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42                                                   Maria Christina Junger Delôgo Dardengo et al.




                Influência da capacidade de campo na taxa de crescimento
                                   do cafeeiro conilon1
               Maria Christina Junger Delôgo Dardengo2, Edvaldo Fialho dos Reis3, Renato Ribeiro Passos4


  RESUMO

   O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da capacidade de campo (CC) na taxa de crescimento do cafeeiro
conilon a partir da adoção de três tensões: 0,006 MPa (CC1), 0,010 MPa (CC2) e 0,033 MPa (CC3), em dois tipos de solo
(Latossolo Vermelho-Amarelo e Argissolo Vermelho-Amarelo). O experimento foi montado em casa de vegetação no
Núcleo de Estudos e de Difusão de Tecnologia em Floresta, Recursos Hídricos e Agricultura Sustentável, município de
Jerônimo Monteiro, Espírito Santo. A espécie vegetal utilizada foi a Coffea canephora Pierre ex A. Froehner, variedade
Robusta Tropical (EMCAPER 8151), cultivada em vaso de 12 litros, por um período de 255 dias. As análises de
crescimento foram realizadas 15 dias após o transplantio das mudas e no final do experimento, para determinação de
matéria seca total e área foliar. O teor de umidade do solo na capacidade de campo varia com a tensão adotada em sua
determinação. As maiores taxas de crescimentos relativo e absoluto do cafeeiro conilon foram obtidas quando a
umidade do solo foi mantida na capacidade de campos determinada na tensão de 0,010 MPa no Latossolo Vermelho-
Amarelo e de 0,006 MPa no Argissolo Vermelho-Amarelo. As menores taxas de crescimento da cultura foram observa-
das na capacidade de campo determinada na tensão de 0,033 MPa, o que inviabiliza a sua adoção na estimativa da
lâmina de irrigação utilizando-se a câmara de pressão de Richards.
     Palavras-chave: Café, crescimento vegetal, umidade do solo.




  ABSTRACT
                            Influence of field capacity on the growth rate of Conilon coffee
    The objective of this work was to evaluate the influence of field capacity (FC) on the growth rate of the conilon
coffee plant by using three tensions (0.006 MPa (FC1), 0.010 MPa (FC2) and 0.033 MPa (FC3)) in two soils (Red-Yellow
Oxisol and Red-Yellow Ultisol). The experiment was carried out in a greenhouse at the Center of Studies and Technology
Dissemination in Forestry, Water Resources and Sustainable Agriculture, in the municipality of Jerônimo Monteiro-ES.
Plants of Coffea canephora Pierre ex A. Froehner, variety Robusta Tropical (EMCAPER 8151), were cultivated in 12 L
containers for 255 days. Growth analyses were carried out 15 days after transplanting and at the end of the experiment
total dry matter and leaf area were determined. The soil moisture level in the field capacity varied as a function of the
tension chosen for its determination. The highest rates of relative and absolute growth of Conilon coffee plants were
obtained when the soil moisture was kept close to the field capacity determined at 0.010 MPa in the Red-Yellow Oxisol
and at 0.006 MPa in the Red-Yellow Ultisol. The lowest growth rates of the crop were found in the field capacity
determined at 0.033 MPa, making it unfeasible to the use in the estimation of the irrigation sheet with the Richard’s
pressure plate apparatus.
     Key words: Coffee plant, plant growth, soil moisture.



Recebido para publicação em maio de 2008 e aprovado em dezembro de 2009
1
   Extraído da Dissertação apresentada pelo primeiro autor ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal
do Espírito Santo (UFES), Alegre, Espírito Santo.
2
  Engenheira-Agrônoma, Mestre. UFES, Campus de Alegre, 29530-000, Distrito de Rive, Alegre, Espírito Santo. mchrisjunger@hotmail.com
3
  Engenheiro-Agrícola, Doutor. Departamento de Engenharia Rural, CCA, UFES, 29530-000, Alegre, Espírito Santo. edreis@ cca.ufes.br
4
  Engenheiro-Agrônomo, Doutor. Departamento de Fitotecnia, CCA, UFES, 29530-000, Alegre, Espírito Santo. renatopassos@ cca.ufes.br


Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
Influência da capacidade de campo na taxa de crescimento do cafeeiro conilon                               43


INTRODUÇÃO                                                     característicos das regiões tropicais e úmidas esse crité-
                                                               rio deve ser alterado para potenciais maiores na determi-
     O crescimento do cafeeiro é influenciado por vários
                                                               nação da capacidade de campo, da ordem de -0,010 MPa e
fatores, destacando-se os genéticos e edafoclimáticos.
                                                               -0,006 MPa.
Além do acúmulo de matéria seca, pode-se também ex-
                                                                   Desde então, muitas tentativas têm sido feitas em la-
pressar o crescimento de uma espécie utilizando a matéria
                                                               boratório para associar a capacidade de campo com o con-
seca produzida num período de tempo, por meio da taxa
                                                               teúdo de água do solo em equilíbrio com 0,033 MPa e
de crescimento absoluto (TCA) e da taxa de crescimento
                                                               0,010 MPa (Souza & Reichardt, 1996; Van Lier, 2000).
relativo (TCR) (Bragança, 2005).
                                                               Bernardo et al. (2005) consideraram que a tensão corres-
     Com a crescente demanda da técnica de irrigação, tor-
                                                               pondente à capacidade de campo para solos de textura
na-se necessário o uso racional da água, a qual deve ser
                                                               fina é de 0,033 MPa e para solos de textura grossa de 0,010
aplicada em tempo oportuno e na quantidade correta. Para
                                                               MPa. Já Ruiz et al. (2003), ao pesquisarem 80 Latossolos e
precisa quantificação do fornecimento de água às plantas
                                                               oito Neossolos Quartzarênicos, observaram que a capa-
é imprescindível conhecer a relação funcional entre umi-
                                                               cidade de campo ocorre, nesses solos, a potenciais maio-
dade do solo e o seu potencial matricial na zona radicular
                                                               res que -0,033 MPa. Por sua vez, a tensão de 0,006 MPa
das culturas, conhecida como curva de retenção de água
                                                               foi sugerida por Andrade et al. (1991) e Ferreira & Marcos
no solo (Dourado Neto et al., 1990).
                                                               (1983) como possível estimativa da umidade correspon-
     A determinação da curva de retenção ou curva carac-
                                                               dente à capacidade de campo. Diante do exposto, questi-
terística de água do solo é de suma importância na área de
                                                               ona-se qual a correta tensão associada à capacidade de
irrigação e nos estudos de movimento de água no solo,
                                                               campo quando se utiliza o método de laboratório câmara
pois fornece o teor de água do solo (θ) em diferentes
                                                               de pressão de Richards, em cada tipo de solo, uma vez
tensões (Ψ), e vice-versa. Assim, propicia condições ne-
                                                               que, segundo Fabian & Ottoni Filho (2000), ainda não há
cessárias para a determinação do teor de água disponível
                                                               uma posição consensual entre os pesquisadores.
no solo, do teor de água atual e de outras variáveis bási-
                                                                   Levando-se em consideração esses aspectos,
cas à execução do manejo adequado da água de irrigação
                                                               objetivou-se com este trabalho avaliar a influência da
e à quantificação dos processos dinâmicos envolvendo o
                                                               umidade na capacidade de campo (CC) determinada nas
sistema solo-planta-atmosfera. A curva de retenção pode
                                                               tensões de 0,006 MPa (CC1), 0,010 MPa (CC2) e 0,033 MPa
ser obtida pelo processo de secagem da amostra previa-
                                                               (CC3), na taxa de crescimento do cafeeiro conilon, em dois
mente saturada ou por umedecimento gradual da amostra
                                                               tipos de solos (Latossolo Vermelho-Amarelo e Argissolo
de terra fina seca ao ar (TFSA). Entretanto, para o manejo
                                                               Vermelho-Amarelo).
da irrigação prefere-se o processo de secagem (Costa et
al., 2008).
                                                               MATERIAL E MÉTODOS
     A umidade do solo é um dos fatores limitantes da pro-
dutividade agrícola. Assim, o solo constitui-se no princi-          O experimento foi conduzido em casa de vegetação
pal reservatório de água para as plantas. Nos projetos de      no Núcleo de Estudos e de Difusão de Tecnologia em
irrigação é considerada como água disponível às plantas        Floresta, Recursos Hídricos e Agricultura Sustentável
aquela do intervalo de umidade entre a capacidade de           (NEDTEC), município de Jerônimo Monteiro-ES, localiza-
campo e o ponto de murcha permanente. A capacidade de          do nas coordenadas 20° 47' 25" S e 41° 23' 48" W a 120 m
campo representa o máximo conteúdo de água retido pelo         de altitude, vinculado ao Centro de Ciências Agrárias da
solo depois que o excesso tenha sido drenado e a taxa de       Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES).
movimento descendente tenha decrescido acentuadamen-               Os solos utilizados foram o Latossolo Vermelho-Ama-
te (Veihmeyer & Hendrickson, 1931); ou seja, o limite su-      relo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA), coletados
perior desse intervalo. Já o limite inferior é representado    à profundidade de 0,00 – 0,30 m. As amostras dos solos
pelo ponto de murcha permanente, que se refere ao teor         foram submetidas ao esboroamento e passagem em pe-
de água no solo caracterizado pela forte retenção matricial,   neira de 2 mm, destinadas a análises física e química. A
abaixo do qual a planta não consegue absorver água             análise granulométrica apresentou os seguintes resulta-
(Mello et al., 2002).                                          dos analíticos: LVA – areia: 316,0 g.kg-1; silte: 105,0 g.kg-1;
     A capacidade de campo pode ser determinada por            argila: 579,0 g.kg-1; e PVA – areia: 532,0 g.kg-1; silte: 256,0
métodos de campo e de laboratório. O método clássico de        g.kg-1; e argila: 212,0 g.kg-1. Pela análise química verificou-
laboratório foi descrito por Richards (1947), tendo sido       se: LVA - 0,3; 2,1; 1,3 cmolc dm-3 de K+, Ca2+ e Mg2+, respec-
denominado de câmara de pressão de Richards, que fixou         tivamente; pH 5,4; 19 g kg-1 de MO e 6,0 mg dm-3 de P; e
o potencial matricial da capacidade de campo em -0,033         PVA - 0,1; 1,8; 0,8 cmolc dm-3 de K+, Ca2+ e Mg2+, respecti-
MPa. Entretanto, Reichardt (1988) afirmou que nos solos        vamente; pH 5,6; 18 g kg-1 de MO e 3,0 mg dm-3 de P.

                                                                  Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
44                                      Maria Christina Junger Delôgo Dardengo et al.


Foram realizadas as adubações corretiva e nutricional, de        das a taxa de assimilação líquida [TAL= [(P2 – P1)/(t2 – t1)]
acordo com o Manual de Calagem e Adubação para o                 x [(Ln A2 – Ln A1)/( A2 – A1)], a taxa de crescimento relativo
Estado do Espírito Santo – 5ª aproximação (Prezotti et al.,      [TCR= (Ln P2 – Ln P1)/(t2 – t1)] e a taxa de crescimento
2007).                                                           absoluto [TCA= (P2 – P1)/(t2 – t1)]. P representa a massa
   As curvas de retenção de água do Latossolo Verme-             seca total (parte aérea e raiz), t1 o tempo na primeira coleta,
lho-Amarelo e Argissolo Vermelho-Amarelo foram deter-            t2 o tempo na última coleta e A representa a área foliar
minadas por meio de extratores de placas de cerâmica, por        (Benincasa, 2003).
secamento, conforme EMBRAPA (1997), adotando-se um
tempo mínimo não inferior a três dias nas tensões de 0,006;      RESULTADOS E DISCUSSÃO
0,010; 0,033; 0,08; 0,10; 0,30; 0,50; 1,0; e 1,5 MPa, com três
                                                                     A Tabela 1 apresenta as equações do modelo mate-
repetições. Os valores médios de umidade volumétrica da
                                                                 mático proposto por Van Genuchten (1980), cujos
curva de retenção de cada solo foram ajustados utilizan-
                                                                 parâmetros empíricos (α, n e m) foram obtidos conforme
do-se o modelo matemático proposto por Van Genuchten
                                                                 Dourado Neto et al. (2000), destinadas ao ajuste das
(1980), descrito na equação 1:
                                                                 curvas de retenção de água do Latossolo Vermelho-
     θ = θr + (θs – θr) / [1+(α.h)n ]m (1)                       Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) na
                                                                 profundidade de 0,00 - 0,30 m.
     em que:
                                                                     Os desvios entre a umidade volumétrica observada e
     θ = umidade à base de volume;                               ajustada para cada tensão da curva de retenção são apre-
     θr = umidade volumétrica residual a 15000 cm de água;       sentados na Tabela 2. Nota-se que para baixas tensões
     θs = umidade volumétrica de saturação;                      (0,0001 a 0,10 MPa) o método de laboratório câmara de
     h = tensão em cm de água; e                                 pressão de Richards superestimou o conteúdo de água
                                                                 dos solos, com exceção da tensão de 0,010 MPa, e para
    α, n e m = parâmetros empíricos determinados pelo
                                                                 altas tensões (0,30 a 1,5 MPa) subestimou, resultando em
software Soil Water Retention Curves (SWRC, versão
                                                                 acréscimos e decréscimos em seus valores nos distintos
2.00), elaborado por Dourado Neto et al. (2000).
                                                                 pontos da curva. Resultado semelhante foi obtido por
    A água disponível (AD) foi calculada a partir dos va-        Costa et al. (2008), que testaram diferentes modelos de
lores de umidade volumétrica observados na curva de              ajuste e métodos para a determinação da curva de reten-
retenção para a capacidade de campo (CC) determinada             ção de água de um LVA e constaram que as maiores dife-
na tensão de 0,006 MPa (CC1), 0,010 MPa (CC2) e 0,033            renças foram observadas nos teores de água ajustados
MPa (CC3) e ponto de murcha permanente (PMP) na ten-             na faixa de teor de água mais elevado. Observaram ainda
são de 1,5 MPa, utilizando-se a seguinte expressão: AD =         que o modelo de Van Genuchten torna-se mais confiável
CC – PMP (Centurion & Andrioli, 2000). A lâmina de irri-         em comparação a outros modelos utilizados no ajuste da
gação (L) foi calculada pela expressão: L= AD x VS, sendo        curva de retenção de água no solo, por apresentar coefi-
AD água disponível e VS volume de solo do vaso (0,012            ciente angular mais próximo de 1 e intercepto mais próxi-
m3). Para transformar a lâmina de irrigação (L) em volume        mo de zero.
(mL/vaso), multiplicou-se L pela área do vaso (0,048 m2).            Pela Figura 1, nota-se que as curvas de retenção do
O estabelecimento e o controle de umidade na CC1, CC2 e          LVA e PVA não são semelhantes e que os maiores con-
CC3 foram feitos pelo monitoramento do peso do vaso da           teúdos de água estão relacionados às tensões mais bai-
repetição 1 (R1) de cada tratamento, incluindo solo, planta      xas, ou seja, valores mais altos de potencial matricial.
e umidade. As irrigações foram realizadas manualmente            Observa-se que os conteúdos de água do LVA, de textu-
por diferença de pesagem, sendo a umidade do solo ele-           ra argilosa, foram mais elevados do que os do PVA, de
vada até a capacidade de campo. O ajuste dos pesos dos           textura franco-argilo-arenosa, em todas as tensões do
vasos a umidade gravimétrica (UGE) para os níveis da ca-         intervalo disponível, realçando a importância da fração
pacidade de campo foi feito mensalmente, devido ao in-           argila na retenção de água pelo solo. Isso está de acordo
cremento propiciado pelo crescimento das plantas.                com Reichardt (1996), que considera a textura o principal
    As análises de crescimento foram realizadas 15 dias
após o transplantio das mudas nos vasos e no final do            Tabela 1. Equações de ajustes para o Latossolo Vermelho-
experimento (255 dias). Para obtenção da matéria seca to-        Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) segundo
                                                                 modelo de Van Genuchten (1980)(1)
tal (MST), as plantas foram secas em estufa a 75 ºC até
atingirem peso seco constante. A área foliar foi medida a        Solo        (1)
                                                                                   θ = θr + (θs – θr) / [1+(α.h)n ]m
partir de um integrador de área foliar, modelo LI-3100, da       LVA    θ = 0,239+(0,453-0,239)/ [1+(0,026859.h)1,527469] 0,345322
marca Li-cor. Com base nesses dados, foram determina-
                                                                 PVA    θ = 0,129+(0,488-0,129)/ [1+(0,097296.h)1,502570] 0,334474

Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
Influência da capacidade de campo na taxa de crescimento do cafeeiro conilon                             45

Tabela 2. Umidade volumétrica observada (θO) e umidade volumétrica ajustada (θA) pela equação de Van Genuchten (1980) para o
Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA)

                      LVA_ θO            LV_ θA                            PVA_ θO            PVA_ θA
Tensão (MPa)                                              Desvio                                               Desvio
                                m3 m-3                                               m3 m-3
0,0001                 0,453             0,453             0,000             0,488             0,484           -0,004
0,006                  0,388             0,384            -0,004             0,281             0,274           -0,007
0,010                  0,342             0,358             0,016             0,229             0,242            0,013
0,033                  0,317             0,306            -0,011             0,204             0,192           -0,012
0,08                   0,287             0,281            -0,006             0,175             0,169           -0,006
0,10                   0,283             0,277            -0,006             0,170             0,165           -0,005
0,30                   0,265             0,260            -0,005             0,151             0,150           -0,001
0,50                   0,251             0,255             0,005             0,143             0,145            0,003
1,0                    0,240             0,250             0,010             0,132             0,140            0,008
1,5                    0,239             0,248             0,009             0,129             0,138            0,009

                                                                   Desse modo, depreende-se que a capacidade de cam-
                                                               po determinada na tensão de 0,033 MPa não representa
                                                               a máxima retenção de água do LVA e PVA, o que é corro-
                                                               borado por Reichardt (1988), uma vez que a retenção de
                                                               água nessa tensão está associada à baixa atividade das
                                                               argilas e textura dos solos. Isso irá influenciar no manejo
                                                               da irrigação, uma vez que está diretamente relacionado
                                                               com as necessidades hídricas das culturas, característi-
                                                               cas hidráulicas do sistema de irrigação selecionado e
                                                               com a capacidade de retenção de água pelo solo na pro-
                                                               fundidade efetiva da raiz de uma cultura específica (So-
                                                               ares et al., 1998).
                                                                   Os resultados da análise de crescimento do cafeeiro
Figura 1. Curvas de retenção de água do Latossolo Vermelho-
Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) à             conilon, a partir da determinação da taxa de crescimento
profundidade de 0,00-0,30 m.                                   absoluto (TCA), taxa de crescimento relativo (TCR) e taxa
                                                               assimilatória livre (TAL), são apresentados na Tabela 3. A
                                                               TAL representa o incremento de matéria seca por unidade
determinante da retenção de água e, de maneira geral,          de material assimilatório (área foliar) por tempo, resultan-
que solos de textura fina, com elevadas proporções de          te dos efeitos dos tratamentos. A importância da área foliar
silte e argila, possuem maior capacidade de armazena-          é amplamente conhecida por ser um parâmetro indicativo
mento de água.                                                 de produtividade, pois o processo fotossintético depen-
    Os valores de umidade volumétrica e conteúdos de           de da interceptação da energia luminosa da sua conver-
água disponível nos níveis de capacidade de campo (CC1,        são em energia química. Assim sendo, a superfície foliar é
CC2 e CC3) do LV e PVA são apresentados na Figura 2.           a base do rendimento potencial da cultura (Favarin et al.,
Verifica-se que o teor de umidade na capacidade de cam-        2002). Por sua vez, a taxa de crescimento relativo (TCR) é
po varia com a tensão adotada em sua determinação, uti-        um índice que representa a dinâmica de acúmulo de maté-
lizando-se a câmara de pressão de Richards. Assim, a           ria seca, ao longo do tempo, relacionado à matéria seca
umidade volumétrica obtida nas tensões de 0,006; 0,010;        inicial, sendo dependente da taxa assimilatória livre. Já a
e 0,033 MPa foi de 38,4; 35,8; e 30,6% para o LVA e de 27,4;   taxa de crescimento absoluto (TCA) representa a matéria
24,2; e 19,2% para o PVA, respectivamente. Com isso, fo-       seca produzida por unidade de área ou planta durante
ram estabelecidos valores distintos de água disponível         certo tempo (Bragança, 2005).
para o mesmo solo. Os conteúdos de água disponível nas             As variações observadas no crescimento da cultura
tensões de 0,010 MPa e 0,033 MPa em relação aos obtidos        podem ser explicadas pela taxa assimilatória livre (TAL),
na tensão de 0,006 MPa representam 80,88 e 42,64% no           que expressa o desempenho do sistema assimilatório das
LVA e 76,47 e 39,71% no PVA, respectivamente. Todavia,         plantas em função dos tratamentos a que foram submeti-
percebe-se que os menores valores de água disponível           das. A maior eficiência da superfície foliar associada à
foram obtidos na capacidade de campo determinada na            maior área foliar culminará na maior taxa de crescimentos
tensão de 0,033 MPa em ambos os solos estudados.               relativo e absoluto da cultura, conforme pode ser obser-

                                                                   Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
46                                       Maria Christina Junger Delôgo Dardengo et al.




Figura 2. Umidade volumétrica e conteúdos de água disponível nos níveis de capacidade de campo (CC1 = 0,006 MPa; CC2 = 0,010
MPa e CC3 = 0,033 MPa) do Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA).


Tabela 3. Taxa assimilatória livre (TAL), taxa de crescimento relativo (TCR) e taxa de crescimento absoluto (TCA) do cafeeiro
conilon nos níveis de capacidade de campo (CC1 = 0,006 MPa; CC2 = 0,010 MPa e CC3 = 0,033 MPa) do Latossolo Vermelho-
Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA)
Solo                      Capacidade de campo        TAL(g cm-2 dia-1 )          TCR(g g-1 dia-1)        TCA(g dia-1)
LVA                                CC1                      2,9217-04                0,0179                 0,5418
                                   CC2                      3,2731-04                0,0184                 0,6154
                                   CC3                      2,3689-04                0,0152                 0,2909
PVA                                CC1                      2,3748-04                0,0147                 0,3296
                                   CC2                      1,9959-04                0,0125                 0,1967
                                   CC3                      1,6998-04                0,0103                 0,1157


vado na Tabela 3. Nota-se que houve diferença no cresci-          ção da capacidade de campo (CC3), foram obtidas as me-
mento das plantas em relação ao tipo de solo e aos níveis         nores taxas de crescimento do cafeeiro conilon, o que
de capacidade de campo. Os valores de TCR, TCA e TAL              inviabiliza a sua adoção na estimativa da lâmina de irriga-
obtidos no LVA foram mais elevados do que no PVA, con-            ção em ambos os solos estudados.
siderando-se o mesmo nível de capacidade de campo. A
taxa de crescimento absoluto (TCA) do cafeeiro conilon            CONCLUSÕES
na capacidade de campo determinada nas tensões de 0,006
                                                                      O teor de umidade na capacidade de campo varia com
MPa (CC1) e 0,033 MPa (CC3) corresponde, respectiva-
                                                                  a tensão adotada em sua determinação utilizando-se a
mente, a 88,04 e 47,27% da maior TCA obtida na tensão de
                                                                  câmara de pressão de Richards, o que implica no cálculo
0,010 MPa no LVA (CC2 = 0,6154 g dia-1). Da mesma forma,
                                                                  da água disponível do solo e manejo da irrigação.
a TCA na capacidade de campo determinada nas tensões
de 0,010 MPa (CC2) e 0,033 MPa (CC3) corresponde, res-               A capacidade de campo determinada na tensão de
pectivamente, a 59,68 e 35,10% da maior TCA obtida na             0,010 MPa para o Latossolo Vermelho-Amarelo e de 0,006
tensão de 0,006 MPa do PVA (CC1 = 0,3296 g dia-1).                MPa para o Argissolo Vermelho-Amarelo promove as
    Com isso, observa-se que a umidade da capacidade              maiores taxas de crescimento do cafeeiro conilon.
de campo determinada na tensão de 0,010 MPa promoveu                 As menores taxas de crescimento da cultura são ob-
a maior taxa de crescimento absoluto do cafeeiro conilon          servadas quando a tensão de 0,033 MPa é utilizada na
no Latossolo Vermelho-Amarelo, superando em 53,55% a              determinação da capacidade de campo do Latossolo Ver-
maior taxa de crescimento absoluto obtida na tensão de            melho-Amarelo e Argissolo Vermelho-Amarelo, o que
0,006 MPa no Argissolo Vermelho-Amarelo. Contudo,                 inviabiliza a sua adoção na estimativa da lâmina de irriga-
quando a tensão de 0,033 MPa foi utilizada na determina-          ção utilizando-se a câmara de pressão de Richards.

Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
Influência da capacidade de campo na taxa de crescimento do cafeeiro conilon                                          47


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Dourado Neto D, Van Lier QJ, Botrel TA & Libardi PL (1990)               AM (Eds.). Manejo de irrigação. Poços de Caldas, Sociedade
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EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (1997)           Van Genuchten MT (1980) A closed-form equation for predicting
 Manual de métodos de análise de solos, 2 ed. Rio de Janeiro,            the hydraulic conductivity of unsaturated soils. Soil Science
 MAA. 212p.                                                              Society of American Journal, 41:892-898.
Fabian AJ & Ottoni Filho TB (2000) Determinação da capacidade          Van Lier QJ (2000) Índice da disponibilidade de água para as plan-
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                                                                           Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010

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  • 1. 42 Maria Christina Junger Delôgo Dardengo et al. Influência da capacidade de campo na taxa de crescimento do cafeeiro conilon1 Maria Christina Junger Delôgo Dardengo2, Edvaldo Fialho dos Reis3, Renato Ribeiro Passos4 RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da capacidade de campo (CC) na taxa de crescimento do cafeeiro conilon a partir da adoção de três tensões: 0,006 MPa (CC1), 0,010 MPa (CC2) e 0,033 MPa (CC3), em dois tipos de solo (Latossolo Vermelho-Amarelo e Argissolo Vermelho-Amarelo). O experimento foi montado em casa de vegetação no Núcleo de Estudos e de Difusão de Tecnologia em Floresta, Recursos Hídricos e Agricultura Sustentável, município de Jerônimo Monteiro, Espírito Santo. A espécie vegetal utilizada foi a Coffea canephora Pierre ex A. Froehner, variedade Robusta Tropical (EMCAPER 8151), cultivada em vaso de 12 litros, por um período de 255 dias. As análises de crescimento foram realizadas 15 dias após o transplantio das mudas e no final do experimento, para determinação de matéria seca total e área foliar. O teor de umidade do solo na capacidade de campo varia com a tensão adotada em sua determinação. As maiores taxas de crescimentos relativo e absoluto do cafeeiro conilon foram obtidas quando a umidade do solo foi mantida na capacidade de campos determinada na tensão de 0,010 MPa no Latossolo Vermelho- Amarelo e de 0,006 MPa no Argissolo Vermelho-Amarelo. As menores taxas de crescimento da cultura foram observa- das na capacidade de campo determinada na tensão de 0,033 MPa, o que inviabiliza a sua adoção na estimativa da lâmina de irrigação utilizando-se a câmara de pressão de Richards. Palavras-chave: Café, crescimento vegetal, umidade do solo. ABSTRACT Influence of field capacity on the growth rate of Conilon coffee The objective of this work was to evaluate the influence of field capacity (FC) on the growth rate of the conilon coffee plant by using three tensions (0.006 MPa (FC1), 0.010 MPa (FC2) and 0.033 MPa (FC3)) in two soils (Red-Yellow Oxisol and Red-Yellow Ultisol). The experiment was carried out in a greenhouse at the Center of Studies and Technology Dissemination in Forestry, Water Resources and Sustainable Agriculture, in the municipality of Jerônimo Monteiro-ES. Plants of Coffea canephora Pierre ex A. Froehner, variety Robusta Tropical (EMCAPER 8151), were cultivated in 12 L containers for 255 days. Growth analyses were carried out 15 days after transplanting and at the end of the experiment total dry matter and leaf area were determined. The soil moisture level in the field capacity varied as a function of the tension chosen for its determination. The highest rates of relative and absolute growth of Conilon coffee plants were obtained when the soil moisture was kept close to the field capacity determined at 0.010 MPa in the Red-Yellow Oxisol and at 0.006 MPa in the Red-Yellow Ultisol. The lowest growth rates of the crop were found in the field capacity determined at 0.033 MPa, making it unfeasible to the use in the estimation of the irrigation sheet with the Richard’s pressure plate apparatus. Key words: Coffee plant, plant growth, soil moisture. Recebido para publicação em maio de 2008 e aprovado em dezembro de 2009 1 Extraído da Dissertação apresentada pelo primeiro autor ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Alegre, Espírito Santo. 2 Engenheira-Agrônoma, Mestre. UFES, Campus de Alegre, 29530-000, Distrito de Rive, Alegre, Espírito Santo. mchrisjunger@hotmail.com 3 Engenheiro-Agrícola, Doutor. Departamento de Engenharia Rural, CCA, UFES, 29530-000, Alegre, Espírito Santo. edreis@ cca.ufes.br 4 Engenheiro-Agrônomo, Doutor. Departamento de Fitotecnia, CCA, UFES, 29530-000, Alegre, Espírito Santo. renatopassos@ cca.ufes.br Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
  • 2. Influência da capacidade de campo na taxa de crescimento do cafeeiro conilon 43 INTRODUÇÃO característicos das regiões tropicais e úmidas esse crité- rio deve ser alterado para potenciais maiores na determi- O crescimento do cafeeiro é influenciado por vários nação da capacidade de campo, da ordem de -0,010 MPa e fatores, destacando-se os genéticos e edafoclimáticos. -0,006 MPa. Além do acúmulo de matéria seca, pode-se também ex- Desde então, muitas tentativas têm sido feitas em la- pressar o crescimento de uma espécie utilizando a matéria boratório para associar a capacidade de campo com o con- seca produzida num período de tempo, por meio da taxa teúdo de água do solo em equilíbrio com 0,033 MPa e de crescimento absoluto (TCA) e da taxa de crescimento 0,010 MPa (Souza & Reichardt, 1996; Van Lier, 2000). relativo (TCR) (Bragança, 2005). Bernardo et al. (2005) consideraram que a tensão corres- Com a crescente demanda da técnica de irrigação, tor- pondente à capacidade de campo para solos de textura na-se necessário o uso racional da água, a qual deve ser fina é de 0,033 MPa e para solos de textura grossa de 0,010 aplicada em tempo oportuno e na quantidade correta. Para MPa. Já Ruiz et al. (2003), ao pesquisarem 80 Latossolos e precisa quantificação do fornecimento de água às plantas oito Neossolos Quartzarênicos, observaram que a capa- é imprescindível conhecer a relação funcional entre umi- cidade de campo ocorre, nesses solos, a potenciais maio- dade do solo e o seu potencial matricial na zona radicular res que -0,033 MPa. Por sua vez, a tensão de 0,006 MPa das culturas, conhecida como curva de retenção de água foi sugerida por Andrade et al. (1991) e Ferreira & Marcos no solo (Dourado Neto et al., 1990). (1983) como possível estimativa da umidade correspon- A determinação da curva de retenção ou curva carac- dente à capacidade de campo. Diante do exposto, questi- terística de água do solo é de suma importância na área de ona-se qual a correta tensão associada à capacidade de irrigação e nos estudos de movimento de água no solo, campo quando se utiliza o método de laboratório câmara pois fornece o teor de água do solo (θ) em diferentes de pressão de Richards, em cada tipo de solo, uma vez tensões (Ψ), e vice-versa. Assim, propicia condições ne- que, segundo Fabian & Ottoni Filho (2000), ainda não há cessárias para a determinação do teor de água disponível uma posição consensual entre os pesquisadores. no solo, do teor de água atual e de outras variáveis bási- Levando-se em consideração esses aspectos, cas à execução do manejo adequado da água de irrigação objetivou-se com este trabalho avaliar a influência da e à quantificação dos processos dinâmicos envolvendo o umidade na capacidade de campo (CC) determinada nas sistema solo-planta-atmosfera. A curva de retenção pode tensões de 0,006 MPa (CC1), 0,010 MPa (CC2) e 0,033 MPa ser obtida pelo processo de secagem da amostra previa- (CC3), na taxa de crescimento do cafeeiro conilon, em dois mente saturada ou por umedecimento gradual da amostra tipos de solos (Latossolo Vermelho-Amarelo e Argissolo de terra fina seca ao ar (TFSA). Entretanto, para o manejo Vermelho-Amarelo). da irrigação prefere-se o processo de secagem (Costa et al., 2008). MATERIAL E MÉTODOS A umidade do solo é um dos fatores limitantes da pro- dutividade agrícola. Assim, o solo constitui-se no princi- O experimento foi conduzido em casa de vegetação pal reservatório de água para as plantas. Nos projetos de no Núcleo de Estudos e de Difusão de Tecnologia em irrigação é considerada como água disponível às plantas Floresta, Recursos Hídricos e Agricultura Sustentável aquela do intervalo de umidade entre a capacidade de (NEDTEC), município de Jerônimo Monteiro-ES, localiza- campo e o ponto de murcha permanente. A capacidade de do nas coordenadas 20° 47' 25" S e 41° 23' 48" W a 120 m campo representa o máximo conteúdo de água retido pelo de altitude, vinculado ao Centro de Ciências Agrárias da solo depois que o excesso tenha sido drenado e a taxa de Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES). movimento descendente tenha decrescido acentuadamen- Os solos utilizados foram o Latossolo Vermelho-Ama- te (Veihmeyer & Hendrickson, 1931); ou seja, o limite su- relo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA), coletados perior desse intervalo. Já o limite inferior é representado à profundidade de 0,00 – 0,30 m. As amostras dos solos pelo ponto de murcha permanente, que se refere ao teor foram submetidas ao esboroamento e passagem em pe- de água no solo caracterizado pela forte retenção matricial, neira de 2 mm, destinadas a análises física e química. A abaixo do qual a planta não consegue absorver água análise granulométrica apresentou os seguintes resulta- (Mello et al., 2002). dos analíticos: LVA – areia: 316,0 g.kg-1; silte: 105,0 g.kg-1; A capacidade de campo pode ser determinada por argila: 579,0 g.kg-1; e PVA – areia: 532,0 g.kg-1; silte: 256,0 métodos de campo e de laboratório. O método clássico de g.kg-1; e argila: 212,0 g.kg-1. Pela análise química verificou- laboratório foi descrito por Richards (1947), tendo sido se: LVA - 0,3; 2,1; 1,3 cmolc dm-3 de K+, Ca2+ e Mg2+, respec- denominado de câmara de pressão de Richards, que fixou tivamente; pH 5,4; 19 g kg-1 de MO e 6,0 mg dm-3 de P; e o potencial matricial da capacidade de campo em -0,033 PVA - 0,1; 1,8; 0,8 cmolc dm-3 de K+, Ca2+ e Mg2+, respecti- MPa. Entretanto, Reichardt (1988) afirmou que nos solos vamente; pH 5,6; 18 g kg-1 de MO e 3,0 mg dm-3 de P. Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
  • 3. 44 Maria Christina Junger Delôgo Dardengo et al. Foram realizadas as adubações corretiva e nutricional, de das a taxa de assimilação líquida [TAL= [(P2 – P1)/(t2 – t1)] acordo com o Manual de Calagem e Adubação para o x [(Ln A2 – Ln A1)/( A2 – A1)], a taxa de crescimento relativo Estado do Espírito Santo – 5ª aproximação (Prezotti et al., [TCR= (Ln P2 – Ln P1)/(t2 – t1)] e a taxa de crescimento 2007). absoluto [TCA= (P2 – P1)/(t2 – t1)]. P representa a massa As curvas de retenção de água do Latossolo Verme- seca total (parte aérea e raiz), t1 o tempo na primeira coleta, lho-Amarelo e Argissolo Vermelho-Amarelo foram deter- t2 o tempo na última coleta e A representa a área foliar minadas por meio de extratores de placas de cerâmica, por (Benincasa, 2003). secamento, conforme EMBRAPA (1997), adotando-se um tempo mínimo não inferior a três dias nas tensões de 0,006; RESULTADOS E DISCUSSÃO 0,010; 0,033; 0,08; 0,10; 0,30; 0,50; 1,0; e 1,5 MPa, com três A Tabela 1 apresenta as equações do modelo mate- repetições. Os valores médios de umidade volumétrica da mático proposto por Van Genuchten (1980), cujos curva de retenção de cada solo foram ajustados utilizan- parâmetros empíricos (α, n e m) foram obtidos conforme do-se o modelo matemático proposto por Van Genuchten Dourado Neto et al. (2000), destinadas ao ajuste das (1980), descrito na equação 1: curvas de retenção de água do Latossolo Vermelho- θ = θr + (θs – θr) / [1+(α.h)n ]m (1) Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) na profundidade de 0,00 - 0,30 m. em que: Os desvios entre a umidade volumétrica observada e θ = umidade à base de volume; ajustada para cada tensão da curva de retenção são apre- θr = umidade volumétrica residual a 15000 cm de água; sentados na Tabela 2. Nota-se que para baixas tensões θs = umidade volumétrica de saturação; (0,0001 a 0,10 MPa) o método de laboratório câmara de h = tensão em cm de água; e pressão de Richards superestimou o conteúdo de água dos solos, com exceção da tensão de 0,010 MPa, e para α, n e m = parâmetros empíricos determinados pelo altas tensões (0,30 a 1,5 MPa) subestimou, resultando em software Soil Water Retention Curves (SWRC, versão acréscimos e decréscimos em seus valores nos distintos 2.00), elaborado por Dourado Neto et al. (2000). pontos da curva. Resultado semelhante foi obtido por A água disponível (AD) foi calculada a partir dos va- Costa et al. (2008), que testaram diferentes modelos de lores de umidade volumétrica observados na curva de ajuste e métodos para a determinação da curva de reten- retenção para a capacidade de campo (CC) determinada ção de água de um LVA e constaram que as maiores dife- na tensão de 0,006 MPa (CC1), 0,010 MPa (CC2) e 0,033 renças foram observadas nos teores de água ajustados MPa (CC3) e ponto de murcha permanente (PMP) na ten- na faixa de teor de água mais elevado. Observaram ainda são de 1,5 MPa, utilizando-se a seguinte expressão: AD = que o modelo de Van Genuchten torna-se mais confiável CC – PMP (Centurion & Andrioli, 2000). A lâmina de irri- em comparação a outros modelos utilizados no ajuste da gação (L) foi calculada pela expressão: L= AD x VS, sendo curva de retenção de água no solo, por apresentar coefi- AD água disponível e VS volume de solo do vaso (0,012 ciente angular mais próximo de 1 e intercepto mais próxi- m3). Para transformar a lâmina de irrigação (L) em volume mo de zero. (mL/vaso), multiplicou-se L pela área do vaso (0,048 m2). Pela Figura 1, nota-se que as curvas de retenção do O estabelecimento e o controle de umidade na CC1, CC2 e LVA e PVA não são semelhantes e que os maiores con- CC3 foram feitos pelo monitoramento do peso do vaso da teúdos de água estão relacionados às tensões mais bai- repetição 1 (R1) de cada tratamento, incluindo solo, planta xas, ou seja, valores mais altos de potencial matricial. e umidade. As irrigações foram realizadas manualmente Observa-se que os conteúdos de água do LVA, de textu- por diferença de pesagem, sendo a umidade do solo ele- ra argilosa, foram mais elevados do que os do PVA, de vada até a capacidade de campo. O ajuste dos pesos dos textura franco-argilo-arenosa, em todas as tensões do vasos a umidade gravimétrica (UGE) para os níveis da ca- intervalo disponível, realçando a importância da fração pacidade de campo foi feito mensalmente, devido ao in- argila na retenção de água pelo solo. Isso está de acordo cremento propiciado pelo crescimento das plantas. com Reichardt (1996), que considera a textura o principal As análises de crescimento foram realizadas 15 dias após o transplantio das mudas nos vasos e no final do Tabela 1. Equações de ajustes para o Latossolo Vermelho- experimento (255 dias). Para obtenção da matéria seca to- Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) segundo modelo de Van Genuchten (1980)(1) tal (MST), as plantas foram secas em estufa a 75 ºC até atingirem peso seco constante. A área foliar foi medida a Solo (1) θ = θr + (θs – θr) / [1+(α.h)n ]m partir de um integrador de área foliar, modelo LI-3100, da LVA θ = 0,239+(0,453-0,239)/ [1+(0,026859.h)1,527469] 0,345322 marca Li-cor. Com base nesses dados, foram determina- PVA θ = 0,129+(0,488-0,129)/ [1+(0,097296.h)1,502570] 0,334474 Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
  • 4. Influência da capacidade de campo na taxa de crescimento do cafeeiro conilon 45 Tabela 2. Umidade volumétrica observada (θO) e umidade volumétrica ajustada (θA) pela equação de Van Genuchten (1980) para o Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) LVA_ θO LV_ θA PVA_ θO PVA_ θA Tensão (MPa) Desvio Desvio m3 m-3 m3 m-3 0,0001 0,453 0,453 0,000 0,488 0,484 -0,004 0,006 0,388 0,384 -0,004 0,281 0,274 -0,007 0,010 0,342 0,358 0,016 0,229 0,242 0,013 0,033 0,317 0,306 -0,011 0,204 0,192 -0,012 0,08 0,287 0,281 -0,006 0,175 0,169 -0,006 0,10 0,283 0,277 -0,006 0,170 0,165 -0,005 0,30 0,265 0,260 -0,005 0,151 0,150 -0,001 0,50 0,251 0,255 0,005 0,143 0,145 0,003 1,0 0,240 0,250 0,010 0,132 0,140 0,008 1,5 0,239 0,248 0,009 0,129 0,138 0,009 Desse modo, depreende-se que a capacidade de cam- po determinada na tensão de 0,033 MPa não representa a máxima retenção de água do LVA e PVA, o que é corro- borado por Reichardt (1988), uma vez que a retenção de água nessa tensão está associada à baixa atividade das argilas e textura dos solos. Isso irá influenciar no manejo da irrigação, uma vez que está diretamente relacionado com as necessidades hídricas das culturas, característi- cas hidráulicas do sistema de irrigação selecionado e com a capacidade de retenção de água pelo solo na pro- fundidade efetiva da raiz de uma cultura específica (So- ares et al., 1998). Os resultados da análise de crescimento do cafeeiro Figura 1. Curvas de retenção de água do Latossolo Vermelho- Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) à conilon, a partir da determinação da taxa de crescimento profundidade de 0,00-0,30 m. absoluto (TCA), taxa de crescimento relativo (TCR) e taxa assimilatória livre (TAL), são apresentados na Tabela 3. A TAL representa o incremento de matéria seca por unidade determinante da retenção de água e, de maneira geral, de material assimilatório (área foliar) por tempo, resultan- que solos de textura fina, com elevadas proporções de te dos efeitos dos tratamentos. A importância da área foliar silte e argila, possuem maior capacidade de armazena- é amplamente conhecida por ser um parâmetro indicativo mento de água. de produtividade, pois o processo fotossintético depen- Os valores de umidade volumétrica e conteúdos de de da interceptação da energia luminosa da sua conver- água disponível nos níveis de capacidade de campo (CC1, são em energia química. Assim sendo, a superfície foliar é CC2 e CC3) do LV e PVA são apresentados na Figura 2. a base do rendimento potencial da cultura (Favarin et al., Verifica-se que o teor de umidade na capacidade de cam- 2002). Por sua vez, a taxa de crescimento relativo (TCR) é po varia com a tensão adotada em sua determinação, uti- um índice que representa a dinâmica de acúmulo de maté- lizando-se a câmara de pressão de Richards. Assim, a ria seca, ao longo do tempo, relacionado à matéria seca umidade volumétrica obtida nas tensões de 0,006; 0,010; inicial, sendo dependente da taxa assimilatória livre. Já a e 0,033 MPa foi de 38,4; 35,8; e 30,6% para o LVA e de 27,4; taxa de crescimento absoluto (TCA) representa a matéria 24,2; e 19,2% para o PVA, respectivamente. Com isso, fo- seca produzida por unidade de área ou planta durante ram estabelecidos valores distintos de água disponível certo tempo (Bragança, 2005). para o mesmo solo. Os conteúdos de água disponível nas As variações observadas no crescimento da cultura tensões de 0,010 MPa e 0,033 MPa em relação aos obtidos podem ser explicadas pela taxa assimilatória livre (TAL), na tensão de 0,006 MPa representam 80,88 e 42,64% no que expressa o desempenho do sistema assimilatório das LVA e 76,47 e 39,71% no PVA, respectivamente. Todavia, plantas em função dos tratamentos a que foram submeti- percebe-se que os menores valores de água disponível das. A maior eficiência da superfície foliar associada à foram obtidos na capacidade de campo determinada na maior área foliar culminará na maior taxa de crescimentos tensão de 0,033 MPa em ambos os solos estudados. relativo e absoluto da cultura, conforme pode ser obser- Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
  • 5. 46 Maria Christina Junger Delôgo Dardengo et al. Figura 2. Umidade volumétrica e conteúdos de água disponível nos níveis de capacidade de campo (CC1 = 0,006 MPa; CC2 = 0,010 MPa e CC3 = 0,033 MPa) do Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA). Tabela 3. Taxa assimilatória livre (TAL), taxa de crescimento relativo (TCR) e taxa de crescimento absoluto (TCA) do cafeeiro conilon nos níveis de capacidade de campo (CC1 = 0,006 MPa; CC2 = 0,010 MPa e CC3 = 0,033 MPa) do Latossolo Vermelho- Amarelo (LVA) e Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA) Solo Capacidade de campo TAL(g cm-2 dia-1 ) TCR(g g-1 dia-1) TCA(g dia-1) LVA CC1 2,9217-04 0,0179 0,5418 CC2 3,2731-04 0,0184 0,6154 CC3 2,3689-04 0,0152 0,2909 PVA CC1 2,3748-04 0,0147 0,3296 CC2 1,9959-04 0,0125 0,1967 CC3 1,6998-04 0,0103 0,1157 vado na Tabela 3. Nota-se que houve diferença no cresci- ção da capacidade de campo (CC3), foram obtidas as me- mento das plantas em relação ao tipo de solo e aos níveis nores taxas de crescimento do cafeeiro conilon, o que de capacidade de campo. Os valores de TCR, TCA e TAL inviabiliza a sua adoção na estimativa da lâmina de irriga- obtidos no LVA foram mais elevados do que no PVA, con- ção em ambos os solos estudados. siderando-se o mesmo nível de capacidade de campo. A taxa de crescimento absoluto (TCA) do cafeeiro conilon CONCLUSÕES na capacidade de campo determinada nas tensões de 0,006 O teor de umidade na capacidade de campo varia com MPa (CC1) e 0,033 MPa (CC3) corresponde, respectiva- a tensão adotada em sua determinação utilizando-se a mente, a 88,04 e 47,27% da maior TCA obtida na tensão de câmara de pressão de Richards, o que implica no cálculo 0,010 MPa no LVA (CC2 = 0,6154 g dia-1). Da mesma forma, da água disponível do solo e manejo da irrigação. a TCA na capacidade de campo determinada nas tensões de 0,010 MPa (CC2) e 0,033 MPa (CC3) corresponde, res- A capacidade de campo determinada na tensão de pectivamente, a 59,68 e 35,10% da maior TCA obtida na 0,010 MPa para o Latossolo Vermelho-Amarelo e de 0,006 tensão de 0,006 MPa do PVA (CC1 = 0,3296 g dia-1). MPa para o Argissolo Vermelho-Amarelo promove as Com isso, observa-se que a umidade da capacidade maiores taxas de crescimento do cafeeiro conilon. de campo determinada na tensão de 0,010 MPa promoveu As menores taxas de crescimento da cultura são ob- a maior taxa de crescimento absoluto do cafeeiro conilon servadas quando a tensão de 0,033 MPa é utilizada na no Latossolo Vermelho-Amarelo, superando em 53,55% a determinação da capacidade de campo do Latossolo Ver- maior taxa de crescimento absoluto obtida na tensão de melho-Amarelo e Argissolo Vermelho-Amarelo, o que 0,006 MPa no Argissolo Vermelho-Amarelo. Contudo, inviabiliza a sua adoção na estimativa da lâmina de irriga- quando a tensão de 0,033 MPa foi utilizada na determina- ção utilizando-se a câmara de pressão de Richards. Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010
  • 6. Influência da capacidade de campo na taxa de crescimento do cafeeiro conilon 47 REFERÊNCIAS Ferreira MM & Marcos ZZ (1983) Estimativa da capacidade de campo de Latossolo Roxo distrófico e Regossolo através do Andrade CLT, Freitas JAD & Luz LRQP (1991) Características ponto de inflexão da curva característica de umidade. Ciência e físico-hídricas de solos arenosos de tabuleiros litorâneos. In: 9º Prática, 7:96-101. Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem, Natal. Anais, ABIS. Mello CR, Oliveira GC, Resck JML & Junior MSD (2002) Estima- p.1069-1095. tiva da capacidade de campo baseada no ponto de inflexão da Benincasa MMP (2003) Análise de crescimento de plantas, no- curva característica. Ciência Agrotécnica, 26:836-841. ções básicas, 2 ed. Jaboticabal, FUNEP. 41p. Prezotti LC, Gomes JA, Dadalto GG, Oliveira JA, de (2007) Ma- Bernardo S, Soares AA & Mantovani EC (2005) Manual de irriga- nual de recomendação de calagem e adubação para o Estado do ção, 7 ed. Viçosa, UFV- Imprensa Universitária. 611p. Espírito Santo – 5a aproximação. Vitória, SEEEA/INCAPER/ CEDAGRO. 305p. Bragança SM (2005) Crescimento e acúmulo de nutrientes pelo cafeeiro conilon (Coffea canephora Pierre). Tese de Doutora- Reichardt K (1996) Dinâmica da matéria e da energia em do. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 99p. ecossistemas. Piracicaba, ESALQ/USP. 513p. Centurion JF & Andrioli I (2000) Regime hídrico de alguns solos Reichardt K (1988) Capacidade de campo. Revista Brasileira da de Jaboticabal. Revista Brasileira da Ciência do Solo, 24:701- Ciência do Solo, 12:211-216. 709. Richards LA (1947) Pressure-membrane apparatus, construction Costa WA, Oliveira CAS & Kato E (2008) Modelos de ajuste e and use. Agronomy Engineering, 28:451-454. métodos para a determinação da curva de retenção de água de Ruiz HA, Ferreira GB & Pereira JBM (2003) Estimativa da capa- um Latossolo Vermelho-Amarelo. Revista Brasileira da Ciência cidade de campo de Latossolos e Neossolos Quartzarênicos pela do Solo, 32:515-523. determinação do equivalente de umidade. Revista Brasileira da Dourado Neto D, Nielsen DR, Hopmans JW, Reichardt K & Bacchi Ciência do Solo, 27:389-393. OOS (2000) Software to model soil water retention curves Soares JM, Costa FF & Santos CR (1998) Manejo de irrigação em (SWRC, version 2.00). Scientia Agricola, 57:191-192. fruteiras. In: Faria MA, Silva EL, Vilela L, Vilela LAA & Silva Dourado Neto D, Van Lier QJ, Botrel TA & Libardi PL (1990) AM (Eds.). Manejo de irrigação. Poços de Caldas, Sociedade Programa para confecção da curva de retenção de água no solo Brasileira de Engenharia Agrícola. p.281-310. utilizando o modelo de Genuchten. Engenharia Rural, 1:92- Souza DL & Reichardt K (1996) Estimativas da capacidade de 102. campo. Revista Brasileira da Ciência do Solo, 20:183-189. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (1997) Van Genuchten MT (1980) A closed-form equation for predicting Manual de métodos de análise de solos, 2 ed. Rio de Janeiro, the hydraulic conductivity of unsaturated soils. Soil Science MAA. 212p. Society of American Journal, 41:892-898. Fabian AJ & Ottoni Filho TB (2000) Determinação da capacidade Van Lier QJ (2000) Índice da disponibilidade de água para as plan- de campo in situ ou através de equações de regressão. Pesquisa tas. In: Novais RF, Alvarez VH & Schaefer CEGR. Tópicos em Agropecuária Brasileira, 35:1029-1036. ciência do solo. Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Favarin JL, Dourado Neto D, Garcia AG, Villa Nova NA & Favarin p.95-106. MGGV (2002) Equações para estimativa do índice foliar do Veihmeyer FJ & Hendrickson AH (1931) The moisture equivalent as cafeeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 37:769-773. a measure of the field capacity of soils. Soil Science, 32:181-193. Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.1, p. 042-047, jan/fev, 2010