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MICHELE DE SOUZA SENRA 
A INFLUÊNCIA DO SOM E DO PROCESSAMENTO SENSORIAL NA 
MUSICALIZAÇÃO DE CRIANÇAS AUTISTAS 
ÁREA: EDUCAÇÃO MUSICAL 
LINHA: EDUCAÇÃO, CULTURA E PENSAMENTO 
RIO DE JANEIRO 
2014
A INFLUÊNCIA DO SOM E DO PROCESSAMENTO SENSORIAL NA 
MUSICALIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM AUTISMO 
INTRODUÇÃO 
A música está presente em todas as culturas, e como o som tem propriedades físicas 
sobre nosso corpo e sobre nosso cérebro, somos estimulados por ela, mesmo que 
involuntariamente. Gordon (2008) afirma que todas as crianças nascem com alguma 
aptidão musical. Porém a qualidade vai depender do meio em que ela está inserida. 
Estudos da neurociência mostram seus benefícios na cognição, auto regulação 
emocional e motor. Poucas atividades estimulam mais o cérebro como a música. 
Independente de qualquer patologia, se a criança é típica ou atípica, a 
musicalização é essencial para o desenvolvimento humano. Domingos (2009, apud: 
Nascimento, 2009) diz que “ouvir e produzir música implica em uma tentadora mistura 
de quase todas as funções humanas cognitivas”. Muitas crianças com autismo possuem 
aptidões musicais, mas a dificuldade no processamento sensorial pode atrapalhar suas 
percepções, e dificultar o vínculo afetivo com o professor de música. Entender essa 
forma de percepção ajuda nesta conexão com o aluno. É uma experiência enriquecedora 
e nos “humaniza” muito mais. 
Fonterrada (2008) fala sobre grandes educadores, como Edgard Willems, por 
exemplo, recomendava na prática educacional a iniciação pelo aspecto sensorial, porém 
não exclusivamente por este viés. Mas, a capacidade sensorial desperta outras áreas 
humanas. 
Para Berger (2000), quando a pessoa apresenta uma desordem no processamento 
multidimensional altera os aspectos de coordenação auditivos e motores. Ela explica 
que mesmo o ritmo estimula os músculos a reagirem com movimento, a dificuldade no 
processamento do som e planejamento motor irá interferir. Pois, o processamento em 
conjunto com os sistemas vestibular e proprioceptivo, tátil, auditivo e visual, não estão 
organizados e integrados em um mesmo nível. Para tocar um instrumento musical 
existem um envolvimento de entrada multissensorial, que inclui o feedback do 
planejamento motor, proprioceptivo e tátil. A ação de bater em um tambor, por 
exemplo, envolvem movimentos bilaterais do braço, o cotovelo fica flexionado, as mãos 
se ocupam com as baquetas, movimentando-se ritmicamente para cima e para baixo,
acompanhando o pulso. Crianças com esses déficits não tem controle motor e percepção 
de pulsação e andamento. O trabalho motor é fundamental, pois o córtex auditivo é 
muito próximo ao córtex motor, e isso influencia o movimento por meio da estimulação 
do ritmo. A autora sugere exercícios baseados em movimento e música, semelhantes as 
abordagens desenvolvidas por Jaques Dalcroze e Carl Orff, na regulação e estimulação 
dos sistemas sensoriais dos autistas, isso ajuda o corpo a se regular ritmicamente de 
forma organizada. Todo esse processo aumenta a adaptação funcional dos sistemas 
visual, motor, auditivo, proprioceptivo e vestibular. A utilização da música neste 
processo tende alinhar os outros sistemas em conformidade, visto que, o córtex motor 
está localizado próximo ao córtex auditivo, logo a estimulação musical influencia as 
respostas físicas. No entanto, a autora alerta que a música por si só não será suficiente 
para alterar os sistemas motores, pois no caso de crianças que apresentam alteração na 
percepção auditiva, deve ser regulada nesta necessidade primeiramente para resolver a 
integração sensorial adicional, incluindo os aspectos psicológicos e cognitivos. 
PROBLEMATIZAÇÃO 
Há poucas literaturas disponíveis que sejam direcionadas ao ensino de música 
para crianças com necessidades especiais, incluindo autismo. Embora, existam as leis de 
inclusão e cada vez mais as escolas estão recebendo alunos autistas, poucos 
profissionais estão preparados para atender esta demanda. Suponho que, normalmente 
eles são redirecionados para a musicoterapia, mas devo lembrar que no contexto de 
inclusão, todo indivíduo tem o direito por lei à inclusão social. A inclusão não se trata 
somente de ensinar de forma eficaz, mas sim de atitude do querer fazer. 
Segundo McDowell (2010) desde o inicio da história da educação musical nos 
Estados Unidos que a música é parte fundamento no currículo escolar, incluindo 
pessoas com deficiência. Entre as atividades desenvolvidas para alunos com surdes ou 
cegueira, incluía o canto, bater palmas, tocar instrumentos de percussão, e outros 
instrumentos mais simples como os sinos. Para os alunos com deficiência intelectual, 
eram realizados canto e ritmo. Essas atividades musicais tinham o objetivo de integrá-los 
na comunidade. Na atualidade, com as novas diretrizes educacionais, cada vez mais, 
professores de música encontrarão alunos especiais incluídos em classe regular e nas 
turmas especiais. Apesar disso, a autora detalha em sua pesquisa que poucos
profissionais em seu país estão capacitados para atender esta clientela. No Brasil não é 
muito diferente desta realidade. 
A demanda de pessoas com deficiências incluídas nas escolas é crescente, e por 
isso professores de música precisam adquirir técnicas de ensino especiais, ou pelo 
menos entender sua forma de aprendizagem, para atingirem seus objetivos de 
musicalização. A música é um processo multissensorial que envolve o ouvir, o 
movimento, sentimento, , e para isso, no currículo deve incluir o desenvolvimento das 
percepções psicomotoras e sensoriais. Vários educadores musicais como Zóltan Kodally 
(1967), Émile Jaques-Dalcroze (1950), Carl Orff (1982), entre outros, já falavam do 
ensino da música através da ludicidade e movimento. A ideia não é o abandono das 
técnicas musicais, mas sim adaptações das mesmas para a realidade do aluno. Esta 
prática é importante para a internalização dos elementos musicais, porém algumas 
crianças com transtorno ou desordem do processamento sensorial, poderão apresentar 
dificuldades no desenvolvimento musical. Compreender estas dificuldades poderá 
contribuir para o ensino e desenvolvimento cognitivo, afetivo, coordenação motora, 
auditivo, linguagem e visual, que será de extrema importância para todo o currículo 
escolar em que ela estiver inserida. E por que o professor de música deve entender a 
maneira como essa criança experimenta e modula suas sensações? A maioria das 
experiências musicais envolve a percepção sensorial (ou seja, ouvir, ver, sentir), 
combinada com o motor (ou seja, cantar, tocar, mover). Entender como respondem a 
estes estímulos certamente ajudará no planejamento do currículo do aluno para que ele 
estabeleça um vínculo com o professor, e esteja regulado para a atenção devida ao 
aprendizado das competências musicais. 
O educador musical que trabalha com alunos com necessidades especiais precisa 
entender e estar preparado para alguns desafios que transcorrem das variações dentro do 
espectro autista para facilitar a didática que irá aplicar com eles. Entender que algumas 
dessas crianças têm uma maneira peculiar de processar o som e a linguagem, e 
dificuldades no processamento motor.
OBJETIVO 
O Objetivo deste trabalho é abordar o funcionamento sensorial ligado às competências 
musicais e como podemos musicalizar crianças com autismo. Contribuir com 
informações que auxiliem o professor de música na adaptação curricular e 
planejamento de aula, com base nas necessidades individuais de seus alunos. Investigar 
como a musica poderia nos dar as respostas para modular o sistema sensorial 
eliminando as respostas de medo e rejeição a determinados sons e músicas. 
JUSTIFICATIVA 
A integração sensorial é a forma como nosso cérebro processa, codifica e organiza 
as informações de entrada sensorial. Pessoas com desordem no processamento sensorial 
(SPD), interpretam essas informações de forma errada, o que pode alterar suas 
percepções sobre som, movimento e tato, por exemplo. Crianças que apresentam 
sintomas sensório-motor apresentam hipotonia, dificuldade de planejamento motor. 
Crianças com autismo apresentam algum tipo de desordem no processamento sensorial. 
Por exemplo, se uma criança tem defensiva auditiva, determinados sons tornam-se 
insuportáveis, provocando sensações de dor e comportamento agitado. 
Apesar de estudos comprovarem a influência da música para acalmar, entre outros 
benefícios, quando se trata de pessoas com distúrbios sensoriais segundo Berger (2002) 
devemos considerar que existem alguns equívocos relacionados a elas, tais como: 
- Nem sempre a música será divertida 
- o conteúdo de uma melodia nem sempre será percebido da mesma forma para duas 
pessoas. 
- Nem todos os instrumentos poderão ser agradáveis e toleráveis ao aluno. 
- A voz do professor, ou o tom nem sempre agradará o ouvinte (aluno). 
- Nem sempre as letras serão compreendidas por associações, interpretação dos 
significados.
- Nem sempre cantar junto se torna uma experiência que acrescente prazer, interação 
e uma experiência cognitiva. Algumas dessas crianças quando cantam não gostam de 
serem acompanhadas. 
- A harmonia e a melodia podem não ser percebidas como um todo. 
A relação musical é baseada no som e a capacidade funcional para receber e 
perceber os sons. Cada sujeito irá interpretá-la de forma única, ou peculiar. 
O autismo é uma síndrome que afeta cerca de dois milhões de brasileiros, segundo a 
ONU, e cerca de setenta milhões no mundo. Crianças afetadas por este transtorno 
possuem dificuldades em suas relações sociais, comunicativas e possuem padrões 
comportamentais repetitivos. Seu desenvolvimento é comprometido, e dependendo do 
grau, sua inclusão social pode ser de completa exclusão. Se conectar a uma criança com 
sério comprometimento na interação social e atenção compartilhada, por exemplo, pode 
ser um grande desafio para alguns profissionais e pais. Essa sobrecarga sensorial afeta o 
comportamento do indivíduo, deixando-os agressivos e agitados. 
METODOLOGIA 
A metodologia prevista para esta pesquisa consiste em leitura de fontes bibliográficas 
sobre autismo, processamento sensorial e processos de musicalização. Levantamento de 
dados objetivos e subjetivos através de entrevistas com pais, educadores musicais, 
musicoterapeutas e outros profissionais que possam colaborar com a pesquisa. coleta de 
dados estatísticos comparando musicalização de crianças autistas com adaptações 
sensoriais com outros que não tenham essas adaptações.
CRONOGRAMA 
PRIMEIRO SEMESTRE 
Preparo do projeto. Leitura da bibliografia; coleta dos primeiros dados; escolha das 
crianças que serão observadas na pesquisa e início do acompanhamento dos mesmos; 
SEGUNDO SEMESTRE 
Crítica e quantificação dos dados; Entrevistas com professores de educação musical, 
pais das crianças, musicoterapeutas e outros profissionais que possam contribuir com a 
pesquisa. Acompanhamento das aulas de musicalização. 
TERCEIRO SEMESTRE 
Nova coleta de dados ao final do semestre; confronto dos resultados; crítica e 
quantificação dos dados; continuidade no acompanhamento da musicalização das 
crianças autistas. 
QUARTO SEMESTRE 
Redefinição do projeto; redação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BERGER, Dorita S. Music Therapy, sensory integration and autistic child. London and 
Philadelphia: Jéssica Kingsley Publishers, 2002. 
FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música 
e educação. 2 ed. São Paulo: Editora Unesp: Rio de Janeiro: FUNARTE, 2008. 
GORDON, Edwin E. Teoria de aprendizagem musical para recém-nascidos e crianças 
em idade pré-escolar. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2008, 3ª ed. 
GREENSPAN, Stanley; BENDERLEY, Beryl Lieff. A evolução da mente. Tradução do 
inglês: Mônica magnani Monte. Rio de Janeiro: Record, 1999. 
GREENSPAN, Stanley; WIEDER, Serena. Infant and Early Childhood Mental Health: 
A Comprehensive Developmental Approach to Assessment and Intervention. Arlington, 
Va: American Psychiatric Publishing, Inc., 2006. 
HOURIGAN, Ryan. Preparing Music Teachers to Teach Students with Special Needs. 
Update: Applications of Research in Music Education 2007; 26; 5. Disponível em: < 
http://upd.sagepub.com/cgi/content/refs/26/1/5>. Acesso em 14 de set.2014. 
MCDOWELL, Carol. (2010). An Adaptation Tool Kit for Teaching Music. TEACHING 
Exceptional Children Plus, 6(3) Article 3. Disponível em: 
<http://escholarship.bc.edu/education/tecplus/vol6/iss3/art3>. Acesso em 24 de 
set.2014. 
NASCIMENTO, Marilena do. Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico. 
São Paulo: Memnon, 2009. 
SACKS, Oliver. Alucinações musicais: relatos sobre a música e o cérebro. Tradução do 
inglês: Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 
SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Tadeu. 
Mundo Singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012. 
ROSENKÖTER, Henning. Terapia de sonido. Apresentado no V Congreso 
Internacional Autismo Europa. Barcelona, 1996. Disponível em: 
<http://www.autismo.com.es/autismo/documentacion/documentos_tecnicos/terapias/doc 
uments/Terapia%20de%20sonido%20programa%20de%20entrenamiento%20auditivo.p 
df> . Acesso em 14 de set.2014. 
York, J. L., & Reynolds, M. C. . Special education and inclusion. In J. Sikula 
(Ed.),Handbook of research on teacher education . New York: Simon & Schuster 
Macmillan, 1996.

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Projeto michele senra

  • 1. MICHELE DE SOUZA SENRA A INFLUÊNCIA DO SOM E DO PROCESSAMENTO SENSORIAL NA MUSICALIZAÇÃO DE CRIANÇAS AUTISTAS ÁREA: EDUCAÇÃO MUSICAL LINHA: EDUCAÇÃO, CULTURA E PENSAMENTO RIO DE JANEIRO 2014
  • 2. A INFLUÊNCIA DO SOM E DO PROCESSAMENTO SENSORIAL NA MUSICALIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM AUTISMO INTRODUÇÃO A música está presente em todas as culturas, e como o som tem propriedades físicas sobre nosso corpo e sobre nosso cérebro, somos estimulados por ela, mesmo que involuntariamente. Gordon (2008) afirma que todas as crianças nascem com alguma aptidão musical. Porém a qualidade vai depender do meio em que ela está inserida. Estudos da neurociência mostram seus benefícios na cognição, auto regulação emocional e motor. Poucas atividades estimulam mais o cérebro como a música. Independente de qualquer patologia, se a criança é típica ou atípica, a musicalização é essencial para o desenvolvimento humano. Domingos (2009, apud: Nascimento, 2009) diz que “ouvir e produzir música implica em uma tentadora mistura de quase todas as funções humanas cognitivas”. Muitas crianças com autismo possuem aptidões musicais, mas a dificuldade no processamento sensorial pode atrapalhar suas percepções, e dificultar o vínculo afetivo com o professor de música. Entender essa forma de percepção ajuda nesta conexão com o aluno. É uma experiência enriquecedora e nos “humaniza” muito mais. Fonterrada (2008) fala sobre grandes educadores, como Edgard Willems, por exemplo, recomendava na prática educacional a iniciação pelo aspecto sensorial, porém não exclusivamente por este viés. Mas, a capacidade sensorial desperta outras áreas humanas. Para Berger (2000), quando a pessoa apresenta uma desordem no processamento multidimensional altera os aspectos de coordenação auditivos e motores. Ela explica que mesmo o ritmo estimula os músculos a reagirem com movimento, a dificuldade no processamento do som e planejamento motor irá interferir. Pois, o processamento em conjunto com os sistemas vestibular e proprioceptivo, tátil, auditivo e visual, não estão organizados e integrados em um mesmo nível. Para tocar um instrumento musical existem um envolvimento de entrada multissensorial, que inclui o feedback do planejamento motor, proprioceptivo e tátil. A ação de bater em um tambor, por exemplo, envolvem movimentos bilaterais do braço, o cotovelo fica flexionado, as mãos se ocupam com as baquetas, movimentando-se ritmicamente para cima e para baixo,
  • 3. acompanhando o pulso. Crianças com esses déficits não tem controle motor e percepção de pulsação e andamento. O trabalho motor é fundamental, pois o córtex auditivo é muito próximo ao córtex motor, e isso influencia o movimento por meio da estimulação do ritmo. A autora sugere exercícios baseados em movimento e música, semelhantes as abordagens desenvolvidas por Jaques Dalcroze e Carl Orff, na regulação e estimulação dos sistemas sensoriais dos autistas, isso ajuda o corpo a se regular ritmicamente de forma organizada. Todo esse processo aumenta a adaptação funcional dos sistemas visual, motor, auditivo, proprioceptivo e vestibular. A utilização da música neste processo tende alinhar os outros sistemas em conformidade, visto que, o córtex motor está localizado próximo ao córtex auditivo, logo a estimulação musical influencia as respostas físicas. No entanto, a autora alerta que a música por si só não será suficiente para alterar os sistemas motores, pois no caso de crianças que apresentam alteração na percepção auditiva, deve ser regulada nesta necessidade primeiramente para resolver a integração sensorial adicional, incluindo os aspectos psicológicos e cognitivos. PROBLEMATIZAÇÃO Há poucas literaturas disponíveis que sejam direcionadas ao ensino de música para crianças com necessidades especiais, incluindo autismo. Embora, existam as leis de inclusão e cada vez mais as escolas estão recebendo alunos autistas, poucos profissionais estão preparados para atender esta demanda. Suponho que, normalmente eles são redirecionados para a musicoterapia, mas devo lembrar que no contexto de inclusão, todo indivíduo tem o direito por lei à inclusão social. A inclusão não se trata somente de ensinar de forma eficaz, mas sim de atitude do querer fazer. Segundo McDowell (2010) desde o inicio da história da educação musical nos Estados Unidos que a música é parte fundamento no currículo escolar, incluindo pessoas com deficiência. Entre as atividades desenvolvidas para alunos com surdes ou cegueira, incluía o canto, bater palmas, tocar instrumentos de percussão, e outros instrumentos mais simples como os sinos. Para os alunos com deficiência intelectual, eram realizados canto e ritmo. Essas atividades musicais tinham o objetivo de integrá-los na comunidade. Na atualidade, com as novas diretrizes educacionais, cada vez mais, professores de música encontrarão alunos especiais incluídos em classe regular e nas turmas especiais. Apesar disso, a autora detalha em sua pesquisa que poucos
  • 4. profissionais em seu país estão capacitados para atender esta clientela. No Brasil não é muito diferente desta realidade. A demanda de pessoas com deficiências incluídas nas escolas é crescente, e por isso professores de música precisam adquirir técnicas de ensino especiais, ou pelo menos entender sua forma de aprendizagem, para atingirem seus objetivos de musicalização. A música é um processo multissensorial que envolve o ouvir, o movimento, sentimento, , e para isso, no currículo deve incluir o desenvolvimento das percepções psicomotoras e sensoriais. Vários educadores musicais como Zóltan Kodally (1967), Émile Jaques-Dalcroze (1950), Carl Orff (1982), entre outros, já falavam do ensino da música através da ludicidade e movimento. A ideia não é o abandono das técnicas musicais, mas sim adaptações das mesmas para a realidade do aluno. Esta prática é importante para a internalização dos elementos musicais, porém algumas crianças com transtorno ou desordem do processamento sensorial, poderão apresentar dificuldades no desenvolvimento musical. Compreender estas dificuldades poderá contribuir para o ensino e desenvolvimento cognitivo, afetivo, coordenação motora, auditivo, linguagem e visual, que será de extrema importância para todo o currículo escolar em que ela estiver inserida. E por que o professor de música deve entender a maneira como essa criança experimenta e modula suas sensações? A maioria das experiências musicais envolve a percepção sensorial (ou seja, ouvir, ver, sentir), combinada com o motor (ou seja, cantar, tocar, mover). Entender como respondem a estes estímulos certamente ajudará no planejamento do currículo do aluno para que ele estabeleça um vínculo com o professor, e esteja regulado para a atenção devida ao aprendizado das competências musicais. O educador musical que trabalha com alunos com necessidades especiais precisa entender e estar preparado para alguns desafios que transcorrem das variações dentro do espectro autista para facilitar a didática que irá aplicar com eles. Entender que algumas dessas crianças têm uma maneira peculiar de processar o som e a linguagem, e dificuldades no processamento motor.
  • 5. OBJETIVO O Objetivo deste trabalho é abordar o funcionamento sensorial ligado às competências musicais e como podemos musicalizar crianças com autismo. Contribuir com informações que auxiliem o professor de música na adaptação curricular e planejamento de aula, com base nas necessidades individuais de seus alunos. Investigar como a musica poderia nos dar as respostas para modular o sistema sensorial eliminando as respostas de medo e rejeição a determinados sons e músicas. JUSTIFICATIVA A integração sensorial é a forma como nosso cérebro processa, codifica e organiza as informações de entrada sensorial. Pessoas com desordem no processamento sensorial (SPD), interpretam essas informações de forma errada, o que pode alterar suas percepções sobre som, movimento e tato, por exemplo. Crianças que apresentam sintomas sensório-motor apresentam hipotonia, dificuldade de planejamento motor. Crianças com autismo apresentam algum tipo de desordem no processamento sensorial. Por exemplo, se uma criança tem defensiva auditiva, determinados sons tornam-se insuportáveis, provocando sensações de dor e comportamento agitado. Apesar de estudos comprovarem a influência da música para acalmar, entre outros benefícios, quando se trata de pessoas com distúrbios sensoriais segundo Berger (2002) devemos considerar que existem alguns equívocos relacionados a elas, tais como: - Nem sempre a música será divertida - o conteúdo de uma melodia nem sempre será percebido da mesma forma para duas pessoas. - Nem todos os instrumentos poderão ser agradáveis e toleráveis ao aluno. - A voz do professor, ou o tom nem sempre agradará o ouvinte (aluno). - Nem sempre as letras serão compreendidas por associações, interpretação dos significados.
  • 6. - Nem sempre cantar junto se torna uma experiência que acrescente prazer, interação e uma experiência cognitiva. Algumas dessas crianças quando cantam não gostam de serem acompanhadas. - A harmonia e a melodia podem não ser percebidas como um todo. A relação musical é baseada no som e a capacidade funcional para receber e perceber os sons. Cada sujeito irá interpretá-la de forma única, ou peculiar. O autismo é uma síndrome que afeta cerca de dois milhões de brasileiros, segundo a ONU, e cerca de setenta milhões no mundo. Crianças afetadas por este transtorno possuem dificuldades em suas relações sociais, comunicativas e possuem padrões comportamentais repetitivos. Seu desenvolvimento é comprometido, e dependendo do grau, sua inclusão social pode ser de completa exclusão. Se conectar a uma criança com sério comprometimento na interação social e atenção compartilhada, por exemplo, pode ser um grande desafio para alguns profissionais e pais. Essa sobrecarga sensorial afeta o comportamento do indivíduo, deixando-os agressivos e agitados. METODOLOGIA A metodologia prevista para esta pesquisa consiste em leitura de fontes bibliográficas sobre autismo, processamento sensorial e processos de musicalização. Levantamento de dados objetivos e subjetivos através de entrevistas com pais, educadores musicais, musicoterapeutas e outros profissionais que possam colaborar com a pesquisa. coleta de dados estatísticos comparando musicalização de crianças autistas com adaptações sensoriais com outros que não tenham essas adaptações.
  • 7. CRONOGRAMA PRIMEIRO SEMESTRE Preparo do projeto. Leitura da bibliografia; coleta dos primeiros dados; escolha das crianças que serão observadas na pesquisa e início do acompanhamento dos mesmos; SEGUNDO SEMESTRE Crítica e quantificação dos dados; Entrevistas com professores de educação musical, pais das crianças, musicoterapeutas e outros profissionais que possam contribuir com a pesquisa. Acompanhamento das aulas de musicalização. TERCEIRO SEMESTRE Nova coleta de dados ao final do semestre; confronto dos resultados; crítica e quantificação dos dados; continuidade no acompanhamento da musicalização das crianças autistas. QUARTO SEMESTRE Redefinição do projeto; redação.
  • 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERGER, Dorita S. Music Therapy, sensory integration and autistic child. London and Philadelphia: Jéssica Kingsley Publishers, 2002. FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. 2 ed. São Paulo: Editora Unesp: Rio de Janeiro: FUNARTE, 2008. GORDON, Edwin E. Teoria de aprendizagem musical para recém-nascidos e crianças em idade pré-escolar. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2008, 3ª ed. GREENSPAN, Stanley; BENDERLEY, Beryl Lieff. A evolução da mente. Tradução do inglês: Mônica magnani Monte. Rio de Janeiro: Record, 1999. GREENSPAN, Stanley; WIEDER, Serena. Infant and Early Childhood Mental Health: A Comprehensive Developmental Approach to Assessment and Intervention. Arlington, Va: American Psychiatric Publishing, Inc., 2006. HOURIGAN, Ryan. Preparing Music Teachers to Teach Students with Special Needs. Update: Applications of Research in Music Education 2007; 26; 5. Disponível em: < http://upd.sagepub.com/cgi/content/refs/26/1/5>. Acesso em 14 de set.2014. MCDOWELL, Carol. (2010). An Adaptation Tool Kit for Teaching Music. TEACHING Exceptional Children Plus, 6(3) Article 3. Disponível em: <http://escholarship.bc.edu/education/tecplus/vol6/iss3/art3>. Acesso em 24 de set.2014. NASCIMENTO, Marilena do. Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico. São Paulo: Memnon, 2009. SACKS, Oliver. Alucinações musicais: relatos sobre a música e o cérebro. Tradução do inglês: Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Tadeu. Mundo Singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012. ROSENKÖTER, Henning. Terapia de sonido. Apresentado no V Congreso Internacional Autismo Europa. Barcelona, 1996. Disponível em: <http://www.autismo.com.es/autismo/documentacion/documentos_tecnicos/terapias/doc uments/Terapia%20de%20sonido%20programa%20de%20entrenamiento%20auditivo.p df> . Acesso em 14 de set.2014. York, J. L., & Reynolds, M. C. . Special education and inclusion. In J. Sikula (Ed.),Handbook of research on teacher education . New York: Simon & Schuster Macmillan, 1996.