Seminário ANCP 2018 - Lançamento Oficial do APP da ANCP.
Impacto econômico do uso de touros melhoradores na estação de monta
1. Impacto Econômico no uso de Touros Melhoradores na Estação de Monta.
Autores: Raysildo Barbosa Lôbo, Victor Eduardo Sala, ANCP, Ribeirão Preto-SP,
Email raysildo@ancp.org.br, victor.sala@ancp.org.br , www.ancp.org.br.
Resumo
O objetivo do presente trabalho é mostrar, o quanto o uso de touro melhorador
agrega valor à progênie e seu reflexo, na lucratividade do negócio e redução no ciclo
de produção. A partir dos dados extraídos da avaliação genética de Julho de 2013, do
sumário de touros, do Programa Nelore Brasil, formou-se 4 (quatro) grupos, baseados
no percentil do MGT, Touros Melhoradores 1 (TM1), constituído de animais TOP 0,1%
a TOP 15%, Touros Melhoradores 2 (TM2), animais a partir de TOP 15% a TOP 30%,
Touros Comuns (TC), animais a partir de TOP 35% a TOP 50% e Touros Inferiores (TI),
animais partir de TOP 50% a TOP 100. O retorno econômico por animal da progênie
TM1 foi R$ 29,82 e R$ 45,89, para TM2 foi R$ 19,48 e R$ 29,08, para TC foi R$ 10,37 e
R$ 15,54 e para TI foi de R$ -17,34 e R$ -21,70, para peso a desmama e peso aos 450
dias respectivamente. A utilização de touros geneticamente superiores na estação de
monta é determinante para aumentar a lucratividade do produtor, encurtar o ciclo de
produção e inserir no rebanho melhorias indiretas.
Introdução
O planejamento produtivo e econômico inicia-se com o estabelecimento da estação de
monta (E.M), onde seu principal objetivo é auxiliar de forma direta na avaliação
genética de reprodutores e matrizes, a partir da formação de grupos de
contemporâneo e facilidade de coleta sistemática de informação, além de sistematizar
a mão-de-obra na fazenda.
A escolha correta do touro para a estação de monta reflete de forma direta no sucesso
produtivo e econômico, devendo-se levar em conta o potencial genético do animal,
juntamente a sua funcionalidade com relação a aprumos, conformação frigorífica e
umbigo, além do exame andrológico.
O objetivo do presente trabalho é mostrar, o quanto o uso de touro melhorador
agrega valor à progênie e seu reflexo, na lucratividade do negócio e redução no ciclo
de produção.
Material e Métodos
2. Os dados para o presente trabalho foram extraídos, do sumário de touros, do
Programa Nelore Brasil, referente à avaliação genética de Julho de 2013.
Para a verificação do efeito do uso de touros melhoradores, foram realizados 4
(quatro) grupos, baseados no percentil do MGT, Touros Melhoradores 1 (TM1),
constituído de animais TOP 0,1% a TOP 15%, Touros Melhoradores 2 (TM2), animais a
partir de TOP 15% a TOP 30%, Touros Comuns (TC), animais a partir de TOP 35% a TOP
50% e Touros Inferiores (TI), animais partir de TOP 50% a TOP 100.
O ganho em quilogramas (kg) para cada grupo, para peso a desmama e peso aos 450
dias, foi estimado a partir da média das DEPs de peso a desmama (DP210) e aos 450
dias (DP450).
Os resultados dos grupos (TM1, TM2, TC e TI) foram simulados para 1250 matrizes com taxa
de prenhez de 80%, resultando em 1000 progênies, com nascimento iniciado entre setembro e
outubro.
Para o calculo de retorno econômico, foi considerado abate aos 30 meses com rendimento de
carcaça de 53%, arroba a R$ 95 (média entre boi e vaca), e R$ 3,80 o Kg médio do bezerro
desmamado (macho e fêmea).
Resultados e Discussão
A progênie do grupo TM1 apresentou media superior para peso a desmama, de 53,07%,
187,5% e - 272% comparados aos grupos TM2, TC e TI respectivamente. Para peso aos 450 dias
as medias são 57,8%, 195% e -311,5% comparado aos grupos TM2, TC e TI, conforme gráfico 1.
O aumento no desempenho da progênie é resultante da maior pressão de seleção
aplicada sobre os reprodutores, uma vez que foi considerado como 0 (zero) a DEP das
matrizes para as características estudadas.
Gráfico 1. Média do desempenho da Progênie dos grupos.
3. 7,85
13,7
5,13
8,66
2,73
4,63
-4,56
-6,46
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
Peso a Desmama Peso aos 450 dias
TM 1
TM2
TC
TI
O valor agregado da progênie e aumento no retorno econômico, pela utilização de
touros melhoradores é mostrado na tabela 2.
O retorno econômico médio, com a utilização de touros melhoradores (TM1 e TM2) na
estação de monta, para as características, peso a desmama e peso aos 450 dias é ao
redor de 137% e 141% respectivamente, se comparado com o grupo TC. Comparando
com o grupo TI essa diferença é -242,15% e -272,77%, para peso a desmama e peso
aos 450 dias respectivamente.
Tabela 2. Retorno Econômico e desempenho dos grupos.
TM1 TM2 TC TI
Característica DP210 DP450 DP210 DP450 DP210 DP450 DP210 DP450
Produção Media (kg) 7,85 13,67 5,13 8,66 2,73 4,63 -4,56 -6,46
Retorno Econômico (R$) 29.823,29 45.891,56 19.483,14 29.083,12 10.374,00 15.541,37 -17.343,20 -21.697,49
Retorno Econômico/animal (R$) 29,82 45,89 19,48 29,08 10,37 15,54 -17,34 -21,70
A progênie do grupo TM1 apresentou retorno econômico 187% e 195% superior para
peso a desmama e peso aos 450 dias respectivamente, comparado com o grupo TC.
Comparando com o mesmo grupo, a progênie do grupo TM2 apresentou retorno
econômico de 87,8% e 87,1% para peso a desmama e peso aos 450 dias
respectivamente.
Rosa et al. (2013) estudando o impacto econômico da utilização de touros, encontrou
retorno econômico de R$16,21 por animal desmamado, considerando o valor médio
da arroba R$ 3,65. Valor próximo ao retorno econômico para peso a desmama do
grupo TM2.
Para o grupo TM1 ,o retorno econômico de R$29,82 e R$45,89 para peso a desmama e
peso aos 450 dias, respectivamente, representa o retorno econômico mínimo, uma vez
4. que há touros TOP 0,1% para MGT, que apresentam valores superiores á 12,45 Kg e
22,64 Kg, para DP210 e DP450 respectivamente.
Segundo Rosa et al (2013). o investimento em touros geneticamente superiores
apresenta elevado potencial de retorno econômico, podendo contribuir decisivamente
para a melhoria da produtividade e da renda das fazendas de pecuária de corte, com
seu efeito multiplicador no âmbito de toda a cadeia produtiva e dos demais setores da
economia a ela interligados.
Neste trabalho não estão inseridos a receita proveniente do descarte de matrizes
vazias, nem o ganho indireto com fatores que reduzem o ciclo de produção como
melhoria da conformação de carcaça, precocidade sexual e reposição de matrizes de
melhor qualidade.
Conclusão
A utilização de touros geneticamente superiores, TOP 0,1 a TOP 30%, na estação de
monta é determinante para aumentar a lucratividade do produtor, encurtar o ciclo de
produção e inserir no rebanho melhorias indiretas.
Implicações
A avaliação genética é a única forma confiável de identificar touros geneticamente
superiores, porém para aumento da rentabilidade outros fatores como descarte e
reposição de matrizes, manejo sanitário, planejamento alimentar e da estação de
monta, devem ser levados em consideração.
Referencias Bibliográficas
ROSA, A.N.; SILVA, L.O.C.; NOBRE, P.R.C.; MARTINS, E.N.; COSTA, F.P.; TORRES JR,
R.A.A.; MENEZES, R.O.; FERNANDES, C.E.S.; PECUÁRIA DE CORTE: VALE A PENA
INVESTIR EM TOUROS GENETICAMENTE SUPERIORES? Jun. 2013. Disponivel em:
http://cloud.cnpgc.embrapa.br/bpa/files/2013/06/RetornoEconomico_TourosMelhora
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LÔBO, R.B.; BEZERRA, L.A.; VOZZI, P.A.;MAGNABOSCO, C. de U.; ALBUQUERQUE, L.G.;
SAINZ, R.D.; BERGMANN, J.A.G.; FARIA, C de U.; OLIVEIRA, H.N. Sumário de Touros das
Raças Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã: Edição Julho de 2013, Ribeirão Preto,
ANCP 122 pag.