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FACULDADES ENERGIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS
(FEAN)
CURSO DE DESIGN GRÁFICO
RAMON NUNES REBELO
DIRETRIZES POR MEIO DO DESIGN GRÁFICO PARA A
ELABORAÇÃO DE PORTAIS CORPORATIVOS COMO
FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE INOVAÇÃO
FLORIANÓPOLIS
2014
RAMON NUNES REBELO
DIRETRIZES POR MEIO DO DESIGN GRÁFICO PARA A
ELABORAÇÃO DE PORTAIS CORPORATIVOS COMO
FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE INOVAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Design Gráfico das
Faculdades Energia como quesito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Design Gráfico.
Orientador (a): Prof.ª Me. Inara AntunesVieira Willerding
FLORIANÓPOLIS
2014
RAMON NUNES REBELO
DIRETRIZES POR MEIO DO DESIGN GRÁFICO PARA A
ELABORAÇÃO DE PORTAIS CORPORATIVOS COMO
FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE INOVAÇÃO
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado como quesito parcial para a
obtenção do título de bacharel em design gráfico pelas Faculdades Energia de Administração
e Negócios (FEAN), pela comissão formada por:
_____________________________
Orientador (a): Prof.ª Me. Inara AntunesVieira Willerding
_____________________________
Prof. Me. Israel de Alcântara Braglia
_____________________________
Prof. Me. Ildo Francisco Golfetto
Florianópolis, 08 de abril de 2014.
Dedico este trabalho aos meus familiares que
sempre me apoiaram nas minhas decisões.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo sugerir, por meio do design gráfico, diretrizes para a
elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação. Estes portais são
instrumentos que possibilitam às empresas ampliarem seus horizontes de comunicação e, por
serem veículos que compartilham informação, podem promover melhorias nas próprias
companhias. Já a inovação permite que as organizações se reinventem e se reposicionem no
mercado; porém, este é um processo bastante complicado onde um passo em falso pode
determinar o fim de um projeto ou até mesmo do próprio negócio. Como procedimento
metodológico utilizou-se o tipo de pesquisa descritivo-exploratória de natureza qualitativa, já
que os dados e situações exploradas neste trabalho são analisados visando-se a realização de
estudos que levem a alcançar o objetivo proposto. Para a definição dos parâmetros de trabalho
e para melhor organizar o seu desenvolvimento adotou-se a metodologia de projeto criada nos
pelo arquiteto e designer argentino Guilhermo Gonzáles Ruiz (199-?). O autor divide um
projeto em três fases complementares: análise, criação e execução. Os conceitos estabelecidos
por ele serviram de base ideológica para a aplicação das diretrizes sugeridas em um modelo
aberto de portai disponível na internet através de seu redesign. Com isto, demonstrou-se a
importância do design gráfico como elemento chave na elaboração de projetos de portais
corporativos para qualquer tipo de empresa e apresentou-se também algumas das vantagens
que podem ser obtidas pelas empresas ao utilizarem os portais corporativos em seus processos
de inovação. Por fim, fez-se a conclusão e expuseram-se as considerações finais deste
trabalho.
Palavras chave: Design gráfico; Inovação; Portal corporativo.
ABSTRACT
This study aims to suggest, through graphic design, guidelines for the development of
enterprise portals as a strategic tool for innovation. These portals are tools that enable
companies to expand their horizons of communication and, for being vehicles that share
information, they can make improvements in their own companies. Now the innovation allows
the organizations to reinvent and reposition in the market, but this is a fairly complicated
process where a misstep can determine the end of a project or even the business itself. As a
methodological the type of research used was the descriptive and exploratory of qualitative
nature, since data and situations explored in this work are analyzed aiming to conduct studies
that will lead to achieving the objective. For the definition of work standards and to better
organize their development was adopted the design methodology created by the Argentine
architect and designer Guillermo Gonzales Ruiz (199-?). The author divides a project into
three complementary phases: analysis, design and implementation. The criteria established
by it served as ideological basis for the application of the guidelines suggested in an open
model portal available on the internet through your redesign. With this could be
demonstrated the importance of graphic design as a key element in the drafting of corporate
portals for any kind of company and also introduced some of the advantages that can be
obtained by companies when using enterprise portals in their innovation processes. Lastly,
the concluding remarks of this work were made.
Keywords: Graphic design, Innovation, Corporate portal
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Cartaz veiculado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.............20
Figura 2 - Pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Lascaux ........................................22
Figura 3 - Elementos tipográficos como representação dos países em um mapa.....................23
Figura 4 - Exemplo de uma rede de relacionamento de uma empresa utilizando um portal
corporativo................................................................................................................................35
Figura 5 - Metodologia de projeto criada por Guilhermo Gonzáles Ruiz................................43
Figura 6 - Captura de tela da página principal do portal corporativo Infoscoop......................50
Figura 7 - Redundância de conteúdo........................................................................................52
Figura 8 - Menu lateral .............................................................................................................53
Figura 9 - Redesign Infoscoop..................................................................................................55
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABRA - Academia Brasileira de Artes
ABRACOM - Associação Brasileira das Agências de Comunicação
ADG BRASIL - Associação dos Designers Gráficos do Brasil
ADEGRAF - Associação dos Designers Gráficos do Distrito Federal
CEOs - Chief Executive Officers
CNI - Confederação Nacional da Indústria
ICSID - International Council Societies of Industrial Design
ISO - International Organization for Standardization
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
PME - Pequenas e Médias Empresas
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA.........................................................................................12
1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................12
1.2.1 Geral ...............................................................................................................................12
1.2.2 Específicos ......................................................................................................................13
1.3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................13
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................14
1.4.1 Quanto à abordagem.....................................................................................................15
1.4.2 Quanto aos fins ..............................................................................................................15
1.4.3 Quanto aos meios...........................................................................................................16
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .....................................................................................16
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................................16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................................18
2.1 DESIGN..............................................................................................................................18
2.2 DESIGN GRÁFICO ...........................................................................................................22
2.3 INOVAÇÃO.......................................................................................................................24
2.3.1 O design como diferencial no processo de inovação...................................................28
2.4 PORTAIS CORPORATIVOS............................................................................................30
2.4.1 Contextualização............................................................................................................30
2.4.2 Definições e funções de um portal corporativo...........................................................33
2.5 PRINCÍPIOS DA INTERAÇÃO HUMANO-COMPUTADOR .......................................37
2.5.1 Experiência do usuário (UX) ........................................................................................38
2.5.2 Design de interação e de interfaces ..............................................................................39
2.5.3 Design de informação....................................................................................................40
2.5.4 Usabilidade.....................................................................................................................40
3 SUGESTÃO DE DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE PORTAIS
CORPORATIVOS .................................................................................................................42
3.1 METODOLOGIA DE PROJETO ......................................................................................42
3.2 FASE ANALÍTICA............................................................................................................44
3.2.1 Arquitetura de informação...........................................................................................44
3.2.2 Visual ..............................................................................................................................46
3.2.3 Usabilidade.....................................................................................................................47
3.2.4 Análise do portal corporativo Infoscoop .....................................................................50
3.2.4.1 Arquitetura de informação ...........................................................................................51
3.2.4.2 Visual............................................................................................................................52
3.2.4.3 Usabilidade...................................................................................................................53
3.3 FASE CRIATIVA ..............................................................................................................54
3.3.1 Redesign Infoscoop ........................................................................................................54
3.3.1.1 Arquitetura de informação ...........................................................................................55
3.3.1.2 Visual............................................................................................................................56
3.3.1.3 Usabilidade...................................................................................................................57
3.4 REFLEXÕES CONCLUSIVAS ........................................................................................57
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................60
4.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................................62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................63
APÊNDICE .............................................................................................................................70
ANEXO....................................................................................................................................71
11
1 INTRODUÇÃO
Em um mundo onde o mercado é tão competitivo e a economia bastante instável, boa
parte das companhias passa por dificuldades e mal conseguem enfrentar os problemas aos
quais são expostas. Isto acontece porque muitas delas ainda utilizam ferramentas e técnicas de
gestão que perderam a eficiência em virtude das mudanças no cenário econômico.
Atualmente, buscar soluções inteligentes, criativas e que sejam capazes de diferenciar
um negócio perante seus concorrentes é fundamental para a conquista do tão sonhado sucesso;
motivo pelo qual a inovação corporativa vem ganhando cada vez mais espaço e destaque
como um importante diferencial estratégico.
Segundo Drucker (1986), a inovação é um instrumento próprio e específico de
empreendedores que explora a mudança como uma oportunidade de serviço ou de um negócio
diferente, sendo a criatividade o principal propulsor na geração de ideias.
Mas, para inovar, não basta ser apenas criativo. De acordo com Adriano Augusto
Campos, consultor do Sebrae-SP (ESTADÃO PME, 2012), “ser inovador implica muito mais
em estar atento ao que acontece ao seu redor do que ter criatividade. Tudo que melhore o
funcionamento da empresa já é inovação”. Isto não significa que o processo criativo não seja
importante. Deve-se fazer com que todo este desenvolvimento esteja alinhado às etapas
definidas para o processo de inovação. Para o consultor e pesquisador Mark Johnson,
cofundador da empresa de consultoria Innosight, "o processo criativo não é apenas ter a ideia.
O mais importante é o modo como essas ideias tomam forma através do processo de
inovação” (ADMINISTRADORES, 2011). Uma destas etapas envolve a comunicação
interna, responsável pela transmissão de conteúdos relevantes para a empresa entre seus
integrantes.
Como nem sempre as informações em uma organização são transmitidas com eficácia
entre seus colaboradores, um dos recursos mais utilizados no meio empresarial a fim de
minimizar eventuais problemas e ampliar a eficiência da comunicação interna são os portais
corporativos. Estes têm como principais objetivos a centralização, organização e a
distribuição de conteúdos específicos para que qualquer pessoa autorizada possa acessá-los.
Apesar de os portais serem projetados para atividades empresariais, nem sempre os
projetos que envolvem suas criações atendem às necessidades do usuário final. Em casos
como este, o design gráfico pode ser utilizado para projetar um ambiente mais adequado,
agradável, simples e que consiga transmitir com clareza as mensagens da empresa.
12
De acordo com Bersen (1987), o design é um meio que possibilita definir a qualidade
dos produtos e atua diretamente no processo de comunicação das organizações, explorando o
seu potencial criativo e seus atributos; portanto, tem como função gerar alternativas e criar
meios para facilitar a comunicação entre a empresa e toda sua equipe. Neste contexto, o foco
desta pesquisa, tendo o design gráfico como base conceitual e visual, está em sugerir
diretrizes para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação.
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
A comunicação interna, no âmbito empresarial, exerce um importante papel no que diz
respeito à criação e manutenção de um bom relacionamento entre o colaborador e a empresa;
podendo também, ser explorada no processo de inovação por meio de técnicas e ferramentas
específicas, tais como os portais corporativos. Diante desta situação, sugerem-se diretrizes por
meio do design gráfico para a elaboração de portais corporativos e que possam ser utilizados
por qualquer instituição.
Baseando-se na proposta apresentada, faz-se a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as
diretrizes mais relevantes por meio do design gráfico para a elaboração de portais
corporativos como ferramenta estratégica de inovação?
1.2 OBJETIVOS
Em resposta ao problema proposto, o presente trabalho apresenta os objetivos a seguir.
1.2.1 Objetivo geral
Sugerir diretrizes por meio do design gráfico para a elaboração de portais corporativos
como ferramenta estratégica de inovação.
13
1.2.2 Objetivos específicos
Para atender às necessidades do objetivo geral traçado, têm-se os seguintes objetivos
específicos:
• Abordar o processo de inovação em uma organização;
• Descrever a relevância do design gráfico para as organizações;
• Identificar a relação existente entre os portais corporativos e o processo de
inovação;
• Propor aplicações para as diretrizes sugeridas por meio do redesign de um
portal corporativo já existente no mercado.
1.3 JUSTIFICATIVA
A origem deste trabalho decorre do interesse do pesquisador por assuntos que
envolvem economia, inovação, marketing, gestão de pessoas, web e design gráfico.
A ideia de integrar estas áreas do conhecimento e explorá-las em um trabalho de
conclusão de curso vem desde o início da formação acadêmica, mas o que de fato definiu os
rumos desta pesquisa foi a disciplina de Empreendedorismo Aplicado ao Design Gráfico.
Nesta cadeira da 7ª fase da graduação, os alunos participaram de um ciclo de palestras
onde cinco empreendedores locais narraram aos acadêmicos sua trajetória de vida e como
alcançaram o sucesso profissional. Todos os palestrantes, apesar de suas particularidades,
tiveram a mesma opinião a respeito do processo de inovação corporativa; de como não só é
importante, mas também, essencial para o presente e o futuro de uma empresa. Estas palestras
serviram de inspiração e motivação para o aprofundamento do assunto pelo acadêmico.
Como fontes de pesquisa utilizou-se livros, artigos, revistas e sites especializados nos
temas abordados. Os resultados obtidos foram semelhantes às opiniões dos entrevistados. Um
exemplo da grande importância e necessidade da inovação para qualquer negócio é o caso da
Kodak. A empresa sempre foi pioneira no ramo fotográfico e já deteve cerca de 85% do
Market share1
de filmes fotográficos (EXAME, 2013). Porém, após a década de 90,
simplesmente parou no tempo, traçou metas equivocadas e pouco inovou, perdendo força e
1
De acordo com Kotler (1999), o termo Market share corresponde à participação de uma empresa no mercado,
sendo conhecida também por quota de mercado de uma companhia.
14
espaço no mercado para seus concorrentes chegando ao ponto de quase fechar suas portas em
2012, depois de 131 anos de existência.
A relevância desta pesquisa se dá por dois motivos principais: o primeiro refere-se ao
fato de que existem poucas regras ou modelos que determinem como ou de que forma se deve
inovar (SIMANTOB; LIPPI, 2003), ficando a critério de cada responsável pelo projeto definir
suas metas e objetivos para o processo de inovação; o segundo motivo diz respeito à sugestão
de diretrizes baseadas no design gráfico para a elaboração de portais corporativos como
ferramenta estratégica de inovação. Esta etapa dá-se por meio da indicação de pontos
específicos que podem ser trabalhados na construção de um ambiente organizacional que
permita uma melhor transmissão e receptividade das informações essenciais para o
funcionamento de uma companhia.
Possui também relevâncias científicas por contribuir com o desenvolvimento de
estudos em uma área ainda pouco explorada, a de projetos gráficos para a elaboração de
portais corporativos e sua aplicação em processos de inovação empresarial. Por meio desta
pesquisa pode-se compreender melhor a importância e os benefícios que um bom projeto de
design gráfico pode trazer não só para uma empresa, mas também, para seus colaboradores, já
que promove melhorias no relacionamento interpessoal e facilita a realização de tarefas
cotidianas por sua equipe.
Esta visão pode ser estendida para todos os parceiros envolvidos; pois, se o resultado
de um projeto for positivo, mais fácil será sua expansão e adequação para outros segmentos
ou áreas de atuação. Estes portais, quando bem estruturados, podem ser uma valiosa e
poderosa ferramenta de auxílio no processo de inovação de uma companhia.
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A partir da fundamentação teórica, as áreas do conhecimento abordadas foram
relacionadas para que sirvam de base conceitual a fim de se atingir os objetivos propostos.
Com relação aos métodos de pesquisa e técnicas utilizadas para o desenvolvimento deste
trabalho deu-se foco inicialmente para a definição do tipo de pesquisa; em seguida, fez-se sua
delimitação e, por fim, concluiu-se com a reflexão sobre as informações previamente
levantadas.
Em relação à pesquisa proposta, sua classificação foi estabelecida quanto à sua
abordagem, aos seus fins e aos meios.
15
1.4.1 Quanto à abordagem
Estre trabalho apresenta um método de pesquisa qualitativo, uma vez que busca uma
melhor descrição e compreensão dos diversos conceitos utilizados não se baseando em
elementos mensuráveis ou estatísticos. Segundo Honorato (2004, p. 97), a pesquisa qualitativa
“proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema. [...] caracteriza-se pela
análise psicológica dos fenômenos de consumo, pela explicação das razões pelas quais se age
determinado modo e pela impossibilidade de quantificação”.
De acordo com Downey e Ireland (1979), os métodos qualitativos possuem grande
importância em estudos organizacionais, principalmente quando se trata da avaliação e
levantamento de características de ambientes e situações.
1.4.2 Quanto aos fins
Este trabalho tem caráter exploratório e descritivo, uma vez que o principal objetivo
destes tipos de pesquisas é focar em um determinado problema a fim de proporcionar um
melhor entendimento sobre o mesmo.
Segundo Vergara (2000), a pesquisa exploratória é realizada em áreas pouco
exploradas e que carecem de conhecimentos científicos mais aprofundados. Para Severino
(2007, p. 123), é um meio que “busca apenas levantar informações sobre um determinando
objeto, delimitando assim um campo de trabalho mapeando as condições de manifestações
desse objeto”. Estas delimitações do campo a ser estudado permitem uma maior integração
entre o problema e seu pesquisador. Assim, torna-se possível estabelecer métodos e técnicas
mais apuradas para que o objetivo geral seja alcançado.
Já a característica descritiva dá-se pela interpretação das informações coletadas
durante a pesquisa bibliográfica. Para Vergara (2000, p. 47), este tipo de pesquisa “não tem o
compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal
explicação”. De acordo com Gil (2007, p. 46), estas descrições “acabam servindo mais para
proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias”; já
Manning (1979) pondera que a exploração do caráter descritivo é fundamental em um estudo
qualitativo porque serve de referência para os dados coletados.
16
1.4.3 Quanto aos meios
Esta pesquisa é classificada como bibliográfica. Segundo Fonseca (2002, p. 32), “a
pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e
publicadas, por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web
sites”.
Para Gil (2007), um dos exemplos mais característicos da pesquisa bibliográfica é o
que propõem a análise das opiniões que envolvem um problema. O levantamento de dados
deste trabalho provém deste tipo de pesquisa, mais precisamente de livros, artigos, revistas e
publicações eletrônicas.
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa tem como foco a sugestão de diretrizes por meio do design gráfico para
a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação, podendo servir
de base conceitual para qualquer instituição. Para a aplicação das diretrizes sugeridas
escolheu-se o portal corporativo Infoscoop2
, disponível gratuitamente na internet para testes.
A delimitação desta pesquisa está em mostrar como o design gráfico pode ser aplicado para
melhorar a estrutura do referido portal corporativo e não visa o desenvolvimento de um
modelo para substituí-lo.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho está estruturado em seis capítulos, sendo o primeiro deles composto pela
introdução, que tem como subcapítulos a definição do problema, objetivos, justificativa,
procedimentos metodológicos, delimitação da pesquisa e estrutura do TCC.
O segundo consiste no referencial teórico e está dividido em quatro subcapítulos.
Inicia-se com um breve histórico sobre o significado do design, sua origem e evolução ao
longo dos anos. No subcapítulo sequente faz-se uma abordagem mais específica com relação
ao design gráfico, uma das ramificações do design, sendo feita também uma rápida menção a
2
www.infoscoop.org
17
respeito da sua inserção no mercado como profissão. Segue-se com a abordagem de questões
que envolvem inovação e de como o design gráfico pode ser inserido neste processo.
Continua-se com o tratamento de assuntos relacionados aos portais corporativos, tais como
conceitos, funcionalidades e as condições sócio-econômicas que propiciaram o seu
surgimento. E contempla-se, no último subcapítulo, os princípios da interação humano-
computador.
No terceiro capítulo apresenta-se a metodologia do projeto adotada e sugerem-se
diretrizes para a elaboração de portais corporativos baseando-se em conceitos do design
gráfico. Por fim, são feitas as reflexões conclusivas.
Abordam-se, no último capítulo, as considerações finais e as sugestões para trabalhos
futuros.
Conclui-se este trabalho com a apresentação das referências bibliográficas, do anexo e
do apêndice.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para a elaboração do referencial teórico foram analisadas obras de diversos autores e
especialistas em suas áreas de atuação profissional. Inicia-se com uma rápida introdução sobre
a história e a função do design, seguida por uma abordagem mais específica com relação ao
design gráfico. Sua sequência dá-se através da exploração do tema inovação e finaliza-se com
o levantamento de informações relacionadas aos portais corporativos.
2.1 DESIGN
Existem muitas definições sobre o que é design. A maioria delas é relativa a um
determinado contexto histórico e foram influenciadas, principalmente, por transformações
culturais, sociais, tecnológicas e políticas.
Segundo Buchanan (1992), o design compreende uma atividade projetual de criação,
inovação e avaliação de objetos que tem a capacidade de assumir variadas formas e com
potencial para atuar em diversos níveis operacionais de qualquer área do conhecimento
humano.
A International Council Societies of Industrial Design (ICSID) propõe que o design é
uma atividade criativa com o objetivo de moldar, planejar e estabelecer a qualidade de
processos, produtos e serviços para que os resultados dos processos sejam os melhores
possíveis (ICSID apud MOZOTA; KLÖPSCH; COSTA, 2011).
Já para Wollner, definir o termo "design" não é uma tarefa simples,
[...] porque a evolução da linguagem, dos elementos técnicos é tão rápida que se fala
de uma coisa hoje e ela é diferente amanhã. Mas a gente pode dizer que é
dimensionar uma estrutura onde todos os elementos visuais nos vários meios de
comunicação visual. Não é só fazer uma marquinha sem se preocupar com o
comportamento que essa marca vai ter em todo o contexto, não só da indústria, mas
também da comunicação visual. Ela precisa estar baseada em toda uma estruturação
e prever aplicações bastante coerentes. Essa é a proposta do design, que não está
preocupado com a estética, mas com a função, com materiais, com a ergonomia
visual, com aplicações planas e não planas. Deve saber, por exemplo, como uma
embalagem redonda se comporta, como ela pode ser fragmentada e como a
publicidade vai ser usada dentro dessa estrutura. Um trabalho de design gráfico deve
durar no mínimo vinte a trinta anos, Um logotipo não perde a atualidade, e a
potencialidade está em torno desse sinal, desse elemento (WOLLNER, 2003, p. 91).
A base de todos estes conceitos surgiu na Idade Média. Na época não existia um termo
chamado “design”, mas primitivos estudos que buscavam solucionar os problemas cotidianos.
19
A necessidade básica dos povos era meramente comunicativa e se pretendia proporcionar ao
homem medieval um melhor entendimento das mensagens transmitidas (WOLLNER, 2002).
Segundo ele foi apenas na Europa do século XVIII, em plena Revolução Industrial que
o design, propriamente dito, surgiu. Conforme a população crescia e enriquecia, a exigência
por uma melhor qualidade e uma maior diversidade dos bens produzidos passou a ser
desejada pelas pessoas em um mundo onde, até então, tudo tinha a mesma “cor” e a mesma
“aparência”.
O homem percebeu que era preciso diferenciar suas mercadorias e transformá-las em
algo único. Ao mesmo tempo em que fugia do comum e ganhava destaque no comércio;
agregava valor ao seu produto. Este processo teve o apoio de um aliado muito forte: a
tecnologia (HOLLIS, 2001).
o design nasceu da necessidade que a sociedade industrial sentiu, mais precisamente
na Europa em meados do século XIX, de criar mecanismos que pudessem dar nexo
ao novo modo de produção de objetos e informações. É quando surge o projeto
industrial, ou seja, o meio através do qual um novo especialista, o designer passa a
controlar o processo que vai da concepção do produto ao seu uso (ESCOREL, 2000,
p. 35).
Para acompanhar o avanço tecnológico e as mudanças no sistema de fabricação, que
agora produzia em larga escala, as fábricas precisaram se adaptar a um novo método de
produção em que o projeto e a execução foram separados em etapas independentes. Com a
função de projetar, o design aparece para substituir o artesanato; profissão que já estava em
declínio por não conseguir acompanhar o ritmo acelerado da produção industrial. O objetivo
desta mudança era reduzir o tempo de todo o processo, diminuir os custos e aumentar os
lucros das companhias.
De acordo com Hollis (2001), o design ficou restrito basicamente a este tipo de função
até o fim do século XIX. Devido à modernização da indústria gráfica e à participação como
componente ideológico de inúmeros movimentos artísticos, seu potencial veio a ser
reconhecido logo nas primeiras décadas do século XX, principalmente entre o período das
duas grandes guerras mundiais. Com a produção de cartazes, como os que veicularam nos
Estados Unidos advertindo às pessoas para terem cuidado com suas conversas por causa da
existência de espiões (figura 1), ganhou notoriedade. Foi muito beneficiado também com o
intenso progresso científico-tecnológico, o que permitiu uma maior integração com outras
áreas ampliando ainda mais o seu potencial. Desde então o design vem crescendo de forma
acentuada e já se tornou um imprescindível para o mercado.
20
Figura 1 - Cartaz veiculado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Fonte: Site “Designices”. Informações sobre design.
Mas esta rápida e intensa evolução, além da sua breve existência e características
multifuncionais, abriu margem para que a compreensão do design pela sociedade fosse
prejudicada. Para o professor de design Marcos Barros (2013), “o Design é uma ciência
relativamente nova que promove relações com outras ciências, talvez essa seja uma das
dificuldades em rotulá-lo de forma eficaz e indiscutível”. Já Mozota, Klöpsch e Costa (2011,
p. 16) afirmam que, “a mídia tende a aumentar a confusão usando a palavra “design” para
falar de formas originais, mobília, luminárias e moda, sem mencionar o processo criativo
delas”. Até a própria palavra recebeu traduções que não condizem com a sua percepção
semântica, considerando-a simplesmente como sinônimo de “desenho” ou “padrão estético”.
21
Villas-Boas explica que design,
[...] é uma palavra inglesa originária de designo (as-are-avi-atum), que em latim
significa designar, indicar, representar, marcar, ordenar. O sentido de design lembra
o mesmo que, em português, tem desígnio: projeto, plano, propósito (Ferreira, 1975)
– com a diferença de que desígnio denota uma intenção, enquanto design faz uma
aproximação maior com a noção de configuração palpável (ou seja, projeto). Há
assim uma clara diferença entre design e o também inglês drawing – este, sim, o
correspondente ao sentido que tem o temo desenho (VILLAS-BOAS, 2007, p. 58).
Pode-se afirmar então que o design, portanto, não se trata apenas de um refinamento
estético, mas também, de um diferencial estratégico que permite estruturar todo um processo
de comunicação e planejamento de modo inteligente, eficiente e muito mais preciso do que
métodos tradicionais de gestão. Por meio do design pode-se buscar a solução de problemas
entre o homem e o meio, unindo a excelência visual e funcional de um produto ou serviço
para produzir uma interação mais rica e produtiva, reproduzindo e agregando valores
definidos por seus idealizadores com a capacidade de criar vínculos emocionais para com as
pessoas.
É tipicamente o design como agente da interface que coloca, de um lado, os
produtos e organizações e, do outro, os consumidores, usuários e mercado em geral.
De acordo com esse pensamento, podemos verificar a estreita relação que é colocada
entre design e qualidade, deixando claro o conceito de que a qualidade de um
produto tem relação direta com o seu design. (SANTOS, 2000, p. 20).
Além de ser um formador de ideias, de opiniões e um criador de conceitos, o design
também pode fazer parte da própria estrutura cognitiva do ambiente quando passa a interagir
com o meio no qual está inserido.
Mais do que dar forma e sentido a objetos, mais do que auxiliar na construção e
comunicação de uma identidade, o design, na sociedade de consumo globalizado, é a
própria definição dos objetos e de seu sentido, sua razão de existir, sua utilidade,
finalidade, público-alvo. Não é um fim em si mesmo. É o veículo de experiências
sensoriais e de comunicação. [...]. Ser designer é se reciclar permanentemente,
entender a contemporaneidade dos pontos de vista histórico, cultural, econômico,
social e de produção, modismos, tendências de comportamento, novas tecnologias.
Tudo isso faz parte do repertório e das competências do designer (LEITE, 2010, p.
19).
Para o designer João de Souza Leite (apud LEITE, 2010), o design atua como
decodificador do processo de comunicação fazendo com que a mensagem enviada pelo
transmissor seja devidamente compreendida pelo receptor.
O designer Rick Poynor (apud LEITE, 2010, p. 179) afirma que,
não é exagero dizer que os designers estão engajados em nada menos do que a
fabricação da realidade contemporânea. Hoje, nós vivemos e respiramos design.
22
Poucas são as experiências que temos em casa, no lazer, na cidade ou nos shopping
centers que estejam livres de seu toque alquímico. Nós absorvemos design tão
profundamente em nós mesmos que não mais reconhecemos as milhares de formas
com que nos estimula, perturba e emociona. É completamente natural. É assim que
as coisas são.
O poder de influenciar, direta ou indiretamente, fez com que o design tornasse uma
referência da vida contemporânea. De acordo Barros (2013), como sua abrangência se tornou
muito ampla, acabou sendo dividida em várias áreas específicas. Uma destas ramificações
trata da programação visual e é conhecida como design gráfico.
2.2 DESIGN GRÁFICO
Segundo Meggs (1998), os primórdios do design gráfico datam de épocas remotas;
quando o homem ainda fazia pinturas em rochas e em cavernas para comunicar ou narrar uma
história, como as pinturas encontradas na caverna de Lascaux, datadas entre 10.000 e 15.000
anos (figura 2).
Figura 2 - Pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Lascaux.
Fonte: Site “Por Amor al Arte”. Informações sobre artes, como pintura e escultura.
De acordo com Hollis (2001), a origem ideológica do design gráfico surgiu na
primeira fase da Revolução Industrial quando se iniciou uma tendência de unir todo o
conhecimento e as funções exercidas pelos chamados “artistas comerciais” em um só
profissional. Foi reconhecido como profissão apenas no século XX; após o mundo
23
compreender melhor o que era o design gráfico e suas qualidades. Pelo seu pouco tempo de
existência é possível classificá-la como uma atividade nova ou recente.
O design gráfico, como profissão, só passou a existir a partir de meados do século
XX; até então, os anunciantes e seus agentes utilizavam os serviços oferecidos pelos
“artistas comerciais”. Esses especialistas eram “visualizadores” (artistas de layout);
tipógrafos que fazia o projeto detalhado da chamada e do texto e davam instruções
para a composição; ilustradores de todos os tipos, que produziam qualquer coisa,
desde diagramas mecânicos até desenhos de moda; retocadores; letristas e outros que
finalizavam os designs para a reprodução. Muitos artistas comerciais – tais como os
designers de pôsteres – reuniam várias dessas habilidades (HOLLIS, 2001, p. 6).
Nos dias atuais, pode-se considerar que sua importância se tornou tão grande que
deixou de ser simplesmente uma profissão e passou a ser considerada também uma linguagem
de comunicação, pois cria e/ou utiliza métodos mais eficientes para transmitir uma ideia ou
um conceito. Oferece ainda uma base conceitual sólida capaz de estruturar e promover
mensagens, possibilitando assim, a apresentação do conteúdo de forma mais simples,
diversificada e objetiva. Exemplos das aplicações desta linguagem podem ser vistas na
comunicação visual, que tem como principais elementos as imagens e a tipografia (figura 3).
Figura 3 - Elementos tipográficos como representação dos países em um mapa.
Fonte: Site “Picky Wallpapers”. Reúne diversos wallpapers para download.
Com relação às definições sobre o que design gráfico, Villas-Boas (2007, p. 30) diz
que a “é a atividade profissional e a consequente área de conhecimento cujo objeto é a
elaboração de projetos para reprodução por meio gráfico de peças extremamente
comunicativas”.
24
Para Twemlow (2006, p. 6), “é um tipo de linguagem usada para comunicar. [...] para
falar às pessoas sobre coisas que elas querem ou pensam que querem ou que outra pessoa
pensa que querem”.
Segundo Hollis (2001), é um campo de atuação que cria e combina elementos para a
criação de marcas gráficas a fim de se transmitir uma ideia. Estas marcas são signos que
apresentam um sentido único e, se forem reorganizadas, podem configurar um novo
significado capaz de atuar como complemento de outras áreas. Assim é possível solucionar
diversos problemas de forma ágil, eficiente e utilizando o mínimo de recursos. Pode,
inclusive, influenciar em questões sociais e ambientais, como no quesito sustentabilidade.
Neste tipo de parceria seu papel é realizar, segundo a ADEGRAF (2012, p. 2),
[...] o planejamento dos aspectos funcionais e visuais de peças gráficas que servem
de suporte para a comunicação de diversos tipos de mensagem, de modo a trazer
conforto visual, segurança, credibilidade e satisfação para o consumidor em sua
relação com produtos e serviços.
Apesar de estar ganhando cada vez mais espaço e aceitação no mercado, a profissão
ainda é sinônimo apenas de representação visual ou refinamento estético.
[…] o design se distanciou cada vez mais da ideia de <solução inteligente de
problemas> e se aproximou do efêmero, da moda, do obsoletismo rápido – a
essência da moda é a obsolescência rápida -, do jogo estético-formal, da
glamourização do mundo dos objetos. Frequentemente, hoje em dia, design é
associado a objetos caros, pouco práticos, divertidos, com formas rebuscadas e
gamas cromáticas chamativas (BONSIEPE, 2011, p. 18).
Para Villas-Boas (2007), o design gráfico não é simplesmente a diagramação de uma
página nem são ilustrações, apesar de estas poderem ser ferramentas de trabalho do designer
ou fazerem parte de um projeto. A sua contribuição vai além da simples criação de
identidades visuais e possui uma vasta rede de atuações. Pode-se afirmar então que o design
gráfico busca pela criação da interface, o meio de comunicação e interação entre o homem e o
seu espaço, seja através de um produto ou serviço, funcionando como um tradutor visual de
ambientes e valores.
2.3 INOVAÇÃO
O cenário capitalista do século XXI pode ser caracterizado por, dentre diversos
fatores, crises financeiras, incertezas e pela ampla concorrência empresarial. Diante das várias
25
mudanças que a economia vem sofrendo nos últimos anos, as companhias passaram a buscar
meios para se adaptar a esta nova realidade do mercado. Kotler e Bes (2011) consideram que
uma das práticas mais eficientes utilizadas para este fim é a inovação corporativa.
De acordo com a CNI e SEBRAE (2010, p. 8),
no passado, o crescimento da produtividade era determinado pelo investimento em
infra-estrutura e em nova capacidade instalada. Hoje, parte importante do
crescimento da produtividade das principais economias e também dos países
emergentes, é creditada à inovação.
Para Schumpeter (2004), as alterações dos padrões econômicos fazem parte da
natureza capitalista porque este é um sistema que está em constante transformação. Sua
principal força de impulsão deve-se à competitividade entre as empresas e, dos diversos
recursos que interferem no ambiente de competição, a inovação é o que possui maior
destaque.
O motor da inovação é a competição. As empresas inovam por exigência do
mercado. Inovação depende de muitas coisas: de recursos humanos qualificados, de
políticas de estímulo, de um adequado ambiente econômico e regulatório, da
interação com universidades e institutos de pesquisa. Mas é o fato de ser uma
exigência da competição que torna a inovação um tema essencialmente do mundo
dos negócios (CNI; SEBRAE, 2010, p. 8).
Em termos gerais, a inovação pode ser vista como uma resposta a um determinado
problema ou necessidade, independente da área em que este recurso for empregado; porém,
devido aos expressivos avanços tecnológicos desta época, vem sendo erroneamente
considerada como um subproduto da tecnologia.
Um dos equívocos mais comuns é entender que a inovação trata principalmente,
senão exclusivamente, de tecnologias de transição. Basta mencionar inovação e
muitos CEOs que se consideram gênios em seus negócios desatam a falar de
laboratórios de P&D em que engenheiros e cientistas estariam empenhados em
desenvolver a próxima grande nova tecnologia. A verdade, no entanto, é que a
inovação não se resume a mudanças tecnológicas (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON,
2006, p. 48).
Segundo Kotler e Bes (2011), o impacto causado pelas invenções revolucionárias ou
radicais, tais como os poderosos smartphones e as ferramentas para a internet da Google, leva
a crer que a inovação é essencialmente um novo produto, serviço ou aplicativo e que este deve
ser totalmente diferente do que já se foi visto. Esta situação pode ser explicada pelo fácil
acesso que se tem aos inúmeros benefícios proporcionados pelas novas tecnologias, além da
satisfação, prazer e facilidade gerada por seu uso ou consumo.
26
Os autores complementam ainda que tais experiências se tornaram um grande
obstáculo para o correto entendimento sobre o que é inovação. De acordo com a CNI e Sebrae
(2010, p. 12), “inovação é um processo complexo resultante de diversos fatores e podem ser
entendidos de várias maneiras, dependendo do ângulo pelo qual é vista e analisada”. Tais
fatores não estão necessariamente ligados à tecnologia, mas a todas as variáveis internas e
externas que interferem no cotidiano da organização.
a inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades
e tirar proveito das mesmas. [...]. Mas a inovação não consiste apenas na abertura de
novos mercados – pode também significar novas formas de servir a mercados já
estabelecidos e maduros (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005, p. 23).
Esta definição pode ser estendida para questões que dizem respeito ao funcionamento
da companhia. Kotler e Bes (2011) defendem a ideia de que a inovação deve ser entendida
como o desenvolvimento de uma cultura própria dentro da empresa; o que permitirá produzir
e levar ao mercado um fluxo constante de inovações não tão impactantes, mas direcionadas ao
tratamento das necessidades ou do aproveitamento das oportunidades existentes.
Para Simantob e Lippi (2003) a inovação é uma novidade para a empresa e para o
mercado e sua aplicação está comumente ligada à tecnologia, gestão, processos ou a modelos
de negócio. Tem como foco o desempenho econômico e a criação de valores através da
exploração das oportunidades e do potencial criativo da empresa. Os autores ainda afirmam
que a inovação é uma excelente forma de se diferenciar dos concorrentes; podendo estar
representada em um produto, nas técnicas de marketing ou nos serviços prestados aos clientes.
Porém, nesta busca pela diferenciação no mercado, muitas organizações perdem
ótimas chances por tentarem inovar sem ter um planejamento bem elaborado. A má condução
do processo de inovação lhes acaba impondo dificuldades além do previsto.
Segundo Kotler e Bes (2011), um dos maiores enganos cometidos pelas empresas é
considerar a criatividade como sinônimo de inovação.
As empresas que confundem criatividade com inovação, e inúmeras o fazem,
acabam descobrindo que o hábito não é só um freio na produtividade; também pode
ser contraproducente. As pessoas propõem ideias e, devido à falta de regras claras
acerca do que fazer com elas, estas definham antes de chegarem a algum lugar.
Desse modo, as pessoas ficam desmotivadas e param de propor novas ideias
(KOTLER; BES, 2011, p. 22).
Os autores consideram ainda que a criatividade é uma das chaves da inovação, mas
não se deve apostar apenas na criação, em ideias ou nas tecnologias mais recentes. Deve-se ter
um bom planejamento e o processo deve ser gerenciado por pessoas competentes para que as
27
mudanças não acarretem em problemas para a empresa ao invés de trazer benefícios. Pode-se
concluir então que a criatividade deve ser vista como um suporte e não como o centro da
inovação.
A mensagem é clara: criatividade, ideias e novas tecnologias sozinhas não são
suficientes. O processo de inovação deve ter pessoas para gerenciá-lo; novas
habilidades, mais relacionadas com o gerenciamento empresarial, são necessárias
para garantir o sucesso da materialização da ideia no mercado (KOTLER; BES,
2011, p. 21).
De acordo com Silva (2011), a inovação também não deve ser encarada como a
salvação de um negócio. Como é um processo que envolve diversas variáveis, muitas delas
fora dos domínios da empresa, é possível que os resultados obtidos não sejam os esperados,
mesmo que haja uma estratégia bem definida.
Mesmo sob as condições mais favoráveis, a inovação é um esforço incerto.
Desenvolver um novo produto pode levar meses, até anos. Mudar um sistema ou um
processo pode abranger várias questões periféricas como identificar novos canais de
distribuição, melhorar a capacitação profissional dos colaboradores, adequar
fornecedores...Tudo isso pode envolver muitas tarefas, diferentes pessoas e uma
infinidade de habilidades e competências. É possível que muitas coisas dêem errado.
Que as ideias não surjam conforme o necessário. Que falte dinheiro ou pessoas. O
processo de inovação é passível de ser tratado por problemas técnicos ou de
coordenação, caso envolva muita gente. Essas situações fazem parte da realidade, e,
a cada problema surge, temos de estar preparados para criar soluções inovadoras
(SILVA, 2011, p. 18).
Para Tidd, Bessant e Pavitt (2005), quando um processo de inovação falha as
companhias se desgastam excessivamente tentando se recuperar. Para algumas delas o esforço
para reparar os danos causados pelo insucesso pode exigir um grande dispêndio de recursos;
já para outras, a única alternativa acaba sendo encerrar as atividades.
A falta de controle e de articulação dos projetos, além do mau uso das técnicas de
gestão, são os maiores causadores de problemas para a maioria dos negócios quando se trata
de inovação. Segundo Quinn (1992), há uma forte tendência de que as empresas passem a
utilizar menos recursos financeiros como estratégia de crescimento para valorizar mais a
criatividade e as habilidades humanas. Esta mudança no comportamento corporativo tem
como finalidade fazer com que os altos valores investidos pelas companhias no processo de
inovação tenham um retorno mais rápido e sejam mais lucrativos. O autor também considera
que a coordenação de processos através do design é um dos modos mais precisos e confiáveis
para se alcançar este objetivo.
28
2.3.1 O design como diferencial no processo de inovação
Mesmo com toda informação que se tem sobre design, muitas empresas resistem em
acreditar que este pode ser um diferencial para seus negócios. Ainda existe uma forte
associação com a estética de produtos, o que acaba dificultando seu reconhecimento como
uma ferramenta corporativa (COELHO, 2006; VIANNA, 2012). Para o Sebrae (2013), além
de um artigo de luxo, o design é imprescindível para empresas de qualquer porte, pois
proporciona um ótimo custo benefício e traz uma série de vantagens, tais como:
• É elemento de diferenciação e inovação de produtos e serviços, além de
agregar valor aos mesmos, inclusive para a própria empresa;
• Reduz custos e aperfeiçoa a produção;
• Amplia portfólios ao criar novos produtos ou ao adequá-los às necessidades do
mercado;
• Aumenta a competitividade de um negócio;
• Cria oportunidades para conquistar e fidelizar consumidores;
• Permite que a empresa adote formas de pensar e solucionar problemas focando
na empatia, colaboração e experimentação;
• Promove adoção de políticas sustentáveis e de respeito ao meio ambiente.
Nas empresas, o design funciona como uma ponte entre a criatividade e a inovação,
pois pode interferir na maioria das etapas de um projeto. Serve de inspiração para os membros
de uma equipe na busca por soluções para problemas e auxilia na idealização e
implementação de projetos (SEBRAE, 2013).
O design é uma fonte inesgotável de criatividade e,
[...] está inserido em muitas áreas de tomada de decisões gerencial. Assim, o design
é um processo interno que integra pesquisa de mercado, estratégia de marketing,
marca, engenharia, desenvolvimento de novo produto, planejamento de produção,
distribuição e políticas de comunicação interna (MOZOTA; KLÖPSCH; COSTA,
2011, p. 30).
Sua característica multidisciplinar permite ser mais do que um simples processo
criativo, mas sim um processo de gestão empresarial. Esta propriedade do design permite a
promoção de melhorias no sistema comunicacional, organizacional, operacional e estratégico
da empresa, criando uma estrutura mais leve, simples e menos burocrática. Mozota, Klöpsch e
29
Costa (2011, p. 30) ainda afirmam que “o design é um termostato para inovação, um processo
que modula, controla e estimula a criatividade na empresa”. Esta característica peculiar do
design possibilita a ação em diversas áreas de uma companhia simultaneamente, exercendo o
papel de intermediador dos processos internos e externos de comunicação. A maior
aproximação entre os setores dá ao design a capacidade de interferir precisamente no modo
como estes processos são elaborados e conduzidos.
O design é uma ferramenta da gestão que cria diferenciação nas capacidades internas
da empresa. O design não é mais visto como apenas um resultado relacionado à
forma, mas como um processo criativo de gestão que pode ser integrado em outros
processos da organização, como gestão de idéias, de inovação e de pesquisa e
desenvolvimento, e que modifica a estrutura tradicional de processos em uma
empresa (MOZOTA; KLÖPSCH; COSTA, 2011, p. 145).
Esta forma de visualizar, identificar, interpretar e agir sobre determinadas situações e
problemas é intrínseca ao design e já faz parte da sua essência, atraindo cada vez mais a
atenção das empresas (VIANNA, 2012).
O designer enxerga como um problema tudo aquilo que prejudica ou impede a
experiência (emocional, cognitiva, estética) e o bem-estar na vida das pessoas [...].
Isso faz com que sua principal tarefa seja identificar problemas e gerar soluções.
[...].
O designer sabe que para identificar os reais problemas e solucioná-los de maneira
mais efetiva, é preciso abordá-los sob diversas perspectivas e ângulos. Assim,
prioriza o trabalho colaborativo entre equipes multidisciplinares, que trazem olhares
diversificados e oferecem interpretações variadas sobre a questão e, assim, soluções
inovadoras (VIANNA, 2012, p. 13).
Conforme Kotler e Bes (2011), as empresas estão se conscientizando de que a
inovação através do design é umas das estratégias mais eficazes para se obter diferenciação no
mercado, principalmente na forma como os produtos e serviços são oferecidos. Pode-se citar
como exemplo a crescente preocupação com o design de usabilidade que, segundo Norman
(2008), visa diminuir a complexidade de sistemas que sofrem com o excesso de funções,
tornando-os mais simples e menos confusos para os usuários. Outra questão que vem
ganhando força trata das condições de acessibilidade, que de acordo com a Sebrae-RR (2004,
p. 2) significa,
não apenas permitir que as pessoas portadoras de necessidades especiais participem
de atividades que incluem o uso de produtos, serviços e informação, mas a inclusão
e extensão do uso de testes por todas as parcelas presentes em uma determinada
população.
A partir desta visão de mercado conclui-se que o design passa a ser, portanto, um fator
decisivo para o sucesso do processo de inovação empresarial.
30
2.4 PORTAIS CORPORATIVOS
Desde seu surgimento em meados do século XX, a globalização vem provocando
mudanças drásticas na vida do homem, definindo novos rumos para a economia, política,
cultura, ciência, enfim, passou a promover um novo ambiente global movido por rápidas e
intensas transformações sócio-econômicas (ALVAREZ, 1999; BAUMAN, 1999).
2.4.1 Contextualização
Como as empresas foram obrigadas a se adaptar a esta nova dinâmica econômica para
continuarem ativas no mercado, muitas técnicas e conceitos empresariais tiveram que ser
substituídos ou atualizados. O maior valor dado pelas companhias ao domínio do
conhecimento e à busca por informação podem ser considerados como alguns dos fatores
mais relevantes deste recente panorama corporativo.
Tais práticas apóiam-se, por sua vez, em novos saberes e competências, em novos
aparatos e instrumentais tecnológicos, tanto como em novas formas de inovar e de
organizar o processo produtivo, expressando-se assim uma nova economia ou um
novo padrão técnico-econômico e ensejando também a necessidade de novas
abordagens na própria teoria econômica e do valor. O desenvolvimento, a difusão e
a convergência das tecnologias da informação e comunicação são vistos como
centrais na conformação dessa nova dinâmica técnico-econômica (LASTRES;
ALBAGLI, 1999, p. 8).
Para Fadel (2010), a informação é a base de qualquer signo, não sendo necessário
dominar seu conteúdo formal, mas apenas o reconhecimento do seu significado. Já o
conhecimento é a compreensão deste significado, podendo este ser utilizado em uma ação
específica ou com uma determinada finalidade. As empresas, de acordo com Filho (2002),
têm demonstrado um enorme interesse na aquisição de conhecimento (e na sua gestão) devido
ao seu grande potencial econômico; pois, quando corretamente aplicado, pode ser
transformado em um excelente diferencial competitivo.
Mas, para que as empresas se diferenciem no mercado, elas devem saber se
comunicar. Simplesmente deter um grande volume de informação ou conhecer sobre
determinado assunto de nada adianta se o público não receber e compreender com clareza as
mensagens transmitidas pelas companhias (STAGER, 1994).
Conforme Ferreira (1997), muitas falhas de comunicação ocorrem porque boa parte
das organizações não acompanharam as mudanças decorrentes da globalização, e como ainda
31
estão habituadas aos tradicionais modelos administrativos e econômicos, ficaram “paradas”
no tempo. Estas companhias estão vivendo um período de transição. Este é um processo lento
e dispendioso, fator que faz com que algumas delas não completem esta fase com sucesso
(AUDY, 2000).
Atualmente, a exigência de uma comunicação eficiente, simples e objetiva já faz parte
da cultura popular. A internet, conhecida como a grande rede de computadores, se tornou o
veículo de comunicação mais importante e mais abrangente que surgiu nas últimas décadas,
permitindo “a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em escala
global” (CASTELLS, 2003, p. 8). Sua influência é tão grande que interfere desde assuntos
que envolvem o comportamento humano até questões políticas e governamentais. Sua maior
importância é para a economia, que hoje depende incondicionalmente dos recursos
disponíveis na internet.
Este moderno meio de comunicação, de forma geral, permite atingir um maior número
de pessoas, com um menor custo e em muito menos tempo. Como no mercado sempre se
busca por agilidade e eficiência, a rede passou a ser um dos veículos mais utilizados para a
realização de diversos tipos de relações comerciais (CASTELLS, 2003). O autor ainda afirma
que esta era da informação, expressão utilizada por ele para se referir ao período pós internet,
representa um marco na sociedade.
A internet criou um universo totalmente diferente do que existia e está fundamentada
na ideia do livre acesso à informação. Reduziu fronteiras, rompeu paradigmas sociais e
integrou tudo e a todos em uma “mesma” cultura. A sua associação com os mais recentes
avanços tecnológicos e com a área da informática propiciaram o surgimento de fantásticas
revoluções nos meios de comunicação, como o aparecimento das redes sociais, verdadeiros
fenômenos comunicacionais que criaram novas formas de socialização e transmissão da
informação. Trouxe também uma série de benefícios, tanto para o homem quanto para as
empresas, entretanto, isto não significa que também não tenha trazido consigo problemas.
Para Lévy (2009), na rede há um dilúvio de informações originado pela proliferação excessiva
de dados. De acordo com Tapscott (1997), seja por falta de uma gestão eficiente ou pela
incapacidade natural (estrutural) das empresas em absorver informação, ação necessária para
a continuidade de suas atividades, o que acaba acontecendo é que muitas companhias não
conseguem filtrar o excesso de conteúdo disponível na rede e perdem o controle sobre os
processos corporativos, consequentemente, não conseguem fazer com que a informação
adquirida seja aplicada de forma produtiva.
32
Como forma de prevenir, minimizar ou corrigir possíveis problemas relativos à
informação, uma das estratégias utilizadas pelas empresas é o investimento na inovação e na
consolidação de processos de comunicação interna. Para a Abracom (2008), este tipo de
comunicação representa a conexão entre a organização e seu público interno. Esta relação se
dá através da transmissão de informações que a empresa tem interesse em compartilhar com
os colaboradores e seus familiares, procurando difundir, principalmente, a visão, a missão e os
valores da companhia.
De acordo com Marchiori (1995), a necessidade desta mudança de filosofia no meio
corporativo deve-se ao fato de que as relações de trabalho já não são mais as mesmas. Os
colaboradores estão reconhecendo a importância de interagir nos processos, planejamentos e
metas de trabalho, pois sua interferência pode trazer tanto melhorias profissionais quanto
pessoais. Já as empresas perceberam que a maior interação entre as equipes de trabalho
permite descobrir ou reter talentos, valorizar e reconhecer as melhores formas de produção.
As novas práticas empresariais geram benefícios mútuos para as partes envolvidas.
Para garantir melhor continuidade e competitividade, os novos modelos de gestão
adotam sistemas mais abertos, cuja característica é a necessidade de amplo
intercâmbio, com aspectos variáveis. As organizações precisam assumir estratégias
que têm na transformação da informação e conhecimento o elemento privilegiado
para enfrentar as mudanças. As informações que circulam nas empresas só têm valor
quando se transformam em conhecimento compartilhado por todos, criando um ciclo
virtuoso de valor capaz de suportar um mundo pautado por intensa competição, o
que exige redesenhar modelos que permitam a tomada rápida de decisão
(ABRACOM, 2008, p. 11).
Para o estabelecimento de uma comunicação interna mais efetiva, as companhias
precisam determinar previamente os parâmetros do processo (PINTO, 2009). Segundo a
Abracom (2008), quando uma empresa não define seus propósitos nem a forma como vai se
relacionar com seus colaboradores ela fica à mercê de agentes internos, como ruídos
provocados pelo relacionamento interpessoal, e de agentes externos, como o excesso de
informação não confiável encontrado na internet. Um vínculo comunicacional não
consolidado e fragilizado pode comprometer as atividades e os resultados esperados pela
corporação. Mesmo com uma estrutura bem definida, o sistema de comunicação interna deve
ser flexível a ponto de permitir alterações ou adaptações. Como o mercado é dinâmico, as
empresas precisam ser capazes de se adequar às constantes mudanças no cenário econômico.
As inovações tecnológicas, as novas relações com os consumidores, a abertura de
mercado, exigem um olhar voltado para dentro, que destaque os diferenciais
competitivos, próprios de cada organização. Conceitos como transparência,
valorização e visibilidade também se tornaram imperativos.
33
Nesse ambiente de mudanças, de valorização da cidadania, de uma sociedade mais
organizada e consciente, a Comunicação Interna se fortaleceu e profissionalizou seus
quadros. Hoje, ela é um dos instrumentos dessa nova forma de gestão,
verdadeiramente estratégica, contribuindo para o fortalecimento dos ativos
intangíveis e para o sucesso do negócio. Assume grande responsabilidade na
convergência dos valores e objetivos da empresa e de seus colaboradores
(ABRACOM, 2008, p. 12).
A ampla concorrência no mercado forçou às empresas a buscarem por diferenciais
competitivos. É neste ambiente de constante inovação que surgiram os portais corporativos.
2.4.2 Definições e funções de um portal corporativo
As mudanças promovidas pela globalização no âmbito empresarial fizeram com que as
companhias compreendessem que seus colaboradores não são simples prestadores de serviços,
mas fundamentais para o sucesso da empresa por agregarem valores que passam a ser
intrínsecos à organização. Com o intuito de estreitar os laços com o público interno, as
empresas estão utilizando novas políticas de comunicação que permitam se aproximar dos
seus colaboradores (ABRACOM, 2012).
Na busca pela renovação das suas práticas comunicacionais, muitas corporações veem
nas redes de computadores, como a internet, uma grande oportunidade para seus negócios.
Elas permitem uma conexão rápida, barata e segura entre seus usuários. Todos podem se
comunicar entre si e compartilhar qualquer tipo de informação, inclusive dados sigilosos de
uma empresa (PRETTO; SILVEIRA, 2008).
No entanto, em ambientes onde a informação flui livremente e sem nenhum tipo de
controle, o processo de inovação na comunicação interna tende a se tornar inviável por não
existirem barreiras que impeçam o dilúvio de informações. Dos diversos meios ou métodos
que as empresas possuem para reduzir as possíveis interferências na comunicação, as redes
privadas e restritas, conhecidas como intranets, são umas das mais eficientes. (ALMEIDA;
ROSA, 2000). Segundo Irving e Williams (1999 apud Blackmore, 2010), a intranet é uma
rede corporativa privada que se utiliza de tecnologias e da internet; controlada pela própria
organização e é restrita para os colaboradores, mas com seu uso limitado por políticas
internas. Isto permite às companhias controlar o volume e o conteúdo das informações
disponibilizadas quanto seu respectivo acesso. Neste caso, o objetivo das empresas não é
limitar o acesso dos colaboradores à informação, mas sim, centralizá-la em um único local a
fim de fornecer suporte para que estes consigam interpretar, compreender e repassar as
34
mensagens transmitidas pela companhia com mais facilidade. E é esta a ideia que norteia o
surgimento dos portais corporativos (SANCHEZ, 2003).
O portal corporativo, conforme Moura (2007, p. 130), “[...] tem origem na Intranet e
evoluiu com a incorporação de tecnologia que possibilita abastecer os profissionais de uma
instituição de variedade de informações geradas por fontes internas e externas à organização”.
Para Dias (2001), os portais são uma evolução das intranets, incorporando novas
tecnologias e ferramentas que permitam a identificação, captura, armazenamento, recuperação
e distribuição de quantidades significativas de informação, sejam estas provenientes de fontes
internas ou externas à instituição.
Segundo Terra e Bax (2003), os portais corporativos são aplicações visuais similares
aos dos portais encontrados na internet, já que utilizam navegadores como forma de acesso,
só que são muito mais complexos e possuem finalidades totalmente diferentes. O propósito,
além de difundir a missão, as estratégias e os objetivos da companhia, é colaborar com a
criação e o gerenciamento de um modelo sustentável de negócios. Seu objetivo primário
consiste em fomentar a eficiência corporativa concentrando a informação armazenada pela
empresa em um único ponto acessível. O esforço das empresas visa melhorar as relações com
seus colaboradores, gerando benefícios para ambos os lados.
Como os portais corporativos promovem mudanças significativas que interferem em
todas as áreas de uma empresa, eles podem ser considerados como ferramentas estratégicas de
inovação. Furlanetto e Oliveira (2006) ressaltam que, como a disseminação do conhecimento
não depende apenas de pessoas, já que existem agentes que podem interferir nos processos
que envolvem comunicação, é imprescindível que as empresas possuam uma boa
infraestrutura tecnológica e informacional. Esta estrutura deve fornecer um conteúdo
relevante aos seus colaboradores e criar condições necessárias para o desenvolvimento de
seus trabalhos e atividades organizacionais, como mostra a figura 4.
35
Figura 4 - Exemplo de uma rede de relacionamento de uma empresa utilizando um portal corporativo.
Fonte: Adaptado do portal Tecmedia (desenvolvedor de portais corporativos).
A figura 4 ilustra uma rede de relacionamento de uma empresa fictícia onde o sistema
de comunicação interno se concentra em torno de um portal corporativo. Sua função é
interligar todos os elementos existentes e, ao mesmo tempo, filtrar toda a informação existente
no meio externo para que apenas o conteúdo realmente necessário seja aproveitado pela
empresa. Em um ambiente corporativo mais complexo podem estar envolvidos os
colaboradores, os clientes, os fornecedores, dentre outros parceiros (TERRA; BAX, 2003).
Laudon e Laudon (2004, p. 334) afirmam que “um portal corporativo pode aumentar a
produtividade de seu pessoal apresentando um único ponto de acesso sem descontinuidade a
todos os recursos de informação de que os funcionários necessitam para executar seu
trabalho”. Para Terra e Gordon (2002) isto acaba melhorando o fluxo de informação e de
conhecimento nas empresas.
Segundo Dias (2001), alguns dos benefícios proporcionados pelos portais corporativos
são: agilidade na aquisição e pesquisa da informação; possibilidade de um rápido
compartilhamento de conteúdos; conectividade universal das informações; economia de
espaço, tempo e recursos; ampliação da produtividade e eficiência dos grupos de trabalho;
36
maior liberdade dos colaboradores em participar das decisões da companhia e ampla abertura
para debates, discussões e análise de ideias.
Como são inúmeras as vantagens proporcionadas pelos portais corporativos, Dias
(2003) afirma que o maior desafio das companhias é lidar com a heterogeneidade das fontes
de informação, pois o excesso de dados (muitas vezes não confiáveis) pode influenciar
negativamente no correto entendimento das mensagens transmitidas.
No que se trata da implantação e da utilização dos portais corporativos, Terra e Bax
(2003) sinalizam alguns desafios encontrados pelas empresas, tais como:
• Presença de sistemas não integrados e formatos de arquivos com direitos
autorais ou incompatíveis;
• Dificuldade de acesso ágil à informação atualizada e sobrecarga de informação;
• Redundância e duplicidade de informações nas redes;
• Informações e documentos publicados de modo desorganizado, muitas vezes
até mesmo sem aprovação;
• Diversidade de métodos e técnicas diferentes para se buscar e acessar a
informação;
• Dificuldade para as pessoas publicarem informações acessíveis a todos na
empresa;
• Excesso de barreiras para criação ou até mesmo ausência de políticas de
segurança;
• Usuários com pouca experiência na utilização do sistema são excessivamente
dependentes do departamento de TI para gerar, divulgar e obter informação;
• Arquiteturas proprietárias e com altos custos de contratação dificultam a
integração de diferentes tipos de informação.
Com base nos desafios apresentados, percebe-se que as companhias têm muitas
dificuldades para implantar um portal corporativo. Em um sistema de tão grande porte, uma
simples falha pode causar estragos sem dimensões para as empresas, porém, se implantados
com êxito, os portais trarão vantagens suficientes para levar as companhias ao caminho do
sucesso. Um dos pontos considerados mais importantes pelas organizações, quando se trata da
criação de portais corporativos, envolve a interação entre homem e o computador.
37
2.5 PRINCÍPIOS DA INTERAÇÃO HUMANO-COMPUTADOR
Os estudos referentes à interação humano-computador (IHC) começaram com o
psicólogo cognitivista Donald Norman por volta dos anos 70 e tratam da relação entre pessoas
e computadores. A IHC, segundo Rosa e Moraes (2008), é uma área de estudo interdisciplinar
que tem como principal objetivo entender o porquê da utilização das tecnologias de
informação e como as pessoas as compreendem. Sua base conceitual provém da associação de
diversas áreas do conhecimento, tais como: ciências da computação, design, ergonomia,
psicologia, artes, semiótica, dentre outras. De acordo com Pressman (1995), a IHC se dá por
meio de uma interface, responsável pela comunicação entre os sistemas envolvidos. No caso
dos portais corporativos, pode-se afirmar que a comunicação entre o homem (colaborador) e a
empresa (representada pelo ambiente on-line) é dada através de páginas, que são as interfaces
gráficas do sistema.
Segundo Norman (2002), as pesquisas em IHC buscam mapear e solucionar as
necessidades dos usuários quanto à utilização de sistemas computacionais. Estes estudos são
muito requisitados por fornecerem, além de explicações, previsões para os fenômenos de
interação e servem de base para o desenvolvimento de projetos na área de IHC. Os resultados
propiciam a criação de excelentes ferramentas capazes de maximizar a eficiência dos usuários
e sua produtividade laboral, seguindo a lógica de que um sistema complexo e de difícil
utilização pode inviabilizar o uso do mesmo.
Para que um projeto de IHC obtenha sucesso, Norman (2002) estabelece que este deve
seguir três axiomas básicos: simplicidade, versatilidade e agradabilidade. O autor ainda reitera
que as pessoas devem aprender a tarefa, e não a tecnologia em si; para isto, precisam ser
capazes de levar a ferramenta para a tarefa e não levar a tarefa à ferramenta, como acontece
atualmente.
Com base nestes princípios, percebe-se a existência de diversos aspectos que
interferem na IHC, tanto do ponto de vista humano quanto da máquina. No caso do homem,
fatores como a experiência do usuário, interação e usabilidade, ganham destaque por
contemplarem a maioria das questões que envolvem a utilização (boa ou ruim) de um
computador. Já do lado não humano, tem-se a interface, os mecanismos de aquisição de
informação e a complexidade do sistema como elementos fundamentais nesse processo. A
IHC se dá justamente pela associção dos fatores envolvidos em ambas as partes e cada uma
influenciará diretamente a outra, equilibrando ou desiquilibrando essa relação (PREECE;
ROGERS; SHARP, 2005).
38
2.5.1 Experiência do usuário (UX)
Conforme Norman (2002), a experiência do usuário ou UX (do inglês user experience)
originou-se na ergonomia e hoje tem como foco abordar as características da IHC. O termo
foi utilizado pela primeira vez pelo autor na primeira edição do seu livro The Design of
Everyday Things (O design do dia-a-dia, no Brasil), publicado em 1988.
A International Organization of Standardization (ISO) define, em sua resolução 9241-
210 (2010), que a experiência do usuário está baseada nas percepções e reações humanas. Isto
envolve assuntos relacionados aos sentimentos de cada indivíduo no que se trata à utilização
prévia de um produto, sistema ou serviço, e abrange seus aspectos práticos, afetivos e
emocionais. A ISO cita ainda outros pontos trabalhados pela UX: necessidade de uso,
facilidade de utilização e eficácia do sistema.
Além das habilidades cognitivas, a UX se baseia também na análise e reconhecimento
da própria experiência de vida do homem. Em resumo, são as emoções, crenças,
conhecimentos, estímulos físicos e psicológicos, comportamentos ou quaisquer outras
características que interfiram no antes, no durante e no depois do uso do recurso (PREECE;
ROGERS; SHARP, 2005).
Segundo Hassenzahl (2010), a UX é sempre subjetiva por ser um sentimento
momentâneo durante uma interação, ou seja, já que a utilização de algo, seja um produto ou
sistema, tem a ver com a cognição humana e como esta está em constante modificação, então
a própria experiência do usuário varia de acordo com as mudanças na vida das pessoas.
Para Garret (2000), se esse sentimento não for positivo, são grandes as chances de que
os serviços ou produtos passem a não ser mais utilizados, então, conclui-se que a busca
constante pelo aperfeiçoamento dos serviços oferecidos é vital para a continuidade dos
mesmos.
O autor assegura ainda que a aplicação dos conceitos voltados para a UX também
podem trazer benefícios para os usuários na web, citando a importância de se trabalhar
diversos aspectos que podem oferecer melhores experiências aos usuários, como o design de
interação, design de interface, design de informação e usabilidade.
39
2.5.2 Design de interação e de interfaces
O design de interação, para Norman (2002), é uma vertente do design que visa criar
projetos baseando-se na experiência do usuário e tem como foco de pesquisa e de estudo as
relações humanas que ocorrem por meio de mecanismos interativos. Para Preece, Rogers e
Sharp (2005, p.28), o design de interação é responsável por “criar experiências que melhoram
a maneira como as pessoas trabalham, se comunicam e interagem” e geralmente está
associado com outras áreas, como o design gráfico, design de informação, usabilidade.
Os autores ainda destacam alguns tópicos relevantes para a criação de projetos de
interação, tais como:
• Nem todo o usuário tem conhecimento ou facilidade para utilizar um serviço
ou um produto, portanto, deve-se considerar que a existência de usuários bons
e não tão bons;
• A opinião dos usuários é muito importante porque através dela é possível
descobrir falhas ou pontos a serem melhorados;
• Deve-se focar no usuário e procurar por formas de proporcionar a eles as
melhores experiências de qualidade possíveis;
• Não se podem descartar técnicas ou estudos, testados e aprovados, já que estes
podem servir como base para projetos futuros.
Estes itens destacados são muito importantes na construção de um projeto de
interação, pois, no mercado, um dos motivos para o sucesso de um produto ou serviço
depende justamente da experiência proporcionada ao usuário. Mendes (2009) acredita que o
próprio estudo da interatividade é essencial para o equilíbrio e o desenvolvimento de
interfaces interativas que sirvam de suporte para as pessoas em suas atividades cotidianas.
Em sistemas computacionais, a função do design de interação é promover melhorias
dentro de uma IHC. Segundo Royo (2008), para que haja uma interação deve existir
obrigatoriamente uma interface gráfica e esta será o meio de comunicação entre o usuário e a
máquina. Para o autor, a eficácia de uma interface deve ser atribuída também à aplicação de
conceitos de usabilidade e de design de informação, visto que há a necessidade de se elaborar
condições favoráveis para que a UX seja sempre positiva.
40
2.5.3 Design de informação
Segundo Knemeyer (2003), o design de informação é uma vertente do design que
trabalha, de forma detalhada, os modos como a informação pode ser apresentada para o
usuário. Seu principal objetivo é ampliar a eficiência da comunicação aprimorando as formas
como o usuário adquire informação e a interpreta. Em ambientes onde há a predominância de
sistemas comunicacionais, sejam analógicos ou digitais, sua aplicação é mais significativa.
Para o autor, esta é uma área multidisciplinar e abrange vários campos como o design
gráfico, arquitetura, psicologia, entre outros. Além de ser um integrador de áreas do
conhecimento, o design de informação atua em todos os setores envolvidos como um
diferencial de qualidade na criação de soluções para os problemas que envolvem o tratamento
de informações.
De acordo com Wildbur e Burke (1998), o design de informação está relacionado à
escolha, organização e apresentação de informação para um determinado público alvo, sendo
necessário projetar arquiteturas de informação (modelos estruturais) a fim de se transmitir os
conteúdos obtidos com precisão e neutralidade. Para que isto aconteça, Horn (1999) evidencia
que devem ser desenvolvidos materiais de fácil compreensão, pois só assim a IHC irá
acontecer naturalmente e será agradável ao usuário.
2.5.4 Usabilidade
Para Bevan (1999), usabilidade é o que define quão fácil é para as pessoas utilizarem
uma ferramenta (ou produto) com o intuito de realizar uma determinada tarefa. Esta interação
se dá por meio de uma interface. O termo também é comumente usado para aludir aos estudos
referentes à eficiência percebida com relação ao uso de um objeto.
A usabilidade é definida pela ISO 9241-11 (1998) como uma forma de medir a
qualidade de um produto conforme ele é manipulado por seus usuários. Alguns dos atributos
considerados pela ISO como requisitos de qualificação são a efetividade, a eficiência e a
satisfação do usuário.
A efetividade está relacionada ao alcance dos objetivos mais básicos de interação por
parte dos usuários e é avaliada pela capacidade de se finalizar uma tarefa e como esta foi
realizada. Já a eficiência é determinada pela quantidade de esforço e recursos utilizados para
se chegar a um objetivo definido, levando-se em conta também a experiência do usuário. Por
41
fim, a satisfação está associada ao conforto que o usuário sente ao utilizar determinada
interface. Isto é algo bastante subjetivo, pois varia de pessoa para pessoa (DIAS C., 2003).
A ISO 9241-11 (1998) complementa ainda em sua resolução que a usabilidade pode
ser analisada com base em outras perspectivas, como a facilidade de aprendizado e de
memorização do usuário.
De forma mais ampla, os medidores de qualidade tendem a estabelecer padrões de
usabilidade no tange à utilização de produtos e a respectiva realização de objetivos
específicos, por exemplo, nas interações humano-computador.
Segundo Barbosa e Silva (2010), a usabilidade em uma IHC geralmente está ligada à
simplicidade e à facilidade com que uma interface pode ser utilizada. Os autores
complementam ainda que é indispensável compreender as necessidades dos usuários de um
ambiente virtual porque isto facilitará a organização do conteúdo disponível. Deste modo
torna-se possível auxiliar pessoas com algum tipo de dificuldade motora ou sem
conhecimento técnico, pois quando se oferecem condições suficientes de uso, elas terão o
acesso à informação facilitado, deixando-as mais à vontade e mais confiantes para realizarem
suas atividades cotidianas.
42
3 SUGESTÃO DE DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE PORTAIS
CORPORATIVOS
Neste capítulo serão feitas sugestões de diretrizes por meio do design gráfico para a
elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação. Para que este
processo seja realizado de forma organizada, coerente e envolva o maior número de
elementos possíveis, torna-se imprescindível o uso de uma metodologia de projeto que se
adeque às necessidades do tema proposto e contemple os objetivos já determinados.
3.1 METODOLOGIA DE PROJETO
O uso de uma metodologia se faz necessária nos mais variados tipos de projetos e não
é diferente para a área do design. Nesta fase serão definidos os preceitos que delinearão as
etapas e o modo como o projeto será conduzido. Para Bürdek (2006, p. 225), a “teoria e
metodologia do design são reflexos objetivos de seus esforços que se destinam a otimizar
métodos, regras e critérios e com sua ajuda o design poderá ser pesquisado, avaliado e
também melhorado”. A importância da utilização de uma metodologia em um projeto existe
porque,
o uso de métodos, ferramentas de projeto e técnicas de criatividade otimizam o
processo de design, reduzindo incertezas, aumentando a qualidade geral do trabalho,
permitindo um ambiente de projeto mais integrado e contribuindo para o aumento
das possibilidades de aceitação do produto no mercado (SANTOS, 2000, p. 44).
A metodologia utilizada para este projeto foi criada pelo arquiteto e designer gráfico
argentino Ruiz (199-?) e foi referenciada por Fuentes (2006) em seus estudos sobre as práticas
do design gráfico. Os métodos criados por Ruiz foram divididos em três etapas: analítica,
criativa e executiva.
Na fase analítica definem-se os problemas, faz-se o levantamento de dados, sua
organização e avaliação (para evitar excesso de informação), delimita-se a abrangência do
projeto e monta-se a estrutura que viabilizará o seu desenvolvimento até ser finalizado.
A segunda fase corresponde ao ciclo criativo do projeto. Aqui as ideias são
formuladas, propostas, verificadas se realmente são pertinentes e aplicáveis, escolhidas e
formalizadas.
43
Na etapa de execução, referente à última fase do processo metodológico de Ruiz, o
projeto ganhará vida. A proposta escolhida passará ainda por uma avaliação final antes de ser
implementada. O objetivo desta ação é detectar possíveis erros de criação antes de ser
aprovada. Depois da autorização da versão definitiva será dado início ao seu desenvolvimento
e materialização, concluindo assim, o projeto.
Como não será criado nenhum modelo navegável de um portal corporativo (etapa de
execução), este trabalho está limitado às fases analítica e criativa.
O modelo criado por Ruiz está representado na figura 5.
Figura 5 - Metodologia de projeto criada por Guilhermo Gonzáles Ruiz.
Fonte: Adaptação do modelo de Ruiz (199-?) encontrado no livro “A Prática do Design Gráfico: uma
metodologia criativa”, de Rodolfo Fuentes (2006).
Pode-se perceber na figura 5 que todas as fases possuem instruções que apontam quais
ações deverão ser realizadas em cada parte do ciclo, representadas por meio de flechas
44
pequenas. Nota-se ainda que existem setas maiores indicando a relação de dependência entre
as fases. Isto significa que só é possível avançar para a etapa seguinte se a anterior for
concluída. Esta é uma maneira de prevenir que possíveis equívocos cometidos nas fases
iniciais não prejudiquem o restante do projeto. A estrutura e a organização propostas por Ruiz
demonstram a solidez do seu plano metodológico.
3.2 FASE ANALÍTICA
Nesta fase são abordados os tópicos considerados relevantes para determinar, por meio
do design gráfico, as diretrizes para a elaboração de portais corporativos como ferramenta
estratégica de inovação. Escolheu-se como suporte um portal gratuito disponível na internet
chamado Infoscoop3
, produto da associação das companhias japonesas Mitsubishi UFJ
Information Technology e Beacon Information Technology Inc.. Como não é possível
demonstrar a utilização on-line deste ambiente optou-se por trabalhar com a imagem
capturada da página inicial do site. Acredita-se que não há a necessidade de se utilizar outras
páginas (além da principal), pois as diretrizes (maioria) seriam aplicadas do mesmo modo em
qualquer uma delas.
De maneira geral, um portal corporativo deve ser elaborado de forma que facilite o
acesso de seus colaboradores às informações relevantes para a realização de suas atividades
(TERRA; GORDON, 2002). As diretrizes sugeridas serão baseadas nos seguintes aspectos:
• Arquitetura da informação;
• Visual;
• Usabilidade.
3.2.1 Arquitetura de informação
Baseando-se no design de informação, o primeiro aspecto a ser tratado será o que
define a arquitetura de informação do portal. Isto permitirá que os dados disponíveis sejam
organizados de modo que o usuário encontre qualquer informação com mais agilidade. Mas,
para Rosenfeld e Morville (2002), de nada adianta ter um sistema de informação ágil se o
3
http://www.infoscoop.org
45
conteúdo acessível utiliza uma linguagem visual complicada e de difícil entendimento,
portanto, infere-se que em um portal corporativo deve-se prezar pela simplicidade das
informações.
Por meio de um ambiente corporativo as empresas têm como objeto principal melhorar
e inovar o sistema de comunicação interno através da transmissão de informações relevantes
ao funcionamento da companhia (ABRACOM, 2012). A diretriz mais importante acaba sendo
a definição da forma como o conteúdo disponível será estruturado, seja por hierarquia,
categorias, etc. De acordo com Knemeyer (2003), esta estrutura diz respeito ao modo como a
informação é organizada, onde a respectiva análise e relevância do conteúdo a ser
disponibilizado serão feitas. Pode-se dizer está será o alicerce da criação do sistema
corporativo e que o desenvolvimento de uma boa arquitetura de informação refletirá
diretamente na eficiência do portal corporativo, consequentemente, no processo de inovação
da comunicação interna da companhia.
Desta forma, entende-se que a arquitetura de informação também é um fator
determinante para a qualidade da modelagem visual do portal. Como esta arquitetura será
representada graficamente, mesmo que não explícita ao usuário, quanto mais bem esta for
elaborada, mais fácil será para criar uma interface que seja de fácil entendimento para quem
for utilizá-la. Porém, isto não significa que estas diretrizes são dependentes entre si, pelo
contrário, são processos distintos que servem de apenas de complemento uma para a outra,
pois é possível se trabalhar uma interface mesmo não sendo baseada no design de informação
(ROSENFIELD; MORVILLE, 2002).
Para os autores, a arquitetura de informação deve ser a base de um website porque os
demais aspectos trabalhados estarão fundamentados no modelo informacional proposto, como
a IHC por meio da interface. Sendo assim, é possível afirmar que a arquitetura de informação
é a espinha dorsal do portal corporativo, interligando e delineando todos os demais processos
por meio de um canal comum: a informação. Como esta é a estrutura chave do portal, a
qualidade dos demais aspectos envolvidos dependerá obrigatoriamente do seu nível de
organização.
Nesta fase inicial, o design gráfico tem a capacidade de interferir no projeto de
estruturação da informação em todas as etapas deste processo. No planejamento do portal
podem ser definidas as estratégias que darão rumo ao projeto de acordo com as necessidades
da empresa e de seus colaboradores. Através do processo criativo são geradas ideias e esboços
de modelos para melhor organizar e avaliar o conteúdo disponível. Na etapa de conclusão são
46
definidas as condições para validar a arquitetura de informação proposta, sendo finalizada
com sua devida implementação.
3.2.2 Visual
Segue-se com a abordagem do aspecto visual, que corresponde à primeira experiência
que o usuário tem ao entrar no portal. Sua construção deve ser baseada nas informações
contidas na rede interna; pois, sem elas, torna-se impossível definir simplificadamente as
características visuais do ambiente.
Apesar de a sua busca ser exclusivamente por informação, é através da aparência
estética do portal (layout4
) que o usuário terá a primeira impressão de como é o portal
corporativo. Ao se conectar à rede interna da empresa por intermédio de um navegador, o
usuário irá interagir com uma interface – um canal de ligação entre o emissor da informação
(empresa) e o receptor dessa mensagem (colaborador) – que pode ter um aspecto amigável ou
não tão convidativo (NIELSEN, 1996). Quanto melhor for a experiência inicial do usuário
(visual e funcional), maiores serão as chances de continuar utilizando este sistema, pois se
sentirá confortável ao navegar pelo novo ambiente e se adaptará com mais facilidade.
Segundo Leite (2010, p.185), “[...] o contato visual talvez seja o primeiro e o último momento
de identificação e convencimento [...]”. Caso não se identifique com esta interface, é possível
que o usuário considere que a utilização do portal corporativo não lhe traz nenhuma
vantagem, podendo até mesmo desconsiderar ou rejeitar a continuidade da sua utilização. O
autor ainda afirma (2010, p. 175) que “[...] por meio do impacto visual, obtêm-se resultados
com menor exposição [...]”. Portanto, quanto melhor for planejada a estrutura de informação
mais fácil será criar um ambiente gráfico que agrade aos usuários do sistema.
Com relação ao aspecto visual, o design gráfico atua como mediador do processo de
inovação na comunicação entre a empresa e seus colaboradores. Neste caso se torna o
responsável direto pela criação do layout, da interface gráfica ou de qualquer outra questão
que envolva organização visual.
Para o desenvolvimento deste ambiente podem ser incorporados diversos elementos,
tais como: vídeos, animações, fontes tipográficas não convencionais, imagens, etc. O design
gráfico não servirá apenas para deixar o portal corporativo “elegante” ou mais bonito, mas
4
Conforme Araujo (2001), o layout é a união de todos os elementos que o compõem uma estrutura. No caso de
um site pode-se considerar como parte integrante de sua construção as imagens, tipografias, vídeos, etc...
47
também, procurará criar um equilíbrio entre os todos os elementos utilizados em sua
concepção, maximizando as chances de o usuário se identificar com o portal corporativo.
3.2.3 Usabilidade
Já a usabilidade diz respeito às facilidades do usuário na utilização do portal
propriamente dito, ou seja, quais as melhores formas de interação para que a comunicação se
torne eficaz (DIAS, 2001). Este aspecto diz respeito à capacidade do usuário em poder usar
melhor os recursos disponíveis na página de acesso através da navegação, ou seja, quão mais
fácil é utilizar a interface criada e se comunicar por meio do portal.
A construção de um ambiente com um alto nível de usabilidade só poderá existir se a
arquitetura de informação for organizada. Se a situação não for esta, fica impossível criar um
local que possua uma fácil utilização se as informações estão “espalhadas” pela rede interna.
Mesmo que o plano de usabilidade seja bem elaborado, a estrutura de informação não
permitirá que a interface seja de fácil utilização (BARBOSA; SILVA, 2010).
E é justamente através da interface – veículo de comunicação entre o usuário e o portal
corporativo – que a usabilidade será “vista” por quem está navegando pelo ambiente. Por este
motivo, torna-se imprescindível a definição de um layout que favoreça uma ótima relação
entre ambas as partes. Quanto melhor for a usabilidade do portal, mais efetivo e eficiente
tende a ser o sistema, pois os usuários terão condições suficientes para melhor absorver as
mensagens transmitidas pela empresa.
A interferência do design gráfico será na idealização do projeto de usabilidade do
portal. Nesta etapa as necessidades do usuário farão toda a diferença. Com base nas
heurísticas de Nielsen (1995), nos requisitos mínimos propostos por Dias (2001) que um
portal corporativo deve possuir e nas regras de usabilidade na web de Krug (2008)
levantaram-se alguns pontos que podem ser trabalhados com relação à usabilidade destes
tipos de ambientes. Cada portal corporativo possui características e finalidades próprias, mas
a grande maioria deve solucionar problemas como:
• Falta de padronização do sistema: se existe uma forma comum de
transmissão das mensagens, sinalizadas através de cores, por exemplo, o
usuário tende a reconhecer esse padrão e aprende a utilizar o sistema com mais
rapidez;
48
• Falta de leiturabilidade dos textos: diz respeito à dificuldade do usuário em
ler os textos apresentados. Geralmente é provocada pelo mau uso das cores ou
fontes tipográficas;
• Falta de legibilidade dos textos: existem fontes tipográficas que possuem
letras muito parecidas entre si ou são muito estilizadas, isso pode gerar muita
confusão na leitura;
• Falta de agilidade na busca por informações: a informação precisa estar
sempre disponível e deve ser de fácil acesso quando o usuário precisar. Se ele
não encontra o que procurava podem-se oferecer meios alternativos, como um
campo de busca ou uma lista de itens mais acessados ou procurados para
auxiliá-lo;
• Falta de simplicidade da informação: em muitos ambientes corporativos o
conteúdo das informações são extremamente complexos e maçantes, o que
dificulta muito a sua compreensão. O usuário precisará de um nível cultural
muito mais elevado para compreender as mensagens que a empresa quer
passar;
• Necessidade de atualização constante de conteúdo: como o objetivo do
portal é transmitir informação, deve-se mantê-lo sempre atualizado. Um
ambiente “parado no tempo” causa uma impressão negativa ao usuário porque
parece um local abandonado e sem nenhum tipo de valor, por isso foi
esquecido;
• Falta de manutenção periódica do portal: a estrutura física do portal também
merece atenção. Muitas empresas deixam de se preocupar com o sistema
porque, aparentemente, este parece estar funcionando sem nenhum problema.
Porém, uma manutenção periódica do portal corporativo se faz necessária para
prevenir erros, dados corrompidos, links quebrados, etc. A existência de falhas
pode gerar uma grande insatisfação do usuário quando a utilização do portal é
interrompida por problemas que não deveriam existir;
• Inexperiência do usuário: nem sempre o colaborador saberá usar um
determinado recurso do computador ou algum programa; por isso, deve-se
criar um ambiente descomplicado e intuitivo para que ele tenha condições de
utilizar o portal corporativo plenamente;
49
• Ausência de feedback: este termo significa que houve um retorno, uma
resposta para usuário após realizar uma ação, por exemplo, o recebimento de
uma mensagem de aviso para uma área inacessível ou de um erro no sistema.
Se não existe este retorno, o usuário pode ficar em dúvida se suas ações foram
corretas ou não. Um sistema de “ajuda ao usuário” também pode ser
considerado uma forma de feedback;
• Adaptação do ambiente para versões móveis: muitas vezes o usuário precisa
acessar o portal fora do ambiente físico da empresa e não há um computador
disponível. Com a evolução dos smartphones e dos tablets, estes podem ser
uma alternativa para o acesso à rede. Deve-se criar um ambiente próprio e
personalizado que viabilize a utilização de dispositivos móveis como opção de
acesso ao portal corporativo;
• Inovação do sistema visual: por mais que o ambiente gráfico seja agradável,
às vezes, algumas mudanças podem ser interessantes para a empresa.
Alterações no estilo da interface ou de qualquer elemento presente no layout
podem ser bem recebidas pelo usuário, que muitas vezes se sente incomodado
com a falta de novidades no ambiente.
É interessante também para as companhias manterem um canal de comunicação
constante com o colaborador para medir o seu nível de satisfação ou se este possui sugestões,
comentários ou alguma opinião sobre o funcionamento do portal ou até mesmo do andamento
da própria empresa. Se ele obtiver o retorno esperado ficará satisfeito, se sentirá respeitado e a
empresa pode, além de melhorar o seu sistema, criar um relacionamento ainda melhor com
sua equipe.
Por fim, para que se consiga a eficiência desejada é necessário que o portal corporativo
seja criado com base nas tecnologias atuais, pois estas possuem mais recursos e tendem a ser
mais seguras. A realização periódica de manutenções preventivas ou de atualizações do
sistema torna-se fundamental para que o portal não se torne obsoleto ao longo tempo e facilita
a detecção de diversas falhas que podem, inclusive, inutilizá-lo.
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TCC - Diretrizes por meio do design gráfico para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação

  • 1. FACULDADES ENERGIA DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS (FEAN) CURSO DE DESIGN GRÁFICO RAMON NUNES REBELO DIRETRIZES POR MEIO DO DESIGN GRÁFICO PARA A ELABORAÇÃO DE PORTAIS CORPORATIVOS COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE INOVAÇÃO FLORIANÓPOLIS 2014
  • 2. RAMON NUNES REBELO DIRETRIZES POR MEIO DO DESIGN GRÁFICO PARA A ELABORAÇÃO DE PORTAIS CORPORATIVOS COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE INOVAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Design Gráfico das Faculdades Energia como quesito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Design Gráfico. Orientador (a): Prof.ª Me. Inara AntunesVieira Willerding FLORIANÓPOLIS 2014
  • 3. RAMON NUNES REBELO DIRETRIZES POR MEIO DO DESIGN GRÁFICO PARA A ELABORAÇÃO DE PORTAIS CORPORATIVOS COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE INOVAÇÃO Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado como quesito parcial para a obtenção do título de bacharel em design gráfico pelas Faculdades Energia de Administração e Negócios (FEAN), pela comissão formada por: _____________________________ Orientador (a): Prof.ª Me. Inara AntunesVieira Willerding _____________________________ Prof. Me. Israel de Alcântara Braglia _____________________________ Prof. Me. Ildo Francisco Golfetto Florianópolis, 08 de abril de 2014.
  • 4. Dedico este trabalho aos meus familiares que sempre me apoiaram nas minhas decisões.
  • 5. RESUMO Este trabalho tem como objetivo sugerir, por meio do design gráfico, diretrizes para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação. Estes portais são instrumentos que possibilitam às empresas ampliarem seus horizontes de comunicação e, por serem veículos que compartilham informação, podem promover melhorias nas próprias companhias. Já a inovação permite que as organizações se reinventem e se reposicionem no mercado; porém, este é um processo bastante complicado onde um passo em falso pode determinar o fim de um projeto ou até mesmo do próprio negócio. Como procedimento metodológico utilizou-se o tipo de pesquisa descritivo-exploratória de natureza qualitativa, já que os dados e situações exploradas neste trabalho são analisados visando-se a realização de estudos que levem a alcançar o objetivo proposto. Para a definição dos parâmetros de trabalho e para melhor organizar o seu desenvolvimento adotou-se a metodologia de projeto criada nos pelo arquiteto e designer argentino Guilhermo Gonzáles Ruiz (199-?). O autor divide um projeto em três fases complementares: análise, criação e execução. Os conceitos estabelecidos por ele serviram de base ideológica para a aplicação das diretrizes sugeridas em um modelo aberto de portai disponível na internet através de seu redesign. Com isto, demonstrou-se a importância do design gráfico como elemento chave na elaboração de projetos de portais corporativos para qualquer tipo de empresa e apresentou-se também algumas das vantagens que podem ser obtidas pelas empresas ao utilizarem os portais corporativos em seus processos de inovação. Por fim, fez-se a conclusão e expuseram-se as considerações finais deste trabalho. Palavras chave: Design gráfico; Inovação; Portal corporativo.
  • 6. ABSTRACT This study aims to suggest, through graphic design, guidelines for the development of enterprise portals as a strategic tool for innovation. These portals are tools that enable companies to expand their horizons of communication and, for being vehicles that share information, they can make improvements in their own companies. Now the innovation allows the organizations to reinvent and reposition in the market, but this is a fairly complicated process where a misstep can determine the end of a project or even the business itself. As a methodological the type of research used was the descriptive and exploratory of qualitative nature, since data and situations explored in this work are analyzed aiming to conduct studies that will lead to achieving the objective. For the definition of work standards and to better organize their development was adopted the design methodology created by the Argentine architect and designer Guillermo Gonzales Ruiz (199-?). The author divides a project into three complementary phases: analysis, design and implementation. The criteria established by it served as ideological basis for the application of the guidelines suggested in an open model portal available on the internet through your redesign. With this could be demonstrated the importance of graphic design as a key element in the drafting of corporate portals for any kind of company and also introduced some of the advantages that can be obtained by companies when using enterprise portals in their innovation processes. Lastly, the concluding remarks of this work were made. Keywords: Graphic design, Innovation, Corporate portal
  • 7. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Cartaz veiculado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.............20 Figura 2 - Pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Lascaux ........................................22 Figura 3 - Elementos tipográficos como representação dos países em um mapa.....................23 Figura 4 - Exemplo de uma rede de relacionamento de uma empresa utilizando um portal corporativo................................................................................................................................35 Figura 5 - Metodologia de projeto criada por Guilhermo Gonzáles Ruiz................................43 Figura 6 - Captura de tela da página principal do portal corporativo Infoscoop......................50 Figura 7 - Redundância de conteúdo........................................................................................52 Figura 8 - Menu lateral .............................................................................................................53 Figura 9 - Redesign Infoscoop..................................................................................................55
  • 8. LISTA DE ABREVIAÇÕES ABRA - Academia Brasileira de Artes ABRACOM - Associação Brasileira das Agências de Comunicação ADG BRASIL - Associação dos Designers Gráficos do Brasil ADEGRAF - Associação dos Designers Gráficos do Distrito Federal CEOs - Chief Executive Officers CNI - Confederação Nacional da Indústria ICSID - International Council Societies of Industrial Design ISO - International Organization for Standardization P&D - Pesquisa e Desenvolvimento PME - Pequenas e Médias Empresas SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas
  • 9. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA.........................................................................................12 1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................12 1.2.1 Geral ...............................................................................................................................12 1.2.2 Específicos ......................................................................................................................13 1.3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................13 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................14 1.4.1 Quanto à abordagem.....................................................................................................15 1.4.2 Quanto aos fins ..............................................................................................................15 1.4.3 Quanto aos meios...........................................................................................................16 1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .....................................................................................16 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................................16 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................................18 2.1 DESIGN..............................................................................................................................18 2.2 DESIGN GRÁFICO ...........................................................................................................22 2.3 INOVAÇÃO.......................................................................................................................24 2.3.1 O design como diferencial no processo de inovação...................................................28 2.4 PORTAIS CORPORATIVOS............................................................................................30 2.4.1 Contextualização............................................................................................................30 2.4.2 Definições e funções de um portal corporativo...........................................................33 2.5 PRINCÍPIOS DA INTERAÇÃO HUMANO-COMPUTADOR .......................................37 2.5.1 Experiência do usuário (UX) ........................................................................................38 2.5.2 Design de interação e de interfaces ..............................................................................39 2.5.3 Design de informação....................................................................................................40 2.5.4 Usabilidade.....................................................................................................................40 3 SUGESTÃO DE DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE PORTAIS CORPORATIVOS .................................................................................................................42 3.1 METODOLOGIA DE PROJETO ......................................................................................42 3.2 FASE ANALÍTICA............................................................................................................44 3.2.1 Arquitetura de informação...........................................................................................44 3.2.2 Visual ..............................................................................................................................46
  • 10. 3.2.3 Usabilidade.....................................................................................................................47 3.2.4 Análise do portal corporativo Infoscoop .....................................................................50 3.2.4.1 Arquitetura de informação ...........................................................................................51 3.2.4.2 Visual............................................................................................................................52 3.2.4.3 Usabilidade...................................................................................................................53 3.3 FASE CRIATIVA ..............................................................................................................54 3.3.1 Redesign Infoscoop ........................................................................................................54 3.3.1.1 Arquitetura de informação ...........................................................................................55 3.3.1.2 Visual............................................................................................................................56 3.3.1.3 Usabilidade...................................................................................................................57 3.4 REFLEXÕES CONCLUSIVAS ........................................................................................57 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................60 4.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................................62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................63 APÊNDICE .............................................................................................................................70 ANEXO....................................................................................................................................71
  • 11. 11 1 INTRODUÇÃO Em um mundo onde o mercado é tão competitivo e a economia bastante instável, boa parte das companhias passa por dificuldades e mal conseguem enfrentar os problemas aos quais são expostas. Isto acontece porque muitas delas ainda utilizam ferramentas e técnicas de gestão que perderam a eficiência em virtude das mudanças no cenário econômico. Atualmente, buscar soluções inteligentes, criativas e que sejam capazes de diferenciar um negócio perante seus concorrentes é fundamental para a conquista do tão sonhado sucesso; motivo pelo qual a inovação corporativa vem ganhando cada vez mais espaço e destaque como um importante diferencial estratégico. Segundo Drucker (1986), a inovação é um instrumento próprio e específico de empreendedores que explora a mudança como uma oportunidade de serviço ou de um negócio diferente, sendo a criatividade o principal propulsor na geração de ideias. Mas, para inovar, não basta ser apenas criativo. De acordo com Adriano Augusto Campos, consultor do Sebrae-SP (ESTADÃO PME, 2012), “ser inovador implica muito mais em estar atento ao que acontece ao seu redor do que ter criatividade. Tudo que melhore o funcionamento da empresa já é inovação”. Isto não significa que o processo criativo não seja importante. Deve-se fazer com que todo este desenvolvimento esteja alinhado às etapas definidas para o processo de inovação. Para o consultor e pesquisador Mark Johnson, cofundador da empresa de consultoria Innosight, "o processo criativo não é apenas ter a ideia. O mais importante é o modo como essas ideias tomam forma através do processo de inovação” (ADMINISTRADORES, 2011). Uma destas etapas envolve a comunicação interna, responsável pela transmissão de conteúdos relevantes para a empresa entre seus integrantes. Como nem sempre as informações em uma organização são transmitidas com eficácia entre seus colaboradores, um dos recursos mais utilizados no meio empresarial a fim de minimizar eventuais problemas e ampliar a eficiência da comunicação interna são os portais corporativos. Estes têm como principais objetivos a centralização, organização e a distribuição de conteúdos específicos para que qualquer pessoa autorizada possa acessá-los. Apesar de os portais serem projetados para atividades empresariais, nem sempre os projetos que envolvem suas criações atendem às necessidades do usuário final. Em casos como este, o design gráfico pode ser utilizado para projetar um ambiente mais adequado, agradável, simples e que consiga transmitir com clareza as mensagens da empresa.
  • 12. 12 De acordo com Bersen (1987), o design é um meio que possibilita definir a qualidade dos produtos e atua diretamente no processo de comunicação das organizações, explorando o seu potencial criativo e seus atributos; portanto, tem como função gerar alternativas e criar meios para facilitar a comunicação entre a empresa e toda sua equipe. Neste contexto, o foco desta pesquisa, tendo o design gráfico como base conceitual e visual, está em sugerir diretrizes para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação. 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA A comunicação interna, no âmbito empresarial, exerce um importante papel no que diz respeito à criação e manutenção de um bom relacionamento entre o colaborador e a empresa; podendo também, ser explorada no processo de inovação por meio de técnicas e ferramentas específicas, tais como os portais corporativos. Diante desta situação, sugerem-se diretrizes por meio do design gráfico para a elaboração de portais corporativos e que possam ser utilizados por qualquer instituição. Baseando-se na proposta apresentada, faz-se a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as diretrizes mais relevantes por meio do design gráfico para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação? 1.2 OBJETIVOS Em resposta ao problema proposto, o presente trabalho apresenta os objetivos a seguir. 1.2.1 Objetivo geral Sugerir diretrizes por meio do design gráfico para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação.
  • 13. 13 1.2.2 Objetivos específicos Para atender às necessidades do objetivo geral traçado, têm-se os seguintes objetivos específicos: • Abordar o processo de inovação em uma organização; • Descrever a relevância do design gráfico para as organizações; • Identificar a relação existente entre os portais corporativos e o processo de inovação; • Propor aplicações para as diretrizes sugeridas por meio do redesign de um portal corporativo já existente no mercado. 1.3 JUSTIFICATIVA A origem deste trabalho decorre do interesse do pesquisador por assuntos que envolvem economia, inovação, marketing, gestão de pessoas, web e design gráfico. A ideia de integrar estas áreas do conhecimento e explorá-las em um trabalho de conclusão de curso vem desde o início da formação acadêmica, mas o que de fato definiu os rumos desta pesquisa foi a disciplina de Empreendedorismo Aplicado ao Design Gráfico. Nesta cadeira da 7ª fase da graduação, os alunos participaram de um ciclo de palestras onde cinco empreendedores locais narraram aos acadêmicos sua trajetória de vida e como alcançaram o sucesso profissional. Todos os palestrantes, apesar de suas particularidades, tiveram a mesma opinião a respeito do processo de inovação corporativa; de como não só é importante, mas também, essencial para o presente e o futuro de uma empresa. Estas palestras serviram de inspiração e motivação para o aprofundamento do assunto pelo acadêmico. Como fontes de pesquisa utilizou-se livros, artigos, revistas e sites especializados nos temas abordados. Os resultados obtidos foram semelhantes às opiniões dos entrevistados. Um exemplo da grande importância e necessidade da inovação para qualquer negócio é o caso da Kodak. A empresa sempre foi pioneira no ramo fotográfico e já deteve cerca de 85% do Market share1 de filmes fotográficos (EXAME, 2013). Porém, após a década de 90, simplesmente parou no tempo, traçou metas equivocadas e pouco inovou, perdendo força e 1 De acordo com Kotler (1999), o termo Market share corresponde à participação de uma empresa no mercado, sendo conhecida também por quota de mercado de uma companhia.
  • 14. 14 espaço no mercado para seus concorrentes chegando ao ponto de quase fechar suas portas em 2012, depois de 131 anos de existência. A relevância desta pesquisa se dá por dois motivos principais: o primeiro refere-se ao fato de que existem poucas regras ou modelos que determinem como ou de que forma se deve inovar (SIMANTOB; LIPPI, 2003), ficando a critério de cada responsável pelo projeto definir suas metas e objetivos para o processo de inovação; o segundo motivo diz respeito à sugestão de diretrizes baseadas no design gráfico para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação. Esta etapa dá-se por meio da indicação de pontos específicos que podem ser trabalhados na construção de um ambiente organizacional que permita uma melhor transmissão e receptividade das informações essenciais para o funcionamento de uma companhia. Possui também relevâncias científicas por contribuir com o desenvolvimento de estudos em uma área ainda pouco explorada, a de projetos gráficos para a elaboração de portais corporativos e sua aplicação em processos de inovação empresarial. Por meio desta pesquisa pode-se compreender melhor a importância e os benefícios que um bom projeto de design gráfico pode trazer não só para uma empresa, mas também, para seus colaboradores, já que promove melhorias no relacionamento interpessoal e facilita a realização de tarefas cotidianas por sua equipe. Esta visão pode ser estendida para todos os parceiros envolvidos; pois, se o resultado de um projeto for positivo, mais fácil será sua expansão e adequação para outros segmentos ou áreas de atuação. Estes portais, quando bem estruturados, podem ser uma valiosa e poderosa ferramenta de auxílio no processo de inovação de uma companhia. 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A partir da fundamentação teórica, as áreas do conhecimento abordadas foram relacionadas para que sirvam de base conceitual a fim de se atingir os objetivos propostos. Com relação aos métodos de pesquisa e técnicas utilizadas para o desenvolvimento deste trabalho deu-se foco inicialmente para a definição do tipo de pesquisa; em seguida, fez-se sua delimitação e, por fim, concluiu-se com a reflexão sobre as informações previamente levantadas. Em relação à pesquisa proposta, sua classificação foi estabelecida quanto à sua abordagem, aos seus fins e aos meios.
  • 15. 15 1.4.1 Quanto à abordagem Estre trabalho apresenta um método de pesquisa qualitativo, uma vez que busca uma melhor descrição e compreensão dos diversos conceitos utilizados não se baseando em elementos mensuráveis ou estatísticos. Segundo Honorato (2004, p. 97), a pesquisa qualitativa “proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema. [...] caracteriza-se pela análise psicológica dos fenômenos de consumo, pela explicação das razões pelas quais se age determinado modo e pela impossibilidade de quantificação”. De acordo com Downey e Ireland (1979), os métodos qualitativos possuem grande importância em estudos organizacionais, principalmente quando se trata da avaliação e levantamento de características de ambientes e situações. 1.4.2 Quanto aos fins Este trabalho tem caráter exploratório e descritivo, uma vez que o principal objetivo destes tipos de pesquisas é focar em um determinado problema a fim de proporcionar um melhor entendimento sobre o mesmo. Segundo Vergara (2000), a pesquisa exploratória é realizada em áreas pouco exploradas e que carecem de conhecimentos científicos mais aprofundados. Para Severino (2007, p. 123), é um meio que “busca apenas levantar informações sobre um determinando objeto, delimitando assim um campo de trabalho mapeando as condições de manifestações desse objeto”. Estas delimitações do campo a ser estudado permitem uma maior integração entre o problema e seu pesquisador. Assim, torna-se possível estabelecer métodos e técnicas mais apuradas para que o objetivo geral seja alcançado. Já a característica descritiva dá-se pela interpretação das informações coletadas durante a pesquisa bibliográfica. Para Vergara (2000, p. 47), este tipo de pesquisa “não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação”. De acordo com Gil (2007, p. 46), estas descrições “acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias”; já Manning (1979) pondera que a exploração do caráter descritivo é fundamental em um estudo qualitativo porque serve de referência para os dados coletados.
  • 16. 16 1.4.3 Quanto aos meios Esta pesquisa é classificada como bibliográfica. Segundo Fonseca (2002, p. 32), “a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas, por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites”. Para Gil (2007), um dos exemplos mais característicos da pesquisa bibliográfica é o que propõem a análise das opiniões que envolvem um problema. O levantamento de dados deste trabalho provém deste tipo de pesquisa, mais precisamente de livros, artigos, revistas e publicações eletrônicas. 1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA Esta pesquisa tem como foco a sugestão de diretrizes por meio do design gráfico para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação, podendo servir de base conceitual para qualquer instituição. Para a aplicação das diretrizes sugeridas escolheu-se o portal corporativo Infoscoop2 , disponível gratuitamente na internet para testes. A delimitação desta pesquisa está em mostrar como o design gráfico pode ser aplicado para melhorar a estrutura do referido portal corporativo e não visa o desenvolvimento de um modelo para substituí-lo. 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho está estruturado em seis capítulos, sendo o primeiro deles composto pela introdução, que tem como subcapítulos a definição do problema, objetivos, justificativa, procedimentos metodológicos, delimitação da pesquisa e estrutura do TCC. O segundo consiste no referencial teórico e está dividido em quatro subcapítulos. Inicia-se com um breve histórico sobre o significado do design, sua origem e evolução ao longo dos anos. No subcapítulo sequente faz-se uma abordagem mais específica com relação ao design gráfico, uma das ramificações do design, sendo feita também uma rápida menção a 2 www.infoscoop.org
  • 17. 17 respeito da sua inserção no mercado como profissão. Segue-se com a abordagem de questões que envolvem inovação e de como o design gráfico pode ser inserido neste processo. Continua-se com o tratamento de assuntos relacionados aos portais corporativos, tais como conceitos, funcionalidades e as condições sócio-econômicas que propiciaram o seu surgimento. E contempla-se, no último subcapítulo, os princípios da interação humano- computador. No terceiro capítulo apresenta-se a metodologia do projeto adotada e sugerem-se diretrizes para a elaboração de portais corporativos baseando-se em conceitos do design gráfico. Por fim, são feitas as reflexões conclusivas. Abordam-se, no último capítulo, as considerações finais e as sugestões para trabalhos futuros. Conclui-se este trabalho com a apresentação das referências bibliográficas, do anexo e do apêndice.
  • 18. 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO Para a elaboração do referencial teórico foram analisadas obras de diversos autores e especialistas em suas áreas de atuação profissional. Inicia-se com uma rápida introdução sobre a história e a função do design, seguida por uma abordagem mais específica com relação ao design gráfico. Sua sequência dá-se através da exploração do tema inovação e finaliza-se com o levantamento de informações relacionadas aos portais corporativos. 2.1 DESIGN Existem muitas definições sobre o que é design. A maioria delas é relativa a um determinado contexto histórico e foram influenciadas, principalmente, por transformações culturais, sociais, tecnológicas e políticas. Segundo Buchanan (1992), o design compreende uma atividade projetual de criação, inovação e avaliação de objetos que tem a capacidade de assumir variadas formas e com potencial para atuar em diversos níveis operacionais de qualquer área do conhecimento humano. A International Council Societies of Industrial Design (ICSID) propõe que o design é uma atividade criativa com o objetivo de moldar, planejar e estabelecer a qualidade de processos, produtos e serviços para que os resultados dos processos sejam os melhores possíveis (ICSID apud MOZOTA; KLÖPSCH; COSTA, 2011). Já para Wollner, definir o termo "design" não é uma tarefa simples, [...] porque a evolução da linguagem, dos elementos técnicos é tão rápida que se fala de uma coisa hoje e ela é diferente amanhã. Mas a gente pode dizer que é dimensionar uma estrutura onde todos os elementos visuais nos vários meios de comunicação visual. Não é só fazer uma marquinha sem se preocupar com o comportamento que essa marca vai ter em todo o contexto, não só da indústria, mas também da comunicação visual. Ela precisa estar baseada em toda uma estruturação e prever aplicações bastante coerentes. Essa é a proposta do design, que não está preocupado com a estética, mas com a função, com materiais, com a ergonomia visual, com aplicações planas e não planas. Deve saber, por exemplo, como uma embalagem redonda se comporta, como ela pode ser fragmentada e como a publicidade vai ser usada dentro dessa estrutura. Um trabalho de design gráfico deve durar no mínimo vinte a trinta anos, Um logotipo não perde a atualidade, e a potencialidade está em torno desse sinal, desse elemento (WOLLNER, 2003, p. 91). A base de todos estes conceitos surgiu na Idade Média. Na época não existia um termo chamado “design”, mas primitivos estudos que buscavam solucionar os problemas cotidianos.
  • 19. 19 A necessidade básica dos povos era meramente comunicativa e se pretendia proporcionar ao homem medieval um melhor entendimento das mensagens transmitidas (WOLLNER, 2002). Segundo ele foi apenas na Europa do século XVIII, em plena Revolução Industrial que o design, propriamente dito, surgiu. Conforme a população crescia e enriquecia, a exigência por uma melhor qualidade e uma maior diversidade dos bens produzidos passou a ser desejada pelas pessoas em um mundo onde, até então, tudo tinha a mesma “cor” e a mesma “aparência”. O homem percebeu que era preciso diferenciar suas mercadorias e transformá-las em algo único. Ao mesmo tempo em que fugia do comum e ganhava destaque no comércio; agregava valor ao seu produto. Este processo teve o apoio de um aliado muito forte: a tecnologia (HOLLIS, 2001). o design nasceu da necessidade que a sociedade industrial sentiu, mais precisamente na Europa em meados do século XIX, de criar mecanismos que pudessem dar nexo ao novo modo de produção de objetos e informações. É quando surge o projeto industrial, ou seja, o meio através do qual um novo especialista, o designer passa a controlar o processo que vai da concepção do produto ao seu uso (ESCOREL, 2000, p. 35). Para acompanhar o avanço tecnológico e as mudanças no sistema de fabricação, que agora produzia em larga escala, as fábricas precisaram se adaptar a um novo método de produção em que o projeto e a execução foram separados em etapas independentes. Com a função de projetar, o design aparece para substituir o artesanato; profissão que já estava em declínio por não conseguir acompanhar o ritmo acelerado da produção industrial. O objetivo desta mudança era reduzir o tempo de todo o processo, diminuir os custos e aumentar os lucros das companhias. De acordo com Hollis (2001), o design ficou restrito basicamente a este tipo de função até o fim do século XIX. Devido à modernização da indústria gráfica e à participação como componente ideológico de inúmeros movimentos artísticos, seu potencial veio a ser reconhecido logo nas primeiras décadas do século XX, principalmente entre o período das duas grandes guerras mundiais. Com a produção de cartazes, como os que veicularam nos Estados Unidos advertindo às pessoas para terem cuidado com suas conversas por causa da existência de espiões (figura 1), ganhou notoriedade. Foi muito beneficiado também com o intenso progresso científico-tecnológico, o que permitiu uma maior integração com outras áreas ampliando ainda mais o seu potencial. Desde então o design vem crescendo de forma acentuada e já se tornou um imprescindível para o mercado.
  • 20. 20 Figura 1 - Cartaz veiculado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Fonte: Site “Designices”. Informações sobre design. Mas esta rápida e intensa evolução, além da sua breve existência e características multifuncionais, abriu margem para que a compreensão do design pela sociedade fosse prejudicada. Para o professor de design Marcos Barros (2013), “o Design é uma ciência relativamente nova que promove relações com outras ciências, talvez essa seja uma das dificuldades em rotulá-lo de forma eficaz e indiscutível”. Já Mozota, Klöpsch e Costa (2011, p. 16) afirmam que, “a mídia tende a aumentar a confusão usando a palavra “design” para falar de formas originais, mobília, luminárias e moda, sem mencionar o processo criativo delas”. Até a própria palavra recebeu traduções que não condizem com a sua percepção semântica, considerando-a simplesmente como sinônimo de “desenho” ou “padrão estético”.
  • 21. 21 Villas-Boas explica que design, [...] é uma palavra inglesa originária de designo (as-are-avi-atum), que em latim significa designar, indicar, representar, marcar, ordenar. O sentido de design lembra o mesmo que, em português, tem desígnio: projeto, plano, propósito (Ferreira, 1975) – com a diferença de que desígnio denota uma intenção, enquanto design faz uma aproximação maior com a noção de configuração palpável (ou seja, projeto). Há assim uma clara diferença entre design e o também inglês drawing – este, sim, o correspondente ao sentido que tem o temo desenho (VILLAS-BOAS, 2007, p. 58). Pode-se afirmar então que o design, portanto, não se trata apenas de um refinamento estético, mas também, de um diferencial estratégico que permite estruturar todo um processo de comunicação e planejamento de modo inteligente, eficiente e muito mais preciso do que métodos tradicionais de gestão. Por meio do design pode-se buscar a solução de problemas entre o homem e o meio, unindo a excelência visual e funcional de um produto ou serviço para produzir uma interação mais rica e produtiva, reproduzindo e agregando valores definidos por seus idealizadores com a capacidade de criar vínculos emocionais para com as pessoas. É tipicamente o design como agente da interface que coloca, de um lado, os produtos e organizações e, do outro, os consumidores, usuários e mercado em geral. De acordo com esse pensamento, podemos verificar a estreita relação que é colocada entre design e qualidade, deixando claro o conceito de que a qualidade de um produto tem relação direta com o seu design. (SANTOS, 2000, p. 20). Além de ser um formador de ideias, de opiniões e um criador de conceitos, o design também pode fazer parte da própria estrutura cognitiva do ambiente quando passa a interagir com o meio no qual está inserido. Mais do que dar forma e sentido a objetos, mais do que auxiliar na construção e comunicação de uma identidade, o design, na sociedade de consumo globalizado, é a própria definição dos objetos e de seu sentido, sua razão de existir, sua utilidade, finalidade, público-alvo. Não é um fim em si mesmo. É o veículo de experiências sensoriais e de comunicação. [...]. Ser designer é se reciclar permanentemente, entender a contemporaneidade dos pontos de vista histórico, cultural, econômico, social e de produção, modismos, tendências de comportamento, novas tecnologias. Tudo isso faz parte do repertório e das competências do designer (LEITE, 2010, p. 19). Para o designer João de Souza Leite (apud LEITE, 2010), o design atua como decodificador do processo de comunicação fazendo com que a mensagem enviada pelo transmissor seja devidamente compreendida pelo receptor. O designer Rick Poynor (apud LEITE, 2010, p. 179) afirma que, não é exagero dizer que os designers estão engajados em nada menos do que a fabricação da realidade contemporânea. Hoje, nós vivemos e respiramos design.
  • 22. 22 Poucas são as experiências que temos em casa, no lazer, na cidade ou nos shopping centers que estejam livres de seu toque alquímico. Nós absorvemos design tão profundamente em nós mesmos que não mais reconhecemos as milhares de formas com que nos estimula, perturba e emociona. É completamente natural. É assim que as coisas são. O poder de influenciar, direta ou indiretamente, fez com que o design tornasse uma referência da vida contemporânea. De acordo Barros (2013), como sua abrangência se tornou muito ampla, acabou sendo dividida em várias áreas específicas. Uma destas ramificações trata da programação visual e é conhecida como design gráfico. 2.2 DESIGN GRÁFICO Segundo Meggs (1998), os primórdios do design gráfico datam de épocas remotas; quando o homem ainda fazia pinturas em rochas e em cavernas para comunicar ou narrar uma história, como as pinturas encontradas na caverna de Lascaux, datadas entre 10.000 e 15.000 anos (figura 2). Figura 2 - Pinturas rupestres encontradas nas cavernas de Lascaux. Fonte: Site “Por Amor al Arte”. Informações sobre artes, como pintura e escultura. De acordo com Hollis (2001), a origem ideológica do design gráfico surgiu na primeira fase da Revolução Industrial quando se iniciou uma tendência de unir todo o conhecimento e as funções exercidas pelos chamados “artistas comerciais” em um só profissional. Foi reconhecido como profissão apenas no século XX; após o mundo
  • 23. 23 compreender melhor o que era o design gráfico e suas qualidades. Pelo seu pouco tempo de existência é possível classificá-la como uma atividade nova ou recente. O design gráfico, como profissão, só passou a existir a partir de meados do século XX; até então, os anunciantes e seus agentes utilizavam os serviços oferecidos pelos “artistas comerciais”. Esses especialistas eram “visualizadores” (artistas de layout); tipógrafos que fazia o projeto detalhado da chamada e do texto e davam instruções para a composição; ilustradores de todos os tipos, que produziam qualquer coisa, desde diagramas mecânicos até desenhos de moda; retocadores; letristas e outros que finalizavam os designs para a reprodução. Muitos artistas comerciais – tais como os designers de pôsteres – reuniam várias dessas habilidades (HOLLIS, 2001, p. 6). Nos dias atuais, pode-se considerar que sua importância se tornou tão grande que deixou de ser simplesmente uma profissão e passou a ser considerada também uma linguagem de comunicação, pois cria e/ou utiliza métodos mais eficientes para transmitir uma ideia ou um conceito. Oferece ainda uma base conceitual sólida capaz de estruturar e promover mensagens, possibilitando assim, a apresentação do conteúdo de forma mais simples, diversificada e objetiva. Exemplos das aplicações desta linguagem podem ser vistas na comunicação visual, que tem como principais elementos as imagens e a tipografia (figura 3). Figura 3 - Elementos tipográficos como representação dos países em um mapa. Fonte: Site “Picky Wallpapers”. Reúne diversos wallpapers para download. Com relação às definições sobre o que design gráfico, Villas-Boas (2007, p. 30) diz que a “é a atividade profissional e a consequente área de conhecimento cujo objeto é a elaboração de projetos para reprodução por meio gráfico de peças extremamente comunicativas”.
  • 24. 24 Para Twemlow (2006, p. 6), “é um tipo de linguagem usada para comunicar. [...] para falar às pessoas sobre coisas que elas querem ou pensam que querem ou que outra pessoa pensa que querem”. Segundo Hollis (2001), é um campo de atuação que cria e combina elementos para a criação de marcas gráficas a fim de se transmitir uma ideia. Estas marcas são signos que apresentam um sentido único e, se forem reorganizadas, podem configurar um novo significado capaz de atuar como complemento de outras áreas. Assim é possível solucionar diversos problemas de forma ágil, eficiente e utilizando o mínimo de recursos. Pode, inclusive, influenciar em questões sociais e ambientais, como no quesito sustentabilidade. Neste tipo de parceria seu papel é realizar, segundo a ADEGRAF (2012, p. 2), [...] o planejamento dos aspectos funcionais e visuais de peças gráficas que servem de suporte para a comunicação de diversos tipos de mensagem, de modo a trazer conforto visual, segurança, credibilidade e satisfação para o consumidor em sua relação com produtos e serviços. Apesar de estar ganhando cada vez mais espaço e aceitação no mercado, a profissão ainda é sinônimo apenas de representação visual ou refinamento estético. […] o design se distanciou cada vez mais da ideia de <solução inteligente de problemas> e se aproximou do efêmero, da moda, do obsoletismo rápido – a essência da moda é a obsolescência rápida -, do jogo estético-formal, da glamourização do mundo dos objetos. Frequentemente, hoje em dia, design é associado a objetos caros, pouco práticos, divertidos, com formas rebuscadas e gamas cromáticas chamativas (BONSIEPE, 2011, p. 18). Para Villas-Boas (2007), o design gráfico não é simplesmente a diagramação de uma página nem são ilustrações, apesar de estas poderem ser ferramentas de trabalho do designer ou fazerem parte de um projeto. A sua contribuição vai além da simples criação de identidades visuais e possui uma vasta rede de atuações. Pode-se afirmar então que o design gráfico busca pela criação da interface, o meio de comunicação e interação entre o homem e o seu espaço, seja através de um produto ou serviço, funcionando como um tradutor visual de ambientes e valores. 2.3 INOVAÇÃO O cenário capitalista do século XXI pode ser caracterizado por, dentre diversos fatores, crises financeiras, incertezas e pela ampla concorrência empresarial. Diante das várias
  • 25. 25 mudanças que a economia vem sofrendo nos últimos anos, as companhias passaram a buscar meios para se adaptar a esta nova realidade do mercado. Kotler e Bes (2011) consideram que uma das práticas mais eficientes utilizadas para este fim é a inovação corporativa. De acordo com a CNI e SEBRAE (2010, p. 8), no passado, o crescimento da produtividade era determinado pelo investimento em infra-estrutura e em nova capacidade instalada. Hoje, parte importante do crescimento da produtividade das principais economias e também dos países emergentes, é creditada à inovação. Para Schumpeter (2004), as alterações dos padrões econômicos fazem parte da natureza capitalista porque este é um sistema que está em constante transformação. Sua principal força de impulsão deve-se à competitividade entre as empresas e, dos diversos recursos que interferem no ambiente de competição, a inovação é o que possui maior destaque. O motor da inovação é a competição. As empresas inovam por exigência do mercado. Inovação depende de muitas coisas: de recursos humanos qualificados, de políticas de estímulo, de um adequado ambiente econômico e regulatório, da interação com universidades e institutos de pesquisa. Mas é o fato de ser uma exigência da competição que torna a inovação um tema essencialmente do mundo dos negócios (CNI; SEBRAE, 2010, p. 8). Em termos gerais, a inovação pode ser vista como uma resposta a um determinado problema ou necessidade, independente da área em que este recurso for empregado; porém, devido aos expressivos avanços tecnológicos desta época, vem sendo erroneamente considerada como um subproduto da tecnologia. Um dos equívocos mais comuns é entender que a inovação trata principalmente, senão exclusivamente, de tecnologias de transição. Basta mencionar inovação e muitos CEOs que se consideram gênios em seus negócios desatam a falar de laboratórios de P&D em que engenheiros e cientistas estariam empenhados em desenvolver a próxima grande nova tecnologia. A verdade, no entanto, é que a inovação não se resume a mudanças tecnológicas (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2006, p. 48). Segundo Kotler e Bes (2011), o impacto causado pelas invenções revolucionárias ou radicais, tais como os poderosos smartphones e as ferramentas para a internet da Google, leva a crer que a inovação é essencialmente um novo produto, serviço ou aplicativo e que este deve ser totalmente diferente do que já se foi visto. Esta situação pode ser explicada pelo fácil acesso que se tem aos inúmeros benefícios proporcionados pelas novas tecnologias, além da satisfação, prazer e facilidade gerada por seu uso ou consumo.
  • 26. 26 Os autores complementam ainda que tais experiências se tornaram um grande obstáculo para o correto entendimento sobre o que é inovação. De acordo com a CNI e Sebrae (2010, p. 12), “inovação é um processo complexo resultante de diversos fatores e podem ser entendidos de várias maneiras, dependendo do ângulo pelo qual é vista e analisada”. Tais fatores não estão necessariamente ligados à tecnologia, mas a todas as variáveis internas e externas que interferem no cotidiano da organização. a inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas. [...]. Mas a inovação não consiste apenas na abertura de novos mercados – pode também significar novas formas de servir a mercados já estabelecidos e maduros (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005, p. 23). Esta definição pode ser estendida para questões que dizem respeito ao funcionamento da companhia. Kotler e Bes (2011) defendem a ideia de que a inovação deve ser entendida como o desenvolvimento de uma cultura própria dentro da empresa; o que permitirá produzir e levar ao mercado um fluxo constante de inovações não tão impactantes, mas direcionadas ao tratamento das necessidades ou do aproveitamento das oportunidades existentes. Para Simantob e Lippi (2003) a inovação é uma novidade para a empresa e para o mercado e sua aplicação está comumente ligada à tecnologia, gestão, processos ou a modelos de negócio. Tem como foco o desempenho econômico e a criação de valores através da exploração das oportunidades e do potencial criativo da empresa. Os autores ainda afirmam que a inovação é uma excelente forma de se diferenciar dos concorrentes; podendo estar representada em um produto, nas técnicas de marketing ou nos serviços prestados aos clientes. Porém, nesta busca pela diferenciação no mercado, muitas organizações perdem ótimas chances por tentarem inovar sem ter um planejamento bem elaborado. A má condução do processo de inovação lhes acaba impondo dificuldades além do previsto. Segundo Kotler e Bes (2011), um dos maiores enganos cometidos pelas empresas é considerar a criatividade como sinônimo de inovação. As empresas que confundem criatividade com inovação, e inúmeras o fazem, acabam descobrindo que o hábito não é só um freio na produtividade; também pode ser contraproducente. As pessoas propõem ideias e, devido à falta de regras claras acerca do que fazer com elas, estas definham antes de chegarem a algum lugar. Desse modo, as pessoas ficam desmotivadas e param de propor novas ideias (KOTLER; BES, 2011, p. 22). Os autores consideram ainda que a criatividade é uma das chaves da inovação, mas não se deve apostar apenas na criação, em ideias ou nas tecnologias mais recentes. Deve-se ter um bom planejamento e o processo deve ser gerenciado por pessoas competentes para que as
  • 27. 27 mudanças não acarretem em problemas para a empresa ao invés de trazer benefícios. Pode-se concluir então que a criatividade deve ser vista como um suporte e não como o centro da inovação. A mensagem é clara: criatividade, ideias e novas tecnologias sozinhas não são suficientes. O processo de inovação deve ter pessoas para gerenciá-lo; novas habilidades, mais relacionadas com o gerenciamento empresarial, são necessárias para garantir o sucesso da materialização da ideia no mercado (KOTLER; BES, 2011, p. 21). De acordo com Silva (2011), a inovação também não deve ser encarada como a salvação de um negócio. Como é um processo que envolve diversas variáveis, muitas delas fora dos domínios da empresa, é possível que os resultados obtidos não sejam os esperados, mesmo que haja uma estratégia bem definida. Mesmo sob as condições mais favoráveis, a inovação é um esforço incerto. Desenvolver um novo produto pode levar meses, até anos. Mudar um sistema ou um processo pode abranger várias questões periféricas como identificar novos canais de distribuição, melhorar a capacitação profissional dos colaboradores, adequar fornecedores...Tudo isso pode envolver muitas tarefas, diferentes pessoas e uma infinidade de habilidades e competências. É possível que muitas coisas dêem errado. Que as ideias não surjam conforme o necessário. Que falte dinheiro ou pessoas. O processo de inovação é passível de ser tratado por problemas técnicos ou de coordenação, caso envolva muita gente. Essas situações fazem parte da realidade, e, a cada problema surge, temos de estar preparados para criar soluções inovadoras (SILVA, 2011, p. 18). Para Tidd, Bessant e Pavitt (2005), quando um processo de inovação falha as companhias se desgastam excessivamente tentando se recuperar. Para algumas delas o esforço para reparar os danos causados pelo insucesso pode exigir um grande dispêndio de recursos; já para outras, a única alternativa acaba sendo encerrar as atividades. A falta de controle e de articulação dos projetos, além do mau uso das técnicas de gestão, são os maiores causadores de problemas para a maioria dos negócios quando se trata de inovação. Segundo Quinn (1992), há uma forte tendência de que as empresas passem a utilizar menos recursos financeiros como estratégia de crescimento para valorizar mais a criatividade e as habilidades humanas. Esta mudança no comportamento corporativo tem como finalidade fazer com que os altos valores investidos pelas companhias no processo de inovação tenham um retorno mais rápido e sejam mais lucrativos. O autor também considera que a coordenação de processos através do design é um dos modos mais precisos e confiáveis para se alcançar este objetivo.
  • 28. 28 2.3.1 O design como diferencial no processo de inovação Mesmo com toda informação que se tem sobre design, muitas empresas resistem em acreditar que este pode ser um diferencial para seus negócios. Ainda existe uma forte associação com a estética de produtos, o que acaba dificultando seu reconhecimento como uma ferramenta corporativa (COELHO, 2006; VIANNA, 2012). Para o Sebrae (2013), além de um artigo de luxo, o design é imprescindível para empresas de qualquer porte, pois proporciona um ótimo custo benefício e traz uma série de vantagens, tais como: • É elemento de diferenciação e inovação de produtos e serviços, além de agregar valor aos mesmos, inclusive para a própria empresa; • Reduz custos e aperfeiçoa a produção; • Amplia portfólios ao criar novos produtos ou ao adequá-los às necessidades do mercado; • Aumenta a competitividade de um negócio; • Cria oportunidades para conquistar e fidelizar consumidores; • Permite que a empresa adote formas de pensar e solucionar problemas focando na empatia, colaboração e experimentação; • Promove adoção de políticas sustentáveis e de respeito ao meio ambiente. Nas empresas, o design funciona como uma ponte entre a criatividade e a inovação, pois pode interferir na maioria das etapas de um projeto. Serve de inspiração para os membros de uma equipe na busca por soluções para problemas e auxilia na idealização e implementação de projetos (SEBRAE, 2013). O design é uma fonte inesgotável de criatividade e, [...] está inserido em muitas áreas de tomada de decisões gerencial. Assim, o design é um processo interno que integra pesquisa de mercado, estratégia de marketing, marca, engenharia, desenvolvimento de novo produto, planejamento de produção, distribuição e políticas de comunicação interna (MOZOTA; KLÖPSCH; COSTA, 2011, p. 30). Sua característica multidisciplinar permite ser mais do que um simples processo criativo, mas sim um processo de gestão empresarial. Esta propriedade do design permite a promoção de melhorias no sistema comunicacional, organizacional, operacional e estratégico da empresa, criando uma estrutura mais leve, simples e menos burocrática. Mozota, Klöpsch e
  • 29. 29 Costa (2011, p. 30) ainda afirmam que “o design é um termostato para inovação, um processo que modula, controla e estimula a criatividade na empresa”. Esta característica peculiar do design possibilita a ação em diversas áreas de uma companhia simultaneamente, exercendo o papel de intermediador dos processos internos e externos de comunicação. A maior aproximação entre os setores dá ao design a capacidade de interferir precisamente no modo como estes processos são elaborados e conduzidos. O design é uma ferramenta da gestão que cria diferenciação nas capacidades internas da empresa. O design não é mais visto como apenas um resultado relacionado à forma, mas como um processo criativo de gestão que pode ser integrado em outros processos da organização, como gestão de idéias, de inovação e de pesquisa e desenvolvimento, e que modifica a estrutura tradicional de processos em uma empresa (MOZOTA; KLÖPSCH; COSTA, 2011, p. 145). Esta forma de visualizar, identificar, interpretar e agir sobre determinadas situações e problemas é intrínseca ao design e já faz parte da sua essência, atraindo cada vez mais a atenção das empresas (VIANNA, 2012). O designer enxerga como um problema tudo aquilo que prejudica ou impede a experiência (emocional, cognitiva, estética) e o bem-estar na vida das pessoas [...]. Isso faz com que sua principal tarefa seja identificar problemas e gerar soluções. [...]. O designer sabe que para identificar os reais problemas e solucioná-los de maneira mais efetiva, é preciso abordá-los sob diversas perspectivas e ângulos. Assim, prioriza o trabalho colaborativo entre equipes multidisciplinares, que trazem olhares diversificados e oferecem interpretações variadas sobre a questão e, assim, soluções inovadoras (VIANNA, 2012, p. 13). Conforme Kotler e Bes (2011), as empresas estão se conscientizando de que a inovação através do design é umas das estratégias mais eficazes para se obter diferenciação no mercado, principalmente na forma como os produtos e serviços são oferecidos. Pode-se citar como exemplo a crescente preocupação com o design de usabilidade que, segundo Norman (2008), visa diminuir a complexidade de sistemas que sofrem com o excesso de funções, tornando-os mais simples e menos confusos para os usuários. Outra questão que vem ganhando força trata das condições de acessibilidade, que de acordo com a Sebrae-RR (2004, p. 2) significa, não apenas permitir que as pessoas portadoras de necessidades especiais participem de atividades que incluem o uso de produtos, serviços e informação, mas a inclusão e extensão do uso de testes por todas as parcelas presentes em uma determinada população. A partir desta visão de mercado conclui-se que o design passa a ser, portanto, um fator decisivo para o sucesso do processo de inovação empresarial.
  • 30. 30 2.4 PORTAIS CORPORATIVOS Desde seu surgimento em meados do século XX, a globalização vem provocando mudanças drásticas na vida do homem, definindo novos rumos para a economia, política, cultura, ciência, enfim, passou a promover um novo ambiente global movido por rápidas e intensas transformações sócio-econômicas (ALVAREZ, 1999; BAUMAN, 1999). 2.4.1 Contextualização Como as empresas foram obrigadas a se adaptar a esta nova dinâmica econômica para continuarem ativas no mercado, muitas técnicas e conceitos empresariais tiveram que ser substituídos ou atualizados. O maior valor dado pelas companhias ao domínio do conhecimento e à busca por informação podem ser considerados como alguns dos fatores mais relevantes deste recente panorama corporativo. Tais práticas apóiam-se, por sua vez, em novos saberes e competências, em novos aparatos e instrumentais tecnológicos, tanto como em novas formas de inovar e de organizar o processo produtivo, expressando-se assim uma nova economia ou um novo padrão técnico-econômico e ensejando também a necessidade de novas abordagens na própria teoria econômica e do valor. O desenvolvimento, a difusão e a convergência das tecnologias da informação e comunicação são vistos como centrais na conformação dessa nova dinâmica técnico-econômica (LASTRES; ALBAGLI, 1999, p. 8). Para Fadel (2010), a informação é a base de qualquer signo, não sendo necessário dominar seu conteúdo formal, mas apenas o reconhecimento do seu significado. Já o conhecimento é a compreensão deste significado, podendo este ser utilizado em uma ação específica ou com uma determinada finalidade. As empresas, de acordo com Filho (2002), têm demonstrado um enorme interesse na aquisição de conhecimento (e na sua gestão) devido ao seu grande potencial econômico; pois, quando corretamente aplicado, pode ser transformado em um excelente diferencial competitivo. Mas, para que as empresas se diferenciem no mercado, elas devem saber se comunicar. Simplesmente deter um grande volume de informação ou conhecer sobre determinado assunto de nada adianta se o público não receber e compreender com clareza as mensagens transmitidas pelas companhias (STAGER, 1994). Conforme Ferreira (1997), muitas falhas de comunicação ocorrem porque boa parte das organizações não acompanharam as mudanças decorrentes da globalização, e como ainda
  • 31. 31 estão habituadas aos tradicionais modelos administrativos e econômicos, ficaram “paradas” no tempo. Estas companhias estão vivendo um período de transição. Este é um processo lento e dispendioso, fator que faz com que algumas delas não completem esta fase com sucesso (AUDY, 2000). Atualmente, a exigência de uma comunicação eficiente, simples e objetiva já faz parte da cultura popular. A internet, conhecida como a grande rede de computadores, se tornou o veículo de comunicação mais importante e mais abrangente que surgiu nas últimas décadas, permitindo “a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em escala global” (CASTELLS, 2003, p. 8). Sua influência é tão grande que interfere desde assuntos que envolvem o comportamento humano até questões políticas e governamentais. Sua maior importância é para a economia, que hoje depende incondicionalmente dos recursos disponíveis na internet. Este moderno meio de comunicação, de forma geral, permite atingir um maior número de pessoas, com um menor custo e em muito menos tempo. Como no mercado sempre se busca por agilidade e eficiência, a rede passou a ser um dos veículos mais utilizados para a realização de diversos tipos de relações comerciais (CASTELLS, 2003). O autor ainda afirma que esta era da informação, expressão utilizada por ele para se referir ao período pós internet, representa um marco na sociedade. A internet criou um universo totalmente diferente do que existia e está fundamentada na ideia do livre acesso à informação. Reduziu fronteiras, rompeu paradigmas sociais e integrou tudo e a todos em uma “mesma” cultura. A sua associação com os mais recentes avanços tecnológicos e com a área da informática propiciaram o surgimento de fantásticas revoluções nos meios de comunicação, como o aparecimento das redes sociais, verdadeiros fenômenos comunicacionais que criaram novas formas de socialização e transmissão da informação. Trouxe também uma série de benefícios, tanto para o homem quanto para as empresas, entretanto, isto não significa que também não tenha trazido consigo problemas. Para Lévy (2009), na rede há um dilúvio de informações originado pela proliferação excessiva de dados. De acordo com Tapscott (1997), seja por falta de uma gestão eficiente ou pela incapacidade natural (estrutural) das empresas em absorver informação, ação necessária para a continuidade de suas atividades, o que acaba acontecendo é que muitas companhias não conseguem filtrar o excesso de conteúdo disponível na rede e perdem o controle sobre os processos corporativos, consequentemente, não conseguem fazer com que a informação adquirida seja aplicada de forma produtiva.
  • 32. 32 Como forma de prevenir, minimizar ou corrigir possíveis problemas relativos à informação, uma das estratégias utilizadas pelas empresas é o investimento na inovação e na consolidação de processos de comunicação interna. Para a Abracom (2008), este tipo de comunicação representa a conexão entre a organização e seu público interno. Esta relação se dá através da transmissão de informações que a empresa tem interesse em compartilhar com os colaboradores e seus familiares, procurando difundir, principalmente, a visão, a missão e os valores da companhia. De acordo com Marchiori (1995), a necessidade desta mudança de filosofia no meio corporativo deve-se ao fato de que as relações de trabalho já não são mais as mesmas. Os colaboradores estão reconhecendo a importância de interagir nos processos, planejamentos e metas de trabalho, pois sua interferência pode trazer tanto melhorias profissionais quanto pessoais. Já as empresas perceberam que a maior interação entre as equipes de trabalho permite descobrir ou reter talentos, valorizar e reconhecer as melhores formas de produção. As novas práticas empresariais geram benefícios mútuos para as partes envolvidas. Para garantir melhor continuidade e competitividade, os novos modelos de gestão adotam sistemas mais abertos, cuja característica é a necessidade de amplo intercâmbio, com aspectos variáveis. As organizações precisam assumir estratégias que têm na transformação da informação e conhecimento o elemento privilegiado para enfrentar as mudanças. As informações que circulam nas empresas só têm valor quando se transformam em conhecimento compartilhado por todos, criando um ciclo virtuoso de valor capaz de suportar um mundo pautado por intensa competição, o que exige redesenhar modelos que permitam a tomada rápida de decisão (ABRACOM, 2008, p. 11). Para o estabelecimento de uma comunicação interna mais efetiva, as companhias precisam determinar previamente os parâmetros do processo (PINTO, 2009). Segundo a Abracom (2008), quando uma empresa não define seus propósitos nem a forma como vai se relacionar com seus colaboradores ela fica à mercê de agentes internos, como ruídos provocados pelo relacionamento interpessoal, e de agentes externos, como o excesso de informação não confiável encontrado na internet. Um vínculo comunicacional não consolidado e fragilizado pode comprometer as atividades e os resultados esperados pela corporação. Mesmo com uma estrutura bem definida, o sistema de comunicação interna deve ser flexível a ponto de permitir alterações ou adaptações. Como o mercado é dinâmico, as empresas precisam ser capazes de se adequar às constantes mudanças no cenário econômico. As inovações tecnológicas, as novas relações com os consumidores, a abertura de mercado, exigem um olhar voltado para dentro, que destaque os diferenciais competitivos, próprios de cada organização. Conceitos como transparência, valorização e visibilidade também se tornaram imperativos.
  • 33. 33 Nesse ambiente de mudanças, de valorização da cidadania, de uma sociedade mais organizada e consciente, a Comunicação Interna se fortaleceu e profissionalizou seus quadros. Hoje, ela é um dos instrumentos dessa nova forma de gestão, verdadeiramente estratégica, contribuindo para o fortalecimento dos ativos intangíveis e para o sucesso do negócio. Assume grande responsabilidade na convergência dos valores e objetivos da empresa e de seus colaboradores (ABRACOM, 2008, p. 12). A ampla concorrência no mercado forçou às empresas a buscarem por diferenciais competitivos. É neste ambiente de constante inovação que surgiram os portais corporativos. 2.4.2 Definições e funções de um portal corporativo As mudanças promovidas pela globalização no âmbito empresarial fizeram com que as companhias compreendessem que seus colaboradores não são simples prestadores de serviços, mas fundamentais para o sucesso da empresa por agregarem valores que passam a ser intrínsecos à organização. Com o intuito de estreitar os laços com o público interno, as empresas estão utilizando novas políticas de comunicação que permitam se aproximar dos seus colaboradores (ABRACOM, 2012). Na busca pela renovação das suas práticas comunicacionais, muitas corporações veem nas redes de computadores, como a internet, uma grande oportunidade para seus negócios. Elas permitem uma conexão rápida, barata e segura entre seus usuários. Todos podem se comunicar entre si e compartilhar qualquer tipo de informação, inclusive dados sigilosos de uma empresa (PRETTO; SILVEIRA, 2008). No entanto, em ambientes onde a informação flui livremente e sem nenhum tipo de controle, o processo de inovação na comunicação interna tende a se tornar inviável por não existirem barreiras que impeçam o dilúvio de informações. Dos diversos meios ou métodos que as empresas possuem para reduzir as possíveis interferências na comunicação, as redes privadas e restritas, conhecidas como intranets, são umas das mais eficientes. (ALMEIDA; ROSA, 2000). Segundo Irving e Williams (1999 apud Blackmore, 2010), a intranet é uma rede corporativa privada que se utiliza de tecnologias e da internet; controlada pela própria organização e é restrita para os colaboradores, mas com seu uso limitado por políticas internas. Isto permite às companhias controlar o volume e o conteúdo das informações disponibilizadas quanto seu respectivo acesso. Neste caso, o objetivo das empresas não é limitar o acesso dos colaboradores à informação, mas sim, centralizá-la em um único local a fim de fornecer suporte para que estes consigam interpretar, compreender e repassar as
  • 34. 34 mensagens transmitidas pela companhia com mais facilidade. E é esta a ideia que norteia o surgimento dos portais corporativos (SANCHEZ, 2003). O portal corporativo, conforme Moura (2007, p. 130), “[...] tem origem na Intranet e evoluiu com a incorporação de tecnologia que possibilita abastecer os profissionais de uma instituição de variedade de informações geradas por fontes internas e externas à organização”. Para Dias (2001), os portais são uma evolução das intranets, incorporando novas tecnologias e ferramentas que permitam a identificação, captura, armazenamento, recuperação e distribuição de quantidades significativas de informação, sejam estas provenientes de fontes internas ou externas à instituição. Segundo Terra e Bax (2003), os portais corporativos são aplicações visuais similares aos dos portais encontrados na internet, já que utilizam navegadores como forma de acesso, só que são muito mais complexos e possuem finalidades totalmente diferentes. O propósito, além de difundir a missão, as estratégias e os objetivos da companhia, é colaborar com a criação e o gerenciamento de um modelo sustentável de negócios. Seu objetivo primário consiste em fomentar a eficiência corporativa concentrando a informação armazenada pela empresa em um único ponto acessível. O esforço das empresas visa melhorar as relações com seus colaboradores, gerando benefícios para ambos os lados. Como os portais corporativos promovem mudanças significativas que interferem em todas as áreas de uma empresa, eles podem ser considerados como ferramentas estratégicas de inovação. Furlanetto e Oliveira (2006) ressaltam que, como a disseminação do conhecimento não depende apenas de pessoas, já que existem agentes que podem interferir nos processos que envolvem comunicação, é imprescindível que as empresas possuam uma boa infraestrutura tecnológica e informacional. Esta estrutura deve fornecer um conteúdo relevante aos seus colaboradores e criar condições necessárias para o desenvolvimento de seus trabalhos e atividades organizacionais, como mostra a figura 4.
  • 35. 35 Figura 4 - Exemplo de uma rede de relacionamento de uma empresa utilizando um portal corporativo. Fonte: Adaptado do portal Tecmedia (desenvolvedor de portais corporativos). A figura 4 ilustra uma rede de relacionamento de uma empresa fictícia onde o sistema de comunicação interno se concentra em torno de um portal corporativo. Sua função é interligar todos os elementos existentes e, ao mesmo tempo, filtrar toda a informação existente no meio externo para que apenas o conteúdo realmente necessário seja aproveitado pela empresa. Em um ambiente corporativo mais complexo podem estar envolvidos os colaboradores, os clientes, os fornecedores, dentre outros parceiros (TERRA; BAX, 2003). Laudon e Laudon (2004, p. 334) afirmam que “um portal corporativo pode aumentar a produtividade de seu pessoal apresentando um único ponto de acesso sem descontinuidade a todos os recursos de informação de que os funcionários necessitam para executar seu trabalho”. Para Terra e Gordon (2002) isto acaba melhorando o fluxo de informação e de conhecimento nas empresas. Segundo Dias (2001), alguns dos benefícios proporcionados pelos portais corporativos são: agilidade na aquisição e pesquisa da informação; possibilidade de um rápido compartilhamento de conteúdos; conectividade universal das informações; economia de espaço, tempo e recursos; ampliação da produtividade e eficiência dos grupos de trabalho;
  • 36. 36 maior liberdade dos colaboradores em participar das decisões da companhia e ampla abertura para debates, discussões e análise de ideias. Como são inúmeras as vantagens proporcionadas pelos portais corporativos, Dias (2003) afirma que o maior desafio das companhias é lidar com a heterogeneidade das fontes de informação, pois o excesso de dados (muitas vezes não confiáveis) pode influenciar negativamente no correto entendimento das mensagens transmitidas. No que se trata da implantação e da utilização dos portais corporativos, Terra e Bax (2003) sinalizam alguns desafios encontrados pelas empresas, tais como: • Presença de sistemas não integrados e formatos de arquivos com direitos autorais ou incompatíveis; • Dificuldade de acesso ágil à informação atualizada e sobrecarga de informação; • Redundância e duplicidade de informações nas redes; • Informações e documentos publicados de modo desorganizado, muitas vezes até mesmo sem aprovação; • Diversidade de métodos e técnicas diferentes para se buscar e acessar a informação; • Dificuldade para as pessoas publicarem informações acessíveis a todos na empresa; • Excesso de barreiras para criação ou até mesmo ausência de políticas de segurança; • Usuários com pouca experiência na utilização do sistema são excessivamente dependentes do departamento de TI para gerar, divulgar e obter informação; • Arquiteturas proprietárias e com altos custos de contratação dificultam a integração de diferentes tipos de informação. Com base nos desafios apresentados, percebe-se que as companhias têm muitas dificuldades para implantar um portal corporativo. Em um sistema de tão grande porte, uma simples falha pode causar estragos sem dimensões para as empresas, porém, se implantados com êxito, os portais trarão vantagens suficientes para levar as companhias ao caminho do sucesso. Um dos pontos considerados mais importantes pelas organizações, quando se trata da criação de portais corporativos, envolve a interação entre homem e o computador.
  • 37. 37 2.5 PRINCÍPIOS DA INTERAÇÃO HUMANO-COMPUTADOR Os estudos referentes à interação humano-computador (IHC) começaram com o psicólogo cognitivista Donald Norman por volta dos anos 70 e tratam da relação entre pessoas e computadores. A IHC, segundo Rosa e Moraes (2008), é uma área de estudo interdisciplinar que tem como principal objetivo entender o porquê da utilização das tecnologias de informação e como as pessoas as compreendem. Sua base conceitual provém da associação de diversas áreas do conhecimento, tais como: ciências da computação, design, ergonomia, psicologia, artes, semiótica, dentre outras. De acordo com Pressman (1995), a IHC se dá por meio de uma interface, responsável pela comunicação entre os sistemas envolvidos. No caso dos portais corporativos, pode-se afirmar que a comunicação entre o homem (colaborador) e a empresa (representada pelo ambiente on-line) é dada através de páginas, que são as interfaces gráficas do sistema. Segundo Norman (2002), as pesquisas em IHC buscam mapear e solucionar as necessidades dos usuários quanto à utilização de sistemas computacionais. Estes estudos são muito requisitados por fornecerem, além de explicações, previsões para os fenômenos de interação e servem de base para o desenvolvimento de projetos na área de IHC. Os resultados propiciam a criação de excelentes ferramentas capazes de maximizar a eficiência dos usuários e sua produtividade laboral, seguindo a lógica de que um sistema complexo e de difícil utilização pode inviabilizar o uso do mesmo. Para que um projeto de IHC obtenha sucesso, Norman (2002) estabelece que este deve seguir três axiomas básicos: simplicidade, versatilidade e agradabilidade. O autor ainda reitera que as pessoas devem aprender a tarefa, e não a tecnologia em si; para isto, precisam ser capazes de levar a ferramenta para a tarefa e não levar a tarefa à ferramenta, como acontece atualmente. Com base nestes princípios, percebe-se a existência de diversos aspectos que interferem na IHC, tanto do ponto de vista humano quanto da máquina. No caso do homem, fatores como a experiência do usuário, interação e usabilidade, ganham destaque por contemplarem a maioria das questões que envolvem a utilização (boa ou ruim) de um computador. Já do lado não humano, tem-se a interface, os mecanismos de aquisição de informação e a complexidade do sistema como elementos fundamentais nesse processo. A IHC se dá justamente pela associção dos fatores envolvidos em ambas as partes e cada uma influenciará diretamente a outra, equilibrando ou desiquilibrando essa relação (PREECE; ROGERS; SHARP, 2005).
  • 38. 38 2.5.1 Experiência do usuário (UX) Conforme Norman (2002), a experiência do usuário ou UX (do inglês user experience) originou-se na ergonomia e hoje tem como foco abordar as características da IHC. O termo foi utilizado pela primeira vez pelo autor na primeira edição do seu livro The Design of Everyday Things (O design do dia-a-dia, no Brasil), publicado em 1988. A International Organization of Standardization (ISO) define, em sua resolução 9241- 210 (2010), que a experiência do usuário está baseada nas percepções e reações humanas. Isto envolve assuntos relacionados aos sentimentos de cada indivíduo no que se trata à utilização prévia de um produto, sistema ou serviço, e abrange seus aspectos práticos, afetivos e emocionais. A ISO cita ainda outros pontos trabalhados pela UX: necessidade de uso, facilidade de utilização e eficácia do sistema. Além das habilidades cognitivas, a UX se baseia também na análise e reconhecimento da própria experiência de vida do homem. Em resumo, são as emoções, crenças, conhecimentos, estímulos físicos e psicológicos, comportamentos ou quaisquer outras características que interfiram no antes, no durante e no depois do uso do recurso (PREECE; ROGERS; SHARP, 2005). Segundo Hassenzahl (2010), a UX é sempre subjetiva por ser um sentimento momentâneo durante uma interação, ou seja, já que a utilização de algo, seja um produto ou sistema, tem a ver com a cognição humana e como esta está em constante modificação, então a própria experiência do usuário varia de acordo com as mudanças na vida das pessoas. Para Garret (2000), se esse sentimento não for positivo, são grandes as chances de que os serviços ou produtos passem a não ser mais utilizados, então, conclui-se que a busca constante pelo aperfeiçoamento dos serviços oferecidos é vital para a continuidade dos mesmos. O autor assegura ainda que a aplicação dos conceitos voltados para a UX também podem trazer benefícios para os usuários na web, citando a importância de se trabalhar diversos aspectos que podem oferecer melhores experiências aos usuários, como o design de interação, design de interface, design de informação e usabilidade.
  • 39. 39 2.5.2 Design de interação e de interfaces O design de interação, para Norman (2002), é uma vertente do design que visa criar projetos baseando-se na experiência do usuário e tem como foco de pesquisa e de estudo as relações humanas que ocorrem por meio de mecanismos interativos. Para Preece, Rogers e Sharp (2005, p.28), o design de interação é responsável por “criar experiências que melhoram a maneira como as pessoas trabalham, se comunicam e interagem” e geralmente está associado com outras áreas, como o design gráfico, design de informação, usabilidade. Os autores ainda destacam alguns tópicos relevantes para a criação de projetos de interação, tais como: • Nem todo o usuário tem conhecimento ou facilidade para utilizar um serviço ou um produto, portanto, deve-se considerar que a existência de usuários bons e não tão bons; • A opinião dos usuários é muito importante porque através dela é possível descobrir falhas ou pontos a serem melhorados; • Deve-se focar no usuário e procurar por formas de proporcionar a eles as melhores experiências de qualidade possíveis; • Não se podem descartar técnicas ou estudos, testados e aprovados, já que estes podem servir como base para projetos futuros. Estes itens destacados são muito importantes na construção de um projeto de interação, pois, no mercado, um dos motivos para o sucesso de um produto ou serviço depende justamente da experiência proporcionada ao usuário. Mendes (2009) acredita que o próprio estudo da interatividade é essencial para o equilíbrio e o desenvolvimento de interfaces interativas que sirvam de suporte para as pessoas em suas atividades cotidianas. Em sistemas computacionais, a função do design de interação é promover melhorias dentro de uma IHC. Segundo Royo (2008), para que haja uma interação deve existir obrigatoriamente uma interface gráfica e esta será o meio de comunicação entre o usuário e a máquina. Para o autor, a eficácia de uma interface deve ser atribuída também à aplicação de conceitos de usabilidade e de design de informação, visto que há a necessidade de se elaborar condições favoráveis para que a UX seja sempre positiva.
  • 40. 40 2.5.3 Design de informação Segundo Knemeyer (2003), o design de informação é uma vertente do design que trabalha, de forma detalhada, os modos como a informação pode ser apresentada para o usuário. Seu principal objetivo é ampliar a eficiência da comunicação aprimorando as formas como o usuário adquire informação e a interpreta. Em ambientes onde há a predominância de sistemas comunicacionais, sejam analógicos ou digitais, sua aplicação é mais significativa. Para o autor, esta é uma área multidisciplinar e abrange vários campos como o design gráfico, arquitetura, psicologia, entre outros. Além de ser um integrador de áreas do conhecimento, o design de informação atua em todos os setores envolvidos como um diferencial de qualidade na criação de soluções para os problemas que envolvem o tratamento de informações. De acordo com Wildbur e Burke (1998), o design de informação está relacionado à escolha, organização e apresentação de informação para um determinado público alvo, sendo necessário projetar arquiteturas de informação (modelos estruturais) a fim de se transmitir os conteúdos obtidos com precisão e neutralidade. Para que isto aconteça, Horn (1999) evidencia que devem ser desenvolvidos materiais de fácil compreensão, pois só assim a IHC irá acontecer naturalmente e será agradável ao usuário. 2.5.4 Usabilidade Para Bevan (1999), usabilidade é o que define quão fácil é para as pessoas utilizarem uma ferramenta (ou produto) com o intuito de realizar uma determinada tarefa. Esta interação se dá por meio de uma interface. O termo também é comumente usado para aludir aos estudos referentes à eficiência percebida com relação ao uso de um objeto. A usabilidade é definida pela ISO 9241-11 (1998) como uma forma de medir a qualidade de um produto conforme ele é manipulado por seus usuários. Alguns dos atributos considerados pela ISO como requisitos de qualificação são a efetividade, a eficiência e a satisfação do usuário. A efetividade está relacionada ao alcance dos objetivos mais básicos de interação por parte dos usuários e é avaliada pela capacidade de se finalizar uma tarefa e como esta foi realizada. Já a eficiência é determinada pela quantidade de esforço e recursos utilizados para se chegar a um objetivo definido, levando-se em conta também a experiência do usuário. Por
  • 41. 41 fim, a satisfação está associada ao conforto que o usuário sente ao utilizar determinada interface. Isto é algo bastante subjetivo, pois varia de pessoa para pessoa (DIAS C., 2003). A ISO 9241-11 (1998) complementa ainda em sua resolução que a usabilidade pode ser analisada com base em outras perspectivas, como a facilidade de aprendizado e de memorização do usuário. De forma mais ampla, os medidores de qualidade tendem a estabelecer padrões de usabilidade no tange à utilização de produtos e a respectiva realização de objetivos específicos, por exemplo, nas interações humano-computador. Segundo Barbosa e Silva (2010), a usabilidade em uma IHC geralmente está ligada à simplicidade e à facilidade com que uma interface pode ser utilizada. Os autores complementam ainda que é indispensável compreender as necessidades dos usuários de um ambiente virtual porque isto facilitará a organização do conteúdo disponível. Deste modo torna-se possível auxiliar pessoas com algum tipo de dificuldade motora ou sem conhecimento técnico, pois quando se oferecem condições suficientes de uso, elas terão o acesso à informação facilitado, deixando-as mais à vontade e mais confiantes para realizarem suas atividades cotidianas.
  • 42. 42 3 SUGESTÃO DE DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE PORTAIS CORPORATIVOS Neste capítulo serão feitas sugestões de diretrizes por meio do design gráfico para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação. Para que este processo seja realizado de forma organizada, coerente e envolva o maior número de elementos possíveis, torna-se imprescindível o uso de uma metodologia de projeto que se adeque às necessidades do tema proposto e contemple os objetivos já determinados. 3.1 METODOLOGIA DE PROJETO O uso de uma metodologia se faz necessária nos mais variados tipos de projetos e não é diferente para a área do design. Nesta fase serão definidos os preceitos que delinearão as etapas e o modo como o projeto será conduzido. Para Bürdek (2006, p. 225), a “teoria e metodologia do design são reflexos objetivos de seus esforços que se destinam a otimizar métodos, regras e critérios e com sua ajuda o design poderá ser pesquisado, avaliado e também melhorado”. A importância da utilização de uma metodologia em um projeto existe porque, o uso de métodos, ferramentas de projeto e técnicas de criatividade otimizam o processo de design, reduzindo incertezas, aumentando a qualidade geral do trabalho, permitindo um ambiente de projeto mais integrado e contribuindo para o aumento das possibilidades de aceitação do produto no mercado (SANTOS, 2000, p. 44). A metodologia utilizada para este projeto foi criada pelo arquiteto e designer gráfico argentino Ruiz (199-?) e foi referenciada por Fuentes (2006) em seus estudos sobre as práticas do design gráfico. Os métodos criados por Ruiz foram divididos em três etapas: analítica, criativa e executiva. Na fase analítica definem-se os problemas, faz-se o levantamento de dados, sua organização e avaliação (para evitar excesso de informação), delimita-se a abrangência do projeto e monta-se a estrutura que viabilizará o seu desenvolvimento até ser finalizado. A segunda fase corresponde ao ciclo criativo do projeto. Aqui as ideias são formuladas, propostas, verificadas se realmente são pertinentes e aplicáveis, escolhidas e formalizadas.
  • 43. 43 Na etapa de execução, referente à última fase do processo metodológico de Ruiz, o projeto ganhará vida. A proposta escolhida passará ainda por uma avaliação final antes de ser implementada. O objetivo desta ação é detectar possíveis erros de criação antes de ser aprovada. Depois da autorização da versão definitiva será dado início ao seu desenvolvimento e materialização, concluindo assim, o projeto. Como não será criado nenhum modelo navegável de um portal corporativo (etapa de execução), este trabalho está limitado às fases analítica e criativa. O modelo criado por Ruiz está representado na figura 5. Figura 5 - Metodologia de projeto criada por Guilhermo Gonzáles Ruiz. Fonte: Adaptação do modelo de Ruiz (199-?) encontrado no livro “A Prática do Design Gráfico: uma metodologia criativa”, de Rodolfo Fuentes (2006). Pode-se perceber na figura 5 que todas as fases possuem instruções que apontam quais ações deverão ser realizadas em cada parte do ciclo, representadas por meio de flechas
  • 44. 44 pequenas. Nota-se ainda que existem setas maiores indicando a relação de dependência entre as fases. Isto significa que só é possível avançar para a etapa seguinte se a anterior for concluída. Esta é uma maneira de prevenir que possíveis equívocos cometidos nas fases iniciais não prejudiquem o restante do projeto. A estrutura e a organização propostas por Ruiz demonstram a solidez do seu plano metodológico. 3.2 FASE ANALÍTICA Nesta fase são abordados os tópicos considerados relevantes para determinar, por meio do design gráfico, as diretrizes para a elaboração de portais corporativos como ferramenta estratégica de inovação. Escolheu-se como suporte um portal gratuito disponível na internet chamado Infoscoop3 , produto da associação das companhias japonesas Mitsubishi UFJ Information Technology e Beacon Information Technology Inc.. Como não é possível demonstrar a utilização on-line deste ambiente optou-se por trabalhar com a imagem capturada da página inicial do site. Acredita-se que não há a necessidade de se utilizar outras páginas (além da principal), pois as diretrizes (maioria) seriam aplicadas do mesmo modo em qualquer uma delas. De maneira geral, um portal corporativo deve ser elaborado de forma que facilite o acesso de seus colaboradores às informações relevantes para a realização de suas atividades (TERRA; GORDON, 2002). As diretrizes sugeridas serão baseadas nos seguintes aspectos: • Arquitetura da informação; • Visual; • Usabilidade. 3.2.1 Arquitetura de informação Baseando-se no design de informação, o primeiro aspecto a ser tratado será o que define a arquitetura de informação do portal. Isto permitirá que os dados disponíveis sejam organizados de modo que o usuário encontre qualquer informação com mais agilidade. Mas, para Rosenfeld e Morville (2002), de nada adianta ter um sistema de informação ágil se o 3 http://www.infoscoop.org
  • 45. 45 conteúdo acessível utiliza uma linguagem visual complicada e de difícil entendimento, portanto, infere-se que em um portal corporativo deve-se prezar pela simplicidade das informações. Por meio de um ambiente corporativo as empresas têm como objeto principal melhorar e inovar o sistema de comunicação interno através da transmissão de informações relevantes ao funcionamento da companhia (ABRACOM, 2012). A diretriz mais importante acaba sendo a definição da forma como o conteúdo disponível será estruturado, seja por hierarquia, categorias, etc. De acordo com Knemeyer (2003), esta estrutura diz respeito ao modo como a informação é organizada, onde a respectiva análise e relevância do conteúdo a ser disponibilizado serão feitas. Pode-se dizer está será o alicerce da criação do sistema corporativo e que o desenvolvimento de uma boa arquitetura de informação refletirá diretamente na eficiência do portal corporativo, consequentemente, no processo de inovação da comunicação interna da companhia. Desta forma, entende-se que a arquitetura de informação também é um fator determinante para a qualidade da modelagem visual do portal. Como esta arquitetura será representada graficamente, mesmo que não explícita ao usuário, quanto mais bem esta for elaborada, mais fácil será para criar uma interface que seja de fácil entendimento para quem for utilizá-la. Porém, isto não significa que estas diretrizes são dependentes entre si, pelo contrário, são processos distintos que servem de apenas de complemento uma para a outra, pois é possível se trabalhar uma interface mesmo não sendo baseada no design de informação (ROSENFIELD; MORVILLE, 2002). Para os autores, a arquitetura de informação deve ser a base de um website porque os demais aspectos trabalhados estarão fundamentados no modelo informacional proposto, como a IHC por meio da interface. Sendo assim, é possível afirmar que a arquitetura de informação é a espinha dorsal do portal corporativo, interligando e delineando todos os demais processos por meio de um canal comum: a informação. Como esta é a estrutura chave do portal, a qualidade dos demais aspectos envolvidos dependerá obrigatoriamente do seu nível de organização. Nesta fase inicial, o design gráfico tem a capacidade de interferir no projeto de estruturação da informação em todas as etapas deste processo. No planejamento do portal podem ser definidas as estratégias que darão rumo ao projeto de acordo com as necessidades da empresa e de seus colaboradores. Através do processo criativo são geradas ideias e esboços de modelos para melhor organizar e avaliar o conteúdo disponível. Na etapa de conclusão são
  • 46. 46 definidas as condições para validar a arquitetura de informação proposta, sendo finalizada com sua devida implementação. 3.2.2 Visual Segue-se com a abordagem do aspecto visual, que corresponde à primeira experiência que o usuário tem ao entrar no portal. Sua construção deve ser baseada nas informações contidas na rede interna; pois, sem elas, torna-se impossível definir simplificadamente as características visuais do ambiente. Apesar de a sua busca ser exclusivamente por informação, é através da aparência estética do portal (layout4 ) que o usuário terá a primeira impressão de como é o portal corporativo. Ao se conectar à rede interna da empresa por intermédio de um navegador, o usuário irá interagir com uma interface – um canal de ligação entre o emissor da informação (empresa) e o receptor dessa mensagem (colaborador) – que pode ter um aspecto amigável ou não tão convidativo (NIELSEN, 1996). Quanto melhor for a experiência inicial do usuário (visual e funcional), maiores serão as chances de continuar utilizando este sistema, pois se sentirá confortável ao navegar pelo novo ambiente e se adaptará com mais facilidade. Segundo Leite (2010, p.185), “[...] o contato visual talvez seja o primeiro e o último momento de identificação e convencimento [...]”. Caso não se identifique com esta interface, é possível que o usuário considere que a utilização do portal corporativo não lhe traz nenhuma vantagem, podendo até mesmo desconsiderar ou rejeitar a continuidade da sua utilização. O autor ainda afirma (2010, p. 175) que “[...] por meio do impacto visual, obtêm-se resultados com menor exposição [...]”. Portanto, quanto melhor for planejada a estrutura de informação mais fácil será criar um ambiente gráfico que agrade aos usuários do sistema. Com relação ao aspecto visual, o design gráfico atua como mediador do processo de inovação na comunicação entre a empresa e seus colaboradores. Neste caso se torna o responsável direto pela criação do layout, da interface gráfica ou de qualquer outra questão que envolva organização visual. Para o desenvolvimento deste ambiente podem ser incorporados diversos elementos, tais como: vídeos, animações, fontes tipográficas não convencionais, imagens, etc. O design gráfico não servirá apenas para deixar o portal corporativo “elegante” ou mais bonito, mas 4 Conforme Araujo (2001), o layout é a união de todos os elementos que o compõem uma estrutura. No caso de um site pode-se considerar como parte integrante de sua construção as imagens, tipografias, vídeos, etc...
  • 47. 47 também, procurará criar um equilíbrio entre os todos os elementos utilizados em sua concepção, maximizando as chances de o usuário se identificar com o portal corporativo. 3.2.3 Usabilidade Já a usabilidade diz respeito às facilidades do usuário na utilização do portal propriamente dito, ou seja, quais as melhores formas de interação para que a comunicação se torne eficaz (DIAS, 2001). Este aspecto diz respeito à capacidade do usuário em poder usar melhor os recursos disponíveis na página de acesso através da navegação, ou seja, quão mais fácil é utilizar a interface criada e se comunicar por meio do portal. A construção de um ambiente com um alto nível de usabilidade só poderá existir se a arquitetura de informação for organizada. Se a situação não for esta, fica impossível criar um local que possua uma fácil utilização se as informações estão “espalhadas” pela rede interna. Mesmo que o plano de usabilidade seja bem elaborado, a estrutura de informação não permitirá que a interface seja de fácil utilização (BARBOSA; SILVA, 2010). E é justamente através da interface – veículo de comunicação entre o usuário e o portal corporativo – que a usabilidade será “vista” por quem está navegando pelo ambiente. Por este motivo, torna-se imprescindível a definição de um layout que favoreça uma ótima relação entre ambas as partes. Quanto melhor for a usabilidade do portal, mais efetivo e eficiente tende a ser o sistema, pois os usuários terão condições suficientes para melhor absorver as mensagens transmitidas pela empresa. A interferência do design gráfico será na idealização do projeto de usabilidade do portal. Nesta etapa as necessidades do usuário farão toda a diferença. Com base nas heurísticas de Nielsen (1995), nos requisitos mínimos propostos por Dias (2001) que um portal corporativo deve possuir e nas regras de usabilidade na web de Krug (2008) levantaram-se alguns pontos que podem ser trabalhados com relação à usabilidade destes tipos de ambientes. Cada portal corporativo possui características e finalidades próprias, mas a grande maioria deve solucionar problemas como: • Falta de padronização do sistema: se existe uma forma comum de transmissão das mensagens, sinalizadas através de cores, por exemplo, o usuário tende a reconhecer esse padrão e aprende a utilizar o sistema com mais rapidez;
  • 48. 48 • Falta de leiturabilidade dos textos: diz respeito à dificuldade do usuário em ler os textos apresentados. Geralmente é provocada pelo mau uso das cores ou fontes tipográficas; • Falta de legibilidade dos textos: existem fontes tipográficas que possuem letras muito parecidas entre si ou são muito estilizadas, isso pode gerar muita confusão na leitura; • Falta de agilidade na busca por informações: a informação precisa estar sempre disponível e deve ser de fácil acesso quando o usuário precisar. Se ele não encontra o que procurava podem-se oferecer meios alternativos, como um campo de busca ou uma lista de itens mais acessados ou procurados para auxiliá-lo; • Falta de simplicidade da informação: em muitos ambientes corporativos o conteúdo das informações são extremamente complexos e maçantes, o que dificulta muito a sua compreensão. O usuário precisará de um nível cultural muito mais elevado para compreender as mensagens que a empresa quer passar; • Necessidade de atualização constante de conteúdo: como o objetivo do portal é transmitir informação, deve-se mantê-lo sempre atualizado. Um ambiente “parado no tempo” causa uma impressão negativa ao usuário porque parece um local abandonado e sem nenhum tipo de valor, por isso foi esquecido; • Falta de manutenção periódica do portal: a estrutura física do portal também merece atenção. Muitas empresas deixam de se preocupar com o sistema porque, aparentemente, este parece estar funcionando sem nenhum problema. Porém, uma manutenção periódica do portal corporativo se faz necessária para prevenir erros, dados corrompidos, links quebrados, etc. A existência de falhas pode gerar uma grande insatisfação do usuário quando a utilização do portal é interrompida por problemas que não deveriam existir; • Inexperiência do usuário: nem sempre o colaborador saberá usar um determinado recurso do computador ou algum programa; por isso, deve-se criar um ambiente descomplicado e intuitivo para que ele tenha condições de utilizar o portal corporativo plenamente;
  • 49. 49 • Ausência de feedback: este termo significa que houve um retorno, uma resposta para usuário após realizar uma ação, por exemplo, o recebimento de uma mensagem de aviso para uma área inacessível ou de um erro no sistema. Se não existe este retorno, o usuário pode ficar em dúvida se suas ações foram corretas ou não. Um sistema de “ajuda ao usuário” também pode ser considerado uma forma de feedback; • Adaptação do ambiente para versões móveis: muitas vezes o usuário precisa acessar o portal fora do ambiente físico da empresa e não há um computador disponível. Com a evolução dos smartphones e dos tablets, estes podem ser uma alternativa para o acesso à rede. Deve-se criar um ambiente próprio e personalizado que viabilize a utilização de dispositivos móveis como opção de acesso ao portal corporativo; • Inovação do sistema visual: por mais que o ambiente gráfico seja agradável, às vezes, algumas mudanças podem ser interessantes para a empresa. Alterações no estilo da interface ou de qualquer elemento presente no layout podem ser bem recebidas pelo usuário, que muitas vezes se sente incomodado com a falta de novidades no ambiente. É interessante também para as companhias manterem um canal de comunicação constante com o colaborador para medir o seu nível de satisfação ou se este possui sugestões, comentários ou alguma opinião sobre o funcionamento do portal ou até mesmo do andamento da própria empresa. Se ele obtiver o retorno esperado ficará satisfeito, se sentirá respeitado e a empresa pode, além de melhorar o seu sistema, criar um relacionamento ainda melhor com sua equipe. Por fim, para que se consiga a eficiência desejada é necessário que o portal corporativo seja criado com base nas tecnologias atuais, pois estas possuem mais recursos e tendem a ser mais seguras. A realização periódica de manutenções preventivas ou de atualizações do sistema torna-se fundamental para que o portal não se torne obsoleto ao longo tempo e facilita a detecção de diversas falhas que podem, inclusive, inutilizá-lo.