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Senhores Professores    homenageados,          minhas   Senhoras,   meus Senhores,   Amigos
e Coiegas:
            Nos nao estamos aqui para falar das flores. Delas, tanto ja foi
dito e alardeado, qUe ji murcham, e n~m mais lhes sentimos 0 perfume. Nos
                           '.   '(   •• #-:1


estamos aqui para falar da terra, do chao em que se planta a civiliza~ao
de urn mundo em crise.
            Certamente que, dentre vos, haverao os que, no seu intimo,esta-
rao a se indagar: " sera este momento?"               Enos responderemos:     ESTE r 0
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            E que assim 0 seja, para que a solenidade que vindes presenc;a~
do ha anos, nao se perea definitivamente           no vazio dos protocolos,     nem se
dilua completamente       no terreno das representa~oes.       E dificil, e quase im-
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            A crise esta no Oriente, esta no Ocidente, esta aqui. Bern dian-
te dos nossos olhos. Crise politica, crise economica, crise social. Crise
de consciencias,      crise moral. Sentimo-la no trabalho, na escola, na fami-
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            E por que, senhores, estaria a Educa~ao imune a Esses efluvios,
se e ela, sem duvida, tra~o marcante em todas as coisas? Hoje, 0 sistema
educacional vos apresenta mais uma de suas vitorias, e nao convem-"-c_.--a_qui-+_
question~-la.    ~ue esta seja a tarefa maior de nossas consciencias.           ~o en-  ~
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de e as aparencias querem, portodos           os me;os, ocultar.
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se. Ativas oupassivas,        testemunhas. Mesmo porque a Historia se faz, cada
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do poderio, que se traduz pela agressao, militar ou economica, a povos mi
1ita rme.nte in fe r iore s eeq)no,rn icamen te po bre s .
            Nas na~oes em desenvolvimento,         nos vamos encontrar 0 mesmo      vi-

           Nos povos subdesenvolvidos,   a luta pela sobrevivencia em meio
aos gigantes.
           Mas, qualquer que seja 0 sistema ou situa~ao, 0 crescent~ esma-
gamento da pessoa humana, sutil au ostensivo, sob as mais variadas formas
e cores, e c~~acteristica   comum a todos eles.
Que especie de desenvolvimento      e esset que nao tern 0 Homem como
sua medida? Par desenvolvimentot      entendemas a global t 0 conjunto, 0 todo.
o desenvolvimento que concebemos, nao suprime 0 homem, mas 0 promove; nao
o marginaliza,mas     0 integra;   nao 0 omite, mas     °tern como motivo e motor
da Historia, agente e objeto do progresso.
            E a esse aspecto situacional do mundo moderno, que a Educa9aO          I


est~ indissoluvelmente    ligada. f ela que forma os homens, forjando-lhes        0
carater, permitindo-lhes     descobrir e solidificar as proprias convic90es.E
e esse caratert e sao essas convic90es, que erigem as estruturas e modelam
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fun9aO nao podera ser, simplesmentet       a de formar profissionaist     mas tam -
bem a de formar Homens. E quando dizemos " formar Homens ", estamos             nos
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a resolver a critica circunstanciat      da convivencia do homem com 0 proprio

            Nos dias de hoje, em uma humanidade crescentemente          dependente I


da ciencia e da tecnica. mais do nunea. essaforma~ao~             necessaria. 0 Ho--~
mem nao e urn dado. 0 Homem nao e urn numero. Parece obvio; mas, quantos             e
quantost atraves dos tempos,e ate hoje, tern esquecido a extrema sensatez
dessa verdade: estadistas, dirigentes,        responsaveis   pelos destinos coletl
vos.
            Dai ter a universidade,     como formadora desses dirigentes,        essa
responsabilidade   maior: preparar 0 Homem para servir ao Homem. Nas pala -
vras de Roland Corbisier:     1a universidade     nao euma redoma, urn comparti -
men to estanque no contexto social, mas parcela de urn todo que a inclui             e
a transcendell
              •


            E esse humanismo, e essa consciencia do social, e essa descober
ta do Homem para 0 Homem, que deve vir da universidade           para a vida. 0 Ho-
mem se forma, 0 homem se assume, 0 homem se humaniza, quando pensa, quan-
do criat quando discorda, quando participa.
            Aqui estamos. Engenheiros,      Economistas,   Sociologos, que os anos
de estudo tornaram aptos para suas fun~6es. Que as exer~amos com dignida-
de, de acordo com 0 juramenta que acabamos de proferir. E que essa digni-
dade, seja nos so agradecimento     maior.
            Tenho dito.

     DISCURSO PRONUNCIADO POR MiRIO DE SOUSA ARAUJO FILHO. COMO ORADOR   DAS
     TURMAS DE ECONOMIA, ENGENHARIA EL~TRICA, ENGENHARIA CIVIL E SOCIOLOGIA,
     DO CENTRO DE CIENCIAS E TECNOI,OGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARA!BA.

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  • 1. , Senhores Professores homenageados, minhas Senhoras, meus Senhores, Amigos e Coiegas: Nos nao estamos aqui para falar das flores. Delas, tanto ja foi dito e alardeado, qUe ji murcham, e n~m mais lhes sentimos 0 perfume. Nos '. '( •• #-:1 estamos aqui para falar da terra, do chao em que se planta a civiliza~ao de urn mundo em crise. Certamente que, dentre vos, haverao os que, no seu intimo,esta- rao a se indagar: " sera este momento?" Enos responderemos: ESTE r 0 l'JOMENTO. E que assim 0 seja, para que a solenidade que vindes presenc;a~ do ha anos, nao se perea definitivamente no vazio dos protocolos, nem se dilua completamente no terreno das representa~oes. E dificil, e quase im- possivel, mas e assim que a consciencia quer. A crise esta no Oriente, esta no Ocidente, esta aqui. Bern dian- te dos nossos olhos. Crise politica, crise economica, crise social. Crise de consciencias, crise moral. Sentimo-la no trabalho, na escola, na fami- lia. Sentimo-la no mundo. E por que, senhores, estaria a Educa~ao imune a Esses efluvios, se e ela, sem duvida, tra~o marcante em todas as coisas? Hoje, 0 sistema educacional vos apresenta mais uma de suas vitorias, e nao convem-"-c_.--a_qui-+_ question~-la. ~ue esta seja a tarefa maior de nossas consciencias. ~o en- ~ tanto, estariamos sendo desleais conosco mesmos, se nao nos mantivessemos de pes firmes no chao, e elhos bem abertos para a realidade, que a vaida- de e as aparencias querem, portodos os me;os, ocultar. Quiso acaso, que fossemos testemunhas vivas desse tempo de cri se. Ativas oupassivas, testemunhas. Mesmo porque a Historia se faz, cada vez mais pelas maos de uns poucos, indiferente ao nosso silencio. E 0 re sultado ai esta: na~oes desenvolvidas, na~oes em desenvolvimento, na~oes subdesenvolvidas. E, em cada uma delas, as distor~oes gritantes que a es- trutura gerou. Nas na~oes ditas desenvolvidas,a abundancia material, 0 poderio militar, a tecnologia ~ais sofisticada. Paralelamente a essas conquistas, a coexistencia da discrimina~ao racial, da segrega~ao das minorias,do co~ trole indireto das ideias. E, 0 que e ainda pier, a ansia pela expansao I do poderio, que se traduz pela agressao, militar ou economica, a povos mi 1ita rme.nte in fe r iore s eeq)no,rn icamen te po bre s . Nas na~oes em desenvolvimento, nos vamos encontrar 0 mesmo vi- Nos povos subdesenvolvidos, a luta pela sobrevivencia em meio aos gigantes. Mas, qualquer que seja 0 sistema ou situa~ao, 0 crescent~ esma- gamento da pessoa humana, sutil au ostensivo, sob as mais variadas formas e cores, e c~~acteristica comum a todos eles.
  • 2. Que especie de desenvolvimento e esset que nao tern 0 Homem como sua medida? Par desenvolvimentot entendemas a global t 0 conjunto, 0 todo. o desenvolvimento que concebemos, nao suprime 0 homem, mas 0 promove; nao o marginaliza,mas 0 integra; nao 0 omite, mas °tern como motivo e motor da Historia, agente e objeto do progresso. E a esse aspecto situacional do mundo moderno, que a Educa9aO I est~ indissoluvelmente ligada. f ela que forma os homens, forjando-lhes 0 carater, permitindo-lhes descobrir e solidificar as proprias convic90es.E e esse caratert e sao essas convic90es, que erigem as estruturas e modelam as sociedades. Neste contexto, a Universidade desempenha papel relevante. Sua fun9aO nao podera ser, simplesmentet a de formar profissionaist mas tam - bem a de formar Homens. E quando dizemos " formar Homens ", estamos nos referindo a forma9ao humanistica, que coloca 0 profissional frente a fren tet com a fun9aO social do seu trabalho. No dizer de Josue de Castro: " as universidadest mais do que 0- ficinas de sabios, devem ser fabricas de Homens. De homens capacitados a promover a fusao, dos seus valores individuais mais significativos, com as aspira90es mais profundas da sociedade de que participam. De homens aptos a resolver a critica circunstanciat da convivencia do homem com 0 proprio Nos dias de hoje, em uma humanidade crescentemente dependente I da ciencia e da tecnica. mais do nunea. essaforma~ao~ necessaria. 0 Ho--~ mem nao e urn dado. 0 Homem nao e urn numero. Parece obvio; mas, quantos e quantost atraves dos tempos,e ate hoje, tern esquecido a extrema sensatez dessa verdade: estadistas, dirigentes, responsaveis pelos destinos coletl vos. Dai ter a universidade, como formadora desses dirigentes, essa responsabilidade maior: preparar 0 Homem para servir ao Homem. Nas pala - vras de Roland Corbisier: 1a universidade nao euma redoma, urn comparti - men to estanque no contexto social, mas parcela de urn todo que a inclui e a transcendell • E esse humanismo, e essa consciencia do social, e essa descober ta do Homem para 0 Homem, que deve vir da universidade para a vida. 0 Ho- mem se forma, 0 homem se assume, 0 homem se humaniza, quando pensa, quan- do criat quando discorda, quando participa. Aqui estamos. Engenheiros, Economistas, Sociologos, que os anos de estudo tornaram aptos para suas fun~6es. Que as exer~amos com dignida- de, de acordo com 0 juramenta que acabamos de proferir. E que essa digni- dade, seja nos so agradecimento maior. Tenho dito. DISCURSO PRONUNCIADO POR MiRIO DE SOUSA ARAUJO FILHO. COMO ORADOR DAS TURMAS DE ECONOMIA, ENGENHARIA EL~TRICA, ENGENHARIA CIVIL E SOCIOLOGIA, DO CENTRO DE CIENCIAS E TECNOI,OGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARA!BA.