Valores orientativos para a rega de relvados (formula de cálculo)

1. CONTRIBUTO PARA ESTIMAR A REGA EM CAMPOS DE GOLFE E
ESPAÇOS ARRELVADOS NA REGIÃO DO ALGARVE
Valores orientativos para a rega de relvados (formula de cálculo)
Ensaios realizados, há já alguns anos, no Centro de Experimentação
Hortofrutícola do Patacão, onde estudamos a temática da rega, permitiram a obtenção de
elementos orientativos para a programação da rega em numerosas culturas.
Aplicando os mesmos princípios, tomando
como referência os coeficientes culturais estudados
para regiões com situações semelhantes às nossas,
podemos também estimar as necessidades de rega
para os relvados da região.
Convém referir que há vários factores que devem
ser tomados em consideração. Um deles é o tipo de
relva, havendo espécies mais exigentes que outras,
daí resultando diferentes consumos de água. Outro
factor importante é a época do ano, com consumos
baixos nos meses frios, em que a evaporação é
fraca, e consumos elevados nos meses quentes,
quando a evaporação é alta (Quadro I).
Quadro I – Valores de Epan (evaporação em mm ou l / m2
), registados
numa Tina de Classe A, instalada no CEHFP. (1986/87 a 1996/97)
MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Epan 1.7 2.4 3.6 5.2 6.3 8.2 8.8 7.8 5.9 3.7 2.1 1.8
Para estimar a água a aplicar vamos tomar como referência os valores da
evapotranspiração do relvado.
Primeiro, com os dados da evaporação, é feita uma estimativa da
evapotranspiração de referência (Eto), que se obtém com base na seguinte relação:
Eto = Epan * Kp
Eto – Representa a evapotranspiração de uma cultura de gramíneas verdes, de
altura uniforme (8 a 15 cm) com crescimento activo cobrindo um solo bem abastecido
de água (mm)
Epan – Evaporação numa tina de Classe A. Representa a perda de água por
evaporação na superfície da tina (mm).
Kp – Coeficiente específico relativo à Tina de Classe A. Representa a relação
entre a evaporação da cultura de referência (Eto) e a perda de água por evaporação na
superfície de água livre de uma tina. (Epan). Os valores deste coeficiente variam com a
extensão e o estado da vegetação que cobre o solo em redor da tina, bem como com a
condições de humidade e de vento. Pode variar entre 0.55 e 0.85.

2. A rega é depois estimada aplicando a fórmula:
Rega = Eto * Kc
Rega – Representa a quantidade de água a aplicar à cultura (l / m2
)
Kc – Coeficiente cultural. Consoante as maiores ou menores exigências do
relvado em água os valores poderão oscilar entre 0.6 e 0.8.
Como é evidente, para calcular com exactidão a dotação de rega num relvado
seria necessário o conhecimento e a determinação no local de inúmeros dados
(evaporação, velocidade do vento, humidade, valores de Kp e de Kc, etc.). Todavia, em
grande parte dos casos tal informação não existe, ou está incompleta, e estuda-la no
local nem sempre é fácil. Por essa razão no quadro II indicamos valores orientativos
para a rega de relvados na região do Algarve. Nesta estimativa tivemos como referência
os valores da evaporação do quadro I e estimamos Kp = 0.8 e Kc = 0.7
Simplificando temos:
REGA = Epan * 0.8 *0.7
REGA = Epan * 0.56 (l / m2
)
Quadro II – Valores orientativos para a rega de um relvado (l / m2
/ dia)
MÊS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Rega 0.95 1.34 2.01 2.91 3.52 4.59 4.92 4.36 3.30 2.07 1.18 1.00
No sentido de poder avaliar os consumos em água dos relvados, quando
comparados com outras culturas típicas da região algarvia, apresentam-se no quadro III
as necessidades em água de um relvado, de um pomar de citrinos e de uma rotação de
duas culturas hortícolas em estufa.
No caso dos relvados e pomares de citrinos devemos atender também à
precipitação. Assim nos meses de Outono/Inverno/Primavera a precipitação média
ronda os 450 mm. Supondo que parte desta água é aproveitada (vamos estimar em 50
%), os valores anuais de água a aplicar são portanto inferiores à evapotranspiração ou
seja 981-225 = 756 l /m2
/ano no caso dos relvados e 957 – 225 = 732 l/m2
/ano no pomar
de citrinos. No caso das hortícolas em estufa não consideramos os valores da
precipitação visto estas se desenvolverem num ambiente protegido.
Assim consoante os relvados sejam menos exigentes em água Kc = 0.6 ou mais
exigentes em água Kc = 0.8 os valores de água a aplicar num relvado oscilarão entre os
648 e os 864 l /m2
/ano.

3. Quadro III – Consumos estimados para a rega de um relvado, um pomar de
citrinos e culturas hortícolas em estufa
MÊS J F M A M J J A S O N D Valores
médios
(ano)
Relvado
(l /m2 / mês)
30 38 62 87 108 138 152 135 99 64 35 31 981 – 225 = 756
Citrinos
(l / m2 /mês)
30 39 61 85 106 134 148 132 96 62 34 30 957 – 225 = 732
Cultura.
Hortícola
(l / m2 / ano)
Tomate de Outono / Inverno – 285
Melão de Primavera / Verão – 376
285 + 376 =
661
Bibliografia
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DOORENBOS J.e KASSAM A.H. : Efectos del água sobre el rendimiento de los cultivos. Estudio FAO: RIEGO y -
DRENAJE. Nº33 - Roma 1979
VESCHAMBRE D. et VAYSSE P.: Mémento goutte à goutte.- Guide pratique de la micro-irrigattion par goutteur et
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ROSA, A. MARREIROS, A. PACHECO, C. COSTA, J. LOPES, J. BOCK, M. MENDES, M. : Dotações de água
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de Experimentação Horto -Fruticultura do Patacão, PATACÃO 1987 / 94.
ROSA, A. : A Rega localizada em Horticultura (Guia do Extensionista). DRAAG - Faro 1995
Costelo, R. L, Mayheny, N. P, y Clark, J. R.- Traduccion: Silvia Bures de: “Estimating water
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University of California, Division of Agriculture and Natural Resources. Hoja 21493. Ano 1991
(Publicado na revista espanhola “Horticultura 108- Octubre`95).
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Armindo José Gonçalves Rosa
João Manuel Guerreiro Costa
DRAALG - Direcção Regional de Agricultura do Algarve
DSAG - Faro-Patacão, Abril 1999