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Cap´ıtulo 17
Origem da vida e vida
extraterrestre
Somos n´os as ´unicas criaturas no Universo que pensam sobre sua origem e
evolu¸c˜ao, ou existiriam outras formas de vida inteligente entre as estrelas?
A origem da vida e a existˆencia de vida extraterrestre vˆem sendo fo-
calizadas nos notici´arios com grande intensidade desde os anos 1950, mas
de forma crescente nos ´ultimos anos, com a poss´ıvel detec¸c˜ao de f´osseis mi-
crosc´opicos em Marte, e da existˆencia de ´agua em forma de oceanos, sob
uma manta congelada, na lua Europa de J´upiter.
Qual ´e a origem da vida? O que diferencia seres vivos de simples mat´eria
orgˆanica? No contexto de evolu¸c˜ao c´osmica, a vida resulta de uma seq¨uˆencia
natural de evolu¸c˜ao qu´ımica e biol´ogica da mat´eria pr´e-existente, regida pe-
las leis f´ısicas. A regra fundamental ´e a de que os seres vivos s˜ao organismos
que se reproduzem, sofrem muta¸c˜oes, e reproduzem as muta¸c˜oes, isto ´e,
passam por sele¸c˜ao cumulativa. J´a a vida inteligente requer mais de uma
centena de bilh˜oes de c´elulas, diferenciadas em um organismo altamente
complexo e, portanto, requer um longo tempo de sele¸c˜ao natural cumula-
tiva.
17.1 Vida na Terra
Segundo a paleontologia, f´osseis microsc´opicos de bact´eria e algas, datando
de 3,8 bilh˜oes de anos, s˜ao as evidˆencias de vida mais remota na Terra.
Portanto, cerca de 1 bilh˜ao de anos ap´os a forma¸c˜ao da Terra, e apenas 200
a 400 milh˜oes de anos ap´os a crosta ter se resfriado, a evolu¸c˜ao molecular
j´a havia dado origem `a vida. Desde ent˜ao, as formas de vida sofreram
163
muitas muta¸c˜oes e a evolu¸c˜ao darwiniana selecionou as formas de vida mais
adaptadas `as condi¸c˜oes clim´aticas da Terra, que mudaram com o tempo.
A evolu¸c˜ao do Homo Sapiens, entretanto, por sua alta complexidade, levou
3,8 bilh˜oes de anos, pois sua existˆencia data de 300 000 anos atr´as. O Homo
Sapiens Sapiens s´o tem 125 000 anos, e a civiliza¸c˜ao somente 10 000 anos,
com o fim da ´ultima idade do gelo.
Embora nenhuma evidˆencia concreta de vida tenha at´e agora sido encon-
trada fora da Terra, os elementos b´asicos para seu desenvolvimento foram
detectados no meio extraterrestre. Por exemplo, a lua Europa pode conter
vida, pois re´une os elementos fundamentais: calor, ´agua e material orgˆanico
procedente de cometas e meteoritos.
A an´alise de meteoritos do tipo condrito carbon´aceo, e a observa¸c˜ao
de mol´eculas orgˆanicas no meio interestelar corroboram a id´eia de que os
compostos orgˆanicos podem ser sintetizados naturalmente, sem a atua¸c˜ao
de seres vivos. Os compostos orgˆanicos s˜ao simplesmente mol´eculas com o
´atomo de carbono, que tˆem propriedade el´etrica de se combinar em longas
cadeias. V´arios meteoritos apresentam amino´acidos de origem extraterres-
tre, que se formaram, possivelmente, por ades˜ao molecular catalisada por
gr˜aos de silicato da poeira interestelar.
A Terra n˜ao se formou com a mesma composi¸c˜ao do Sol, pois nela faltam
os elementos leves e vol´ateis (H e He), incapazes de se condensar na regi˜ao de-
masiadamente quente da nebulosa solar onde a Terra se formou. Mais tarde,
os elementos leves (H e He) secund´arios foram perdidos pelo proto-planeta
porque sua massa pequena e temperatura elevada n˜ao permitiram a reten¸c˜ao
da atmosfera. A atmosfera primitiva resultou do degasamento do interior
quente, sendo alimentada atrav´es da intensa atividade vulcˆanica que perdu-
rou por cerca de 100 milh˜oes de anos ap´os sua forma¸c˜ao. Apesar da ejec¸c˜ao
de H2O, CO2, HS2, CH4 e NH3 na atmosfera, esta n˜ao possu´ıa oxigˆenio
livre como hoje, que poderia destruir mol´eculas orgˆanicas. A forma¸c˜ao de
mol´eculas complexas requeria energia de radia¸c˜ao com comprimentos de
onda menores que 2200 ˚A, providos por relˆampagos e pelo pr´oprio Sol, j´a
que n˜ao havia, ainda, na Terra, a camada de ozˆonio que bloqueia a radia¸c˜ao
ultravioleta. O experimento bioqu´ımico em laborat´orio de Miller-Urey, re-
alizado em 1953 por Stanley Lloyd Miller (1930-2007) e Harold C. Urey
(1893-1981), demonstrou que, nessa atmosfera redutora, sob a a¸c˜ao de des-
cargas el´etricas, ´e poss´ıvel transformar 2% do carbono em amino´acidos, a
base das prote´ınas. No experimento de Miller-Urey, um frasco cont´em o
”oceano”de ´agua, que ao ser aquecido for¸ca vapor de ´agua a circular pelo
aparato. Outro frasco cont´em a ”atmosfera”, com metano (CH4), amˆonia
164
(NH3), hidrogˆenio (H2) e o vapor de ´agua circulando. Quando uma descarca
el´etrica (raio) passa pelos gases, eles interagem, gerando amino ´acidos (gli-
cina, alanina, ´acidos asp´artico e glutˆamico, entre outros). 15% do carbono
do metano original combinaram-se em compostos orgˆanicos.
Em 1959, Juan Or´o, na Universidade de Houston, conseguiu produzir
adenina, uma das quatro bases do ARN (RNA) e ADN (DNA), a partir de
HCN e amˆonia em uma solu¸c˜ao aquosa. Embora a atmosfera da Terra possa
n˜ao ter sido redutora no in´ıcio, v´arios amino´acidos j´a foram detectados em
meteoritos, mostrando que eles podem se formar no espa¸co.
17.2 Vida no Sistema Solar
A existˆencia de vida inteligente pode ser descartada em todos os demais
planetas do Sistema Solar. Em Marte, onde h´a ´agua em certa abundˆancia,
atualmente em forma de vapor ou s´olido, e a press˜ao atmosf´erica na su-
perf´ıcie ´e 150 vezes menor do que na Terra, a morfologia da superf´ıcie indica
que houve ´agua l´ıquida no passado. O meteorito ALH84001, proveniente de
Marte, mostra dep´ositos minerais que ainda est˜ao em disputa cient´ıfica se
s˜ao restos de nanobact´erias1, compostos orgˆanicos simples, ou contamina¸c˜ao
ocorrida na pr´opria Terra.
17.3 Vida na gal´axia
A inteligˆencia, interesse sobre o que est´a acontecendo no Universo, ´e um des-
dobramento da vida na Terra, resultado da evolu¸c˜ao e sele¸c˜ao natural. Os
seres inteligentes produzem manifesta¸c˜oes artificiais, como as ondas eletro-
magn´eticas moduladas em amplitude (AM) ou freq¨uˆencia (FM) produzidas
pelos terr´aqueos para transmitir informa¸c˜ao (sinais com estrutura l´ogica).
Acreditando que poss´ıveis seres extraterrestres inteligentes se manifestem
de maneira similar, desde 1960 se usam radiotelesc´opios para tentar cap-
tar sinais deles. Essa busca leva a sigla SETI, do inglˆes Search for Extra-
Terrestrial Intelligence, ou Busca de Inteligˆencia Extraterrestre. At´e hoje,
1
A bact´eria de menor tamanho reconhecida na Terra ´e a Mycoplasma genitalium, com
300 nm. As poss´ıveis nanobact´erias, encontradas tamb´em dentro de seres humanos, tˆem
diˆametro entre 30 e 150 nm, cerca de um mil´esimo da largura de um fio de cabelo, e menor
que muitos v´ırus, que n˜ao se reproduzem sozinhos, mas somente com atrav´es de um ser
vivo. O tamanho extremamente pequeno das nanobact´erias limita muito a investiga¸c˜ao
cientifica, e ainda n˜ao se conseguiu identificar DNA nelas. O microbi´ologo Jack Maniloff,
da Universidade de Rochester, determinou como 140 nm o tamanho m´ınimo para seres
vivos, para ter DNA e prote´ınas em funcionamento.
165
n˜ao houve nenhuma detec¸c˜ao, mas essa busca se baseia em emiss˜oes mo-
duladas de r´adio, que produzimos aqui na Terra somente nos ´ultimos 60
anos. Hoje em dia, a transmiss˜ao de dados por ondas eletromagn´eticas est´a
sendo superada por transporte de informa¸c˜ao por fibras ´oticas, que n˜ao s˜ao
percept´ıveis a distˆancias interestelares.
17.4 OVNIs
Devido `as grandes distˆancias interestelares, e `a limita¸c˜ao da velocidade a ve-
locidades menores que a velocidade da luz pela relatividade de Einstein, n˜ao
´e poss´ıvel viajar at´e outras estrelas e seus poss´ıveis planetas. O ˆonibus es-
pacial da NASA viaja a aproximadamente 28 000 km/hr e, portanto, levaria
168 000 anos para chegar `a estrela mais pr´oxima, que est´a a 4,4 anos-luz da
Terra. A espa¸conave mais veloz que a esp´ecie humana j´a construiu at´e agora
levaria 80 mil anos para chegar `a estrela mais pr´oxima. O Dr. Bernard M.
Oliver (1916-1995), diretor de pesquisa e vice-presidente da Hewlett-Packard
Corporation e co-diretor do projeto de procura de vida extra-terrestre Cy-
clops da NASA, calculou que para uma espa¸conave viajar at´e essa estrela
mais pr´oxima a 70% da velocidade da luz, mesmo com um motor perfeito,
que converte 100% do combust´ıvel em energia (nenhuma tecnologia futura
pode ser melhor que isto), seriam necess´arios 2, 6×1016 MWatts, equivalente
a toda a energia el´etrica produzida hoje em todo o mundo, a partir de todas
as fontes, inclusive nuclear, durante 100 mil anos, e, ainda assim, levaria
6 anos s´o para chegar l´a. O importante sobre esse c´alculo ´e que ele n˜ao
depende da tecnologia atual (eficiˆencia de convers˜ao de energia entre 10 e
40%), pois assume um motor perfeito, nem de quem est´a fazendo a viagem,
mas somente das leis de conserva¸c˜ao de energia. Essa ´e a principal raz˜ao
por que os astrˆonomos s˜ao t˜ao c´eticos sobre as not´ıcias que os OVNIs (Obje-
tos Voadores N˜ao-identificados), ou UFOs (Unidentified Flying Objects) s˜ao
espa¸conaves de civiliza¸c˜oes extraterrestres. Devido `as distˆancias enormes e
gastos energ´eticos envolvidos, ´e muito improv´avel que as dezenas de OVNIs
noticiados a cada ano pudessem ser visitantes de outras estrelas t˜ao fascina-
dos com a Terra que estariam dispostos a gastar quantidades fant´asticas de
tempo e energia para chegar aqui. A maioria dos OVNIs, quando estudados,
resultam ser fenˆomenos naturais, como bal˜oes, meteoros, planetas brilhan-
tes, ou avi˜oes militares classificados. De fato, nenhum OVNI jamais deixou
evidˆencia f´ısica que pudesse ser estudada em laborat´orios para demonstrar
sua origem de fora da Terra.
Quatro espa¸conaves da Terra, duas Pioneers e duas Voyagers, depois
166
de completarem sua explora¸c˜ao do sistema planet´ario, est˜ao deixando esse
sistema planet´ario. Entretanto, elas levar˜ao milh˜oes de anos para atingir
os confins do Sistema Solar, onde situa-se a Nuvem de Oort. Essas quatro
naves levam placas pictoriais e mensagens de ´audio e v´ıdeo sobre a Terra,
mas, em sua velocidade atual, levar˜ao muitos milh˜oes de anos para chegar
perto de qualquer estrela.
17.5 Planetas fora do Sistema Solar
Desde 1992 at´e janeiro de 2011 foram detectados 519 planetas extrassolares,
484 destes atrav´es da evidˆencias gravitacionais pelo deslocamento Doppler
nas linhas espectrais das estrelas; a ´orbita do planeta em torno da estrela
produz o movimento da estrela em torno do centro de massa. Desde 2004 j´a
foi poss´ıvel obter imagens de planetas extrassolares diretamente, embora as
estrelas em volta das quais os planetas orbitam sejam muito mais brilhantes
que os planetas e, portanto, ofusca-os em geral. Em 2009 foi poss´ıvel obter a
primeira imagem de um sistema planet´ario, com trˆes planetas gigantes, or-
bitando a estrela HR 8799. Todos os m´etodos detectam mais facilmente os
grandes planetas, tipo J´upiter, que n˜ao podem conter vida como a conhece-
mos, porque tˆem atmosferas imensas e de alt´ıssima press˜ao sobre pequenos
n´ucleos rochosos. Detectar planetas pequenos, como a Terra, requerem pre-
cis˜ao maior do que a ating´ıvel pelas observa¸c˜oes atuais, mas o sat´elite Kepler,
por exemplo, lan¸cado em 2009, est´a reduzindo este limite de detec¸c˜ao. Como
s´o determinamos a massa do planeta e a distˆancia do planeta `a estrela, e em
casos raros a temperatura e o raio do planeta, n˜ao podemos ainda detectar
nenhum sinal de vida.
A estimativa do n´umero N de civiliza¸c˜oes na nossa Gal´axia pode ser
discutida com o aux´ılio da equa¸c˜ao de Drake, proposta em 1961 por Frank
Donald Drake (1930-), ent˜ao astrˆonomo no National Radio Astronomy Ob-
servatory, em Green Bank, Estados Unidos, e atual presidente do SETI
Institute:
N = fp fv fi fc
˙N Tt,
onde fp ´e a fra¸c˜ao prov´avel de estrelas que tˆem planetas (menor que 0,4), fv
´e a fra¸c˜ao prov´avel de planetas que abrigam vida, fi ´e a fra¸c˜ao prov´avel de
planetas que abrigam vida e desenvolveram formas de vida inteligente, fc ´e a
fra¸c˜ao prov´avel de planetas que abriga vida inteligente e que desenvolveram
civiliza¸c˜oes tecnol´ogicas com comunica¸c˜ao eletromagn´etica, ˙N ´e a taxa de
forma¸c˜ao de estrelas na Gal´axia, e Tt ´e o tempo prov´avel de dura¸c˜ao de
167
uma civiliza¸c˜ao tecnol´ogica. A ´unica vari´avel razoavelmente bem conhecida
´e ˙N, que ´e simplesmente o n´umero de estrelas na nossa gal´axia dividido pela
idade da gal´axia. Podemos fazer um c´alculo otimista, supondo que a vida
como a nossa pulula na Gal´axia, assumindo fv fi fc = 1,
N = fp
˙NTt,
isto ´e, que o n´umero de planetas com vida inteligente seria dado pelo n´umero
de novas estrelas com planetas vezes a dura¸c˜ao de uma civiliza¸c˜ao tec-
nol´ogica. Usando ˙N=3/ano, fp = 0, 4, e Tt de um s´eculo, chega-se a N=120.
Podemos estimar a distˆancia m´edia entre estas “civiliza¸c˜oes”, assumindo
que est˜ao distribu´ıdas pela nossa Gal´axia. Como nossa gal´axia tem aproxi-
madamente 100 000 anos-luz de diˆametro por 1000 anos-luz de espessura, o
volume total da gal´axia ´e da ordem de
VG = π × 50 0002
× 1000 anos − luz3
e a distˆancia m´edia entre estas “civiliza¸c˜oes” (dC)
dC =
VC
4π
1
3
onde
VC =
VG
N
Se N=120, obtemos dC 1 700 anos-luz.
Num c´alculo pessimista, o valor de N pode cair por um fator de um
milh˜ao. Nesse caso, para haver uma ´unica civiliza¸c˜ao tecnol´ogica na gal´axia
al´em da nossa, ela deveria durar no m´ınimo 300 mil anos. N˜ao h´a, no mo-
mento, nenhum crit´erio seguro que permita decidir por uma posi¸c˜ao otimista
ou pessimista. A equa¸c˜ao de Drake pode ser usada para estimar a distˆancia
de uma estrela com civiliza¸c˜ao tecnol´ogica, j´a que nossa gal´axia tem, apro-
ximadamente, 100 mil anos-luz de diˆametro e 100 anos-luz de espessura.
Conclui-se que, para se estabelecer uma comunica¸c˜ao por r´adio de ida e
volta, mesmo na hip´otese otimista, a dura¸c˜ao da civiliza¸c˜ao tecnol´ogica n˜ao
poder´a ser menor que 12 mil anos. Caso contr´ario, a civiliza¸c˜ao interlocutora
ter´a desaparecido antes de receber a resposta. Naturalmente, existem mais
de 100 bilh˜oes de outras gal´axias al´em da nossa, mas para estas o problema
de distˆancia ´e muito maior.
J´a que n˜ao podemos viajar at´e as estrelas, qual seria a maneira de de-
tectar sinal de vida em um planeta? Considerando que a ´agua ´e um solvente
168
ideal para as rea¸c˜oes qu´ımicas complexas que levam `a vida, e que seus dois
constituintes, hidrogˆenio e oxigˆenio s˜ao abundantes em toda a Gal´axia, con-
sideramos que ´agua l´ıquida na superf´ıcie, e, portanto, calor adequado, ´e um
bom indicador da possibilidade de vida. Outros dois indicadores s˜ao a de-
tec¸c˜ao de oxigˆenio e de di´oxido de carbono. Oxigˆenio ´e um elemento que
rapidamente se combina com outros elementos, de modo que ´e dif´ıcil acumu-
lar oxigˆenio na atmosfera de um planeta, sem um mecanismo de constante
gera¸c˜ao. Um mecanismo de gera¸c˜ao de oxigˆenio ocorre atrav´es de plantas,
que consomem ´agua, nitrogˆenio e di´oxido de carbono como nutrientes, e eli-
minam oxigˆenio. O di´oxido de carbono (CO2) ´e um produto de vida animal
na Terra. Mas essas evidˆencias n˜ao ser˜ao indica¸c˜oes de vida inteligente, j´a
que na Terra foram necess´arios 4,5 bilh˜oes de anos para a vida inteligente
evoluir, mas somente 1 bilh˜ao para a vida microsc´opica iniciar. Entretanto,
a vida pode tomar formas inesperadas, evoluir em lugares imprevis´ıveis, e
de formas improv´aveis, os chamados extrem´ofilos. Por exemplo, aqui na
Terra, recentemente se encontrou a bact´eria Polaromonas vacuolata, que
vive quilˆometros abaixo da superf´ıcie, nos p´olos, sob temperaturas dezenas
de graus abaixo de zero, bact´erias em uma mina de ouro da ´Africa do Sul,
a 3,5 km de profundidade, microorganismos que vivem dentro de rochas de
granito, que se acreditava completamente est´ereis pela completa falta de nu-
trientes, at´e micr´obios super-resistentes, como o Methanopyrus kandleri, que
vivem no interior de vulc˜oes submarinos, em temperaturas muito elevadas
(acima de 100C). Essas bact´erias se alimentam de gases, como o metano,
e outros elementos qu´ımicos, como ferro, enxofre e manganˆes. O micr´obio
Pyrolobus fumarii era a forma de vida mais resistente `as altas temperatu-
ras at´e 2003. Os cientistas haviam registrado exemplares desses organismos
vivendo a 113 graus Celsius. Derek Lovley e Kazem Kashefi, ambos da
Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, identificaram uma arqueo-
bact´eria (a forma mais primitiva de vida que se conhece) a 121 graus Celsius.
O nome cient´ıfico do micr´obio ainda n˜ao foi definido. Segundo Lovley, esses
microrganismos usam ferro para produzir energia. E outras como as Sul-
folobus acidocaldarius, acid´ofilos, que vivem em fontes de ´acido sulf´urico.
Portanto, aqui na Terra, formas de vida primitiva muito diferentes existem.
Contamina¸c˜ao: a dificuldade de procurar vida extra-terrestre atrav´es de
experimentos ´e a possibilidade de contamina¸c˜ao do experimento por vida
aqui da Terra. Quando miss˜ao Apolo 12 trouxe de volta uma cˆamara Sur-
veyor 3 enviada anteriormente, encontrou-se uma colˆonia da bact´eria Strep-
tococcus mitis, que tinha contaminado a espuma de isolamento da cˆamara
antes de ser enviada `a Lua, e sobrevieu n˜ao s´o a viagem de ida e volta, mas
169
os trˆes anos que esteve l´a no solo na Lua. Esta bact´eria ´e comum e inofensiva
e vive no nariz, boca e garganta dos humanos.
170

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  • 1. Cap´ıtulo 17 Origem da vida e vida extraterrestre Somos n´os as ´unicas criaturas no Universo que pensam sobre sua origem e evolu¸c˜ao, ou existiriam outras formas de vida inteligente entre as estrelas? A origem da vida e a existˆencia de vida extraterrestre vˆem sendo fo- calizadas nos notici´arios com grande intensidade desde os anos 1950, mas de forma crescente nos ´ultimos anos, com a poss´ıvel detec¸c˜ao de f´osseis mi- crosc´opicos em Marte, e da existˆencia de ´agua em forma de oceanos, sob uma manta congelada, na lua Europa de J´upiter. Qual ´e a origem da vida? O que diferencia seres vivos de simples mat´eria orgˆanica? No contexto de evolu¸c˜ao c´osmica, a vida resulta de uma seq¨uˆencia natural de evolu¸c˜ao qu´ımica e biol´ogica da mat´eria pr´e-existente, regida pe- las leis f´ısicas. A regra fundamental ´e a de que os seres vivos s˜ao organismos que se reproduzem, sofrem muta¸c˜oes, e reproduzem as muta¸c˜oes, isto ´e, passam por sele¸c˜ao cumulativa. J´a a vida inteligente requer mais de uma centena de bilh˜oes de c´elulas, diferenciadas em um organismo altamente complexo e, portanto, requer um longo tempo de sele¸c˜ao natural cumula- tiva. 17.1 Vida na Terra Segundo a paleontologia, f´osseis microsc´opicos de bact´eria e algas, datando de 3,8 bilh˜oes de anos, s˜ao as evidˆencias de vida mais remota na Terra. Portanto, cerca de 1 bilh˜ao de anos ap´os a forma¸c˜ao da Terra, e apenas 200 a 400 milh˜oes de anos ap´os a crosta ter se resfriado, a evolu¸c˜ao molecular j´a havia dado origem `a vida. Desde ent˜ao, as formas de vida sofreram 163
  • 2. muitas muta¸c˜oes e a evolu¸c˜ao darwiniana selecionou as formas de vida mais adaptadas `as condi¸c˜oes clim´aticas da Terra, que mudaram com o tempo. A evolu¸c˜ao do Homo Sapiens, entretanto, por sua alta complexidade, levou 3,8 bilh˜oes de anos, pois sua existˆencia data de 300 000 anos atr´as. O Homo Sapiens Sapiens s´o tem 125 000 anos, e a civiliza¸c˜ao somente 10 000 anos, com o fim da ´ultima idade do gelo. Embora nenhuma evidˆencia concreta de vida tenha at´e agora sido encon- trada fora da Terra, os elementos b´asicos para seu desenvolvimento foram detectados no meio extraterrestre. Por exemplo, a lua Europa pode conter vida, pois re´une os elementos fundamentais: calor, ´agua e material orgˆanico procedente de cometas e meteoritos. A an´alise de meteoritos do tipo condrito carbon´aceo, e a observa¸c˜ao de mol´eculas orgˆanicas no meio interestelar corroboram a id´eia de que os compostos orgˆanicos podem ser sintetizados naturalmente, sem a atua¸c˜ao de seres vivos. Os compostos orgˆanicos s˜ao simplesmente mol´eculas com o ´atomo de carbono, que tˆem propriedade el´etrica de se combinar em longas cadeias. V´arios meteoritos apresentam amino´acidos de origem extraterres- tre, que se formaram, possivelmente, por ades˜ao molecular catalisada por gr˜aos de silicato da poeira interestelar. A Terra n˜ao se formou com a mesma composi¸c˜ao do Sol, pois nela faltam os elementos leves e vol´ateis (H e He), incapazes de se condensar na regi˜ao de- masiadamente quente da nebulosa solar onde a Terra se formou. Mais tarde, os elementos leves (H e He) secund´arios foram perdidos pelo proto-planeta porque sua massa pequena e temperatura elevada n˜ao permitiram a reten¸c˜ao da atmosfera. A atmosfera primitiva resultou do degasamento do interior quente, sendo alimentada atrav´es da intensa atividade vulcˆanica que perdu- rou por cerca de 100 milh˜oes de anos ap´os sua forma¸c˜ao. Apesar da ejec¸c˜ao de H2O, CO2, HS2, CH4 e NH3 na atmosfera, esta n˜ao possu´ıa oxigˆenio livre como hoje, que poderia destruir mol´eculas orgˆanicas. A forma¸c˜ao de mol´eculas complexas requeria energia de radia¸c˜ao com comprimentos de onda menores que 2200 ˚A, providos por relˆampagos e pelo pr´oprio Sol, j´a que n˜ao havia, ainda, na Terra, a camada de ozˆonio que bloqueia a radia¸c˜ao ultravioleta. O experimento bioqu´ımico em laborat´orio de Miller-Urey, re- alizado em 1953 por Stanley Lloyd Miller (1930-2007) e Harold C. Urey (1893-1981), demonstrou que, nessa atmosfera redutora, sob a a¸c˜ao de des- cargas el´etricas, ´e poss´ıvel transformar 2% do carbono em amino´acidos, a base das prote´ınas. No experimento de Miller-Urey, um frasco cont´em o ”oceano”de ´agua, que ao ser aquecido for¸ca vapor de ´agua a circular pelo aparato. Outro frasco cont´em a ”atmosfera”, com metano (CH4), amˆonia 164
  • 3. (NH3), hidrogˆenio (H2) e o vapor de ´agua circulando. Quando uma descarca el´etrica (raio) passa pelos gases, eles interagem, gerando amino ´acidos (gli- cina, alanina, ´acidos asp´artico e glutˆamico, entre outros). 15% do carbono do metano original combinaram-se em compostos orgˆanicos. Em 1959, Juan Or´o, na Universidade de Houston, conseguiu produzir adenina, uma das quatro bases do ARN (RNA) e ADN (DNA), a partir de HCN e amˆonia em uma solu¸c˜ao aquosa. Embora a atmosfera da Terra possa n˜ao ter sido redutora no in´ıcio, v´arios amino´acidos j´a foram detectados em meteoritos, mostrando que eles podem se formar no espa¸co. 17.2 Vida no Sistema Solar A existˆencia de vida inteligente pode ser descartada em todos os demais planetas do Sistema Solar. Em Marte, onde h´a ´agua em certa abundˆancia, atualmente em forma de vapor ou s´olido, e a press˜ao atmosf´erica na su- perf´ıcie ´e 150 vezes menor do que na Terra, a morfologia da superf´ıcie indica que houve ´agua l´ıquida no passado. O meteorito ALH84001, proveniente de Marte, mostra dep´ositos minerais que ainda est˜ao em disputa cient´ıfica se s˜ao restos de nanobact´erias1, compostos orgˆanicos simples, ou contamina¸c˜ao ocorrida na pr´opria Terra. 17.3 Vida na gal´axia A inteligˆencia, interesse sobre o que est´a acontecendo no Universo, ´e um des- dobramento da vida na Terra, resultado da evolu¸c˜ao e sele¸c˜ao natural. Os seres inteligentes produzem manifesta¸c˜oes artificiais, como as ondas eletro- magn´eticas moduladas em amplitude (AM) ou freq¨uˆencia (FM) produzidas pelos terr´aqueos para transmitir informa¸c˜ao (sinais com estrutura l´ogica). Acreditando que poss´ıveis seres extraterrestres inteligentes se manifestem de maneira similar, desde 1960 se usam radiotelesc´opios para tentar cap- tar sinais deles. Essa busca leva a sigla SETI, do inglˆes Search for Extra- Terrestrial Intelligence, ou Busca de Inteligˆencia Extraterrestre. At´e hoje, 1 A bact´eria de menor tamanho reconhecida na Terra ´e a Mycoplasma genitalium, com 300 nm. As poss´ıveis nanobact´erias, encontradas tamb´em dentro de seres humanos, tˆem diˆametro entre 30 e 150 nm, cerca de um mil´esimo da largura de um fio de cabelo, e menor que muitos v´ırus, que n˜ao se reproduzem sozinhos, mas somente com atrav´es de um ser vivo. O tamanho extremamente pequeno das nanobact´erias limita muito a investiga¸c˜ao cientifica, e ainda n˜ao se conseguiu identificar DNA nelas. O microbi´ologo Jack Maniloff, da Universidade de Rochester, determinou como 140 nm o tamanho m´ınimo para seres vivos, para ter DNA e prote´ınas em funcionamento. 165
  • 4. n˜ao houve nenhuma detec¸c˜ao, mas essa busca se baseia em emiss˜oes mo- duladas de r´adio, que produzimos aqui na Terra somente nos ´ultimos 60 anos. Hoje em dia, a transmiss˜ao de dados por ondas eletromagn´eticas est´a sendo superada por transporte de informa¸c˜ao por fibras ´oticas, que n˜ao s˜ao percept´ıveis a distˆancias interestelares. 17.4 OVNIs Devido `as grandes distˆancias interestelares, e `a limita¸c˜ao da velocidade a ve- locidades menores que a velocidade da luz pela relatividade de Einstein, n˜ao ´e poss´ıvel viajar at´e outras estrelas e seus poss´ıveis planetas. O ˆonibus es- pacial da NASA viaja a aproximadamente 28 000 km/hr e, portanto, levaria 168 000 anos para chegar `a estrela mais pr´oxima, que est´a a 4,4 anos-luz da Terra. A espa¸conave mais veloz que a esp´ecie humana j´a construiu at´e agora levaria 80 mil anos para chegar `a estrela mais pr´oxima. O Dr. Bernard M. Oliver (1916-1995), diretor de pesquisa e vice-presidente da Hewlett-Packard Corporation e co-diretor do projeto de procura de vida extra-terrestre Cy- clops da NASA, calculou que para uma espa¸conave viajar at´e essa estrela mais pr´oxima a 70% da velocidade da luz, mesmo com um motor perfeito, que converte 100% do combust´ıvel em energia (nenhuma tecnologia futura pode ser melhor que isto), seriam necess´arios 2, 6×1016 MWatts, equivalente a toda a energia el´etrica produzida hoje em todo o mundo, a partir de todas as fontes, inclusive nuclear, durante 100 mil anos, e, ainda assim, levaria 6 anos s´o para chegar l´a. O importante sobre esse c´alculo ´e que ele n˜ao depende da tecnologia atual (eficiˆencia de convers˜ao de energia entre 10 e 40%), pois assume um motor perfeito, nem de quem est´a fazendo a viagem, mas somente das leis de conserva¸c˜ao de energia. Essa ´e a principal raz˜ao por que os astrˆonomos s˜ao t˜ao c´eticos sobre as not´ıcias que os OVNIs (Obje- tos Voadores N˜ao-identificados), ou UFOs (Unidentified Flying Objects) s˜ao espa¸conaves de civiliza¸c˜oes extraterrestres. Devido `as distˆancias enormes e gastos energ´eticos envolvidos, ´e muito improv´avel que as dezenas de OVNIs noticiados a cada ano pudessem ser visitantes de outras estrelas t˜ao fascina- dos com a Terra que estariam dispostos a gastar quantidades fant´asticas de tempo e energia para chegar aqui. A maioria dos OVNIs, quando estudados, resultam ser fenˆomenos naturais, como bal˜oes, meteoros, planetas brilhan- tes, ou avi˜oes militares classificados. De fato, nenhum OVNI jamais deixou evidˆencia f´ısica que pudesse ser estudada em laborat´orios para demonstrar sua origem de fora da Terra. Quatro espa¸conaves da Terra, duas Pioneers e duas Voyagers, depois 166
  • 5. de completarem sua explora¸c˜ao do sistema planet´ario, est˜ao deixando esse sistema planet´ario. Entretanto, elas levar˜ao milh˜oes de anos para atingir os confins do Sistema Solar, onde situa-se a Nuvem de Oort. Essas quatro naves levam placas pictoriais e mensagens de ´audio e v´ıdeo sobre a Terra, mas, em sua velocidade atual, levar˜ao muitos milh˜oes de anos para chegar perto de qualquer estrela. 17.5 Planetas fora do Sistema Solar Desde 1992 at´e janeiro de 2011 foram detectados 519 planetas extrassolares, 484 destes atrav´es da evidˆencias gravitacionais pelo deslocamento Doppler nas linhas espectrais das estrelas; a ´orbita do planeta em torno da estrela produz o movimento da estrela em torno do centro de massa. Desde 2004 j´a foi poss´ıvel obter imagens de planetas extrassolares diretamente, embora as estrelas em volta das quais os planetas orbitam sejam muito mais brilhantes que os planetas e, portanto, ofusca-os em geral. Em 2009 foi poss´ıvel obter a primeira imagem de um sistema planet´ario, com trˆes planetas gigantes, or- bitando a estrela HR 8799. Todos os m´etodos detectam mais facilmente os grandes planetas, tipo J´upiter, que n˜ao podem conter vida como a conhece- mos, porque tˆem atmosferas imensas e de alt´ıssima press˜ao sobre pequenos n´ucleos rochosos. Detectar planetas pequenos, como a Terra, requerem pre- cis˜ao maior do que a ating´ıvel pelas observa¸c˜oes atuais, mas o sat´elite Kepler, por exemplo, lan¸cado em 2009, est´a reduzindo este limite de detec¸c˜ao. Como s´o determinamos a massa do planeta e a distˆancia do planeta `a estrela, e em casos raros a temperatura e o raio do planeta, n˜ao podemos ainda detectar nenhum sinal de vida. A estimativa do n´umero N de civiliza¸c˜oes na nossa Gal´axia pode ser discutida com o aux´ılio da equa¸c˜ao de Drake, proposta em 1961 por Frank Donald Drake (1930-), ent˜ao astrˆonomo no National Radio Astronomy Ob- servatory, em Green Bank, Estados Unidos, e atual presidente do SETI Institute: N = fp fv fi fc ˙N Tt, onde fp ´e a fra¸c˜ao prov´avel de estrelas que tˆem planetas (menor que 0,4), fv ´e a fra¸c˜ao prov´avel de planetas que abrigam vida, fi ´e a fra¸c˜ao prov´avel de planetas que abrigam vida e desenvolveram formas de vida inteligente, fc ´e a fra¸c˜ao prov´avel de planetas que abriga vida inteligente e que desenvolveram civiliza¸c˜oes tecnol´ogicas com comunica¸c˜ao eletromagn´etica, ˙N ´e a taxa de forma¸c˜ao de estrelas na Gal´axia, e Tt ´e o tempo prov´avel de dura¸c˜ao de 167
  • 6. uma civiliza¸c˜ao tecnol´ogica. A ´unica vari´avel razoavelmente bem conhecida ´e ˙N, que ´e simplesmente o n´umero de estrelas na nossa gal´axia dividido pela idade da gal´axia. Podemos fazer um c´alculo otimista, supondo que a vida como a nossa pulula na Gal´axia, assumindo fv fi fc = 1, N = fp ˙NTt, isto ´e, que o n´umero de planetas com vida inteligente seria dado pelo n´umero de novas estrelas com planetas vezes a dura¸c˜ao de uma civiliza¸c˜ao tec- nol´ogica. Usando ˙N=3/ano, fp = 0, 4, e Tt de um s´eculo, chega-se a N=120. Podemos estimar a distˆancia m´edia entre estas “civiliza¸c˜oes”, assumindo que est˜ao distribu´ıdas pela nossa Gal´axia. Como nossa gal´axia tem aproxi- madamente 100 000 anos-luz de diˆametro por 1000 anos-luz de espessura, o volume total da gal´axia ´e da ordem de VG = π × 50 0002 × 1000 anos − luz3 e a distˆancia m´edia entre estas “civiliza¸c˜oes” (dC) dC = VC 4π 1 3 onde VC = VG N Se N=120, obtemos dC 1 700 anos-luz. Num c´alculo pessimista, o valor de N pode cair por um fator de um milh˜ao. Nesse caso, para haver uma ´unica civiliza¸c˜ao tecnol´ogica na gal´axia al´em da nossa, ela deveria durar no m´ınimo 300 mil anos. N˜ao h´a, no mo- mento, nenhum crit´erio seguro que permita decidir por uma posi¸c˜ao otimista ou pessimista. A equa¸c˜ao de Drake pode ser usada para estimar a distˆancia de uma estrela com civiliza¸c˜ao tecnol´ogica, j´a que nossa gal´axia tem, apro- ximadamente, 100 mil anos-luz de diˆametro e 100 anos-luz de espessura. Conclui-se que, para se estabelecer uma comunica¸c˜ao por r´adio de ida e volta, mesmo na hip´otese otimista, a dura¸c˜ao da civiliza¸c˜ao tecnol´ogica n˜ao poder´a ser menor que 12 mil anos. Caso contr´ario, a civiliza¸c˜ao interlocutora ter´a desaparecido antes de receber a resposta. Naturalmente, existem mais de 100 bilh˜oes de outras gal´axias al´em da nossa, mas para estas o problema de distˆancia ´e muito maior. J´a que n˜ao podemos viajar at´e as estrelas, qual seria a maneira de de- tectar sinal de vida em um planeta? Considerando que a ´agua ´e um solvente 168
  • 7. ideal para as rea¸c˜oes qu´ımicas complexas que levam `a vida, e que seus dois constituintes, hidrogˆenio e oxigˆenio s˜ao abundantes em toda a Gal´axia, con- sideramos que ´agua l´ıquida na superf´ıcie, e, portanto, calor adequado, ´e um bom indicador da possibilidade de vida. Outros dois indicadores s˜ao a de- tec¸c˜ao de oxigˆenio e de di´oxido de carbono. Oxigˆenio ´e um elemento que rapidamente se combina com outros elementos, de modo que ´e dif´ıcil acumu- lar oxigˆenio na atmosfera de um planeta, sem um mecanismo de constante gera¸c˜ao. Um mecanismo de gera¸c˜ao de oxigˆenio ocorre atrav´es de plantas, que consomem ´agua, nitrogˆenio e di´oxido de carbono como nutrientes, e eli- minam oxigˆenio. O di´oxido de carbono (CO2) ´e um produto de vida animal na Terra. Mas essas evidˆencias n˜ao ser˜ao indica¸c˜oes de vida inteligente, j´a que na Terra foram necess´arios 4,5 bilh˜oes de anos para a vida inteligente evoluir, mas somente 1 bilh˜ao para a vida microsc´opica iniciar. Entretanto, a vida pode tomar formas inesperadas, evoluir em lugares imprevis´ıveis, e de formas improv´aveis, os chamados extrem´ofilos. Por exemplo, aqui na Terra, recentemente se encontrou a bact´eria Polaromonas vacuolata, que vive quilˆometros abaixo da superf´ıcie, nos p´olos, sob temperaturas dezenas de graus abaixo de zero, bact´erias em uma mina de ouro da ´Africa do Sul, a 3,5 km de profundidade, microorganismos que vivem dentro de rochas de granito, que se acreditava completamente est´ereis pela completa falta de nu- trientes, at´e micr´obios super-resistentes, como o Methanopyrus kandleri, que vivem no interior de vulc˜oes submarinos, em temperaturas muito elevadas (acima de 100C). Essas bact´erias se alimentam de gases, como o metano, e outros elementos qu´ımicos, como ferro, enxofre e manganˆes. O micr´obio Pyrolobus fumarii era a forma de vida mais resistente `as altas temperatu- ras at´e 2003. Os cientistas haviam registrado exemplares desses organismos vivendo a 113 graus Celsius. Derek Lovley e Kazem Kashefi, ambos da Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, identificaram uma arqueo- bact´eria (a forma mais primitiva de vida que se conhece) a 121 graus Celsius. O nome cient´ıfico do micr´obio ainda n˜ao foi definido. Segundo Lovley, esses microrganismos usam ferro para produzir energia. E outras como as Sul- folobus acidocaldarius, acid´ofilos, que vivem em fontes de ´acido sulf´urico. Portanto, aqui na Terra, formas de vida primitiva muito diferentes existem. Contamina¸c˜ao: a dificuldade de procurar vida extra-terrestre atrav´es de experimentos ´e a possibilidade de contamina¸c˜ao do experimento por vida aqui da Terra. Quando miss˜ao Apolo 12 trouxe de volta uma cˆamara Sur- veyor 3 enviada anteriormente, encontrou-se uma colˆonia da bact´eria Strep- tococcus mitis, que tinha contaminado a espuma de isolamento da cˆamara antes de ser enviada `a Lua, e sobrevieu n˜ao s´o a viagem de ida e volta, mas 169
  • 8. os trˆes anos que esteve l´a no solo na Lua. Esta bact´eria ´e comum e inofensiva e vive no nariz, boca e garganta dos humanos. 170