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ANÁLISE DA OBRA:
A BUSCA DE UM CAMINHO PARA O BRASIL: A TRILHA DO CÍRCULO VICIOSO
(SANTOS, H., 2011)
INTRODUÇÃO
O texto, “Preleção antes do embarque” (SANTOS, 2011, pp. 23-37), discute e
mostra a questão da camuflagem do racismo brasileiro, que não assume sua
identidade mestiça.
O autor busca relatar como o negro e o negro-mestiço passam sempre pelos
mesmos constrangimentos e desigualdades sociais que são marcantes e
permanentes. Relata como o racismo no Brasil é tão velado e mostra
alternativas de como mudar essa realidade, que não é igual à de nenhum
outro país.
DESENVOLVIMENTO
TEXTO: Preleção antes do embarque (SANTOS, 2011, pp. 23-37)
No Brasil os preconceitos são camuflados, ou seja, o brasileiro não assume
sua cara- multirracial e multicolorida, pois o brasileiro não é apenas branco e
negro; é também indígena. Tais heranças somadas acabam se tornando o
que chamamos de etnicidade brasileira.
O negro e índio são sufocados em benefício de uma suposta Europa que
nunca fomos. Na escola ensinam, bem de passagem, sem nenhum
aprofundamento maior, que somos a soma harmoniosa de brancos, negros e
índios. Não deixa de ser verdade o fato de que brancos, negros e índios são
uma soma neste país fortemente mestiço.
O Brasil é um país que não se assume por inteiro. As consequências dessa
atitude impedem o surgimento de uma identidade nacional - plenamente
vinculada às nossas verdadeiras raízes. O fato é que o racismo não se discute
e nem se deseja notar ou discutir, é como se não existisse, originando-se
uma invisibilidade do negro. A história narrada nas escolas é branca, a
inteligência e a beleza mostrada pela mídia também são. Os fatos são
apresentados por todos na sociedade como se houvesse uma
preponderância absoluta, uma supremacia definitiva dos brancos sobre os
negros. Assim, o que se mostra é que o lado bom da vida não é nem pode ser
negro. Aliás, a palavra negro, além de designar o indivíduo deste grupo
étnico-racial, pode significar: sujo, sinistro, maldito, perverso, triste, etc.
É comum ver pessoas falando coisas como: “Negro destino o daquele rapaz”;
“A coisa está ficando preta para fulano”; “O lado negro da vida é horrível.”
No Brasil, a esmagadora maioria da população situada abaixo da chamada
linha de pobreza é preta e parda. Sendo assim, não faz sentido falar em
apartheid social, já que os que estão apartados da cidadania, aqui no Brasil,
são os negros-descendentes (pretos e pardos).
No Brasil, o apartheid se mantém no abismo que separa os privilegiados dos
demais, perpetuando-se ao longo do tempo em virtude das mazelas sociais,
recaindo sempre sobre a mesma maioria. No Brasil a miséria tem cor e para
iniciarmos uma mudança efetiva e eficaz é necessário, preliminarmente,
conhecer bem o que aconteceu no campo das relações raciais.
O negro-descendente foi subjugado socialmente: é o brasileiro mais pobre e
o que menos oportunidade teve e tem para alterar sua vida para melhor. Isso
resultou no rebaixamento de sua auto-estima, pois em larga medida acredita
na versão da sociedade que o rotula como inferior. Assim, o negro é tido
como o menos apto para desenvolver atividades complexas e de cunho
intelectual. Esteticamente é invisível, pois o padrão de beleza que se
desenvolveu aqui exclui e é, muitas vezes, tido como alguém eticamente não
muito aceitável.
Por outro lado, temos o próprio negro como introjeção de todas as
imposturas criadas contra ele. Quando os estereótipos e preconceitos,
vindos da sociedade, atingem o negro, este sofre dificuldades para seu
desenvolvimento pleno.
Na maioria das vezes, a prática da descriminação resultante do preconceito
ou mesmo do racismo contra o negro ocorre de maneira velada e
imperceptível, para aqueles que não conseguem ver o imperceptível, para
aqueles que não conseguem ver o problema. Em outra ocasiões (violência
policial e publicidade) a discriminação vem de forma agressiva e grotesca.
Noutras vezes, as pessoas que batalham contra a discriminação racial é que
são tachadas de racistas. São acusadas de ver o racismo em tudo. Uma coisa
é discriminar em virtude de preconceito racial; outra, absolutamente oposta,
é lutar contra isso.
O racismo praticado no Brasil não é do tipo europeu, anglo-saxão – com
campo de concentração e apartheid – com tudo muito explícito. Temos aqui
uma prática mais dissimulada e sofisticada a qual é de cunho ibérico
(português e espanhol).
O próprio negro vindo na contramão do fluxo inicial assume uma visão que
acabaram fazendo-o crer em sua inferioridade. É assim que o povo negro-
descendente brasileiro se aliena: não assumindo a sua especificidade
estética-forte, sedutora e muitas vezes negro-mestiça. Ou, quando crê em
uma mentira secular: a da sua “incapacidade natural”.
No Brasil há uma doença social de cunho racial, ou seja, uma grave e
dolorosa questão que é de fundo racial e étnico.
A fuga do negro em relação à questão racial no Brasil é semelhante à de um
paciente que não aceita a advertência médica sobre uma doença.
A via de duas mãos que temos aqui exige que a questão étnico-racial
brasileira seja estudada como um fenômeno que deve ser visto de uma
forma diferente da que vem ocorrendo até os dias atuais.
CONCLUSÃO
O racismo no Brasil tem sido um grande problema desde a época colonial,
em que a condição social e econômica é resposta da cor. Por conta disso,
existe a desigualdade entre ricos e pobres, em que sempre ou na maioria das
vezes, o negro ou mulato se encontra na parte inferior da sociedade.
Muitos brasileiros não se consideram preconceituosos, pois sempre é
atribuído ao “outro” esta condição e o autor discute essa relação chamada
preconceito a brasileira, assim também como negros que negam sua cor, e
tentam igualar-se aos brancos, seja no aspecto físico quanto no aspecto
social (branqueamento).
O Brasil é um país que tenta esconder sua origem e negar qualquer elemento
que remete à sua negritude, e se assemelhar ao colonizador, porém ninguém
nega que exista racismo, porém o racista ou a vítima do racismo é sempre o
outro.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso.
São Paulo: Editora Senac, 2001 (Texto: Preleção antes do embarque, pp. 23-
37).

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  • 1. ANÁLISE DA OBRA: A BUSCA DE UM CAMINHO PARA O BRASIL: A TRILHA DO CÍRCULO VICIOSO (SANTOS, H., 2011) INTRODUÇÃO O texto, “Preleção antes do embarque” (SANTOS, 2011, pp. 23-37), discute e mostra a questão da camuflagem do racismo brasileiro, que não assume sua identidade mestiça. O autor busca relatar como o negro e o negro-mestiço passam sempre pelos mesmos constrangimentos e desigualdades sociais que são marcantes e permanentes. Relata como o racismo no Brasil é tão velado e mostra alternativas de como mudar essa realidade, que não é igual à de nenhum outro país. DESENVOLVIMENTO TEXTO: Preleção antes do embarque (SANTOS, 2011, pp. 23-37) No Brasil os preconceitos são camuflados, ou seja, o brasileiro não assume sua cara- multirracial e multicolorida, pois o brasileiro não é apenas branco e negro; é também indígena. Tais heranças somadas acabam se tornando o que chamamos de etnicidade brasileira. O negro e índio são sufocados em benefício de uma suposta Europa que nunca fomos. Na escola ensinam, bem de passagem, sem nenhum aprofundamento maior, que somos a soma harmoniosa de brancos, negros e índios. Não deixa de ser verdade o fato de que brancos, negros e índios são uma soma neste país fortemente mestiço. O Brasil é um país que não se assume por inteiro. As consequências dessa atitude impedem o surgimento de uma identidade nacional - plenamente vinculada às nossas verdadeiras raízes. O fato é que o racismo não se discute e nem se deseja notar ou discutir, é como se não existisse, originando-se uma invisibilidade do negro. A história narrada nas escolas é branca, a inteligência e a beleza mostrada pela mídia também são. Os fatos são apresentados por todos na sociedade como se houvesse uma preponderância absoluta, uma supremacia definitiva dos brancos sobre os negros. Assim, o que se mostra é que o lado bom da vida não é nem pode ser negro. Aliás, a palavra negro, além de designar o indivíduo deste grupo
  • 2. étnico-racial, pode significar: sujo, sinistro, maldito, perverso, triste, etc. É comum ver pessoas falando coisas como: “Negro destino o daquele rapaz”; “A coisa está ficando preta para fulano”; “O lado negro da vida é horrível.” No Brasil, a esmagadora maioria da população situada abaixo da chamada linha de pobreza é preta e parda. Sendo assim, não faz sentido falar em apartheid social, já que os que estão apartados da cidadania, aqui no Brasil, são os negros-descendentes (pretos e pardos). No Brasil, o apartheid se mantém no abismo que separa os privilegiados dos demais, perpetuando-se ao longo do tempo em virtude das mazelas sociais, recaindo sempre sobre a mesma maioria. No Brasil a miséria tem cor e para iniciarmos uma mudança efetiva e eficaz é necessário, preliminarmente, conhecer bem o que aconteceu no campo das relações raciais. O negro-descendente foi subjugado socialmente: é o brasileiro mais pobre e o que menos oportunidade teve e tem para alterar sua vida para melhor. Isso resultou no rebaixamento de sua auto-estima, pois em larga medida acredita na versão da sociedade que o rotula como inferior. Assim, o negro é tido como o menos apto para desenvolver atividades complexas e de cunho intelectual. Esteticamente é invisível, pois o padrão de beleza que se desenvolveu aqui exclui e é, muitas vezes, tido como alguém eticamente não muito aceitável. Por outro lado, temos o próprio negro como introjeção de todas as imposturas criadas contra ele. Quando os estereótipos e preconceitos, vindos da sociedade, atingem o negro, este sofre dificuldades para seu desenvolvimento pleno. Na maioria das vezes, a prática da descriminação resultante do preconceito ou mesmo do racismo contra o negro ocorre de maneira velada e imperceptível, para aqueles que não conseguem ver o imperceptível, para aqueles que não conseguem ver o problema. Em outra ocasiões (violência policial e publicidade) a discriminação vem de forma agressiva e grotesca. Noutras vezes, as pessoas que batalham contra a discriminação racial é que são tachadas de racistas. São acusadas de ver o racismo em tudo. Uma coisa é discriminar em virtude de preconceito racial; outra, absolutamente oposta, é lutar contra isso. O racismo praticado no Brasil não é do tipo europeu, anglo-saxão – com campo de concentração e apartheid – com tudo muito explícito. Temos aqui uma prática mais dissimulada e sofisticada a qual é de cunho ibérico (português e espanhol).
  • 3. O próprio negro vindo na contramão do fluxo inicial assume uma visão que acabaram fazendo-o crer em sua inferioridade. É assim que o povo negro- descendente brasileiro se aliena: não assumindo a sua especificidade estética-forte, sedutora e muitas vezes negro-mestiça. Ou, quando crê em uma mentira secular: a da sua “incapacidade natural”. No Brasil há uma doença social de cunho racial, ou seja, uma grave e dolorosa questão que é de fundo racial e étnico. A fuga do negro em relação à questão racial no Brasil é semelhante à de um paciente que não aceita a advertência médica sobre uma doença. A via de duas mãos que temos aqui exige que a questão étnico-racial brasileira seja estudada como um fenômeno que deve ser visto de uma forma diferente da que vem ocorrendo até os dias atuais. CONCLUSÃO O racismo no Brasil tem sido um grande problema desde a época colonial, em que a condição social e econômica é resposta da cor. Por conta disso, existe a desigualdade entre ricos e pobres, em que sempre ou na maioria das vezes, o negro ou mulato se encontra na parte inferior da sociedade. Muitos brasileiros não se consideram preconceituosos, pois sempre é atribuído ao “outro” esta condição e o autor discute essa relação chamada preconceito a brasileira, assim também como negros que negam sua cor, e tentam igualar-se aos brancos, seja no aspecto físico quanto no aspecto social (branqueamento). O Brasil é um país que tenta esconder sua origem e negar qualquer elemento que remete à sua negritude, e se assemelhar ao colonizador, porém ninguém nega que exista racismo, porém o racista ou a vítima do racismo é sempre o outro. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso. São Paulo: Editora Senac, 2001 (Texto: Preleção antes do embarque, pp. 23- 37).