O documento discute a importância da participação juvenil na construção de uma sociedade sustentável e democrática. Apresenta o movimento de juventude ambientalista brasileiro e destaca a necessidade de se criar o Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente para promover novas políticas públicas que ampliem a visibilidade e participação dos jovens. Também reflete sobre diferentes concepções de participação a partir da experiência do Coletivo Jovem do Rio de Janeiro em um curso de formação em Agenda 21 Escolar.
3. Apresentação
Vivemos hoje na esperança de construir um mundo melhor, justo, sustentável, e essa
democracia e na política.
Diante dos apelos para o consumo desenfreado, não é simples para as juventudes
desvencilhar-se da cultura materialista que está dominando a humanidade e excluindo
de vida da juventude, apontando para a necessidade de novas políticas públicas,
democráticas, que ampliem a visibilidade dos jovens como sujeitos de aprendizagens
e de mudanças.
e possível, um mundo que pode começar a ser concebido por meio das juventudes,
no qual seres humanos tenham o real direito à escolha. Na nossa sociedade, onde se
preconizam a imagem e o consumo, as desigualdades sociais e as exclusões em todos
os sentidos são invisíveis aos nossos olhos, passando a ser apenas uma questão, um
dado que informa a porcentagem de jovens que estão fora do mercado de trabalho ou
dos que vivem abaixo da linha da pobreza.
Para a consolidação de uma sociedade democrática, são necessárias ações direcionadas
visando eliminar processos que multiplicam, produzem e reproduzem exclusões.
Atualmente, as mudanças e transformações são constantes, operam-se minuto a
minuto, exigindo uma permanente preparação de todos os que queiram participar ativa
e politicamente na sociedade. O Ministério do Meio Ambiente, ao reconhecer essas
necessidades, entende que a juventude será capaz de atuar neste mundo com vontade
e conhecimento crítico do cotidiano em busca do bem-estar individual e coletivo.
Nessa perspectiva, a Coordenação da Agenda 21, ao apoiar a construção da Agenda 21 da
Juventude, supõe a possibilidade de criar espaços nos quais os jovens possam questionar,
propor e assumir responsabilidades diante da construção de um mundo melhor.
O resultado dessa potencialidade se traduz nos artigos produzidos por jovens
de várias extrações sociais em que a ética, a sustentabilidade, a educação e a
importância da atuação das juventudes na proteção do meio ambiente foram
abordados com grande propriedade.
Assim, é com grande satisfação que lançamos a segunda edição da revista Agenda 21 e
Juventude
que a juventude brasileira vem construindo sobre a temática Agenda 21. Com ela,
Nesse contexto, agradecemos a todos os jovens que se disponibilizaram a produzir
artigos para compor esta revista. É indispensável que as juventudes continuem
participando desse processo, trazendo seus conhecimentos, sentimentos, crenças,
contradições, para suscitar um novo e contínuo diálogo entre gerações.
Hamilton Pereira da Silva
Secretário de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental/SAIC/MMA
Pedro Ivo de Souza Batista
Diretor do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental/DCRS/SAIC/MMA
Karla Monteiro Matos
Coordenadora da Agenda 21/DCRS/SAIC/MMA
1
4. Juventude Ambientalista e o Programa Nacional de Juventude e
Meio Ambiente
Esta revista sai quando acaba a I Conferência Nacional de Juventude. Na conferência,
luta pelos direitos humanos, pela igualdade racial, pela liberdade de orientação sexual,
pelo trabalho, pela educação e pela saúde. Cresce também o movimento de juventude
ambientalista, que tem como bandeira uma nova política: a política ambiental.
Esse movimento conta com a participação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJ),
que desde o início têm o apoio do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação
Ambiental. Coletivos Jovens formam um movimento autônomo, horizontal, auto-
gestionado e que se articula em rede, a REJUMA – Rede de Juventude pelo Meio Ambiente
e a Sustentabilidade.
O movimento luta pelo seu direito de participar com voz ativa nos processos, projetos
e ações que envolvem diretamente as juventudes, ampliando-os. Os CJs não querem
apenas ser receptores – o famoso “público-alvo” –, nem mesmo serem chamados de
protagonistas pelos produtores de projetos; promovem encontros de juventude e
redes... Propõem a Agenda 21 da Juventude e também atuam diretamente em ações
educadoras e mobilizadoras em parceria com o MEC, no programa Vamos Cuidar do
Brasil com as escolas.
Desde 2003, atuam com o objetivo de inserir uma nova pauta em seus movimentos:
a transversalidade do meio ambiente. Desde então, os Coletivos Jovens mantêm essa
ação e se orientam por três princípios:
Jovem educa jovem
de Círculos de Cultura (Paulo Freire), foi criada a Comissão de Meio Ambiente e
Qualidade de Vida na Escola, a COM-VIDA, um espaço estruturante e permanente
dentro da escola, que, com os jovens, provoca a comunidade escolar a participar.
Jovem escolhe jovem – cabe aos jovens o processo de seleção dos delegados eleitos nas
escolas para participarem da Conferência Nacional Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente,
em Brasília. Esse processo possibilitou inúmeros desdobramentos e inovações nas escolhas
comissões, trabalhos em escolas, entre outras situações. Essas eleições, sempre em
juventude de construir novas formas de convivialidade e de autogestão.
Uma geração aprende com a outra – a importância do diálogo e aprendizagem entre
as diferentes gerações.
Agora, o momento é urgente e emergencial para levantar mais uma bandeira da
juventude: o Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente. O programa deve criar
políticas capazes de dar respostas ao enfrentamento da grave crise socioambiental
em que vivemos, com iniciativas que contribuam para a construção de sociedades
sustentáveis. Para isso, é fundamental a viabilização do Programa, com recursos para
sua gestão com institucionalização no PPA dos governos, de forma integrada com todas
as políticas de juventude.
E a Agenda 21 da Juventude, com esta publicação, torna-se mais um espaço para
essa luta.
Rachel Trajber
Coordenadora-Geral de Educação Ambiental
SECAD/MEC
2
5. REFLEXÕES SOBRE PARTICIPAÇÃO A PARTIR DA REFLEXÕES
EXPERIÊNCIA DO CJ-RJ NUM CURSO DE FORMAÇÃO EM SOBRE
AGENDA 21 ESCOLAR PARTICIPAÇÃO
A PARTIR DA
EXPERIÊNCIA
DO CJ-RJ NUM
Atualmente se ouve falar muito da CURSO DE
Agenda 21. Esse documento, assina- -
FORMAÇÃO EM
do em 1992 na cidade do Rio de Ja- mais participantes. Ora, para ele, a participação
no projeto é atingida ao se conseguir um quantita-
AGENDA 21
neiro pelos Chefes de Estado dos 179
países presentes na Conferência das tivo de pessoas presentes no local onde se realizam
ESCOLAR
Nações Unidas para o Meio Ambiente os encontros da Agenda 21. Além disso, será normal
e Desenvolvimento (Rio-92), repre- Alex Bernal
senta um acordo internacional de Coletivo Jovem - RJ
compromissos para o Século XXI. O estejam direcionados a esse interlocutor principal. Rio de Janeiro
documento promove a idéia de plane-
jamento participativo e incluía entre Um outro interlocutor pode ter uma postura dife-
seus desdobramentos a realização de rente, optando por realizar as reuniões sem locais
Agendas 21 em outros níveis – nacio- destacados
nais, regionais e locais – envolvendo para ele. Pre-
instâncias públicas e privadas. Então, fere organizar
desde 1992 processos de construção os participan-
de Agendas 21 locais se multiplicam tes em círcu-
em cidades, bairros, comunidades e lo, de modo
escolas, acompanhados de uma de- que todos pos-
manda crescente por maior transpa- sam se olhar
rência e participação da sociedade diretamente.
civil em processos de planejamento e Quando esse
gestão territorial. O princípio básico interlocutor se
que rege a elaboração de uma Agen- dirige aos de-
da 21 local parece ser bem simples: é mais, ele pou-
necessário democratizar informações
e decisões. faz, já que sua
fala é proposi-
A simplicidade desse princípio contra- talmente feita
diz, entretanto, a complexidade en- de questionamentos, questionamentos esses que
volvida em sua concretização, essen- são dinamicamente debatidos pelos presentes.
cialmente porque cada pessoa ou gru-
po assume sua interpretação sobre o Para o primeiro interlocutor, o fato de ele
que seja um processo democrático. A ser o centro das atenções não comprometerá
participação se coloca como questão a construção daquela agenda. Já o segundo
principal; porém, há, naturalmente, interlocutor se preocupará sempre em estar
diferentes níveis de participação, e no mesmo nível dos demais, de modo que a
o que determinada pessoa considera horizontalidade indispensável a tal processo
como participação legítima da socie- seja praticada. Assim, os outros participantes
dade num processo de Agenda 21 pro- não tenderão a reconhecê-lo como o condutor
vavelmente não será o mesmo do que principal do processo, trabalhando mais
outrem considerará. E isso é fácil de efetivamente a auto-organização do grupo. Os
perceber ao se envolver em processos dois interlocutores crêem estar construindo
ditos “participativos”. agendas participativamente. Entretanto, há
entre eles uma grande distância, mesmo que
- ambos debatam sobre conteúdos semelhantes.
sável pela condução de projetos de
Agenda 21 ressaltará a importância
da participação da sociedade em seus relato a experiência do Coletivo Jovem de Meio
projetos. Entretanto, será muito co- Ambiente Rio de Janeiro (CJ-RJ) num curso de
mum encontrar certa contradição no formação em Agenda 21 Escolar.
3
6. Em 2007, as Secretarias de Estado do entorno, além de conhecer alguns instrumentos
Ambiente e de Educação do Rio de auxiliares do debate para melhor planejar e gerir
Janeiro promoveram, em parceria suas localidades.
com a Universidade do Estado do Rio
de Janeiro, o “Curso de Form-Ação No transcorrer do curso, dinâmicas e debates foram,
em Educação Ambiental e Agenda 21: então, realizados sobre temas variados como meio
Elos de Cidadania”, com o intuito de ambiente, educação ambiental, os 3 R – reduzir,
capacitar professores e estudantes reutilizar e reciclar – consumo sustentável, Agenda
do ensino médio na construção de
agendas 21 escolares. O CJ-RJ foi participativo etc. Particularmente interessante foi
convidado a realizar a formação dos a confecção por cada dupla de alunos de mapas
do entorno escolar. Partiu-se da elaboração de
formação em 5 encontros presenciais um mapa simples, no qual não eram dadas muitas
de aproximadamente 6 horas, pensar recomendações aos alunos, deixando-os livres para
as atividades a serem realizadas com alimentar seu mapa com aquilo que consideravam
os estudantes tendo como base um os elementos importantes da localidade. Em cada
conteúdo programático previamente encontro, os mapas foram evoluindo, até chegar
estabelecido. Dez membros do CJ-RJ à confecção do último mapa, que deveria ser
atuaram como instrutores, capacitando concebido relacionando a escola ao sistema da
alunos de 150 escolas que foram
representadas por 2 alunos cada uma. foram aprofundando sua visão sobre os problemas e
potencialidades da escola e seu entorno, iniciando,
Durante o planejamento do curso de fato, um processo de pesquisa-ação.
pelo CJ-RJ, mudamos num primeiro
instante o foco de nossa atenção dos Na última atividade do curso, foi feita uma auto-
conteúdos para as atividades que avaliação pelos alunos e muitos comentaram
os estudantes deveriam vivenciar. que não tinham boas expectativas do curso, pois
Naquele momento, nossa maior esperavam que, da mesma forma como acontece em
preocupação não era o que os
estudantes deveriam aprender, mas alguém lhes passar informações, neste caso,
como iriam aprender. Percebendo sobre meio ambiente e uma tal de Agenda 21.
que teríamos pouco tempo com Essa falta de motivação dos estudantes ilustrou
eles, era importante possibilitar que como os atuais modelos de aula não favorecem
os cursistas experimentassem uma a autonomia do educando. Não o estimulam a
nova forma de aprendizagem, uma ser mais curioso, criativo ou aventureiro. Trata-
pedagogia que os envolvesse como se de uma práxis educacional excessivamente
protagonistas do processo que ali se conteudista e centrada no professor e que,
iniciaria. Tínhamos que ser coerentes portanto, não estimula as habilidades necessárias
com os preceitos da Agenda 21, para a elaboração de Agendas 21.
pois, se a elaboração de agendas
comunitárias é uma construção
coletiva, era necessário que já no certeza de que aprendi muito mais do que ensinei,
presente curso os alunos atuassem talvez porque ouvi mais do que falei. E aprendi
como atores principais, legitimando que para o educador, mais importante do que
assim o que estava sendo iniciado.
e desenvolvam melhor suas idéias. Porém, o que
curso? A questão não era transformar se percebe é que mesmo os estudantes do ensino
rapidamente alunos do ensino médio médio não vivenciam uma prática regular de
em lideranças locais, mas buscar que debates em suas escolas. Então, como podemos
ao término do curso eles estivessem
mais bem preparados para contribuir de aula não são lugares de diálogos permanentes?
na construção de uma Agenda 21 Vem sendo bastante discutida a urgência de maior
Escolar. Deveriam, portanto, estar controle social das políticas públicas de nosso país.
com um olhar mais sensível e Entretanto, para que esse controle social seja
crítico sobre seu ambiente escolar uma prática diária, devemos nos aprimorar como
e os grupos envolvidos na teia que
se desenvolve na escola e em seu da cidadania que deveria começar na escola.
4
7. VIVENCIANDO A CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 ESCOLAR VIVENCIANDO
NO COTIDIANO DA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO A CONSTRUÇÃO
FUNDAMENTAL PAULO RODRIGUES DOS SANTOS - DA AGENDA 21
SANTARÉM - PA - AMAZÔNIA - BRASIL ESCOLAR NO
COTIDIANO
DA ESCOLA
Desde que o homem deixou de ser nô- Paulo Rodrigues dos Santos, localizada no Estado
MUNICIPAL
made, passou a interferir decisivamen- do Pará, município de Santarém, no bairro da Flo-
resta, a Agenda 21 na Escola, com tema “Cidadão
DE ENSINO
te no meio ambiente. Essa interferência
desordenada foi motivada pela neces- consciente cuida do meio ambiente”, a qual foi FUNDAMENTAL
sidade de gerar comodidade e usufruir construída de forma participativa junto à comuni- PAULO RODRIGUES
melhor dos recursos oferecidos pela na- dade escolar, a partir de referenciais globais, na- DOS SANTOS -
tureza. A princípio, essa busca se dava cionais e municipais, visando implementar ações SANTARÉM - PA -
para atender às necessidades básicas que contribuam para a diminuição dos fatores que AMAZÔNIA - BRASIL
dos seres humanos e posteriormente motivam os impactos ambientais na comunidade
para atender aos interesses políticos e onde a escola está inserida.
Ernélison Angly Santos
econômicos de nações que se considera-
Maria Marlene Matos
vam “o berço da civilização”. A Agenda 21 é um programa de ação para o meio
ambiente e o desenvolvimento que se constitui na Alunos da Escola
Municipal Paulo Rodrigues
Essa interferência desordenada vem mais abrangente tentativa de promover um novo
dos Santos
provocando nos dias atuais diversos im- padrão de desenvolvimento para todo planeta.
Pará
pactos ambientais, como aquecimento Ela tem 40 capítulos que tratam de tudo, do ar
global, efeito estufa, degelo das calo-
tas polares, escassez de água, entre estabelecer uma nova relação entre países ricos e
outros fatores que tendem a agravar- pobres. Na Agenda 21, como em qualquer agenda,
se cada vez mais. estão marcados os compromissos da Humanidade
para o século XXI, visando garantir um futuro
Diante desse cenário assustador que melhor para o planeta, respeitando o ser humano
atinge os diferentes pontos do plane- e o seu ambiente social.
ta, faz-se necessário que entidades
organizadas e a sociedade civil de- Os primeiros estudos sobre Agenda 21 na Escola
senvolvam estratégias que visem ga- surgiram a partir de proposta da Secretaria
rantir a implementação de políticas Municipal de Educação e Desporto de Santarém,
públicas que promovam mudanças de por meio da Coordenação de Educação Ambiental,
no ano de 2007.
de cada cidadão. Vencida a primeira etapa, a gestão de nossa escola
começou a mobilização da comunidade escolar para
Com esse objetivo, elaborou-se na Es-
cola Municipal de Ensino Fundamental
Depois do estudo,
foi escolhida, de
forma democráti-
ca, uma equipe de
alunos que seriam
os divulgadores da
Agenda 21 para os
demais alunos de
nossa escola. Na
oportunidade, pa-
lestramos sobre
a importância da
Agenda 21, desta-
cando que esta foi
fruto da mobiliza-
ção das utoridades
governamentais e
5
8. da sociedade civil organizada que du- problemática, a comunidade escolar elegeu as
seguintes temáticas: cidadania e ética, água,
acordos de cooperação e cuidados arborização, poluição, horta e jardinagem, para
com o meio ambiente. Destacamos que pudéssemos agendar nossos compromissos
ainda que, depois que as autoridades para serem executados no prazo de dois anos como
experiência piloto. Nesse momento, constituiu-se
cada país criar sua agenda nacional. a Agenda 21 escolar. Entretanto, como a nossa
No Brasil, além da Agenda Brasileira, escola já desenvolvia um trabalho sobre educação
os Estados, Municípios, comunidades ambiental há três anos, com a implementação de
e a escola foram convidados a cons- projetos de aprendizagem colaborativa realizados
truir suas Agendas 21. em parceria com a Informática Educativa, no qual
foram realizadas várias experiências de sucesso,
Na oportunidade, o nosso grupo como a reciclagem de papel, coleta seletiva de
falou da importância da Agenda 21
na escola para que nossos colegas decidimos colocar em prática mais uma experiência
começassem a entender a importância a partir da problemática ambiental detectada,
de se cuidar da natureza, bem como
de seu ambiente social. Depois dessa escola, mas também
importante experiência, vários alunos se no entorno desta.
candidataram para serem guardiões do
ambiente escolar, comprometendo-se A partir daí as temáti-
não apenas em cuidar desse ambiente, cas foram distribuídas
mas também de acompanhar as ações para que os alunos
de seus colegas. dos diferentes tur-
nos omeçassem suas
Concluída essa nova etapa, foi esco-
lhida democraticamente uma Comis- práticas, nas quais
são de Educação Ambiental formada alunos e professores
por representantes de alunos, profes- puderam comprovar
sores, pessoal de apoio, membro da in loco a realidade
comunidade e gestor para conhecer diagnosticada em mo-
e analisar as problemáticas ambien- mentos anteriores.
tais vivenciadas pela comunidade na
escola e no bairro, para que, a partir Ao iniciarmos as pesquisas de campo, tivemos a
- oportunidade de entrevistar carvoeiros, marceneiros,
misso de cuidar do meio ambiente. operários, gerentes das empresas, funcionários do
Hospital Regional, moradores atingidos pela poluição
Uma vez que foi feito o reconhecimen- expelidas por essas atividades, constatando na
to da problemática, a comissão cons- prática os problemas provocados por esse tipo de
tatou a existência de vários problemas poluição. Desse modo, pudemos constatar o que
ambientais que são extremamente havíamos diagnosticado em momentos anteriores
prejudiciais à natureza e ao ser huma-
no, tais como a presença de carvoarias para que pudéssemos planejar ações para melhorar o
a céu aberto no bairro, a presença de ambiente escolar e do bairro, bem como produzir um
esgoto hospitalar, a falta de arbori- novo conhecimento com base no que foi vivenciado.
zação no entorno da escola e em sua
área interna, poluição do ar pela usina O passo seguinte foi organizar nossa Feira
-
las movelarias existentes no bairro, a problemática socioambiental para o interior da
poluição e assoreamento dos igarapés escola mais uma vez, para ser socializada com toda
a comunidade do bairro, oportunizando momentos
excesso de lixo nas ruas, desperdício
de papel pelos alunos na escola. atingem não apenas a nossa realidade, mas o
ambiente mundial, pois acreditamos que, se
A etapa seguinte foi reunir novamente
a comunidade escolar juntamente com ambiente, poderemos ter uma melhor qualidade
a Cordenação de Educação Ambiental
da SEMED para analisar os problemas
detectados. Depois de analisar a
6
9. AGENDA 21 E JUVENTUDE: A IMPORTÂNCIA DA VOZ NA AGENDA 21 E
DEMOCRACIA JUVENTUDE: A
IMPORTÂNCIA
DA VOZ NA
DEMOCRACIA
O trabalho de defender uma causa mudanças. Como conseqüência do maior alcance Lorena Lopes
e um grupo está, seguramente, da informação e da consolidação da cultura de Coletivo Jovem - MG
ligado à visibilidade que eles têm massa, a mídia passaria a ser a principal arena Minas Gerais
na sociedade. Seja visibilidade em de debate. Mas a comercialização do espaço
relação aos que já aderiram à causa midiático causaria um abandono da proposta
e ao grupo; seja em relação àqueles fundante de uma esfera pública, que é a da
que os desconhecem. Nesse sentido, discussão racional, e daria início ao uso da sedução
trabalhar com a juventude convida e do espetáculo para buscar o convencimento.
a pensar, também, a necessidade de
suporte para sua voz e o alcance dessa Peter Burke (2002) entendeu que
voz para além dos jovens envolvidos
no debate sobre eles mesmos e sua pública numa única perspectiva e,
ação no mundo. Tal necessidade de conseqüentemente, homogeneizado a
se criar e se consolidar uma espécie sociedade. Entre outros, o historiador
ilustra a pluralidade social e as diversas
de alargar o conhecimento sobre o manifestações comunicativas com o
tema a quem não lhe é familiar, não exemplo da atuação das mulheres
é uma idéia que vale apenas para a islâmicas numa esfera pública por elas
juventude, mas que, certamente, e para elas criada. “Excluídas de uma
pode ser assim usada. esfera pública mais formal, as mulheres
Jürgen Habermas (1962) usou da informal” (BURKE, 2002, Caderno Mais!,
análise da esfera pública burguesa e p.4). Os espaços de efetivação dessa
esfera pública eram o poço público e
como se constitui a discussão os telhados planos das casas, onde elas trocavam
pública e o que ela pode representar informações, notícias, opiniões de temas que lhe
socialmente. A esfera pública, para o eram caros.
autor, seria como o campo do “entre”,
a dimensão que captura e tematiza os Essa maior gama de esferas de comunicação
problemas sociais fazendo a interação (como Peter Burke, mesmo, disse semipúblicas),
entre o Estado e a Sociedade Civil, possivelmente subverte, como bem mostra
que inclui um mundo subjetivo, único o exemplo das mulheres islâmicas, o debate
a cada indivíduo. Ela seria o locus da público ou desloca os limites de uma esfera
discussão e, mais que uma instituição, pública dominada por vozes mais poderosas,
estabelecendo uma relação tácita com aquilo que
Considerando o papel social da por Burke desconsiderada, de esferas públicas
esfera pública, Habermas abarca suas mais ou menos especializadas.
transformações, que, em conjunto,
serão denominadas, por ele, como A pluralidade de esferas públicas permite, em
a mudança estrutural. Em princípio,
ela se teria constituído em função da com um tema para ser debatido na esfera pública
busca da burguesia por participação hegemônica. Ou, ainda que essa contribuição
nas decisões políticas, então restritas
à nobreza. Com o passar do tempo,
contudo, essa esfera pública, ampliação de sua agenda, essa pluralidade pode
ser legitimada por veículos alternativos .
7
10. Para Hannah Arendt, quando aí um momento de possibilidade da compreensão.
compreendemos, reconciliamo-nos Se os jovens reivindicam, suas reivindicações
com o mundo, não no sentido de precisam ser antes, de fato, ouvidas, para depois
perdoá-lo, mas de desconstruirmos serem atendidas ou não. Na primeira etapa, a
a estranheza e o absurdo, tornando desconstrução da estranheza e do absurdo. Na
o que, então, era estranho e segunda, a iminência de transformações sociais.
absurdo ao menos suportável.
Assim, a compreensão encaminha
e, possivelmente, também à manutenção de um
aquele que entendemos como sendo veículo midiático da juventude. O Conselho da
Juventude de Sabará - MG, já há um tempo, busca,
por conseguinte, permite que nos ora com mais vigor, ora com menos, tal criação. E,
situemos – processo esse que não pelo Brasil, não são muitos os que existem. Mãos à
se dá, em nenhum momento, de obra. Ser visto e ouvido vão bem além da vaidade.
interminável sempre.
A questão é que para compreender
faz-se premente ouvir e enxergar
o outro e daí a relação entre os
conceitos de esfera pública e esferas
juventude. Muitas vezes, a voz que
nos chega desse “outro” (a juventude)
não nos chega por ele. O jornalismo
dá voz a vários “outros”. São as
fontes nas matérias e reportagens.
Mas o jornalismo que dá a voz
concede a ela um espaço na maioria
das vezes de maneira arbitrária. As
fontes acabam por dar depoimentos
pontuais, na maioria das vezes. Ter
aproxima mais da possibilidade da
compreensão. Pode-se compreender
a partir do compartilhamento de uma
realidade alheia àquele que inicia
compartilhamento é que o ser se
aproxima um pouco da sensação do ser
outro. É o reconhecimento do mundo:
em sua multiplicidade e em nossa
pequenez – não estéril, entretanto.
Ampliamo-nos ao compreendermos,
damos vastidão a nossa existência.
Um veículo que exista por um grupo não
existe somente para esse grupo, pois,
de maneira mais ou menos intensa,
acaba por compartilhar as vozes que
nele se expressam com aquele que se
habilita a lê-las e a ouvi-las. Emerge-se
8
11. AGENDA 21 ESCOLAR: UMA AÇÃO COMPROMETIDA AGENDA 21
COM A EDUCAÇÃO, COM O MEIO AMBIENTE E COM A ESCOLAR:
CIDADANIA UMA AÇÃO
COMPROMETIDA
COM A
EDUCAÇÃO,
A Agenda 21 Escolar (A21E) se orienta COM O MEIO
dentro de parâmetros socioambientais AMBIENTE
e busca conscientizar a comunidade
E COM A
escolar por meio da sensibilização
CIDADANIA
para as questões ambientais,
trazendo, consigo, o planejamento
Adriana Franzoi
de ações capazes de eliminar ou
Coletivo Jovem - SC
minimizar os danos ambientais
ocasionados pelo ser humano em Santa Catarina
cada localidade. As escolas têm um
papel primordial na ajuda à análise
e à compreensão da realidade, Um dos exemplos foi o trabalho realizado na Escola
e disciplinar, e constituem-se, do 1º ano do Ensino Médio (turma 4). Utilizando-se
também, em modelos que servem
de apoio na formação psíquica das
crianças e jovens cidadãos, imbuídos Com esse método, que dá bons resultados na
de cidadania e aptos a entender e
praticar, de maneira responsável, A21E, analisou-se a situação da escola em geral,
as formas de se viver corretamente principalmente no quesito “situação ambiental”.
em nosso habitat. Nessa linha de
raciocínio, entende-se que o espaço
preencheram-na com respostas à questão: “Como
de convivência e ensinamentos é a escola dos nossos sonhos?”. A negociação
primordiais à sobrevivência da coletiva dos “sonhos” mostrou quais objetivos
espécie humana e que a A21E é deveriam ser alcançados pela Agenda 21 a ser
um precioso instrumento para essa implantada na Escola, para aquela turma (4). No
prática de proteção da vida. passo seguinte, fez-se um cartaz com um grande
ponto de interrogação, e nele se colocaram as
Este texto, portanto, trata do plane- situações negativas que os alunos levantaram.
jamento, organização e implantação Essas foram “as pedras no caminho”. “Quais são
da A21E na Escola Pública de Edu-
cação Básica Olavo Bilac, no bairro sonhos?” era a pergunta orientadora dessa etapa.
Pirabeiraba, em Joinville - SC. Para Num terceiro momento, fez-se um novo cartaz,
tanto, foram utilizadas quatro meto- e nele se colocou quais as ações que seriam
necessárias realizar para que os alunos chegassem
experiências e conhecimentos didáti- à “Escola dos Sonhos”. As respostas foram as
- seguintes: 1) Melhoras no ambiente físico externo
das nas publicações: Programa Parâ- da escola; 2) Praça com jardim para a realização
metros em Ação – Meio Ambiente na de aulas de leitura; 3) Horta escolar; 4) Mais jardim
Escola (MEC); Formando COM-VIDA, e melhores cuidados com as árvores existentes na
construindo Agenda 21 na Escola escola; 5) Reciclagem dos papéis que são gerados
(MEC/MMA); Guia per fer l´Agenda e descartados pela escola”.
21 Escolar (Prefeitura de Barcelona
– Espanha) e Agenda 21 na Escola: Esse método é válido pelo fato de os alunos te-
Idéias para implementação (Escola rem colocado, em primeiro plano, “como” é a
Superior de Biotecnologia da Univer- -
caram o que impede esse “sonho” de acontecer.
9
12. Sabem que há “pedras no caminho” Em vista dessa experiência, percebe-se que
e buscam soluções para removê-las. educação, meio ambiente, saúde e cidadania
estão interligadas. Essas palavras-chave foram
quais são as etapas mais importan- correlacionadas em todas as atividades acontecidas
tes a se tratar para que essa “escola durante a implantação da A21E, que é um
dos sonhos” possa se concretizar. documento orientador das medidas e ações que
podem ser tomadas para a melhoria do ambiente e
A proposta da “escola dos sonhos” da qualidade de vida da comunidade escolar.
foi apresentada à direção da escola,
instância em que se iniciou o maior
trabalho: integrar de fato meio am-
biente e natureza na vida da escola.
A partir da experiência da
implantação da A21E, os papéis que
passaram a ser gerados e coletados
no ambiente escolar (um trabalho
de educação ambiental) não foram
mais vistos como “lixo”, e sim como
materiais a serem reaproveitados no
ateliê de reciclagem, instalado num
espaço lateral da escola que estava
desativado. E, uma parte do pátio
externo, que não tinha vida e nem
uso algum, transformou-se em horta-
jardim escolar, passando a fornecer
Nesse mesmo espaço, construiu-se,
também, um círculo de bancos de
concreto para recreação, leitura e
interação entre os alunos.
Há aqui que se considerar, ainda, que
as ações desenvolvidas pela A21E
nessa escola aconteceram coinciden-
temente com uma fase de obras de
reformas. Assim, possibilitaram aliar
as propostas de alunos, funcionários
-
ceiros estaduais disponibilizados e
com a técnica dos operários (homens
capacitados, pagos para trabalharem
na reforma da escola).
O resultado dessa parceria veio
em benefício de toda a comuni-
dade escolar, que ganhou um am-
biente “mais limpo” e com novo
planejadas participativamente na
Agenda 21 Escolar.
10
13. AGENDA 21 E JUVENTUDE: TRANSFORMAÇÕES PARA A AGENDA 21 E
SUSTENTABILIDADE JUVENTUDE:
TRANSFORMAÇÕES
PARA A
SUSTENTABILIDADE
A discussão modelo de desenvolvi- centrais das discussão, juntamente com a Con- Rebeca Raso
mento para a sociedade é pauta da venção sobre Mudanças Climáticas e a Conven- Coletivo Jovem - CE
esquerda mundial há vários anos. Os Juventude Alternativa
espaços de grande importância, como assinados por Chefes de Estado nesse evento. Terrazul
Esse trio tratou de praticamente todas as gran- Ceará
têm como eixo a discussão de que um des questões socioambientais, demonstrando a
outro mundo é possível, incorporam inter-relação entre eles e suas conseqüências
as questões ambientais em suas te- em nossas vidas.
máticas, demonstrando que somente
as mudanças dos modelos político, -
para garantir a justiça, a eqüidade e e político para temas e questões relacionadas à
a qualidade de vida para todos os ha-
bitantes da terra.
De acordo com os estudos do Painel
Intergovernamental de Mudanças Cli-
máticas (IPCC) divulgados em 2007,
o planeta apresenta um quadro pre-
ocupante, principalmente para os
países mais vulneráveis. A tempera-
tura global tem aumentado de for-
ma assustadora, sendo estimado um
século, ameaçando vários ecossiste-
mas. Segundo o IPCC (2007), 90% das
mudanças climáticas têm causa na
ação humana.
A sustentabilidade, expressão que
vem se popularizando, traz consigo
biodiversidade (http://www.cdb.gov.br/CDB).
a concepção de que é possível existir
A Convenção sobre Mudanças Climáticas, assina-
um processo de desenvolvimento que
da durante a Rio-92, entrou em vigor em 1994
atenda as necessidades e as aspira-
propõe ações e diretrizes para o combate ao
ções das gerações presentes e futu-
aquecimento global, por meio do protocolo de
ras. Busca-se outras formas de desen-
Quioto, e vem sendo discutida nas Conferências
volvimento que não acompanham a
- das Partes (COP).
sumo do sistema capitalista fundada
na exploração sistemática e ilimitada A Agenda 21 Global é um documento que está
de todos os recursos da Terra, incluin- voltado para os problemas prementes de hoje e
do os seres humanos. tem o objetivo de preparar o mundo para os de-
consen-
Durante a Conferência sobre Meio so mundial e um compromisso político no nível
Ambiente e Desenvolvimento rea- mais alto no que diz respeito ao desenvolvi-
lizada no Rio de Janeiro em 1992, mento e à cooperação ambiental. Reconhece
conhecida, também como Rio-92, a que o desenvolvimento sustentável e a prote-
Agenda 21 foi um dos documentos ção do meio ambiente somente serão viáveis
11
14. com o apoio das comunidades locais, Atualmente tem se discutido a construção da
que terão ações locais com a visão Agenda 21 da Juventude Brasileira. Esse processo
global dos problemas a serem en- visa organizar as juventudes para a discussão da sua
frentados. Por isso, uma das grandes realidade dentro de uma perspectiva ambiental,
recomendações da Agenda 21 Global com o intuito de construir ações que contribuam
é que cada país signatário construa para a transformação da realidade, levando em
consideração suas peculiaridades como segmento.
tem a sua Agenda 21 e incentivo à
construção de processos locais. O tema mudanças climáticas também é pauta de
discussão da juventude, uma vez que ela também
A Agenda 21 tem sido um instrumen- sofre com o aquecimento global. Principalmente
to importante para a transformação quando falamos de jovens das periferias das cida-
da realidade. Quando se pensa em des e jovens do campo. Estes, além de sentirem
a opressão de classe, etária, étnica e de gênero,
de que a maneira como está se vi- sentem com intensidade as conseqüências das
ações humanas na natureza.
a vida humana no planeta. É preci-
so, além da mudança nas relações Por isso, a importância de construir um processo
entre pessoas e a natureza, mudar em que seja possível o diálogo entre as diversas
juventudes, o estado e o setor privado na perspectiva
humanos, repensando princípios de consensuar ações e políticas que estejam de
e valores vigentes na sociedade. A acordo com a realidade desse segmento e as suas
Agenda 21 brasileira tem seus prin- aspirações, sem comprometer as gerações futuras
cípios baseados na Carta da Terra. e repensando princípios e valores da sociedade.
A Agenda 21 traz no caminhar dos A Agenda 21 da Juventude Brasileira é um passo
seus passos (mobilização e sensibili- para a construção da sustentabilidade. A discussão
do modelo de desenvolvimento é a base para iniciar
- qualquer processo de Agenda 21, e no caso da
ticipativo; elaboração, implemen- juventude não deve ser diferente, o que contribui
tação e avaliação e monitoramento para a mudança de comportamentos, princípios e
do plano de ação) a construção co- valores da sociedade.
letiva da práxis em todo o processo
de planejamento e ação que devem
resultar na transformação da reali-
dade, tendo em vista a construção
de um mundo sustentável, diagnos-
envolvidos e pactuando formas de
resolvê-los. O processo de Agenda
democracia participativa, coloca à
mesa o poder público e os setores
econômicos e sociais da sociedade,
pactuando cada passo a ser dado.
A juventude não está deslocada dessa
realidade. No Brasil, são 34 milhões
de jovens, segundo dados do IBGE
(2000). Esse segmento se organiza em
diferentes espaços com o intuito de
construir um mundo cada vez mais
sustentável. Entre esses espaços,
estão processos de Agenda 21 em
escolas, comunidades, cidades, etc.
12
15. AS CONFERÊNCIAS DE JUVENTUDE COMO AS CONFERÊNCIAS
FERRAMENTA DE INTERVENÇÃO SOCIOAMBIENTAL DE JUVENTUDE
NO BRASIL COMO
FERRAMENTA DE
INTERVENÇÃO
SOCIOAMBIENTAL
NO BRASIL
Jorge Augusto
Justino
Coletivo Jovem - GO
Goiás
A I e a II Conferência Nacional Infanto- reuniram-se e democraticamente escolheram o
Juvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA) trabalho e o delegado que iria representar a escola.
realizadas em 2003 e 2005, são, sim,
ferramentas de intervenção socioam- O trabalho foi enviado para a COE (Comissão
bientais para a juventude brasileira. Organizadora Estadual da I CNIJMA), que era a
responsável por receber os trabalhos de todas as
Digo isso com a propriedade de escolas participantes do processo da I CNIJMA e
quem foi delegado da I CNIJMA e escolher os delegados que iriam representar o
participou na organização da II estado. Um tempo depois, fomos comunicados
CNIJMA, e continua trabalhando para pela COE de que a nossa escola era uma das 14
a realização da terceira. escolhidas para representar o estado de Goiás.
Para esse jovem, ir para a Conferência Nacional
de 2005, quando um jovem garoto de Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente representando
Goiânia foi um dos 14 escolhidos para seu estado fez com que ele se abrisse à questão
representar o Estado de Goiás na I ambiental brasileira, assunto que, até então, não
Conferência Nacional Infanto-Juvenil lhe despertava muita atenção. Para ele, aquilo
pelo Meio Ambiente, que aconteceria tudo era um novo mundo que se abria, cheio de
em Brasília. maravilhas naturais, matas, animais – foi então que
se deu conta que essa área que lhe interessava,
Para culminar na ida a Brasília, esse era o que queria para a sua vida.
jovem precisou produzir, com sua
turma, um trabalho escolar que re- A Conferência acabou e ele voltou pra casa, para
presentasse a visão dos alunos sobre a sua escola e para sua vida normal. Mas voltou
a realidade e esperança que ainda ti- para casa com uma semente plantada, a semente
nham em relação à questão ambien- de Cuidar do Brasil. Logo depois, conseguiu um
tal no Brasil. estágio no IBAMA, o que lhe deu a oportunidade
de continuar cuidando do Brasil.
Com grande apoio da direção escolar,
que mobilizou os alunos para a I Rapidamente foi apresentado à Educação
CNIJMA, os estudantes se organizaram Ambiental, e percebeu, então, que era aquele
e produziram vários trabalhos sobre o caminho para que se alcançasse o objetivo de
as temáticas indicadas. Logo depois, todos os ambientalistas do mundo: que todos
13
16. os homens conheçam e respeitem
o meio em que vivem. disseminação da Educação Ambiental pelo estado
por meio da criação de novos Coletivos Jovens, nos
Foi quando ele recebeu um convite municípios do interior. Seguindo o princípio Jovem
para participar daquele que na Educa Jovem, o CJ-Goiás formou 25 CJs Locais pelo
ocasião era denominado Conselho interior de Goiás, muitos desses graças a processos
Jovem de Meio Ambiente de Goiás, de mobilização para a II Conferência Nacional
que passava por um momento de Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, usando
rearticulação. Essa era a sua chance desses momentos para despertar em mais jovens
de realmente realizar um trabalho o sentimento de fazer algo para mudar a situação
ambiental no local onde vivem, trabalhando no
a ser dividido com outros jovens que local, pensando no global.
também compartilhavam com ele
o mesmo sonho de sensibilizar pela Para a realização da II Conferência Nacional Infanto-
educação ambiental o maior número Juvenil pelo Meio Ambiente, os Coletivos Jovens
possível de pessoas, dando um foco foram convidados a participar da organização delas,
maior na juventude, público do qual atuando como facilitadores das discussões dos
faziam parte e, conseqüentemente, jovens que vieram representar seus estados. Esses
ao qual teriam mais fácil acesso. jovens tomaram como exemplo de organização a
social juvenil, percebendo que ali também poderiam
O Conselho Jovem de Meio Ambiente contribuir para um “mundo diferente” onde as
de Goiás, ou simplesmente CJ-Goiás,
havia se desarticulado com o fim mas respeitem umas às outras, o espaço em que
do processo de organização da I vivem, a vida em todas as suas formas.
Conferência. Caíram no vazio de
não ter mais motivos para se reunir,
era a Conferência que os mantinha ajudar os jovens a se encontrarem com eles mesmos,
trabalhando unidos. Com isso, o CJ dando oportunidade de voz aos delegados junto ao
ficou meio “enferrujado”; assim Presidente da República, empoderando-os com
como uma máquina parada, que ferramentas com as quais eles poderão disseminar
ficou sem uso, acaba enferrujando. as idéias e questões sobre o meio ambiente a outros
Mas felizmente alguns membros do jovens nas suas localidades.
CJ-Goiás resolveram rearticular o
grupo, fazer com que ele voltasse Eu, Jorge Augusto, delegado do estado de Goiás,
a funcionar, pois não dava pra se membro do Coletivo Jovem de Meio Ambiente de
perder pessoas jovens, interessadas
em fazer a diferença, por falta de começando. Sei que ainda haverá outras centenas
oportunidade de trabalho.
uma oportunidade para realmente saber o que vão
Porém, a maioria dos antigos membros fazer na sua vida, como vão poder despertar em
do CJ-Goiás não quiseram trazê-lo outros jovens garotos o sentimento de que temos
de volta à ativa, não deram muita que fazer algo pelo lugar onde moramos, nosso
importância ao grupo. Então, aqueles planeta, pela nossa vida nesse planeta.
que desejavam resolveram dar uma
cara nova para o movimento, chamando Hoje meu desejo é agradecer às pessoas que
novos jovens para se integrar ao grupo. organizaram as duas CNIJMA, que se preocuparam
em criar espaços como esses, que certamente
A partir de meados de 2006, o Conselho contribuem para a sensibilização e a formação
Jovem de Meio Ambiente de Goiás de jovens pelo Brasil. E meu desejo é que essas
começou a reunir mais jovens para pessoas sigam na realização de tais esforços,
lutar em prol da causa ambiental, fazendo com que a Educação Ambiental chegue
e não mais apenas deliberar quem àqueles que ainda não a conhecem e estimulando
seriam os representantes do estado a vontade de fazer a diferença e mudar o mundo.
para participar das CNIJMAs. Por
isso, deixou de ser Conselho Jovem e
passou a se chamar Coletivo Jovem,
ainda sendo conhecido por CJ-Goiás,
juntamente com os outros Coletivos
Jovens do País, também CJs.
14
17. JOVENS, SUSTENTABILIDADE E AQUECIMENTO GLOBAL JOVENS,
SUSTENTABILIDADE
E AQUECIMENTO
GLOBAL
Patrízia Torres
A palavra sustentabilidade conso- O crescimento econômico vem gerando muitas da Silva
lidou-se como ordem contra a de- repercussões sociais que foram “abafadas” Membro do Comitê
gradação ambiental. Presente em pela comodidade que ele proporciona. O que
discursos oficiais, em documentos a sustentabilidade, proposta há muitos anos, do Baixo Tietê
das conferências internacionais, no valoriza é o benefício a todos, conduzindo a São Paulo
ativismo ambientalista e na comu- uma sociedade harmoniosa e eqüitativa, logo
nidade científica, ela tornou-se pú- mais sustentável. Consumo e necessidades
blica, porém parece que a tomada se confundem, não sabemos mais se o que
de consciência da situação de de- consumimos é essencial, ou se é essencial
gradação ambiental, cada ano mais consumirmos. Não parece haver disposição da
crítica, estagnou-se. A sustentabi- humanidade para uma vida mais moderada, a
lidade está perdendo seu sentido, expansão de um modelo de consumo mundial
sua razão, o motivo pelo qual exis- reforça a pressão sobre os recursos naturais,
te hoje. Está vagando em meio à
lista das inúmeras palavras criadas temos grande parcela de culpa nisso. Estamos
para definir apenas uma coisa: DE- muito longe de nos preocuparmos apenas com o
SENVOLVIMENTO SIM, A QUALQUER “comer”, o “vestir” ou o “ter onde morar”; no
CUSTO NÃO! âmago de cada um dos jovens, está a vontade
de consumir, estar na moda, usar a tecnologia,
A garantia de sustentabilidade do os prazeres que dela podemos aproveitar. Por
patrimônio natural, aliada a um
desenvolvimento econômico social pensaremos na problemática ambiental e na
colaboração que tivemos na degradação do
deles, o maior eu diria, implica a
negociação de regras universais de como não devemos fazer e como não deverão e
uso sustentável dos recursos naturais
que quase sempre são ignoradas pela
de exigir a adoção de uma posição de realidade nada positiva. Todo esse consumismo
força, remete a um exame crítico da excessivo rendeu muitos impactos ao planeta,
noção de necessidade e dos padrões de entre eles o aquecimento global. A catástrofe
consumo atuais, o que envolve também que esperávamos para dentro de trinta ou
mudança de atitudes individuais. quarenta anos já começou, e atribuímos isso
à ação humana. Cada
vez mais seus efeitos
mundo. Para evidenciar
essa verdade, não há
nada mais explícito que
a redução das geleiras e
todos os “glaciares” da
Terra estão derretendo,
os furacões estão mais
fortes, o Brasil está na
rota dos ciclones, o nível
do mar está subindo, os
desertos avançam, a
biodiversidade do mundo
15
18. não está resistindo; infelizmente já
podemos contar os mortos por causa nosso, vamos realizar a parte que nos cabe;
das secas, inundações e outros fatores somos muitos e juntos somos fortes. Sejamos
relacionados ao aquecimento global. todos conscientes, responsáveis e rápidos, antes
Os efeitos são irreversíveis, o planeta que o preço pelos nossos equívocos e indiferença
é gigante, o equilíbrio é frágil, a saída seja alto demais. Está nas nossas mãos.
é evitar que a situação piore. Devemos
nos preocupar agora em como nos
adaptar à vida em um planeta bem
mais quente, e parar gradativamente
de lançar na atmosfera os gases
nocivos que contribuem para o
aquecimento global.
Não podemos mudar o mundo, mas
ao menos podemos tentar mudar
o local em que vivemos; mobilizar
é a palavra chave. Mais uma vez, o
jovem tem a oportunidade: temos
uma força incomparável. Ao longo da
que modestas em acontecimentos
do país: Diretas Já, Impeachment
de Fernando Affonso Collor de
Mello em 1992, embora naquela
época os jovens fossem motivados
por interesses de diversos setores
da sociedade brasileira (partidos
políticos, lideranças sindicais, civis
e jornalísticas). Agora o que nos
sobrevivência da nossa geração e
das futuras. Temos a força para
mudar e o que direcionará o sentido
da mudança, na minha opinião, é a
esperança em de um mundo melhor.
Esperança de um mundo melhor
ou, sendo mais radical, esperança
de simplesmente podermos existir
daqui a alguns poucos anos.
Convoco todos os jovens do país
para revolucionarmos, mudando
hábitos, disseminando informações
e atitudes simples: reciclando nosso
socioambientais na comunidade, por
meio das associações de bairro, na
em que estudamos, dos nossos pais,
16
19. JUVENTUDE E MEIO AMBIENTE – CONEXÕES POSSÍVEIS JUVENTUDE E
MEIO AMBIENTE -
CONEXÕES
POSSÍVEIS
Diogo Damasceno
Pires
permeiam o imaginário da juventude, convergentes e alimentados pelo sentimento de
Coletivo Jovem - GO
ou melhor, das juventudes, já que estas transformação das juventudes, guiadas pelos
Goiás
princípios do pertencimento, da horizontalidade
carregando consigo sonhos, anseios, e do empoderamento. Segundo Viezzer e Ovalles
aspirações, angústias e esperanças. (1995: 102), “a rede é comparável a um tecido
Ser jovem é ter vontade de fazer assemelham para todos os lados, sem que nenhum
mais, é energia. É estado de espírito deles seja central”.
e respeito à diversidade, pois a juven-
tude, na sua pluralidade, tem diver-
sas tribos. Ser jovem é antes de tudo
a tentativa de compreender o mundo
a nossa volta. É nessa tentativa que
surgem jovens mais preocupados com
a vida do planeta e com disposição
para transformá-lo.
Estas juventudes vivem atualmente
num contexto muito interessante
no Brasil, principalmente no que diz
respeito ao seu envolvimento com as
questões socioambientais. É fácil notar
a temática ambiental como assunto
emergente, pois esta questão vem
sendo paulatinamente inserida em
todos os meios de comunicação, nos
processos educativos e sociais e no seio
familiar, em virtude das problemáticas É neste sentido que a construção do
ambientais vigentes. movimento de juventude pelo meio
ambiente vem ocupando espaço, pela
Hoje em dia, esse debate ganha espaço
nas discussões de diversos organismos de Juventude pelo Meio Ambiente
da sociedade, com destaque especial e Sustentabilidade (REJUMA), que tem como mola
para o envolvimento das juventudes propulsora o diálogo aberto e o envolvimento de
organizadas. Na rua, na praça, na diversos movimentos e organizações de juventude
universidade ou em qualquer outro espalhadas pelo País, com especial destaque à atuação
local de encontro desses atores sociais, dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente nos estados.
é natural perceber o debate em torno
A REJUMA nasceu em setembro de 2003, durante
emergindo daí o sentimento de poder o I Encontro da Juventude pelo Meio Ambiente,
transformar a realidade, partindo em Luziânia - GO, no âmbito do processo de mo-
para outro estágio do envolvimento bilização da I Conferência Nacional Infanto-Juve-
d@s jovens com esta temática e nil pelo Meio Ambiente, ação do Programa Vamos
estabelecendo uma nova forma de Cuidar do Brasil.
agir e de e organização social.
Atualmente, a Rede conta com mais de 400 mem-
O modelo de organização social bros de todas as unidades federativas do Brasil.
em rede foi a opção abraçada pela Tem como objetivo fundamental fomentar as ações
juventude ambientalista no Brasil, locais e nacionais dos jovens empenhados na cons-
que, em virtude disso, passa a ter trução de sociedades sustentáveis, buscando en-
a oportunidade do diálogo, além volver, sensibilizar, fortalecer e instrumentalizar
17
20. jovens, grupos, movimentos e organi- formam nossas opções e escolhas para melhor li-
zações juvenis para a atuação parti- dar com a vida.
cipativa na construção de um Brasil
mais sustentável. Do ponto de vista político e socioeconômico-
cultural, os sentimentos que congregam essa
O que nos reúne – o movimento de nova juventude ambientalista trazem animação
juventude pelo meio ambiente – em rede e irreverência, diversidade, pluralidade e jeitos
são as temáticas “Juventude” e “Meio diferentes de ser de cada um; no entanto, é
Ambiente”, buscando promover a troca movida, sobretudo, pelo desejo compartilhado de
de idéias, realidades e experiências tornar o mundo melhor de se viver, ambientalmente
acerca das questões socioambientais, saudável, com sustentabilidade.
além de fortalecer a Rede como espaço
de discussão e articulação em nível
local, regional e nacional. consolidar o movimento de juventude pelo meio
ambiente, fortalecendo o espírito revolucionário
Devido a sua capilaridade, abrangência e transformador que ainda se encontra presente
no imaginário juvenil, reforçando os princípios:
origem, a REJUMA possui grande potencial “Jovem Educa Jovem” e “Jovem Mobiliza Jovem”;
na parceria com programas de governo também é necessário fortalecer o princípio de que
de abrangência nacional, como é o “Uma Geração Aprende com a Outra” – somos todos
caso do Programa Vamos Cuidar do aprendizes e em construção permanente, segundo
Brasil, “berço” da rede. Formando, nos aponta o Tratado de Educação Ambiental para
assim, milhares de jovens, professores Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.
e escolas Brasil adentro para a criação
das Comissões de Meio Ambiente e
Qualidade de Vida (COM-VIDA), Agendas
21 nas Escolas e a realização dos
processos da Conferência Nacional
Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente,
que neste ano de 2008, parte para a
sua terceira edição.
As intervenções da Rede de Juventude
pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade
no cenário nacional se dão principal-
mente por maio seguintes estratégias:
1. Fomento e apoio à criação de re-
des locais num processo de capi-
larização e empoderamento das
juventudes para a ação socioam-
biental.
2. Troca de experiências e parcerias.
3. Encontros Nacionais da Rede.
4. Representação em espaços de
proposição, construção e gestão
de políticas públicas.
A partir da atuação em rede, essas
intervenções ampliam o sentimento
de estarmos no caminho certo, possi-
bilitando o re-conhecimento das ju-
ventudes como protagonistas de sua
-
madoras em prol de um mundo me-
lhor. Aumentando, portanto, a nos-
sa responsabilidade, pois, como diz
Sato (2006), por vezes a irreverência
jovem e a responsabilidade adulta se
apresentam separadas, mas juntas
18
21. JUVENTUDE E ÉTICA PARA A SUSTENTABILIDADE? JUVENTUDE E
ÉTICA PARA A
SUSTENTABILIDADE?
Janes Solon Malheiros
Coletivo Jovem - RS
A origem da palavra ética vem do grego Rio Grande do Sul
“ethos”, que quer dizer ‘o modo de ser’,
‘o caráter’. Os romanos traduziram o
“ethos” grego para o latim como “mos”
(ou no plural “mores”), que quer dizer
‘costume’, da qual provém a palavra
“moral”. Tanto “ethos” (caráter) como
“mos” (costume) indicam um tipo de
comportamento propriamente humano
que não é natural. O homem não nasce
com ele como se fosse um instinto;
esse comportamento é “adquirido ou
2000). Portanto, ética e moral, pela
1986). O bem está ligado ao ponto de vista de cada
uma realidade humana que é construída ser, a aonde esse ser quer chegar, qual o objetivo
visado, para quê? E por quê?
relações coletivas dos seres humanos
nas sociedades onde nascem e vivem.
buscar os “porquês” de nossas escolhas, dos
No nosso dia-a-dia, não fazemos comportamentos, dos valores. Agimos por força
distinção entre ética e moral, usamos do hábito, dos costumes e da tradição, tendendo a
as duas palavras como sinônimas. Mas naturalizar a realidade social, política, econômica,
os estudiosos da questão fazem uma cultural e ambiental. Com isso, perdemos nossa
distinção entre as duas palavras. Assim, capacidade crítica diante da realidade. Em outras
palavras, não costumamos fazer ética, pois não
normas, princípios, preceitos, costumes, fazemos a crítica, nem buscamos compreender e
valores que norteiam o comportamento explicitar a nossa realidade moral.
do indivíduo no seu grupo social. A
moral é normativa. Enquanto a ética é Por isso, o desenvolvimento sustentável vem sen-
do divulgado por todo o planeta como uma forma
ou a ciência do comportamento moral, mais racional de prover uma qualidade de vida
que busca explicar, compreender, equânime e socialmente justa.
O conceito de desenvolvimento sustentável, com-
porta cinco aspectos fundamentais, quais sejam:
aquilo que é bom e bem. sustentabilidade social; sustentabilidade econô-
-
Bem é aquilo a que todas as coisas
um desses subsistemas é interligado aos demais,
formando, conformando e transformando o atual
que os homens fazem tudo o mais. Se princípio do crescimento econômico e industrial
ilimitado em um princípio de sustentabilidade.
Sustentabilidade é o modo de sustentação, ou seja,
atingível pela atividade, e se há mais da qualidade de manutenção de algo. Esse algo “so-
de um, eles são os bens atingíveis
pelas atividades. “Bem é aquilo que ociais.
aperfeiçoa uma natureza. Natureza é Obviamente que, também, incluemi-se no princípio
da sustentabilidade o meio ambiente e as demais
19
22. -
bora o ser humano possua autonomia Conforme o Capítulo 25 da Agenda 21, “A juventude
de existência, não possui indepen- representa cerca de 30% da população mundial.
dência da natureza. Por mais que nos A participação da juventude atual na tomada de
mostremos seres socioculturais, ainda decisões sobre meio ambiente e desenvolvimento
e na implementação de programas é decisiva para
o sucesso a longo prazo da Agenda 21”.
-
manidade, com ênfase na Revolução A Agenda 21, que é um plano de ação para ser
Industrial, presencia-se um surto adotado global, nacional e localmente, por
crescente de interferência no am- organizações do sistema das Nações Unidas,
biente natural e cultural existen- governos e sociedade civil, em todas as áreas onde
te, sem preocupação alguma, um o ser humano está inserido, é a maior tentativa
espírito de ganância desenfreada já realizada de orientar um novo padrão de
por conquistar espaços, na busca desenvolvimento para o século XXI, cujo objetivo
do exercício da hegemonia e do do- principal é a sustentabilidade ambiental, social
mínio sobre esses mesmos espaços, e econômica. Nesse contexto, os jovens deverão
natureza e cultura. manter um diálogo com ela, por meio de ações e
discussões na sociedade, pois daí sairá o começo de
A grande questão com que nos uma futura e nova ética, para uma posterior e real
defrontamos atualmente é como Sustentabilidade, pois além da sua contribuição
articular a ética, “a mudança de intelectual e capacidade de mobilização, as
costumes” com a sustentabilidade, juventudes trazem novas perspectivas para
“existência da vida”. construção de um futuro melhor.
A Conferência de Estocolmo, em 1972, A mudança dependerá da atitude dos jovens, a
atitude dependerá das informações recebidas
para um novo entendimento das re- pelos jovens e a crítica a essas informações será
lações necessárias entre a humanida- fundamental, para termos a mudança da ética
de, o ambiente e o desenvolvimento. com relação ao Meio Ambiente.
A palavra “codesenvolvimento” surge
Está na ética a explicação do caos no planeta, e
proposta de desenvolvimento ecolo- talvez esteja na ética e na juventude, ou melhor,
gicamente orientado. na ética da juventude, uma possível solução!
Essa concepção integrou seis aspec-
tos para guiar o caminho do desenvol-
vimento: 1º a satisfação das necessi-
dades básicas; 2º a solidariedade com
as gerações futuras; 3º a participação
da população envolvida; 4º a preser-
vação dos recursos naturais em geral;
5º a elaboração de um sistema social,
garantindo emprego, segurança social
e respeito a outras culturas; e 6º um
programa de educação, ou melhor,
reeducação sobre os cuidados com o
meio ambiente.
Essa foi uma tomada inicial de consci-
ência sobre a necessidade urgente de
mudança de comportamento frente à
qualidade das relações do ser humano
com a natureza.
20
23. ARTE E SUSTENTABILIDADE ARTE E
SUSTENTABILIDADE
Natália Tolentino
Aluna da Faculdade de
Artes Dulcina de Moraes
Nos últimos anos, o tema meio am- um instrumento poderoso, que pode ser utilizado Distrito Federal
biente passou a ser foco central. para levar conhecimento e trazer soluções para
Esse tema tem interfaces com todas diversos problemas sociais e ambientais. O teatro,
as áreas do conhecimento e não tem
a ver apenas com as disciplinas como facilita o diálogo, sendo que uma das suas funções
biologia, economia ou ecologia, mas
tem a ver principalmente com a rela- meio de suas
mensagens,
com os outros e com a natureza. ele pode le-
var a com-
Hoje muito se ouve falar em “Desen- preensão
volvimento Sustentável” e estamos crítica do seu
um momento de grande preocupação papel na so-
com o planeta e sua sustentabilidade ciedade.
e não nos conta que a sustentabili-
dade está mais voltada para garantir A arte cênica
a continuidade da nossa espécie e da pode ser um
vida na Terra é hoje. d i v i s o r de
águas quan-
A sustentabilidade abrange vários do nos orien-
níveis de organização, desde a ta no sentido da responsabilidade que temos em re-
vizinhança local até o planeta inteiro, lação ao desenvolvimento sustetável, podendo ser
e por esse motivo é inadiável e urgente debatida de diversas formas, atingindo crianças,
que novos valores e comportamentos que são seres em desenvolvimento, e adultos, que
sejam incorporados para construirmos podem mudar seus velhos hábitos. Muitas vezes, es-
sociedades que sejam sustentáveis. quecemos que preservar o meio ambiente é também
A preocupação perpassa desde as preservar a nossa espécie e muitas outras formas
grandes empresas multinacionais de vidas que estão entrando em extinção graças às
até a pequena padaria da esquina, nossas atitudes errôneas e irresponsáveis.
incluindo pessoas comuns, jovens
como eu e você. Pessoas de todas Nas artes plásticas, nomes de brasileiros conhecidos
as nacionalidades têm feito apelos como Emmanuel Nassar e sua poesia da gambiarra,
mundo afora, inconformadas com a Frans Krajcberg (um artista cuja residência é uma
inércia dos governos de muitos países árvore, sonho de muitos meninos!), com suas
em relação ao assunto. esculturas de árvores mortas, Eduardo Srur, com
suas intervenções urbanas, como os caiaques
Devemos incluir nessa lista os artis- colocados em 2006 no Rio Pinheiros em São
Paulo, são apenas alguns nomes entre o de muitos
chamar atenção para esse problema artistas que se preocupam com a conservação e
emblemático. O artista, ao produzir a preservação do planeta e do ser humano; todos
suas obras, está sempre impelido por demonstram esse sentimento por maio da arte.
alguma força que faz dele, perma- Suas obras são um alerta para a nossa realidade.
nentemente, um espírito irrequieto, No entanto, não apenas artistas famosos fazem
inconformado e insatisfeito. Ele está da preocupação com a sustentabilidade sua
constantemente atento e conectado prioridade. Um centro de produções culturais na
a contingências do meio e a suas in- cidade-satélite de Taguatinga, Distrito Federal, a
- 21 km de Brasília, mantém uma escola de artes
biliza o homem, mesmo que ele não que se apropria do reaproveitamento de materiais
a compreenda imediatamente, ela é recicláveis para produzir Arte. Chamado Centro
21
24. Cultural Invenção Brasileira, o local De acordo com a Doutora em Arte-Educação
ensina música, dança, literatura e a Ana Mae Barbosa (2003), por meio da Arte é
fabricação de objetos de arte com possível desenvolver a percepção e a imaginação,
diferentes tipos de materiais. Dentro desenvolver a capacidade crítica, permitindo
ao indivíduo analisar a realidade e ampliar a
Eco Arte, que é uma escola de ofício criatividade de maneira a transformar seu meio
onde há mais de oito anos se pesquisa ambiente. A Arte visa principalmente sensibilizar
e se faz arte a partir da reutilização o homem, fazer com que ele pense, questione,
realize descobertas.
A especialidade é a técnica de
transformar papelão e sacos de
jovens, para defendermos o meio ambiente tanto
peças artísticas e utilitárias. A principal quanto o direito à vida. A Agenda 21 está fazendo
idéia é sensibilizar e conscientizar os
alunos e a comunidade da importância
do reaproveitamento do lixo; além Conscientize-se e passe adiante esta mensagem!
disso, os alunos trabalham produzindo
Assim como o exemplo do Tempo Eco
Arte, os empreendimentos humanos
sustentáveis devem ser: ecologica-
mente corretos, economicamente
viáveis, socialmente justos e cultu-
ralmente aceitos.
Além de transformar nossa postura
no dia-a-dia: economizando água,
energia, separando o lixo, não
jogando lixo nas ruas, andando mais
de transporte público para desobstruir
o trânsito, diminuir a poluição.
Podemos também discutir sobre o
consumo, os tipos de indústrias, os
combustíveis que podem ser mais
ofensivos à atmosfera, nosso modelo
de desenvolvimento; participar de
projetos limpos, e assim contribuir
para construção de um mundo
melhor e para real melhoria da
qualidade de vida.
que a tecnologia nos trás, é mais do
que isso: qualidade de vida é saúde,
é justiça social, é justiça econômica,
é meio ambiente saudável, é vida.
Por meio dos exemplos citados aqui,
foi possível perceber a importância
da arte em parceria com a sustenta-
bilidade do planeta.
22
25. SURDA INOCÊNCIA À BEIRA DO ABISMO SURDA
INOCÊNCIA
À BEIRA DO
ABISMO
Fabrício Alves da
Cruz
Coletivo Jovem - RO
Rondônia
Galera, a coisa tá feia! Os mais céticos As pessoas da minha idade, daqui a meio século,
dirão — Lá vem mais um alarmista terão aproximadamente 70 anos. A expectativa
verde dizendo que o mundo vai de vida do brasileiro, segundo o IBGE, é de 71
acabar! Quem dera fosse “apenas” um anos. Para essas pessoas, todos os conhecidos
delírio obsessivo. Mas, enquanto nos com idade superior provavelmente haverão
deliciamos com nossa sociedade do
consumo, estamos caminhando para integrantes da parcela socioeconômica ativa
o tão famoso, e antes ridicularizado, do mundo, faltarão às mudanças climáticas do
cataclismo global.
nem seguer sofreram com isso. Desconheço se
isso é sorte ou azar, porém é, com certeza, um
as mudanças climáticas farão o nível dos motivos que os levam a ignorar o futuro da
as águas de todos os continentes subir
aproximadamente 7 metros, devido tão banalizado que pode ser mais um atributo
ao derretimento das geleiras na dessa indiferença.
A imprensa, e/ou a falta de olhar crítico a ela,
equador, sofreremos com o aumento leva as pessoas a assistirem na TV aos desastres
de doenças como malária, dengue e culparem os governantes. Isso quando não
e febre amarela. Isso devido ao
aumento dos locais onde os mosquitos do mundo. Servem-se da ilusão de segurança que
transmissores podem se reproduzir. a tela de vidro oferece. Imagino a surpresa dos
Tomem como exemplo a recente que presenciaram furações no sul do país e a seca
endemia no Rio de Janeiro. Daqui a na Amazônia. Quem diria?!... Me pergunto como
50 anos, a temperatura do planeta os céticos explicam isso.
tenderá a aproximadamente 50
ºCelsius no verão. Durante essa época, Adeptos de soluções políticas pouco elaboradas
teremos de compartilhar os recursos ainda crêem que o modelo partidarista irá sanar
mundiais, cada vez mais escassos, com os problemas administrativos e governamentais
cerca de 8 bilhões de pessoas. -
23
26. tiva a incoerência social. Não é à lhões de pessoas a consumir recursos naturais,
toa que se vejam tanta corrupção, gerar lixo e emitir gazes na atmosfera. Você tem
demagogia e hipocrisia nos cenários dimensão do que é isso? Tudo bem. Poucos têm,
políticos. Muitas boas idéias foram tantos somos.
desacreditadas por conta desse
modelo. E esse é o caso do termo Dessa forma, os que devem também ser sensibili-
“desenvolvimento sustentável”, e zados e educados, social e ambientalmente, são
os exemplos são inúmeros. Cons- nossos líderes e representantes. São as pessoas
troem-se hidrelétricas, queimam-se
em sua comunidade ou no mundo. Talvez assim
e abrem-se pastos para criação de ocorra a “mega” mobilização esperada para a
gado às custas desse termo. reviravolta social, tal como aconteceu no Brasil
na época das Diretas. Nesse período, rivais polí-
Ao mesmo tempo, famílias campo- ticos, de diferentes partidos, se uniram contra a
nesas humildes, e outros povos da ditadura para estabelecer eleições diretas para
- presidente. Se isso pôde acontecer frente a um
burrecida” lei, acusados de crimes inimigo da liberdade humana, nada impede que
ambientais. São pegos por secreta- -
rias corruptas a degradarem seus da, pois, como já disse Gandhi, a única revolu-
lotes, na perspectiva de plantar seu ção possível é a interior.
sustento, e sobreviver à indiferença
do Eetado, em terras esquecidas no
“meio do mato”, como costumam
dizer os urbanóides.
Esses exemplos mostram que, junto
à mudança para a sustentabilidade,
deve ocorrer uma reforma política
completa. Assim, esse termo pode-
às questões ambientais, mas na sua
forma mais ampla, abordando se-
tores sociais e econômicos. A sus-
tentabilidade deve ser transversal,
inter e multidisciplinar. Deve en-
volver a participação popular em
políticas públicas e tornar eficien-
te o aparato administrativo gover-
namental. A sustentabilidade deve,
acima de tudo, conter a ganância
do homem e levá-lo a focar seus es-
forços para o seu desenvolvimento
interior, como civilização!
Nossa sociedade carnívora tribal —
Edward Osborne Wilson —, ainda per-
siste a crença no “desenvolvimento”
a qualquer custo. James Lovelock,
autor de “A Vingança de Gaia”, de-
fende que há duzentos anos, quando
as mudanças eram mínimas, talvez
houvesse tempo de estabelecer um
desenvolvimento sustentável. Hoje
chegamos no límite. Somos 6,5 bi-
24
27. DA RECICLAGEM À MADEIRA PLÁSTICA: A IMPORTÂNCIA DA RECICLAGEM
DA PESQUISA E DE AÇÕES EM PROL DO MEIO AMBIENTE À MADEIRA
PARA INTEGRAÇÃO DE JOVENS NO MUNDO PLÁSTICA: A
IMPORTÂNCIA
DA PESQUISA E
DE AÇÕES EM
Em vários países, a preocupação com O Brasil não recicla nem 30% do plástico PROL DO MEIO
a preservação do Planeta mostra a consumido, por ainda faltar informações, AMBIENTE PARA
importância do rumo ao desenvolvi- conscientização à maioria dos brasileiros a
INTEGRAÇÃO
mento sustentável em resposta aos respeito da importância da reciclagem, processo
DE JOVENS NO
desmatamentos, emissões de CO2, ao que tem como benefício a redução do consumo
MUNDO
desperdício e ao uso irresponsável de energia e dos recursos naturais. Além disso,
dos recursos naturais. com a reciclagem do plástico, produz-se a
Hyrla Marianna Silva
madeira plástica – material composto que tem
Membro do Núcleo
A reciclagem é fundamental para propriedades mecânicas semelhantes às da
de Design Voltado
consolidação do desenvolvimento madeira natural. para Questões
sustentável. É o processo no qual Socioambientais
a matéria já transformada torna-se Aqui, a madeira plástica é estudada desde a dé- Distrito Federal
novamente matéria-prima em uma cada de 80. Uma informação importante desses
cadeia de produção. Diversos ma- estudos é que esse material pode ser produzi-
teriais podem ser reciclados, entre
eles o plástico. O plástico é um dos embalagens descartadas) e de resíduos plásticos
materiais mais utilizados no mun- industriais. A utilização destas matérias-prima
do, e devido à sua resistência e à estimula a coleta seletiva e evita o seu desti-
praticidade está presente em vários no incorreto. Portanto, é necessário que hajam
produtos. Mas o uso não consciente ações no sentido de ampliar essa utilização, de-
desse material tem conseqüências corrente do estímulo à reciclagem pelo gover-
graves para o meio ambiente. Em no, por cooperativas de catadores, por ONGs e
sua grande maioria, a embalagem e por outras entidades, pois desse modo o mate-
o produto em plástico não são reci- rial plástico será reaproveitado em quantidade
clados e acabam inadequadamente expressiva e não irá poluir o meio ambiente.
nos lixões e aterros, rios, florestas
e outros ambientes naturais, e a -
sua decomposição demora de 100 a mulas de composição da madeira plástica e
450 anos. que no processo de reciclagem do plástico po-
dem ser adicionadas cargas vegetais de
resíduos de madeira, de casca de arroz,
de bagaço de cana-de-açúcar.
A principal aplicação da madeira plásti-
ca é em substituição à madeira natural,
o que contribui para evitar o desmata-
para praças, paletes, assoalhos, esqua-
drias, lixeiras, mesas. A madeira plástica
apresenta uma série de vantagens quan-
do comparada à madeira natural, como
maior durabilidade, impermeabilidade e
resistência a cupins e fungos.
Com o estudo que elaborei sobre recicla-
gem de plásticos e uso da madeira plás-
tica com foco na importância para edu-
cação ambiental, na mudança cultural
25
28. que se pode promover e na opor- ambiente em seus países. Foi uma experiência
tunidade da expansão do mercado única e enriquecedora por unir dezenas de jovens
desse material, fui selecionada de diferentes culturas que se entenderam numa
pelo programa Bayer Young Envi- mesma língua, a do meio ambiente.
ronmental Envoy (Programa Bayer
Jovens Embaixadores Ambientais),
que tem parceria com o PNUMA
– Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente. No Brasil, apre-
sentei o estudo na cerimônia de
premiação, da qual participaram
os três outros universitários bra-
sileiros que tiveram seus projetos
também selecionados pelo Progra-
ma. Na Alemanha, em novembro
de 2007, onde permaneci por uma
semana, participei do Encontro In-
ternacional de Jovens Embaixado-
res Ambientais, com outros estu-
dantes de 17 países.
Naquele país, foram realizadas vi-
-
gãos ambientais, a universidades e
assistidas palestras para vivenciar
como a proteção ambiental é pra-
ticada pelo governo, comunidade e
indústria. Assim pudemos conhecer
as perspectivas e ações para o de-
senvolvimento sustentável pratica-
das pela Alemanha, o que se tornou
referência para os estudantes que
participaram do Programa.
Nas apresentações do Encontro,
tive a oportunidade de conhecer
os trabalhos desenvolvidos pelos
jovens em seus respectivos países
em prol do meio ambiente. São
e na política e que têm, acima de
tudo, o objetivo e a vontade de
transformação da qualidade de
vida das pessoas, da melhoria da
sociedade, dos serviços, do meio
da Terra.
Esse programa de intercâmbio e
aprendizado do qual participei
ampliou a minha esperança de um
futuro melhor, pois convivi com jovens
empenhados em preservar o meio
26
29. AS SOCIEDADES HUMANAS E SEU PAPEL NA AS SOCIEDADES
SUSTENTABILIDADE HUMANAS E
SEU PAPEL NA
SUSTENTABILIDADE
Eduardo Amorim
Representante da
Juventude no Fórum da
Otoni
Minas Gerais
Todos os seres vivos transformam de O progresso técnico tem sido utilizado para
algum modo o ambiente, buscando produzir mais e mais, ainda que às custas da
organizar seu espaço vital de acordo degradação do ambiente. Numa sociedade que
O ser humano, porém, transforma o se utilizam da natureza apenas pela necessidade
espaço natural de forma diferente. de uma melhor qualidade de vida ou até para a
subsistência estranhamente são destruídos ou
apenas do instinto, de interações
do mercado é do lucro, que hoje tem dimensões
intencionalidades. planetárias, é a base da nossa organização
socioeconômica e da nossa forma de apropriação
e transformação da natureza.
espaço natural por meio do trabalho,
segundo o projeto de sociedade não é fato novo, nem se restringe à era da
que desejam construir para si. Em industrialização. A novidade, hoje, é que os
muitas culturas, como a dos índios
ianomâmis, a utilização de técnicas sociais de predação se aperfeiçoaram. A partir
e instrumentos obedece a um
princípio de manutenção da simbiose da globalização da economia e da comunicação
dos seres humanos com o meio exigem que as questões da sustentabilidade e da
natural. Em sociedades como essa, a ecologia sejam pensadas em escala planetária.
transformação do ambiente por meio
Felizmente, a mesma ciência que trouxe
de acumulação, mas ao princípio de
utilização racional e equilibrada dos degradação ambiental trouxe para o homem do
recursos disponíveis. Os indivíduos século XX a consciência de que a Terra é uma
trabalham para garantir a vida, e
não para acumular excedentes, o que
difere das sociedades modernas. de calor solar absorvida pelas águas desse oceano
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