O Cordel Encantado: versos e imagens que unem o popular ao massivo e o massivo ao transmidiático
1. O Cordel Encantado: versos e
imagens que unem o popular ao
massivo e o massivo ao
transmidiático
Mestranda Poliana Lopes
Dra. Paula Regina Puhl
Mestrado em Processos e Manifestações Culturais
Universidade Feevale/RS
2. Objetivos
• Discutir a apropriação da literatura pelas
telenovelas brasileiras, tendo como objeto a
obra televisiva Cordel Encantado
• Analisar o apelo transmidiático e a
convergência de mídias, realizado a partir de
aplicativo disponibilizado no site oficial da
novela.
3. Metodologia
• Revisão bibliográfica sobre literatura de cordel,
telenovela e apropriação literária na telenovela, a
partir de estudos de Lopes (2003), Meyer (1980),
Reuter (1996), Candido (1998), Rey (1989) e
Fernandes (1997).
• Revisão bibliográfica sobre a entrada das novas
mídias na televisão e narrativa transmidiática a
partir de estudos de Jenkins (2009), Machado
(2011), Médola, Figueroa, Fechine e Redondo
(2010).
4. Objeto: a telenovela Cordel Encantado
• Foi transmitida de abril a setembro de 2011
pela Rede Globo às 18h.
• A partir de lendas, personagens míticos e
histórias do imaginário popular do Nordeste
brasileiro e dos contos de fadas, narrou o
amor entre a princesa de um reino distante
(Seráfia do Norte) e o príncipe do cangaço.
• Escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes, é
inspirada na literatura de cordel.
5. Cordel X Telenovela
• O gênero telenovela e o gênero literário popular
representado pelo cordel possuem semelhanças que
os aproximam.
• Ambos são produtos populares desde a criação até a
distribuição.
• A telenovela é um produto cultural que fala da nação
brasileira e que consegue mostrar um pouco das
características da sociedade.
• O cordel nasce popular e torna-se um meio de
comunicação, pelos cantadores que levavam ao
sertão notícias do meio urbano ou que cantavam
contos ficcionais que resgatavam a cultura
6. Cordel X Telenovela
Cordel e telenovela podem sofrer interferência do
público
• Cordel – princípio de literatura oral - permite a
modificação das histórias antes de seu registro em
folheto
• Telenovela - obra aberta - além da narrativa
televisiva, permite uma abertura nas conversas
dos espectadores
7. Análise da abertura
• Produzida a partir do grafismo de xilogravuras que
ilustra os cordeis impressos
• Narra em imagens a história de amor entre uma
princesa e um cangaceiro
• Trilha: Minha Princesa, de Gilberto Gil
• Apresenta a pessoalidade do conto, com elementos
dos contos de fadas; foram respeitadas cada uma
das linguagens, porém adaptadas para o veículo
televisivo de acordo com o gênero telenovela.
• Essa apropriação técnica resgata o cordel em
sintonia com a linguagem televisiva massiva.
8. Análise do primeiro capítulo
• Contextualiza a narrativa, apresentando o cenário
nordestino e o reino europeu, e as personagens.
• As sequências têm elementos em comum: a queda de um
meteorito (real/Nordeste, e em sonho/reino); a presença
de um místico (profeta X astrólogo).
• aproximação com os temas dos cordéis: um elemento da
natureza (meteorito) dispara a narrativa e une o reino,
com seus contos de fadas, com a realidade do cangaço,
com sua pobreza, dor e sofrimento.
• a inspiração está calcada no universo mágico dos cordéis.
9. A apropriação do cordel pela telenovela
• O roteiro-base de uma telenovela tem alguns elementos
básicos: a grande história de amor, com conflitos
familiares; um mistério ou segredo que normalmente é
revelado no final; atos do passado que influenciam no
presente; o paralelo entre os sonhos e as realizações de
uns contra a decadência e tristeza de outros; e o choque
de classes sociais, na relação entre ricos e pobres.
(FERNANDES, 1997)
• Consumidores dos dois produtos: pessoas alfabetizadas e
analfabetas, de classes sociais altas e baixas, cor ou religião
diferentes, são atraídas pelos dois gêneros - a raiz de
ambos está na oralidade, fator que colabora para que eles
sejam compreendidos pelo grande público.
10. A apropriação do cordel pela telenovela
• a telenovela aposta nas imagens e precisa de um bom
roteiro (texto) para sustentar a trama e garantir
audiência; o cordel escrito em versos pode ser cantado,
conta com a habilidade do poeta para improvisos e
pelejas ou pode ser impresso com ilustrações e
distribuído em feiras, pendurados em barbantes.
• Cordel Encantado respeita essas diferenças e aproveita
o que cada gênero pode oferecer para a construção da
dinâmica televisiva, sem deixar de lado os elementos
principais que fazem parte dos folhetos.
• Os dois produtos culturais têm uma forma envolvente
de contar uma boa história, seja a partir de um roteiro e
das imagens ou por meio de versos rimados.
11. A interatividade em Cordel Encantado: o
espectador faz parte da trama
• Sites das telenovelas: ferramenta que coloca o público na
narrativa.
• Sites das novelas da Rede Globo: sinopse dos capítulos,
informações das personagens, créditos, fotos, bastidores
e novidades; também exerce o papel de revista
eletrônica, com matérias com atores/equipe técnica e
sobre o conteúdo e produção da novela, trechos de
vídeos e espaço para downloads. (REDONDO, MÉDOLA,
2010).
12.
13. A interatividade em Cordel Encantado: o
espectador faz parte da trama
• Esta convergência gerou, na produção televisiva brasileira,
o que Jenkins (2009) chama de narrativa transmidiática:
quando a narrativa desdobra-se em diferentes
plataformas, em cada uma com um novo texto, os quais
contribuem para o universo ficcional como um todo.
• O aplicativo estabece uma nova narrativa, a partir da
realidade do espectador, encaixando-se no conceito de
narrativa transmidiática: uma narrativa que se passa em
vários meios diferentes ao mesmo tempo, sem que um
meio repita o outro (JENKINS,2009).
14. Considerações finais
• A apropriação do gênero literário cordel pela
teledramaturgia obteve bons resultados de acordo com
a audiência e proporcionou o conhecimento e
reconhecimento da manifestação popular contida na
literatura de cordel, tornando-a conhecida e comentada
por grande parte dos brasileiros.
• A retroalimentação proporcionada pela relação
literatura X televisão é uma forma de qualificar a
teledramaturgia, assim como mostrar nas telas as
criações tipicamente brasileiras. O Cordel desencantou e
será reconhecido de norte a sul, por uma única razão:
ele apareceu na televisão.
15. Muito
obrigada!
• Mestranda Poliana Lopes – poli.lopess@gmail.com
• Dra. Paula Regina Puhl – paulapuhl@feevale.br