O documento discute a mensagem das cartas de 1 Timóteo e Tito escritas por Paulo. Trata da vida da igreja local e da doutrina, abordando tópicos como falsos mestres, responsabilidades de liderança e ensino da fé.
2. A MENSAGEM DE I TIMÓTEO E TITO
A sociedade de hoje, totalmente imersa no
pluralismo e no relativismo rejeita a verdade
absoluta do Evangelho. Como instruir os cristãos a
guardarem a fé num meio tão hostil?
John Stott percebe que essa era a preocupação do
apóstolo Paulo ao escrever a Timóteo e a Tito^-
jovens líderes da igreja cristã no início do século'I.
Mas será que a mensagem do Evangelho consegue
sobreviver num ambiente pós-modernò?
Este é o desafio desta geração!
John SiottéReitorEmérito daIgrejaAliSouls, emLanghamPI|ce, Londres, e
épresidente da ChristianImpact. Ele éinternacionalmente reconhecido como
um mestre da Bíblia e por sua contribuição à missão cristã. É autorsdevários
livros, entre os quais: A mensagem de 2a Timóteo, Os desafios da liderança
cristã, Ouça o Espírito - ouça o mundo, A mensagem do Sermão dcfMonte, A
Mensagem deAtos, Creré Também Pensar e Romanos entre outros.
EDITORA
Respostasbíblicasparao
mundohoje
www.abub.org.br/editora
4. Outros livros desta série:
A Mensagem de Rute (Asas de refúgio) - DavidAtk
AMensagem de Eclesiastes (Tempo de chorar, temp
AMensagem de Daniel (OSenhoré Rei)- Ronald S.
A Mensagem de Oséias (Ame o não-amado)- Derek
AMensagem deAmós (ODia do Leão) - J.A. Motye
AMensagem do Sermão doMonte (Acontraculturac
A Mensagem deAtos (Até os confins da terra) - Joh
A Mensagem de 1 Coríntios (A vidana igreja local)
AMensagem de Gálatas (Somente um caminho) - Jo
A Mensagem de Efésios (Anova sociedade) - John
A Mensagem de 2 Timóteo (Tu, Porém) - John R. W
AMensagem deApocalipse (Eu vi o céu aberto) - M
Romanos - John R. W. Stott
5.
6. A MENSAGEM DE 1 TIMÓTEO E TITO
Traduzido do original em inglês
The Message of 1 Timothy and Titus
Inter-Varsity Press, Leicester, Inglaterra
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Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a permis
Tradução: Milton Azevedo Andrade
Revisão: Edison Mendes de Rosa
O texto bíblico utilizado neste livro é segundo a Nova Versã
Sociedade Bíblica Internacional, exceto quando outra versão é
sempre que possível, as versões da Bíblia em português que mai
texto bíblico em inglês. Nos casos em que não há uma correspo
da citação, com a menção da fonte original.
Ia. Edição: 2004.
A ABU Editora é a publicadora da ABUB - Aliança Bíblica Uni
A ABUB é um movimento missionário evangélico interdenomin
objetivo básico a evangelização e o discipulado de estudantes (un
e de profissionais, com apoio de igrejas e profissionais cristãos.
dos próprios estudantes e profissionais, por meio de núcleos de
tos e cursos de treinamento. A ABUB faz parte da IFES - In
Evangelical Students entidade internacional que congrega m
lhantes por todo o mundo.
Dados internacionais de catalogação na Pub
(CâmaraBrasileira doLivro, SP, B
7. Prefácio geral
A Bíblia Fala Hoje é o titulo de uma série de expos
como do NovoTestamento, que se caracterizam porum
o texto bíblico com precisão, relacioná-lo com a vida
uma leitura agradável.
Assim, esses livros não são “comentários”,pois o o
é muito mais elucidar o texto do que aplicá-lo, tenden
referência do que de literatura. E, por outro lado, eles
“sermão” que tenta ser contemporâneo e agradar o
preocupar-se em levar as Escrituras suficientemente a
Todos os autores que contribuíram para esta série c
de que Deus ainda fala através daquilo que falou no p
contribui tanto para a vida, a saúde e o crescimento do
o Espírito continua lhes dizendo por intermédio da sua
moderna) Palavra.
8. /•
Indice
I ’rcfácio geral
Prefácio do autor
Principais abreviaturas
Aautenticidadedas CartasPastorais
1.A posição da autoria paulina
2. Aposição de uma autoria não-paulina
3. As posições favorável e contrária a um autor pse
4. A hipótese de um amanuense ativo
Conclusão
A. AVIKNSAGEM1)1.1TIMÓTEO
A vida da igreja local
Introdução (1.1-2)
I.Adoutrina apostólica (1.3-20)
I. Os falsos mestres e alei (1.3-11)
2.0 apóstolo Paulo e o evangelho (1.12-17)
9. 5. Responsabilidades sociais (5.3 - 6.2)
1.Viúvas (5.3-16)
2. Presbíteros (5.17-25)
3. Escravos (6.1-2)
6. Posses materiais (6.3-21)
1. Instrução quanto aos falsos mestres (6.3-5)
2. Instrução ao cristão pobre (6.6-10)
3. Instrução a um homem de Deus (6.11-16)
4. Instrução ao cristão rico (6.17-19)
5. Umainstrução pessoal para Timóteo (6.20-21)
B.AMENSAGEMDETITO
A doutrina e o dever
Os temasprincipais da carta
Introdução (1.1-4)
1. Paulo apresenta-se
2. Paulo dirige-se a Tito
3. Paulo deseja a Tito a graça de Deus
1.A doutrina e o deverna igreja (1.5-16)
1. Os verdadeiros presbíteros (1.5-9)
2. Os falsos mestres (1.10-16)
10. Prefácio do autor
Eu era relativamente jovem quando comecei a e
Cartas Pastorais, de modo que me senti bem à vontade
lado de Timóteo e Tito, ouvindo com os ouvidos d
apóstolo, quejá era de certa idade. Mas agora a situaçã
que eu tenha mais idade do que tinha o apóstolo, e o n
me ao lado de Paulo. E claro que não sou um apóstolo
pouco da sua preocupação quanto ao futuro do evange
maisjovem que tem a responsabilidade de guardá-lo e
questão hermenêutica interessante saber com quem po
identificar quando estamos lendo as Escrituras.
Minha primeira tentativa de expor as três Carta
outono de 1972, quando fui convidado a dar palest
Evangelical Divinity School, que fica nas imediações
disso, nos anos sessenta, eu havia pregado sobre el
Londres. Posteriormente, 2 Timóteo foi o texto escolh
bíblicas na grande convenção missionária estudantil re
1967, ena Convenção de Keswick naInglaterra, em 19
Timóteo foram ampliados e publicados em 1973 como
da sérieABíblia Fala Hoje, saindo com o título Guard
Timóteo foi, então, otexto que mefoi dadoparaas Esco
11. Pois ela contém a instrução apostólica quanto à priorid
parte que compete a homens e mulheres na condução
à relação entre a igreja e o estado e quanto à base bíbl
mundial. O apóstolo prossegue, escrevendo sobre a li
sobre as condições para a eleição de pastores e s
poderão fazer com que seu ministério seja aceito, e nã
por causa da sua juventude. Outros assuntos incluem a
sua aplicação no nosso comportamento do dia-a-d
governam a obra social da igreja; a remuneração e a d
superioridade, em relação à cobiça, de se contentarcom
para uma santidade radical; e os perigos e deveres de q
À exposição de Tito dei o subtítulo de “A doutrina
o contexto seja ainda a igreja local, a ênfase é outra.
Paulo agora é que, nas três esferas em que atuamo
mundo - nossos deveres cristãos na presente era s
abrangente doutrina da salvação e especialmente pelas
a passada e a futura.
Mas apreocupação dominante do apóstolo em toda
é com averdade, paraque ela sejaguardadae transmitid
desse tema, nos dias de hoje, é evidente, pois a cult
sendo ultrapassada e suprimida pelo espírito do pó
modemismo inicia-se como sendo uma reação autocon
do Iluminismo, especialmente à sua desmedida confia
no progresso. Amente pós-modemista acertadamente r
ingênuo. Mas a partir daí prossegue declarando não
12. Primeiro, o próprio Paulo. No início de cada um
apresenta como um apóstolo de Jesus Cristo, acre
que seu apostolado é pela vontade ou por ordem de De
demonstra estar sempre consciente da sua autoridade a
dá ordens e espera ser obedecido. Também com freqü
chama, indiscriminadamente, de “a verdade”, “afé”, “
e “o depósito”. O que se deduz de forma bem clara é q
doutrina que, tendo sidorevelado e dado por Deus, obj
E o ensino dos apóstolos. Paulo constantemente mand
voltem para esse ensino, junto com as igrejas que supe
Em segundo lugar, em oposição a Paulo, há os
heterodidaskaloi (lTm 1.3; 6.3), envolvidosno ensino
e estranho ao ensino dos apóstolos. Eles são esse
desvios, uma vez que “se desviaram” da fé ou “a aban
2Tm 2.18). Paulo não mediupalavras. Oque eles estav
umaverdade alternativa, mas eram “mentiras”, “conve
e “controvérsias tolas”.2
Em terceiro lugar, estão Timóteo eTito. Eles posici
e a igreja, no sentido de que o representam e transmite
Eles haviam sido designados para supervisionar as igr
respectivamente, e a especificação de suas funções foi
duas vezes em suaprimeiracartaa Timóteo, ele lhe diz
breve (3.14; 4.13). Entretanto, antes que isso aconte
dedicar-se à exposição pública das Escrituras, baseand
sua exortação, e também seguir as instruções que Paul
13. Além de um carátermoral consistente e uma vida fami
teriam de ser leais ao ensino do apóstolo e ter um
pudessem tantoensinara verdade como tambémrefutar
Aqui, então, acham-se os três estágios do ensin
Cartas Pastorais. Confrontando os falsos mestres, prim
apostólica dada por Paulo com autoridade; em segu
Tito, que ensinam “estas coisas” a outros, especia
estão para ser designados; e, em terceiro lugar, há esse
a de “encorajara outros pela sã doutrina e de refutar os
1.9). Tais estágios são claramente estabelecidos em 2
Timóteo ouviu de Paulo deve ser confiado “a homens
por sua vez, “sejam também capazes de ensinar a outr
parte daigreja). E dignode nota que, nesse versículo, a
e a habilidade de ensino são as duas qualificações esse
que Paulojá havia estabelecido em 1Timóteo 3.2 e Tit
Nesses três estágios de instrução, é vital preservar
Paulo, de um lado, eTimóteo, Tito, ospastores e as igr
sucessão apostólica é uma continuidade não de autor
isto é, o ensino dos apóstolos sendo passado de geraçã
com que essa sucessão doutrinária seja possível é que
foi escrito e deixado para nós no Novo Testamento. A
Timóteo, no tempo em que estaria ausente, que obs
Antigo Testamento e também as instruções escritas, d
nós hoje que proceder, pois agora Paulo está perm
nós.
14. Muita confusão na igreja em nossos dias é decorre
distinção suficientemente clara entre o período apostó
Nossos antepassados compreenderam isso melhor d
feitapor Oscar Cullmann dificilmente poderia ser melh
... a igreja em sua infância distinguia muito bem a
da tradição eclesiástica, claramente subordinand
la; em outras palavras, subordinando-se à trad
Afixação do cânon cristão das Escrituras [o Novo
ca que a própria igreja, num determinado momen
clara e definida, pondo uma demarcação entre o p
e o da igreja, entre o tempo de fundação e o
comunidade apostólica e a igreja dos bispos; em o
a tradição apostólica e a tradição eclesiástica. Se
aformação do cânon não teria significado.6
Finalmente, agradeço ao Professor Stephen William
por sua amável contribuição na compilação daBibliog
Nelson, que tem uma excepcional e desconcertante ha
pontos fracos de meus argumentos; ao Dr. Alastair C
College,que também está escrevendo sobre as Cartas
queproduziu mais um de seus valiosos guias de estudo
por suameticulosa tarefa de revisão do texto. Todos el
efizeram sugestões, aqueprocureiresponder tanto quan
sou extremamente grato a Frances Whitehead, que co
quarenta anos de serviçosprestadospara aIgrejaAll Sou
15. Principaisabreviaturas
ARC A Bíblia Sagrada - Edição Revista e Corrig
Ferreira de Almeida (Sociedade Bíblica do
BAGD WalterBauer, A Greek-English Lexicon ofth
Other Early Christian Literature, traduzido e
F. Arndt e F. Wilbur Gingrich, segunda edi
por F. Wilbur Gingrich e Frederick W. Dan
Bauer, 1958 (University of Chicago Press,
corresponde, em português, uma edição resu
Grego/Português - Edições Vida Nova.
BJ
BV
BVN
A
A
A
Bíblia de Jerusalém (São Paulo, Ed
Bíblia Viva (São Paulo, Editora
Bíblia Vida Nova (São Pau
Eusébio Ecclesiastical History (História Eclesiástica
Williamson (Penguin, 1965).
GT
IBB
A Greek-English Lexicon ofthe New Testame
J. H. Thayer (T. eT Clark, 1901).
A Bíblia Sagrada, versão Almeida da Impre
de Acordo com os Melhores Textos em Hebr
Irineu Against Heresies, trad, por F. M. R. Hitchco
16. NEB
NRSV
The New English Bible (NT, 1961, segunda
1970).
The New Revised Standard Version of the B
edition, 1995).
NTLH Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Lingu
Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil, 2000)
NVI
RA
REB
RSV
Bíblia Sagrada - Nova Versão Internacion
Bíblica Internacional (Editora Vida, 1998
A Bíblia Sagrada - Revista e Atualizada no
trad, de João Ferreira de Almeida (Socieda
1988).
The Revised English Bible (1989).
The Revised Standard Version of the Bible (
edição, 1971; OT, 1952).
TONT Theological Dictionary ofthe New Testamen
Friedrich, trad, por G. W. Bromiley, 10 vo
1976).
Trench R. C. Trench, Synonyms of the New Testam
Macmillan, 1976).
17. AAutenticidadedasCartasPast
Desde que F. C. Baur de Tübingen rejeitou a autori
Pastorais, em 1835, as vozes da ortodoxia crític
presunçosamente essa tradição. As cartas são atrib
consideradas deuteropaulinas, o que vale dizer, redigid
Paulo que as atribuiu à pena do seu mestre.
Contudo, a antiga visão de que essas cartas sã
recusa-se a desvanecer. Durante o século vinte, e
últimos cinqüenta anos, uma vigorosa defesa foi mont
evangélicos como católicos. Dentre eles, destacam
(1910),WalterLock(1924),JoachimJeremias(1934),C.
(1954), DonaldGuthrie (1957),WilliamHendricksen (1
GordonD. Fee (1984),Thomas C. Oden (1989), Georg
H.Towner(1994).
Talvez o modo mais proveitoso de tratar essa
resumidamente as hipóteses a favor e contra a autoria
favor e contra o uso de um pseudônimo e, ainda,
contribuição à escrita das cartas de Paulo dada por seu
18. demonstra seu afetuoso relacionamento com seus
cada um deles de “querido filho” e “verdadeiro filho”.
pode-se acreditar realmente que tudo foi fabricado?
Os livros de 1 Timóteo e de Tito, dos quais estam
contêm instruções apostólicas relacionadas à doutrina
pastoral das igrejas. Esse é o caso, especialmente, de
duas vezes Paulo declara sua intenção de visitar Timó
4.13) - afirmação que o Professor Moulle chama de “
gosto”, se tivesse sido feita por um escritor que quises
Em meio às instruções dadas, o apóstolo faz vária
ordenação de Timóteo (1.18; 4.14), àjuventude dele (4
gástricos que ele tinha (5.23), bem como refere-se a si
violência perseguira anteriormente a igreja e como oco
conversão e o comissionamento que recebeu pela pura
(1.12ss.). Ele conclui sua carta com um pungente ap
tenha uma vida digna de um homem de Deus (6.1 lss
guardar o depósito da verdade que lhe foi confiado (6.
Na carta a Tito, que provavelmente se segue a es
poucas referências pessoais. No entanto, Paulo tem o
instruções às circunstâncias particulares que Tito ti
procura ajustar o comportamento cristão de diferentes
Iile termina a carta com mensagens específicas para (o
pessoas, citadas pelo nome. Propõe enviar Artemas
liberá-lo, de modo que estepossajuntar-se consigo em
a Tito para que ajude na viagem de Zenas e Apoio (3.
19. elas teriam sido primeiramente preservadas e depois in
muito mais natural sustentar que todos os detalhes qua
Tito, Éfeso, Creta e às demais pessoas, lugares e situa
de cartas autênticas. Acima de tudo, é como o bispo H
a 2 Timóteo: “O coração humano está nela em toda
certeza, naquela época, não entendiam nada do co
b. A evidência externa
Voltando-nos agora para a evidência externa qua
Pastorais, verificamos que praticamente toda a igreja,
elaseramgenuínas.Asprimeirasprováveisreferênciasael
emcartasdeClementedeRomaaos coríntios (c. de95 d.C
aos efésios (c. de 110d.C.) e dePolicarpo aosíilipenses
pelo final do segundo século, há muitas e incontestáve
naobra de LrineuAgainstHeresies (Contra asHeresias)
200 d.C.), que lista os livros do Novo Testamento, atri
únicaexceçãoaessetestemunhopositivoocorrecomMarc
comoherege em 144d.C., emRoma, devido àsuarejeiçã
Testamentoeàsreferênciasveterotestamentáriasfeitasno
eletinhabases teológicaspararepudiaras Pastorais e,prin
sobre a criação como sendo boa (lTm 4:lss.).
Esse testemunho externo àautenticidade das três Ca
como umatradição não quebradaaté quandoFriedrich S
Timóteo, em 1807, eF. C. Baurrejeitou as três cartas, e
quanto a se a posição contra a autoria paulina tem forç
20. Mas quando foi que esses eventos aconteceram, co
aÉfeso e a Creta? Quando foi, ainda, que Paulo passou
(Tt 3.12), deixando a capa e os livros em Trôade (2Tm
abandonou Trófimo, enfermo, em Mileto (2Tm 4.2
possível (embora valorosas tentativas tenham sido feit
de Paulo a esses lugares no registro feito por Lucas em
sua permanência em Roma, seguida de sua prisão ejul
4.16ss.)?
E difícil conciliar as referências históricas e geogr
Pastorais com a narrativa de Lucas, o que levou algun
anoção de que elas teriam sido inventadas, areviver a
por Eusébio em sua famosa obra do quarto século
Eusébio escreveu que Paulo foi solto depois de um
prisão domiciliar, ponto em que Lucas o deixaem sua
retomou suas viagens missionárias, penetrando em reg
aEspanha, como pretendia.5Isso aconteceu antes de te
levado aumaprisão, processado e, finalmente, condena
essa reconstrução seja um tanto especulativa, dep
inteiramente de Eusébio, elaprovê um esquema em qu
feitas nas Pastorais pode com facilidade se encaix
acusar o autor de um grave erro, de ficção ou de roma
b. Vocabulário
Em 1921, foipublicado olivro deP.N. Harrison, The
21. Quarto, se em vez de se comparar o vocabulário
outras dez cartas paulinas, a comparação for feita com
apostólicos e com o dos apologistas da primeira me
um resultado contrário é obtido. Das 175 hápaxes exi
grandenúmero delas, 94, ocorrem também entre os pai
“o autor das Pastorais fala defato alíngua dos pais apo
divergindo da linguagem dos outros escritores neotes
O principal argumento de P. N. Harrison é lingüísti
of the Pastoral Eplstles (1921), como no “volume
suplemento”, Paulines and Pastorais (Paulinas e Pa
anos depois (1964). Suas esmeradas tabelas estatística
que ele não tinha acesso a um computador - devem se
deforce.Ao mesmo tempo, ele estavapor demais confi
pronunciou a sua conclusão como “um fato científico
Harrison obteve tantos críticos quanto prosélito
repreendeu em 1958 porignorar a obra de eruditos ing
haviam questionado a validade de argumentos baseado
estatísticos deum vocabulárioliterárioaplicados a“trata
De modo semelhante, o professor C. F. D. Moule escr
convincentepara senegar a autoriapaulinadeuma carta
vocabulárioe estilo acaracterizamcomo diferente deou
que são genuínas”.10 Isso porque há muitas possíveis
linguagem e no estilo de Paulo. Donald Guthrie as res
assuntooutemaabordado”,“idadeavançada”,“mudançad
22. c. Doutrina
Alguns eruditos são um tanto impetuosos em sua a
falta dela) por eles discernida nas Pastorais. A. T. Han
que “há uma total ausência de um tema uniforme” nas
impressão dehaverumarelativaincoerência”.E arazão p
que oautor das Pastorais não tinha uma teologiaprópri
teologias de outros.15Mas esse indelicadojulgamento
outros eruditos, incluindo-se entre eles o Dr. Fran
dificuldade alguma na montagem do ensino teológico
Alguns críticos acusam, dizendo que não encon
doutrina da trindade, que há nas cartas anteriores, nem
Mas,inquestionavelmente, asPastorais apresentamagra
de “Deus nosso Salvador”, que deu seu Filho para mo
pararemir-nos detodomal eparapurificarum povo espec
justificapor sua graçae nos renovapor seu Espírito, par
vida de boas obras. O Dr. Philip Towner argumentou q
realidade presente é o “ponto central” da mensagem d
presente, que é a era da salvação, é iluminada e inspira
parousia, os eventos de Cristo que a inauguram e que
Bem diferente é a avaliação do professor Emst Kãs
não pode considerar como paulinas cartas em que a ig
lema central da teologia”, “o evangelho tenha sido d
imagem dePaulo tenha se “manchado em muito pelap
se apenas responder que esse é um juízo extremament
23. o professor J. H. Houlden acrescentou - “então, c
burguês”.20 Robert Karris escreveu ainda sobre a “étic
Pastorais.21 Esses eruditos estão se referindo à atmosf
de conformidade diante dos valores sociais corrent
permeiam a instrução ética dada nas Pastorais. E é be
preocupa-se com aimagem pública daigreja e com a su
significa piedade pessoal, mas outras vezes parece ser
Por outro lado, há uma grande ênfase nas Pastorais
as cartas paulinas, nas importantes virtudes cristãs,
também na pureza, nas boas obras e na futura esperanç
um compromisso com Cristo ainda traz conseqüên
peregrinos em viagem para o nosso lar com Deus e co
vida à luz da vida futura (porexemplo: lTm 4.8; 6.7ss.,
O Dr. Towner, em sua monografia The Goal of Our
Nossa Instrução), com o subtítulo The Structure ofThe
Pastoral Epistles (A Estrutura da Teologia e da Ética d
registra um salutar protesto contra aqueles que interpre
dando evidência a um “cristianismo burguês”, a “um
nada mais exigia, a não ser viver confortavelment
cristianismo centrado em si mesmo, sem missão. Pelo
cristã” para a qual Paulo nos chama é uma combinação
tem sua origem no evento da vinda de Cristo e na salv
que se contrapõe diretamente às perversões de com
pelos falsos mestres. Ela também estabelece deveres e
grupos de pessoas, e constantemente é motivada pela m
24. de idéias presentes nas cartas anteriores”.25Entretanto
da hipótese do pseudônimo (alguém usando falsamen
à qual vamos nos voltar agora.
3. As posiçõesfavorável econtráriaa umautorpseud
Há uma concordância geral de que, no mundo gre
escrever com pseudônimo, ou seja, atribuindo falsame
grande autor do passado, era bastante freqüente. O
ampla aceitação, porém, é quanto a se esse costume ti
enganar, ou não.
a. Uma reconstrução que se tentoufazer
P. N. Harrison postulou que o autor pseudônim
admirador sincero e fervoroso de Paulo”, que vivia em
escreveu as Pastorais no início do reinado do imperad
Iile conhecia e havia estudado todas as dez cartas pau
a “várias notas pessoais” escritas por Paulo a Timóteo
honestamente e de todo o coração no evangelho
compreendeu.”26Diante das ameaças dos falsos ensin
da ética, ele e “os melhores cérebros da igreja” ansiar
íervore santidade apostólicos” eporum “despertament
dePaulo. Eles consideraram que omelhormeio para se
de “uma carta escrita no espírito do grande apóstolo,
evocando as mesmaspalavras que lhe erampeculiares”
25. Pastorais se enquadrariam, na hipótese de serem ps
tendem a insistir que “falsificação” é uma palavra ina
caso. Tal como P. N. Harrison, eles sustentam que
Pastorais “não estava conscientemente enganando
necessário supor que ele tenha de fato enganado algu
eruditos cristãos que defendem o conceito da pseud
base que era um gênero literário aceitável e uma prátic
professor C. F. D. Moule escreve com respeito ao “qu
um uso do pseudônimo com boas intenções, não tendo
De acordo com os que sustentam essa posição, “o escr
com o nome do apóstolo, acreditando que verdadeiram
uma mensagem queteria sido aceitável pelo mestre...”
considerando insolúvel o problema de como recon
pseudonímia “honesta” com o fato de serem forjadas r
Pastorais.
O Dr. Metzgertem ainda sérias dúvidas com respei
faz três perguntas perscrutadoras. Eticamente, será
compatível com a honestidade e com a sinceridade, qu
antigos, quer por modernos?”. Psicologicamente, “com
um autor que finge ser uma pessoa ilustre...?”.Teologi
envolve uma fraude, seja ela pia ou não, não deve ser
com a condição de ser uma mensagem de Deus?”.32
É difícilmanteranoçãodapseudonímiacomo sendoum
inocente e aceitável.
26. terceiro século, de Antioquia. Concluindo que o Evan
genuíno, ele estabeleceu o seguinte princípio: “Nós, i
Pedro como os outros apóstolos como se fossem Cris
cpígrafos com o nome deles...”.
Segundo, a afirmação de que um pseudo-epígrafo n
enganar, e que de fato não enganou, parece ser como
lazer, mas que sabia que não daria certo. Se ninguém
consistiu o ardil empregado?
Terceiro, apesar de presunçosas posturas de confia
da pseudo-epigrafia, muitos de nós acham que a no
assim tão rapidamente em paz. Lembramo-nos de que
sempre a santidade da verdade e a pecaminosidade
Não nos sentimos confortáveis com uma falsidade qu
obra pseudo-epígrafa que não seja uma falsificação. “
‘falsificação’como sendo uma imitação fraudulenta”-
“não importando quais possam ser as intenções e os
lenha tido. ‘Fraudes’ permanecem ainda sendo fraud
perpetradas a partir de nobres motivações”.33
4.Ahipótesedeum amanuenseativo
Muitos eruditos referem-se à obra de Otto Roller, q
Das Formular (1933). Ela investiga as cartas de Paulo
na antiguidade, em especial o uso de um amanuense (
Valho-me de um sumário do professor Moule.36A co
que um ditado, palavra por palavra, teria sido por
27. demonstra que o escritor “podia dar ao secretário um p
conteúdo, sobre o estilo e até sobre a forma de uma c
bem pouco controle, ou nenhum”.37 Então, ele reduz
classificação contendo quatro situações. O secretário p
anotador, tomando nota do ditado do autor, palav
editor, trabalhando a partir das instruções do autor, ou
ou um rascunho por escrito feito por ele; como co-aut
no conteúdo, no estilo e no vocabulário; e como “com
tarefa lhe seria delegadapelo autor.Aprimeira situação
“controlada pelo autor”; a quarta, “controlada pelo
duas, de “assistidas pelo secretário”.38
Para nossos propósitos, a primeira situação é elimi
ditado palavra por palavra não daria margem para mud
Temos também que descartar a quarta, uma vez q
destruiria totalmente a autoria paulina, considerando q
se a hipótese de se ter um secretário poderia expli
palavraspaulinas e não-paulinas lado alado no texto. A
encontra-se nas situações intermediárias, nas que s
secretário”. A diferença entre essas duas situações é
graduação,39 contudo, parece-me que a segunda (a do
preferência sobre a terceira (a do “co-autor”), por caus
considerar.
Tem-se com freqüência observado que, na maio
associa-se com alguém em sua escrita. Por exemplo:
Silvano e Timóteo.42 Embora Paulo chame seus com
28. dessa forma que escrevo”.44 Desse modo, a carta e
escrita com a autoridade apostólica dele. Paulo, Silvan
não eram co-autores, embora não haja razão para nega
envolvidos na escrita, encorajando-os a contribuir com
Com um amanuense, entretanto, era diferente. Nã
nssumiria de fato a mecânica da escrita, mas Paulo po
liberdade para revestir o pensamento do apóstolo c
dele. E possível que tenha sido isso que aconteceu qua
carta aos Romanos.45 Mas a única referência neotesta
esta prática é a afirmação do apóstolo Pedro de que ha
carta “com a ajuda de Silvano”,46 literalmente “atra
considerava, como acrescentou, ser um “irmão fiel”.
Por maior ou menor que fosse a contribuição de um
carta, podemos depreender que o apóstolo a tenha
completa e tenha emendado o que tivesse necessid
endossando sua forma final com sua assinatura pessoa
livesse a evidência de ser dele mesmo e não de uma
situação, com um amanuense diferente, o processo se
presumivelmente, quanto mais “fiel” o irmão se
responsabilidade lhe seria permitida em sua contribuiç
A. T. Hanson foi um tanto cínico ao escrever sobre
“quanto mais atribui-se ao secretário, menos paulina a
é claro: contamos com o fato de que os amanuenses co
para explicar as variações no estilo e na linguagem, m
Paulo nem a autoria nem a autoridade das suas cartas.
29. e as Pastorais:50 “palavras significativas” (como, po
honra), “frases significativas (como, porexemplo: o am
e falsas riquezas, Cristo ojuiz dos vivos e dos mortos e
corrida) e “idéias significativas” (por exemplo: a “tríp
anjos sendo mencionados com Deus e Cristo e uma no
Talvez, então, de Lucas se possa dizer que foi “quem
As obras pseudo-epígrafas eram normalmente compos
pessoa cujo nome era usado, ao passo que Lucas
essa teoria) durante o tempo em que Paulo era vivo e a
Outros eruditos tomaram a sugestão do professor M
o amanuense de Paulo no rascunho das Pastorais, e de
mais esse argumento. Uma menção em especial deve
StephenWilson, Luke and the PastoralEpistles (Lucas
-1979. Ele prossegue tendo como base a teoria de Mou
Lucas que era companheiro de Paulo não era o mesmo
livro de Atos e, posteriormente, as Pastorais. Ele
semelhanças de linguagem e estilo entre o Lucas de A
diversos paralelos teológicos (conquanto com difer
por exemplo, na escatologia, na salvação, na cidadania
ministério, na cristologia, na lei, e nas Escrituras. Sua
muito segurodoque dizia, foi que “com certeza, a esco
a quem foi o autor das Pastorais, entre Paulo e Lucas,
O que ele pretendeu defender foi que Lucas escre
anos depois de Atos, fazendo uso das “notas de vi
chegaram às suas mãos. Desse modo, as Pastorais seri
30. sinceramente inocente - não tem muita evidência.
questões de ordem moral quanto à prática de uma falsi
4.'A hipótese de Paulo valer-se de um amanuense (
algum outro) érazoável e bem pode ser aexplicação pa
de estilo e de vocabulário. Ao mesmo tempo, o amanu
liberdade de agir independentemente do autor, que
papel de liderança nem da sua autoridade apostólica.
A possibilidade mais provável é que Paulo, o apóst
Pastorais, lá pelo fim de sua vida, abordando que
comunicando-as através de um amanuense digno de su
Todos que são beneficiados pelo que
certos que sou contra a venda ou t
material disponibilizado por mi
depois de postar o material na Interne
poder de evitar que “alguns aprove
32. 1 Timóteo 1.1-2
Introdução
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de De
de Cristo Jesus, a nossa esperança,2a Timóteo, me
fé: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pa
nosso Senhor.
A maioria dos leitores vê em Timóteo uma pessoa
Sentimos que ele é igual a nós em nossas fraquezas. E
um “santo”, a figurar num vitral de uma igreja. Uma a
sobre a cabeça. Não, a clara evidência é a de que ele e
tal como nós, com as fraquezas e a vulnerabilidade qu
Para início de conversa, ele era ainda relativamente
enviou essa carta, pois o apóstolo recomendou-lhe não
desprezasse pelo fato de serjovem (4.12); e, cerca de d
o a fugir “dos desejos malignos da juventude” (2Tm 2
teria ele? Parece serbastante improvável o apóstolo o
se à sua equipe missionária se ele não estivesse perto
33. uma vez que Deus não nos deu “espírito de covardia”
deu espírito de timidez. Não é de todo injusto, portant
dele como o “tímido Timóteo”.
Em terceiro lugar, Timóteo tinha uma enfermidad
gastrite crônica. Paulo referiu-se à freqüente indis
principalmente em seu estômago. Chegou até a pre
álcool medicinal: “Não continue abeber somente água
de vinho, por causa do seu estômago e das suas
(lTm5.23).
Esse é, então, operfil dapersonalidade de Timóteo,
a partir das várias referências que Paulo lhe fez. Ele e
sujeito a erros. Esses três pontos negativos poderi
como fatores que o desqualificariam para tomar conta
imediações. Mas esses pontos negativos o valorizam p
Deus foi suficiente para a necessidade que ele tinha: “
fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus” (2Tm 2
Paulo esperava em breve visitar Timóteo na cidade
apóstolo, certamente assumiria aresponsabilidade pela
estar antevendo a possibilidade de atrasar a sua ida, e
essas instruções por escrito, de modo que, antes d
soubesse como controlar a vida daquelas igrejas (3:14
portanto, embora endereçada a Timóteo pessoalm
correspondênciaparticular. Ela é escrita a ele na suaco
acarta, Paulo estáolhando além de Timóteo, para asigr
disso é que sua saudação final é expressa no plural: “A
34. as responsabilidades sociais da igreja, não apenas em
também em relação aos presbíteros (anciãos) e aos es
sexta e última preocupação, numa reação àqueles que
fonte de lucro”, é quanto à atitude da igreja em relaçã
(6.3-21); ele refere-se tanto aos que cobiçam o dinheir
Aqui, há sabedoria para a igreja local de todas a
lugares. Que ninguém diga que as Escrituras estão
dedicar o seu comentário ao Duque de Somerset, em
carta como “altamente relevante ao nosso tempo”.4 M
podemos dizer o mesmo. Verdadeiramente, “aBíblia f
O início da carta é convencional. Paulo apresenta-s
Timóteo como o destinatário e apresenta Deus co
misericórdia e dapaz que deseja que seu discípulo des
as três personagens dessa carta. Ele não se satisfa
saudação seca, tal como “De Paulo a Timóteo: graça
especial a cada uma das personagens citadas.
Em nove de suas treze cartas do Novo Testam
mesmo como “apóstolo de Cristo Jesus”e geralmente
ao chamado, à comissão, à ordem ou à vontade de De
Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, a nossa e
Paulo reivindica ser um apóstolo de Cristo no mesmo
Jesus havia chamado de “apóstolos”,5 com toda a a
essa condição ostentava. Com ênfase ele disse não
apóstolo por si mesmo, nem pela igreja. Ele não era
igrejas”6, que nos dias de hoje normalmente chamam
35. querendo inferir que o intervalo entre esses dois ponto
divulgação do evangelho apostólico por todo o mundo
Paulo agora se refere a Timóteo com as palavras “m
fé”, pois se Paulo é um autêntico apóstolo de Cristo, T
filho de Paulo. O termo gnçsios (“verdadeiro” ou
literalmente com respeito afilhos “nascidos deum casa
É possível, portanto, que Paulo esteja dando a entende
às circunstâncias do nascimento físico de Timóteo. Co
a lei judaica o teria considerado como ilegítimo. Espir
Timóteo é um filho genuíno de Paulo, em parte
responsável pela conversão dele e em parte porque Ti
seu ensino e o seu exemplo.9Ao afirmar essa condiçã
filho genuíno, Paulo estava com isso reforçando a sua
Depois de referir-se a si mesmo e a Timóteo, Paulo
família ambos fazem parte. O que os une é que compa
graça, misericórdia e paz. Cada uma dessas palav
sobre a condição humana. Pois “graça” é a bonda
culpados e não-merecedores; “misericórdia” é a sua
infelizes que não podem salvar-se por si mesmos; e
dada por Deus a todos os que antes se achavam alie
dos demais. Todas essas três palavras resultam da
Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor (v. 2b). Des
agora estão juntos como a única fonte de bênçãos di
como estavam juntos no versículo 1, dando a orde
Paulo como apóstolo.
36. 1 Timóteo 1.3-20
1. A doutrina apostólica
Partindo eu para a Macedônia, roguei-lhe que per
para ordenar a certaspessoas que não mais ensine
que deixem de dar atenção a mitos e genealo
causam controvérsias em vez depromoverem a ob
fé. 50 objetivo desta instrução é o amor que p
puro, de uma boa consciência e de umafé sincera.6
dessas coisas, voltando-se para discussões inútei
tres da lei, quando não compreendem nem o que
acerca das quaisfazem afirmações tão categóricas
sSabemos que a Lei é boa, se alguém a usa de man
bém sabemos que ela não é feita para os just
transgressores e insubordinados, para os ímpios
profanos e irreverentes, para os que matam pai e m
das, lopara os quepraticam imoralidade sexual e o
os seqüestradores, para os mentirosos e os quejur
todo aquele que se opõe à sã doutrina. nEsta
glorioso evangelho que mefoi confiado, o evange
37. Éfeso e, em particular, para que ele pudesse ordenar a
mais ensinassem doutrinasfalsas ... (v. 3b).
A preocupação de Paulo nesse primeiro capítulo é
manter a verdadeira ou “sã” doutrina e de se refutar as
diferenciação bate como uma nota dissonante nos dia
apenas de que a maioria das sociedades está cada vez
(uma mistura étnica e religiosa), mas que o “pluralism
vez mais está sendo advogado como “politicamente co
é a validade e a independência de toda religião co
culturalmente condicionado, e desaprova-se toda tenta
De fato, um dos principais princípios do “pós-modern
uma verdade objetiva, e muito menos uma verdade un
contrário” - dizem - “cada um tem a sua própria verd
tenho a minha, e as nossas verdades podem divergir to
e até mesmo contradizer uma à outra.” Conseqüen
apreciada é a tolerância, uma tolerância que tolera tud
daqueles que insistem em que certas idéias são ver
que certas práticas são boas, e outras, más.
Nenhum seguidor de Jesus Cristo pode abraçar ess
Cristo disse ser a verdade, que veio para dar testem
Espírito Santo é o Espírito da verdade e que a verdade
verdade é para valer, a verdade que Deus revelou
Espírito. Jesus também nos alertou para que tivéssemo
mestres. O mesmo foi feito pelos seus apóstolos.
38. “o que lhe foi confiado” ou “o bom depósito”.9 Quas
são precedidas por um artigo definido, indicando que
doutrina, o qual era admitido como o padrão que podi
julgar todo ensino. Esse padrão era o ensino de Cristo
O que Paulo faz nesse primeiro capítulo é refer
mestres ou grupos de mestres. Primeiro, ele descreve
eles desvirtuam a lei (vv. 3 a 11). Em segundo lugar,
anteriormente perseguidor de Cristo, mas agora um ap
evangelho que tem pregado (vv. 12 a 17). Em terceiro
e o insta a lutar o bom combate da verdade (vv. 18 a
passagem é extremamente pessoal. Paulo inicia cada
naprimeira pessoa do singular: “roguei-lhe” (v. 3), “d
nosso Senhor” (v. 12) e “dou-lhe esta instrução” (v.
f.) I. Os falsos mestres e a lei (1.3-11)
A previsão de Paulo, feita cerca de cinco anos ante
penetrariame devastariam orebanho de Cristo em Efe
Mas quem eram eles? E o que estavam ensinando?
Paulo escreve que eles querem ser mestres da
lieterodidaskaloi (falsos mestres) agora são
nomodidaskaloi (mestres da lei). Essa última palav
atividade perfeitamente legítima, entretanto. Lucas a e
escribas queensinavamaleideMoisés13e até com respe
Assim, o que há de errado com o ensino da lei? Na ve
grande necessidade de mestres cristãos que ensine
39. por outro lado, refere-se naturalmente aos nomes de (i
linhagem e, portanto, a raça pura dos patriarcas. E b
esteja correto ao realçar que essas duas palavras “dev
lado a lado, isto é, os mythoi sendo definidos pel
legendárias sobre genealogias”, que eram passadas
tradição rabínica.19
Há dois antigos documentosjudaicos que poderão d
sereferindo. Oprimeiro é OLivro dosJubileus,20 que é
a.C. e que a história do Antigo Testamento sob um
partindo da criação do mundo até quando a lei foi da
divide essa história em “jubileus” (períodos de quaren
a singularidade de Israel em meio às nações- O segund
Bíblicas de Philo,21 embora M. R. James considere
desse livro a Philo “totalmente infundada e até mesmo
escrito logo após a destruição de Jerusalém, no an
história do Antigo Testamento abrangendo um período
deAdão à morte de Saul. Seuprincipal objetivo foi man
lei contra as intromissões do Helenismo.
Assim, esses dois livros reescrevem, de maneira ten
história do Antigo Testamento. Ambos enfatizam q
indestrutíveis. E enfeitam ahistória que narram com ac
autor de As Antigüidades Bíblicas suplementa a narrat
meio de fabulosas genealogias”,23 que preenchem os
modo semelhante, OLivro dos Jubileus fornece-nos o
de Adão e Eva, da família de Enoque, dos antecedente
40. fértilbem adequadoparaas conjecturas que faziam. Par
deles era frívola; Deus havia dado a sua lei ao seu pov
mais sério.
Ao mesmo tempo, os falsos mestres demonstravam
etambémjudaicas. Porexemplo, eles estavam proibind
a abstinência a certos alimentos (4.3ss.). Isso indicava
era incompatível com a doutrina da criação e era
gnóstica da matéria, por ser má. Alguns dos prim
especialmente Irineu e Tertuliano, prosseguiram a par
afirmaram que Pauloreferia-se, em 1Timóteo 1, ao gno
que viviam, no final do século segundo, estava comple
eos dois mencionaram o conhecido líder gnóstico do E
ele [Paulo] menciona genealogias intermináveis, recon
diz Tertuliano.25 Ambos fizeram um breve relato do
matéria é má; que o Deus supremo, portanto, não pode
que o imenso espaço entre ele e o mundo foi transpost
intermediários chamados “eões”;que um deles estavab
aponto de criar o mundo material; e que eles constituí
de trinta eões”.26
Há dois problemas mais sérios com essa recons
Paulo não estava fazendo uma previsão do gnostic
desenvolver no segundo século, mas estava descrev
Timóteo tinha que enfrentarnaquele tempo, quando o g
começado a desenvolver-se. Em segundo lugar, não
41. que pode ser traduzido tanto por “comissionamento” c
A referência parece ser ao plano de salvação revelado
comissionados e ao qual temos de responder pela fé. I
levantam dúvidas, ao passo que a revelação desperta
Por outro lado, o falso ensino promove “contro
contendas a respeito da lei”,29 ao passo que o alvo
talvez, “o objetivo de toda pregação da moral cristã”3
de um coração puro, de uma boa consciência e de um
amor, provindo das fontes interiores do nosso coração
da nossa fé, não está contaminado por motivos falsos
desviaram dessas coisas (do coração puro, da boa con
voltando-se para discussões inúteis. Os dois verbo
“desviar” (astocheô)como também “virar-se para um l
a importância de se manter um curso reto.
Assim, Paulopintaum duplo contraste: entre aespec
de Deus e entre a controvérsia e o amor de uns para os
de ordem prática que podemos aplicar em todo ensino
fé: será que ele provém de Deus, estando conforme a
modo a poder ser recebida pela fé), ou será que ele
imaginação humana? O segundo é o teste do amo
unidade no corpo de Cristo ou, se não (uma vez que
causar divisões), ele é irresponsavelmente um cau
significa que o recebemos de Deus; “amor” signifiea
“Elejulga a doutrinapor seus frutos”31. O critério fina
ensino é se ele promove a glória de Deus e o bem da
42. cuja tendência natural é não mantê-la, mas quebrá-la.
santo, mas sim o pecador.”32
Pode ser conveniente abordar essa questão hist
Reformadores trabalharam muito pelo verdadeiro p
expressou a sua posição em sua Exposição sobre G
dada com dois propósitos” - escreveu ele. O primeiro
a lei foi um freio “para coibir os não-civilizados”.33 O
propósito da lei foi “teológico” ou “espiritual”: ela é u
para esmagar a retidão-própria dos seres humanos.34
pecado, paraquepeloreconhecimentodopecado eles seh
e o possam vencer, e assim almejem a graça e o Be
Cristo]”.35 É nesse sentido que “a lei foi o nosso tutor
feita, Lutero indica que a lei tem um terceiro uso: tem
diligência e gravá-lanas pessoas”, embora ele não tenh
A Fórmula de Concórdia (1577), entretanto, que es
Lutero em áreas controvertidas depois da morte dele, c
em seu sexto artigo um triplo uso da lei. Ela é um mei
sociedade humana,38 uma intimação ao arrependimen
paraaigreja.40Esses usos vieram a ser chamados de us
o mal), ususpedagogus (para levar a Cristo) e usus nor
a conduta dos crentes).
Calvino concordou com essas três funções da lei, m
duas primeiras e enfatizou aterceira. No Livro II, o cap
por enfoque considerar por que a lei foi dada. Primeiro
43. “O terceiro uso da lei, que é o seu principal uso”, d
especifico”, de acordo com Calvino, é aquele que
negligenciou, a saber, “o seu lugar entre os crentes, em
de Deusjá vive e reina”.A lei é “o melhor instrumento
avontade do Senhorcomo para exortar-nos a cumpri-la
meditação nela” os crentes “serão despertados para a o
através dela e serão afastados do escorregadio cam
Com efeito, é nessa “alegre obediência” que a autên
para ser encontrada.44
Assim, as três funções da lei, de acordo com Calvin
os pecadores e levá-los a Cristo); de intimidação (refre
especial, de educativa (ensinar e exortar os crentes).
A qual desses três propósitos Paulo estaria se r
carta aTimóteo? De qual deles sepoderia dizer que “o
os transgressores”? Com certeza é o segundo, que tem
prática do mal. Calvino escreveu: “O apóstolo parece
a essa função da lei ao ensinar que ela não é feita para
transgressores e insubordinados ...” (lTm 1.9-10).45 M
parecem aplicar-se também ao primeiro e ao terceiro p
que a lei expõe e condena os transgressores,46 e então
Cristo em busca de perdão, ela os dirige para uma vid
outras palavras, todas as três funções da lei rel
transgressores, desmascarando-os, julgando-os, refre
e dando-lhes uma direção.
Pelo fato de, como seres humanos decaídos, termos
44. é porque há muitos motoristas negligentes nas est
necessitamos de linhas divisórias e cercas é por ser o ú
invasões indevidas. E a razão pela qual necessitamos d
legislação que regulamente os relacionamentos entre a
proteger os cidadãos de serem insultados, discriminad
o mundo pudesse ser digno de confiança, de modo que
do outro, não seriam necessárias leis de proteção.
Omesmo éverdade com respeito àlei deDeus. Suas
têm aver com os transgressores. E Paulo prossegue log
oprincípio da “lei para os transgressores” com onze ex
As primeiras seispalavras, que ele coloca em pares, pa
que específicas. A lei é feita, escreve ele, para o
insubordinados (“que não tem princípios nem autoc
ímpios e pecadores (que desonram a Deus e se desvi
profanos e irreverentes (que estão destituídos de toda
Essas palavras são claras em se referir ao nosso
menos de uma maneira geral. Mas devido ao fato
seguintes sãobastante específicas quanto aonosso deve
é natural que questionemos se as seis primeiras n
específicas em relação ao nosso dever em relação a D
sugere que sim.50Trabalhando em sentido inverso, a p
mãe, ele propõe que irreverentes (bebçlos) significa o
de estar quebrando a lei do sábado (o quarto man
(anosios) designa aqueles que tomam o nome de
45. heterossexuais e homossexuais - quebram o sétimo
desses dois grupos certamente o quebra (“Não adulter
ser dito do segundo grupo, se entendermos a proibição
toda relação sexual ao contexto do casamento heteros
é a melhor tradução, nem o é “sodomitas”, pois esses
carregam preconceitos e implicações que expressam u
os cristãos devem evitar. A palavra grega arsenoko
aqui e em 1Coríntios 6.9, éuma combinação de arsçn
keimai (deitar-se). Provavelmente, é uma referência ao
proíbem a homossexualidade: “Com homem não te
mulher”;52 ela refere-se, portanto, aos homossexuais.
“Seqüestradores” ( n v i) o u “mercadores de escravo
mais hediondo tipo de roubo; e tanto os mentiroso
falsamente quebram o nono mandamento, de não dar f
o próximo. O décimo, que proíbe a cobiça, não está in
talvez por ser um pecado de pensamentos e desej
obras. Mas de forma a tornar a sua lista totalmente ab
ainda que a lei foi feita para todo aquele que se opõe
Que doutrina é essa? E a doutrina que é conform
(literalmente, “o evangelho da glória” - r a ) que mefoi
do Deus bendito (v. 11).
E particularmente digno de nota que os pecado
(quebrando os Dez Mandamentos) são também co
evangelho. Assim, os padrões morais do evangelho nã
morais da lei. Portanto, não é para imaginar que,
46. 2.0 apóstolo Paulo e o evangelho (1:12-17)
Dou graças a Cristo Jesus, nosso Senhor, que me d
deroufiel, designando-mepara o ministério, 13a mi
fui blasfemo, perseguidor e insolente; mas alcanc
que ofiz por ignorância e na minha incredulidade;
de nosso Senhor transbordou sobre mim, com afé e
Cristo Jesus.
15Esta afirmação éfiel e digna de toda aceitação:
mundo para salvar ospecadores, dos quais eu sou
mesmo alcancei misericórdia, para que em mim,
Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza da sua
me como um exemplo para aqueles que nele ha
vida eterna. 17Ao Rei eterno, o Deus único, im
honra e glória para todo o sempre. Amém.
Deixando o tema dos falsos mestres e do seu mau u
escreve sobre si mesmo e sobre o evangelho que lhe f
declaração estritamente pessoal. Ele reconta a história
seu comissionamento, em meio a duas exclamações d
Cristo Jesus”,inicia ele (v. 12), terminando com as pa
Deusúnico, imortal einvisível, sejamhonra e glória” (v
foram abundantes as ações de graças, não apenas por
pelo privilégio de ter se tomado apóstolo.
Em particular, Paulo menciona aqui três bênçãos q
47. fui blasfemo, perseguidor e insolente (v. 13a). Sua “bla
mal de Jesus Cristo; ele também “tentavaforçá-los [os
blasfemar”.51 Sua disposição era a de perseguir com
Deus, procurando destruí-la,58 e, ao persegui-la, ele n
estava perseguindo a Cristo.59Assim, por trás da blasf
havia um homem violento (hybristçs), sendo hybris um
com insolência, que encontra satisfação em insultar e
Talvez o apóstolo estivesse pretendendo mostrar q
ascendente de coisas más, partindo de palavras (de b
ações (de perseguição), até chegar a pensamentos (de
Em segundo lugar, Paulo descreve a forma pela qua
Humanamente falando, não havia esperança para algu
e agressivo como ele. Mas Paulo não estava fora da m
duas vezes ele usa o mesmo verbo alcancei miseric
literalmente, do modo como o puritano Thomas G
totalmente alcançado pela misericórdia”.61 À “miseri
agora a “graça”, palavras que ele já havia colocado ju
(1.2). A graça de nosso Senhor transbordou sobre mim
estão em Cristo Jesus (v. 14). Isto é, a graça “su
transbordou tal como um rio numa enchente, que não
extravasa pelas margens e carrega tudo o que vê pela f
roldão, não havendo nada que lhe possa resistir. M
trouxe consigo, entretanto, não foi uma devastação, m
a “fé”eo “amor”aquePaulojá haviadado destaque (vv.
48. Essaprimeiraocorrênciadessaexpressão é um concis
Esta afirmação éfiel e digna de toda aceitação: Crist
para salvar ospecadores, dos quais eu sou opior (v. 1
conteúdo do evangelho é verdadeiro e digno de aceitaç
especulativos e absurdos dos falsos mestres e (poder
diferente das mentiras da propaganda secular. Em
evangelho oferece é para teruma aceitaçãouniversal. N
versões diz que ele é digno de “toda” aceitação, com
ser uma aceitação completa, sem reservas. Já a jb p trad
totalmente confiável e deve ser universalmente ace
com o contexto, uma vez que Paulo argumenta no cap
tem de serfeito conhecido às nações. Em terceiro luga
é que Cristo veio para salvar os pecadores. A lei era p
pecadores; o evangelho é para a sua salvação. Afrase C
soa como uma das expressões que ele mesmo possive
alusão à sua encarnação e também à expiação que ele
como pressuposto o fato da sua preexistência. Com ef
exame de todas as passagens sobre a salvação nas Car
Towner conclui que a salvação, sendo uma realidade
por se consumar, é “o ponto central da mensagem” e a
sadio” dos apóstolos.66
Em quarto lugar, a aplicação do evangelho é p
universal é uma coisa (ele é digno “de toda aceitação
coisa bem diferente é o fato de que ele tem que ser in
que Paulo destaca com a frase “dos quais eu sou
49. pelo Espírito Santo. Podemos começar tal como o faris
dizendo: “ÓDeus, graças te dou que não sou como os
terminaremos como o coletor de impostos que, ba
(literalmente): “ODeus, sêpropício a mim, opecador!”
em odiosas comparações; ao passo que para o pub
respeito, entretanto, não havia outros pecadores com
somente ele, e mais ninguém.
Podemos, agora, fazerum resumo do que essa afirm
toda aceitação”nos diz sobre o evangelho. Eleé verdad
Ele destina-se a todo o mundo. Ele diz respeito a Jesus
salvação. E deve ser recebido por todos nós, individua
Não podemos refletirnessa fiel declaração sem lemb
Bilney, que se converteu através dela. Eleito em 1520c
da universidadedeTrinityHall, em Cambridge, na Ingla
(como era chamado, devido à sua pequena estatura)
conseguia encontrá-la.
“Mas, finalmente”- escreveu ele —,“ouvi falarde J
o Novo Testamento foipelaprimeira vez mostrado por
leitura (como bem me recordo) encontrei por acaso ess
(ó que doce e agradável sentença para a minha alma!)
afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jes
salvar os pecadores, dos quais eu sou opior e oprincipa
através do esclarecimento de Deus atuando em meu in
não tinha consciência, de tal forma alegrou o meu cor
50. explicação. Seu perdão, cheio de misericórdia, não se
tivéssemos algum mérito que predispusesse (e muito m
a mostrar misericórdia, mas procede do caráter dele, q
quem pertence sempre a misericórdia”, como diz o Liv
Anglicana. Não obstante, Paulo menciona dois fat
caso, pode-se dizer que poderiam ter “predisposto” De
para com ele.
O primeiro fator diz respeito ao fato de ter sido ele
ignorânciae naincredulidade. “Alcanceimisericórdia, p
e naminhaincredulidade” (v. 13b). Em outras ocasiões
por Deus” e que “estava convencido de que deveria fa
se opor ao nome de Jesus, o Nazareno”.71 Preste aten
a ignorância e a incredulidade de Paulo não o isentava
dizendo que sua ignorância estabelecia uma base para
misericórdiade Deus (pois nesse caso ela deixaria de s
a graça deixaria de ser graça), mas ele diz tão somení;
era consciente e intencional, pois, se o fosse, ieri^ito
Espírito Santo, eisso oteriadesqualificado derecàjeoms
à conhecida distinção que há no Anti Iç s;injin
“por ignorância” e aquela que é feit^t^ i çrâmmente”.
por outras pessoas da forma comoT&s k or.,a na cruz
não sabem o que estão fazendo”,73 u m liY e z que nos le
ainda temos que nos arrepáider, ate mesmo dos p
ignorância”.74
Se o período de/ignorância e incredulidade do pas
51. teve misericórdia até mesmo de mim, o pior dos peca
misericórdia de você!
Em resumo, embora Paulo tivesse sido um blas
perseguidor da igreja, a graça de Cristo o tomou comp
misericórdia em parte por suaincredulidade naignorânc
demonstrar a ilimitada paciência de Cristo, em benefíc
Foi essa experiência da graça, da misericórdia e da
sustentaram todo o entusiasmo evangelístico de Paulo.
ninguém pode compartilhar o evangelho com paixão e
não tiver tido uma experiência semelhante com Cristo.
Não é de admirar que Paulo tenha passado de for
para uma doxologia, na qual, entretanto (assim como n
em 6.15), fez uso de algumas frases de uma forma litúr
entender que liberdade e liturgia não são necessariame
referiu-se a Deus como o Rei, o soberano que tem sob
coisas, que não apenas reina sobre a ordem natura
históricos, mas que também estabeleceu o seu reino so
através de Cristo e por meio do Espírito.
Paulo agora menciona quatro características do Rei
etemo, literalmente “Rei dos séculos” (v. 17 - ib b) [tam
15.3, na ib b ], estando além das flutuações do tempo. Se
Deus. O acréscimo do adjetivo “sábio” no Textus Rece
versões (como na s b t b) é “sem dúvida uma inserção de
Romanos 16.21”.15 O que Paulo está afirmando n
52. 3. Timóteoeo bomcombate (1.18-20)
Timóteo, meu filho, dou-lhe esta instrução, seg
proferidas a seu respeito, para que, seguindo-as, você
l9mantendo a fé e a boa consciência que alguns
naufragaram nafé. 20 Entre eles estãoHimeneu eAlexa
a Satanás, para que aprendam a não blasfemar.
Até aqui, Paulo havia se referido aos mestres da le
deles), como também a si mesmo na condição de a
evangelho). Agora, compete a Timóteo escolher a qu
dois. Por um lado, o apóstolo está lhe pedindo com in
falsos mestres; por outro, Timóteo tem de sentir
especulações deles. Não é para ele permanecerneutro,
seja jovem, inexperiente, passível de ser influenciad
como naquela época, a verdade exige que nos posicion
Paulo começa descrevendo o contexto no qual ele e
com que Timóteo se lembre tanto do relacionament
especial os une, como também das circunstâncias da o
meu filho, dou-lhe esta instrução, segundo as profe
respeito, para que, seguindo-as, você combata o bo
somos informados do conteúdo dessas profecias. Nem
dirigidas à igreja, a Timóteo (declarando-o chamado
tarefa em especial, conformeAtos 13.lss.) ou a Paulo (
seria um acréscimo conveniente à sua equipe missioná
parece provável é que elas tenham ocorrido durante a “
53. Em particular, Timóteo tinha que permanecer m
consciência (v. 19a). Embora, aqui, “fé” não tenha
original, no fim do versículo ele aparece: naufraga
sofreram naufrágio no que diz respeito à fé). Ass
pressupor o mesmo significado no início do versícul
coisas valiosas que ele tem de guardar com cuidado: u
que é chamado de “fé”, ou seja, a fé apostólica, e um t
como “aboa consciência”.Além disso, essas duas coisa
juntas (como em 1.5 e em 3.9), que é precisamente o q
deixaram de fazer. Esse Himeneu presumivelmente é
ensinou que a ressurreição já havia sido realizada.85
nome comum, e não há razão para identificarmos esse
“o ferreiro”, que lhe havia causado “muitos males”86e
mesmo foi cristão de fato.
Quem quer que tenham sido esses dois homens, o q
“tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar
contam Himeneu eAlexandre” (vv. 19b-20a- ra).O tex
os hereges rejeitaram: a boa consciência. A palavra em
de consciência (apôtheô) significa pôr alguma cois
repudiar. Está implícita “uma violenta e deliberadareje
isso com sua consciência, naufragaram na fé. Agindo
deles, seria precisamente preservando uma boa consciê
como manter a fé. Assim, acham-se bem ligados e
comportamento; a convicção e a consciência; e o que
54. Tão séria era a apostasia de Himeneu e Alexan
respeito deles: os quais entreguei a Satanás (v. 20). Is
certeza, éuma alusão à excomunhão, considerando que
expressão no caso daquele que havia cometido opecad
“Entreguem esse homem a Satanás”91, escreveu, expl
ele queriadizer: “Expulsem esseperverso do meio de v
o lugar em que Deus habita, segue-se que sereliminad
enviado de volta para o mundo, onde Satanás habita. P
punição possa ser, ela não é permanente nem irrevogá
corretivo, pois eles foram objeto dessa ação “para sere
que aprendam a não blasfemar (v. 20). O que se ded
tenham aprendido essa lição, os excomungados poder
à comunhão.
Nesse primeiro capítulo, que trata do lugar da dout
nos dá uma valiosa instrução com respeito ao falso en
básica é a heterodidaskalia, um desvio (heteros) d
desastrosos resultados são que ele substitui a fé pela e
Deus pela dissensão. Sua causa fundamental é a rejeiç
diante de Deus.
O que, então, Timóteo deveria fazer em tal situação
separar-se da igreja, o que teria sido uma reação extre
deveriapermanecerem silêncio diante daheresia e muit
qualquer forma, o que teria sido o extremo oposto. Em
permanecer em seu posto e combater o bom combate d
erro e também lutando vigorosamente pela verdade.
55. 1Timóteo 2.1-15
2.0 cultopúblico
Nessa carta pastoral, Paulo tem em vista não somen
dirigida, mas também as igrejas locais que ele, Timóte
sionar. Através dele, o apóstolo tem o propósito de co
Tendo iniciado com doutrina (capítulo 1), exigindo qu
falso ensino e permanecesse fiel à fé apostólica, e
como conduzir o culto público (capítulo 2).
Da mesma forma como havia rogado (parakaleõ) a
cesse em Efeso” para combater o que estava errado (1
dar prioridade ao culto público: Antes de tudo, re
novo) que se façam ... orações ...por todos os homens
se “não a uma prioridade de tempo, mas a uma priorid
pois a igreja é essencialmente uma comunidade de
freqüência, se diz que a tarefa prioritária da igreja é a
bem assim, na verdade. O culto aDeus tem prioridade
ção, em parte porque o amor a Deus é o primeiro m
próximo é o segundo; em parte porque, após ter-se cum
56. culto público (vv. 1-7). Em segundo lugar, ele conside
conduzido e aborda a questão de qual deve ser o papel
àsmulheres (vv. 8-15).
1.Enfoquemundialnoculto público (2.1-7)
Antes de tudo, recomendo que sefaçam súplicas, or
ações de graças por todos os homens; 2pelos r
exercem autoridade, para que tenhamos uma vida t
com toda apiedade e dignidade. 3lsso é bom e agra
nosso Salvador, 4que deseja que todos os home
guem ao conhecimento da verdade.
5Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus
Cristo Jesus, 6o qual se entregou a si mesmo com
Essefoi o testemunho dado em seu próprio tempo.
7Para issofui designado pregador e apóstolo (digo
minto), mestre da verdadeirafé aos gentios.
O que se destaca nesse parágrafo é a amplitude uni
de da igreja. Em contraste com os gnósticos heréticos,
era restrita a uma elite, àqueles que tinham sido inicia
que o plano de Deus, e portanto a nossa responsabilida
o mundo. Por quatro vezes, essa mesma verdade é
orações devem ser feitas por todos os homens (v. 1
57. com muita clareza. “Admito” - escreveu Calvino com
compreendo completamente a diferença” entre elas. E
nar uma tentativa nesse sentido, ele continuou: “Ma
muito a distinções sutis desse tipo”.4 Com efeito, ele
distinção entre “gênero” e “espécie”, orações (proseu
genérica para todo tipo de oração, enquanto súplic
(enteuxis) são específicas. Alguns comentaristas mode
pouco além, sugerindo que deçsis expressa uma neces
enquanto euteuxis significa “entrar na presença de um
petição”.5Talvez G.W. Knight seja quem ofereça adef
to ao efeito que esses quatro termos devem dar à
requerendo necessidades específicas; proseuchas, lev
mos em vista; enteuxeis, apelando com ousadia a favo
agradecendo por elas”.6
Embora Paulo use esse conjunto de quatro palavras
único ponto, ou seja, elas devem ser feitas em favor de
Isso, de imediato, reprova a estreita visão paroquial de
para si mesmas em suas orações. Alguns anos atrá
numa certa igreja. O pastor não estava presente, por es
líderes leigos conduziu a oração pastoral. Ele orou par
bom período de férias (o que foi bom) e para que d
membros da igreja, fossem curadas (o que estava bem
devemos orar pelos enfermos). Mas isso foi tudo. A in
durar nem trinta segundos. Saí de lá aborrecido, com a
igreja cultuava um deus de um vilarejo de sua própria
58. fechados, nações resistentes, missionários, igrejas
na busca da paz e da justiça no mundo (lugare
livramento do horror nuclear, governadores e go
necessitados etc.). Almejamos ver toda congrega
se diante de nosso soberano Senhor em humildade
de esperança. ”7
Às vezes, questiono-me se a razão do relativam
para se alcançar apaz e ajustiça no mundo, epara a eva
é a falta de oração por parte do povo de Deus. Quand
das Filipinas, foi deposto em 1986, os cristãos filipino
“não ao poder do povo, mas ao poder da oração”. O q
se o povo de Deus, por todo o mundo, aprender a de
orações perseverantes e cheias de fé?
Em particular, Paulo orientou as igrejas a orar pelo
exercem autoridade (v. 2a). Essafoi umainstrução imp
naquele tempo não havia nenhum governante que foss
parte do mundo. OLivro Comum de Orações daIgreja
errado, portanto, ao limitar, nos cultos de santa ceia, a
cristãos, pedindo a Deus para “salvar e defender
governantes cristãos”. Em contraste, quando Paulo dis
pelos reis, o imperador que reinava era Nero, cuja pre
tilidade para com a fé cristã eram por todos conh
igreja, que primeiramente ocorria de forma não freqü
tornou-se sistemática, e portanto os cristãos ficara
59. Tertuliano, em suaApologia, que geralmente é data
“Oramos também pelos imperadores, pelos seus minis
estão no poder, para que o seu reinado continue, para q
paz, e para que o fim do mundo seja postergado”.11
Paulo é bem específico ao orientar a igreja, dizendo
pelos dirigentes das nações. E em primeiro lugar, e ac
tenhamos uma vida tranqüila epacífica. Isso porque o
um bom governo proporciona é a paz, com o sentido d
guerra como de conflitos civis. Paulo havia tido m
bênção, quando os oficiais romanos intervieram em se
própria cidade de Efeso, quando se deu “um gran
Caminho”, tendo o escrivão da cidade conseguido apa
Orar pela paz não é algo que se deva deixar de la
atitude egoísta. Sua motivação pode ser altruísta, ou s
que somente numa sociedade em que impere a ordem
de para desincumbir-se, sem qualquerimpedimento, da
lhe foram dadas por Deus. Duas características de
mencionadas, e uma terceira está implícita. As que são
de e dignidade (v. 2b). “Piedade” (eusebeia) é uma da
Pastorais,13 onde é usada como sinônimo de theosebe
de culto a Deus ou devoção religiosa. “Dignidade” (se
to, parece significar “diligência moral”.14Uma traduçã
ve essas duas bênçãos da paz como “a plena observân
padrões de moralidade”.
O terceiro benefício decorrente dapaz acha-se impl
60. dentes) e punir o mal e promover o bem (tal como Pau
13.4), de forma que, numa sociedade assim estável, ai
de para cultuar a Deus, obedecer às suas leis e divulga
lado, é dever da igreja orarpelo estado, para que seus
justiça e busquem a paz, acrescentando em sua inte
especialmente pelas bênçãos de um bom governo com
de Deus para todos. Desse modo, a igreja e o estado tê
o outro; a igreja deve orar pelo estado (e ser, ainda
estado deve proteger a igreja (de modo que esta tenh
cumprir com suas responsabilidades). Cada uma des
nhecer que a outra também tem uma origem e um pro
Cada uma deve ajudar a outra a cumprir o papel que D
h. O desejo de Deus para com todos os homens (2.3-
A razão pela qual a igreja tem que ter uma visão am
todos os homens em suas orações, é que essa é a medi
De fato, ele é apropriadamente referido como sendo D
3b), mas não é para o monopolizarmos, uma vez que e
nós, mas que todos os homens sejam salvos (v. 4a). A
ter tido em mente aqueles judeus nacionalistas que acr
preferidos e privilegiados de Deus, esquecendo-se da
abençoar todas as famílias da terra através de Abraão.
Paulo ter tido em mente os elitistas gnósticos que r
gnosis (conhecimento) a uns poucos escolhidos. Em
versões desse espírito de monopólio do qual temos qu
61. Como, então, podemos evitar esses dois extremos o
do universalismo? Além disso, a doutrina da eleição n
forma de elitismo? E não é ela incompatível com a afi
Deus deseja que todos se salvem?
Comecemos a responder essas questões afirmando
bitavelmente ensinam a divina eleição, tanto no Antigo
porque amou os seus antepassados e escolheu a d
como no Novo Testamento (p. ex., “vocês não me esco
lhi ...),17embora diferentes igrejas formulem uma dou
Contudo, essa verdade não é para ser expressa de um
complementar de que Deus deseja que todos se salvem
abordada nas Escrituras para nos humilhar (lembrando
nossa salvação pertence exclusivamente a Deus), para
promessa de que o amor de Deus nunca nos abandona
para missões (lembrando-nos de que Deus escolheu A
através dele, abençoar todas as famílias da terra). A el
forma a contradizer o alcance universal que o evang
propiciar uma desculpa para não acatarmos a evangeli
são excluídos, isso éporque eles mesmos se excluem, r
lho oferece. Quanto a Deus, ele deseja que todos os ho
Como, então, podemos afirmar que, ao mesmo tem
sejam salvos e que também há a eleição, por Deus, do
ção? Os cristãos têm enfrentado essa questão em cada
do reinterpretar as três palavras que formam a estrutur
62. Em segundo lugar, outros sugerem que o verbo
“serem preservados fisicamente” em vez de “resgatad
ralmente”,uma vez que acham que esse verbo tem tam
algumas outras passagens (p. ex., 2.11 e 4.10), conside
texto imediato é o de governos protegendo e preservan
proposta não obteve grande aceitação, entretanto, uma
gue escrevendo sobre a morte de Cristo pelos nos
vista que o vocabulário da salvação nas Pastorais gera
tação do pecado.21
Em terceiro lugar, uma parte dos comentaristas ins
os homens” não pode ser tomado num sentido abs
pessoa individualmente. Em vez disso, “o que o após
escreve Calvino, seguindo Agostinho - “é simplesm
sobre a terra e não há segmento algum da socied
salvação, uma vez que Deus deseja oferecer o evangel
ção.” Paulo estaria falando de classes sociais e não de
sen argumenta de modo semelhante que “todos” signi
não importando as diferenças de ordem social, nacion
um dos seres humanos, de toda a humanidade pre
incluindo Judas e o anticristo”.23Além disso, G. W. K
a interpretação natural do versículo 1, pois é possível
de pessoa” (por ex., pelos governantes e também pelo
é possível orar por todas as pessoas individualmente, d
em muitas outras passagens das Escrituras, “todos” nã
limitadopelo contexto. Por exemplo, quando Jesus com
63. querem vir a mim”;em outra, disse: “ninguém pode vi
enviou, não o atrair.”29Assim, por que é que alguns n
eles não querem ou por que não podem? Jesus ensinou
Por toda parte nas Escrituras, vemos essa antinomi
responsabilidade humana; o oferecimento universal e
“todos” e “alguns”; “não querem” e “não podem”. A
fenômeno não é procurar uma conciliação superficial
das evidências), nem afirmar que Jesus e Paulo contra
mar que as duas partes da antinomia são verdadeiras, a
sando, com humildade, que no presente a nossa mente
resolver a questão.
A universalidade do convite do evangelho reside n
duas partes, ou seja, duas verdades: a de que há apena
apenas um mediador. Paulo afirma esses fatos quanto
uma economia tal de palavras que alguns têm questi
citando as palavras de algum credo primitivo. Mesmo
a sua autoridade apostólica.
Ele começa dizendo: pois há umsó Deus (v. 5a). O
versículos 4 e 5 é entre “todos os homens”que Deus q
“um só Deus”que deseja isso. A razão por que ele que
que ele é o único Deus, e que não há outro.
Supondo que não haja um único Deus, mas muitos
Deus não seja monoteísta, mas politeísta; e supondo q
acreditavam, um panteão de muitos deuses, ou co
64. Quanto a ser bom ou mau, isso depende de os rivais te
Os rivais de Deus não têm, por serem falsos deuses; n
ses”.É no contexto da idolatria que o Senhor diz: “Eu,
Deus zeloso ...”ou: “souumDeus ciumento” (bj).33 Ele é
a rivais; ele se recusa a compartilhar com qualquer ou
devido. “Eu sou o S en h o r; este é o meu nome! Não da
nem a imagens o meu louvor.”34Daí, também, o seu c
crerem: “Voltem-se para mim e sejam salvos, todos vo
eu sou Deus, e não há nenhum outro”.35 Desse modo,
Testamento que é a condição de unicidade de Yahwe
justifica o seu “zelo” e a sua missão universal, invoc
dobre diante dele e que toda línguajure pelo seu nome
Precisamente o mesmo raciocínio é encontrado n
fato, Paulo o repete diversas vezes. “Há um único Deu
dizendo ser o criador e o herdeiro de todas as coisas.3
só Deus e Pai de todos”.38E aqui, em 1Timóteo, há um
6.15). Além disso, é porque “existe um só Deus” que
dos judeus, mas também o Deus dos gentios.39Assim
Novo Testamento afirmam primeiro que Deus é um s
fundamental para a missão mundial é precisamente es
exclusiva (há um só Deus, e nenhum outro) leva
missão inclusiva (o único Deus deseja que todos os ho
c. A morte de Cristo épara todos (2.5-6)
65. Nova Era e de outras seitas contemporâneas? Por que
todas as pessoas têm que ser salvas pelo mesmo mo
conhecimento da (mesma) verdade!’”
A resposta que Paulo dá é que não há apenas um ú
que há também um único mediador entre ele e nós, e p
para a salvação.
Essa questão tem sido debatida com muito ardor em
das outras religiões e o relacionamento de Jesus Cristo
que está viva. Três posições principais estão send
A primeira, a visão tradicional, sustentada até há
grande maioria dos cristãos, é que Jesus Cristo é.
salvação é mediante uma explícita fé nele. Essa posiçã
de “exclusivismo”,embora esse seja um termo inadequ
conotação negativa e elitista e porque nada diz quanto
ta” que se acha implícita na proposta universal que o e
importante expositor dessa posição no século vinte foi
The Christian Message in a Non-Christian World (A
Mundo Não-Cristão), de 1938.
A segunda posição geralmente é chamada de “inclu
afirma que Jesus Cristo é o Salvador, mas acresce
diferentes através de diferentes processos, especialmen
giões. O mais bem conhecido expositor dessa posição
Rahner, em sua obra Theological Investigations, (Inv
volumeV, de 1957.
A terceira posição, que está ganhando terreno em n
66. populares do Oriente. Também os gnósticos tinham po
são de emanações angélicas preenchendo a distância
das quais Jesus era a maior, mas não a única. Paulo in
somente um mediador. Temos de ter clareza, portanto
cristãos não reivindicam a exclusividade do “cristianis
qualquer que seja a formulação com que se apresente;
igreja como instituição em quaisquer formas cultura
mas reivindicam apenas a exclusividade de Cristo com
como oúnico qualificado como mediador.
Um mediador é um intermediário, a pessoa que se a
a reconciliação entre duas partes em rivalidade. Mesitç
tanto para um árbitro em disputas legais como para um
namentos comerciais. E entre Deus e a raça humana, P
um único, Jesus, “o único que se põe no meio”.42
Assim, em que consiste essa singularidade de J
afirmar que ele não tem competidores nem sucessores
ficações como mediador são encontradas em sua pe
quem ele é e no que ele fez.
Em primeiro lugar, a pessoa de Jesus é singular. El
(v. 5b). É claro que ele também é Deus. No capítulo a
com o Pai como a única fonte de graça, de misericórdi
vezes, elefoi referido como “nosso Senhor” (1.2,12,14
ao mundo para salvar os pecadores” (1.15), o que pre
uma decisão preexistentes. O que Paulo agora acresce
um ser humano. Ajustaposição de palavras na frase em
67. 6a). Dá para notar o salto impressionante que o a
nascimento de Jesus (o homem Cristo Jesus) para a su
gou a si mesmo). Um leva ao outro. Ele nasceu para m
morte é descrita tanto como um sacrifício quanto
entregou a si mesmo” significa que ele “se sacrificou”
forma deliberada e voluntária como sacrifício pelo pe
ta-se a Isaías 53.12, onde do servo sofredor se diz que
até a morte”. Jesus aplicou esse conceito a si mesmo
daria a sua vida pelas suas ovelhas, por sua livre e exp
Além disso, ele se entregou como resgate. Essa exp
declaração do próprio Jesus de que o Filho do homem
em resgate por muitos”.46 As implicações disso são m
era o preço pago para a libertação de escravos ou cat
dias, os seqüestradores tomam pessoas para ter um res
que estávamos numa escravidão, sujeitos ao pecado e
de nos salvarmos, e que o preço pago para a nossa lib
Cristo em nosso lugar. A versão grega da declaraç
pollôn (“um resgate em vez de muitos”). Paulo ref
preposição ao nome como um prefixo e pondo ainda u
antilytron hyper pantôn (“um resgate substitutivo e
presença das duas preposições é significativa. “Cristo
ço de uma permuta’ em favor de todos e em lugar de t
pela qual a libertação pode ser obtida.”47 .
Paulo, ainda, em lugar depollôn (“muitos”) usoupa
certeza, entretanto, se desse modo ele mudou o sentido
68. aqueles que o rejeitarem e forem condenados. O ponto
expiação “universal” é o fato de que o evangelho é pa
Assim como acontece com a declaração de que
sejam salvos, também com a afirmação de que Cristo
todos é possível argumentar que “todos” significa “to
sociais” e não, absolutamente, “todas as pessoas”. Con
mais sábio admitir que as Escrituras parecem estar afi
numa antinomia que no presente não temos condições
tando qual seja a nossa posição quanto à amplitude da
mente proibidos de limitar a extensão da missão mund
ser pregado a todos; a salvação é para ser oferecida a t
Aqui, então, acha-se a dupla singularidade de Jesus
ser o único mediador. Primeiro, há a singularidade da
pessoa divina e humana; segundo, há a singularidade
c substitutiva. O único mediador é o homem Cristo Je
asi mesmo como resgate. Temos que manterjuntas est
resgate e mediador. Historicamente elas se referem ao
sua carreira salvífica: o seu nascimento, pelo qual
morte, através da qual ele se entregou como resgate; e
sua ressurreição e ascensão) à mão direita do Pai, ond
nosso mediador ou advogado. Teologicamente, elas s
doutrinas da salvação, a saber, a encarnação, a expiaç
Ecomo em ninguém mais, anão serem Jesus deNazaré
se homem (assumindo ele mesmo a forma humana) e
resgate (assumindo o nosso pecado e a nossa culp
69. reu, é o divino testemunho do amor de Deus que
salvar os pecadores. Mas coAo Paulo prossegue imed
abordando a proclamação do evangelho em seus dias,
ser esse o testemunho a que ele estava se referindo. O
Jesus aconteceram no primeiro século; agora, em seu
munho dele tem de ser dado. Epara isso [para esse tes
pregador e apóstolo (digo-lhes a verdade, não minto)
fé aos gentios (v. 7).
De que modo devemos compreender os três substa
tolo” e “mestre”? Paulo foi os três, mas ninguém é os
observamos ao consideraro primeiro versículo dessa c
tolo”, quando usada na acepção de “apóstolos de Cri
acepção de “apóstolos das igrejas”,referia-se primaria
Paulo e Tiago depois foram acrescentados. Eles foram
do Jesus histórico, especialmente de sua ressurreição
uma inspiração especial do Espírito Santo e receberam
em nome de Cristo. Além disso, Paulo tinha sido desig
gentios”. Sua forte exclamação, dizendo estar falando
do,52 provavelmente era necessária devido aos fals
pondo em dúvida a sua autoridade apostólica.
Embora não haja “apóstolos” de Cristo hoje com a
ridade dos escritores do Novo Testamento, certamente
tres”. Como descrever suas responsabilidades? Era fu
mular, defender e recomendar o evangelho. A função
70. uma missão para com todo o mundo. Segundo o vers
orar por todos os povos; de acordo com o versículo 7,
evangelho a todos os povos, a todas as nações. M
poderá incluir o mundo todo no alcance da sua interce
nho? Uma perspectiva assim não é arrogante, presunç
alista? Não! Crisóstomo, no final do quarto século, de
Deus!” - clamou ele.54Isto é, o objetivo da igreja é u
o objetivo de Deus. É pelo fato de existir um só Deus
todos os povos têm de ser incluídos nas orações da igr
ção. É aunidade deDeus e a singularidade de Cristo qu
de do evangelho. O desejo de Deus e a morte de
povos; portanto, o dever da igreja é para todas a
direcionando a elas tanto suas mais ardentes oraç
testemunho.
2.Atribuições segundo o sexo, no culto público (2.8
O assunto do culto público, que Paulo tinha começ
metade desse capítulo, é retomado por ele na segu
passa da prioridade e da amplitude do alvo das oraçõe
papéis que os homens e as mulheres devem dese
como devem se comportar quando a igreja se reúne em
deveres dos homens em relação à oração (v. 8) e os de
relação ao vestir-se, ao estilo de seu penteado, ao uso
ainda, em relação aos homens (vv. 11-15).
71. o ministério de mulheres. Ademais, as conclusões q
vão depender muito dos princípios hermenêuticos
considerar em detalhe esses versículos, portanto, é ne
princípios que parecem ter uma importância fundame
a. Princípios hermenêuticos
O primeiro pode ser chamado de princípio da harm
ser a Bíblia a Palavra de Deus escrita, também cremos
ele não se contradiz. Portanto, embora reconheçamos,
versidade tanto de ênfases teológicas como de estilos
a expectativa de que a Palavra tenha uma subjacen
significa que teremos que cair numa manipulação artif
mos encontrar umaharmonia natural, interpretando cad
contexto bíblico. Desse modo, ao abordar esses ver
mulher na igreja, não vamos isolá-los de uma básica a
com respeito à igualdade entre homens e mulheres em
por criação e por redenção.55 Não há diferença algum
imagem de Deus que levamos como também em nossa
Deus pela fé em Cristo. Todaidéia de superioridade ou
sexos tem de ser de imediato descartada.
Em segundo lugar, temos de procurar aplicar o prin
Deus sempre proferiu a suapalavra num ambiente cult
cular, especialmente o do antigo Oriente Próximo (oA
judaísmo palestino (os evangelhos) e o do mundo grec
Novo Testamento). Nenhuma palavra de Deus foi prof
72. condições de ceder em nada que, de qualquer for
modo, adotam umapostura literalrígida, considerando
fugas “ao que a Bíblia ensina de forma tão clara”. Para
sua interpretação de 1 Timóteo 2.8-15, tais pessoas
homens devem sempre levantaras mãos quando orarem
nunca façam tranças em seu cabelo, nem usemjóias (v
cia alguma a mulher ensine ahomens (vv. 11-12).
Em segundo lugar, há também aqueles que, recusan
Escrituras (tal como os do primeiro grupo), uma verda
são cultural, caem no extremo oposto. Longe de entro
a outra, eles as descartam. Em vez de elevarem as exp
de uma verdade eterna, eles degradam averdade eterna
sões culturais. Em vez de darem às duas a condição de
negam-lhes essa autoridade. Uma vez que aPalavra de
vestes culturais assim tão antigas - argumentam eles -
às pessoas no passado, agora ela está totalmente desat
Conseqüentemente, toda instrução que Paulo deu a Ti
dos homens e sobre o adorno das mulheres e sua sujei
ser descartado. Não há praticamente nada que valh
descarte, pois nada é “eterno”,tudo é meramente “cult
Hanson escreveu: “Assim como a primeira metade de
o melhor do seu autor, a segunda metade parece mostr
cristãos não estão absolutamente obrigados a aceita
mulheres”.56 Semelhantemente, embora de maneira m
73. se contexto”, as instruções de Paulo para as mulheres
afirmação de Paulo em 1Timóteo 2.11-12- prossegue e
cificamente com o problema existente em Efeso. Obvi
essa posição para com as mulheres de um modo geral.
Esse princípio da aplicação local é desenvolvido um
Clark Kroeger e Catherine Clark Kroeger, em seu notá
Woman: Rethinking 1 Timothy 2:11-15 in Light ofAnc
Afetado por uma Mulher: Repensando 1 Timóteo 2:
Evidências). E um tour de force, o fruto de muita p
conscienciosa, sobre o mundo antigo. Compartilho c
com o fato de que esse texto tem sido usado, de manei
para negar legítimos ministérios de mulheres. Isso por
as Escrituras asseguram a liderança de muitas mulhere
das com dons. Como, então, os Kroegers abordaram e
páginas? Descrevendo Éfeso como “um baluarte da su
dominada pela grande deusa “Diana dos efésios”61 e i
ricos judeus e gnósticos, os Kroegers reinterpretam fra
los de 11 a 15 como aplicando-se exclusivamente àque
deve aprenderem silêncio, com toda sujeição” (v. 11) é
res cristãs, em contraste com a “tagarelice absurda”
para ser ensináveis e submeterem-se silenciosamente à
permito” (v. 12a) refere-se a “uma situação específica
so] e não tem uma aplicação universal”.62 O que as 'm
ensinar refere-se apenas ao ensino da “doutrina não co
74. sobre o homem”, que igualmente é proibida, não é no
nio, mas significa que a mulher não é para proclama
“como tendo dado origem” ao homem.64 Os mitos gn
era responsável tanto pela criação como pela iluminaç
ditados pelas referências de Paulo à prioridade de Adã
Eva (v. 14).65Entretanto, ela será “salva”, e não conde
Reconheço que essa reconstrução é coerente e
muito conhecimento eumaprofundareflexão. Por ela, c
segmentos dos versículos 11 a 15 foi reinterpretado c
heréticas que provavelmente estavam circulando naqu
minei de ler esse livro, entretanto, tive um forte sentim
do”.Será que esse texto realmente nada tem a dizer de
relacionamento entre homens e mulheres? Será que as
“sujeição” (vv. 11 e 12) foram esvaziadas totalmente d
hoje? Não haverá, por certo, ainda, alguma coisa que p
mentar na sexualidade criada, que Deus pretenda serp
nossa experiência humana? Como admite o Dr. Dick F
contro à sua principal tese, “o Novo Testamento reve
amplo de ‘ordem’ (taxis) que Deus designou para
muitos níveis”, e que exige “sujeição” (hypotagç), inc
em relação a seu marido no casamento. “Sujeitar-se é
dentro da ordem estabelecida por Deus na sociedade
com isso, aceitando a autoridade daqueles a quem Deu
É isso o que leva o Dr. J. I. Packer aexpressar, em
de “que o relacionamento do homem com a mulher é,
75. te todo o Novo Testamento foi dirigido a situaçõe
pudermos mostrar que uma instrução era dirigida a um
deveremos então limitá-la àquelecontexto e declará-la
demais? Por exemplo, o mandamento paraque todos “
tes e autoridades”68foi dirigido aos cretenses, cujo esp
bem conhecido;69 ele, então, não se aplica aos não-cr
De forma semelhante, poderíamos argumentar que
bre apráticahomossexual, sobreum estilo de vida simp
de Cristo, sobre a evangelização mundial e muitos out
bem para os seus dias. Mas os tempos mudaram,
cultura totalmente diferente e, haveria quem acrescent
ele sobre tudo isso; assim, o que ele escreveu não teria
Até aqui, o que sugeri foi que rejeitássemos as dua
relação ao elemento cultural na revelação bíblica. P
“literalismo” (entronizando as duas) e “liberalismo” (d
terceira posição, que é conciliatória, é a da “transpos
temos que discernir nas Escrituras o que é revelação d
é imutável) e o que é sua expressão cultural (que é mu
numa posição de preservar o primeiro como permanen
transposição do segundo para termos culturais atua
ordem de Jesus para que lavássemos os pés uns dos ou
mente obedecer a ela, saindo por aí e lavando os pés d
bém não vamos descartar essa passagem como não sen
nós; vamos, porém, discernir o que é intrínseco n
desprezível se amarmos uns aos outros) e então trans
76. tares para as mulheres ou sobre elas. Afirmativamente
em silêncio, com toda a sujeição (v. 11). Negativamen
nem ter autoridade sobre o homem (v. 12). Além diss
um lado, ela deve aprender em silêncio e não ensinar.
submissa e não exercer autoridade sobre o homem. Ou
antítese com mais precisão, o comportamento da mulh
caracterizar-se por uma postura de quietude e/ou silên
por sujeição, e não autoridade.
Isso nos leva à questão básica: qual é a relação
antíteses? São elas simplesmente paralelas, e portanto
A mulher deve permanecer tanto em silêncio e não ens
submissa e não exercer autoridade - sem distinção alg
ções? Isso é o que muitos comentaristas aceitam.
sempre expressar-se em silêncio, em “não exercer auto
nar”? Ou seria legítimo ver a antítese submissão/autor
e universal (por ter base na criação, veja o versículo 1
antítese silêncio/ensino como sendo uma expressão cu
lo, não sendo, assim, necessariamente aplicável a tod
dendo lhes ser transposta?
Alguns responderão, sem hesitar, que não há indica
renciação nesse sentido, no texto, pois os versículos
duas proibições (ensinar e ter autoridade) e duas orden
verdade. Mas o mesmo pode ser dito com respeito aos
nada no texto do versículo 8 que requeira de nós algum
mandamento de levantar mãos santas e não ter ira nem
77. base para esse ensino, especialmente ao dizer queprim
e depois Eva (v. 12). Alguns eruditos rejeitam isso, co
“tortuosa exegese rabínica” de Paulo, mas não consid
de de discordar dos apóstolos de Cristo. Seu argumen
culina partindo da prioridade na criação de Adão é
quando visto à luz da primogenitura, que dá direito
primeiro filho, pois Adão foi o primogênito de Deus.
depois deAdão, Eva foi criada apartir dele e para ele,
ra idônea e que lhe fosse igual.70
Não se deve entender “autoridade” em termos de to
menos de se exercer um poder ilimitado. Em Efésios 5
relacionamentos recíprocos entre marido e mulher, Pa
do marido como “cabeça” de sua esposa, da mesma
“cabeça” da igreja. E trata-se de uma ascendência am
uma ascendência de auto-sacrifício e não de auto-afirm
orgulho, destinada a ser liberal e não escravizante. A l
bém não é incompatível com aigualdade sexual, do me
tiva “o cabeça de Cristo é Deus”71 não é incompatíve
entre o Pai e o Filho na Divindade.
Se, entretanto, a antítese autoridade/submissão épa
te da criação, será que a antítese ensino/silêncio não d
ral? Será que orequisito do silêncio, tal como anecessi
eraum símbolo culturaldo primeiro século que expresf
o que não é necessariamente apropriado nos dias de ho
78. deve ensinar os homens. Mas há uma objeção fatal a
mulheres são por natureza crédulas, elas deveriam ser
nar de maneira geral, e não apenas aos homens, uma v
papel especial que as mulheres exercem no ensino de
mulheres mais jovens.76 É mais provável, portanto, q
respeito à participação de Eva na queda não foi o fato
mas por ela ter tomado uma iniciativa indevida, usurp
de Adão, invertendo os papéis de cada um.77
Por fim, a nossa decisão com respeito a se as mul
homens, se devem ser ordenadas ao pastorado ou
papéis de liderança na igreja vai depender de como en
liderança pastoral. Se pertencermos à tradição da Re
presbítero local como alguém essencialmente revestid
sável tanto pelo ensino à congregação como pelo exer
indo a excomunhão), então somos propensos a conclu
a uma mulher ocupar tal posição de tão grande autorid
outro lado, que em nossa consideração sobre a lideran
mos do ensino de Jesus em Marcos 10.35ss., em que e
duas comunidades humanas cujos líderes operam com
rentes. No mundo, disse ele, “seus maiorais exercem p
acrescentou, “não será assim entre vocês”. De modo d
cristã, a grandeza seria medida pelo serviço.
Por que considerar, então, inapropriado que as mul
rança assim, na condição de servas? Elas agiram dess
79. mais a fundo em sua exposição. Há três instruções que
contexto deixa claro, com a condução do culto pú
orações (v. 8), as mulheres e seus adornos (vv. 9 e 1
relacionamento com os homens (vv. 11 a 15).
i. Os homens e suas orações (2.8)
Em todo lugar (ou seja, sempre que uma oração
postura dos homens deve ser levantando mãos santas,
sões (v. 8). Aqui, há três características universais da o
expressando-as negativamente, há três impedimento
pecado, a ira e as contendas. A referência a “mãos san
Salmo 24, no qual aquele que deseja subir ao monte d
no seu santo lugar tem de ser “limpo de mãos e
também, Paulo refere-se “ao sinal visível de uma reali
sas mãos indicam um puro coração”.78 Assim, é i
Deus, em oração, se elas estão manchadas pelo pec
contendas, obviamente não é apropriado buscar o Sen
estamos dando guarida ao ressentimento ou à amarg
prio Deus ou a outras pessoas. Como o próprio Jesus i
tem que preceder o culto a Deus.80
Assim, a santidade, o amor e a paz são indispen
quanto a levantar as mãos - será que isso é igualmente
ras corporais e gestos na oração são culturais, ocorren
grande variedade de formas. Apostura normal durante
80. de Deus.86 Às vezes, parecia natural ao povo de Deus
to de temor em sua presença prostrando-se, com os ro
mente depois de uma visão da majestade de Deus.88
Em resumo, embora a santidade, o amor e a paz de
nossas orações, se ficamos em pé ou sentados, se nos
mos ou se nos prostramos com o rosto em terra e, aind
mãos, ou esticamos os braços, ou os cruzamos, ou s
entrelaçados, ou batendo palmas, ou acenando com as
turas não têm importância alguma, ainda que tenhamo
dar com William Hendriksen, de que “uma posição r
momento de oração, é abominação ao Senhor”.89
assegurar que a nossa postura seja apropriada à n
genuinamente a nossa devoção interior. Isso porqu
perigos da ostentação religiosa,90 e a nossa adoração
da à “exibição de uma pantomima sagrada”.91
ii. As mulheres e seus adornos (2.9-10)
Esse trecho inicia-se com “Da mesma f o r m a d e
tas naturalmente têm questionado qual seria a similari
mente. Alguns dizem que o sentido seria “Da mesma f
lheres orem ...”; e é certo que Paulo queria que as mu
oração empúblico.92Mas é mais simples e direto enten
também que...”
A construção da sentença no grego é “Quero que a
81. de uma maneira perfeita. Mas a impressão geral que s
devem ser discretas e modestas no seu trajar e nã
vestuário que seja intencionalmente sugestiva ou s
um princípio universal.
Em segundo lugar, Paulo diz às mulheres para não
e com ouro, nem compérolas ou com roupas caras (v.
primeira parte do versículo, certamente não se trata de
todos os penteados em que o cabelo é trançado, de
com ouro ou pérolas e de toda roupa elegante (a
levanta um outro ponto que, embora algo relativo, pod
universalmente). Se a igreja glorificada é descrita no l
“preparada como uma noiva adornada para o seu mari
há uma proibição para todo tipo de adorno materia
Estilos de penteado, uso de jóias e modo de vestir têm
em diferentes culturas.
As mulheres cristãs de Efeso, por exemplo, tinham
sua aparência de forma alguma se assemelhasse com a
tas que eram empregadas no templo da grande deusa D
tou bem isso. “Não imitem as mulheres da corte”, apre
vestidos elas seduzem muitos amantes”.94
James B. Hurley explicaisso com mais detalhes: “E
sofisticados penteados que então estavam na moda
aos que eram usados pelas cortesãs. As esculturas
deixam bem claro que as mulheres com freqüência arr
82. piedade” (ou, como na a r a : “que professam ser piedo
brando às mulheres que há dois tipos de beleza femini
beleza do corpo e a beleza do caráter. A igreja deve se
beleza, por encorajar as mulheres a se adornarem com
não podem esquecer-se de que, mesmo que por nature
graça pode tomá-las belas; e se por natureza são bonit
acrescentar muito à sua beleza.
Além disso, os homens podem colaborar nesse p
elogiando nas mulheres a beleza de serem tal como Cr
O apóstolo Pedro também contrastou “cabelos
roupas finas” com o “ser interior, que não perece, b
espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande valor para
para o Senhor, deve ter valor para nós também.
Ui. As mulheres e suasfunções (2.11-15)
Muitas tentativas, não bem sucedidas, tanto exegé
têm sido feitas com o objetivo de amenizar a aparente
apostólicas, limitando suas aplicações.
Primeiramente, tem-se sugerido que elas expressam
al de Paulo, e não uma ordem sua, com base em sua au
é, o “Quero” (boulomai), do versículo 8, nada mais é
“Não permito” (epitrepô), do versículo 12, significa“P
to” (jb p), “não tendo o sentido de um imperativo univer
ções”.97 Outros eruditos, entretanto, consideram es
83. público, sendo que os versículos 8 a 15 definem funçõ
modo que a referência parece ter uma amplitude maio
casais, tão somente.
A terceira sugestão restritiva assinala que as instru
das apenas contra as perturbações barulhentas e in
mulheres, e não contraum exercício de seu ministério
ra quieta e em ordem. Elas são certamente honradas p
em aprender (v. 11), em contraste com a opinião chau
no Talmude de Jerusalém, que dizia que era melhor as
queimadas do que confiadas a uma mulher. Se ela p
poderá ela também ensinar, atuando com tranqüilidad
Coríntios,'01 cujo contexto é o da desordem no culto p
ser às conversas incontroláveis das mulheres que Pau
a sua exigência de “sujeição” nas duas passagens e tam
quietude) indicam que ele tem em mente muito ma
barulho.
Em quarto lugar, tem sido argumentado que as inst
proíbem a mulher de “dominar” sobre o homem. Ela
“discursar para ele num culto público”102 ou “ensina
vo”103 ou fazer o papel do “autocrata”.104 Mas o si
authenteô é incerto, pois ocorre apenas aqui no N
estudo de suas ocorrências em outras obras, o Dr. Geo
o seu uso “mostra não haver um sentido negativo
apropriar-se ou usurpar da autoridade, ou exercê-la de
arbitrária, mas simplesmente significa ‘ter ou exercera
84. apenas o princípio universal da submissão feminina à
não expressam uma situação mutável em função da cu
Podemos resumir agora essa distinção, uma vez que
na segunda metade de 1 Timóteo 1. Assim como os
santidade, amor e paz, mas não necessariamente levan
rem isso; e tal como as mulheres devem adornar-se co
boas obras, mas não necessariamente abstendo-se
com tranças, de ouro e pérolas; assim também as mulh
à supremacia (com responsabilidade) de homens, não
funções devidas a cada sexo, mas sem que isso necess
ensinar a eles.
Nos versículos 13 e 14, como se infere do uso da co
nos dá uma base bíblica para o que escrevera nos
homens e mulheres de seus dias ele agora se volta par
humano original.109 O seu argumento para a “ascendê
se nos acontecimentos da criação e da queda. Por ter s
lugar, isso deu ascendência aAdão (v. 13), como vimo
satez de Eva ao desafiar isso a levou a uma calamidad
Prevendo que parte do que tinha escrito pudess
Paulo “modifica” o seu pensamento, “acrescentando u
tretanto, a mulher será salva (literalmente “ela se salv
obviamente o que ele está dizendo é em sentido geral,
salvarão”) dando à luzfilhos - se elapermanecer nafé,
de, com bom senso”(v. 15) ou “com modéstia” ( a rc , sb
85. Paulo, certamente não era através de elas aceitarem su
Parece-me que o terceiro modo de entender isso é
que as mulheres “serão salvas através do nascime
consta na neb, em nota de rodapé), referindo-se a Crist
dimento, “salvas” tem uma conotação espiritual, se
pelo qual a salvação vem, e assim o artigo definido an
grego, é explicado. Acima de tudo, essa interpretação
por “ser extremamente apropriada”.113 Anteriorment
“mediador entre Deus e os homens” foi identificado
Cristo Jesus” (v. 5), o qual, é claro, tornou-se um ser
de mulher”.114Além disso, no contexto das referênci
ção e à queda, reportando-se a Gênesis 2 e 3, en
referência adicional à futura redenção através da seme
do-se a Gênesis 3.15. A serpente tinha enganado a mu
derrotaria a serpente.
Assim, mesmo que certas funções não estejam ab
mesmo que elas se sintam tentadas a ressentir-se dian
elas como nós, homens, nunca deveremos nos esq
mulher. Se Maria não tivesse dado à luz o menin
salvação para ninguém. Não houvejamais maior honra
que o chamado de Maria para ser a mãe carnal do Sal
Questões Finais
Ao elaborar o conceito da transposição cultural, nã
meus leitores talvez queiram que eu declare) que isso
86. A segunda é uma questão quanto ao ministério. Um
taridade dos sexos foi definida biblicamente, quais são
sabilidades que pertencem propriamente aos homens e
os das mulheres, e não dos homens?
A terceira é uma questão sobre a cultura. Que símb
cultura em particular expressariam de forma adequada
sexual que as Escrituras estabelecem como normativa
87. 1Timóteo 3.1-16
3. Asupervisão Pastoral
Partindo da importância da doutrina apostólica (ca
tema de como dirigir o culto público (capítulo 2), Pau
supervisão pastoral da igreja e das qualificações qu
(capítulo 3). Este permanece sendo um tópico de vit
lugar e em cada geração, pois a saúde da igreja
qualidade, da fidelidade e do ensino de seus ministros
Dois pontos introdutórios precisam ser feitos.
Primeiro, Deus deseja que a sua igreja tenha pasto
toda ahistória da igreja tenha-se oscilado entre dois ex
“clericalismo” (o clero dominando sobre os leigos) e o
(os leigos em rebeldia contra os clérigos), o que tem p
básica de que a vontade de Deus é que haja algum tipo
sobre o seu povo. Assim, em suaprimeira viagem miss
“designaram-lhes presbíteros em cada igreja”.1Além d
foi simplesmente um arranjo humano. Foi o Cristo que
concedeu uns de sua igreja para serem “pastores e