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Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil,
1ºSemestre/2010


        A importância do Diálogo Diário de Segurança – DDS para a
             prevenção de acidentes no segmento agroindustrial

                 Rosiene Custódio (PITÁGORAS) rosiene_custodio@hotmail.com
              Aparecido Vieira Moura (PITÁGORAS) cido_moura2000@yahoo.com.br
              Roberto Souza Martins (PITÁGORAS) roberto.souza@pitagoras.com.br

Resumo
Este artigo tem como objetivo mostrar a importância do programa Diálogo Diário de
Segurança para a prevenção de acidentes no segmento agroindustrial, buscando demonstrar
o seu objetivo e funcionamento. O DDS é uma ferramenta muito utilizada pelas empresas,
principalmente na indústria da construção civil, pois foca a conscientização diária do
trabalhador, tendo em vista a grande ocorrência de acidentes de trabalho por fatores
humanos neste segmento. O setor agroindustrial também registra muitos acidentes
decorrentes de fatores comportamentais, de instrução e de falta de informação dos
colaboradores.
Palavras-chave: DDS, Diálogo Diário de Segurança, Prevenção de acidentes, Segmento
agroindustrial.


1. Acidente do trabalho
Segundo o artigo 19 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, “acidente do trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do segurado especial,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente”.
Pode causar desde um simples afastamento, a perda ou redução da capacidade para o trabalho,
até mesmo a morte do segurado.
Acidentes do trabalho registrados são aqueles cujas comunicações são protocolizadas e
caracterizadas pelo INSS.
Os acidentes do trabalho são classificados em:
•   Acidente típico – acidente decorrente da característica da atividade profissional
    desempenhada pelo acidentado;
•   Acidente de trajeto – acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de trabalho
    do segurado, e vice-versa;
•   Doença profissional ou do trabalho – entende-se por doença profissional aquela
    produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinado ramo de
    atividade constante do Anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado
    pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999; e por doença do trabalho, aquela adquirida
    ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com
    ele se relacione diretamente, desde que constante do Anexo citado anteriormente.
A empresa deve comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo ou
não afastamento do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de
morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo
e o teto máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências,
aplicada e cobrada na forma do artigo 286 do Regulamento da Previdência Social – RPS,
aprovado pelo Decreto nº 3.048 de 6 de maio de 1999.
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Os acidentes do trabalho devem ser comunicados por meio da CAT (Comunicação de
Acidente do Trabalho). Atualmente este documento é apresentado em três tipos a saber:
1 – Inicial: quando corresponder ao registro do evento do acidente do trabalho, típico ou de
trajeto, ou doença profissional ou do trabalho;
2 – Reabertura: a correspondente ao reinício de tratamento ou afastamento por agravamento
de lesão de acidente ou doença profissional ou do trabalho, já comunicada anteriormente ao
INSS;
3 – Comunicação de óbito: a correspondente a falecimento decorrente de acidente ou doença
profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial.
As CAT’s de reabertura e de comunicação de óbito vinculam-se, sempre, as CAT’s iniciais, a
fim de evitar-se a duplicação na captação das informações relativas aos registros.
A contabilização dos registros de CAT’s é feita considerando-se a data da ocorrência do
acidente. No caso de doença profissional ou do trabalho, é considerada a data do ínicio da
incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual ou o dia em que for realizado o
diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.
A tabela 1 apresenta os dados de acidentes do trabalho registrados no INSS nos anos de 2004
à 2008.

                                                     QUANTIDADE DE
                                     ANO              ACIDENTES DO
                                                 TRABALHO REGISTRADOS
                                     2004                503.920
                                     2005                545.703
                                     2006                537.457
                                     2007                681.972
                                     2008                764.933

                           Tabela 1 – Acidentes do Trabalho Registrados no Brasil
          Fonte: Anuários Estatísticos de Acidentes do Trabalho de 2006 e 2008 da Previdência Social


Ao analisar os dados da tabela 1, pode-se notar que o número de acidentes vem aumentando
de forma significativa. Juntamente com esse aumento de acidentes, cresce também a cobrança
do governo para que as empresas invistam mais na prevenção.
O acidente do trabalho gera um impacto negativo em toda a empresa onde ele acontece,
principalmente se for um acidente grave. Dentro dos impactos podemos listar os seguintes:
•   Impactos psicológicos: gerando muita insegurança entre os funcionários ocasionando
    baixa produtividade;
•   Impactos na imagem da empresa: através de exposições na mídia;
•   Impactos na participação dos resultados: com o não cumprimento das metas, a
    premiação de participação nos resultados da empresa cai, deixando os funcionários
    insatisfeitos;
•   Impactos financeiros para a empresa: através do pagamento de multas, indenizações e
    custos processuais, além do aumento do SAT (Seguro de Acidente do Trabalho).
Além destes impactos quando ocorre um acidente, todos os envolvidos sofrem conseqüências:
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•   O trabalhador que sofre a lesão, a dor, a preocupação com a inatividade, mesmo que
        temporariamente;
•   A família, que vivencia todo o sofrimento do acidentado, resultando também muitas
    vezes, como consequência, a desestruturação do ambiente familiar e a redução de seus
    vencimentos;
•   O empresário, que vê a interrupção de sua linha de produção, prejudicado financeiramente
    pela perda de máquinas, equipamentos, pela perda ou substituição do profissional, com
    seus custos aumentados, devido aos encargos previdenciários e sofrendo com a dor
    humana que envolve o acidentado e sua família;
•   Os companheiros de trabalho, que, atingidos psicologicamente, diminuem o ritmo de
    trabalho, levando a empresa a uma grande queda de produção;
Diante disto, vemos que as conseqüências do acidente do trabalho adquire proporções
imensuráveis. Todos os acidentes, por mínimos que sejam, sempre requerem cuidados
especiais no tocante à readaptação do homem ao trabalho e, dependendo da lesão física, à sua
reintegração na própria sociedade.
Todo o trabalhador no exercício de sua profissão está sujeito a um acidente do trabalho, e
algumas profissões apresentam probabilidades maiores que outras. A teoria do risco de
acidente do trabalho aponta os principais agentes de risco ocupacionais presentes no ambiente
de trabalho, são eles: físicos, mecânicos, biológicos, ergonômicos (considerados a partir da
Segunda Guerra Mundial, seriam as condições de adequação dos instrumentos de trabalho ao
homem) e mais recentemente, os riscos psicossociais, em razão da crescente exposição do
trabalhador a situações de tensão no trabalho.
As empresas perdem muito com os acidentes do trabalho, e por isso devem reduzir de forma
expressiva os riscos e a ocorrência de acidentes, adotando medidas que tornem as atividades
mais seguras e investindo na conscientização dos seus funcionários. O DDS é uma das
medidas de prevenção cada vez mais utilizada pelas empresas a fim de reduzir os acidentes do
trabalho.



2. Acidentes do Trabalho no setor agroindustrial
Devido à grande exigência das empresas das regiões urbanas, por trabalhadores cada vez mais
qualificados, as pessoas de menor qualificação se vêem obrigadas a procurar emprego no
trabalho agroindustrial, pois neste segmento ainda existem muitas atividades manuais, de
pouca exigência de instrução.
Os trabalhadores do segmento agroindustrial estão mais expostos a ataques de animais
peçonhentos, ao manuseio de agrotóxicos, posturas ergonômicamente inadequadas, ao uso de
ferramentas manuais como motosseras, foices, enchadas e etc., a operação de silos e amazéns,
a operação de tratores e colhetadeiras, e além destes riscos, eles também ficam mais expostos
a raios e incêndios florestais. A agricultura por exemplo, é considerada pela Organização
Internacional do Trabalho – OIT como uma das atividades profissionais de maior risco,
equiparando-se à construção civil e à exploração do petróleo, por isso este segmento requer
uma maior atenção na prevenção de acidentes do trabalho.
As atividades que oferecem mais riscos no setor agroindustrial e que registram o maior
número de acidentes são aquelas que envolvem o armazenamento de grãos, a produção de
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álcool, a manutenção de equipamentos, operação de máquinas e a aplicação de defensivos
agrícolas. Todas essas atividades expõem o trabalhador a grandes riscos de acidentes e
doenças que às vezes podem provocar sérias conseqüências, devido á complexidade das
operações.
3. O comportamento humano como causa de Acidentes do Trabalho
Muitos dos acidentes são comumente atribuídos a falhas humanas ou ao fator humano
representado por desatenção, descuido, brincadeira, despreparo, incapacidade de quem se
acidentou.
Autores estudiosos do comportamento humano nos acidentes de trabalho, mostram que para
haver negligência ou desatenção de um trabalhador, houve anteriormente uma série de
decisões, atitudes, comportamentos organizacionais que criaram condições para que o
acidente ocorresse (BOUNASSAR, 2007).
Os acidentes, portanto, não são atribuídos a uma única causa, este fenômeno é multicausal,
determinado por fatores que influenciam os indivíduos, alterando assim sua conduta frente às
situações do dia – a – dia.
Entender as causas dos acidentes é entender com maior clareza o comportamento de quem se
acidenta, pois o comportamento é determinado tanto pela relação do homem com o meio
como por suas características internas.
O aspecto cognitivo incide na questão da segurança de uma pessoa. Quando, por exemplo,
características exigidas pela tarefa a ser executada não são de conhecimento da pessoa que a
realizará, ela não terá todas as informações dos perigos, riscos, procedimentos, controles a
adotar para realizar a atividade de forma produtiva e segura para si e para os colegas
(BOUNASSAR, 2007).
Acidentes também são decorrência de fatores como máquinas inadequadas e ambientes
desfavoráveis. Doenças na família e problemas financeiros, evidentemente influenciam o
comportamento das pessoas. Para entender o processo dos acidentes, é importante ressaltar
que o erro humano resulta na interação homem – trabalho ou homem – ambiente onde estão
implícitos três elementos: uma ação variável, uma transformação do ambiente ou máquina que
não atenda a determinados critérios e o julgamento da ação humana frente a esses critérios
(Ilda, 2003 p.30).
O erro humano acontece quando este percebe o ambiente de forma distorcida da realidade,
seja por falta de informação do ambiente, percepção baixa dos perigos e riscos envolvidos na
atividade e no ambiente, omissão dos fatos e de incidentes, falha em sua memória, erro em
sua avaliação, falta de conhecimento de um procedimento, excesso de confiança e erro em seu
processo de escolha. A experiência nas empresas mostra que muitos dos acidentados
conhecem os perigos, riscos e procedimentos corretos a adotar, mas por alguma razão
escolhem comportarem-se de forma inadequada. O repertório de comportamentos dos
indivíduos é determinado por escolhas deles mesmos e isso é que vai expô-los aos riscos em
seu ambiente de trabalho. Alguns estudiosos argumentam que os acidentes de trabalho não
estão associados a características de personalidade, não podendo desta forma, serem as
pessoas submetidas a avaliações psicológicas para serem avaliadas se possuem ou não
propensão a sofrerem acidentes de trabalho (BOUNASSAR, 2007).
Ilda (2003) em seus estudos procura demonstrar que existem pessoas com maior propensão a
se acidentarem, porém a teoria mais aceita atualmente, é que as pessoas mais propensas a
sofrerem acidentes existem de fato, porém não são dotadas de características permanentes que
as tornam mais susceptíveis a sofrerem acidentes de trabalho.
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Dela Coleta (1991) menciona o fato de que muitos autores têm defendido opiniões que
realçam a importância dos fatores ou traços de personalidade na determinação de acidentes,
mas isto não foi ainda plenamente determinado. Quando se avalia a personalidade de um
indivíduo, está sendo avaliada a organização dinâmica de seus aspectos biológicos, físicos,
psíquicos, sociais, mentais e espirituais de sua interação com o meio externo.
Considerando que o comportamento de um indivíduo pode ser alterado mediante as situações
que ele enfrenta no dia – a – dia, testes psicológicos não têm condições de detectar todos esses
aspectos.
De acordo com a OIT só as causas naturais matam mais no mundo do que os acidentes de
trabalho. As razões para explicar o elevado número de ocorrências dos acidentes são as mais
diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas de trabalho, dos equipamentos, das
ferramentas, deficiência nos processos de manutenção dos diversos elementos componentes
do trabalho. Ocupando lugar de destaque como causa dos acidentes de trabalho encontra-se o
fator humano, compreendendo características psicossociais do trabalhador, atitudes negativas
para com as atividades prevencionista, aspectos da personalidade, falta de atenção, entre
outras (DI LASCIO, 2001).
O comportamento humano é algo bastante complexo, mas os estudos antropológicos nos
colocam algumas luzes importantes sobre o assunto, e especialmente sobre como conseguir
que as pessoas tenham o comportamento adequado.
O nível mais primário de comportamento é a chamada opinião que a pessoa tem a respeito de
determinado tema. Mas somente a opinião não ajuda muito, e diante de qualquer dificuldade,
pode ser que a mesma deixe de lado o comportamento socialmente desejável.
O nível seguinte é o da atitude. Aqui, a pessoa já tem um posicionamento mais firme, e não se
desviará facilmente do comportamento escolhido por ela mesma, pois é pautado por uma série
de convicções sobre o assunto.
Mas o desejável, em relação aos comportamentos socialmente construtivos, é que a pessoa
tenha crença. Na existência de uma crença, dificilmente a pessoa deixará de lado o
comportamento compatível com a mesma.
Por fim, não se pode esquecer da pressão social, como uma forma pragmaticamente muito
eficaz de se obter das pessoas, o comportamento desejado contando-se com todo um esforço
em prol da formação de uma crença, ou pelo menos da atitude correta.
Em Segurança do Trabalho, esse modelo é perfeitamente aplicável. Desejamos e fazemos
todos os esforços para que o trabalhador acredite, creia, nas atitudes seguras. Este é o norte de
qualquer programa consistente (FILHO, 1999).
4. Programa DDS – Diálogo Diário de Segurança
O Diálogo Diário de Segurança é um programa de segurança muito utilizado por várias
empresas de diversos segmentos, para a prevenção de acidentes e conscientização dos
empregados, que vem ganhando espaço e sendo cada vez mais utilizado por profissionais da
área de segurança e saúde do trabalho. É um programa destinado a criar, desenvolver e manter
atitudes prevencionistas na empresa, através da conscientização de todos os empregados
(FILHO, 1999, p.01).
Este programa consiste em uma reunião, recomendada antes do início das atividades diárias
na empresa e com duração de 5 a 15 minutos, para a discussão e instruções básicas de
assuntos ligados à segurança e saúde no trabalho que devem ser utilizadas e praticadas por
todos os participantes. Desta forma, este programa pode ajudar muito na redução de acidentes
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no segmento agroindustrial, pois foca a conscientização dos trabalhadores, sendo que a
maioria dos acidentes que ocorrem nesta área, se deve principalmente, à fatores humanos
ligados diretamente com a falta de instrução dos colaboradores.
Os temas a serem escolhidos poderão ser livres, porém, que possam estimular o lado humano
das pessoas, discutindo assuntos que impactam no desempenho do trabalho.
3. A importância do DDS para a conscientização dos trabalhadores
Muitos trabalhadores ainda não tem a consciência de que a segurança do trabalho é
importante, e que os funcionários são os mais prejudicados quando sofrem algum acidente do
trabalho. Alguns até tornam os trabalhos de prevenção nas empresas muito difíceis devido a
resistência ao uso de equipamentos de segurança e ao seguimento das normas.
O Diálogo Diário de Segurança contribui de forma significativa para a consciêntização dos
funcionários, pois através dele, os supervisores mostram que além de estarem preocupados
com a produção, eles também dão importância para a segurança do trabalho.
Quando o funcionário é motivado a falar sobre algum acidente, que tenha acontecido com ele
ou que ele tenha presenciado, ou até mesmo que tenha ouvido alguém comentar, ele começa a
se preocupar mais sobre o assunto, dando mais importância à segurança.
O DDS, além de aumentar a conscientização dos trabalhadores, ajuda a equipe a se interagir
mais, aumentando também o comprometimento de todos com a segurança.
4.1. Funcionamento do Diálogo Diário de Segurança
Para se obter um resultado positivo com o programa DDS é importante:
a) Deixar claro aos empregados o que é DDS, qual o seu objetivo e funcionamento, e a
importância da participação de todos;
b) Ter sempre em foco o objetivo do DDS, criando condições para que os empregados possam
trocar informações, apresentar idéias, sugestões, comentar dúvidas e dificuldades relacionadas
à Segurança e Saúde no trabalho;
c) Buscar temas atuais e interessantes, considerando sempre as características de cada grupo
de trabalho;
d) Fazer um planejamento sobre o tema a ser discutido, local e dia apropriados, incentivando a
participação do grupo, convidando-os a conduzirem o DDS;
e) Expor o assunto de forma clara e com linguagem adequada, considerando o nível de
entendimento dos participantes.
f) Convidar, eventualmente, profissionais de outras áreas para falar sobre temas técnicos,
como por exemplo, enfermeiros, psicólogos, engenheiros e técnicos.
g) Concluir a idéia inicial, dando oportunidades para exposição de idéias, tomando cuidado
para que não tenha conotação de promessa, pois se a mesma não for cumprida o DDS (e até o
próprio instrutor) poderá perder a credibilidade.
h) Registrar o DDS, criando procedimento próprio ou da empresa, onde deverá constar a data,
duração, local, assunto abordado, nomes e número de participantes. O registro é muito
importante, pois possibilita o gerenciamento do DDS como ferramenta para a identificação de
novos temas e dos temas já abordados, evitando a repetição dos mesmos. Também serve para
acompanhamento da participação dos integrantes do grupo durante as reuniões.
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4.2. Formato do DDS
Apresentamos aqui a forma em que é feito o Diálogo Diário de Segurança nas empresas.


                                1 – O departamento de segurança
                                do trabalho passa o manual com
                                os temas para o supervisor.



                                2 – O supervisor estuda sobre o
                                tema no dia anterior ao DDS.


                                3 – O supervisor reúne a equipe
                                antes de iniciarem o trabalho.


                                4 – O supervisor conversa com a
                                equipe durante 5 a 10 minutos
                                sobre o tema.


                                5 – O supervisor da oportunidade
                                para os funcionários que quiserem
                                falar um pouco sobre o tema.


                                 6 – O supervisor coleta as
                                 assinaturas dos participantes na
                                 lista de presença.


                                 7 – Após coletar as assinaturas, o
                                 supervisor libera os funcionários
                                 para iniciarem suas respectivas
                                 atividades.

4.3. Exemplos da eficiência do DDS
Os exemplos sobre a eficiência deste programa são muitos, dentre eles, apresenta-se abaixo
os da Usina Ipê e da Usina São José de Estiva, empresas do segmento sucro alcooleiro que
investiram no DDS e tiveram grandes resultados a partir da implantação deste.
Organizado para promover, em conjunto com outras ações, o desenvolvimento da cultura
organizacional de segurança, o DDS, reúne todos os funcionários da área industrial
diariamente para uma conversa sobre temas de segurança. Resultado de uma proposta que
surgiu durante uma reunião da CIPA em 2008, o DDS está em funcionamento desde o início
da safra de 2009. Em toda a entrada de turno, os funcionários da indústria vão para o
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refeitório, onde, por 15 minutos, conversam com o gestor e um representante da área de
segurança sobre temas previamente estabelecidos (ANSELMI, 2009).
Os resultados são perceptíveis e o índice de acidentes vem caindo sensivelmente desde a safra
de 2009. No mês de setembro de 2009, por exemplo, não aconteceu nenhum acidente na área
industrial da Ipê. Em função da avaliação positiva do programa, em breve, será ampliado para
os funcionários da oficina mecânica agrícola, que contarão com mais esse recurso para
garantir a boa condição de segurança no trabalho (ANSELMI, 2009).
A preocupação de diversas usinas e destilarias, na área de segurança do trabalho e saúde
ocupacional, não se restringe ao cumprimento de normas e portarias. Existe hoje uma
conscientização sobre a necessidade de se criar hábitos que possam reduzir riscos de acidentes
e melhorar as condições de trabalho e de qualidade de vida dos empregados dos setores
agrícola, automotivo, industrial e administrativo. A Usina São José de Estiva, de Novo
Horizonte, SP, por exemplo, já se tornou referência na área. Vencedora do Prêmio Master
Cana Social 2008 na categoria “Saúde Ocupacional” com o case “Saúde, segurança e
prestação de serviços” , essa usina tem alcançado resultados positivos no dia a dia. Em 2009,
a unidade industrial chegou a completar 91 dias sem acidentes (ALCANTRA, 2009). Este
resultado é muito bom para as empresas deste setor, e assim nos ajuda a comprovarmos a
importância do DDS para o segmento agroindustrial.
Com base no Diálogo Diário de Segurança, a Usina São José da Estiva, para despertar a
consciência sobre a necessidade de prevenção de acidentes do trabalho, desde o final de 2004,
implantou as Palestras Semanais de Segurança (PSS), realizadas na entressafra, que têm o
objetivo de criar condições para a troca de informações, apresentação de idéias, dúvidas e
dificuldades relacionadas à saúde, segurança e meio ambiente. Instalação e equipamentos de
proteção (EPIs), trabalho em equipe, espaços confinados são alguns temas abordados nesses
encontros realizados durante a entressafra.
Em uma empresa do ramo da avicultura, situada em Uberlândia-MG, com 1600 funcionários,
o Diálogo Diário de Segurança foi sugerido pelo SESMT da empresa para a redução dos
acidentes no setor de manutenção, pois este departamento registrava em média 10 acidentes
por ano. O resultado foi excelente, em apenas um ano após a implantação do DDS obteve-se
uma redução de 80% dos acidentes. E além da redução do número acidentes, notou-se o
aumento do compromentimento dos trabalhadores com a prevenção de acidentes. A gerência
da área ficou tão satisfeita com os resultados obtidos, que resolveu tornar pernamente o
Diálogo Diário de Segurança no setor.
Após este grande retorno, a empresa fez uma pesquisa com os funcionários que participam do
Diálogo Diário de Segurança. Foi passado para o colaboradores o seguinte questionário:
Pesquisa de campo sobre o DDS ( Diálogo Diário de Segurança ):
1 – O que você acha do Diálogo Diário de Segurança?
( ) Ótimo;
( ) Regular;
( ) Ruim.
2 – O que você acha mais importante no Diálogo Diário de Segurança?
( ) A interação entre os funcionários;
( ) O aprendizado sobre segurança do trabalho;
( ) A motivação para a prevenção de acidentes.
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3 – Na sua opinião, como foi a contribuição do Diálogo Diário de Segurança na redução
dos acidentes?
( ) Contribuiu muito;
( ) Contribuiu pouco;
( ) Indiferente.
4 – Você gosta de participar do Diálogo Diário de Segurança?
( ) Sim;
( ) Não;
( ) Indiferente.
5 – O que acha dos temas abordados no Diálogo Diário de Segurança?
( ) Bons;
( ) Ruins;
( ) Indiferente.
Com este questionário a empresa queria saber qual a opinião dos funcionários em relação ao
programa Diálogo Diário de Segurança. Este retorno seria de grande importância para a
empresa identificar pontos de melhorias nas reuniões do DDS.
Assim como a rapidez da redução dos índices de acidentes do trabalho no setor, o resultado da
pesquisa também surpreendeu os responsáveis pelo Diálogo Diário de Segurança e também o
gerente da área. Segue abaixo o resultado da pesquisa.
Resultado da pesquisa de campo sobre o Programa DDS - Diálogo Diário de Segurança
Pergunta 1 – O que você acha do Diálogo Diário de Segurança?
        100 % dos pesquisados responderam que acham ótimo o DDS.
Pergunta 2 – O que você acha mais importante no Diálogo Diário de Segurança?
        10 % dos pesquizados responderam que o mais importante no DDS é a interação em
         os funcionários;
        45 % dos pesquisados responderam que o mais importante no DDS é o aprendizado
         sobre segurança do trabalho;
        45 % dos pesquisados responderam que o mais importante no DDS é a motivação para
         a prevenção de acidentes.
Pergunta 3 – Na sua opinião, como foi a contribuição do Diálogo Diário de Segurança na
redução dos acidentes?
        90 % dos pesquisados responderam que o DDS contribuiu muito para a redução dos
         acidentes;
        10 % dos pesquisados responderam que o DDS contribuiu pouco para a redução dos
         acidentes.
Pergunta 4 – Você gosta de participar do Diálogo Diário de Segurança?
        100 % dos pesquisados responderam que gostam de participar do DDS.
Pergunta 5 – O que acha dos temas abordados no Diálogo Diário de Segurança?
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        100 % dos pesquisados responderam que os temas abordados no DDS são bons.
Como podemos verificar nas respostas, 100 % dos funcionários consideram o programa
    importante e gostam de participar, vale ressaltar que 10 % dos colaboradores acreditam
    que o DDS não contribuiu para a redução dos acidentes. A empresa está utilizando as
    respostas do questionário para melhorar a conscientização dos trabalhadores e está
    implantando o programa DDS em outros setores.
5. Considerações finais
Ao terminarmos este artigo, chegamos à conclusão de que o Diálogo Diário de Segurança é
um instrumento valioso para a conscientização dos trabalhadores na prevenção de acidentes, e
que todas as empresas não só do segmento agroindustrial, mas também dos outros setores
deveriam adotá-lo, pois ele é muito barato e eficaz, de grande importância para a criação de
uma cultura de prevenção de acidentes do trabalho e para a valorização da vida, promovendo
a interação entre os funcionários e reduzindo os custos que as empresas e o governo têm com
os acidentes.
6. Referências bibliográficas
ALCANTRA, Diogo Bernardino; Diálogo Diário de Segurança; In: Jornal Observador,
ano XXXVIII – número 450 – outubro de 2009; p.2.
ANSELMI, Renato; Usinas criam hábitos para reduzir acidentes; In: Jornalcana, março
de 2009. p. 44.
BOUNASSAR, Camila; Avaliação psicológica e os acidentes do trabalho. Revista Contato
– CRP 08, ano 09, nº. 51, Curitiba, 2007. p 17.
DELA COLETA, José Augusto. Acidentes de Trabalho. São Paulo: Atlas, 1991.
DI LASCIO, C. H. R. A Psicologia no trabalho. Revista Contato – CRP 08, ano 23, nº.
113, Curitiba, 2001, p.11.
FILHO, Edgar Duarte. Programa 5 minutos diários – De Segurança, Saúde Ocupacional e Meio
Ambiente. 3.ed. Belo Horizonte, 1999.
ILDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produção. São Paulo: Afiliada, 2003.
Anuário Estatístico de acidentes do Trabalho 2006. Disponível em
<http://www.previdenciasocial.gov.br/arquivos/office/3_090519-153718-038.pdf>
(Acesso em: 29/06/2010)
Anuário Estatístico de acidentes do Trabalho 2008. Disponível em
<http://www.previdenciasocial.gov.br/arquivos/office/3_091125-174455-479.pdf>
(Acesso em: 30/06/2010)

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Importância do DDS na prevenção de acidentes no setor agroindustrial

  • 1. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 A importância do Diálogo Diário de Segurança – DDS para a prevenção de acidentes no segmento agroindustrial Rosiene Custódio (PITÁGORAS) rosiene_custodio@hotmail.com Aparecido Vieira Moura (PITÁGORAS) cido_moura2000@yahoo.com.br Roberto Souza Martins (PITÁGORAS) roberto.souza@pitagoras.com.br Resumo Este artigo tem como objetivo mostrar a importância do programa Diálogo Diário de Segurança para a prevenção de acidentes no segmento agroindustrial, buscando demonstrar o seu objetivo e funcionamento. O DDS é uma ferramenta muito utilizada pelas empresas, principalmente na indústria da construção civil, pois foca a conscientização diária do trabalhador, tendo em vista a grande ocorrência de acidentes de trabalho por fatores humanos neste segmento. O setor agroindustrial também registra muitos acidentes decorrentes de fatores comportamentais, de instrução e de falta de informação dos colaboradores. Palavras-chave: DDS, Diálogo Diário de Segurança, Prevenção de acidentes, Segmento agroindustrial. 1. Acidente do trabalho Segundo o artigo 19 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, “acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente”. Pode causar desde um simples afastamento, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, até mesmo a morte do segurado. Acidentes do trabalho registrados são aqueles cujas comunicações são protocolizadas e caracterizadas pelo INSS. Os acidentes do trabalho são classificados em: • Acidente típico – acidente decorrente da característica da atividade profissional desempenhada pelo acidentado; • Acidente de trajeto – acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado, e vice-versa; • Doença profissional ou do trabalho – entende-se por doença profissional aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinado ramo de atividade constante do Anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999; e por doença do trabalho, aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, desde que constante do Anexo citado anteriormente. A empresa deve comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo ou não afastamento do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o teto máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada na forma do artigo 286 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048 de 6 de maio de 1999.
  • 2. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 Os acidentes do trabalho devem ser comunicados por meio da CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho). Atualmente este documento é apresentado em três tipos a saber: 1 – Inicial: quando corresponder ao registro do evento do acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho; 2 – Reabertura: a correspondente ao reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente ou doença profissional ou do trabalho, já comunicada anteriormente ao INSS; 3 – Comunicação de óbito: a correspondente a falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial. As CAT’s de reabertura e de comunicação de óbito vinculam-se, sempre, as CAT’s iniciais, a fim de evitar-se a duplicação na captação das informações relativas aos registros. A contabilização dos registros de CAT’s é feita considerando-se a data da ocorrência do acidente. No caso de doença profissional ou do trabalho, é considerada a data do ínicio da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. A tabela 1 apresenta os dados de acidentes do trabalho registrados no INSS nos anos de 2004 à 2008. QUANTIDADE DE ANO ACIDENTES DO TRABALHO REGISTRADOS 2004 503.920 2005 545.703 2006 537.457 2007 681.972 2008 764.933 Tabela 1 – Acidentes do Trabalho Registrados no Brasil Fonte: Anuários Estatísticos de Acidentes do Trabalho de 2006 e 2008 da Previdência Social Ao analisar os dados da tabela 1, pode-se notar que o número de acidentes vem aumentando de forma significativa. Juntamente com esse aumento de acidentes, cresce também a cobrança do governo para que as empresas invistam mais na prevenção. O acidente do trabalho gera um impacto negativo em toda a empresa onde ele acontece, principalmente se for um acidente grave. Dentro dos impactos podemos listar os seguintes: • Impactos psicológicos: gerando muita insegurança entre os funcionários ocasionando baixa produtividade; • Impactos na imagem da empresa: através de exposições na mídia; • Impactos na participação dos resultados: com o não cumprimento das metas, a premiação de participação nos resultados da empresa cai, deixando os funcionários insatisfeitos; • Impactos financeiros para a empresa: através do pagamento de multas, indenizações e custos processuais, além do aumento do SAT (Seguro de Acidente do Trabalho). Além destes impactos quando ocorre um acidente, todos os envolvidos sofrem conseqüências:
  • 3. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 • O trabalhador que sofre a lesão, a dor, a preocupação com a inatividade, mesmo que temporariamente; • A família, que vivencia todo o sofrimento do acidentado, resultando também muitas vezes, como consequência, a desestruturação do ambiente familiar e a redução de seus vencimentos; • O empresário, que vê a interrupção de sua linha de produção, prejudicado financeiramente pela perda de máquinas, equipamentos, pela perda ou substituição do profissional, com seus custos aumentados, devido aos encargos previdenciários e sofrendo com a dor humana que envolve o acidentado e sua família; • Os companheiros de trabalho, que, atingidos psicologicamente, diminuem o ritmo de trabalho, levando a empresa a uma grande queda de produção; Diante disto, vemos que as conseqüências do acidente do trabalho adquire proporções imensuráveis. Todos os acidentes, por mínimos que sejam, sempre requerem cuidados especiais no tocante à readaptação do homem ao trabalho e, dependendo da lesão física, à sua reintegração na própria sociedade. Todo o trabalhador no exercício de sua profissão está sujeito a um acidente do trabalho, e algumas profissões apresentam probabilidades maiores que outras. A teoria do risco de acidente do trabalho aponta os principais agentes de risco ocupacionais presentes no ambiente de trabalho, são eles: físicos, mecânicos, biológicos, ergonômicos (considerados a partir da Segunda Guerra Mundial, seriam as condições de adequação dos instrumentos de trabalho ao homem) e mais recentemente, os riscos psicossociais, em razão da crescente exposição do trabalhador a situações de tensão no trabalho. As empresas perdem muito com os acidentes do trabalho, e por isso devem reduzir de forma expressiva os riscos e a ocorrência de acidentes, adotando medidas que tornem as atividades mais seguras e investindo na conscientização dos seus funcionários. O DDS é uma das medidas de prevenção cada vez mais utilizada pelas empresas a fim de reduzir os acidentes do trabalho. 2. Acidentes do Trabalho no setor agroindustrial Devido à grande exigência das empresas das regiões urbanas, por trabalhadores cada vez mais qualificados, as pessoas de menor qualificação se vêem obrigadas a procurar emprego no trabalho agroindustrial, pois neste segmento ainda existem muitas atividades manuais, de pouca exigência de instrução. Os trabalhadores do segmento agroindustrial estão mais expostos a ataques de animais peçonhentos, ao manuseio de agrotóxicos, posturas ergonômicamente inadequadas, ao uso de ferramentas manuais como motosseras, foices, enchadas e etc., a operação de silos e amazéns, a operação de tratores e colhetadeiras, e além destes riscos, eles também ficam mais expostos a raios e incêndios florestais. A agricultura por exemplo, é considerada pela Organização Internacional do Trabalho – OIT como uma das atividades profissionais de maior risco, equiparando-se à construção civil e à exploração do petróleo, por isso este segmento requer uma maior atenção na prevenção de acidentes do trabalho. As atividades que oferecem mais riscos no setor agroindustrial e que registram o maior número de acidentes são aquelas que envolvem o armazenamento de grãos, a produção de
  • 4. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 álcool, a manutenção de equipamentos, operação de máquinas e a aplicação de defensivos agrícolas. Todas essas atividades expõem o trabalhador a grandes riscos de acidentes e doenças que às vezes podem provocar sérias conseqüências, devido á complexidade das operações. 3. O comportamento humano como causa de Acidentes do Trabalho Muitos dos acidentes são comumente atribuídos a falhas humanas ou ao fator humano representado por desatenção, descuido, brincadeira, despreparo, incapacidade de quem se acidentou. Autores estudiosos do comportamento humano nos acidentes de trabalho, mostram que para haver negligência ou desatenção de um trabalhador, houve anteriormente uma série de decisões, atitudes, comportamentos organizacionais que criaram condições para que o acidente ocorresse (BOUNASSAR, 2007). Os acidentes, portanto, não são atribuídos a uma única causa, este fenômeno é multicausal, determinado por fatores que influenciam os indivíduos, alterando assim sua conduta frente às situações do dia – a – dia. Entender as causas dos acidentes é entender com maior clareza o comportamento de quem se acidenta, pois o comportamento é determinado tanto pela relação do homem com o meio como por suas características internas. O aspecto cognitivo incide na questão da segurança de uma pessoa. Quando, por exemplo, características exigidas pela tarefa a ser executada não são de conhecimento da pessoa que a realizará, ela não terá todas as informações dos perigos, riscos, procedimentos, controles a adotar para realizar a atividade de forma produtiva e segura para si e para os colegas (BOUNASSAR, 2007). Acidentes também são decorrência de fatores como máquinas inadequadas e ambientes desfavoráveis. Doenças na família e problemas financeiros, evidentemente influenciam o comportamento das pessoas. Para entender o processo dos acidentes, é importante ressaltar que o erro humano resulta na interação homem – trabalho ou homem – ambiente onde estão implícitos três elementos: uma ação variável, uma transformação do ambiente ou máquina que não atenda a determinados critérios e o julgamento da ação humana frente a esses critérios (Ilda, 2003 p.30). O erro humano acontece quando este percebe o ambiente de forma distorcida da realidade, seja por falta de informação do ambiente, percepção baixa dos perigos e riscos envolvidos na atividade e no ambiente, omissão dos fatos e de incidentes, falha em sua memória, erro em sua avaliação, falta de conhecimento de um procedimento, excesso de confiança e erro em seu processo de escolha. A experiência nas empresas mostra que muitos dos acidentados conhecem os perigos, riscos e procedimentos corretos a adotar, mas por alguma razão escolhem comportarem-se de forma inadequada. O repertório de comportamentos dos indivíduos é determinado por escolhas deles mesmos e isso é que vai expô-los aos riscos em seu ambiente de trabalho. Alguns estudiosos argumentam que os acidentes de trabalho não estão associados a características de personalidade, não podendo desta forma, serem as pessoas submetidas a avaliações psicológicas para serem avaliadas se possuem ou não propensão a sofrerem acidentes de trabalho (BOUNASSAR, 2007). Ilda (2003) em seus estudos procura demonstrar que existem pessoas com maior propensão a se acidentarem, porém a teoria mais aceita atualmente, é que as pessoas mais propensas a sofrerem acidentes existem de fato, porém não são dotadas de características permanentes que as tornam mais susceptíveis a sofrerem acidentes de trabalho.
  • 5. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 Dela Coleta (1991) menciona o fato de que muitos autores têm defendido opiniões que realçam a importância dos fatores ou traços de personalidade na determinação de acidentes, mas isto não foi ainda plenamente determinado. Quando se avalia a personalidade de um indivíduo, está sendo avaliada a organização dinâmica de seus aspectos biológicos, físicos, psíquicos, sociais, mentais e espirituais de sua interação com o meio externo. Considerando que o comportamento de um indivíduo pode ser alterado mediante as situações que ele enfrenta no dia – a – dia, testes psicológicos não têm condições de detectar todos esses aspectos. De acordo com a OIT só as causas naturais matam mais no mundo do que os acidentes de trabalho. As razões para explicar o elevado número de ocorrências dos acidentes são as mais diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas de trabalho, dos equipamentos, das ferramentas, deficiência nos processos de manutenção dos diversos elementos componentes do trabalho. Ocupando lugar de destaque como causa dos acidentes de trabalho encontra-se o fator humano, compreendendo características psicossociais do trabalhador, atitudes negativas para com as atividades prevencionista, aspectos da personalidade, falta de atenção, entre outras (DI LASCIO, 2001). O comportamento humano é algo bastante complexo, mas os estudos antropológicos nos colocam algumas luzes importantes sobre o assunto, e especialmente sobre como conseguir que as pessoas tenham o comportamento adequado. O nível mais primário de comportamento é a chamada opinião que a pessoa tem a respeito de determinado tema. Mas somente a opinião não ajuda muito, e diante de qualquer dificuldade, pode ser que a mesma deixe de lado o comportamento socialmente desejável. O nível seguinte é o da atitude. Aqui, a pessoa já tem um posicionamento mais firme, e não se desviará facilmente do comportamento escolhido por ela mesma, pois é pautado por uma série de convicções sobre o assunto. Mas o desejável, em relação aos comportamentos socialmente construtivos, é que a pessoa tenha crença. Na existência de uma crença, dificilmente a pessoa deixará de lado o comportamento compatível com a mesma. Por fim, não se pode esquecer da pressão social, como uma forma pragmaticamente muito eficaz de se obter das pessoas, o comportamento desejado contando-se com todo um esforço em prol da formação de uma crença, ou pelo menos da atitude correta. Em Segurança do Trabalho, esse modelo é perfeitamente aplicável. Desejamos e fazemos todos os esforços para que o trabalhador acredite, creia, nas atitudes seguras. Este é o norte de qualquer programa consistente (FILHO, 1999). 4. Programa DDS – Diálogo Diário de Segurança O Diálogo Diário de Segurança é um programa de segurança muito utilizado por várias empresas de diversos segmentos, para a prevenção de acidentes e conscientização dos empregados, que vem ganhando espaço e sendo cada vez mais utilizado por profissionais da área de segurança e saúde do trabalho. É um programa destinado a criar, desenvolver e manter atitudes prevencionistas na empresa, através da conscientização de todos os empregados (FILHO, 1999, p.01). Este programa consiste em uma reunião, recomendada antes do início das atividades diárias na empresa e com duração de 5 a 15 minutos, para a discussão e instruções básicas de assuntos ligados à segurança e saúde no trabalho que devem ser utilizadas e praticadas por todos os participantes. Desta forma, este programa pode ajudar muito na redução de acidentes
  • 6. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 no segmento agroindustrial, pois foca a conscientização dos trabalhadores, sendo que a maioria dos acidentes que ocorrem nesta área, se deve principalmente, à fatores humanos ligados diretamente com a falta de instrução dos colaboradores. Os temas a serem escolhidos poderão ser livres, porém, que possam estimular o lado humano das pessoas, discutindo assuntos que impactam no desempenho do trabalho. 3. A importância do DDS para a conscientização dos trabalhadores Muitos trabalhadores ainda não tem a consciência de que a segurança do trabalho é importante, e que os funcionários são os mais prejudicados quando sofrem algum acidente do trabalho. Alguns até tornam os trabalhos de prevenção nas empresas muito difíceis devido a resistência ao uso de equipamentos de segurança e ao seguimento das normas. O Diálogo Diário de Segurança contribui de forma significativa para a consciêntização dos funcionários, pois através dele, os supervisores mostram que além de estarem preocupados com a produção, eles também dão importância para a segurança do trabalho. Quando o funcionário é motivado a falar sobre algum acidente, que tenha acontecido com ele ou que ele tenha presenciado, ou até mesmo que tenha ouvido alguém comentar, ele começa a se preocupar mais sobre o assunto, dando mais importância à segurança. O DDS, além de aumentar a conscientização dos trabalhadores, ajuda a equipe a se interagir mais, aumentando também o comprometimento de todos com a segurança. 4.1. Funcionamento do Diálogo Diário de Segurança Para se obter um resultado positivo com o programa DDS é importante: a) Deixar claro aos empregados o que é DDS, qual o seu objetivo e funcionamento, e a importância da participação de todos; b) Ter sempre em foco o objetivo do DDS, criando condições para que os empregados possam trocar informações, apresentar idéias, sugestões, comentar dúvidas e dificuldades relacionadas à Segurança e Saúde no trabalho; c) Buscar temas atuais e interessantes, considerando sempre as características de cada grupo de trabalho; d) Fazer um planejamento sobre o tema a ser discutido, local e dia apropriados, incentivando a participação do grupo, convidando-os a conduzirem o DDS; e) Expor o assunto de forma clara e com linguagem adequada, considerando o nível de entendimento dos participantes. f) Convidar, eventualmente, profissionais de outras áreas para falar sobre temas técnicos, como por exemplo, enfermeiros, psicólogos, engenheiros e técnicos. g) Concluir a idéia inicial, dando oportunidades para exposição de idéias, tomando cuidado para que não tenha conotação de promessa, pois se a mesma não for cumprida o DDS (e até o próprio instrutor) poderá perder a credibilidade. h) Registrar o DDS, criando procedimento próprio ou da empresa, onde deverá constar a data, duração, local, assunto abordado, nomes e número de participantes. O registro é muito importante, pois possibilita o gerenciamento do DDS como ferramenta para a identificação de novos temas e dos temas já abordados, evitando a repetição dos mesmos. Também serve para acompanhamento da participação dos integrantes do grupo durante as reuniões.
  • 7. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 4.2. Formato do DDS Apresentamos aqui a forma em que é feito o Diálogo Diário de Segurança nas empresas. 1 – O departamento de segurança do trabalho passa o manual com os temas para o supervisor. 2 – O supervisor estuda sobre o tema no dia anterior ao DDS. 3 – O supervisor reúne a equipe antes de iniciarem o trabalho. 4 – O supervisor conversa com a equipe durante 5 a 10 minutos sobre o tema. 5 – O supervisor da oportunidade para os funcionários que quiserem falar um pouco sobre o tema. 6 – O supervisor coleta as assinaturas dos participantes na lista de presença. 7 – Após coletar as assinaturas, o supervisor libera os funcionários para iniciarem suas respectivas atividades. 4.3. Exemplos da eficiência do DDS Os exemplos sobre a eficiência deste programa são muitos, dentre eles, apresenta-se abaixo os da Usina Ipê e da Usina São José de Estiva, empresas do segmento sucro alcooleiro que investiram no DDS e tiveram grandes resultados a partir da implantação deste. Organizado para promover, em conjunto com outras ações, o desenvolvimento da cultura organizacional de segurança, o DDS, reúne todos os funcionários da área industrial diariamente para uma conversa sobre temas de segurança. Resultado de uma proposta que surgiu durante uma reunião da CIPA em 2008, o DDS está em funcionamento desde o início da safra de 2009. Em toda a entrada de turno, os funcionários da indústria vão para o
  • 8. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 refeitório, onde, por 15 minutos, conversam com o gestor e um representante da área de segurança sobre temas previamente estabelecidos (ANSELMI, 2009). Os resultados são perceptíveis e o índice de acidentes vem caindo sensivelmente desde a safra de 2009. No mês de setembro de 2009, por exemplo, não aconteceu nenhum acidente na área industrial da Ipê. Em função da avaliação positiva do programa, em breve, será ampliado para os funcionários da oficina mecânica agrícola, que contarão com mais esse recurso para garantir a boa condição de segurança no trabalho (ANSELMI, 2009). A preocupação de diversas usinas e destilarias, na área de segurança do trabalho e saúde ocupacional, não se restringe ao cumprimento de normas e portarias. Existe hoje uma conscientização sobre a necessidade de se criar hábitos que possam reduzir riscos de acidentes e melhorar as condições de trabalho e de qualidade de vida dos empregados dos setores agrícola, automotivo, industrial e administrativo. A Usina São José de Estiva, de Novo Horizonte, SP, por exemplo, já se tornou referência na área. Vencedora do Prêmio Master Cana Social 2008 na categoria “Saúde Ocupacional” com o case “Saúde, segurança e prestação de serviços” , essa usina tem alcançado resultados positivos no dia a dia. Em 2009, a unidade industrial chegou a completar 91 dias sem acidentes (ALCANTRA, 2009). Este resultado é muito bom para as empresas deste setor, e assim nos ajuda a comprovarmos a importância do DDS para o segmento agroindustrial. Com base no Diálogo Diário de Segurança, a Usina São José da Estiva, para despertar a consciência sobre a necessidade de prevenção de acidentes do trabalho, desde o final de 2004, implantou as Palestras Semanais de Segurança (PSS), realizadas na entressafra, que têm o objetivo de criar condições para a troca de informações, apresentação de idéias, dúvidas e dificuldades relacionadas à saúde, segurança e meio ambiente. Instalação e equipamentos de proteção (EPIs), trabalho em equipe, espaços confinados são alguns temas abordados nesses encontros realizados durante a entressafra. Em uma empresa do ramo da avicultura, situada em Uberlândia-MG, com 1600 funcionários, o Diálogo Diário de Segurança foi sugerido pelo SESMT da empresa para a redução dos acidentes no setor de manutenção, pois este departamento registrava em média 10 acidentes por ano. O resultado foi excelente, em apenas um ano após a implantação do DDS obteve-se uma redução de 80% dos acidentes. E além da redução do número acidentes, notou-se o aumento do compromentimento dos trabalhadores com a prevenção de acidentes. A gerência da área ficou tão satisfeita com os resultados obtidos, que resolveu tornar pernamente o Diálogo Diário de Segurança no setor. Após este grande retorno, a empresa fez uma pesquisa com os funcionários que participam do Diálogo Diário de Segurança. Foi passado para o colaboradores o seguinte questionário: Pesquisa de campo sobre o DDS ( Diálogo Diário de Segurança ): 1 – O que você acha do Diálogo Diário de Segurança? ( ) Ótimo; ( ) Regular; ( ) Ruim. 2 – O que você acha mais importante no Diálogo Diário de Segurança? ( ) A interação entre os funcionários; ( ) O aprendizado sobre segurança do trabalho; ( ) A motivação para a prevenção de acidentes.
  • 9. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010 3 – Na sua opinião, como foi a contribuição do Diálogo Diário de Segurança na redução dos acidentes? ( ) Contribuiu muito; ( ) Contribuiu pouco; ( ) Indiferente. 4 – Você gosta de participar do Diálogo Diário de Segurança? ( ) Sim; ( ) Não; ( ) Indiferente. 5 – O que acha dos temas abordados no Diálogo Diário de Segurança? ( ) Bons; ( ) Ruins; ( ) Indiferente. Com este questionário a empresa queria saber qual a opinião dos funcionários em relação ao programa Diálogo Diário de Segurança. Este retorno seria de grande importância para a empresa identificar pontos de melhorias nas reuniões do DDS. Assim como a rapidez da redução dos índices de acidentes do trabalho no setor, o resultado da pesquisa também surpreendeu os responsáveis pelo Diálogo Diário de Segurança e também o gerente da área. Segue abaixo o resultado da pesquisa. Resultado da pesquisa de campo sobre o Programa DDS - Diálogo Diário de Segurança Pergunta 1 – O que você acha do Diálogo Diário de Segurança?  100 % dos pesquisados responderam que acham ótimo o DDS. Pergunta 2 – O que você acha mais importante no Diálogo Diário de Segurança?  10 % dos pesquizados responderam que o mais importante no DDS é a interação em os funcionários;  45 % dos pesquisados responderam que o mais importante no DDS é o aprendizado sobre segurança do trabalho;  45 % dos pesquisados responderam que o mais importante no DDS é a motivação para a prevenção de acidentes. Pergunta 3 – Na sua opinião, como foi a contribuição do Diálogo Diário de Segurança na redução dos acidentes?  90 % dos pesquisados responderam que o DDS contribuiu muito para a redução dos acidentes;  10 % dos pesquisados responderam que o DDS contribuiu pouco para a redução dos acidentes. Pergunta 4 – Você gosta de participar do Diálogo Diário de Segurança?  100 % dos pesquisados responderam que gostam de participar do DDS. Pergunta 5 – O que acha dos temas abordados no Diálogo Diário de Segurança?
  • 10. Trabalho de Conclusão de Curso–Engenharia de Segurança do Trabalho, Pitágoras – Uberlândia, MG, Brasil, 1ºSemestre/2010  100 % dos pesquisados responderam que os temas abordados no DDS são bons. Como podemos verificar nas respostas, 100 % dos funcionários consideram o programa importante e gostam de participar, vale ressaltar que 10 % dos colaboradores acreditam que o DDS não contribuiu para a redução dos acidentes. A empresa está utilizando as respostas do questionário para melhorar a conscientização dos trabalhadores e está implantando o programa DDS em outros setores. 5. Considerações finais Ao terminarmos este artigo, chegamos à conclusão de que o Diálogo Diário de Segurança é um instrumento valioso para a conscientização dos trabalhadores na prevenção de acidentes, e que todas as empresas não só do segmento agroindustrial, mas também dos outros setores deveriam adotá-lo, pois ele é muito barato e eficaz, de grande importância para a criação de uma cultura de prevenção de acidentes do trabalho e para a valorização da vida, promovendo a interação entre os funcionários e reduzindo os custos que as empresas e o governo têm com os acidentes. 6. Referências bibliográficas ALCANTRA, Diogo Bernardino; Diálogo Diário de Segurança; In: Jornal Observador, ano XXXVIII – número 450 – outubro de 2009; p.2. ANSELMI, Renato; Usinas criam hábitos para reduzir acidentes; In: Jornalcana, março de 2009. p. 44. BOUNASSAR, Camila; Avaliação psicológica e os acidentes do trabalho. Revista Contato – CRP 08, ano 09, nº. 51, Curitiba, 2007. p 17. DELA COLETA, José Augusto. Acidentes de Trabalho. São Paulo: Atlas, 1991. DI LASCIO, C. H. R. A Psicologia no trabalho. Revista Contato – CRP 08, ano 23, nº. 113, Curitiba, 2001, p.11. FILHO, Edgar Duarte. Programa 5 minutos diários – De Segurança, Saúde Ocupacional e Meio Ambiente. 3.ed. Belo Horizonte, 1999. ILDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produção. São Paulo: Afiliada, 2003. Anuário Estatístico de acidentes do Trabalho 2006. Disponível em <http://www.previdenciasocial.gov.br/arquivos/office/3_090519-153718-038.pdf> (Acesso em: 29/06/2010) Anuário Estatístico de acidentes do Trabalho 2008. Disponível em <http://www.previdenciasocial.gov.br/arquivos/office/3_091125-174455-479.pdf> (Acesso em: 30/06/2010)