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Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
Teoria da Cor
1 | P á g i n a
Índice
INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 2
PARA QUÊ CALIBRAR? .............................................................................................................. 3
O QUE É A CALIBRAÇÃO? ....................................................................................................... 4
CALIBRAÇÃO................................................................................................................................. 6
Antes de Calibrar .......................................................................................................................... 6
O que é necessário para calibrar? ............................................................................................... 6
Calibrar........................................................................................................................................... 7
Determinação dos limites de tinta - LINEARIZAÇÃO .................................................... 7
Para quê fazer a linearização?.................................................................................................. 9
Criando o perfil de cores......................................................................................................... 9
Cuidados a ter.......................................................................................................................... 11
CONCLUSÕES.............................................................................................................................. 12
BIBLIOGRAFIA & REFERÊNCIAS ONLINE..................................................................... 13
Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
Teoria da Cor
2 | P á g i n a
INTRODUÇÃO
O presente trabalho insere-se na disciplina de Teoria da Cor e tem como objetivo explicar
de forma sucinta a correta calibração das impressoras digitais de grande formato assim como
evidenciar a sua importância.
Logo a seguir à qualidade da impressão em si, muito provavelmente a fiel reprodução das
cores será o aspeto mais importante para os clientes, esse é também um dos problemas mais
frequentes e de difícil resolução por parte dos impressores.
Este trabalho visa então clarificar e explicar como conseguir impressões consistentes ao
longo do tempo do ponto de vista da reprodução das cores. Sendo uma apresentação sumária da
calibração de uma impressora de grande formato, este trabalho pressupõe um conhecimento prévio
da Teoria da Cor, nomeadamente de modelos e espaços de cor, o espaço aditivo RGB e o
subtrativo CMYK, a compreensão e boa utilização de perfis ICC e para que servem. Além desse
conhecimento, está também subjacente o conhecimento do ponto de vista do utilizador do
funcionamento de softwares de RIP1.
1 RIP – Raster Image Processor
Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
Teoria da Cor
3 | P á g i n a
PARA QUÊ CALIBRAR?
Imagine o seguinte cenário, você recebe a arte final de um trabalho para imprimir na sua
impressora, o designer avisa que todo o trabalho foi feito em RGB e apenas convertido para
CMYK quando gravou a arte final. O designer diz-lhe ainda qual o perfil ICC que usou para fazer
essa conversão e ainda lhe fornece uma prova de cor. Visualizando o ficheiro no seu monitor a
imagem até parece estar com as cores corretas (tonalidades, contrastes, luminosidade, etc.) então
provavelmente irá sair bem na impressão.
Primeira impressão a sair da máquina e logo se apercebe que afinal as cores estão todas
mal, vermelhos demasiado escuros, azuis e verdes incorretos e pior ainda, nas zonas de maior
concentração de tinta (cores mais escuras ou sombras) a impressora claramente usou muito mais
tinta do que o necessário, tanto até que está a escorrer do suporte, em resumo, a impressão não está
nada como previsto.
Só para confirmar que o problema é da impressora e não da arte final socorre-se de um
catálogo de cores, como por exemplo da Pantone® onde pode consultar as cores impressas e os
respetivos valores em CMYK que representam essas cores. Desenha um quadrado no seu programa
de edição preferido, atribui os valores de CMYK de uma cor Pantone® cuja representação em
quadricromia2 é bastante aproximada à cor sólida apresentada no catálogo, isto é, tem uma base de
comparação entre os valores enviados para a impressora e o que a impressora efetivamente
imprime.
Os seus receios confirmam-se, a impressora não está a imprimir as cores de forma
adequada!
O mais certo é a impressora não estar devidamente calibrada e caracterizada para o material
em que está a imprimir, ou por outro lado, pode também estar a imprimir utilizando um perfil que
não se adequa ou às propriedades específicas do material ou ao tipo de imagem que está a tentar
imprimir, pode nem ser o perfil adequado para ambas essas situações.
Portanto é muito importante ter a(s) sua(s) impressora(s) bem calibrada(s) e caracterizada(s)
para os materiais em que imprime. Esta caracterização tendo em conta os materiais é também
muito importante pois cada material (P. Ex. Vinil, Papel fotográfico, Papel matte, Tela, etc.)
apresenta as suas próprias características, quer ao nível da absorção de tinta quer ao nível da sua
“brancura” ou grau de branco que vão influenciar a forma como a cor é reproduzida e
percecionada.
2 Processo de impressão que utiliza o sistema de cores básicas compostas pelo Cião, Magenta, Amarelo e Preto – CMYK – para
reproduzir uma gama alargada de cores.
Figura 1 – Impressora não calibradaFigura 2 – Impressora calibrada
Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
Teoria da Cor
4 | P á g i n a
O QUE É A CALIBRAÇÃO?
O grande objetivo de uma boa calibração é conseguir-se uma boa reprodução das cores por
parte da impressora de forma consistente, isto é, que a impressora imprima as mesmas cores
sempre da mesma forma. Uma impressão consistente das cores significa também poupanças
significativas. Uma impressora bem calibrada gastará menos tinta para reproduzir corretamente as
cores, por outro lado terá menos desperdícios de tempo e material pois os erros de impressão serão
bem menores e consequentemente as reimpressões serão menores.
Ao mesmo tempo que se procura a consistência na reprodução de cor, também se procura
a precisão na reprodução, ou seja, a capacidade de reproduzir (imprimir) cores de forma precisa.
Esta precisão faz-se notar particularmente ao imprimir-se logotipos de marcas conhecidas.
A capacidade e conhecimento de calibrar corretamente uma impressora vão de certo modo
substituir a “arte” de fazer-se ajustes diretamente às imagens ou ficheiros a imprimir de modo a
compensar os desvios na impressão. A manipulação das artes finais é de todo indesejável por
diversos motivos, quanto mais não seja para evitar-se o tempo gasto em fazer provas de impressão
e subsequentes ajustes nos ficheiros cada vez que se tem de imprimir.
Ao receber um dado ficheiro para imprimir, normalmente esse ficheiro vem com um perfil
de cor (ICC) associado, esse perfil define o espaço de cor dessa imagem, o espaço de cor de origem
ou de entrada. Ao mandar essa imagem para a impressora, será utilizado um perfil de impressão ou
de saída, que define o espaço de cor da impressora. A conversão de um espaço para outro deverá
ser feita de forma conveniente e controlada, tendo também em conta as propriedades do material
em que se está a imprimir. A calibração correta vai definir de que forma essa conversão será feita.
No fim de uma calibração e caracterização do material irá ser criado um espaço de cor de saída,
com informações de conversão de cores contidas num ficheiro de extensão *.ICC ou *.ICM,
informações essas que serão geradas contemplando diversos fatores como iremos ver adiante.
De uma forma simples podemos dizer que a calibração e caracterização de uma impressora
irá fazer compensações entre as cores que foram enviadas para a impressora e a forma como a
impressora efetivamente usa as suas tintas para reproduzir essas cores enviadas. As compensações
têm como função garantir que as cores enviadas são corretamente impressas pela impressora
naquele dado material.
A calibração depende de vários fatores, entre os quais podemos enumerar os seguintes:
1. Cores de base utilizadas na impressora, isto é, se a impressora recorre ao sistema
mais usual da conjugação de tintas base composta pelo CMYK. Atualmente
existem impressoras que utilizam além das tintas CMYK tintas Light Cyan (Lc) e o
Light Magenta (Lm) existem ainda outras combinações de tintas bases disponíveis
no mercado, estas variações têm como função aumentar a gama de cores que a
impressora será capaz de reproduzir.
Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
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5 | P á g i n a
2. Luz ambiente onde a impressora funciona, a cor
percecionada numa impressão é formada de forma
refletiva, ou seja, as ondas de luz embatem na
superfície da impressão e as tintas funcionam como
filtros, absorvendo comprimentos de onda da luz
incidente e refletindo comprimentos de onda da
mesma luz incidente. Por exemplo a tinta cião
funciona como filtro do vermelho da luz incidente,
absorvendo os comprimentos de onda do vermelho e
refletindo os comprimentos de onda do verde e azul. Portanto as cores
percecionadas pela observação de uma dada impressão dependem diretamente da
luz ambiente onde essa impressão é visionada.
3. As características do material ou suporte de impressão, como sabemos a imagem
de impressão é formada pelo depósito de tinta sobre a superfície do suporte (P.
Ex. Vinil ou Papel fotográfico), essa tinta será absorvida pelo suporte e portanto a
capacidade de absorção do material terá influência nas cores refletidas pelo
material. Esta característica é também importante se considerarmos que as cores
serão formadas por diferentes combinações ou percentagens das tintas existentes
na impressora (P. Ex. Um laranja poderá ser formada por 0%C+100%M+70%Y e
0%K) e como tal se a capacidade de absorção de um determinado material for
muito baixa, a carga total de tinta terá também de ser muito baixa o que poderá
afetar a gama de cores que podemos reproduzir naquele dado matéria.
Por outro lado, a tonalidade da superfície do suporte é também um fator muito
importante para a calibração de cores. A grande maioria das impressoras de grande
formato não têm a capacidade de imprimir o branco, não têm tinta branca, o
branco é dado pela cor do suporte (os materiais de impressão são na sua grande
maioria brancos) mas a tonalidade desse branco varia de material para material e
portanto o modo como a cor é percecionada também varia. A caracterização do
material e calibração irá ajustar as compensações tendo em conta a tonalidade do
material conseguindo assim, na medida do possível, uma reprodução de cor
consistente independentemente do material em que se está a imprimir. Um
vermelho composto por 0%C+100%M+100%Y e 0%K será igual se impresso em
vinil ou lona.
Temos portanto que a calibração vai depender de fatores inerentes à impressora, ao meio
ambiente e ao material em que se está a imprimir. Assim uma dada calibração só será eficaz e só
deverá ser usada na impressora calibrada, nas condições de luminosidade e para o material que foi
feita.
Como referido anteriormente, a calibração em termos práticos, irá gerar um ficheiro *.ICC
ou *.ICM que mais não é do que uma tabela de conversão de cores. Essa tabela, que tem em conta
os aspetos já referidos, contém a forma como as cores enviadas para a impressora são impressas e
faz a devida conversão.
Em termos práticos e no âmbito do software de RIP, designamos o ato de se utilizar uma
dada calibração de impressão, a aplicação de um Perfil de Impressão.
Figura 3 - Filtro Ciano
Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
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6 | P á g i n a
CALIBRAÇÃO
Como foi referido anteriormente, cada calibração feita só deverá ser utilizada na impressora
onde foi feita a referida calibração. Cada material de impressão deverá ser alvo de uma calibração e
caracterização, ou seja, cada vinil que utilize regularmente, como vinil matte e brilho, deverá ter a
sua própria calibração e essa calibração deverá ser utilizada apenas quando imprime nesse material.
Por outras palavras, não deverá imprimir em tela utilizando uma calibração e caracterização feita
para um vinil brilho.
Os passos e procedimentos descritos a seguir podem variar dependendo do RIP utilizado,
do equipamento e softwares de calibração utilizados. De um modo geral o conjunto de
espetrofotómetro+software de calibração segue os mesmos passos. Ao nível do RIP os passos,
funcionamento dos menus e nomenclatura podem variar, apesar disso será sempre necessário dar
um nome único e facilmente identificável ao perfil que irá criar.
Antes de Calibrar
Antes de começar a calibração deve ajustar convenientemente a impressora. Deve seguir as
recomendações no manual da impressora. Esses ajustes variam conforme a impressora. Podem
incluir ajustes de avanço do material, altura das cabeças de impressão, espessura do material, o
modo de impressão (unidirecional ou bidirecional) a resolução de impressão (P. Ex. 720x720 DPI’s,
720x540 DPI’s ou 360x360 DPI’s) e qualquer outro ajuste referido no manual.
O que é necessário para calibrar?
De forma a fazer-se uma calibração ou perfil de impressão deverá ter, além do software de
RIP, equipamento e software específicos para a calibração, ou seja, um espetrofotómetro e um
software de calibração. Existem no mercado várias soluções de calibração que têm pacotes com
softwares e espectrofotómetros. Estas soluções permitem calibrar não só impressoras como
também monitores e scanners.
Espetrofotómetro: Instrumento utilizado para medir a intensidade dos comprimentos de
onda de um espectro de luz em comparação com a intensidade de luz a partir de uma fonte padrão.
Dispositivo para medir a luminosidade das várias porções do espetro3.
3 http://www.spectrophotometer.com/FAQ.htm
Figura 4 – Exemplos de espetrofotómetro
Figura 5 – Funcionamento do espetrofotómetro
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7 | P á g i n a
Na impressora deverá estar o material para o qual deseja fazer o perfil de impressão.
Alguns exemplos de soluções de calibração incluem o X-Rite4 ou o SpyderPRINT5
Calibrar
Determinação dos limites de tinta - LINEARIZAÇÃO
Neste passo irá determinar o limite de tinta que o material escolhido poderá suportar sem
afetar a reprodução das cores, normalmente esta operação designa-se por LINEARIZAÇÃO. O
processo de linearização vai caracterizar a combinação de tintas+material. Na maioria dos casos, à
medida que se vai adicionando tinta num mesmo ponto do material a densidade de tinta torna-se
tanta que o material já não consegue absorver mais tinta, atinge-se o limite tal que a intensidade e
densidade da cor desejada será prejudicada.
O processo de linearização vai permitir a impressão de cada cor, ou canal de cor, de uma
forma suave e linear, sobre o material. Neste passo ainda não estamos a misturar os canais para
criar as diversas cores mas sim a determinar, para cada canal de cor base da sua impressora, o limite
de densidade de tinta que o material aguenta, desde o branco sem tinta do material até ao máximo
de densidade admitida pelo material, em incrementos contínuos e sem aumentos abruptos de
densidade.
De modo a conseguir linearizar terá de ser capaz de controlar os canais de tinta da sua
impressora individualmente, este controlo será feito no menu adequado do seu RIP.
O primeiro objetivo de uma impressão linear será definir, por exemplo, que 40% de uma
tinta depositada sobre o material corresponde ao dobro da densidade de 20% da mesma tinta. O
segundo objetivo será determinar o ponto a partir do qual a densidade máxima é atingida. Este
ponto é importante pois a partir deste ponto cargas de tinta adicional implica na realidade
densidades menores. De referir que este processo terá de ser feito para cada canal de cor (P. Ex.
Cião, magenta, amarelo e preto no caso da impressora apenas usar essas tintas de base).
Durante o processo de linearização, são enviados comandos para a impressora para que os
canais de tinta sejam impressos de forma sequencial, irão ser impressas faixas formadas por
quadrados de densidades de tintas sucessivamente maiores. Esta série de faixas será lida pelo
espetrofotómetro e as medições efetuadas serão enviadas para o software de calibração. O software
de calibração irá então efetuar os ajustamentos necessários de modo a obter-se densidades lineares
assim como determinar as densidades máximas apropriadas.
4 http://www.xrite.com/home.aspx
5 http://spyder.datacolor.com/portfolio-view/spyderprint/
Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
Teoria da Cor
8 | P á g i n a
Figura 6 - Exemplo de faixas de controlo das densidades
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Teoria da Cor
9 | P á g i n a
Para quê fazer a linearização?
O principal benefício que se obtém através da linearização é conseguir que todos os canais
de tinta imprimam de forma adequada ao material onde se está a imprimir. Uma vez atingida a
linearização, o processo de misturar as cores base de forma a produzir os milhões de cores possíveis
(através da combinação das cores base) será muito mais fácil, eficiente e precisa.
Criando o perfil de cores
Após o processo de linearização, a impressora está pronta a que seja criado um perfil de
cores adequado. A criação de um perfil de cores é feita antes de mais imprimindo um catálogo de
cores “alvo” ou de referência cujos valores, que as traduzem no espaço de cores, são conhecidos.
No processo de calibração de impressoras o espaço de cor de referência utilizado é o espaço L*a*b.
O espaço L*a*b é um espaço de cor independente do aparelho ou método de reprodução das
cores, isto é, não depende do aparelho utilizado para reproduzir as cores (P. Ex. Impressora) e é o
espaço de cores que mais se aproxima ao modo como os nossos olhos percecionam as cores. As
cores “alvo” têm valores conhecidos, pois no processo de calibração, é criado um ficheiro de texto
que contém os valores objetivos dessas cores no espaço L*a*b. Esses valores descrevem de forma
única e objetiva cada cor “alvo” que servirá de comparação com as cores impressas.
Estes valores das cores “alvo” serão enviados para a impressora sem qualquer tipo de
manipulação ou alteração. O conjunto de cores “alvo”, ou em inglês target color patches, são então
enviadas para a impressora com os valores L*a*b exatos que constam no ficheiro de texto e são
impressas. As cores impressas pela impressora serão posteriormente lidas pelo espetrofotómetro e
analisadas automaticamente pelo software de calibração. O objetivo é comparar os valores L*a*b
das cores de referência com os valores L*a*b efetivamente impressas pela impressora. Logicamente
que nesta fase os valores obtidos não serão exatamente iguais, isso será quase impossível. O
software de calibração irá calcular o desvio entre o que foi enviado para a máquina e o que foi
impresso. O perfil resultante descreve como a impressora se comporta na impressão de cores de
referência cujos valores são absolutamente conhecidos.
No futuro fluxo de trabalho, este perfil e a informação nele contido, será então usado para
traduzir ou converter os valores das cores das imagens a imprimir para os valores que a impressora
utiliza para criar as cores, naquele material, de forma precisa.
Imagine que os valores de uma dada cor de referência, definem essa cor como sendo
“vermelho-alaranjado”, é muito provável que na calibração a sua impressora imprima esses mesmos
valores, ou seja, aquela mesma cor de referência como um “vermelho-magenta”, então este
comportamento, este desvio é anotado e ajustado no perfil. Cada vez que este perfil é usado são
feitas as correções aos desvios anotados na reprodução das cores de referência, essas correções são
feitas convertendo os valores das cores de referência para outros valores que garantirão que a
impressora imprima as cores desejadas.
Os cálculos envolvidos na conversão dos valores das cores são efetuados recorrendo a
algoritmos complexos que podem variar com o software de calibração utilizado. Como uma
impressora é capaz de reproduzir milhões de cores, sendo que esse número depende do conjunto
de tintas base utilizado, e no processo de calibração se imprimem apenas algumas cores de
referência, são utilizados ainda algoritmos que “extrapolam” a forma como a impressora irá
imprimir todas as outras cores.
O nosso papel na calibração resume-se a mandar para a impressora um conjunto de cores
de referência e medir os resultados da impressão com o espetrofotómetro. O software irá fazer o
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Teoria da Cor
10 | P á g i n a
resto e cria o perfil de impressão que será utilizado com a mesma combinação
impressora+material+tintas+ambiente em que o perfil foi criado.
Figura 8 - Figura 9 - Exemplo de ficheiro
texto (*.txt) de valores de cores de
referência
Figura 7 - Espaço de cores L*a*b
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Teoria da Cor
11 | P á g i n a

Cuidados a ter
Quando imprimir a tabela de cores de referência (cores alvo) é muito importante, não
existir qualquer tipo de conversão de cores, isto é, não deve estar aplicado qualquer perfil ICC. Por
exemplo no Adobe® Photoshop significa selecionar “Sem Gerência de Cor” ou em inglês “No
Color Management”.
Quando imprimir trabalhos utilizando o perfil criado, a impressora deverá estar
configurada exatamente da mesma forma que estava aquando da criação do perfil, nomeadamente a
impressora deverá estar com as mesmas configurações com as quais imprimiu as cores de
referência. Relembrar que o perfil foi criado para um determinado tipo de material e deverá ser
utilizado apenas quando imprimir sobre esse material.
Com o passar do tempo poderão ocorrer alterações na impressora, nas tintas ou nos
materiais e portanto os perfis criados poderão deixar de ser fiáveis. É portanto aconselhável
caracterizar e calibrar novamente a sua impressora e materiais em intervalos mais ou menos
regulares ou sempre que detete desvios na impressão das cores.
Figura 10 - Exemplos de tabelas de cores de referência
Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
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12 | P á g i n a
CONCLUSÕES
Apesar de ter ficado bem patente que uma correta calibração das impressoras torna o fluxo
de trabalho não apenas muito mais eficiente e livre de erros, leva a que os desperdícios, de tempo e
material, sejam efetivamente menores e portanto uma impressora calibrada para imprimir em
materiais devidamente caracterizados equivale a menos custos de produção.
Calibrar uma impressora digital implica o investimento em equipamentos específicos que
sejam capazes de “ler” e codificar a cor, no caso o espetrofotómetro, e na instalação de software
compatível com esse equipamento de modo a poder interpretar e corrigir os desvios observados
entre as cores que foram enviadas para a impressora e as cores que a impressora de facto imprimiu.
Este investimento certamente terá retorno em empresas que decidam seguir o caminho de uma boa
gestão e reprodução da cor.
Apesar de todos os benefícios que uma impressora bem calibrada pode trazer o facto é que
em Portugal a grande maioria das empresas de impressão digital de grande formato limita-se a usar
perfis fornecidos com a máquina. Tratam-se de perfis genéricos que funcionam na generalidade dos
materiais e sob condições ambientais tidas como médias por quem as fornece, a verdade é que essas
condições podem ser completamente distintas das nossas e como vimos essas condições
influenciam diretamente o modo como as impressoras reproduzem a cor. Por outro lado esses
perfis genéricos não contemplam as propriedades específicas dos diversos materiais de impressão.
Atentos a estes factos e à importância de uma boa gestão da cor, muitos fabricantes de materiais de
impressão disponibilizam atualmente perfis de cor ICC para os materiais que fabricam. É uma
solução longe de ser ótima pois ainda se verificam muitos entraves à aplicação desses perfis, ou por
questões de incompatibilidades entre RIP e o formato como esses perfis são disponibilizados ou
por simplesmente não existirem para um dado material ou para um dado RIP.
Por outro lado os proprietários de empresas de impressão digital não reconhecem que uma
boa gestão da cor no fluxo de trabalho como sendo uma mais-valia ou sequer um bom
investimento e portanto não investem nem em equipamentos nem em formação dos operadores
das impressoras no sentido de entenderem a gestão da cor e consequentemente no sentido de
serem capazes de calibrar. Apenas quando as “coisas não estão a correr bem” é que se perguntam o
que se pode fazer e porque a impressora não imprime bem – “o que se vê no monitor”. Como uma
formação adequada em gestão da cor não é facultada aos operadores das impressoras,
frequentemente estes transformam-se em verdadeiros “artistas” do retoque e ajustes das artes finais,
de modo a compensar os desvios verificados em impressoras desajustadas. Com todos os
desperdícios de tempo e material que isso naturalmente implica. Assiste-se a uma confusão ou puro
desconhecimento sobre a utilização dos perfis ICC e dos espaços de cor, para mencionar apenas
esses aspetos da gestão da cor.
Claro que uma boa gestão da cor depende de mais fatores além da calibração de
impressoras e implica algum conhecimento por parte dos operadores, da Teoria da Cor, modelos e
espaços de cor, saber distinguir entre espaços RGB, CMYK ou L*a*b, e, por isso mesmo existem
profissionais certificados para “fabricar” perfis de impressão específicos às necessidades de cada
empresa.
Penso que um olhar mais atento e cuidado à calibração das impressoras, à criação de perfis
de impressão adequados a cada caso será um bom ponto de partida para se começar a olhar de
outra forma para uma gestão da cor eficiente.
Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição
Teoria da Cor
13 | P á g i n a
BIBLIOGRAFIA & REFERÊNCIAS ONLINE
Practical Colour Management - Rob Griffith; 2010 The Colour Collective Ltd.;
O Controle da Cor - Alex Villegas; 2009 Editora Photos;
Color Managment Understanding and Using ICC Profiles - Phil Green (Editor); London College of
Communication, Reino Unido;
The Spectral Modeling of Large-Format Ink-Jet Printers - Roy S. Berns, Animesh Bose, Di-Yuan
Tzeng; dezembro 1996;
A Guide to Graphic Print Production - Kaj Johansson,Peter Lundberg,Robert Ryberg; 2011;
Manual do Utilizador do Wasatch SoftRIP;
Manual do Utilizador do Equipamento EyeONE;
http://www.keelynet.com/keely/color1.txt;
http://blogfiftygreatestphotos.com/2009/04/10/printer-calibration-and-profiling/;
http://www.gmgcolor.com/fileadmin/gmgcolor/pHgfBz32/marketing/brochurs/GMG_brochur
e_Large_format_printing_EN.pdf;
http://blogfiftygreatestphotos.com/2009/04/10/printer-calibration-and-profiling/

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Calibração de impressoras digitais trabalho

  • 1.
  • 2. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 1 | P á g i n a Índice INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 2 PARA QUÊ CALIBRAR? .............................................................................................................. 3 O QUE É A CALIBRAÇÃO? ....................................................................................................... 4 CALIBRAÇÃO................................................................................................................................. 6 Antes de Calibrar .......................................................................................................................... 6 O que é necessário para calibrar? ............................................................................................... 6 Calibrar........................................................................................................................................... 7 Determinação dos limites de tinta - LINEARIZAÇÃO .................................................... 7 Para quê fazer a linearização?.................................................................................................. 9 Criando o perfil de cores......................................................................................................... 9 Cuidados a ter.......................................................................................................................... 11 CONCLUSÕES.............................................................................................................................. 12 BIBLIOGRAFIA & REFERÊNCIAS ONLINE..................................................................... 13
  • 3. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 2 | P á g i n a INTRODUÇÃO O presente trabalho insere-se na disciplina de Teoria da Cor e tem como objetivo explicar de forma sucinta a correta calibração das impressoras digitais de grande formato assim como evidenciar a sua importância. Logo a seguir à qualidade da impressão em si, muito provavelmente a fiel reprodução das cores será o aspeto mais importante para os clientes, esse é também um dos problemas mais frequentes e de difícil resolução por parte dos impressores. Este trabalho visa então clarificar e explicar como conseguir impressões consistentes ao longo do tempo do ponto de vista da reprodução das cores. Sendo uma apresentação sumária da calibração de uma impressora de grande formato, este trabalho pressupõe um conhecimento prévio da Teoria da Cor, nomeadamente de modelos e espaços de cor, o espaço aditivo RGB e o subtrativo CMYK, a compreensão e boa utilização de perfis ICC e para que servem. Além desse conhecimento, está também subjacente o conhecimento do ponto de vista do utilizador do funcionamento de softwares de RIP1. 1 RIP – Raster Image Processor
  • 4. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 3 | P á g i n a PARA QUÊ CALIBRAR? Imagine o seguinte cenário, você recebe a arte final de um trabalho para imprimir na sua impressora, o designer avisa que todo o trabalho foi feito em RGB e apenas convertido para CMYK quando gravou a arte final. O designer diz-lhe ainda qual o perfil ICC que usou para fazer essa conversão e ainda lhe fornece uma prova de cor. Visualizando o ficheiro no seu monitor a imagem até parece estar com as cores corretas (tonalidades, contrastes, luminosidade, etc.) então provavelmente irá sair bem na impressão. Primeira impressão a sair da máquina e logo se apercebe que afinal as cores estão todas mal, vermelhos demasiado escuros, azuis e verdes incorretos e pior ainda, nas zonas de maior concentração de tinta (cores mais escuras ou sombras) a impressora claramente usou muito mais tinta do que o necessário, tanto até que está a escorrer do suporte, em resumo, a impressão não está nada como previsto. Só para confirmar que o problema é da impressora e não da arte final socorre-se de um catálogo de cores, como por exemplo da Pantone® onde pode consultar as cores impressas e os respetivos valores em CMYK que representam essas cores. Desenha um quadrado no seu programa de edição preferido, atribui os valores de CMYK de uma cor Pantone® cuja representação em quadricromia2 é bastante aproximada à cor sólida apresentada no catálogo, isto é, tem uma base de comparação entre os valores enviados para a impressora e o que a impressora efetivamente imprime. Os seus receios confirmam-se, a impressora não está a imprimir as cores de forma adequada! O mais certo é a impressora não estar devidamente calibrada e caracterizada para o material em que está a imprimir, ou por outro lado, pode também estar a imprimir utilizando um perfil que não se adequa ou às propriedades específicas do material ou ao tipo de imagem que está a tentar imprimir, pode nem ser o perfil adequado para ambas essas situações. Portanto é muito importante ter a(s) sua(s) impressora(s) bem calibrada(s) e caracterizada(s) para os materiais em que imprime. Esta caracterização tendo em conta os materiais é também muito importante pois cada material (P. Ex. Vinil, Papel fotográfico, Papel matte, Tela, etc.) apresenta as suas próprias características, quer ao nível da absorção de tinta quer ao nível da sua “brancura” ou grau de branco que vão influenciar a forma como a cor é reproduzida e percecionada. 2 Processo de impressão que utiliza o sistema de cores básicas compostas pelo Cião, Magenta, Amarelo e Preto – CMYK – para reproduzir uma gama alargada de cores. Figura 1 – Impressora não calibradaFigura 2 – Impressora calibrada
  • 5. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 4 | P á g i n a O QUE É A CALIBRAÇÃO? O grande objetivo de uma boa calibração é conseguir-se uma boa reprodução das cores por parte da impressora de forma consistente, isto é, que a impressora imprima as mesmas cores sempre da mesma forma. Uma impressão consistente das cores significa também poupanças significativas. Uma impressora bem calibrada gastará menos tinta para reproduzir corretamente as cores, por outro lado terá menos desperdícios de tempo e material pois os erros de impressão serão bem menores e consequentemente as reimpressões serão menores. Ao mesmo tempo que se procura a consistência na reprodução de cor, também se procura a precisão na reprodução, ou seja, a capacidade de reproduzir (imprimir) cores de forma precisa. Esta precisão faz-se notar particularmente ao imprimir-se logotipos de marcas conhecidas. A capacidade e conhecimento de calibrar corretamente uma impressora vão de certo modo substituir a “arte” de fazer-se ajustes diretamente às imagens ou ficheiros a imprimir de modo a compensar os desvios na impressão. A manipulação das artes finais é de todo indesejável por diversos motivos, quanto mais não seja para evitar-se o tempo gasto em fazer provas de impressão e subsequentes ajustes nos ficheiros cada vez que se tem de imprimir. Ao receber um dado ficheiro para imprimir, normalmente esse ficheiro vem com um perfil de cor (ICC) associado, esse perfil define o espaço de cor dessa imagem, o espaço de cor de origem ou de entrada. Ao mandar essa imagem para a impressora, será utilizado um perfil de impressão ou de saída, que define o espaço de cor da impressora. A conversão de um espaço para outro deverá ser feita de forma conveniente e controlada, tendo também em conta as propriedades do material em que se está a imprimir. A calibração correta vai definir de que forma essa conversão será feita. No fim de uma calibração e caracterização do material irá ser criado um espaço de cor de saída, com informações de conversão de cores contidas num ficheiro de extensão *.ICC ou *.ICM, informações essas que serão geradas contemplando diversos fatores como iremos ver adiante. De uma forma simples podemos dizer que a calibração e caracterização de uma impressora irá fazer compensações entre as cores que foram enviadas para a impressora e a forma como a impressora efetivamente usa as suas tintas para reproduzir essas cores enviadas. As compensações têm como função garantir que as cores enviadas são corretamente impressas pela impressora naquele dado material. A calibração depende de vários fatores, entre os quais podemos enumerar os seguintes: 1. Cores de base utilizadas na impressora, isto é, se a impressora recorre ao sistema mais usual da conjugação de tintas base composta pelo CMYK. Atualmente existem impressoras que utilizam além das tintas CMYK tintas Light Cyan (Lc) e o Light Magenta (Lm) existem ainda outras combinações de tintas bases disponíveis no mercado, estas variações têm como função aumentar a gama de cores que a impressora será capaz de reproduzir.
  • 6. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 5 | P á g i n a 2. Luz ambiente onde a impressora funciona, a cor percecionada numa impressão é formada de forma refletiva, ou seja, as ondas de luz embatem na superfície da impressão e as tintas funcionam como filtros, absorvendo comprimentos de onda da luz incidente e refletindo comprimentos de onda da mesma luz incidente. Por exemplo a tinta cião funciona como filtro do vermelho da luz incidente, absorvendo os comprimentos de onda do vermelho e refletindo os comprimentos de onda do verde e azul. Portanto as cores percecionadas pela observação de uma dada impressão dependem diretamente da luz ambiente onde essa impressão é visionada. 3. As características do material ou suporte de impressão, como sabemos a imagem de impressão é formada pelo depósito de tinta sobre a superfície do suporte (P. Ex. Vinil ou Papel fotográfico), essa tinta será absorvida pelo suporte e portanto a capacidade de absorção do material terá influência nas cores refletidas pelo material. Esta característica é também importante se considerarmos que as cores serão formadas por diferentes combinações ou percentagens das tintas existentes na impressora (P. Ex. Um laranja poderá ser formada por 0%C+100%M+70%Y e 0%K) e como tal se a capacidade de absorção de um determinado material for muito baixa, a carga total de tinta terá também de ser muito baixa o que poderá afetar a gama de cores que podemos reproduzir naquele dado matéria. Por outro lado, a tonalidade da superfície do suporte é também um fator muito importante para a calibração de cores. A grande maioria das impressoras de grande formato não têm a capacidade de imprimir o branco, não têm tinta branca, o branco é dado pela cor do suporte (os materiais de impressão são na sua grande maioria brancos) mas a tonalidade desse branco varia de material para material e portanto o modo como a cor é percecionada também varia. A caracterização do material e calibração irá ajustar as compensações tendo em conta a tonalidade do material conseguindo assim, na medida do possível, uma reprodução de cor consistente independentemente do material em que se está a imprimir. Um vermelho composto por 0%C+100%M+100%Y e 0%K será igual se impresso em vinil ou lona. Temos portanto que a calibração vai depender de fatores inerentes à impressora, ao meio ambiente e ao material em que se está a imprimir. Assim uma dada calibração só será eficaz e só deverá ser usada na impressora calibrada, nas condições de luminosidade e para o material que foi feita. Como referido anteriormente, a calibração em termos práticos, irá gerar um ficheiro *.ICC ou *.ICM que mais não é do que uma tabela de conversão de cores. Essa tabela, que tem em conta os aspetos já referidos, contém a forma como as cores enviadas para a impressora são impressas e faz a devida conversão. Em termos práticos e no âmbito do software de RIP, designamos o ato de se utilizar uma dada calibração de impressão, a aplicação de um Perfil de Impressão. Figura 3 - Filtro Ciano
  • 7. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 6 | P á g i n a CALIBRAÇÃO Como foi referido anteriormente, cada calibração feita só deverá ser utilizada na impressora onde foi feita a referida calibração. Cada material de impressão deverá ser alvo de uma calibração e caracterização, ou seja, cada vinil que utilize regularmente, como vinil matte e brilho, deverá ter a sua própria calibração e essa calibração deverá ser utilizada apenas quando imprime nesse material. Por outras palavras, não deverá imprimir em tela utilizando uma calibração e caracterização feita para um vinil brilho. Os passos e procedimentos descritos a seguir podem variar dependendo do RIP utilizado, do equipamento e softwares de calibração utilizados. De um modo geral o conjunto de espetrofotómetro+software de calibração segue os mesmos passos. Ao nível do RIP os passos, funcionamento dos menus e nomenclatura podem variar, apesar disso será sempre necessário dar um nome único e facilmente identificável ao perfil que irá criar. Antes de Calibrar Antes de começar a calibração deve ajustar convenientemente a impressora. Deve seguir as recomendações no manual da impressora. Esses ajustes variam conforme a impressora. Podem incluir ajustes de avanço do material, altura das cabeças de impressão, espessura do material, o modo de impressão (unidirecional ou bidirecional) a resolução de impressão (P. Ex. 720x720 DPI’s, 720x540 DPI’s ou 360x360 DPI’s) e qualquer outro ajuste referido no manual. O que é necessário para calibrar? De forma a fazer-se uma calibração ou perfil de impressão deverá ter, além do software de RIP, equipamento e software específicos para a calibração, ou seja, um espetrofotómetro e um software de calibração. Existem no mercado várias soluções de calibração que têm pacotes com softwares e espectrofotómetros. Estas soluções permitem calibrar não só impressoras como também monitores e scanners. Espetrofotómetro: Instrumento utilizado para medir a intensidade dos comprimentos de onda de um espectro de luz em comparação com a intensidade de luz a partir de uma fonte padrão. Dispositivo para medir a luminosidade das várias porções do espetro3. 3 http://www.spectrophotometer.com/FAQ.htm Figura 4 – Exemplos de espetrofotómetro Figura 5 – Funcionamento do espetrofotómetro
  • 8. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 7 | P á g i n a Na impressora deverá estar o material para o qual deseja fazer o perfil de impressão. Alguns exemplos de soluções de calibração incluem o X-Rite4 ou o SpyderPRINT5 Calibrar Determinação dos limites de tinta - LINEARIZAÇÃO Neste passo irá determinar o limite de tinta que o material escolhido poderá suportar sem afetar a reprodução das cores, normalmente esta operação designa-se por LINEARIZAÇÃO. O processo de linearização vai caracterizar a combinação de tintas+material. Na maioria dos casos, à medida que se vai adicionando tinta num mesmo ponto do material a densidade de tinta torna-se tanta que o material já não consegue absorver mais tinta, atinge-se o limite tal que a intensidade e densidade da cor desejada será prejudicada. O processo de linearização vai permitir a impressão de cada cor, ou canal de cor, de uma forma suave e linear, sobre o material. Neste passo ainda não estamos a misturar os canais para criar as diversas cores mas sim a determinar, para cada canal de cor base da sua impressora, o limite de densidade de tinta que o material aguenta, desde o branco sem tinta do material até ao máximo de densidade admitida pelo material, em incrementos contínuos e sem aumentos abruptos de densidade. De modo a conseguir linearizar terá de ser capaz de controlar os canais de tinta da sua impressora individualmente, este controlo será feito no menu adequado do seu RIP. O primeiro objetivo de uma impressão linear será definir, por exemplo, que 40% de uma tinta depositada sobre o material corresponde ao dobro da densidade de 20% da mesma tinta. O segundo objetivo será determinar o ponto a partir do qual a densidade máxima é atingida. Este ponto é importante pois a partir deste ponto cargas de tinta adicional implica na realidade densidades menores. De referir que este processo terá de ser feito para cada canal de cor (P. Ex. Cião, magenta, amarelo e preto no caso da impressora apenas usar essas tintas de base). Durante o processo de linearização, são enviados comandos para a impressora para que os canais de tinta sejam impressos de forma sequencial, irão ser impressas faixas formadas por quadrados de densidades de tintas sucessivamente maiores. Esta série de faixas será lida pelo espetrofotómetro e as medições efetuadas serão enviadas para o software de calibração. O software de calibração irá então efetuar os ajustamentos necessários de modo a obter-se densidades lineares assim como determinar as densidades máximas apropriadas. 4 http://www.xrite.com/home.aspx 5 http://spyder.datacolor.com/portfolio-view/spyderprint/
  • 9. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 8 | P á g i n a Figura 6 - Exemplo de faixas de controlo das densidades
  • 10. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 9 | P á g i n a Para quê fazer a linearização? O principal benefício que se obtém através da linearização é conseguir que todos os canais de tinta imprimam de forma adequada ao material onde se está a imprimir. Uma vez atingida a linearização, o processo de misturar as cores base de forma a produzir os milhões de cores possíveis (através da combinação das cores base) será muito mais fácil, eficiente e precisa. Criando o perfil de cores Após o processo de linearização, a impressora está pronta a que seja criado um perfil de cores adequado. A criação de um perfil de cores é feita antes de mais imprimindo um catálogo de cores “alvo” ou de referência cujos valores, que as traduzem no espaço de cores, são conhecidos. No processo de calibração de impressoras o espaço de cor de referência utilizado é o espaço L*a*b. O espaço L*a*b é um espaço de cor independente do aparelho ou método de reprodução das cores, isto é, não depende do aparelho utilizado para reproduzir as cores (P. Ex. Impressora) e é o espaço de cores que mais se aproxima ao modo como os nossos olhos percecionam as cores. As cores “alvo” têm valores conhecidos, pois no processo de calibração, é criado um ficheiro de texto que contém os valores objetivos dessas cores no espaço L*a*b. Esses valores descrevem de forma única e objetiva cada cor “alvo” que servirá de comparação com as cores impressas. Estes valores das cores “alvo” serão enviados para a impressora sem qualquer tipo de manipulação ou alteração. O conjunto de cores “alvo”, ou em inglês target color patches, são então enviadas para a impressora com os valores L*a*b exatos que constam no ficheiro de texto e são impressas. As cores impressas pela impressora serão posteriormente lidas pelo espetrofotómetro e analisadas automaticamente pelo software de calibração. O objetivo é comparar os valores L*a*b das cores de referência com os valores L*a*b efetivamente impressas pela impressora. Logicamente que nesta fase os valores obtidos não serão exatamente iguais, isso será quase impossível. O software de calibração irá calcular o desvio entre o que foi enviado para a máquina e o que foi impresso. O perfil resultante descreve como a impressora se comporta na impressão de cores de referência cujos valores são absolutamente conhecidos. No futuro fluxo de trabalho, este perfil e a informação nele contido, será então usado para traduzir ou converter os valores das cores das imagens a imprimir para os valores que a impressora utiliza para criar as cores, naquele material, de forma precisa. Imagine que os valores de uma dada cor de referência, definem essa cor como sendo “vermelho-alaranjado”, é muito provável que na calibração a sua impressora imprima esses mesmos valores, ou seja, aquela mesma cor de referência como um “vermelho-magenta”, então este comportamento, este desvio é anotado e ajustado no perfil. Cada vez que este perfil é usado são feitas as correções aos desvios anotados na reprodução das cores de referência, essas correções são feitas convertendo os valores das cores de referência para outros valores que garantirão que a impressora imprima as cores desejadas. Os cálculos envolvidos na conversão dos valores das cores são efetuados recorrendo a algoritmos complexos que podem variar com o software de calibração utilizado. Como uma impressora é capaz de reproduzir milhões de cores, sendo que esse número depende do conjunto de tintas base utilizado, e no processo de calibração se imprimem apenas algumas cores de referência, são utilizados ainda algoritmos que “extrapolam” a forma como a impressora irá imprimir todas as outras cores. O nosso papel na calibração resume-se a mandar para a impressora um conjunto de cores de referência e medir os resultados da impressão com o espetrofotómetro. O software irá fazer o
  • 11. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 10 | P á g i n a resto e cria o perfil de impressão que será utilizado com a mesma combinação impressora+material+tintas+ambiente em que o perfil foi criado. Figura 8 - Figura 9 - Exemplo de ficheiro texto (*.txt) de valores de cores de referência Figura 7 - Espaço de cores L*a*b
  • 12. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 11 | P á g i n a Cuidados a ter Quando imprimir a tabela de cores de referência (cores alvo) é muito importante, não existir qualquer tipo de conversão de cores, isto é, não deve estar aplicado qualquer perfil ICC. Por exemplo no Adobe® Photoshop significa selecionar “Sem Gerência de Cor” ou em inglês “No Color Management”. Quando imprimir trabalhos utilizando o perfil criado, a impressora deverá estar configurada exatamente da mesma forma que estava aquando da criação do perfil, nomeadamente a impressora deverá estar com as mesmas configurações com as quais imprimiu as cores de referência. Relembrar que o perfil foi criado para um determinado tipo de material e deverá ser utilizado apenas quando imprimir sobre esse material. Com o passar do tempo poderão ocorrer alterações na impressora, nas tintas ou nos materiais e portanto os perfis criados poderão deixar de ser fiáveis. É portanto aconselhável caracterizar e calibrar novamente a sua impressora e materiais em intervalos mais ou menos regulares ou sempre que detete desvios na impressão das cores. Figura 10 - Exemplos de tabelas de cores de referência
  • 13. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 12 | P á g i n a CONCLUSÕES Apesar de ter ficado bem patente que uma correta calibração das impressoras torna o fluxo de trabalho não apenas muito mais eficiente e livre de erros, leva a que os desperdícios, de tempo e material, sejam efetivamente menores e portanto uma impressora calibrada para imprimir em materiais devidamente caracterizados equivale a menos custos de produção. Calibrar uma impressora digital implica o investimento em equipamentos específicos que sejam capazes de “ler” e codificar a cor, no caso o espetrofotómetro, e na instalação de software compatível com esse equipamento de modo a poder interpretar e corrigir os desvios observados entre as cores que foram enviadas para a impressora e as cores que a impressora de facto imprimiu. Este investimento certamente terá retorno em empresas que decidam seguir o caminho de uma boa gestão e reprodução da cor. Apesar de todos os benefícios que uma impressora bem calibrada pode trazer o facto é que em Portugal a grande maioria das empresas de impressão digital de grande formato limita-se a usar perfis fornecidos com a máquina. Tratam-se de perfis genéricos que funcionam na generalidade dos materiais e sob condições ambientais tidas como médias por quem as fornece, a verdade é que essas condições podem ser completamente distintas das nossas e como vimos essas condições influenciam diretamente o modo como as impressoras reproduzem a cor. Por outro lado esses perfis genéricos não contemplam as propriedades específicas dos diversos materiais de impressão. Atentos a estes factos e à importância de uma boa gestão da cor, muitos fabricantes de materiais de impressão disponibilizam atualmente perfis de cor ICC para os materiais que fabricam. É uma solução longe de ser ótima pois ainda se verificam muitos entraves à aplicação desses perfis, ou por questões de incompatibilidades entre RIP e o formato como esses perfis são disponibilizados ou por simplesmente não existirem para um dado material ou para um dado RIP. Por outro lado os proprietários de empresas de impressão digital não reconhecem que uma boa gestão da cor no fluxo de trabalho como sendo uma mais-valia ou sequer um bom investimento e portanto não investem nem em equipamentos nem em formação dos operadores das impressoras no sentido de entenderem a gestão da cor e consequentemente no sentido de serem capazes de calibrar. Apenas quando as “coisas não estão a correr bem” é que se perguntam o que se pode fazer e porque a impressora não imprime bem – “o que se vê no monitor”. Como uma formação adequada em gestão da cor não é facultada aos operadores das impressoras, frequentemente estes transformam-se em verdadeiros “artistas” do retoque e ajustes das artes finais, de modo a compensar os desvios verificados em impressoras desajustadas. Com todos os desperdícios de tempo e material que isso naturalmente implica. Assiste-se a uma confusão ou puro desconhecimento sobre a utilização dos perfis ICC e dos espaços de cor, para mencionar apenas esses aspetos da gestão da cor. Claro que uma boa gestão da cor depende de mais fatores além da calibração de impressoras e implica algum conhecimento por parte dos operadores, da Teoria da Cor, modelos e espaços de cor, saber distinguir entre espaços RGB, CMYK ou L*a*b, e, por isso mesmo existem profissionais certificados para “fabricar” perfis de impressão específicos às necessidades de cada empresa. Penso que um olhar mais atento e cuidado à calibração das impressoras, à criação de perfis de impressão adequados a cada caso será um bom ponto de partida para se começar a olhar de outra forma para uma gestão da cor eficiente.
  • 14. Mestrado em Tecnologias Gráficas – IV Edição Teoria da Cor 13 | P á g i n a BIBLIOGRAFIA & REFERÊNCIAS ONLINE Practical Colour Management - Rob Griffith; 2010 The Colour Collective Ltd.; O Controle da Cor - Alex Villegas; 2009 Editora Photos; Color Managment Understanding and Using ICC Profiles - Phil Green (Editor); London College of Communication, Reino Unido; The Spectral Modeling of Large-Format Ink-Jet Printers - Roy S. Berns, Animesh Bose, Di-Yuan Tzeng; dezembro 1996; A Guide to Graphic Print Production - Kaj Johansson,Peter Lundberg,Robert Ryberg; 2011; Manual do Utilizador do Wasatch SoftRIP; Manual do Utilizador do Equipamento EyeONE; http://www.keelynet.com/keely/color1.txt; http://blogfiftygreatestphotos.com/2009/04/10/printer-calibration-and-profiling/; http://www.gmgcolor.com/fileadmin/gmgcolor/pHgfBz32/marketing/brochurs/GMG_brochur e_Large_format_printing_EN.pdf; http://blogfiftygreatestphotos.com/2009/04/10/printer-calibration-and-profiling/