyrhynchus
L. obtusidens
Pariolius sp.
P. paranensis
R. quelen
S. altoparanae
0,01 0,1 1 10 100
Freqüência (%)
Figura 51 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no alto Ivaí
(Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 60
Para o médio Ivaí, a espécie que apresentou maior freqüência de
captura foi B. stramineus, com 31,91%, seguida de P. argentea (7,11%), P.
galeatus (6,50%), A. nasutus (5,69%) e S. insculpta (5,08%) (Fig. 52).
B. stramineus
P. argentea
P. galeatus
A. nasutus
S. insculpta
Hypostomus sp.
A. nuchalis
Eigenmannia sp.
R. vulpinus
R. paranensis
S. borellii
G. knerii
P. ornatus
P. motoro
A. bimaculatus
H. platyrhynchos
P. granulosus
H. cf. marginatus
H. derbyi
Hypostomus sp2
I. labrosus
L. friderici
L. obtusidens
S. marginatus
Loricaria sp.
P. gobioides
A. fasciatus
G. cf. cesarpintoi
P. lineatus
A. albifrons
H. aff. malabaricus
R. rostratus
S. altoparanae
S. macrurus
A. ucaylensis
C. britskii
H. marginatus
L. octofasciatus
M. cf. tiete
Pimelodella sp.
P. fur
P. maculatus
P. ellisi
Potamotrygon sp.
P. mangurus
S. knerii
Sternachorhynchus sp.
T. neivai
T. paraguayensis
0,01 0,1 1 10 100
Freqüência (%)
Figura 52 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no médio Ivaí
(Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 61
No Baixo Ivaí a maior freqüência de captura também foi de B.
stramineus (33,01%), seguido de P. galeatus (22,64%), I. labrosus (5,66%) e
P. squamosissimus (5,03%) (Fig. 53).
B. stramineus
P. galeatus
I. labrosus
P. squamosissimus
A. bimaculatus
R. paranensis
R. vulpinus
A. nasutus
T. paraguayensis
L. friderici
A. nuchalis
S. marginatus
A. fasciatus
Hypostomus sp.
Pimelodella sp.
P. ornatus
H. edentatus
P. pirinampu
P. granulosus
A. cf. valenciennesi
Cheirodon sp.
Eigenmannia sp.
H. aff. malabaricus
Hypostomus sp2
Loricaria sp.
M. aculeatus
P. maculatus
Potamotrygon sp.
R. quelen
S. borellii
0,01 0,1 1 10 100
Freqüência (%)
Figura 53 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no baixo Ivaí
(Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).
Os valores do índice de diversidade (H'), assim como a
equitabilidade e o número de espécies são mostrados na figura 54. Nela
podemos verificar que o índice foi maior nas estações Floresta, Corumbataí,
Paraíso e Grandes Rios, enquanto o menor índice foi verificado nas estações
Porto Ubá e Copacabana.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 62










 

 














TCRIS
CA
BRE
G
RIO
S
SA
JO
SE
PU
BA
CO
RU
M
V
IRU
R
FLO
R
CO
PA
CA
PA
RA
IS
TA
PIRA
H
ERCU
L
PO
N
TA
L
Estações
0
1
2
3
4
5
Bits/ind.
0
5
10
15
20
25
30
35
N.deespécies
Diversidade Equitabilidade número de espécies  
Figura 54 – Índice de diversidade,
equitabilidade e número de espécie
encontrados nas estações de amostragem do
rio Ivaí.
Na análise dos indivíduos capturados com redes de espera (Fig.
55), observamos que 32,7% dos indivíduos capturados estavam em
reprodução, 28,6% em repouso, os estágios iniciais de maturação e
esgotados representaram cada um 13,7% das capturas. Observa-se ainda a
ausência de indivíduos imaturos nas estações Teresa Cristina, Cândido de
Abreu, Grandes rios, São José, Corumbataí e Paraíso. O predomínio de
indivíduos em reprodução e repouso foi verificado nas estações T. Cristina,
São José, Porto Ubá, Floresta, Tapira, Herculândia, Pontal do Tigre. Nas
estações Cândido de Abreu e Grandes rios predominaram indivíduos em
início de maturação e maturação, enquanto que na estação Vila rural
predominaram nas capturas indivíduos em reprodução. Nas estações
Corumbataí, Copacabana e Paraíso houve maior captura de indivíduos em
reprodução e esgotados.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 63
T.cris
C.abr
G.rio
S.jos
P.uba
Corum
V.rur
Flore
Copac
Parai
Tapir
Hercu
P.tig
0%
20%
40%
60%
80%
100%
imt
rep
ini
mat
rpd
esg
IMT
2,1%
REP
28,6%
INI
13,7%
MAT
9,3%
RPD
32,7%
ESG
13,7%
Figura 55 - Freqüência dos estágios de desenvolvimento
gonadal, para os indivíduos capturados com redes de
espera nas diferentes estações de amostragem, no mês
de janeiro de 1999.
DISCUSSÃO
A grande quantidade de ovos e larvas capturada, ressalta a
extrema importância do rio Ivaí para a reprodução de várias espécies de
peixes, tanto migradoras como residentes, haja visto que este rio contribuiu
com aproximadamente 30% do total do ictioplâncton capturado entre os anos
de 1991 a 1995 (FUEM/Itaipu Binacional, 1995).
Considerando que a bacia do rio Paraná, na qual o rio Ivaí está
inserido, é a bacia sul-americana com maior incidência de represamentos, o
que restringe os movimentos migratórios dos peixes, a importância dos
afluentes como o rio Ivaí na reprodução e desenvolvimento das espécies fica
mais evidente. Este fato é acentuado, quando analisa-se os resultados obtidos
por FUEM/Itaipu Binacional (1995), onde é demonstrado que as maiores
capturas de ovos são obtidas justamente nos afluentes e que estes ovos,
Ictioplâncton do Rio Ivaí 64
juntamente com as larvas, são carreados pela correnteza para a calha
principal do rio Paraná e reservatório de Itaipu.
Sob um ponto de vista local, no período de 94/95 nas três
estações estudadas no rio Ivaí, houve tendência de diminuição do número de
ovos e aumento do número de larvas em direção a foz. Este fato sugere que
as larvas eclodem ao longo do caminho percorrido. Esta tendência também é
observada no período 99, embora não seja tão evidente. Provavelmente
devido a maior quantidade de pontos amostrados neste período e a influência
dos tributários rio Alonso e rio Corumbataí, os quais contribuíram com
grande quantidade de ovos e larvas. Esta tendência já pôde ser observada em
outros ambientes estudados anteriormente, como nos rios Ivinhema,
Amambai e Piquiri (NAKATANI et al., 1997).
A redução nas densidades de captura de larvas, verificadas
quando comparadas as estações Bananeira, Tapira e Pontal do Tigre no mês
janeiro de 1995 e janeiro de 1999, pode estar associada a alguma alteração
no ciclo reprodutivo das espécies, tendo em vista que em 1995 as maiores
capturas de ovos e larvas ocorreram em janeiro. Outra hipótese seria a
diminuição da atividade reprodutiva em função da pouca preservação deste
rio. De igual maneira, com relação à periodicidade das capturas, não foi
possível constatar se houve ou não um deslocamento do pico reprodutivo
entre os períodos, uma vez que no ano de 1999 houve apenas um mês de
amostragem.
De maneira geral, a captura de ovos foi verificada
principalmente no período noturno e no fundo, exceto nas estações Tereza
Cristina, Grandes Rios e São José onde as capturas ocorreram em ambos
turnos e estratos. Segundo GODOY (1954), as maiores ocorrências no
período noturno podem ser explicadas pela maior atividade reprodutiva ao
entardecer, quando a temperatura da água atinge maiores valores. Com
relação às larvas, a falta de um padrão definido quanto a captura por turno e
Ictioplâncton do Rio Ivaí 65
estrato pode ser devido a uma série de fatores, entre os quais hábito
alimentar, migração e estágio de desenvolvimento (BAUMGARTNER et al.,
1997; BIALETZKI et al., 1999) .
As maiores capturas tanto de ovos como de larvas na região da
cabeceira do rio (estação Tereza Cristina) e no afluente rio Alonso (estações
Grandes Rios e São José), podem ser explicadas pelo comportamento
migratório apresentados pelas espécies que procuram estes ambientes para
desovarem. Isto pode ser evidenciado pelo grande número de táxons
identificados nesta região, onde várias espécies conhecidamente migradoras,
entre eles o pintado (P. coruscans), várias espécies de piaus (Anostomidae) e
mandis (Pimelodinae) foram capturados. Além disso, as características
apresentadas por estes ambientes, como alta velocidade de fluxo e tipo de
substrato favorecem a presença de espécies como coridoras (Corydoras sp.),
os cascudos (Loricariidae, L. platymetopon) e o guasco (Trychomicterus sp.).
A captura de larvas recém-eclodidas nesta área demonstra que estas são ou
estão próximos a um local de desova, tendo em vista que as larvas neste
estágio apresentam apenas algumas horas de vida.
Vale ressaltar que apesar da grande quantidade de ovos e larvas
encontrada na região de cabeceira e afluentes, foi observada a captura de
larvas de várias espécies em todos os pontos de amostragem, demonstrando
haver atividade reprodutiva em toda a extensão do rio.
A elevada densidade de ovos coletados na estação Vila Rural
pode estar relacionada a atividade reprodutiva no rio Corumbataí (maior
afluente do rio Ivaí na margem esquerda), que desemboca apenas alguns
quilômetros acima desta estação.
Na estação Porto Ubá a baixa captura de ovos e larvas
possivelmente esteja relacionada ao baixo fluxo de água apresentado no
local, o que para a metodologia utilizada não é muito adequado, tendo em
vista que as redes permaneceram estacionárias.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 66
Comparando o número de espécies capturadas no dois períodos,
verificou-se que o segundo apresentou maior captura, o que se deve
provavelmente, ao maior número de estações amostradas, sendo desta forma
contemplado um maior número de habitat. Algumas espécies não foram
capturadas em janeiro de 1999, provavelmente, em função do curto espaço
de tempo de amostragem, possivelmente se o período tivesse compreendido
um ciclo reprodutivo completo estas espécies teriam sido capturadas.
Os fatores ambientais não apresentaram grandes variações tanto
por estações de amostragem como por turno e estrato, não atingindo valores
extremos. Deste modo, aparentemente estes fatores não influenciaram a
captura dos indivíduos.
A bacia do rio Paraná tem uma fauna de peixes composta por
cerca de 600 espécies (BONETTO, 1986), a maioria das quais no alto rio
Paraguai. Os levantamentos recentes realizados entre o reservatório de Itaipu
e a foz do rio Paranapanema, revelam uma ictiofauna de 170 espécies
(AGOSTINHO et al., 1997). Segundo este mesmo autor, são registradas 100
espécies na calha principal do rio Paraná.
Embora tenha sido realizada amostragem somente durante um
mês, o rio Ivaí apresentou elevado número de espécies (81 espécies), quando
comparado com a calha principal do rio Paraná. Este número é maior que
aquele encontrado para os rios Iguaçu (64 espécies), Piquiri (57 espécies) e
Iguatemi (77 espécies), entretanto menor que o rio Ivinhema (91 espécies)
(AGOSTINHO et al., 1997b).
Ictioplâncton do Rio Ivaí 67
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Generalidades sobre estratégias reprodutivas e impactos de
represamentos:
A reprodução das espécies de peixes dos rios brasileiros é,
independentemente da modalidade de estratégia utilizada, altamente sazonal.
A maioria desova entre os meses de setembro e abril, com maior intensidade
entre outubro e fevereiro. Os grandes migradores, geralmente de maior porte
e valor comercial, têm ovos pequenos, numerosos, que são eliminados em
um curto intervalo de tempo. Têm maior sazonalidade reprodutiva,
desovando na calha dos rios durante o período de elevação do nível de água.
Seus ovos derivam rio abaixo enquanto se desenvolvem, sendo lançados,
geralmente na forma de larva para as depressões laterais durante o
transbordamento da calha. Isto tem sido amplamente documentado por
GODOY (1975) e descrito por AGOSTINHO et al. (1993) no segmento livre
do alto rio Paraná, a montante do reservatório de Itaipu. NAKATANI et al.
(1997) relatam um gradiente longitudinal na densidade de ovos e larvas de
peixes a partir da cabeceira de alguns afluentes do rio Paraná, sendo os ovos
mais abundantes na cabeceira e as larvas nos trechos inferiores. Entre os
membros desta categoria destacam-se os prochilodontídeos, surobimíneos,
pimelodíneos e alguns characídeos e anostomídeos de grande porte.
As espécies sedentárias, por outro lado, mais freqüentes em lagoas
e canais de planícies de inundação, apresentam adaptações respiratórias a
condições adversas de oxigenação e toleram grandes variações térmicas. A
reprodução ocorre, geralmente, durante um período prolongado, sendo a
desova do tipo parcelada. Incluem-se nesta categoria as espécies com
ovócitos grandes, baixa fecundidade e cuidado parental (SUZUKI &
AGOSTINHO, 1993). A reprodução destas espécies parece ter menos
dependência do regime de cheias e alguns membros desta categoria de
Ictioplâncton do Rio Ivaí 68
peixes veêm sendo bem sucedidos na ocupação dos novos ambientes
formados pelo barramento dos rios ou mesmo em rios de vazão controlada.
Destacam-se entre estes peixes, alguns ciclídeos, loricarídeos e eritrinídeos.
Os migradores moderados constituem um grupo composto por um
grande número de espécies, geralmente, de médio e pequeno porte, e que
apresentam estratégias intermediárias entre os dois grupos anteriormente
mencionados. Alguns membros deste grupo têm sido bem sucedido na
ocupação dos reservatórios, especialmente após os primeiros anos de sua
formação. Destacam-se entre eles, os characídeos de pequeno porte.
Os represamentos afetam principalmente os grandes peixes
migradores, não apenas pelas modificações impostas aos habitats naturais,
más, principalmente por interceptar a rota dos peixes em direção aos seus
ambientes de desova e alterarem o regime de cheias à jusante (efeitos na
atenuação e retardamento no pico de cheia, ou sua modificação por
procedimentos operacionais visando atender demandas energéticas). Séries
contíguas de reservatórios afetam também as espécies com moderada
capacidade de migração, que poderiam ocupar seu trecho inicial e reproduzir
à montante.
Limitações dos estudos objeto desse relatório:
Embora com uma abrangência espacial adequada, o presente
levantamento apresentou uma restrição relevante: o curto período de
amostragem. Como mencionado anteriormente, o período reprodutivo da
ictiofauna do rio Paraná estende-se de setembro a abril, especialmente entre
outubro e fevereiro. Nesse período, as espécies reproduzem em épocas
distintas, particularmente as grandes migradoras, que têm reprodução mais
sazonal. A limitação das amostragens ao mês de janeiro, embora forneça um
bom quadro das áreas críticas à reprodução das espécies que tem pico de
Ictioplâncton do Rio Ivaí 69
desova nesse mês, é uma restrição relevante à identificação dessas áreas para
o conjunto das espécies. Os estudos realizados em períodos anteriores, por
outro lado, apresentam limitações espaciais.
Áreas mais relevantes à desova de peixes:
Os resultados apresentados nesse relatório evidenciam claramente
que os trechos altos do Ivaí são os mais importantes à desova das espécies
com pico reprodutivo em janeiro. Os valores médios obtidos para a
densidade no trecho alto, embora com alto desvio, foi de 19,2ovos/10m3
e
6,5ind/10m3
. Nos trechos médios e baixos as densidades médias de ovos
foram de 2,3 e 0,9, respectivamente, e os de larvas 0,9 e 1,1.
(i) As estações Tereza Cristina e Cândido de Abreu,
localizadas na calha principal do rio, acima da foz do
rio Alonso, apresentaram as maiores densidades de
ovos e larvas, respectivamente, indicando importantes
áreas de desova em trechos próximos à montante. Isso
é corroborado pela elevada densidade de larvas recém
eclodidas na primeira. As espécies com maior
contribuição no total amostrado foram o pintado
P.corruscans e pimelodinae, a primeira reconhecida
pelo grande porte, valor comercial e a realização de
grandes deslocamentos para a desova e a segunda por
comportar diversas espécies migradoras.
(ii) A área compreendida pelas estações Corumbataí e Vila
Rural, no rio Corumbataí e no canal do Ivaí,
respectivamente, foi a segunda mais importante entre
as analisadas, como demonstram as densidades de
ovos. Embora com baixa abundância de larvas de
Ictioplâncton do Rio Ivaí 70
pintado, mostrou grande densidade daquelas de
pimelodíneos e, na primeira, de anostomídeos, ambos
com espécies migradoras.
(iii) A terceira área em importância para a desova
(considerando-se as espécies que desovam em janeiro)
foi a de Grandes Rios, no rio Alonso. Isso pode ser
evidenciado pela abundância de ovos, larvas recém
eclodidas e larvas de Pimelodinae.
Destaca-se, entretanto, que embora com baixas densidades de
ovos e larvas, os trechos médios e baixos constituem rotas para a ascensão
dos grandes migradores até as áreas de desova e de dispersão dos juvenis que
são recrutados aos estoques do rio Paraná e reservatório de Itaipu. Esse fato
evidencia a importância do rio Ivaí e seus tributários na manutenção das
populações do trecho ainda livre do rio Paraná, na área hoje ocupada pela
Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná e do Parque
Nacional de Ilha Grande, criados em 1997 por Decreto Federal e Parque
Estadual do Ivinhema, recém criado.
As alternativas para a partição de quedas:
Os resultados, pelo seu caráter preliminar, não permitem
recomendações com a consistência requerida num processo de definição de
partição de quedas. Estudos temporalmente mais abrangentes poderiam
evidenciar outras áreas de relevância igual ou maior para a conservação.
Espécies que reconhecidamente reproduzem mais cedo (outubro a
dezembro) e que são particularmente afetadas pelos represamento, como o
dourado Salminus maxillosus, piracanjuba Brycon orbignyanus, pacu
Piaractus mesopotamicus, entre outros, não foram contempladas nesse
estudo.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 71
Os resultados preliminares permitem também em caráter
preliminar, antever quatro cenários:
1. Represamentos abaixo da foz do rio Corumbataí e nesse
rio: grande impacto sobre a fauna do trecho livre do rio
Paraná, já prejudicada pela construção de Porto
Primavera. A manutenção da rota migratória entre o
rio Paraná e o Corumbataí é o mínimo necessário para
a atenuação dos impactos dos aproveitamentos
hidrelétricos na bacia.
2. Represamentos no canal principal do rio Ivaí, em seu
trecho a montante da foz do Alonso: impacto relevante
sobre a fauna, especialmente o pintado P.corruscans,
que tem nesse trecho sua principal área de desova.
3. Represamento no canal principal do Ivaí, a montante
do rio Corumbataí, e no rio Alonso: impacto relevante
4. Represamentos apenas no rio Alonso: impactos
moderados e, a priori, aceitáveis sobre a ictiofauna
regional.
RECOMENDAÇÕES:
Fundamentação
O “Seminário Sobre a Fauna Aquática e o Setor Elétrico
Brasileiro”, promovido pelo COMASE – Comitê Coordenador das
Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico/Eletrobrás/MME e os
documentos produzidos em suas reuniões preparatórias analisa a situação
Ictioplâncton do Rio Ivaí 72
vigente desses estudos na etapa de inventário: “A grande maioria dos
estudos de inventários já realizados pelo Setor Elétrico não incorpora
adequadamente aspectos da fauna aquática relevantes para subsidiarem a
escolha da melhor alternativa de divisão de quedas”, e enumera os aspectos
prioritários a serem considerados nos estudos e levantamentos, entre os quais
“a necessidade de classificação dos cursos d’água que compõem a bacia
em estudo por sua importância como áreas de desova de espécies
migratórias” e “o levantamento das áreas relevantes como criadouros
naturais de espécies migradoras, através dos dados de distribuição de
juvenis obtidos em amostragens realizadas em canais e lagoas marginais”
(COMASE/ELETROBRÁS, 1995).
Pelo caráter virtualmente irreversível dos represamentos, as
decisões acerca da localização do eixo das barragens revestem-se da maior
importância. Informações mais concisas são desejáveis para a avaliação das
alternativas em empreendimentos que visem um desenvolvimento
economicamente viável, socialmente desejável e ecologicamente compatível.
Embora o presente estudo seja o primeiro no Brasil a identificar áreas
críticas à procriação de peixes com base na distribuição de ovos e larvas, o
tempo restrito para a realização do trabalho de campo lhe confere limitações.
Na ausência de dados consistentes sobre áreas críticas para a
conservação da fauna aquática na etapa de inventário, o setor elétrico não
tem considerado esses componentes no processo decisório acerca da partição
de quedas. Os dados obtidos em etapas subseqüentes, agora a nível de
empreendimento, são, muitas vezes, precários e pouco úteis como subsídios
às ações de atenuação de impactos e manejo dos recursos. Na busca desses
objetivos, o gerente ambiental no Brasil aplicou-se, durante anos, a ações de
manejo baseadas no controle da pesca e no repovoamento, ambos com
eficácia reduzida. A essas ações são acrescidas a construção de facilidades
para transposição de peixes pelas barragens, também equivocada.
Ictioplâncton do Rio Ivaí 73
Embora a ausência de monitoramento dos estoques nos primeiros
20 anos não permita conclusões definitivas acerca da eficiência das
iniciativas de controle da pesca e do repovoamento, o baixo rendimento da
pesca profissional nos reservatórios do Sul-Sudeste do Brasil (CESP, 1996;
PETRERE JR. & AGOSTINHO, 1993) e o virtual desaparecimento das
espécies de maior porte naqueles do alto rio Paraná (AGOSTINHO et al.,
1994) demostram que os resultados não foram satisfatórios.
O controle da pesca realizado com o objetivo de proteger formas
jovens, áreas de reprodução e períodos de desova dos estoques pesqueiros,
tem-se mostrado pouco eficiente, tanto pela escassez de informações acerca
do objeto do controle, como pelas limitações de recursos financeiros e
humanos relacionados a essa atividade. A ausência de um monitoramento
permanente da explotação e do recurso, exigido pela dinâmica do sistema, e
a falta de uma definição clara do que se pretende proteger, são outros
aspectos que afetam a eficiência do controle. A carência de dados
satisfatórios de captura e esforço na pesca profissional, exceto para situações
localizadas (OKADA et al., 1996), não permite sequer o estabelecimento dos
valores do rendimento máximo sustentável, que forneceria alguma referência
acerca do estado de explotação dos estoques e uma base para o controle da
atividade pesqueira.
A estocagem ou peixamento realizada com espécies exóticas ou
autóctones, marcou a ação da maioria das concessionárias hidrelétricas nas
últimas décadas. Inicialmente como uma alternativa às escadas de peixes,
tidas como onerosas e ineficientes entre os técnicos, essa atividade ganhou a
adesão de várias concessionárias.
No bojo do pragmatismo, geralmente com a alegação de que a
produção nos reservatórios não poderia esperar os resultados da pesquisa,
que é lenta e cara, grandes somas de recursos financeiros foram aplicadas na
construção de estações de piscicultura e na manutenção de equipes para
Ictioplâncton do Rio Ivaí 74
operacionalizá-las, sempre na expectativa de restaurar a pesca através da
estocagem.
Mais de 30 espécies oriundas de outras bacias, geralmente com um
estágio nas estações de piscicultura do Nordeste, foram disseminadas nos
grandes reservatórios das bacias dos rios Paraná e São Francisco.
Na maioria dos casos de introduções, os espécimes liberados
jamais foram capturados, e, quando capturados, sua importância na pesca
jamais alcançou relevância. Isso, obviamente significa equívoco na alocação
de esforços e recursos.
Constitui notável exceção o caso da curvina Plagioscion
squamosissimus, vinda do Norte do país, e que proliferou, virtualmente, nas
bacias do rio Paraná e do São Francisco, tendo importante participação na
pesca comercial (AGOSTINHO & JÚLIO JR., 1996). Destaca-se, entretanto,
que os prejuízos ambientais decorrentes da introdução desse predador não
são ainda conhecidos. Há evidências de que essa espécie tem impactos
negativos sobre a pesca do reservatório de Itaipu, onde preda intensivamente
os jovens de primeiro ano do mapará, Hypophthalmus edentatus, principal
espécie nos desembarques pesqueiros (AGOSTINHO, 1995).
Nos casos de estocagem com espécies nativas, uma tendência
recente nas estações de piscicultura de hidrelétricas, não existe, no Brasil,
tecnologia disponível para aferir o sucesso do empreendimento nem dos
impactos genéticos decorrentes da endogenia.
Os constantes insucessos nos programas de estocagem têm levado
algumas companhias hidrelétricas a redirecionar suas atividades,
aproveitando a infra-estrutura montada. Assim, algumas delas têm-se
dedicado ao fomento à piscicultura e/ou a investigações limnológicas e
ictiológicas de seus reservatórios.
No primeiro caso, a atividade tenta compensar os impactos
econômicos negativos que a formação do reservatório provocou a nível
Ictioplâncton do Rio Ivaí 75
regional, não tendo qualquer significado positivo do ponto de vista da
conservação dos estoques pesqueiros.
No segundo, entretanto, os resultados podem orientar a
administração pesqueira sobre quais, como, quando e onde as medidas de
manejo devem ser aplicadas, sendo, portanto, uma tendência promissora sob
a perspectiva do manejo conservacionista e da atividade pesqueira.
As escadas para a transposição de peixes a montante da barragem,
a exemplo das estações de piscicultura, são consideradas como um fim em si
mesmas e não como um instrumento para operacionalizar o manejo,
instaladas em vários pequenos reservatórios foram também iniciativas, em
geral, equivocadas.
Sua instalação era exigida pela legislação da primeira metade do
século (Lei n° 2250, de 28.12.1927; Decreto n° 4390, de 14.03.1928 e
Decreto Lei n° 794, de 19.10.1938), que prescrevia: “todos quantos, para
qualquer fim, represarem as águas dos rios, ribeirões e córregos são
obrigados a construir escadas que permitam a livre subida dos peixes”.
Ao se generalizar a obrigatoriedade de uma obra, cujo
funcionamento resulta de interações entre suas características técnicas (tipo,
declividade, vazão, posição em relação ao eixo da barragem, etc.) e a
natureza da ictiofauna presente, sem o necessário conhecimento técnico-
científico do empreendimento ou dos peixes, incorreu-se no risco de
insucesso e desperdício de recursos, esforços e oportunidades.
Nesse período, foram construídas escadas de peixes logo acima de
cachoeiras de até 70 metros de altura, como a edificada no córrego dos
Negros (São Carlos-SP), ou em riachos onde a ictiofauna era composta
apenas por espécies sedentárias (CHARLIER, 1957).
Após a construção das escadas, nenhuma avaliação sistemática foi
realizada nesses empreendimentos. Alguns estudos, com conclusões distintas
Ictioplâncton do Rio Ivaí 76
em relação à eficiência dessas facilidades, são, no entanto, encontrados na
literatura.
Assim, GODOY (1957, 1975) relata a grande eficiência daquela
construída em Cachoeira de Emas (Pirassununga-SP), que, embora de altura
reduzida, foi objeto de amplos estudos. BORGHETTI et al. (1993, 1994)
relatam que grande número de espécies ascenderam uma escada
experimental localizada logo abaixo da barragem do reservatório de Itaipu,
com uma altura aproximada de 27,3 metros.
GODINHO et al. (1991), por outro lado, informam acerca da baixa
eficiência da escada (10,8m) instalada junto à barragem do reservatório de
Salto Morais, no rio Tijuco.
Esses estudos informam, no entanto, sobre a eficiência na
transposição de barragens ou capacidade de ascensão das escadas. Não
tratam da importância e efetividade dessa transposição para a preservação
dos estoques na bacia.
Embora não haja dúvida quanto à habilidade de muitas espécies
migradoras em ascenderem as escadas, mesmo com alturas de 20,0cm ou
mais e alcançarem o reservatório (BORGHETTI et al., 1994) ou de, uma vez
no reservatório, se orientarem em direção aos trechos livres a montante
(AGOSTINHO et al., 1993; AGOSTINHO et al., 1994), a seletividade das
escadas à transposição da barragem é consenso nos estudos realizados.
Alguns indicadores mostram que essas obras teriam eficiência
duvidosa na preservação ou conservação dos estoques em um cenário de
barragens em série, como o da bacia do rio Paraná ou mesmo do médio e
baixo São Francisco.
Mesmo que alguns rios tributários dessa bacia possam se constituir
em áreas promissoras para a desova, as grandes espécies migradoras da bacia
requerem áreas sazonalmente alagadas para o desenvolvimento inicial, e a
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  • 1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NÚCLEO DE PESQUISAS EM LIMNOLOGIA, ICTIOLOGIA E AQÜICULTURA RELATÓRIO FINAL: LEVANTAMENTO PRELIMINAR DO ICTIOPLÂNCTON DA BACIA DO RIO IVAÍ – PR. (Período: Janeiro/99 a Abril/99) Maringá Maio de 1999
  • 2.
  • 3. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NÚCLEO DE PESQUISAS EM LIMNOLOGIA, ICTIOLOGIA E AQÜICULTURA - NUPÉLIA Relatório Final “LEVANTAMENTO PRELIMINAR DO ICTIOPLÂNCTON DA BACIA DO RIO IVAÍ – PR.” Projeto desenvolvido entre a Companhia Paranaense de Energia (COPEL) e o Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura da Universidade Estadual de Maringá (Nupélia/UEM). MARINGÁ MAIO DE 1999
  • 4. COPEL COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA UEM UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ Antonio Fonseca dos Santos Neuza Altoé Gerente da área de Meio Ambiente Reitora Milton Ferreira José Jesus Previdelli Gerente Assistente Vice-Reitor Sérgio Augusto Morato Sandra Regina Stabille Biólogo Diretora do CCB Izabel de Fátima Andrian Vice Diretora do CCB Fábio Amodêo Lansac Tôha Coord. Geral do Nupélia Sidinei Magela Thomaz Vice-Coord. do Nupélia Jair Gregoris Coord. Admin. do Nupélia Angelo Antônio Agostinho Coord. Cient. do Nupélia Keshiyu Nakatani Coord. Geral do Projeto
  • 5. EQUIPE EXECUTORA Dr. Keshiyu Nakatani (Biólogo, Doutor em Zoologia, Professor Associado no Departamento de Biologia e Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá; Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq) Dr. Angelo Antônio Agostinho (Biólogo; Doutor em Ecologia, Professor Titular no Departamento de Biologia e Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá; Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq) M.Sc. Gilmar Baumgartner (Biólogo, Doutorando em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais e Pesquisador do Nupélia da Universidade Estadual de Maringá) M.Sc. Paulo Vanderlei Sanches (Biólogo, Doutorando em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da Universidade Estadual de Maringá) M.Sc. Andréa Bialetzki (Bióloga, Doutoranda em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da Universidade Estadual de Maringá) Econ. Jair Gregoris (Economista, Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá)
  • 6. EQUIPE DE APOIO Michelli Eliane Gatti Felis (Bióloga/Estagiária Voluntária/Nupélia) Marta Eliane Echeverria Borges (Bióloga/Estagiária Voluntária/Nupélia) Érika Neumann (Acadêmica/Bolsista do Nupélia/DBI) Miriam Rodrigues Suiberto (Acadêmica/Bolsista do Nupélia/DBI) Vanessa de Melo Peres (Estagiária Voluntária/Lab. de Ictioplâncton/Nupélia) Valmir Alves Teixeira (Técnico de Laboratório/Nupélia) Sebastião Rodrigues (Marinheiro fluvial/Nupélia/UEM)
  • 7. AGRADECIMENTOS À Prof. Drª. Carla Simone Pavanelli pelo auxílio na identificação do material coletado. A Jaime Luiz Lopes Pereira pela confecção do mapa e editoração das fotos. A Angelo Henrique Pantoja Agostinho pelo apoio no processamento de dados. À equipe da secretaria, Marcos Antônio de Morais, Marilda Schnaider, Marlyze Corrêa Tenório e Maria Cecília Olher Moreira. À bibliotecária Maria Salete Ribelatto Arita pela normalização da bibliografia.
  • 8. ÍNDICE INTRODUÇÃO......................................................................................... 01 CARACTERIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM... .......... 03 Rio Ivaí.................................................................................................... 05 Estação Tereza Cristina.................................................................... 05 Estação Cândido de Abreu............................................................... 06 Estação Porto Ubá............................................................................ 07 Estação Vila Rural............................................................................07 Estação Floresta................................................................................08 Estação Copacabana......................................................................... 09 Estação Paraíso.................................................................................10 Estação Tapira.................................................................................. 10 Estação Herculândia......................................................................... 12 Estação Pontal do Tigre....................................................................12 Rio Alonso .............................................................................................. 13 Estação São José...............................................................................13 Estação Grandes Rios....................................................................... 14 Rio Corumbataí............................................................................. .......... 15 Estação Corumbataí..........................................................................15 MATERIAL E MÉTODOS............................................................. .......... 16 SÍNTESE DE ESTUDOS ANTERIORES..................................... ........... 22 RESULTADOS.......................................................................................... 25 Coletas de Ictioplâncton............................................................................. 30 Estação Tereza Cristina............................................... .................... 32 Estação Cândido de Abreu............................................................... 33 Estação Grandes Rios........................................................... ........... 36 Estação São José..................................................................... .........38 Estação Porto Ubá.............................................................................40
  • 9. Estação Corumbataí......................................................................... 42 Estação Vila Rural................................................................... ........ 44 Estação Floresta............................................................................... 46 Estação Copacabana.................................................................. ...... 48 Estação Paraíso........................................................................ ........ 50 Estação Tapira.................................................................................. 52 Estação Herculândia................................................................ ........ 54 Estação Pontal do Tigre................................................................... 56 Coletas com redes de arrasto, espera e espinhéis....................................... 58 DISCUSSÃO..................................................... ........................................ 63 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 67 RECOMENDAÇÕES................................................................................ 71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 82 ANEXOS........................................................................................... ........ 88
  • 10. Ictioplâncton do Rio Ivaí 1 INTRODUÇÃO Os impactos causados pelas barragens constituem a maior fonte pontual de interferência humana nos regimes hídricos naturais (AGOSTINHO, 1992). Os represamentos têm como conseqüências inevitáveis alterações na composição específica e na estrutura das comunidades de peixes nativos, sendo que as mais atingidas são aquelas espécies reofílicas. Os impactos sobre as espécies migradoras normalmente resultam da fragmentação do habitat (áreas de desova, alimentação e crescimento) ou do isolamento de segmentos populacionais (redução da heterogeneidade genética). No processo de ocupação do novo ambiente pelas espécies é esperado que ocorra a redução de algumas espécies reofílicas e proliferação de espécies oportunistas. Assim, em reservatórios, onde os impactos negativos sobre a diversidade biológica são decorrências inevitáveis de sua formação, a prática do manejo da fauna aquática visando sua recomposição e manutenção da diversidade deve ser um compromisso permanente da sua administração (AGOSTINHO, 1992). De maneira geral, as espécies que constituem a comunidade ictíica de um rio, podem ser enquadradas em dois grandes grupos: 1) aquelas que cumprem todo o seu ciclo de vida na região, ocorrendo indivíduos em todas as fases de desenvolvimento, e 2) aquelas que cumprem apenas uma fase do seu ciclo de vida na região, utilizando as cabeceiras como área de reprodução e a foz como área de crescimento inicial, ou como áreas temporárias de alimentação e recuperação na fase adulta (VAZZOLER et al., 1997). Assim, numa bacia hidrográfica, para garantir a manutenção do equilíbrio da estrutura populacional da ictiofauna, a condição primária é manter a integridade das áreas de desova e permitir a dispersão dos ovos e larvas dos peixes.
  • 11. Ictioplâncton do Rio Ivaí 2 A identificação precisa das áreas de desovas tem importância fundamental para a implementação de medidas de orientação e proteção destas áreas. Estas informações constituem um dado precioso na fase de inventário, pois fornece subsídios importantes à partição de quedas. Nas fases de estudo de viabilidade e de projeto básico, estes conhecimentos auxiliam na avaliação dos impactos específicos do empreendimento e do detalhamento dos planos e programas ambientais. Além disso, outros conhecimentos, como áreas de reprodução, alimentação e crescimento inicial, também são elementos necessários para uma avaliação dos custos sócios-ambientais associados às diferentes alternativas na escolha do local do eixo da barragem a ser construída. Assim, a posição de um afluente em relação à barragem pode ser decisiva sobre a preservação de grupos de espécies. No rio Ivaí, a escassez de informações acerca dos peixes, particularmente no que se refere às suas organizações em assembléias e mesmo a bionomia, indica urgência de estudos mais detalhados sobre os aspectos básicos da biologia e ecologia das espécies, para que possam ser adotadas medidas atenuadoras dos impactos decorrentes da ação antrópica. Neste sentido, o presente projeto tem grande relevância como uma avaliação. Constitui objetivo deste relatório e do projeto que lhe deu origem (Ictioplâncton da bacia do rio Ivaí/PR), identificar a importância do rio Ivaí no recrutamento de juvenis aos estoques de peixes da região e fornecer evidências preliminares acerca de afluentes ou trechos de rios com importância nesse processo. Procurou-se durante a análise dos resultados, contemplar as abordagens discutidas nos relatórios do Comitê Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico (COMASE- ELETROBRÁS) e apresentados durante os seminários sobre a fauna aquática durante os anos de 1994-95.
  • 12. Ictioplâncton do Rio Ivaí 3 CARACTERIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM A sub-bacia do rio Ivaí cobre 35.845km2 , pertencente ao Estado do Paraná. O curso principal tem extensão de 695km, dirigindo-se de sudeste para noroeste e depois de leste para oeste, entre as altitudes de 1.220 e 227 metros, com desnível total de 893 metros. Suas nascentes são as do rio dos Patos (seu prolongamento natural), próximas à Ignácio Martins na Serra da Boa Esperança, e o rio São João que nasce perto de Bananas (PAIVA, 1982) (Fig. 01) RiodasAntas Rio Ivaí Rio Ivaí Rio Ivaí RioParaná RioParaná RioÁguadoMacaca RiodosÍndios RioLigeiro RioClaro Rib.M ourão Rio Araras Rio Corumbatai Rio Formoso Rio Alonso Lajeadão RioMarrequinhas RioBarraGrande Rio São João RiodosPatos 51º 18 36 ESCALA 54 72 90km PARANÁ PARANÁ MATO GROSSO DO SUL SÃO PAULO SANTA CATARINA PARAGUAI MATOGROSSODOSUL 52º 53º 53º 54º N 54º 23º 23º 24º 24º 25º ESCALA GRÁFICA 0 50 100km RIO PARANÁ RIO PARANAPANEMA PONTAL DO TIGRE HERCULÂNDIA TAPIRA PARAÍSO FLORESTA VILA RURAL GRANDES RIOS SÃO JOSÉ COPACABANA CORUMBATAÍ PORTO UBÁ TEREZA CRISTINA CÂNDIDO DE ABREU Figura 01 – Localização das estações de amostragem. Os principais afluentes do rio Ivaí de montante para jusante, são: margem direita – rio Ubazinho, rio Alonso, rio Bom, ribeirão Keller, rio Bandeirantes do Sul e rio Anhuma; margem esquerda – rio Marrecas, rio
  • 13. Ictioplâncton do Rio Ivaí 4 Marrecazinho, rio da Bulha, rio Corumbataí, rio Mourão, rio Ligeiro, rio dos Índios, rio Tapiracuí e rio das Antas. O trecho amostrado compreendeu a região do alto rio Ivaí até a sua foz. Para o presente estudo, foram determinadas 13 estações de amostragem, distribuídas ao longo dos rios Ivaí (10 estações), Alonso (2 estações) e Corumbataí (1 estação) (Tab. 1). Tabela 01 - Relação das estações de amostragens em função de sua localização. Subáreas Número Estações Alto Ivaí 01 Tereza Cristina 02 Cândido de Abreu 03 Grandes Rios (Alonso) 04 São José (Alonso) 05 Porto Ubá 06 Corumbataí (Corumbataí) 07 Vila Rural Médio Ivaí 08 Floresta 09 Copacabana 10 Paraíso 11 Tapira Baixo Ivaí 12 Herculândia 13 Pontal do Tigre As subáreas demarcadas ao longo do rio Ivaí foram baseadas nas descrições de PAIVA (1982) conforme segue: Ivaí superior – das nascentes do rio dos Patos (Km 74) até a confluência com o rio São João (Km 0), com 74Km de extensão e desnível de 542m; Alto Ivaí – da confluência dos rios dos Patos e São João (Km 621) até a foz do rio Bandeirantes do Sul (Km 228), com 393Km de extensão e 309 metros de desnível;
  • 14. Ictioplâncton do Rio Ivaí 5 Médio Ivaí – da foz do rio Bandeirantes do Sul (Km 228) até 2,5Km abaixo do ribeirão Taquara e Córrego do Horácio (Km 60), com 168Km de extensão e 37m de desnível; Baixo Ivaí – desde o Km 60 até sua foz (Km 0), com 60Km de extensão e desnível de 5m. Descrição das estações de amostragem Rio Ivaí: Tereza Cristina (Fig. 2): Estação localizada nas proximidades da balsa que liga o distrito de Tereza Cristina, pertencente ao município de Cândido de Abreu, ao município de Prudentópolis. Figura 2 – Estação de amostragem Tereza Cristina localizada no rio Ivaí. No trecho amostrado o rio apresenta largura de 78 metros, profundidade média de 1,39m e velocidade média de corrente 0,8914m/s. As
  • 15. Ictioplâncton do Rio Ivaí 6 margens são muito íngremes em ambos os lados; a vegetação é composta de gramíneas, árvores e arbustos. Apresenta um despraiado logo abaixo da desembocadura do rio Ivaizinho (nome local) e uma ilha no centro do rio a qual divide o canal em dois, seu fundo é pedregoso com muito cascalho rolado (seixo). A atividade principal nas encostas é a pecuária. Cândido de Abreu (Fig. 3): Localizada próximo a ponte que liga os municípios de Cândido de Abreu e Manoel Ribas. No local de amostragem o rio apresenta largura média de 159 metros, profundidade média de 4 metros e velocidade média de 0,2761m/s. Figura 3 – Estação de amostragem Cândido de Abreu localizada no rio Ivaí. As margens são íngremes, com vegetação arbórea e arbustiva em uma pequena faixa de aproximadamente 15 metros. Nos morros ocorre predomínio de mata nativa e nas encostas a pecuária é a atividade principal.
  • 16. Ictioplâncton do Rio Ivaí 7 Porto Ubá (Fig. 4): Situada entre os municípios de Faxinal e Jardim Alegre na localidade chamada Porto Ubá, abaixo da ponte que liga estes dois municípios. O rio neste trecho apresenta largura de 144 metros, a profundidade média é de 6,62m e a velocidade média de corrente de 0,1631m/s. As margens neste ponto são menos íngremes com uma faixa de aproximadamente 20 metros de vegetação arbórea-arbustiva; nas encostas predomina o cultivo de milho e em alguns locais a pecuária. Figura 4 – Estação de amostragem Porto Ubá localizada no rio Ivaí. Vila Rural (Fig. 5): Localizada no município de Fênix, aproximadamente 5Km abaixo da confluência com o rio Corumbataí, na estrada Vila Rural deste município. A água apresenta muitos remansos com somente um local onde a água é corrente, neste ponto o rio apresenta largura de 340 metros, profundidade média de 4,25m, velocidade média de corrente de 0,3853m/s e fundo rochoso. As margens são pouco íngremes cobertas por
  • 17. Ictioplâncton do Rio Ivaí 8 uma estreita faixa de vegetação arbórea-arbustiva (15 metros). Nas encostas da margem esquerda predomina o cultivo de soja, e na direita existe uma reserva de mata aparentemente nativa. Figura 5 – Estação de amostragem Vila Rural localizada no rio Ivaí. Floresta (Fig. 6): Localizada entre os municípios de Floresta e Ivailândia, aproximadamente 5Km abaixo da ponte. A estação localiza-se a 500 metros abaixo do salto Bananeiras, cuja transposição por peixes é possível com águas altas. As águas são rápidas com velocidade de 0,2246m/s. O rio apresenta várias ilhas, sendo sua largura aproximadamente de 173m e profundidade média de 11,67m. As margens são pouco íngremes e as ilhas são cobertas por árvores, arbustos e gramíneas.
  • 18. Ictioplâncton do Rio Ivaí 9 Figura 6 – Estação de amostragem Floresta localizada no rio Ivaí. Copacabana (Fig. 7): Situada no distrito de Copacabana do Norte, aproximadamente 10Km abaixo da desembocadura do rio Ligeiro, no município de São Jorge do Ivaí. Nesta área o rio apresenta largura de 205m, profundidade média de 4,62m e velocidade média de corrente é de 0,4900m/s. As margens muito íngremes são de difícil acesso, sendo cobertas de gramíneas, e acima do platô ocorrem algumas árvores na margem esquerda, enquanto na direita existe uma grande reserva de floresta nativa. A atividade na encosta da margem esquerda é predominantemente o cultivo de soja.
  • 19. Ictioplâncton do Rio Ivaí 10 Figura 7 – Estação de amostragem Copacabana localizada no rio Ivaí. Paraíso (Fig. 8): Localizada entre os municípios de Paraíso do Norte e Rondon aproximadamente 1Km acima da ponte que liga estes dois municípios. O rio neste trecho apresenta largura de 190 metros e profundidade média de 4,97m, sendo que a velocidade média da água foi de 0,6148 m/s. As margens íngremes são tomadas de gramíneas, alguns arbustos e poucas árvores. Nas encostas predomina o cultivo de soja e em alguns locais a pecuária. Tapira (Fig. 9): Situada entre os municípios de Santa Mônica e Tapira, aproximadamente 5Km abaixo da balsa de Tapira. O rio apresenta neste trecho largura de 150 metros, a profundidade média é de 3,94m e a velocidade média da água de 0,9160m/s. As margens íngremes são tomadas
  • 20. Ictioplâncton do Rio Ivaí 11 por gramíneas e vegetação arbustiva, não apresentando mata ciliar. As encostas são ocupadas exclusivamente com pecuária. Figura 8 – Estação de amostragem Paraíso localizada no rio Ivaí. Figura 9 – Estação de amostragem Tapira localizada no rio Ivaí.
  • 21. Ictioplâncton do Rio Ivaí 12 Herculândia (Fig. 10): Localiza-se entre os municípios de Querência do Norte e Ivaté, próximo a balsa São Marcos. O rio apresenta largura de 146m, profundidade média de 6,08m e velocidade média de corrente de 0,5850m/s. As margens íngremes apresentam pequena faixa de vegetação marginal bastante impactada. Na encosta da margem esquerda o predomínio é de pecuária, e na direita o cultivo de soja. Figura 10 – Estação de amostragem de Herculância localizada no rio Ivaí. Pontal do Tigre (Fig. 11): Situada entre os municípios de Querência do Norte e Icaraíma aproximadamente 500 metros acima da foz do rio Ivaí no rio Paraná, em uma localidade denominada de Porto Novo. A água apresenta baixa velocidade, sendo a largura do rio de 282m, a profundidade média de 7,94m e a velocidade média de 0,2684m/s. O fundo é lodoso e as margens são cobertas principalmente por gramíneas e alguns arbustos. Não apresenta vegetação nativa e nenhum indício de conservação.
  • 22. Ictioplâncton do Rio Ivaí 13 Figura 11 – Estação de amostragem de Pontal do Tigre localizada no rio Ivaí. Rio Alonso São José (Fig. 12): Situada entre os municípios de Grandes Rios e Faxinal, nos fundos da Fazenda São José, em um local denominado “Poço da mulher”. O rio é muito encaixado com largura de 28,0m, profundidade média de 1,62m e velocidade média de corrente de 0,9901m/s. As margens muito íngremes são cobertas por mata nativa, sendo que a esquerda apresenta pequena faixa ocupada por este tipo de vegetação, enquanto na direita esta área é bem mais extensa. A pecuária é a atividade dominante na região.
  • 23. Ictioplâncton do Rio Ivaí 14 Figura 12 – Estação de amostragem São José localizada no rio Alonso. Grandes Rios (Fig. 13): Localizada no município de Grandes rios acima da ponte que liga este município à Faxinal. Apresenta profundidade de 1,68m e largura de 70,5m, velocidade média da corrente é 0,4693m/s e o fundo lodoso. O rio encaixado com margens muito íngremes cobertas por mata nativa e uma plantação de eucalipto, sendo uma grande faixa nas encostas ocupada por vegetação. A atividade predominante é a pecuária.
  • 24. Ictioplâncton do Rio Ivaí 15 Figura 13 – Estação de amostragem Grandes Rios localizada no rio Alonso. Rio Corumbataí Corumbataí – (Fig. 14): Localizada entre os municípios de Fênix e São João do Ivaí, aproximadamente 2Km acima da foz do rio Corumbataí, no local denominado recanto dos magnatas. A água é bastante represada com somente um ponto de correnteza. Neste trecho o rio apresenta largura de 79,0m, profundidade média de 1,42m e velocidade de corrente de 0,2043m/s. As margens bem íngremes são tomadas de vegetação, sendo a direita com gramíneas e arbustos e a esquerda por uma reserva de mata nativa.
  • 25. Ictioplâncton do Rio Ivaí 16 Figura 14 – Estação de amostragem Corumbataí localizada no rio Corumbataí. MATERIAL E MÉTODOS As coletas foram realizadas no período de 11 a 31 de janeiro de 1999, nas 13 estações de amostragem acima descritas. Para a coleta de ovos e larvas foram utilizadas redes de plâncton cônico-cilíndricas de malhagem 0,5mm com área de boca de 0,06605m2 , fixadas a um cabo estendido perpendicularmente à superfície da água, sendo uma rede de superfície (Fig. 15) e uma de fundo (Fig. 16) em cada margem e no centro das estações (Fig. 17). Na estação Pontal do Tigre, devido a baixa velocidade de fluxo, as amostragens foram realizadas arrastando-se as redes com o barco à baixa velocidade. Na estação Vila Rural, em virtude da grande largura do rio, a coleta foi realizada com o barco ancorado. Todas as redes foram equipadas com fluxômetro para a obtenção do volume de água filtrada.
  • 26. Ictioplâncton do Rio Ivaí 17 As coletas foram realizadas durante 24 horas com intervalos 3 horas entre as amostragens, sendo as redes expostas durante 30 minutos em todas as estações com exceção de Vila Rural e Pontal do Tigre. Na estação Vila Rural a duração da amostragem foi de 15 minutos para cada margem e centro e na estação Pontal do Tigre foi de 10 minutos. As amostras de plâncton coletadas foram acondicionadas em frascos de polietileno e fixadas em formol a 4% tamponado com carbonato de cálcio. No laboratório, os ovos e larvas foram separados do restante do plâncton sob microscópio-esteroscópio em aumento de 10 vezes, sobre placa de acrílico do tipo Bogorov. As amostras de ovos e larvas foram padronizadas para um volume de 10m3 de água filtrada, utilizando-se a seguinte equação: Y = (X/V).10 onde: Y = número de ovos ou larvas por 10m3 ; X = número de ovos ou larvas coletados; V = volume de água filtrada. Para o cálculo do volume de água filtrada utilizou-se a seguinte fórmula: V = a.r.f. onde V = volume de água filtrada (m3 ); a = área da boca da rede (m2 ); r = número de rotações do fluxômetro; f = fator de calibração do fluxômetro (0,026873). A densidade de deriva de ovos e larvas foi obtida através da equação:
  • 27. Ictioplâncton do Rio Ivaí 18 D = C/B onde: D = densidade relativa de ovos ou larvas; C = número total de ovos ou larvas capturados; B = número de amostras positivas (considerou-se amostras positivas aquelas onde foram verificadas capturas de ovos ou larvas). Em todas as estações foram tomadas as medidas de velocidade da água através de Molinete hidrométrico e de fluxômetro General Oceanics. Para cada estação foi realizada batimetria onde foram obtidos a largura do rio e profundidade (tomados dez valores) para a obtenção da área. Figura 15 - Draga utilizada para amostragem do ictioplâncton no fundo.
  • 28. Ictioplâncton do Rio Ivaí 19 Figura 16 - Rede cônico-cilindrica utilizada nas amostragens de ictioplâncton na superfície da água.
  • 29. Ictioplâncton do Rio Ivaí 20 Figura 17 – Esquema de instalação das redes estacionárias. Para coleta de peixes adultos e juvenis, foram instaladas em todas as estações baterias de redes de 10 metros de comprimento, sendo que as malhas simples foram 6, 7, 8, 9, 10, 12, 14, 16 e as de três malhos 6, 7 e 8, bem como espinhel com 30 anzóis iscados com isca viva. O período de exposição destes equipamentos foi de 24 horas com coletas ao entardecer e amanhecer. Exceto nas estações Cândido de abreu, Grandes rios e São José foram efetuados também arrastos noturnos com redes de arrastos de 5mm de abertura de malha e com 20 metros de comprimento. Para os exemplares capturados nas redes de espera, espinhel e arrasto foram realizadas as seguintes observações: comprimento padrão, sexo, estágio de desenvolvimento gonadal, turno e equipamento de captura, bem como local de coleta. Para a análise do desenvolvimento gonadal dos
  • 30. Ictioplâncton do Rio Ivaí 21 indivíduos adultos utilizou-se a classificação proposta por VAZZOLER (1971). Após a separação dos ovos e das larvas do restante do plâncton as larvas foram identificadas de acordo com a técnica de seqüência de desenvolvimento proposta por AHLSTROM & MOSER (1976) e com base no manual de identificação de ovos e larvas de peixes de água doce brasileiros (FUEM/ELETROBRÁS, 1998). A diversidade específica (H’) em cada estação de amostragem foi determinada utilizando-se o índice de Shannon-Wiener, que baseia-se na teoria da informação, e, é descrito pela equação: H’ = -  Ni/N.log2Ni/N, onde Ni é o número de indivíduos da espécie i, e N é o número total de indivíduos (PIELOU, 1975). A uniformidade ou equitabilidade (E), componente da diversidade, foi avaliada através da equação E = H’/Hmáx; onde: H’ é a diversidade de Shannon e Hmáx a diversidade sob condição máxima de uniformidade (PIELOU, 1966). Durante o período foram obtidas amostras de água através de garrafa de Van Dorn, para a determinação de parâmetros limnológicos referentes às características físicas (temperatura) e químicas (pH, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido). Os valores de temperatura foram obtidos através de termômetro comum com bulbo de mercúrio e seus valores expressos em graus celcius. Os valores de pH e condutividade elétrica foram determinados em laboratório de campo através de pHmêtro e condutivímetro portáteis (valores expressos em µS/cm). O oxigênio dissolvido foi determinados através de oxigenômetro portátil, e os valores expressos em mg/l.
  • 31. Ictioplâncton do Rio Ivaí 22 SÍNTESE DE ESTUDOS ANTERIORES Período: outubro de 1991 a janeiro de 1992 e outubro de 1994 a janeiro de 1995 (FUEM/Itaipu Binacional, 1995). Durante o período de 1991/1992 e 1994/1995, foram amostradas os rios Ivinhema, Amambai, Iguatemi, Ivaí, Piquiri, Paraná e o Reservatório de Itaipu, onde foram coletados um total de 103.060 indivíduos; 68.358 ovos (66,33%), 31.399 larvas (30,47%) e 3.303 juvenis/adultos (3,20%). A maior freqüência de captura de ovos, foi no rio Ivaí com 29,83%, seguido do Amambai com 24,70%, e para larvas, os rios Ivaí e Paraná com 39,33 e 19,78%, respectivamente. O rio Paraná foi responsável pela maior captura de juvenis/adultos, com 66,45%, seguido do Ivaí, com 18,35% (Fig. 18). IVI AMA IGU IVA PIQ PAR RES 0 20 40 60 80 100 Freqüência(%) ovos larvas juv/adultos Figura 18 – Ocorrência de ovos, larvas e juvenis/adultos nos rios Ivinhema (IVI), Amambai (AMA), Iguatemi (IGU), Ivaí (IVA), Piquiri (PIQ), Paraná (PAR) e Reservatório de Itaipu (RES) pertencentes a bacia do rio Paraná, capturados durante os períodos de outubro de 1991 a janeiro de 1992 e outubro de 1994 a janeiro de 1995 (Fonte: FUEM/Itaipu Binacional, 1995). Durante amostragens realizadas no rio Ivaí no período de outubro de 1994 a janeiro de 1995, foram capturados 3.224 ovos, 1319 larvas e 212 juvenis. Do total de ovos obtidos neste período, a estação Tapira
  • 32. Ictioplâncton do Rio Ivaí 23 foi responsável pela maior captura com 56,9%, seguida das estações Pontal do Tigre (24,4%) e Bananeira (18,7%). Com relação as larvas, as maiores ocorrências foram verificadas na estação Pontal do Tigre com 72,0%, seguida da estação Tapira (16,2%) e Bananeira (11,7%). A estação Pontal do Tigre foi a responsável também pela maior captura de juvenis/adultos com 96,7%, sendo que nas demais estações as freqüências mantiveram-se abaixo de 2% (Fig. 19). BAN 18,7% TAP 56,9% TIG 24,4% BAN 1,9% TAP 1,4% TIG 96,7% BAN 11,8% TAP 16,2% TIG 72,0% A C B Figura 19 – Freqüência de A) ovos, B) larvas e C) juvenis/adultos capturados nas estações Bananeira (BAN), Tapira (TAP) e Pontal do Tigre (TIG) localizadas no rio Ivaí, durante o período outubro de 1994 a janeiro de 1995. Analisando globalmente os dados do período 94/95 para o rio Ivaí, constatamos que as maiores capturas de ovos ocorreram nos meses de outubro e janeiro com 8,84 e 6,98 ovos/10m³, respectivamente, enquanto que para larvas as maiores densidades foram verificadas em janeiro com 4,63 ind/10m³, e outubro com 4,54 ind/10m³. Observamos um padrão de redução na densidade de ovos e larvas de outubro para novembro, com aumento em dezembro e janeiro. Em todos os meses os ovos foram capturados em maiores densidades que as larvas (Fig. 20).
  • 33. Ictioplâncton do Rio Ivaí 24 OUT NOV DEZ JAN 0 2 4 6 8 10 Ind/10m³ OVOS LARVAS Figura 20 – Densidades relativas mensais de ovos e larvas de peixes capturados no rio Ivaí, no período de outubro de 1994 a janeiro de 1995. Com relação à composição ictiofaunística encontrada no plâncton, foram identificados 27 grupos taxonômicos (Fig. 21), sendo os mais capturados Auchenipterus nuchalis, Pimelodinae, Rhamdia quelen, Bryconamericus stramineus. Neste período podemos destacar a captura de várias espécies de peixes migradores, entre elas, Pseudoplatystoma corruscans, Salminus maxillosus, Sorubim lima, Astyanax sp., Leporinus spp. e ainda os Pimelodinae e Anostomidae, que incluem os mandis e outros piaus.
  • 34. Ictioplâncton do Rio Ivaí 25 A. nuchalis Pimelodinae R. quelen B. stramineus A. affinis Hypostomus sp Anostomidae P. corruscans H. malabaricus R. vulpinus I. labrosus G. carapo N. schubart A. albifrons S. maxillosus R. paranensis Paravendelia sp Loricaria sp S. lima L. platymetopon P. gobioides Pimelodus spp S. marginatus Cheirodon sp Characiformes Siluriformes Gymnotiformes Recém-eclodidas 0 5 10 15 20 25 30 Freqüência (%) Hypostomussp. Pimelodusspp. Paravandelliasp. Loricariasp. Cheirodonsp. Figura 21 – Grupos taxonômicos capturados no rio Ivaí durante o período de outubro de 1994 a janeiro de 1995 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). RESULTADOS Janeiro de 1999 Durante o mês de janeiro de 1999 foram capturadas 81 espécies de larvas, jovens e adultos de peixes, distribuídas em 24 famílias. O enquadramento taxonômico é apresentado a seguir, segundo chaves propostas por BRITSKI (1972), GÉRY (1977), Itaipu Binacional (1981) e BRITSKI et al. (1988).
  • 35. Ictioplâncton do Rio Ivaí 26 Classe CHONDRICHTHYES Sub-Classe ELASMOBRANCHII Super ordem HYPOTREMATA Ordem RAJIFORMES Família POTAMOTRYGONIDAE Potamotrygon motoro - "raia" Potamotrygon sp. - "raia" Classe OSTEICHTHYES Ordem CHARACIFORMES Subordem CHARACOIDEI Família CHARACIDAE Subfamília TETRAGONOPTERINAE Astyanax bimaculatus - "lambari" Astyanax fasciatus - "lambari" Astyanax sp. - "lambari" Bryconamericus stramineus - "pequira" Bryconamericus sp. - "pequira" Hemigrammus marginatus - "lambari" Piabina argentea - "piaba" Subfamília CHEIRODONTINAE Aphyocharax nasutus - "piqui" Cheirodon sp. - "pequira" Subfamília GLANDULOCAUDINAE Planaltina cf. myersi Subfamília ACESTRORHYNCHINAE Acestrorhynchus lacustris - " peixe-cachorro" Subfamília CYNOPOTAMINAE Galeocharax knerii - "peixe-cadela" Subfamília CHARACINAE Roeboides paranensis - "dentudo" Subfamília SERRASALMINAE Serrasalmus marginatus - "piranha" Serrasalmus spilopleura - "piranha"
  • 36. Ictioplâncton do Rio Ivaí 27 Subfamília MYLEINAE Myloplus cf. tiete - "pacu-prata" Família ANOSTOMIDAE Leporinus amblyrhynchus - "canivete" Leporinus friderici - "piau" Leporinus obtusidens - "piau" Leporinus octofasciatus - "ferreirinha" Leporinus sp. - "piau" Schizodon altoparanae - "piava" Schizodon borellii - "piava" Schizodon knerii - "piau" Família PARODONTIDAE Apareiodon affinis - "canivete" Apareiodon piracicabae - "canivete" Família CURIMATIDAE Steindachnerina insculpta - "saguiru" Família PROCHILODONTIDAE Prochilodus lineatus - "curimba" Família ERYTHRINIDAE Hoplias aff. malabaricus - "traíra" Família CYNODONTIDAE Rhaphiodon vulpinus - "dourado-cachorro" Ordem SILURIFORMES Subordem GYMNOTOIDEI Família GYMNOTIDAE Gymnotus carapo - "morenita" Família STERNOPYGIDAE Eigenmania sp. - "tuvira" Sternopygus macrurus - "sarapó" Família APTERONOTIDAE Apteronotus albifrons - "ituí-cavalo" Porotergus ellisi Sternarchorhyncus sp.
  • 37. Ictioplâncton do Rio Ivaí 28 Família RHAMPHICHTHYDAE Rhamphichtys rostratus - "peixe-espada" Subordem SILUROIDEI Família DORADIDAE Pterodoras granulosus - "armado" Trachydoras paraguayensis - "armadinho" Família AUCHENIPTERIDAE Auchenipterus nuchalis - "surumanha" Parauchenipterus galeatus - "cangati" Tatia neivai - "jundiá" Glanidium cf. cesarpintoi Família AGENEIOSIDAE Ageneisosus ucayalensis - "manduvê" Ageneiosus cf. valenciennesi - "manduvê" Família CETOPSIDAE Pseudocetopis gobioides - "candiru" Família PIMELODIDAE Subfamília PIMELODINAE Iheringichthys labrosus - "mandi" Nannorhamdia schubarti - "bagre" Pimelodella sp. - "chorão" Pimelodus maculatus - "mandi" Pimelodus ornatus - "mandi" Pimelodus fur - "mandi" Pimelodus paranensis - "mandi" Pimelodus sp. "mandi" Pseudopimelodus mangurus - "bagre-sapo" Pariolius sp. Rhamdia quelen - "bagre" Subfamília SORUBIMINAE Hemisorubim platyrhynchos - "jurupoca" Pseudoplatystoma corruscans - "pintado" Sorubim lima - "chinelo" Steindachneridion scripta - "sorubim" Subfamília LUCIOPIMELODINAE Pinirampus pirinampu - "barbado"
  • 38. Ictioplâncton do Rio Ivaí 29 Família HYPOPHTHALMIDAE Hypophthalmus edentatus - "mapará" Família TRICHOMYCTERIDAE Paravandellia sp. - "candiru" Trichomycterus sp. - "candiru" Família CALLICHTHYIDAE Corydoras sp. - "coridoras" Hoplosternum littorale - "tamboatá" Família LORICARIIDAE Loricariichthys platymetopon - "cascudo-chinelo" Rineloricaria sp. - "cascudo" Subfamília HYPOPTOPOMATINAE Isonotus sp. - "cascudo" Subfamília PLECOSTOMINAE Hypostomus aff. derbyi - "cascudo" Hypostomus sp. - "cascudo" Hypostomus sp.1 - "cascudo" Hypostomus sp.2 - "cascudo" Megalancistrus aculeatus - "cascudo-abacaxi" Subfamília LORICARIINAE Loricaria sp. - "cascudo-chinelo" Super Ordem ACANTHOPTERYGII Ordem SYNBRANCHIFORMES Família SYNBRANCHIDAE Synbranchus marmoratus - "mussum" Ordem PERCIFORMES Subordem PERCOIDEI Família SCIAENIDAE Plagioscion squamosissimus - "curvina" Família CICHLIDAE Crenicichla britskii - "joaninha" Geophagus brasiliensis - "cará"
  • 39. Ictioplâncton do Rio Ivaí 30 Coletas no Plâncton Durante o período de 10 a 31 de janeiro de 1999, foram coletados com redes de plâncton 28.208 ovos e 3.638 larvas. A região do alto rio Ivaí foi responsável pela maior captura de ovos (91%) e de larvas (90,7%), seguido do médio e baixo que apresentaram aproximadamente a mesma freqüência de captura, tanto de ovos quanto de larvas (Fig. 22). As maiores densidades de ovos foram verificadas nas estações Vila Rural (38,78 ovos/10m³), seguida das estações Tereza Cristina (36,80 ovos/10m³) e Corumbataí (24,96 ovos/10m³). Com relação as larvas, as maiores densidades são observadas nas estações Cândido de Abreu, com 37,11 ind/10m³, seguida das estações Tereza Cristina e Grandes Rios com 2,72 e 1,96 ind/10m³, respectivamente. Na maior parte das estações foram verificadas maiores densidades de ovos, exceto nas estações Cândido de Abreu, Herculândia e Pontal do Tigre (Fig. 23). Alto 98,6% Médio 1,3% Baixo 0,1% Alto 90,7% Médio 4,9% Baixo 4,4% Figura 22 – Freqüência de A) ovos e B) larvas de peixes, nas diferentes regiões do rio Ivaí.
  • 40. Ictioplâncton do Rio Ivaí 31 T. Cristina C. Abreu G. Rios S. José P. Ubá Corumbataí V. Rural Floresta Copacabana Paraíso Tapira Herculândia P. Tigre 010203040 0 10 20 30 40 ovos larvas Ind/10m3 Figura 23 – Densidade de ovos e larvas de peixes verificados nas 13 estações de amostragens localizadas no rio Ivaí. Quando comparamos as densidades de captura observadas em janeiro de 1995 e janeiro de 1999 nas estações Bananeira, Tapira e Pontal do Tigre, verificamos que houve uma redução acentuada na captura de ovos e larvas nessas três estações de amostragem (Fig. 24). BAN95 BAN99 TAP95 TAP99 TIG95 TIG99 04812 0 4 8 12 ovos larvas Ind/10m3 Figura 24 – Densidades de ovos e larvas de peixes verificados em janeiro de 1995 (Fonte: FUEM/Itaipu Binacional, 1995) e janeiro de 1999.
  • 41. Ictioplâncton do Rio Ivaí 32 Estação Tereza Cristina: Foram coletados nesta estação 21.674 ovos e 1.869 larvas. Tanto ovos como larvas foram capturados em todos os horários de amostragem, sendo que as densidades de ovos geralmente foram maiores que as de larvas (Fig. 25A e B). Na maioria dos horários os ovos foram 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3                15 25 35 45 temperatura              4 5 6 7 8 pH             40 60 80 100 mS/cm                9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B E F D C sup fun Figura 25 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Tereza Cristina nos dias 12 e 13 de janeiro de 1999.
  • 42. Ictioplâncton do Rio Ivaí 33 capturados em maiores densidades no fundo, exceção feita às 12:00, 15:00 e 0:00 horas. As maiores densidades de ovos na superfície foram verificadas às 0:00 e 21:00 com 92,25 e 75,52 ovos/10m3 , respectivamente, enquanto que no fundo foram verificadas as maiores densidades às 21:00 (172,77 ovos/10m³) e às 9:00, com 39,25 ovos/10m³. Em todos os horários de coleta, a captura de larvas foi maior na superfície, sendo as maiores densidades verificadas às 9:00 e às 15:00 horas com 7,88 e 6,09 ind/10m³, respectivamente. Enquanto para ovos as maiores densidades são verificadas a noite, para larvas estas ocorreram, principalmente, durante o dia. Os valores das variáveis não apresentaram diferenças entre superfície e fundo, porém ao longo da coleta a temperatura da água variou entre 20,0 e 25,7ºC; o pH entre 6,55 e 7,11; a condutividade elétrica apresentou valores entre 45 e 69µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 8,08 e 9,46mg/l (Fig. 25C, D, E e F). Nesta estação foram identificados 19 grupos taxonômicos, sendo que as maiores freqüências foram de P. coruscans (41,94%), Pimelodinae (34,85%) e Bryconamericus stramineus (2,28%) (Fig. 26). Entre as espécies capturadas podemos destacar que 7 grupos são de espécies migradoras. Estação Cândido de Abreu: Nesta estação foram coletados 287 ovos e 912 larvas. Ambos ocorreram em todos os horários, sendo que as larvas foram capturadas em maiores densidades. Durante todo o período os ovos foram mais capturados no fundo, sendo que as maiores densidades na superfície foram verificadas no período noturno, com pico à 21:00 (7,86 ovos/10m³), enquanto que no
  • 43. Ictioplâncton do Rio Ivaí 34 Tereza Cristina P. corruscans Pimelodinae A. affinis B. stramineus R. quelen T. neivae H. malabaricus L.platymetopom Anostomidae C. aneus G. brasiliensis G. carapo Trychomicterus sp. P. gobioides S. spilopleura N. schubarti Siluriformes Characiformes Gymnotiformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Trychomicterus sp. Figura 26 – Freqüência de captura para os diferentes grupos taxonômicos encontrados na estação Tereza Cristina, nos dias 12 e 13 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). fundo as maiores densidades foram observadas no período diurno, com pico às 9:00 e 12:00 horas, com 23,95 e 18,42 ovos/10m³, respectivamente (Fig. 27A). Assim como os ovos, as maiores densidades de larvas foram verificadas no fundo em todos os horários. Na superfície, foram observadas maiores densidades à noite, com pico às 3:00 (5,19 ind/10m³). No fundo foram verificadas maiores densidades no período noturno, com pico às 0:00 e 21:00 horas (119,91 e 110,14 ind/10m³, respectivamente) (Fig. 27B). Os valores de temperatura da água oscilaram entre 20,7 e 26,9ºC, o pH entre 6,71 e 7,10 e a condutividade elétrica apresentou valores entre 39 e 51µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,42 e 8,86mg/l (Fig. 27C, D, E e F).
  • 44. Ictioplâncton do Rio Ivaí 35 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3                15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH              20 50 80 110 mS/cm                9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B C D E F sup fun Figura 27 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Cândido de Abreu nos dias 13 e 14 de janeiro de 1999. Nesta estação foram encontrados 12 grupos taxonômicos (Fig. 28), destacando-se Pimelodinae com 87,66%, seguido de P. coruscans (1,91%) e Characiformes (1,35%), podemos observar ainda que foram capturados 8 grupos aos quais pertencem espécies migradoras, representando 30% dos grupos capturados.
  • 45. Ictioplâncton do Rio Ivaí 36 Pimelodinae P. corruscans A. affinis Bryconamericus sp Anostomidae Astyanax spp B. stramineus Hypostomus spp S. marmoratus Leporinus spp Characiformes Siluriformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Byconamericussp. Astyanaxspp. Hypostomusspp. Leporinusspp. Figura 28 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Cândido de Abreu nos dias 13 e 14 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Grandes Rios: Durante o período amostrado foram capturados 1.485 ovos e 349 larvas. Em quase todos os horários, foram verificadas maiores densidades tanto de ovos como de larvas no fundo, exceto às 12:00 e 18:00 horas, quando somente foram capturados ovos na superfície. Para a superfície o maior pico de captura de ovos ocorreu às 9:00, com 13,68 ovos/10m³, enquanto para o fundo as maiores capturas deram-se no período noturno, com pico às 6:00 (41,22 ovos/10m3 ) e 3:00 (29,88 ovos/10m³)(Fig. 29A). Para larvas as maiores capturas ocorreram no período diurno, sendo o horário de maior captura às 15:00 horas tanto para superfície como fundo, com 2,29 e 4,78 ind/10m³, respectivamente (Fig. 29B).
  • 46. Ictioplâncton do Rio Ivaí 37 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3               15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH                20 50 80 110 mS/cm                 9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B C D E F sup fun Figura 29 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Grandes Rios nos dias 15 e 16 de janeiro de 1999. Os valores de temperatura da água variaram entre 23,2 e 27,6ºC, o pH entre 7,04 e 7,31 e a condutividade elétrica apresentou valores entre 64 e 85µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,90 e 8,78mg/l (Fig. 29C, D, E e F).
  • 47. Ictioplâncton do Rio Ivaí 38 Foram identificados nesta estação 9 grupos taxonômicos, sendo que Pimelodinae foi capturado com maior freqüência, seguido de P. coruscans e Characiformes. 8 destes nove grupos apresentam indivíduos migradores. Entre os grupos encontrados, 66,46% são larvas recém- eclodidas, o que denota a proximidade deste local com alguma área de desova (Fig. 30). Pimelodinae P. corruscans R. quelen Anostomidae T. neivae A. affinis B. stramineus Characiformes Siluriformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 30 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, capturados na estação Grandes Rios nos dias 15 e 16 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação São José: Nesta estação foram coletados 1.036 ovos e 79 larvas. Na maioria dos horários, a captura de ovos e de larvas foi maior no fundo. Tanto para superfície como fundo, elevadas densidades de ovos foram verificadas no período noturno, sendo as maiores capturas observadas na superfície às 6:00 (5,02 ovos/10m³), e no fundo às 3:00 (9,56 ovos/10m³)(Fig. 31A). Para as larvas a maior captura na superfície ocorreu no período noturno, sendo o pico de captura às 21:00, com 0,46 ind/10m³, enquanto no fundo as maiores
  • 48. Ictioplâncton do Rio Ivaí 39 densidades são observadas durante o dia, com maior captura às 9:00 horas, com 1,11 ind/10m³ (Fig. 31B). 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,01 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH              20 50 80 110 mS/cm                9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B C D E F sup fun Figura 31 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação São José nos dias 16 e 17 de janeiro de 1999. Os valores de temperatura da água variaram entre 24,3 e 27,0ºC, o pH entre 7,23 e 7,60 e a condutividade elétrica apresentou valores entre 92 e 109µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,09 e
  • 49. Ictioplâncton do Rio Ivaí 40 8,42mg/l (Fig. 31C, D, E e F). Os valores destas variáveis não apresentaram diferenças entre a superfície e fundo. Nesta estação foram identificados 10 grupos taxonômicos, sendo que Pimelodinae apresentou a maior freqüência com 16,05%, seguido de P. coruscans (11,11%) e B. stramineus (9,88%). As larvas recém- eclodidas somaram 23,22%. Dentre estes grupos 70% são de espécies migradoras (Fig. 32). Pimelodinae P. corruscans B. stramineus A. nuchalis T. neivae R. quelen A. affinis Anostomidae Characiformes Siluriformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 32 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação São José nos dias 16 e 17 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Porto Ubá: Nesta estação foram registrados apenas 53 ovos e 5 larvas, sendo que estes ocorreram somente em alguns horários do turno da noite. As maiores densidades de ovos foram verificadas no fundo, enquanto que as larvas foram capturadas somente na superfície. As maiores densidades de ovos foram verificadas às 0:00 horas tanto para a superfície (2,51
  • 50. Ictioplâncton do Rio Ivaí 41 ovos/10m³) como o fundo (19,52 ovos/10m³)(Fig. 33A). A maior captura de larvas ocorreu às 3:00 horas, com 0,47 ind/10m³ (Fig. 33B). A temperatura da água variou entre 24,2 e 27,8ºC, o pH entre 7,35 e 7,65 e a condutividade elétrica apresentou valores entre 61 e 69µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,68 e 8,40mg/l (Fig. 33C, D, E e F). 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH              20 50 80 110 mS/cm                9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B C D E F sup fun Figura 33 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Porto Ubá nos dias 17 e 18 de janeiro de 1999.
  • 51. Ictioplâncton do Rio Ivaí 42 Somente 4 grupos taxonômicos de larvas foram encontrados nesta estação, sendo Anostomidae o mais freqüente com 40%, os demais grupos (Hoplias malabaricus, Auchenipterus nuchalis e Pimelodinae) apresentaram freqüência de 20% (Fig. 34). Entre estes grupos, dois são compostos por espécies migradoras. Anostomidae H. malabaricus A. nuchalis Pimelodinae 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 34 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Porto Ubá nos dias 17 e 18 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Corumbataí: Nesta estação foram capturados 959 ovos e 72 larvas. Os ovos ocorreram somente no período noturno, sendo que em todos os horários foram registradas maiores densidades no fundo. Tanto a superfície como o fundo apresentaram maiores densidades às 21:00 horas (76,43 e 79,94 ovos/10m³, respectivamente)(Fig. 35A). As larvas em menores densidades que os ovos, foram mais capturadas no período noturno tanto na superfície como no fundo, sendo o pico de captura às 3:00 horas (2,56 ind/10m³) para a superfície, e 6:00 horas (4,65 ind/10m³) para o fundo (Fig. 35B). Com exceção do pH, os valores das outras variáveis não apresentaram diferenças entre a superfície e fundo, sendo que a temperatura
  • 52. Ictioplâncton do Rio Ivaí 43 da água variou entre 29,0 e 31,0ºC. O pH variou entre 6,78 e 8,04, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre 79 e 91µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,54 e 7,68mg/l (Fig. 35C, D, E e F). 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura                5 6 7 8 9 pH                20 50 80 110 mS/cm                9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B C D E F sup fun Figura 35 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Corumbataí nos dias 19 e 20 de janeiro de 1999.
  • 53. Ictioplâncton do Rio Ivaí 44 Nesta estação foram identificados 8 grupos taxonômicos, sendo que Pimelodinae foi mais freqüente com 67,2%, seguido de Anostomidae com 16,9%. Entre os grupos encontrados, 6 apresentam ou são espécies migradoras. Poucas larvas recém-eclodidas foram capturadas (Fig. 36). Pimelodinae Anostomidae A. affinis P. coruscans Siluriformes T. neivae Gymnotiformes Characiformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 36 - Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Corumbataí nos dias 19 e 20 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Vila Rural: Foram obtidos nesta estação 2.309 ovos e 13 larvas. A exemplo da estação Corumbataí, a captura de ovos ocorreu somente no período noturno, sendo que em todos os horários foram verificadas maiores capturas no fundo. O pico de captura foi registrado às 0:00 horas tanto para a superfície como fundo com 35,27 e 196,09 ovos/10m³, respectivamente (Fig. 37A). Nesta estação as larvas foram capturadas em menores densidades que os ovos, sendo que na superfície foram registradas somente larvas no
  • 54. Ictioplâncton do Rio Ivaí 45 período noturno, com maior captura às 3:00 horas (0,44 ind/10m³), enquanto no fundo as capturas se deram durante todo o período, com maior densidade às 6:00 horas (1,13 ind/10m³) (Fig. 37B). A temperatura da água variou entre 25,1 e 30,6ºC, o pH entre 6,83 e 7,47, enquanto a condutividade elétrica apresentou valores entre 60 e 72µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,76 e 7,95mg/l (Fig. 37C, D, E e F). 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH               20 50 80 110 mS/cm               9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B C D E F sup fun Figura 37 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Vila Rural nos dias 20 e 21 de janeiro de 1999.
  • 55. Ictioplâncton do Rio Ivaí 46 Nesta estação dos 6 grupos capturados, 4 são compostos por espécies migradoras. A. nuchalis e Pimelodinae foram os mais freqüentes com 35,71%, seguido de A. affinis com 14,29% (Fig. 38). A. nuchalis Pimelodinae A. affinis T. neivae Anostomidae Siluriformes 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 38 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Vila Rural nos dias 20 e 21 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Floresta: Nesta estação baixas densidades de ovos e larvas foram constatadas durante o período amostrado O número total de ovos capturados foi 198 e de larvas 46, sendo que as maiores foram observadas no fundo. A maior densidade de ovos na superfície foi às 3:00 horas (2,12 ovos/10m³), e às 0:00 horas (2,95 ovos/10m³) para o fundo (Fig. 39A). Para as larvas a maior densidade na superfície foi verificada às 21:00 horas (0,51 ind/10m³), e no fundo às 9:00 horas (1,67 ind/10m³) (Fig. 39B). A temperatura da água variou entre 26,0 e 30,5ºC, o pH entre 7,03 e 7,52, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre 66 e 86µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,20 e 7,79mg/l (Fig. 39C, D, E e F).
  • 56. Ictioplâncton do Rio Ivaí 47 0,1 1 10 100 1000Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura               5 6 7 8 9 pH              20 50 80 110 mS/cm              9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B D E F sup fun C Figura 39 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Floresta nos dias 22 e 23 de janeiro de 1999. Foram identificados para esta estação 8 grupos taxonômicos, entre estes, 5 são ou apresentam espécies migradoras. As maiores freqüências foram de Pimelodinae 45,45%, P. corruscans 22,73% e Anostomidae 9,1% (Fig. 40).
  • 57. Ictioplâncton do Rio Ivaí 48 Pimelodinae P. corruscans Anostomidae B. stramineus Leporinus spp A. nuchalis Gymnotiformes Characiformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Leporinusspp. Figura 40 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Floresta nos dias 22 e 23 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Copacabana: Nesta estação foram capturados 85 ovos e 48 larvas. Em todos os horários do período noturno foram registrados ovos, enquanto que no diurno somente às 9:00 horas. As maiores capturas ocorreram no fundo, sendo as maiores densidades observadas às 6:00 (5,56 ovos/10m³), e às 3:00 horas (1,09 ovos/10m³) na superfície (Fig. 41A). Foi verificada captura de larvas na superfície somente à noite, com maior densidade às 6:00 horas (0,52 ind/10m³). No fundo as larvas foram capturadas em quase todos os horários, com maior densidade às 6:00 horas(7,51 ind/10m³) (Fig. 41B). Os valores das variáveis não apresentaram diferenças entre a superfície e fundo, porém ao longo da coleta a temperatura da água variou entre 29,0 e 31,0ºC, o pH entre 7,01 e 7,56 e a condutividade elétrica
  • 58. Ictioplâncton do Rio Ivaí 49 apresentou valores entre 64 e 77µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,80 e 7,13mg/l (Fig. 41C,D, E e F). 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH              20 50 80 110 mS/cm              9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B D E F C sup fun Figura 41 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Copacabana nos dias 23 e 24 de janeiro de 1999. Nove grupos taxonômicos foram identificados nesta estação, sendo que o mais freqüente foi A. nuchalis 41,3%, seguido de
  • 59. Ictioplâncton do Rio Ivaí 50 Pimelodinae (28,26%) e Gymnotiformes (4,35%). Entre os grupos encontrados, apenas dois apresentam espécies migradoras (Fig. 42). A. nuchalis Pimelodinae Hypostomus sp A. affinis T. neivae P. galeatus Gymnotiformes Characiformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Hypostomussp. Figura 42 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Copacabana nos dias 23 e 24 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Paraíso: Nesta estação foram capturados 68 ovos e 32 larvas. Os ovos foram capturados apenas em alguns horários, não sendo possível determinar um padrão diferencial de captura entre superfície e fundo, sendo a maior densidade verificada para a superfície às 0:00 horas, com 12,26 ovos/10m³, e para o fundo às 3:00 horas, com 7,89 ovos/10m³ (Fig. 43A). Em relação as larvas, observamos que na superfície estas foram capturadas somente no período noturno, com maior densidade às 0:00 horas (3,06 ind/10m³), enquanto que para o fundo as capturas foram verificadas quase que
  • 60. Ictioplâncton do Rio Ivaí 51 exclusivamente no período diurno, sendo o pico de captura observado às 9:00 horas, com 4,01 ind/10m³ (Fig. 43B). A temperatura da água variou entre 26,8 e 31,0ºC, o pH entre 7,14 e 7,45, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre 59 e 74µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,83 e 7,15mg/l (Fig. 43C, D, E e F). 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH               20 50 80 110 mS/cm              9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B D E F C sup fun Figura 43 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Paraíso nos dias 25 e 26 de janeiro de 1999.
  • 61. Ictioplâncton do Rio Ivaí 52 Neste ambiente foram identificados 4 grupos taxonômicos (Fig. 44), cuja maior freqüência foi de A. nuchalis (70,0%), seguido de Pimelodinae (16,67%) e P. corruscans (6,66%), as larvas recém- eclodidas representaram apenas 3,33% do total capturado neste ponto. Entre os 4 grupos identificados 3 apresentam migradores. A. nuchalis Pimelodinae P. corruscans Characiformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 44 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Paraíso nos dias 25 e 26 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Tapira: No período amostrado foram capturados 20 ovos e 54 larvas. Os ovos ocorreram somente em 4 horários, sendo que a maior densidade na superfície foi de 0,31 ovos/10m³, às 9:00 horas, enquanto que no fundo foi às 6:00 horas, com 6,76 ovos/10m³ (Fig. 45A). As larvas foram verificadas principalmente, no período noturno e em alguns horários durante o dia. As maiores densidades na superfície foram registradas às 0:00 e 3:00 horas com 0,86 e,78 ind/10m³, respectivamente. Para o fundo as maiores densidades ocorreram às 21:00 e 6:00 horas com 0,78 e 0,56 ind/10m³, respectivamente (Fig. 45B).
  • 62. Ictioplâncton do Rio Ivaí 53 A temperatura da água variou entre 26,0 e 32,0ºC, o pH entre 6,84 e 7,15, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre 53 e 68µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,84 e 7,21mg/l (Fig. 45C, D, E e F). 0,1 1 10 100 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH               20 50 80 110 mS/cm               9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B D E F C sup fun Figura 45 – Densidade de ovos (A), e, larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Tapira, nos dias 26 e 27 de janeiro de 1999.
  • 63. Ictioplâncton do Rio Ivaí 54 Nove grupos taxonômicos foram capturados nesta estação, sendo A. nuchalis o mais freqüente com 75,41%, seguido de Anostomidae (7,54%) e Pimelodinae (5,66%)(Fig. 46). Entre os grupos capturados 3 apresentam representantes migradores. A. nuchalis Anostomidae Pimelodinae S. marmoratus G. carapo A. albifrons H. littorale S. spilopleura Characiformes 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 46 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontradas na estação Tapira nos dias 26 e 27 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Herculândia: A amostragem nesta estação resultou em 11 ovos e 32 larvas. A captura de ovos nesta estação restringiu-se a dois horários durante o período noturno; 0:00 e 3:00 horas; sendo que às 3:00 horas foi registrada a maior densidade de ovos, tanto para a superfície (0,35 ovos/10m³) como para o fundo (0,64 ovos/10m³) (Fig. 47A). As larvas ocorreram em 6 dos oito horários amostrados. Na superfície as maiores capturas ocorreram entre 3:00 e 0:00 horas, com densidade de 0,55 e 0,47 ind/10m³, respectivamente. Para
  • 64. Ictioplâncton do Rio Ivaí 55 o fundo a maior densidade foi registrada às 15:00 horas com 2,44 ind/10m³, as outras capturas neste estrato ocorreram no período noturno (Fig. 47B). A temperatura da água variou entre 27,0 e 30,0ºC, o pH entre 6,45 e 7,07, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre 53 e 64µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,44 e 6,83mg/l (Fig. 47C, D, E e F). 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH              20 50 80 110 mS/cm              9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B D E F C sup fun Figura 47 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Herculândia nos dias 28 e 29 de janeiro de 1999.
  • 65. Ictioplâncton do Rio Ivaí 56 Foram identificados nesta estação 10 grupos taxonômicos, entre estes 5 são migradores. A maior freqüência foi de A. nuchalis (51,43%), seguida de Loricariidae (8,57% ), S. lima (5,71%) e outros Siluriformes (5,71%) (Fig. 48). A. nuchalis Loricariidae Siluriformes S. lima P. corruscans G. carapo T. neivae Pimelodinae Gymnotiformes Characiformes Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 48 – Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Herculândia nos dias 28 e 29 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Estação Pontal do Tigre: Nesta estação foram capturados 23 ovos e 127 larvas. Conforme a figura 49A, verificamos que os ovos apresentaram baixas densidades nos 5 dos 8 horários amostrados. Na superfície observamos ovos somente às 6:00 horas (0,13 ovos/10m³), enquanto no fundo a maior densidade foi verificada às 3:00 horas, com 5,62 ovos/10m³. As larvas na superfície foram coletadas somente no período noturno, com a maior densidade observada às 6:00 horas (3,46 ind/10m³). No fundo estas ocorreram em todos os horários amostrados,
  • 66. Ictioplâncton do Rio Ivaí 57 com maior densidade às 9:00 e 12:00 horas, com 3,01 e 2,35 ind/10m³, respectivamente (Fig. 49B). A temperatura da água variou entre 29,0 e 31,5ºC, o pH variou entre 6,62 e 7,29, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre 57 e 64µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,34 e 6,60mg/l (Fig. 49C, D, E e F). 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3 0,1 1 10 100 1000 Ind/10m3              15 25 35 45 Temperatura              5 6 7 8 9 pH              20 50 80 110 mS/cm               9 12 15 18 21 0 3 6 6 7 8 9 10 mg/l A B D E F C sup fun Figura 49 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Pontal do Tigre nos dias 29 e 30 de janeiro de 1999.
  • 67. Ictioplâncton do Rio Ivaí 58 Foram identificados 8 grupos taxonômicos nesta estação, sendo que apenas um grupos não realizam migrações. A maior freqüência foi de Anostomidae com 24,58%, seguido de S. lima (23,73%) e Pimelodidade (18,64%) (Fig. 50). Anostomidae S. lima Pimelodinae Characiformes P. corruscans R. vulpinus Siluriformes A. nuchalis Recém-eclodida 0 20 40 60 80 100 Freqüência (%) Figura 50– Freqüência de captura de larvas por grupo taxonômico, encontrados na estação Pontal do Tigre nos dias 29 e 30 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Coletas com redes de arrasto e espera e espinhéis Nas coletas de arrasto, redes de espera e espinhel foram capturadas 2.502 indivíduos, sendo 67,6% no alto Ivaí, 19,66% no médio e 12,71% no baixo. Este indivíduos foram enquadrados em 73 espécies, sendo 53 no alto, 49 no médio e 30 no baixo Ivaí. No alto Ivaí constatamos que as maiores freqüências foram de P. argetea com 73,40%, seguida de A. piracicabae (6,50%), R. paranensis (2,84%) e H. derbyi (1,77%), as demais espécies apresentaram freqüência abaixo de 1,5% (Fig. 51).
  • 68. Ictioplâncton do Rio Ivaí 59 P. argentea A. piracicabae R. paranensis H. derbyi G. cf. cesarpintoi B. stramineus P. maculatus Bryconamericus sp. S. knerii Hypostomus sp Isonotus sp S. borellii Hypostomus sp2 R. vulpinus T. neivai H. aff. malabaricus Pimelodus sp. A. nasutus Bryconamericus sp1 G. knerii G. brasiliensis L. octofasciatus P. fur P. cf. myersi P. lineatus A. albifrons A. bimaculatus A. nuchalis P. ornatus P. granulosus S. scripta S. spilopleura M. cf. tiete A. lacustris Eigenmannia sp. H. platyrhynchos Pimelodella sp. P. motoro P. gobioides Rineloricaria sp. S. marginatus S. insculpta A. fasciatus C. britskii G. carapo Hypostomus sp.1 I. labrosus L. amblyrhynchus L. obtusidens Pariolius sp. P. paranensis R. quelen S. altoparanae 0,01 0,1 1 10 100 Freqüência (%) Figura 51 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no alto Ivaí (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).
  • 69. Ictioplâncton do Rio Ivaí 60 Para o médio Ivaí, a espécie que apresentou maior freqüência de captura foi B. stramineus, com 31,91%, seguida de P. argentea (7,11%), P. galeatus (6,50%), A. nasutus (5,69%) e S. insculpta (5,08%) (Fig. 52). B. stramineus P. argentea P. galeatus A. nasutus S. insculpta Hypostomus sp. A. nuchalis Eigenmannia sp. R. vulpinus R. paranensis S. borellii G. knerii P. ornatus P. motoro A. bimaculatus H. platyrhynchos P. granulosus H. cf. marginatus H. derbyi Hypostomus sp2 I. labrosus L. friderici L. obtusidens S. marginatus Loricaria sp. P. gobioides A. fasciatus G. cf. cesarpintoi P. lineatus A. albifrons H. aff. malabaricus R. rostratus S. altoparanae S. macrurus A. ucaylensis C. britskii H. marginatus L. octofasciatus M. cf. tiete Pimelodella sp. P. fur P. maculatus P. ellisi Potamotrygon sp. P. mangurus S. knerii Sternachorhynchus sp. T. neivai T. paraguayensis 0,01 0,1 1 10 100 Freqüência (%) Figura 52 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no médio Ivaí (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).
  • 70. Ictioplâncton do Rio Ivaí 61 No Baixo Ivaí a maior freqüência de captura também foi de B. stramineus (33,01%), seguido de P. galeatus (22,64%), I. labrosus (5,66%) e P. squamosissimus (5,03%) (Fig. 53). B. stramineus P. galeatus I. labrosus P. squamosissimus A. bimaculatus R. paranensis R. vulpinus A. nasutus T. paraguayensis L. friderici A. nuchalis S. marginatus A. fasciatus Hypostomus sp. Pimelodella sp. P. ornatus H. edentatus P. pirinampu P. granulosus A. cf. valenciennesi Cheirodon sp. Eigenmannia sp. H. aff. malabaricus Hypostomus sp2 Loricaria sp. M. aculeatus P. maculatus Potamotrygon sp. R. quelen S. borellii 0,01 0,1 1 10 100 Freqüência (%) Figura 53 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no baixo Ivaí (Destacadas em azul grupos de espécies migradoras). Os valores do índice de diversidade (H'), assim como a equitabilidade e o número de espécies são mostrados na figura 54. Nela podemos verificar que o índice foi maior nas estações Floresta, Corumbataí, Paraíso e Grandes Rios, enquanto o menor índice foi verificado nas estações Porto Ubá e Copacabana.
  • 71. Ictioplâncton do Rio Ivaí 62                              TCRIS CA BRE G RIO S SA JO SE PU BA CO RU M V IRU R FLO R CO PA CA PA RA IS TA PIRA H ERCU L PO N TA L Estações 0 1 2 3 4 5 Bits/ind. 0 5 10 15 20 25 30 35 N.deespécies Diversidade Equitabilidade número de espécies   Figura 54 – Índice de diversidade, equitabilidade e número de espécie encontrados nas estações de amostragem do rio Ivaí. Na análise dos indivíduos capturados com redes de espera (Fig. 55), observamos que 32,7% dos indivíduos capturados estavam em reprodução, 28,6% em repouso, os estágios iniciais de maturação e esgotados representaram cada um 13,7% das capturas. Observa-se ainda a ausência de indivíduos imaturos nas estações Teresa Cristina, Cândido de Abreu, Grandes rios, São José, Corumbataí e Paraíso. O predomínio de indivíduos em reprodução e repouso foi verificado nas estações T. Cristina, São José, Porto Ubá, Floresta, Tapira, Herculândia, Pontal do Tigre. Nas estações Cândido de Abreu e Grandes rios predominaram indivíduos em início de maturação e maturação, enquanto que na estação Vila rural predominaram nas capturas indivíduos em reprodução. Nas estações Corumbataí, Copacabana e Paraíso houve maior captura de indivíduos em reprodução e esgotados.
  • 72. Ictioplâncton do Rio Ivaí 63 T.cris C.abr G.rio S.jos P.uba Corum V.rur Flore Copac Parai Tapir Hercu P.tig 0% 20% 40% 60% 80% 100% imt rep ini mat rpd esg IMT 2,1% REP 28,6% INI 13,7% MAT 9,3% RPD 32,7% ESG 13,7% Figura 55 - Freqüência dos estágios de desenvolvimento gonadal, para os indivíduos capturados com redes de espera nas diferentes estações de amostragem, no mês de janeiro de 1999. DISCUSSÃO A grande quantidade de ovos e larvas capturada, ressalta a extrema importância do rio Ivaí para a reprodução de várias espécies de peixes, tanto migradoras como residentes, haja visto que este rio contribuiu com aproximadamente 30% do total do ictioplâncton capturado entre os anos de 1991 a 1995 (FUEM/Itaipu Binacional, 1995). Considerando que a bacia do rio Paraná, na qual o rio Ivaí está inserido, é a bacia sul-americana com maior incidência de represamentos, o que restringe os movimentos migratórios dos peixes, a importância dos afluentes como o rio Ivaí na reprodução e desenvolvimento das espécies fica mais evidente. Este fato é acentuado, quando analisa-se os resultados obtidos por FUEM/Itaipu Binacional (1995), onde é demonstrado que as maiores capturas de ovos são obtidas justamente nos afluentes e que estes ovos,
  • 73. Ictioplâncton do Rio Ivaí 64 juntamente com as larvas, são carreados pela correnteza para a calha principal do rio Paraná e reservatório de Itaipu. Sob um ponto de vista local, no período de 94/95 nas três estações estudadas no rio Ivaí, houve tendência de diminuição do número de ovos e aumento do número de larvas em direção a foz. Este fato sugere que as larvas eclodem ao longo do caminho percorrido. Esta tendência também é observada no período 99, embora não seja tão evidente. Provavelmente devido a maior quantidade de pontos amostrados neste período e a influência dos tributários rio Alonso e rio Corumbataí, os quais contribuíram com grande quantidade de ovos e larvas. Esta tendência já pôde ser observada em outros ambientes estudados anteriormente, como nos rios Ivinhema, Amambai e Piquiri (NAKATANI et al., 1997). A redução nas densidades de captura de larvas, verificadas quando comparadas as estações Bananeira, Tapira e Pontal do Tigre no mês janeiro de 1995 e janeiro de 1999, pode estar associada a alguma alteração no ciclo reprodutivo das espécies, tendo em vista que em 1995 as maiores capturas de ovos e larvas ocorreram em janeiro. Outra hipótese seria a diminuição da atividade reprodutiva em função da pouca preservação deste rio. De igual maneira, com relação à periodicidade das capturas, não foi possível constatar se houve ou não um deslocamento do pico reprodutivo entre os períodos, uma vez que no ano de 1999 houve apenas um mês de amostragem. De maneira geral, a captura de ovos foi verificada principalmente no período noturno e no fundo, exceto nas estações Tereza Cristina, Grandes Rios e São José onde as capturas ocorreram em ambos turnos e estratos. Segundo GODOY (1954), as maiores ocorrências no período noturno podem ser explicadas pela maior atividade reprodutiva ao entardecer, quando a temperatura da água atinge maiores valores. Com relação às larvas, a falta de um padrão definido quanto a captura por turno e
  • 74. Ictioplâncton do Rio Ivaí 65 estrato pode ser devido a uma série de fatores, entre os quais hábito alimentar, migração e estágio de desenvolvimento (BAUMGARTNER et al., 1997; BIALETZKI et al., 1999) . As maiores capturas tanto de ovos como de larvas na região da cabeceira do rio (estação Tereza Cristina) e no afluente rio Alonso (estações Grandes Rios e São José), podem ser explicadas pelo comportamento migratório apresentados pelas espécies que procuram estes ambientes para desovarem. Isto pode ser evidenciado pelo grande número de táxons identificados nesta região, onde várias espécies conhecidamente migradoras, entre eles o pintado (P. coruscans), várias espécies de piaus (Anostomidae) e mandis (Pimelodinae) foram capturados. Além disso, as características apresentadas por estes ambientes, como alta velocidade de fluxo e tipo de substrato favorecem a presença de espécies como coridoras (Corydoras sp.), os cascudos (Loricariidae, L. platymetopon) e o guasco (Trychomicterus sp.). A captura de larvas recém-eclodidas nesta área demonstra que estas são ou estão próximos a um local de desova, tendo em vista que as larvas neste estágio apresentam apenas algumas horas de vida. Vale ressaltar que apesar da grande quantidade de ovos e larvas encontrada na região de cabeceira e afluentes, foi observada a captura de larvas de várias espécies em todos os pontos de amostragem, demonstrando haver atividade reprodutiva em toda a extensão do rio. A elevada densidade de ovos coletados na estação Vila Rural pode estar relacionada a atividade reprodutiva no rio Corumbataí (maior afluente do rio Ivaí na margem esquerda), que desemboca apenas alguns quilômetros acima desta estação. Na estação Porto Ubá a baixa captura de ovos e larvas possivelmente esteja relacionada ao baixo fluxo de água apresentado no local, o que para a metodologia utilizada não é muito adequado, tendo em vista que as redes permaneceram estacionárias.
  • 75. Ictioplâncton do Rio Ivaí 66 Comparando o número de espécies capturadas no dois períodos, verificou-se que o segundo apresentou maior captura, o que se deve provavelmente, ao maior número de estações amostradas, sendo desta forma contemplado um maior número de habitat. Algumas espécies não foram capturadas em janeiro de 1999, provavelmente, em função do curto espaço de tempo de amostragem, possivelmente se o período tivesse compreendido um ciclo reprodutivo completo estas espécies teriam sido capturadas. Os fatores ambientais não apresentaram grandes variações tanto por estações de amostragem como por turno e estrato, não atingindo valores extremos. Deste modo, aparentemente estes fatores não influenciaram a captura dos indivíduos. A bacia do rio Paraná tem uma fauna de peixes composta por cerca de 600 espécies (BONETTO, 1986), a maioria das quais no alto rio Paraguai. Os levantamentos recentes realizados entre o reservatório de Itaipu e a foz do rio Paranapanema, revelam uma ictiofauna de 170 espécies (AGOSTINHO et al., 1997). Segundo este mesmo autor, são registradas 100 espécies na calha principal do rio Paraná. Embora tenha sido realizada amostragem somente durante um mês, o rio Ivaí apresentou elevado número de espécies (81 espécies), quando comparado com a calha principal do rio Paraná. Este número é maior que aquele encontrado para os rios Iguaçu (64 espécies), Piquiri (57 espécies) e Iguatemi (77 espécies), entretanto menor que o rio Ivinhema (91 espécies) (AGOSTINHO et al., 1997b).
  • 76. Ictioplâncton do Rio Ivaí 67 CONSIDERAÇÕES FINAIS Generalidades sobre estratégias reprodutivas e impactos de represamentos: A reprodução das espécies de peixes dos rios brasileiros é, independentemente da modalidade de estratégia utilizada, altamente sazonal. A maioria desova entre os meses de setembro e abril, com maior intensidade entre outubro e fevereiro. Os grandes migradores, geralmente de maior porte e valor comercial, têm ovos pequenos, numerosos, que são eliminados em um curto intervalo de tempo. Têm maior sazonalidade reprodutiva, desovando na calha dos rios durante o período de elevação do nível de água. Seus ovos derivam rio abaixo enquanto se desenvolvem, sendo lançados, geralmente na forma de larva para as depressões laterais durante o transbordamento da calha. Isto tem sido amplamente documentado por GODOY (1975) e descrito por AGOSTINHO et al. (1993) no segmento livre do alto rio Paraná, a montante do reservatório de Itaipu. NAKATANI et al. (1997) relatam um gradiente longitudinal na densidade de ovos e larvas de peixes a partir da cabeceira de alguns afluentes do rio Paraná, sendo os ovos mais abundantes na cabeceira e as larvas nos trechos inferiores. Entre os membros desta categoria destacam-se os prochilodontídeos, surobimíneos, pimelodíneos e alguns characídeos e anostomídeos de grande porte. As espécies sedentárias, por outro lado, mais freqüentes em lagoas e canais de planícies de inundação, apresentam adaptações respiratórias a condições adversas de oxigenação e toleram grandes variações térmicas. A reprodução ocorre, geralmente, durante um período prolongado, sendo a desova do tipo parcelada. Incluem-se nesta categoria as espécies com ovócitos grandes, baixa fecundidade e cuidado parental (SUZUKI & AGOSTINHO, 1993). A reprodução destas espécies parece ter menos dependência do regime de cheias e alguns membros desta categoria de
  • 77. Ictioplâncton do Rio Ivaí 68 peixes veêm sendo bem sucedidos na ocupação dos novos ambientes formados pelo barramento dos rios ou mesmo em rios de vazão controlada. Destacam-se entre estes peixes, alguns ciclídeos, loricarídeos e eritrinídeos. Os migradores moderados constituem um grupo composto por um grande número de espécies, geralmente, de médio e pequeno porte, e que apresentam estratégias intermediárias entre os dois grupos anteriormente mencionados. Alguns membros deste grupo têm sido bem sucedido na ocupação dos reservatórios, especialmente após os primeiros anos de sua formação. Destacam-se entre eles, os characídeos de pequeno porte. Os represamentos afetam principalmente os grandes peixes migradores, não apenas pelas modificações impostas aos habitats naturais, más, principalmente por interceptar a rota dos peixes em direção aos seus ambientes de desova e alterarem o regime de cheias à jusante (efeitos na atenuação e retardamento no pico de cheia, ou sua modificação por procedimentos operacionais visando atender demandas energéticas). Séries contíguas de reservatórios afetam também as espécies com moderada capacidade de migração, que poderiam ocupar seu trecho inicial e reproduzir à montante. Limitações dos estudos objeto desse relatório: Embora com uma abrangência espacial adequada, o presente levantamento apresentou uma restrição relevante: o curto período de amostragem. Como mencionado anteriormente, o período reprodutivo da ictiofauna do rio Paraná estende-se de setembro a abril, especialmente entre outubro e fevereiro. Nesse período, as espécies reproduzem em épocas distintas, particularmente as grandes migradoras, que têm reprodução mais sazonal. A limitação das amostragens ao mês de janeiro, embora forneça um bom quadro das áreas críticas à reprodução das espécies que tem pico de
  • 78. Ictioplâncton do Rio Ivaí 69 desova nesse mês, é uma restrição relevante à identificação dessas áreas para o conjunto das espécies. Os estudos realizados em períodos anteriores, por outro lado, apresentam limitações espaciais. Áreas mais relevantes à desova de peixes: Os resultados apresentados nesse relatório evidenciam claramente que os trechos altos do Ivaí são os mais importantes à desova das espécies com pico reprodutivo em janeiro. Os valores médios obtidos para a densidade no trecho alto, embora com alto desvio, foi de 19,2ovos/10m3 e 6,5ind/10m3 . Nos trechos médios e baixos as densidades médias de ovos foram de 2,3 e 0,9, respectivamente, e os de larvas 0,9 e 1,1. (i) As estações Tereza Cristina e Cândido de Abreu, localizadas na calha principal do rio, acima da foz do rio Alonso, apresentaram as maiores densidades de ovos e larvas, respectivamente, indicando importantes áreas de desova em trechos próximos à montante. Isso é corroborado pela elevada densidade de larvas recém eclodidas na primeira. As espécies com maior contribuição no total amostrado foram o pintado P.corruscans e pimelodinae, a primeira reconhecida pelo grande porte, valor comercial e a realização de grandes deslocamentos para a desova e a segunda por comportar diversas espécies migradoras. (ii) A área compreendida pelas estações Corumbataí e Vila Rural, no rio Corumbataí e no canal do Ivaí, respectivamente, foi a segunda mais importante entre as analisadas, como demonstram as densidades de ovos. Embora com baixa abundância de larvas de
  • 79. Ictioplâncton do Rio Ivaí 70 pintado, mostrou grande densidade daquelas de pimelodíneos e, na primeira, de anostomídeos, ambos com espécies migradoras. (iii) A terceira área em importância para a desova (considerando-se as espécies que desovam em janeiro) foi a de Grandes Rios, no rio Alonso. Isso pode ser evidenciado pela abundância de ovos, larvas recém eclodidas e larvas de Pimelodinae. Destaca-se, entretanto, que embora com baixas densidades de ovos e larvas, os trechos médios e baixos constituem rotas para a ascensão dos grandes migradores até as áreas de desova e de dispersão dos juvenis que são recrutados aos estoques do rio Paraná e reservatório de Itaipu. Esse fato evidencia a importância do rio Ivaí e seus tributários na manutenção das populações do trecho ainda livre do rio Paraná, na área hoje ocupada pela Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná e do Parque Nacional de Ilha Grande, criados em 1997 por Decreto Federal e Parque Estadual do Ivinhema, recém criado. As alternativas para a partição de quedas: Os resultados, pelo seu caráter preliminar, não permitem recomendações com a consistência requerida num processo de definição de partição de quedas. Estudos temporalmente mais abrangentes poderiam evidenciar outras áreas de relevância igual ou maior para a conservação. Espécies que reconhecidamente reproduzem mais cedo (outubro a dezembro) e que são particularmente afetadas pelos represamento, como o dourado Salminus maxillosus, piracanjuba Brycon orbignyanus, pacu Piaractus mesopotamicus, entre outros, não foram contempladas nesse estudo.
  • 80. Ictioplâncton do Rio Ivaí 71 Os resultados preliminares permitem também em caráter preliminar, antever quatro cenários: 1. Represamentos abaixo da foz do rio Corumbataí e nesse rio: grande impacto sobre a fauna do trecho livre do rio Paraná, já prejudicada pela construção de Porto Primavera. A manutenção da rota migratória entre o rio Paraná e o Corumbataí é o mínimo necessário para a atenuação dos impactos dos aproveitamentos hidrelétricos na bacia. 2. Represamentos no canal principal do rio Ivaí, em seu trecho a montante da foz do Alonso: impacto relevante sobre a fauna, especialmente o pintado P.corruscans, que tem nesse trecho sua principal área de desova. 3. Represamento no canal principal do Ivaí, a montante do rio Corumbataí, e no rio Alonso: impacto relevante 4. Represamentos apenas no rio Alonso: impactos moderados e, a priori, aceitáveis sobre a ictiofauna regional. RECOMENDAÇÕES: Fundamentação O “Seminário Sobre a Fauna Aquática e o Setor Elétrico Brasileiro”, promovido pelo COMASE – Comitê Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico/Eletrobrás/MME e os documentos produzidos em suas reuniões preparatórias analisa a situação
  • 81. Ictioplâncton do Rio Ivaí 72 vigente desses estudos na etapa de inventário: “A grande maioria dos estudos de inventários já realizados pelo Setor Elétrico não incorpora adequadamente aspectos da fauna aquática relevantes para subsidiarem a escolha da melhor alternativa de divisão de quedas”, e enumera os aspectos prioritários a serem considerados nos estudos e levantamentos, entre os quais “a necessidade de classificação dos cursos d’água que compõem a bacia em estudo por sua importância como áreas de desova de espécies migratórias” e “o levantamento das áreas relevantes como criadouros naturais de espécies migradoras, através dos dados de distribuição de juvenis obtidos em amostragens realizadas em canais e lagoas marginais” (COMASE/ELETROBRÁS, 1995). Pelo caráter virtualmente irreversível dos represamentos, as decisões acerca da localização do eixo das barragens revestem-se da maior importância. Informações mais concisas são desejáveis para a avaliação das alternativas em empreendimentos que visem um desenvolvimento economicamente viável, socialmente desejável e ecologicamente compatível. Embora o presente estudo seja o primeiro no Brasil a identificar áreas críticas à procriação de peixes com base na distribuição de ovos e larvas, o tempo restrito para a realização do trabalho de campo lhe confere limitações. Na ausência de dados consistentes sobre áreas críticas para a conservação da fauna aquática na etapa de inventário, o setor elétrico não tem considerado esses componentes no processo decisório acerca da partição de quedas. Os dados obtidos em etapas subseqüentes, agora a nível de empreendimento, são, muitas vezes, precários e pouco úteis como subsídios às ações de atenuação de impactos e manejo dos recursos. Na busca desses objetivos, o gerente ambiental no Brasil aplicou-se, durante anos, a ações de manejo baseadas no controle da pesca e no repovoamento, ambos com eficácia reduzida. A essas ações são acrescidas a construção de facilidades para transposição de peixes pelas barragens, também equivocada.
  • 82. Ictioplâncton do Rio Ivaí 73 Embora a ausência de monitoramento dos estoques nos primeiros 20 anos não permita conclusões definitivas acerca da eficiência das iniciativas de controle da pesca e do repovoamento, o baixo rendimento da pesca profissional nos reservatórios do Sul-Sudeste do Brasil (CESP, 1996; PETRERE JR. & AGOSTINHO, 1993) e o virtual desaparecimento das espécies de maior porte naqueles do alto rio Paraná (AGOSTINHO et al., 1994) demostram que os resultados não foram satisfatórios. O controle da pesca realizado com o objetivo de proteger formas jovens, áreas de reprodução e períodos de desova dos estoques pesqueiros, tem-se mostrado pouco eficiente, tanto pela escassez de informações acerca do objeto do controle, como pelas limitações de recursos financeiros e humanos relacionados a essa atividade. A ausência de um monitoramento permanente da explotação e do recurso, exigido pela dinâmica do sistema, e a falta de uma definição clara do que se pretende proteger, são outros aspectos que afetam a eficiência do controle. A carência de dados satisfatórios de captura e esforço na pesca profissional, exceto para situações localizadas (OKADA et al., 1996), não permite sequer o estabelecimento dos valores do rendimento máximo sustentável, que forneceria alguma referência acerca do estado de explotação dos estoques e uma base para o controle da atividade pesqueira. A estocagem ou peixamento realizada com espécies exóticas ou autóctones, marcou a ação da maioria das concessionárias hidrelétricas nas últimas décadas. Inicialmente como uma alternativa às escadas de peixes, tidas como onerosas e ineficientes entre os técnicos, essa atividade ganhou a adesão de várias concessionárias. No bojo do pragmatismo, geralmente com a alegação de que a produção nos reservatórios não poderia esperar os resultados da pesquisa, que é lenta e cara, grandes somas de recursos financeiros foram aplicadas na construção de estações de piscicultura e na manutenção de equipes para
  • 83. Ictioplâncton do Rio Ivaí 74 operacionalizá-las, sempre na expectativa de restaurar a pesca através da estocagem. Mais de 30 espécies oriundas de outras bacias, geralmente com um estágio nas estações de piscicultura do Nordeste, foram disseminadas nos grandes reservatórios das bacias dos rios Paraná e São Francisco. Na maioria dos casos de introduções, os espécimes liberados jamais foram capturados, e, quando capturados, sua importância na pesca jamais alcançou relevância. Isso, obviamente significa equívoco na alocação de esforços e recursos. Constitui notável exceção o caso da curvina Plagioscion squamosissimus, vinda do Norte do país, e que proliferou, virtualmente, nas bacias do rio Paraná e do São Francisco, tendo importante participação na pesca comercial (AGOSTINHO & JÚLIO JR., 1996). Destaca-se, entretanto, que os prejuízos ambientais decorrentes da introdução desse predador não são ainda conhecidos. Há evidências de que essa espécie tem impactos negativos sobre a pesca do reservatório de Itaipu, onde preda intensivamente os jovens de primeiro ano do mapará, Hypophthalmus edentatus, principal espécie nos desembarques pesqueiros (AGOSTINHO, 1995). Nos casos de estocagem com espécies nativas, uma tendência recente nas estações de piscicultura de hidrelétricas, não existe, no Brasil, tecnologia disponível para aferir o sucesso do empreendimento nem dos impactos genéticos decorrentes da endogenia. Os constantes insucessos nos programas de estocagem têm levado algumas companhias hidrelétricas a redirecionar suas atividades, aproveitando a infra-estrutura montada. Assim, algumas delas têm-se dedicado ao fomento à piscicultura e/ou a investigações limnológicas e ictiológicas de seus reservatórios. No primeiro caso, a atividade tenta compensar os impactos econômicos negativos que a formação do reservatório provocou a nível
  • 84. Ictioplâncton do Rio Ivaí 75 regional, não tendo qualquer significado positivo do ponto de vista da conservação dos estoques pesqueiros. No segundo, entretanto, os resultados podem orientar a administração pesqueira sobre quais, como, quando e onde as medidas de manejo devem ser aplicadas, sendo, portanto, uma tendência promissora sob a perspectiva do manejo conservacionista e da atividade pesqueira. As escadas para a transposição de peixes a montante da barragem, a exemplo das estações de piscicultura, são consideradas como um fim em si mesmas e não como um instrumento para operacionalizar o manejo, instaladas em vários pequenos reservatórios foram também iniciativas, em geral, equivocadas. Sua instalação era exigida pela legislação da primeira metade do século (Lei n° 2250, de 28.12.1927; Decreto n° 4390, de 14.03.1928 e Decreto Lei n° 794, de 19.10.1938), que prescrevia: “todos quantos, para qualquer fim, represarem as águas dos rios, ribeirões e córregos são obrigados a construir escadas que permitam a livre subida dos peixes”. Ao se generalizar a obrigatoriedade de uma obra, cujo funcionamento resulta de interações entre suas características técnicas (tipo, declividade, vazão, posição em relação ao eixo da barragem, etc.) e a natureza da ictiofauna presente, sem o necessário conhecimento técnico- científico do empreendimento ou dos peixes, incorreu-se no risco de insucesso e desperdício de recursos, esforços e oportunidades. Nesse período, foram construídas escadas de peixes logo acima de cachoeiras de até 70 metros de altura, como a edificada no córrego dos Negros (São Carlos-SP), ou em riachos onde a ictiofauna era composta apenas por espécies sedentárias (CHARLIER, 1957). Após a construção das escadas, nenhuma avaliação sistemática foi realizada nesses empreendimentos. Alguns estudos, com conclusões distintas
  • 85. Ictioplâncton do Rio Ivaí 76 em relação à eficiência dessas facilidades, são, no entanto, encontrados na literatura. Assim, GODOY (1957, 1975) relata a grande eficiência daquela construída em Cachoeira de Emas (Pirassununga-SP), que, embora de altura reduzida, foi objeto de amplos estudos. BORGHETTI et al. (1993, 1994) relatam que grande número de espécies ascenderam uma escada experimental localizada logo abaixo da barragem do reservatório de Itaipu, com uma altura aproximada de 27,3 metros. GODINHO et al. (1991), por outro lado, informam acerca da baixa eficiência da escada (10,8m) instalada junto à barragem do reservatório de Salto Morais, no rio Tijuco. Esses estudos informam, no entanto, sobre a eficiência na transposição de barragens ou capacidade de ascensão das escadas. Não tratam da importância e efetividade dessa transposição para a preservação dos estoques na bacia. Embora não haja dúvida quanto à habilidade de muitas espécies migradoras em ascenderem as escadas, mesmo com alturas de 20,0cm ou mais e alcançarem o reservatório (BORGHETTI et al., 1994) ou de, uma vez no reservatório, se orientarem em direção aos trechos livres a montante (AGOSTINHO et al., 1993; AGOSTINHO et al., 1994), a seletividade das escadas à transposição da barragem é consenso nos estudos realizados. Alguns indicadores mostram que essas obras teriam eficiência duvidosa na preservação ou conservação dos estoques em um cenário de barragens em série, como o da bacia do rio Paraná ou mesmo do médio e baixo São Francisco. Mesmo que alguns rios tributários dessa bacia possam se constituir em áreas promissoras para a desova, as grandes espécies migradoras da bacia requerem áreas sazonalmente alagadas para o desenvolvimento inicial, e a