Este documento descreve a técnica de execução do método "ortopédico/funcional" de tratar fraturas ósseas. O método envolve a aplicação de tutores gessados ou sintéticos aos membros lesionados para proporcionar estabilidade inicial, seguida da libertação progressiva das articulações através de tutores articulados. O objetivo é permitir movimento precoce e reabilitação funcional, reduzindo complicações e tempo de incapacidade.
5. Paulo Homem
Técnica de Execução no
Método “Ortopédico/Funcional”
de tratar Fracturas
2012
6. FICHA TÉCNICA
TÍTULO
Técnica de Execução no Método “Ortopédico/Funcional” de tratar Fracturas
AUTOR
Paulo Homem
pauloduartehomem@gmail.com
O autor agradece todos os contributos tendentes a melhorar este modesto trabalho,
assim como se propõe a responder, dentro da sua capacidade técnica, a qualquer esclarecimento
EDIÇÃO
Paulo Homem
Fotografias
Paulo Homem
ANO
2012
7. Agradecimentos
Ao Senhor Dr. Joaquim Rodrigues Fonseca estou muito grato por
aceitar fazer o Prefácio desta Monografia Técnica, que nasce, após vinte
anos, serôdia mas com a esperança de vir ainda a ser útil; tão repleta
de dificuldades como de prazer e espírito de missão na passagem de
conhecimentos ao longo da vida profissional adquiridos.
Pela oportunidade, pela constante disponibilidade e generosidade
e por ter, assim, contribuído para a realização de um sonho, bem-haja
Sr. Dr. Fonseca.
8.
9. INDÍCE
PREFÁCIO........................................................................................................11
.
INTRODUÇÃO............................................................................................... 13
Capítulo I – O MÉTODO.............................................................................. 15
.
Capítulo II – GENERALIDADES................................................................ 19
MATERIAIS............................................................................................ 19
a) Material Gessado.......................................................................... 19
Ligadura gessada. ....................................................................... 19
.
Ligadura Gessada – hidratação................................................. 20
Ligadura Gessada – aplicação................................................... 21
Limites. ......................................................................................... 22
.
Regularização das extremidades............................................... 22
Secagem........................................................................................ 23
Presa no Material Gessado......................................................... 23
b) Material Sintético......................................................................... 23
.
c) Material Termomoldável............................................................. 24
Remoção. ...................................................................................... 25
.
d) De protecção/hidratação dérmica............................................ 28
.
e) De protecção/almofadamento das zonas a submeter............ 28
Manga de malha tipo jersei........................................................ 29
f) De prevenção ao edema............................................................... 29
g) Articulações mecânicas de eixo policêntrico............................ 30
h) Articulações mecânicas de eixo monocêntrico........................ 31
i) Alinhadores de articulações........................................................ 32
.
“Chinese Finger Traps”.............................................................. 33
m) Conformador Quadrangular da Coxa..................................... 33
10. Capítulo III – TRATAMENTO “ORTOPÉDICO/FUNCIONAL”
DO MEMBRO SUPERIOR........................................................................... 37
Execução................................................................................................. 37
.
Posição............................................................................................... 37
.
Aparelho “Ortopédico/Funcional”.................................................... 38
Tutor Braçal....................................................................................... 38
.
Aparelho ”Ortopédico/Funcional”.................................................... 40
Braçal Articulado do Cotovelo....................................................... 40
Tutor Antebraçal............................................................................... 41
Tutor Antebraçal c/ Encaixe de Münster...................................... 42
Tutor Articulado no Punho e Encaixe de Münster...................... 44
Capítulo IV – TRATAMENTO “ORTOPÉDICO/FUNCIONAL ”
DO MEMBRO INFERIOR............................................................................ 47
“Bota Gessada Tipo Sarmiento”.......................................................... 47
Limites proximais.................................................................................. 51
Tutor Funcional da Perna c. Pé Plástico (Talonet).
– Patelar Tendon Bering (P. T. B.)......................................................... 51
Aparelho “Ortopédico/Funcional” – P.T.B..
com Tutor Auxliar da Coxa – Articulado no Joelho. ........................ 53
.
Aparelho “Ortopédico/Funcional”.
“Q.T.B. – Quadrilateral Thigh Bearing”............................................. 55
Execução do Q.T.B............................................................................ 56
Execução propriamente dita........................................................... 56
Aparelho “Ortopédico/Funcional.
Pélvi-Isquio-Podálico............................................................................ 59
Capítulo V – ALGUNS APONTAMENTOS
(Considerados relevantes)............................................................................. 63
Articulações Mecânicas. ....................................................................... 66
.
Bibliografia....................................................................................................... 67
Em anexo........................................................................................................... 70
11. PREFÁCIO
Pediu-me o enfermeiro Paulo Homem que comentasse um trabalho
(escrito e documentado em fotografias) sobre a técnica de execução
dos chamados Gessos Funcionais que fez – e bem – nos tempos em que
trabalhou na consulta de Ortopedia dos velhos Hospitais da Universidade
de Coimbra e depois nos Pavilhões de Ortopedia de Celas.
O trabalho é precioso e bem ilustrado.
E foi com mágoa e saudade que recordei autênticas obras de arte
– pois de obras de arte se tratam – muitos dos gessos moldados por
Paulo Homem.
De facto, quando Sarmiento (USA) e Fernandez (Espanha) nos
anos 70 desenvolveram e difundiram este método de tratamento em
“oposição” à fanática expansão das montagens rígidas defendidas pela
A.O. (Association for Ostheossinthesis - Suiça), desde os anos 50, teria de
haver conflito.
E houve.
E a luta, que se revelou desigual, era-o de facto, porque era entre a
indústria florescente dos materiais de osteossíntese e a habilidade manual,
muito personalizada, de artistas executantes de gessos especiais a que se
convencionou chamar de funcionais.
No conceito científico seria uma luta entre os conhecimentos
da formação de um calo ósseo BIOLÓGICO (vascular) da A.O. e o
conhecimento empírico da formação de um calo FISIOLÓGICO (quase
natural) dos gessos funcionais.
Nessa luta estava, de um lado, a fixação rígida à partida, que daria
origem a um calo inicialmente osteocondral, depois vascular e depois
biológico, progressivamente resistente, que permitia uma marcha
12. 12 Prefácio
precoce, sem ajudas de contenções externas de gesso ou de outros
materiais plásticos (CALO BIOLÓGICO DO SISTEMA A.O.) e, do outro,
a “crença”de que o calo ósseo se desenvolvia à custa de forças alinhadas
em pressão e em resistência, trabeculares, elásticas, unidireccionais,
reconhecidas e comprovadas como aceleradoras do calo ósseo, moldadas
em contensores externos que se estabilizavam pelas partes moles
envolventes do osso como verdadeiros encaixes (CALO FISIOLÓGICO
DO SISTEMA DOS GESSOS FUNCIONAIS).
Ambos os sistemas são reais. Existem.
Não são contraditórios e são comprovados com êxitos por quem os
pratica bem.
Mas porque se fazem cada vez menos gessos funcionais?
Estou em crer que o desuso vem apenas pela “velocidade” dos tempos
actuais em que tudo que se faz não se compadece com a demora da
sua execução.
E – perdõem-me – talvez também, pela falta de criatividade que o
treino da modelagem dos Gessos Funcionais exige.
Paulo Homem, com este valioso trabalho, pode estar teimosamente
fora de tempo a esgrimir uma técnica que agora tem frutos mais limitados.
Mas com a compilação deste Livro está a dar um excelente contributo
para que muitos gestos, que a modelagem dos gessos funcionais
preconizam, não se percam. É pedagógico.
E, quem sabe, talvez as modas voltem e os Homens (outros) nos
ensinem a imitar melhor a Natureza.
Joaquim Rodrigues Fonseca
Médico Ortopedista
13. INTRODUÇÃO
O tratamento incruento de fracturas com imobilização
gessada convencional/clássica leva sempre o seu tempo.
Tendo em conta a sua acção, mais
ou menos prolongada, surgem sempre
alterações, particular ente na região,
m
tanto nos tecidos moles como no osso,
sendo as mais frequentes:
• Rigidez articular.
• Perda de massa muscular.
• Descalcificação óssea, por vezes.
E porque estas alterações eram (e são
ainda) tanto mais graves quanto maior o
período de impedimento aos movimentos
articulares e também a ausência da carga
nos membros inferiores, alguns Cientistas
têm-se distinguido no estudo técnico/
/cien fico para encontrar um MODO
tí
que, sem prejudicar a estabilidade adquirida durante certo período de
imobilização gessada conven ional/clássica, permitisse precocemente
c
movimentos articulares.
SARMIENTO executou um gessado da perna funda
mentado no encaixe das próteses dos amputados abaixo
do joelho, com apoio, essencialmente, sobre o tendão
rotuliano – Patelar Tendon Bearing (P.T.B.), com o fim de
precocemente libertar o joelho. “Sendo ainda bem conhecida
pelo inestimável contributo ao “Método Ortopédico/
Funcional” de tratar fracturas dos ossos da perna.
14. 14 Introdução
Verificando-se em Coimbra, assim como duma forma geral em Portugal,
algum défice de preparação específica na área do “Tratamento Biológico”
de fracturas; – em Fevereiro de 1980, por iniciativa do Director do Serviço
de Ortotraumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra,
Prof. Norberto Canha, uma equipa constituída por três médicos
especialistas em Ortopedia e Traumatologia: Adrião Proença, Brás Cardoso
e Mamede Albuquerque e um enfermeiro de gessos, na circunstância
eu próprio – todos do respectivo serviço – deslocou-se ao hospital de
LÁ FÉ – Valência – Espanha a fim de actualizar
conhecimentos técnico/científicos específicos sobre
“Tratamento Biológico de Fracturas em Gessos
Funcionais Conformados”, proporcionados pelo
Dr. F. Fernanãndez-Esteve, um dos maiores mento
res mundiais do Método, considerado quem mais e
melhor o fundamentou e divulgou em “Tatramiento
Biológico de las Fracturas – Los Yessos Funcionales
Conformados”, na época de 1980.
Após actualização dos ditos conhecimentos, foi organizada na
C. Ext. de Ortopedia a Unidade de Gessos Funcionais – U.G. F. – estrutura
coordenadora da sua implantação e desenvolvimento Ortopédico/
/Funcional” de tratar fracturas; tendo como principais objectivos:
• “Diminuir o período de Incapacidade.
• Diminuir a incidência da doença fracturária,
por imobilização prolongada.
• Diminuir a incidência da intolerância aos
implantes metálicos.
• Complementar na osteossíntese “à mínima”.
• Complementar na osteossíntese instável.
• Diminuir o período de hospitalização”.
15. Capítulo I
O MÉTODO
Este MÉTODO tem especial indicação em certas fracturas dos ossos
longos, essencialmente das diáfises da tíbia e do úmero, após certo período
de estabilização em imobilização gessada convencional/clássica, cujo
objectivo principal é o de permitir a libertação precoce das articulações
submetidas à respectiva imobilização, com muitos benefícios, especial
mente para o paciente.
Sendo considerado:
• “FISIOLÓGICO, porque evita a
intervenção cirúrgica, permite a função
precoce, minimizando a rigidez articular e
a atrofia muscular
• CÓMODO, porque permite ao paciente
uma vida quase normal do ponto de vista
psicológico, higiénico e social.
• ECONÓMICO, porque a taxa de inter
namento é muito baixa e porque reduz
também o período de incapacidade tempo
rária. Acrescentamos que, por vezes, se
observa o regresso ao trabalho, quando
compatível, antes de completa cura.
• RÁPIDO, porque a carga no membro
inferior e as contracções musculares
provocam estímulos osteogénicos, que
conduzem a uma consolidação em curto
espaço de tempo”.
16. 16 Capítulo I – O Método
A Técnica
Tendo em conta a filosofia que orienta este Método, não fará
sentido continuar a chamar de Imobilização ao modo como nesta fase
se continuará a garantir a necessária estabilidade à fractura.
TUTOR, segundo a sua execução e o espaço que ocupa, é a
denominação adequada.
Com a aplicação de mais do que um Tutor tratar-se-à, logicamente,
de Aparelho.
Exemplos
O tutor é executado envolvendo,
essencialmente, o segmento lesado.
(“Minibrace” – tutor antebraçal).
Porém, na necessidade de conseguir
maior grau de estabilidade na zona,
poderá o mesmo prolongar-se a outro
segmento são contíguo, proximal e/ou distal ente, essencialmente de
m
três formas:
• Uma, por aletas do próprio tutor que se
prolongam à porção distal do segmento são
(braçal), em forma de “encaixe de Münster”
(tutor funcional do antebraço).
• Outra, por aplicação de articulações mecânicas entre o
tutor principal (braçal) e o auxiliar (antebraçal), unindo-
-108/4
17. Capítulo I – O Método 17
• os entre si. (aparelho funcional do
braço articulado no cotovelo)
• Sendo nalguns casos, para além do tutor principal,
necessário realizar mais do que um tutor auxiliar.
-- um, proximal (na cintura pélvica),
-- outro, distalmente (na perna),
permitem interligação no tutor principal (da coxa)
por meio de articulações mecânicas.
• Ainda a nível do pé, aplicação de uma “Talonete,” também conhecida
por pé de plástico, na verdade
de polipropileno, fixado pelas
suas hastes na parte distal do
tutor da perna e ajustado ao pé
por fita de velcro. Tendo como
principais objectivos:
-- Permitir só os movimentos
de flexão e de extensão do pé.
-- e contribuir para que o tutor não se desloque, espe mente no
cial
sentido distal (Aparelho funcional Pelvipodálico).
São os tutores auxiliares executados de modo menos exigente, contudo,
de forma a cumprirem eficazmente a sua função: estabilidade na região,
após colocação das respectivas articulações mecânicas.
18.
19. Capítulo II
GENERALIDADES
MATERIAIS
a) Material Gessado
Ligadura gessada
É ainda este material que mais se utiliza,
não só pelo seu preço, mas porque permite
realizar manobras eficientes de elevada
relevância na execução gessada, seja qual
for o método, muito especialmente daquele
que estamos a tratar.
Hoje, devido aos criteriosos processos de
fabrico podemos encontrar ligaduras gessadas que satisfaçam as várias
exigências técnicas, nomeada ente a do tempo de chegada da tomada
m
de presa – estado que poderá levar desde alguns segundos a alguns
minutos –, permitindo realizar tranquilamente algumas das manobras
gessadas durante a execução.
Tal como a conhecemos é composta pelos seguintes elementos:
• Pasta Gessada – composta por gesso (sulfato
de cálcio semi-hidratado);
• Gaze – material de suporte da pasta gessada,
tendo no seu fabrico, preferencialmente, a
fibra do linho em trama larga;
• Tutor – elemento situado no interior da
ligadura, destinado a manter a sua forma,
a facilitar a hidratação e a sua aplicação;
20. 20 Capítulo II – Generalidades
• Invólucro – protecção externa de forma hermética, destinada a
manter as características originais da ligadura gessada.
A fim de preservar as características originais não se deve retirar o seu
invólucro com demasiada antecedência à sua utilização.
Ligadura Gessada – hidratação
Para que uma ligadura gessada possa ser
devidamente aplicada, é indispensável que seja
sujeita a uma adequada hidratação e, para isso,
por via de regra, proceder-se-á da seguinte forma:
Primeiramente desenrolam-se cerca de 10 cm da
sua extre idade inicial, que será agarrada pela mão
m
esquer a (nos destros), enquanto o rolo é seguro
d
pela mão direita.
A ligadura é mergulhada em água à temperatura
recomendada pelo fabricante, de preferência
obliqua ente, até deixar de borbulhar, a fim de
m
facilitar a saída do ar existente no seu interior.
Retirada da água, e sem
perder de vista a extremidade
inicial, proceder-se-á à sua espressão retirando-lhe
o excesso de água, das extremidades para o centro
para que não seja expelida grande quantidade de
massa gessada.
A temperatura da água poderá influenciar o
comportamento da massa gessada, verificando-se
que quando ester acima da recomendada acelerará a tomada de presa,
enquanto na situação inversa a mesma será retardada.
21. Capítulo II – Generalidades 21
Também o grau de hidratação poderá intervir no tempo e na forma
de tomada de presa, sabendo-se que quando excessivamente molhada o
seu endurecimento retardará, enquanto o inverso, por escassez de água,
poderá pôr em causa a indispensável cristalização completa e uniforme
da massa gessada.
Na realidade, a ligadura gessada deve ser submetida a um grau de
hidratação tal que só a experiência costuma dar.
Ligadura Gessada – aplicação
A ligadura gessada é, por regra, aplicada de
forma circular, da extremidade para o centro
(nos segmentos longos), de forma suave mas
ajustadamente, cobrindo cada volta cerca de 2/3 da
anterior.
Quando aplicadas em zonas acentuadamente
cónicas as mesmas tendem a afastarem-se
obliquamente, tornando-se necessário
corrigir esse desvio com a formação
de uma inversão sem, contudo, fazer
cordão.
As ligaduras gessadas devem ser aplicadas em
número e de forma uniforme em toda a região.
Aplicado todo o material gessado, sem perda
de tempo, proceder-se-á à sua perfeita moldagem
às formas anatómicas da região e, durante a fase
de tomada de presa, realizar-se-ão as manobras
gessadas preconizadas.
22. 22 Capítulo II – Generalidades
Limites
Quando os limites exigidos não são
respeitados por excesso será incómodo
cortar os excedentes; pelo contrário
será necessário proceder ao seu
prolongamento, sendo esta “emenda”
um mau recurso, sabendo-se que
não irá produzir a mesma eficácia e
comodidade como se correctamente se
tivesse executado inicialmente
Regularização das extremidades
A regularização das extremidades
é uma acção de grande importância,
sendo do conhecimento as lesões
provocadas nos tecidos moles por
extremidades irregulares, tornando o
gessado incómodo e, não raras vezes,
insuportável.
A fim de conseguir extremidades confortáveis são os materiais de
protecção/almofadamento (manga de jérsei, algodão prensado, etc.)
voltados e fixados sobre as extremidades do tutor, em forma de debrum
-bainha, com ligadura gessada.
Extremidades mal regularizadas, ou falta disso, essencialmente pela
agressividade que provocam, levam o paciente (na tentativa de aliviar
o incó odo/sofrimento), a
m
iniciar por ali a sua destruição.
23. Capítulo II – Generalidades 23
Secagem
Após a execução será necessário um período de
tempo, variável entre as 24 e 48 horas geralmente,
para que a sua secagem se verifique.
São vários os factores que poderão intervir no
processo se secagem, tornando-o mais ou menos
longo, nomea amente:
d
• qualidade e características do material gessa
do;
• grau de hidratação e temperatura da água;
• ambiente.
Sabendo-se que uma ligadura gessada excessivamente molhada,
no mínimo retardará a sua secagem; o mesmo ocorrerá se a hidratarmos
com água abaixo da temperatura recomendada pelo fabricante.
Também são os materiais de protecção/almofadamento muito
responsáveis pelo comportamento da secagem de um gessado, havendo
os de características hidrófugas, hidrófilas, ainda outros (acrílicos) que,
embora recebam a água, libertam-na mais ou menos facilmente.
Presa no Material Gessado
O material gessado, quando devidamente hidratado, desenvolve
um processo reactivo caracterizado pelo aumento da sua temperatura,
durante o qual consome parte da água, sendo outra parte evaporada,
para dar lugar ao aumento progressivo do grau
de empastamento do material, até à chegada da
tomada de presa – altura para realizar as manobras
preconizadas e outras achadas por convenientes e
contempladas na técnica.
b) Material Sintético
Dada a sua importância, não podíamos deixar
de dar algumas referências deste tipo de material,
24. 24 Capítulo II – Generalidades
também ele, normalmente apresentado na forma de ligaduras, cujas
características inovadoras passamos a referenciar:
• Boa resistência física e química;
• Baixo peso;
• Grau de opacidade ao RX consoante a sua composição.
Embora todas elas de grande importância, é, no entanto, a sua transpa
rência aos R. X. é de notável valor no visionamento de certas fracturas já
que, por isso, não será necessário retirar o tutor para observar ao pormenor
a evolução das mesmas.
Como nem todo o material,
devido à sua compo ição, s
apresenta o mesmo grau de
transparência, é este agrupado
de forma a satisfazer o objectivo.
• Poliuretano tendo suporte
a malha de fibra de vidro:
Resultando em materiais mais ou menos trespassáveis pelos RX;
• Poliéster em suporte de malha de fibra de algodão: Resultando em
material totalmente trespassável pelos RX;
• Poliuretano em suporte de malha de polipropileno, resultando em
material de comportamento semelhante ao anterior. (Presentes dois
exemplos).
c) Material Termomoldável
Tem por base o poliéster, de superfícies antia
derentes durante a sua manipulação, de elevada
memória plástica, permitindo os recortes e a molda
gem.
Apresenta-se, normalmente, na forma de placas,
perfuradas ou não, trespassável pelos R. X:
Proporciona um suporte – tutor amovível, leve,
confor ável, capaz de assegurar a estabilidade de
t
certas fracturas em estado de atraso de consolidação,
25. Capítulo II – Generalidades 25
assim como contribuir para a cura de certas lesões
dos tecidos moles, tornando-se aplicável quando
aquecido, cujas temperaturas serão diferentes
consoante o meio:
• Em água a cerca de 85º;
• A 90º quando em vapor de água;
• Em placa radiante ou em ar
aquecido até adquirir a malea
bilidade ideal.
Quando submetido a aquecimento de forma líquida,
e retirado do meio, é colocado sobre uma superfície
absorvente, a fim de lhe ser retirada a água, sendo
aplicado e moldado sobre a região, que endurecerá em alguns minutos.
Após os ajustes e regularização das extremidades é fixado com fitas
de velcro.
A consulta das instruções do fabricante é indispensável
Remoção
Nesta técnica há que ter em conta as extremidades
das articulações mecânicas introduzidas nos tutores.
Retirar primeiramente as hastes metálicas, para
depois proceder como habitualmente.
Executar bem é muito importante. Porém, para
retirar também não deixa de ser necessário obedecer
a princípios e a recomendações que não poderão
ser, de forma alguma, menosprezados.
Primeiro, porque não deixou ainda de ser
frequente o aparecimento das sempre desagradáveis
lesões produzidas pelos mecanismos de corte:
• Umas vezes por deficiente protecção da zona;
26. 26 Capítulo II – Generalidades
• Outras ainda pela pouca expe
riência dos executantes;
• E ainda pela improvisação de
materiais de corte.
Ainda é um facto observado em
centros menos experientes e equi
pados, felizmente com tendência a
desaparecerem.
Muitos pacientes retêm na memória a agonia de lhe ter sido retirado
um gessado. A dor da fractura fora esquecida, mas permanece ainda na
memória o sentimento de ansiedade do acto.
Mesmo alguns profissionais
dos mais experientes, mas menos
atentos, descoram algumas vezes os
receios do paciente e, sem qualquer
explicação (no mínimo, que a lâmina
é apenas vibratória), apressam-se a
realizar o acto, aumentando, assim,
o nível de ansiedade.
A máquina (serra de gessos) será posta em movimento antes de entrar
em contacto com o tutor.
A sua lâmina será dirigida ao gessado na posição perpendicular.
O corte será executado por golpes sucessivos, em toda a profundidade
e extensão, sendo de evitar o contacto com os tecidos moles, exercendo,
para isso, apenas a pressão necessária para trespassar a parede gessada.
Para os experientes é
bem perceptível quando a
lâmina corta toda a parede
gessada e fica sobre os
materiais de protecção.
Deve ser cortado em
forma de bivalve evitando,
27. Capítulo II – Generalidades 27
se possível, as saliências ósseas. Esta conduta permitirá manter a
estabilidade da zona até final do acto, permitindo que uma das valvas,
normalmente a posterior, seja utilizada durante a realização de exames ou
em períodos de reabilitação. A componente económica também não deixa
de estar presente.
- Ainda como material de corte deverá ser
utilizada a tesoura de LISTER, cuja lâmina
inferior possui na sua extremidade uma
protecção (bico de pato), impeditiva de causar
lesões nos tecidos moles.
Como auxiliar no afastamento das
ditas valvas é utilizado um afasta
dor apropriado (de extremidades
alargadas) facilitando o acesso ao
material de protecção, que será então
cortado com a dita tesoura.
Só assim as valvas se separarão
sem esforço e sem risco de desta
bilizar uma fractura recente.
É importante que o material seja adequado e esteja em boas condições
de funcionamento.
A máquina de gessos apenas faz
movi entos oscilatórioss, devendo
m
estar equipada com lâmina de diâ
me ro entre os 0,50 mm e os 70 mm.
t
28. 28 Capítulo II – Generalidades
Seria importante que fosse silenciosa e equipada com
sistema de aspiração de poeiras, o que já se verifica em
muitos serviços.
d) De protecção/hidratação dérmica
Na zona, é observado o estado da pele, seguindo-
-se a sua limpeza, e protecção com produtos adequa
dos.
Na generalidade, são aplicados compostos oleo
sos emulsionados em água, normalmente de p. h.
neutro, de fácil aplicação – que muito aliviam o
desconforto da impossibilidade realizar os hábitos
higiénicos.
e) De protecção/almofadamento das zonas a submeter
São estes materiais que, directamente, vão permanecer em contacto
com a pele, protegendo-a, assim como todos os tecidos moles que sob
ela se encontram, dos inevitáveis atritos e pressões, não deixando de
contribuir para a eficiência e comodidade que tão importantes são para
o êxito.
Devem, estes, obedecer às seguintes características:
• Analérgicos;
• Suaves, porosos e hidrófugos;
• Resistentes – para que não se decom onham nem se desloquem
p
facilmente;
• De baixo volume – mas que não deixem de cumprir a sua missão
nem, tão-pouco, apaguem as saliências e/ou depressões que tão
úteis serão para o contributo da eficiência.
29. Capítulo II – Generalidades 29
Manga de malha tipo jersei
Material, normalmente, proveniente do
algodão.
• de boa adaptação, mesmo em zonas
irregulares.
• por regra bem tolerado.
• de boa compacidade, estável e dura
doura, proporcionando uma superfície
de protecção/almofadamento fina e
uniforme, baseando-se o seu efeito na
aplicação de uma ou duas mangas sobrepostas.
Sendo, no entanto, necessário reforçar a protecção em zonas mais
desprotegidas de tecidos moles subcutâneos.
Algodão sintético prensado a baixo volume.
Material, em forma de ligadura, a apli
car sobre a manga:
• nas extremidades de execução;
• nas saliências ósseas;
• em outras zonas menos ricas em
tecido celular subcutâneo, reforçando
a protecção dos tecidos subjacentes ao
gessado.
Este tipo de algodão (acrílico) de baixo volume oferece garantias de boa
adaptabilidade e resistência, características muito importantes devido aos
movimentos a que vai ficar sujeito.
f) de prevenção ao edema
São a joelheiras e os pés
elás icos materiais utilizados
t
na prevenção aos edemas das
respecti as articulações quando
v
por realização da técnica ortopé
dica/funcional.
30. 30 Capítulo II – Generalidades
Atendendo à intensa actividade a que vão ficar sujeitos terão de ser
de elevada qualidade, com relevância para a sua elasticidade em todos
os sentidos.
A sua precoce inutilização traria sérias dificuldades à função articular,
sendo impossível substitui-la sem retirar o tutor.
As dimensões destes materiais serão de acordo com as das respectivas
regiões a proteger que, não sendo largos, devem ser a aplicados ajusta
damente.
Ainda, a ligadura elástica adesivada, que na falta
daqueles elementos elásticos, precariamente os poderá
substituir, destinando-se, essencialmente, a fixá-los
pelas extremidades sobre a primeira manga de jersei.
g) Articulações mecânicas de eixo policêntrico
Genericamente, poderá dizer-se que o
mercado responde bem, tanto em qualidade,
como na diver
dade.
si
Especialmente na diversidade, os modelos
são vários, cada um com as suas particula
ridades, mas todos permitem exercer movimentos de flexão e de extensão,
adaptando-se a cada momento às exigên
cias anatomo/fisiológicas de cada arti
culação. Por isso de eixo policêntrico.
31. Capítulo II – Generalidades 31
Sabendo-se, por exemplo, que os
movimentos de flexão ou de extensão
do joelho não são executados no
mesmo eixo, como acontece com os
de uma vulgar dobradiça.
Não acontecendo o mesmo com
a articulação do cotovelo que, apesar da sua complexidade, gira em
movimento de um só eixo.
Porém, entre as articulações mecâ
nicas há as equipadas com especiais
mecanismos de limitação de movimentos
articulares, tanto da extensão como da
flexão, aplicadas especial ente quando
m
por lesões ligamentares.
Na maioria das situações não é
necessário proceder ao controlo dos
movimentos de flexão e/ou ex ent
são, sendo apli adas articulações
c
mecânicas de menor complexidade
articular que, não apresen ando quais
t
quer reflexos negativos no seu desem
penho, têm um preço muito inferior.
h) Articulações mecânicas de eixo monocêntrico
Este é um mode
lo de articulação
mecânica de movi
mento mono ên ri
c t
co a aplicar sobre a
articulação coxo e
f
32. 32 Capítulo II – Generalidades
moral para unir entre si os tutores da coxa e o da cintura pélvica, sendo a
aleta menor fixada no tutor da coxa.
Porque esta articulação mecâ
nica fica sujeita a grandes esforços
exercidos na zona, ela terá de
possuir características físicas e
mecânicas compatíveis.
Esta pequena articulação mecâ ica é feita à
n
semelhança das que são aplica as a nível do punho, em
d
tutores executados com
o objectivo de assegurar
estabilidade e desvio
cubital em fracturas da
extremidade do rádio.
i) Alinhadores de articulações
São estes alinhadores instrumentos metálicos
destinados, como o seu nome indica, a fixar as
articulações mecânicas, de forma a respeitar o
paralelismo e a centralidade que os movimentos
articulares exigem.
Existindo vários modelos para o mesmo fim,
utilizar-se-á o que for compatível com o tipo de
articula ão mecânica a aplicar.
ç
33. Capítulo II – Generalidades 33
“Chinese Finger Traps”
Este pequeno artefacto é de
grande impor ância no trata
t
mento incruento de fracturas dos
ossos do antebraço:
• permite a adequada posição
do membro, tanto para a
realização dos procedimentos
de redução, como para facilitar
a execução do respectivo tutor.
Consoante a posição desejada assim serão os
dedos utilizados pelo Finger – quando para posicionar
em desvio cubital é utilizado no polegar; quando para
posição neutra é o Finger utilizado no dedo médio,
podendo ser utilizada qualquer outra combinação,
para outras tantas opções.
A extremidade do dedo utilizado
pelo Finger para exercer tracção terá de ser protegido.
m) Conformador Quadrangular da Coxa
O Conformador Quadrangular da
Coxa, assim tecnicamente denominado,
é um aparelho constituído por uma parte
rígida e outra flexível.
É regulável no seu diâmetro, e
quando accionado sobre o gessado na
raiz da coxa transmite-lhe o seu efeito
34. 34 Capítulo II – Generalidades
de “Conformação” de configu
ração Quadrangular; reali an
z
do simulta ea ente, pela parte
n m
poste ior, apoio isquiático,
r
tornando-se proce imento de
d
notável importância para o
efeito de descarga parcial do
foco de fractura quando em
regi e de carga progressiva
m
assistida.
Sendo somente retirado quando excluído o risco de deformação
do gessado.
Visto deixarmos de contar com o auxílio de certas referências
estabilizadoras aquando da Imobilização Convencional/Clássica,
deverá o tutor ser executado com todo o rigor técnico, não prescindindo
para o efeito das valiosas saliências e/ou depressões: côndilos,
tubérculos, bordos, cristas, fossas; assim como as não menos preciosas
massas musculares.
Moldar/Modelar, etc., é importante; mas “CONFORMAR” é o
procedimento que melhor responde à necessidade de obter maior
grau de eficácia; efeito que muito poderá contribuir para o sucesso,
especialmente do “MÉTODO”.
“CONFORMAÇÃO” – manobra de ordem
técnica levada a efeito sobre o tutor gessado
durante a sua tomada de PRESA, submetendo os
tecidos moles a uma forma e tensão controladas,
em zonas pré-estabelecidas,
com a finalidade de obter “com
pacidade uniforme” na zona,
respeitando a sua integri ade.
d
35. Capítulo II – Generalidades 35
Não poderá ser confundida por
aperto dos tecidos, pois a área do gessado
não diminuirá consideravelmente.
Nem, tão-pouco, por simples manobra
de estética, mas sim
uma forma de tornar
o aparelho solidário à
região, obtendo-se a limitação ou mesmo neutralização
dos movimentos nefastos.
É essencialmente sobre as epífises e/ou
nos segmentos longos formados por dois
ossos onde são encontrados bons argumentos
para realizar procedimentos de controlo aos
movimentos perniciosos.
Ainda, no membro inferior, locais de apoio
à descarga parcial do foco de fractura quando
no exercício da marcha.
36.
37. Capítulo III
TRATAMENTO “ORTOPÉDICO/FUNCIONAL”
DO MEMBRO SUPERIOR
Execução
Posição
O paciente, sempre que possível, deve ser
colocado na posição de sentado, preferencialmente
em banco giratório e regulável em altura, amparando
ele mesmo o seu membro, mão no punho. Cotovelo
flectido a 90° e o antebraço em pronação durante
a execução.
É muito importante que o seu tronco seja
posicionado com inclinação para o lado lesado,
ficando o braço em condição pendular afastado
do tronco.
Esta é a posição que melhor garante a estabilidade
da fractura, assim como a que mais facilita a
realização das acções de
execução; tornando-se condi
ção preferencial para outras
intervenções gessadas no segmento do braço.
38. 38 Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior
Aparelho “Ortopédico/Funcional”
Tutor Braçal
O tutor gessado é executado, distal ente, a partir da zona condiliana,
m
termi ando a nível do acrómio, respeitando o cavado axilar.
n
Aplicado o material dentro dos limites convencio ados, e com os pri
n
meiros sinais da chegada da tomada de presa, realizar-se-ão as manobras:
• “os três pontos de apoio estabilizadores,” com o
objectivo de corrigir e/ou contrariar a tendência
ao varo; consistindo em realizar forças a três níveis
de forças:
-- Uma sobre a zona epifisária distal interna;
-- Outra em sentido oposto na porção diafisária
com incidência sobre o foco de fractura;
-- A terceira, no sentido da primeira, exercida
pela oposição da parte proximal (o ombro).
• Pressionar as faces laterais do gessado
– espalmando-as, com o propósito de
fazer deslocar os tecidos moles para a
frente e para trás, colocando a acção do
tutor mais próxima do segmento ósseo,
contribuindo também para o controlo
dos movimentos de rotação.
39. Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior 39
Conformar, com as partes tenares
e polpa dos dedos, respectivamente e
em simultâneo, sobre as zonas supra-
condilianas do úmero e a fossa do olecrânio,
essencialmente, com dois objectivos:
• controlar os movimentos de rotação;
• e de deslocação distal do próprio
tutor;
• fixação proximal do tutor com a
aplicação de um pouco de liga
dura elástica adesivada, sendo uma
das extremidades impregnada no
tutor quando da regularização da
respectiva extremidade, passando a outra sobre o ombro, que
terminará por cima da espádua do mesmo
lado; contribuindo para impedir a deslocação distal
do tutor, assim como para reforçar a prevenção à
tendência ao varo nas fracturas do 1/3 proximal do
respectivo segmento ósseo, permitindo a necessária
movimentação da articulação do ombro.
Este procedimento só será implementado
após protecção da pele na zona de aderência da
ligadura adesivada.
A tintura de Benjoim, por exemplo, dá boas
garantias de protecção dérmica, permitindo
prolongada aderência da ligadura na zona.
40. 40 Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior
Aparelho ”Ortopédico/Funcional”
Braçal Articulado do Cotovelo
Está indicada a sua execução quando para
obtenção de maior grau de estabilidade na zona.
O tutor braçal é executado, em tudo, à
semelhança do anterior; realizando-se poste
riormente o tutor auxi iar sobre o segmento
l
do antebraço, mantendo-o posi ionado em
c
pronosupinação de 0º, e que não perturbe a
função das articulações adjacentes.
Agora estão reunidas as condições para a
aplicação do par de articulações mecânicas
(adquiridas já alinhadas do necessário
paralelismo), “devendo o seu eixo ser orientado com a linha que une
a tróclea ao côndilo, permitindo plena extensão; sendo a flexão de,
aproximadamente, 115 0º”.
41. Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior 41
As articulações mecânicas do coto
velo têm a particularidade de serem
adquiridas já posicionadas e fixadas
a 90º por um freio metálico, que só
será retirado quando orientadas com
o eixo fisiológico, alinha
das do seu
paralelismo e fixadas as suas hastes aos
respectivos tutores.
Retirado o dito freio, é reco ocado o
l
parafuso, cuja fun ão principal é a de fixar
ç
os parafusos que
controlarão o desli
zamento mecânico,
que deverá ser leve.
Tutor Antebraçal
A posição de execução envolvendo, essencialmente,
o segmento Antebraçal continuará, preferencialmente, a
ser com o paciente sentado, sendo o membro, em plena
supinação, suspenso pelos dedos através do “Chinese
Finger Traps”com o cotovelo a 90’, com moderada contra
tracção, nesta etapa, de cerca de 1kg.
42. 42 Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior
O material de execução é aplicado
desde o punho, deixando-o livre,
até junto da flexura da articulação
do cotovelo, permitindo os normais
movimentos destas articulações.
Seguidamente é realizada conformação: pela
face posterior, sobre a membrana interóssea
rádiocubital com tensão máxima; anteriormente
apenas de forma insinuada. São estas as
manobras que controlam os movimentos de
pronosupinação, e mantêm o
afastamento e o paralelismo dos
respectivos ossos.
Tutor Antebraçal c/ Encaixe de Münster
Mas em situação de exigência de estabelecer maior
grau de estabilidade é executado o tutor com encaixe
de MÜNSTER que, iniciado como o anterior, termina
em forma de aletas sobre as zonas supracondilianas do
úmero.
43. Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior 43
Técnica desenvolvida na Universidade de
MÜNSTER, afim de assegurar a implantação da
prótese nos amputados do antebraço.
A posição do membro é a mesma da situa
ção anterior, sendo a aplicação do material de
execução, como referido, iniciada no punho,
deixando-o livre, até ao 1/3 distal do braço.
Da mesma forma, é exercida conformação
sobre a linha interóssea do segmento.
Seguindo-se o mesmo procedimento
sobre as zonas supracondilianas do
úmero, exercidas com as eminências
tenares, controlando os movimentos
de prono-supinação; realizando em
simultâneo, com os dedos indicadores,
médios e anelares uma depressão sobre
a fosseta do olecrâneo, com objectivo de
limitar a extensão e impedir que o tutor
se desloque no sentido distal.
Segue-se a marcação e recortes das extremidades.
As mobilidades permi
tidas situam-se entre os 115º
de flexão, com limitação
da extensão dos últimos
20/30º.
44. 44 Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior
Tutor Articulado no Punho e Encaixe de Münster
Também as fracturas de loca ização nas
l
extremidades do rádio poderão usufruir dos bene
fícios do método “Ortopé ico/Funcional” sendo,
d
igual ente, atenuados os prejuízos causados por
m
imobi ização prolongada.
l
Conhecendo-se o mecanismo utilizado para a
obtenção da redução deste tipo de fractura, assim
como mantê-la, é fundamental a posição.
O membro é suspenso pelo dedo polegar através
do “Chinese Finger Traps”, flectido a 90º, em
supinação, com tracção de cerca de 1Kg afim de
assegurar a manutenção da redução.
Suspenso pelo polegar, desde logo é imposto
um grau razoável de desvio cubital, sendo este
aumentado para 45º durante a execução do tutor,
assim como flexão do carpo de cerca 40º.
45. Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior 45
Mas também este será, na extremidade
proximal, executado em forma de encaixe de
“Münster”, tal como o exemplo anterior, e com os
mesmos objectivos.
Enquanto na extremidade distal do antebraço se
apresenta: pela face posterior com prolongamento até
sobre a zona metacarpiana, impedindo o movimento
de dorsiflexão.
Anteriormente de forma
a permitir flexão do punho
(posicionado em desvio
cubital).
Exercida a conformação
sobre a linha interóssea radiocubital.
Após processadas as devidas regularizações,
procede-se à colocação da articulação acrílica
mecânica, de eixo monocêntrico centrado sobre a
apófise estilóide do cúbito, sendo a haste fixada sobre
o tutor.
46. 46 Capítulo III – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Superior
A fita de velcro circula a zona meta árpica,
c
assegurando desvio cubital de cerca 40º.
47. Capítulo IV
TRATAMENTO “ORTOPÉDICO/FUNCIONAL ”
DO MEMBRO INFERIOR
“Bota Gessada Tipo Sarmiento”
O fundamento é referido em introdução à técnica.
“O apoio no tendão
rotuliano e o efeito
hidráulico”de então,
fazem hoje parte de
um conunto de proce
j
dimentos de ordem
técnica executados à volta do joelho e não só, ade
qua os, essencialmente:
d
48. 48 Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior
• ao controle dos movimentos de rotação;
• ao impedimento da deslocação do próprio tutor;
• a atenuar os impactos mais violentos da marcha;
• e até limitar, dentro de certos parâmetros,
(necessariamente) o movimento de flexão do
joelho.
Procedimentos que têm
como finalidade contribuírem
para a estabili ade na zona.
d
É este gessado introduzido no método
“ORTOPÉDICO/FUNCIONAL”, normalmente, por
fractura do terço distal da tíbia, quando submetida
a tratamento com imobilização cruropodálica
que, depois de certo período de estabilidade, é
precocemente libertada a articulação do joelho.
Tornando-se, ao manter a articulação da tibiotársica
imobilizada, numa combinação
dos dois métodos: – convencional
e funcional, devendo considerar-
se este procedimento como uma
primeira fase do tratamento
“ortopédico/funcional”.
49. Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior 49
A posição do paciente é em decúbito dorsal
com a perna pendente, sendo a do executante
sentado em banco baixo de forma a ficar de frente
para o segmento em causa, com a porção anterior
do pé levemente apoiada sobre um dos joelhos
do executante.
• posição que melhor relaxamento muscular
proporciona;
• que melhor protege a estabilidade adquirida;
• e que mais facilita a execução e as manobras
sequentes.
Após procedimentos de protecção/almofadamento, será prioritário
que se proteja o foco de fractura com a aplicação de algumas voltas de
material gessado, para depois ser completado o respectivo tutor:
No pé, pela face plantar, desde as extremidades
dos dedos, deixando-os livres pela face dorsal.
Molda-se bem o cavado plantar e pressiona-
-se, digital e em simultâneo, sobre 1/3 médio
dos 2º, 3ºe 4ºmetatarsos, com a finalidade de bem
espalmar a zona, criando, assim, carga simulada.
Modelar bem o gessado sobre região
maleolar, assim como o tendão de
Aquiles de forma a proteger a sua normal
proeminência, sendo notório o efeito da
falta desse procedimento.
50. 50 Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior
De seguida, é dada continuidade á aplicação do
material gessado até ao nível da grande tuberosidade
anterior da tíbia, seguindo-se a realização dos três
pontos de apoio estabilizadores, contrariando a
tendência ao valgo.
Conformar sobre a membrana interóssea tíbio –
peronial, contribuindo para o controlo dos movimentos
rotação, assegurar o paralelismo dos respectivos ossos,
e prevenir a deslocação do próprio tutor.
Realizar conformação sobre a raiz dos
gémeos de controlo aos movimentos de
rotação e contri uição no controlo da
b
deslocação do tutor.
Para logo colocar o membro em plena extensão e
aplicar material gessado até ao 1/5 distal da coxa.
Realizar conformação simultânea sobre o tendão
rotu iano e a raiz dos gémeos. Idem, idem, mais
l
contributo para controlar a carga exercida sobre o foco
de fractura.
Continuar com a realização das manobras de
conformação sobre as zonas supracondilianas do
fémur e realçar sobre tendão rotuliano.
Procedimentos de controlo aos movimentos de rotação e de descarga
ao segmento da perna.
51. Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior 51
Limites proximais
Pelas faces antero-
-laterais, tendo como
refe ência
r o pólo
superior da rótula;
pela face posterior,
em linha com a porção
mediana do tendão
rotuliano, permitindo, depois de retirado o retalho,
flexão até cerca de 90” e extensão completa.
Procede-se ao reforço do gessado na zona plantar e
aplica-se rasto de marcha.
É de considerar a libertação do joelho como sendo a primeira fase do
tratamento funcional deste segmento.
Tutor Funcional da Perna c. Pé Plástico (Talonet)
– Patelar Tendon Bering (P. T. B.)
Designação convencional dada ao tutor funcional da
perna de encaixe no joelho com apoio, essencialmente,
sobre o tendão rotuliano.
52. 52 Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior
Executado, normalmente, por substituição de imobilização gessada
clássica cruropodálica, permitindo libertar as articulações do joelho e da
tibiotársica, precocemente.
A posição do paciente, assim como a do executante são em tudo
semelhantes ao caso anterior.
A preparação prévia da execução do tutor consiste:
• aplicação da manga, de forma
a ultrapassar os limites pré –
estabelecidos;
• aplicação de pé elástico, preventivo
ao edema da zona, fixado nas suas
extremidades à respectiva manga, com três quartos
de volta de ligadura elástica adesivada;
• aplicação de uma segunda manga, sobre a qual
é reforçada a protecção com algodão acrílico, nas
zonas mais susceptíveis de sofrerem danos de
pressão ou aquando da retirada do respectivo
tutor:
-- zonas maleolares,
-- da crista da tíbia,
-- 1/3 proximal da tíbia e do joelho,
O tutor funcional é iniciado com a aplicação
do material gessado desde as zonas maleolares,
progredindo, a primeira fase, até ao bordo superior
da grande tuberosidade anterior da tíbia.
Os procedimentos seguintes são executados
tal como no caso anterior. (“Bota de Sarmiento”).
Exceptuando a nível do pé.
53. Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior 53
Procede-se à colocação da
“talonette,” mais conhecida por
“pé de plástico”; que depois de
ajustado ao pé por fita de velcro
é posicionado em valgo, (posição
adequada ao exercício da marcha)
levada a efeito pela pressão com
zona tenar sobre o seu bordo
inferior externo, e nessa posição são fixadas as hastes ao tutor com voltas
de ligadura gessada de modo a guardar a distância de cerca de 5 mm entre
o seu bordo posterior e o calcâneo, entrepondo a polpa do dedo indicador.
Quando verificado atraso de consolidação poderá
optar-se pela aplicação de Ortoteses em “polyform”,
permitindo que se retire para realizar cuidados higiénicos.
Aparelho “Ortopédico/Funcional” – P.T.B.
com Tutor Auxiliar da Coxa – Articulado no Joelho
54. 54 Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior
Este tutor auxiliar da coxa é executado quando por fractura da diáfise
tibial menos estável e/ou por necessi ade de aumentar na zona o grau de
d
estabilidade, após ser retirada a Imobilização Convencionada/Clássica.
Depois de colocada a primeira
manga em todo o membro, para além
da aplicação do pé elástico, da forma
anterior, também no joelho é colocada
joelheira, com o mesmo objectivo,
e fixada pelo mesmo processo.
Colocada segunda manga e reforçada a protecção
em zonas mais susceptíveis de sofrerem danos de
pressão, é o tutor P.T.B. executado tal o anterior, sendo
o da coxa, essencialmente destinado a assegurar
a necessária estabilidade por aplicação de um par
de articulações mecânicas policêntricas, unindo-as
entre si.
Para a sua aplicação é necessário que,
previamente, elas sejam montadas num ade uadoq
alinhador, com a finalidade de garantir o exigido
paralelismo, cujo centro fisiológico é encontrado
sobre o tubérculo da inserção dos adutores, fazendo
com ele coincidir o eixo policêntrico da articulação
mecânica.
Os cuidados a ter serão idênticos aos do caso
anterior, acrescidos peran e a colocação do par de
t
articulações mecânicas policêntricas no joelho.
O seu funcionamento já foi observado.
Atendendo que as mesmas, originalmente, se apresentam rectilíneas;
para que o paralelismo e a adaptação sejam correctas é imperioso que se
55. Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior 55
proceda a um desvio da haste inferior de acordo com a forma
anatómica da zona, como na imagem se observa.
Pelas mesmas razões do caso anterior também esta ortoteses
poderá ser utilizada,
Aparelho “Ortopédico/Funcional”
“Q.T.B. – Quadrilateral Thigh Bearing”.
Com o paciente em
decúbito dorsal.
Retirar Imo i i a
blz
ção Conven ional/
c
/Clássica
Cruropodálica, Ísquiopodálica e, por vezes, Pelvi
cruropodálica.
56. 56 Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior
Execução do Q.T.B.
Com a colaboração de
dois auxiliares é assegurada a
manutenção da estabilidade
adquirida, assim como e
o alinhamento original do
segmento ósseo.
A preparação do membro consiste em aplicar uma primeira manga tipo
jersei desde a extremidade do pé até à raiz coxa, onde se deve reservar
mais um pouco para que não falte nos acabamentos das extremidades.
Para prevenir o edema é colocada uma
joelheira e um pé elástico, respectivamente
sobre a articulação do
joelho e do tornozelo,
fixados à manga tal como
nos exemplos anteriores.
Colocada a segunda manga, sobre a qual é reforçada
a protecção/almofadamento das zonas mais sensíveis:
– todas as zonas limites dos respectivos tutores, para
que se realizem extremidades confortáveis: epífises
e crista da tíbia, zonas supracondilianas do fémur, e
raiz da coxa, especialmente pela face posterior quando
realizada, em simultâneo, “Conformação Quadrangular da Coxa”e apoio
isquiático, onde o almofadamento deve ser bem generoso.
Execução propriamente dita
Com o membro em plena extensão, é iniciada a aplicação do material
gessado a partir da zona supra-maleolar, não tendo qualquer interrupção
até à raiz da coxa.
57. Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior 57
No segmento da perna são
executados todos os procedimentos
tal como os foram no P.T.B.: –
csonformação sobre a membrana
interóssea tíbio/peronial, sobre a
raiz dos gémeos em simultâneo
com o tendão rotuliano, sobre as
zonas supracondilianas do fémur,
prosseguindo com o achatamento das faces interna e externa.
Na raiz da coxa
realizada “Conformação
Quadrangular, com a
aplicação de Confor
mador apropriado, só retirado quando
não existir risco de deformação da
configuração quadrangular.
Convém aqui recordar que tam
bém este procedimento é funda
mentado no encaixe da prótese dos amputados do membro inferior.
Quando verificado que o material já atingiu certa dureza procede-se à
marcação dos imites, assim como os
retalhos a retirar que vão permitir
a aplicação do par de articulações
mecânicas de eixo policêntrico, sem
que os tutores percam o contacto
entre si.
A nível do joelho, o
sombreado lateral externo, que
também existe internamente
limitam as áreas dos retalhos
gessados a retirar, para ali
58. 58 Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior
encontrar (tubérculo de inserção dos adutores) o local que permite orientar
a aplicação do par de articulações mecânicas policêntricas.
Após verificar que as hastes
das articulações estão solidamente
fixadas aos tutores, é desmontado o
alinhador.
Recolocados os parafusos de afinação e reti ados
r
os retalhos anterior e posterior, dando liberdade aos
movimentos articulares permi idos.
t
Realizadas todas as extremidades dos respectivos
tutores e colocado o pé de plástico, são ensaiados os
movimentos permitidos.
Os ensinamentos sobre o exercí
cio da carga já são conhecidos,
assim como os de manutenção.
59. Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior 59
Aparelho “Ortopédico/Funcional
Pélvi-Isquio-Podálico
Posição de execução em
decúbito dorsal, em mesa orto
pédica, com sustentação sob a
zona do joelho.
A técnica de execução
consiste, na pri eira fase, em
m
realizar funcional ísquio o
p
dálico, tal o exemplo anterior.
Também, à semelhança
dos procedi entos exercidos
m
nas fracturas do úme o para corrigir e/ou prevenir a acção muscular
r
em varo.
60. 60 Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior
Nas fracturas do fémur, e pelas mesmas razões é praticado sobre o
tutor da coxa a acção dos Três Pontos de Apoio Estabilizadores. Manobra
praticada sobre o gessado, consistindo em exercer, da mesma forma, três
níveis de forças:
• uma, distalmente, sobre a zona supracondiliana interna do fémur;
• outra na face externa sobre o foco de fractura;
• a terceira, na extremidade proximal, no sentido da primeira, pelo
auxílio de uma outra pessoa ou por força de oposição exercida pela
a articulação da anca.
Mas, atendendo
à acção, em varo,
das fortes massas
musculares da zona,
para facilitar a acção
de correcção e/ou
prevenção a exercer
manualmente, é o
membro posicionado em abdução, podendo atingir cerca de 20º nas
fracturas do terço proximal do fémur.
Exercida “Conformação” Mecâ
nica Qua rangular do Tutor sobre
d
a raiz da coxa
em simultâneo
com a reali
zação do apoio
isquiá ico,
t
manobra importante na descarga de exageradas
forças de pressão durante o início do exercício da
marcha.
Observe-se, para além de estar vizível o efeito
de descarga do membro por apoio da zona do
isquiático sobre o bordo posterior proximal do tutor
61. Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior 61
da coxa; a configuração prismática quadrangular de execução do mesmo,
exceptuando a sua face anterior que permanecerá arredondado.
São espalmadas as faces late
rais, sendo essencial realizar efi
ciente conformação manual sobre
as zonas supracondilianas femo
rais, afim de controlar os movi
mentos de rotação; movimentos
demasiadamente prejudiciais à
manutenção da estabilidade.
Anula-se o posicionamento em abdução e segue-se a execução do
componente íliaco, envolvendo a cintura pélvica, tendo como limites
inferiores: posteriormente a inclusão da região sagrada, sendo pela face
anterior de forma a deixar as articulações coxofemorais livres. O limite
superior situa-se em linha transversal com a terceira costela asternal.
A sua “conformação” é realizada sobre
os bordos superiores dos íliacos com o
auxílio de uma ligadura de pano com cerca
de metro e meio, colocada de trás para a
frente, cujas extremidades se cruzam sobre
a região púbica.
É agora a articulação mecânica fixada aos tutores
contíguos, unindo-os entre si, cujo eixo é colocado a cerca
de 5mm acima da linha com o bordo Antero/superior do
grande trocânter, sendo forma eficaz para tornar a região
solidária com o membro, impedindo-o dos movimentos
de rotação, e de deslocação distal do aparelho.
62. 62 Capítulo IV – Tratamento “Ortopédico/Funcional” do Membro Inferior
Atendendo aos esforços a que esta articulação é submetida terá
características físicas compatíveis
Obviamente que só permite movimentos de flexão e de extensão
da coxa.
63. Capítulo V
ALGUNS APONTAMENTOS
(Considerados relevantes)
“As contracções musculares e a carga provocam estímulos
osteogénicos, que favorecem uma consolidação mais rápida”.
Quando um membro é lesado, essencialmente
por fractura óssea, há que, no menor espaço
de tempo possível, criar condições para
progressivamente reiniciar a sua actividade
fisiológica, estabilizando-a pelos melhores
métodos ao alcance.
A ausência dos movimentos musculares,
articula es, e a marcha no membro inferior, é
r
condição que rapidamente leva à degradação tanto
dos tecidos moles como do osso, particularmente
na região.
Com o Método “Ortopédico/Funcional,”que
permite precocemente o exercício de contracções
musculares, duma forma geral, e a carga no membro
inferior, em especial, que para isso está adaptado,
para além de “favorecerem uma consolidação
mais rápida”, mantêm e/ou recuperam as massas
musculares e os movimentos articulares durante a
maior parte do período de tratamento.
64. 64 Capítulo V – Alguns Apontamentos
A carga a exercer inicialmente é avaliada, ensi
nada, treinada, e exercida de forma progressi
va, consistindo em o paciente, apoiado em
canadianas, colocar o pé do membro são sobre
uma superfície paralelamente colocada ao mesmo
nível da balança, para de seguida nela colocar o
pé do membro lesado.
O paciente fará accionar a balança até atingir
a carga que lhe foi aconselhada, e para obter a
sensação de exercer essa carga repetirá o proce
dimento as vezes suficientes para dela ter noção.
Várias razões poderão determinar a manutenção,
a diminuição ou o aumento do valor da carga
estipulada, mas é o grau de sensação da dor uma
valiosa indicação.
A marcha de início deve ser pautada por passos
curtos e simétricos, alargados progressivamente
tendo em conta a desenvoltura adquirida.
Assim será mais fácil controlar o exercício da
carga, assim como corrigir eventuais assimetrias
da marcha.
Para além da utilização das canadianas, existem
na técnica de execução vários procedimentos que
poderão contribuir para subtrair parte substancial
da carga exercida sobre o foco de fractura.
Nas fracturas da diáfise tibial, é no 1/5º proximal
que pela sua maior dimensão, configuração cónica e de
base menor inferior, se encontram boas condições de
descarga, muito especialmente na face interna, quando
em regime de carga progressiva assistida.
65. Capítulo V – Alguns Apontamentos 65
Exemplo verificado no tutor de descarga por fractura do
calcâneo.
A acção daquele apoio poderá
ser reforçada em circunstâncias do
gessado, articulado ou não no joelho,
atingir a raiz da coxa e sobre ela ser
exercida conformação quadrangular
e simultaneamente apoio isquiático.
É este apoio que também concorre para a
diminuição da pressão de carga exercida sobre
lesões esqueléticas situadas a qualquer nível do
membro, mas é essencialmente no segmento
femoral onde o efeito é mais notório.
Todo o utente que não seguir as instruções que
lhe são, de preferência, transmitidas por escrito,
corre o risco de concorrer para o insucesso do
tratamento.
66. 66 Capítulo V – Alguns Apontamentos
Articulações Mecânicas
São os tutores ligados entre si por
articulações:
• Umas têm por função condicionar
os movi entos articulares dentro
m
das amplitudes, tecnicamente,
per i idas. Possuindo me a is
mt c n
mo adequado.
• Outras permitem movimentos
livres de extensão e de flexão
dentro da fisiologia humana.
Umas e outras necessitam de obser
vação funcional assídua. Ora com
reafinação do seu mecanismo, leve mas
ajustado; ora uma gota de lubrificante.
Poderão elas contribuir em elevado grau tanto para o sucesso como
para insucesso.
Daí a grande importância do seu funcionamento.
A nível do pé
• Descalçar a sapatilha;
• Abrir a fita de velcro;
• Afastar a”Talonette” do contacto com o pé;
• Limpar/secar qualquer humidade existente;
• Colocar palmilha, preferencialmente de
cortiça, entre a “Talonette”e o pé, devendo
ser substituída sempre que se apresente com
humidade;
• Calçar sapatilha adequada às dimensões
actuais.
67. Bibliografia
Albuquerque, M.; Bacalhau, J.; Cardoso, B.; Seiça, T.; Canha, N. e Homem,
P. (1983) – “Tratamento Biológico das Fracturas da Diáfise do Úmero”,
Rev. Ortopedia y Traumatologia, Vol. 9P - IB-F. 1º, Junho.
Albuquerque, M.; Cardoso, B.; Bacalhau, J. e Homem, P. (1984) –
“Pelvipodálico Art. no Tratamento de Fracturas Proximais da Diáfise
Femoral”, Rev. Ortopedia y Traumatologia, Vol. 10p - Ib-2º fasc.
Bacalhau, J.; Albuquerque, M.; Cardoso, B.; Figo, G.; Canha, N. e Homem,
P. (1985) – “Tratamento Biológico das Fract. Dos Ossos do Antebraço”,
Rev. Ortopedia y Traumatologia, Vol. 11p-Ib - Fasc. 1º, Junho.
Fernández Esteve, F. (1980) – Tratamiento de Las Fracturas – Los Yessos
Funcionales Conformados.
Proença, A.; Homem, P. e Judas, F. (1988) – Técnica de Execução – Imobilizações
Funcionais – Curso – Gravação Audiovisual, H.U.C. – Serv. Ortopedia
e Traumatologia.
Proença, A.; Loureiro, J.; Vilhena, H. e Homem, P. (1988) – Método
“Ortopédico/Funcional”.
68.
69. Se estes apontamentos não tiverem o interesse que lhe atribuímos,
será o registo – diferente – de um período, na área da Traumatologia
(Unidade de Gessos Funcionais) dos Hospitais da Universidade de
Coimbra, em que os intervenientes desempenharam a sua actividade
com grande empenho e entusiasmo.
É com regozijo que recordamos este período.
Mas com grande tristeza recordamos a perda tão prematura de um
dos elementos da EQUIPA – Prof. Dr. ADRIÃO PROENÇA.
70. Em anexo
Não tendo sido possível dar a estes apontamentos a componente
Científica, não obstante a iniciativa tomada, assim, consideramos ser
de interesse, aqui, divulgar uma pequena parte do que então foi dado
a conhecer em Portugal e no Estrangeiro sobre o “Método Ortopédico/
/Funcional de tratar fracturas no Serviço de Ortotraumatologia (U.G.F.)
dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
71. Anexo I
Revista de Ortopedia y Traumatologia – vol. 9P – IB - fasc. 1º - Junho de 1983