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Qual é o verdadeiro custo da hidrelétrica de Belo Monte? A resposta é que, até hoje, ninguém sabe. O que está claro é que Belo Monte será um dos maiores e mais desastrados projetos de infra-estrutura a serem construídos na historia da Amazônia. Na medida que seu custo estimado sobe como foguete e seus impactos sobre os ecossistemas e os habitantes de uma imensa parcela da Amazônia tornam-se mais evidentes, é mais claro do que nunca que o Brasil não precisa de Belo Monte, e que o projeto trará a destruição - e não o desenvolvimento - para uma região única. 
O RIO XINGU AMEAÇADO 
A bacia do rio Xingu é habitada por 25.000 indígenas entre 18 etnias, um símbolo vivo da diversidade biológica e cultural do Brasil. O Xingu corre 1.700 km desde o cerrado central do Mato Grosso até o rio Amazonas e, embora nominalmente “protegido” pela maior parte de seu curso por reservas indígenas e unidades de conservação, o Xingu é severamente impactado pelas monoculturas de soja e agro-pecuária em toda a bacia. Agora, também e ameaçada por uma série de grandes barragens. 
A hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu é atualmente o maior projeto hidrelétrico em construção em qualquer lugar do planeta, ainda maior do que as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira. Belo Monte é um projeto altamente complexo - inclui duas barragens, um canal artificial, 
Em julho de 2011, ignorando as reclamações e apelos de diversos setores da sociedade brasileira, e atropelando as leis nacionais e acordos internacionais sobre os direitos humanos e a proteção ambiental, o governo Dilma Rousseff iniciou as obras do Complexo Belo Monte, previsto para ser a terceira maior hidrelétrica do mundo em um dos principais afluentes do Amazonas, o rio Xingu. Uma das mais de 40 grandes barragens sendo planejadas para a Amazônia brasileira nos próximos dez anos, o projeto de Belo Monte propõe desviar o fluxo do rio Xingu e devastaria uma extensa área de floresta tropical brasileira, deslocando mais de 20.000 pessoas e ameaçando a sobrevivência de povos indígenas e outras populações tradicionais. 
dddddd 
Crianças brincando ao lado do 
Rio Xingu ao pôr do sol. 
Foto: © Sue Cunningham, TribesAlive. 
Belo Monte 
MEGA-BARRAGEM ATACA O CORAÇÃO DA AMAZÔNIA 
International Rivers | 2150 Allston Way, Suite 300, Berkeley, CA 94704 | Tel: + 1 510 848 1155 | internationalrivers.org MAIO 2012
dois reservatórios (um em terra firme), e um extenso sistema de diques, alguns suficientemente grande para qualificar-se como grandes barragens. Para construir Belo Monte, mais terra terá que ser escavada do que ocorreu com a construção do Canal de Panamá. A enormidade do projeto significa que uma área de mais de 1.500 quilômetros quadrados será devastada, resultando no deslocamento forçado de entre 20.000 a 40.000 pessoas. Desde o inicio de sua construção, o projeto tem provocado impactos graves sobre os territórios e base de sustentação de 800 pessoas indígenas e milhares de ribeirinhos e famílias urbanas. 
Belo Monte é atualmente conhecido como uma das hidrelétricas mais polêmicas (senão a mais polêmica) do mundo, e os povos indígenas e movimentos sociais da região têm lutado contra sua construção há mais de 20 anos. Em abril de 2010, o ganhador do leilão realizado pelo governo foi a Norte Energia, S.A. (NESA), um consórcio atualmente composto pela estatal Eletrobrás e suas subsidiarias Eletronorte e Chesf, fundos de pensão brasileiros, e a gigante empresa global de mineração, Vale, entre outros. 
A QUE CUSTO PARA OS POVOS INDÍGENAS? 
Belo Monte ameaça diretamente as comunidades indígenas que vivem ao longo do que é conhecido como “A Volta Grande do Rio Xingu.” Cerca de 800 pessoas indígenas entre os povos Juruna, Xikrin, Arara, Xipaia, Kuruaya, Kayapó e outras etnias vivem na região. Cacique José Carlos Arara, que se reuniu com o presidente Lula em julho de 2009 para expressar suas preocupações sobre Belo Monte, disse ao Presidente que “Nossos parentes estão lá dentro desta terra, nosso sangue está dentro desta terra, e nós temos que repassar essa terra junto com a história de nossos antepassados aos nossos filhos. Não queremos lutar, mas estamos prontos para lutar por nossa terra se formos ameaçados. Queremos viver na nossa terra em paz com tudo o que temos lá. “ 
Um painel de 40 especialistas independentes analisaram a avaliação de impacto ambiental (EIA) do projeto em 2009, e constataram que a Volta Grande do Xingu receberia menos água do que a qualquer momento em sua história, as populações de peixes seriam dizimadas e que há grande probabilidade 
Guerreiros Kayapó realizam uma prática de pesca tradicional. 
Foto: © Sue Cunningham, TribesAlive. 
Originalmente, cinco barragens enormes foram planejadas para a bacia do Xingu, o que teria inundado mais de 18.000 quilômetros quadrados da floresta, gerando mais de 20.000 MW de eletricidade. As barragens a montante foram planejadas para armazenar água para Belo Monte (então chamado de Kararaô), tornando a usina mais eficaz na geração de eletricidade. Eles teriam inundado diretamente a reservas indígenas e áreas protegidas. 
Um novo plano para Belo Monte foi lançado em 2002, depois que a oposição dos povos indígenas e seus apoiadores forçou o cancelamento do projeto original. Sob o projeto novo de engenharia, mais do que 80% da vazão do Xingu seria desviado para um enorme canal artificial, de 500 metros de largura, até a casa de força, deixando os rochosos 100 km a jusante da barragem, conhecido como a “Volta Grande do Rio Xingu,” bem mais secos. A usina teria 11.233 MW de capacidade instalada de geração, mas só geraria uma média de 4.500 MW. Além disso, a usina vai operar na capacidade máxima durante só uns meses do ano, e nos quatro a seis meses da temporada de seca no Xingu, vai gerar apenas cerca de 1.000 MW de eletricidade. 
O custo extremamente elevado do projeto, junto com a sua ineficiência na geração de energia em função das grandes variações do fluxo do Xingu, têm levado muitos especialistas a acreditar que após a conclusão de Belo Monte, o governo federal vai construir outras barragens a montante no rio Xingu, com maior capacidade de armazenar água para garantir a geração de eletricidade durante todo o ano. 
Originalmente o governo estimou o custo de Belo Monte em R$ 15 bilhões, mas analistas da indústria dizem que, devido às dificuldades na construção de um projeto deste tamanho na Amazônia, o seu custo pode facilmente ultrapassar R$ 30 bilhões. Dada a complexidade do projeto, sem mencionar os custos adicionais de construção das linhas de transmissão do projeto, este valor pode ser facilmente subestimado. 
Oferta de Energia ou Desperdício Enorme?
NAM THEUN 2 TRIP REPORT AND PROJECT UPDATE 
de algumas espécies encontradas apenas na Volta Grande se 
tornarem extintas. A redução de vazão da Volta Grande tor-naria 
impossível para as comunidades indígenas para chegar 
à cidade de Altamira para vender seus produtos ou comprar. 
O rebaixamento do lençol freático teria graves conseqüências 
para a produção agrícola da região, afetando os agricultores 
indígenas e não indígenas, bem como a qualidade da água. Há 
alta probabilidade que as várzeas e florestas em terra firme a 
montante e a justante do projeto estariam afetadas. A formação 
de pequenas piscinas de água parada entre as rochas da Volta 
Grande faria um ambiente ideal para a proliferação da malária 
e outras doenças transmitidas pela água. 
As comunidades indígenas a montante, inclusive os índios 
Kayapó, vão sofrer a perda de espécies de peixes migratórios, 
que são uma parte crucial de sua alimentação. 
A QUE CUSTO PARA OS RIBEIRINHOS E URBANOS? 
Oficialmente, 19.000 pessoas seriam deslocadas à força por 
Belo Monte, a maioria da cidade de Altamira, mas uma aval-iação 
independente do projeto encontrou o que o verdadeiro 
número de pessoas diretamente afetadas deve ser o dobro 
da estimativa oficial. Ao contrário do que vai acontecer na 
Volta Grande do Xingu, o lençol freático de Altamira deve 
tornar-se saturada, causando inundações por boa parte da 
cidade durante a estação chuvosa. Espera-se a chegada de 
mais de 100.000 imigrantes em busca de trabalho, sendo que 
a população de Altamira já aumentou em aproximadamente 
20.000 pessoas. Famílias ribeirinhas que vivem da pesca e 
da agricultura em pequena escala no Xingu há décadas estão 
sendo forçadas a deslocar-se para Altamira e outros lugares, 
onde eles competem com migrantes para poucos empregos, a 
maioria deles de baixa remuneração. 
Espera-se que uma grande parte dos migrantes que não 
encontrarem trabalho nas obras irá procurar terra em áreas de 
BELO MONTE 
DETALHES DO PROJETO 
n 2 barragens - uma para abrigar as 
turbinas, e outra com comportas para 
restaurar o menor fluxo restante para 
o rio Xingu 
n 2 reservatórios - um no leito do rio 
Xingu, e outro em terra seca 
n 516 quilômetros quadrados serão 
inundados, e em total 1.522 km ² 
seriam afetados 
n 1 canal maciça - 500 metros de 
largura, e uma série de diques para 
transferir a água a partir do Xingu 
para os canais artificiais 
n 20,000-40,000 a serem deslocados 
n Custo atual estimado: 26 a 30 bil-hões 
de reais 
ESTADO ATUAL 
A agência ambiental IBAMA concedeu 
ao projeto uma licença de instalação 
em junho de 2011, e o barramento do 
rio começou em julho de 2011. Mais de uma dezena de 
ações legais da sociedade civil e procuradores brasileiros 
têm adiado o projeto. Um processo sobre a falta de 
consulta prévia aguarda julgamento no Supremo Tribunal 
Federal. 
FINANCIAMENTO 
Até 80% do custo poderá ser financiado pelo Banco 
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - 
BNDES. Seria o maior empréstimo do banco de sua 
historia. O BNDES não conta com salvaguardas socioam-bientais 
e critérios de análise de risco transparentes, con-forme 
já demonstrado no caso de um “empréstimo ponte” 
de R$ 1,1 bilhão aprovado em 2011. Financiamento do 
consórcio Norte Energia e de bancos privados brasileiros 
pode cumprir o restante do custo, apesar dos fortes ris-cos 
gerados pelo projeto. 
O Complexo Hidrelétrico de Belo Monte 
Altamira 
UHE Pimental 
Barragen Principal 
Sitio Pimental 
Diques 
Casa de Força 
Sitio Belo Monte 
Rio Xingu 
PARA 
TOCANTINS 
GOIAS 
´ 
Canal 
Terra Indígena 
dos Juruna 
Terra Ind[igena 
dos Arara 
PARÁ 
Rodovia Transamazônica 
BRASIL 
Rio Bacajá 
Belo Monte 
Volta Grande do Xingu 
com Vazão Reduzida 
Reservatório 
Turbinas 
Vazão 
do Xingu
floresta, levando ao desmatamento e impactos sobre peixes e animais selvagens, além da invasão de terras indígenas. 
A QUE CUSTO À BIODIVERSIDADE DA AMAZÔNIA? 
Belo Monte ameaça afetar a biodiversidade de uma extensa área da Amazônia central. As ricas florestas alagadas da Volta Grande e o médio Xingu já não receberiam as mesmas enchentes sazonais. Além de afetar espécies de peixes endêmicas e migratórias, deve impactar gravemente outras formas de vida da fauna aquática e terrestre, incluindo espécies ameaçadas de extinção como o macaco-aranha branco corado e o macaco saki de barba preta. Espécies de tartarugas ameaçadas a jusante devem perder seu local de nidificação. 
A QUE CUSTO PARA O CLIMA? 
Belo Monte está sendo apresentado pelo governo como um projeto de energia renovável e uma parte importante do compromisso do país para reduzir suas emissões em 38% até 2020. No entanto, reservatórios em florestas tropicais como a Amazônia são uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa devido à decomposição de vegetação. De acordo com Philip Fearnside, o maior especialista do Brasil em emissões de reservatórios, é improvável que Belo Monte seja um projeto único, devido à sua baixa capacidade de geração durante a estação seca. Fearnside, portanto, calcula que a barragem Babaquara - uma barragem inventoriada com armazenamento muito maior - será construída a montante. 
De acordo com Fearnside, durante seus primeiros 10 anos de funcionamento, as barragens Babaquara e Belo Monte juntos teriam emissões quatro vezes maiores do que uma fábrica de combustível fóssil equivalente. Depois de 20 anos, o projeto ainda teria 2,5 vezes as emissões de uma usina de combustível fóssil. Considerando a sua “pegada de carbono” e os outras consequênciais sociais e ambientais devastadoras, o projeto nao pode ser visto, em hipótese nenhuma, como “limpo.” 
ENERGIA PARA QUÊ E PARA QUEM? 
As linhas de transmissão serão construídas para ligar Belo Monte com o sistema integrado nacional, o que significa que a energia do empreendimento pode ir para quase qualquer lugar no Brasil. No entanto, é provável que boa parte da energia seja consumida por usuários industriais na Amazônia. Vale, que é dono de fundições de alumínio e minério de ferro e de 9% do consórcio Norte Energia, vai utilizar energia de Belo Monte para alimentar a sua expansão de mineração na região. A energia deve servir também para abastecer o setor industrial do sudeste do Brasil, principalmente em São Paulo e Minas Gerais. que consome 28,6% de toda a eletricidade produzida no país. 
Considerando o custo astronômico de Belo Monte, mesmo sem levar em conta seus impactos sociais e ambientais, é fundamental que sejam consideradas estratégias alternativas no setor elétrico. Por exemplo, um estudo realizado pelo WWF-Brasil, publicado em 2007, mostrou que, até 2020, o Brasil poderia reduzir sua demanda de eletricidade em 40% através de investimentos em eficiência energética. A energia economizada seria equivalente a 14 usinas hidrelétricas de Belo Monte. Isso resultaria em ganhos nacionais de eletricidade de até US $ 19 bilhões, até 2020, e reduziria a capacidade instalada em 78.000 MW. 
O Cenário 2020 do WWF-Brasil poderia gerar 8 milhões de novos empregos através da geração de energia de fontes renováveis, como biomassa, eólica, e solar, evitando a necessidade de construção de barragens na Amazônia. Essas fontes renováveis poderiam representar 20% do total da eletricidade gerada no país até 2020. Outros estudos têm demonstrado que quantidades significativas de energia “nova” poderiam ser aproveitadas por trocar chuveiros elétricos por sistemas solares de água quente, e por adaptar ou reemplaçar as barragens mais antigas. 
Utilizando dinheiro público, o BNDES é o maior financiador de hidrelétricas na Amazônia, concedendo empréstimos subsidiados para as construtoras de barragens. Em 2009, o BNDES desembolsou R$ 16 bilhões para o setor elétrico. Só R$19 milhões, ou cerca de 0,1% do total de empréstimos para o setor, foi para projetos de eficiência energética. 
Com os incentivos corretos e com boas políticas do governo e do setor elétrico, o Brasil tem o potencial de ser o líder mundial da eficiência energética e das energias renováveis, criar milhões de empregos, reduzir drasticamente as suas emissões de carbono, conservar a Amazônia e respeitar os direitos humanos de seus cidadãos. 
Os Kayapó são contra a barragem de Belo Monte. 
Foto: © Sue Cunningham, TribesAlive. 
JUNTE-SE! 
Para mais informação, visite: xinguvivo.org.br e internationalrivers.org/amazônia-viva

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UsinA Belo Monte

  • 1. Qual é o verdadeiro custo da hidrelétrica de Belo Monte? A resposta é que, até hoje, ninguém sabe. O que está claro é que Belo Monte será um dos maiores e mais desastrados projetos de infra-estrutura a serem construídos na historia da Amazônia. Na medida que seu custo estimado sobe como foguete e seus impactos sobre os ecossistemas e os habitantes de uma imensa parcela da Amazônia tornam-se mais evidentes, é mais claro do que nunca que o Brasil não precisa de Belo Monte, e que o projeto trará a destruição - e não o desenvolvimento - para uma região única. O RIO XINGU AMEAÇADO A bacia do rio Xingu é habitada por 25.000 indígenas entre 18 etnias, um símbolo vivo da diversidade biológica e cultural do Brasil. O Xingu corre 1.700 km desde o cerrado central do Mato Grosso até o rio Amazonas e, embora nominalmente “protegido” pela maior parte de seu curso por reservas indígenas e unidades de conservação, o Xingu é severamente impactado pelas monoculturas de soja e agro-pecuária em toda a bacia. Agora, também e ameaçada por uma série de grandes barragens. A hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu é atualmente o maior projeto hidrelétrico em construção em qualquer lugar do planeta, ainda maior do que as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira. Belo Monte é um projeto altamente complexo - inclui duas barragens, um canal artificial, Em julho de 2011, ignorando as reclamações e apelos de diversos setores da sociedade brasileira, e atropelando as leis nacionais e acordos internacionais sobre os direitos humanos e a proteção ambiental, o governo Dilma Rousseff iniciou as obras do Complexo Belo Monte, previsto para ser a terceira maior hidrelétrica do mundo em um dos principais afluentes do Amazonas, o rio Xingu. Uma das mais de 40 grandes barragens sendo planejadas para a Amazônia brasileira nos próximos dez anos, o projeto de Belo Monte propõe desviar o fluxo do rio Xingu e devastaria uma extensa área de floresta tropical brasileira, deslocando mais de 20.000 pessoas e ameaçando a sobrevivência de povos indígenas e outras populações tradicionais. dddddd Crianças brincando ao lado do Rio Xingu ao pôr do sol. Foto: © Sue Cunningham, TribesAlive. Belo Monte MEGA-BARRAGEM ATACA O CORAÇÃO DA AMAZÔNIA International Rivers | 2150 Allston Way, Suite 300, Berkeley, CA 94704 | Tel: + 1 510 848 1155 | internationalrivers.org MAIO 2012
  • 2. dois reservatórios (um em terra firme), e um extenso sistema de diques, alguns suficientemente grande para qualificar-se como grandes barragens. Para construir Belo Monte, mais terra terá que ser escavada do que ocorreu com a construção do Canal de Panamá. A enormidade do projeto significa que uma área de mais de 1.500 quilômetros quadrados será devastada, resultando no deslocamento forçado de entre 20.000 a 40.000 pessoas. Desde o inicio de sua construção, o projeto tem provocado impactos graves sobre os territórios e base de sustentação de 800 pessoas indígenas e milhares de ribeirinhos e famílias urbanas. Belo Monte é atualmente conhecido como uma das hidrelétricas mais polêmicas (senão a mais polêmica) do mundo, e os povos indígenas e movimentos sociais da região têm lutado contra sua construção há mais de 20 anos. Em abril de 2010, o ganhador do leilão realizado pelo governo foi a Norte Energia, S.A. (NESA), um consórcio atualmente composto pela estatal Eletrobrás e suas subsidiarias Eletronorte e Chesf, fundos de pensão brasileiros, e a gigante empresa global de mineração, Vale, entre outros. A QUE CUSTO PARA OS POVOS INDÍGENAS? Belo Monte ameaça diretamente as comunidades indígenas que vivem ao longo do que é conhecido como “A Volta Grande do Rio Xingu.” Cerca de 800 pessoas indígenas entre os povos Juruna, Xikrin, Arara, Xipaia, Kuruaya, Kayapó e outras etnias vivem na região. Cacique José Carlos Arara, que se reuniu com o presidente Lula em julho de 2009 para expressar suas preocupações sobre Belo Monte, disse ao Presidente que “Nossos parentes estão lá dentro desta terra, nosso sangue está dentro desta terra, e nós temos que repassar essa terra junto com a história de nossos antepassados aos nossos filhos. Não queremos lutar, mas estamos prontos para lutar por nossa terra se formos ameaçados. Queremos viver na nossa terra em paz com tudo o que temos lá. “ Um painel de 40 especialistas independentes analisaram a avaliação de impacto ambiental (EIA) do projeto em 2009, e constataram que a Volta Grande do Xingu receberia menos água do que a qualquer momento em sua história, as populações de peixes seriam dizimadas e que há grande probabilidade Guerreiros Kayapó realizam uma prática de pesca tradicional. Foto: © Sue Cunningham, TribesAlive. Originalmente, cinco barragens enormes foram planejadas para a bacia do Xingu, o que teria inundado mais de 18.000 quilômetros quadrados da floresta, gerando mais de 20.000 MW de eletricidade. As barragens a montante foram planejadas para armazenar água para Belo Monte (então chamado de Kararaô), tornando a usina mais eficaz na geração de eletricidade. Eles teriam inundado diretamente a reservas indígenas e áreas protegidas. Um novo plano para Belo Monte foi lançado em 2002, depois que a oposição dos povos indígenas e seus apoiadores forçou o cancelamento do projeto original. Sob o projeto novo de engenharia, mais do que 80% da vazão do Xingu seria desviado para um enorme canal artificial, de 500 metros de largura, até a casa de força, deixando os rochosos 100 km a jusante da barragem, conhecido como a “Volta Grande do Rio Xingu,” bem mais secos. A usina teria 11.233 MW de capacidade instalada de geração, mas só geraria uma média de 4.500 MW. Além disso, a usina vai operar na capacidade máxima durante só uns meses do ano, e nos quatro a seis meses da temporada de seca no Xingu, vai gerar apenas cerca de 1.000 MW de eletricidade. O custo extremamente elevado do projeto, junto com a sua ineficiência na geração de energia em função das grandes variações do fluxo do Xingu, têm levado muitos especialistas a acreditar que após a conclusão de Belo Monte, o governo federal vai construir outras barragens a montante no rio Xingu, com maior capacidade de armazenar água para garantir a geração de eletricidade durante todo o ano. Originalmente o governo estimou o custo de Belo Monte em R$ 15 bilhões, mas analistas da indústria dizem que, devido às dificuldades na construção de um projeto deste tamanho na Amazônia, o seu custo pode facilmente ultrapassar R$ 30 bilhões. Dada a complexidade do projeto, sem mencionar os custos adicionais de construção das linhas de transmissão do projeto, este valor pode ser facilmente subestimado. Oferta de Energia ou Desperdício Enorme?
  • 3. NAM THEUN 2 TRIP REPORT AND PROJECT UPDATE de algumas espécies encontradas apenas na Volta Grande se tornarem extintas. A redução de vazão da Volta Grande tor-naria impossível para as comunidades indígenas para chegar à cidade de Altamira para vender seus produtos ou comprar. O rebaixamento do lençol freático teria graves conseqüências para a produção agrícola da região, afetando os agricultores indígenas e não indígenas, bem como a qualidade da água. Há alta probabilidade que as várzeas e florestas em terra firme a montante e a justante do projeto estariam afetadas. A formação de pequenas piscinas de água parada entre as rochas da Volta Grande faria um ambiente ideal para a proliferação da malária e outras doenças transmitidas pela água. As comunidades indígenas a montante, inclusive os índios Kayapó, vão sofrer a perda de espécies de peixes migratórios, que são uma parte crucial de sua alimentação. A QUE CUSTO PARA OS RIBEIRINHOS E URBANOS? Oficialmente, 19.000 pessoas seriam deslocadas à força por Belo Monte, a maioria da cidade de Altamira, mas uma aval-iação independente do projeto encontrou o que o verdadeiro número de pessoas diretamente afetadas deve ser o dobro da estimativa oficial. Ao contrário do que vai acontecer na Volta Grande do Xingu, o lençol freático de Altamira deve tornar-se saturada, causando inundações por boa parte da cidade durante a estação chuvosa. Espera-se a chegada de mais de 100.000 imigrantes em busca de trabalho, sendo que a população de Altamira já aumentou em aproximadamente 20.000 pessoas. Famílias ribeirinhas que vivem da pesca e da agricultura em pequena escala no Xingu há décadas estão sendo forçadas a deslocar-se para Altamira e outros lugares, onde eles competem com migrantes para poucos empregos, a maioria deles de baixa remuneração. Espera-se que uma grande parte dos migrantes que não encontrarem trabalho nas obras irá procurar terra em áreas de BELO MONTE DETALHES DO PROJETO n 2 barragens - uma para abrigar as turbinas, e outra com comportas para restaurar o menor fluxo restante para o rio Xingu n 2 reservatórios - um no leito do rio Xingu, e outro em terra seca n 516 quilômetros quadrados serão inundados, e em total 1.522 km ² seriam afetados n 1 canal maciça - 500 metros de largura, e uma série de diques para transferir a água a partir do Xingu para os canais artificiais n 20,000-40,000 a serem deslocados n Custo atual estimado: 26 a 30 bil-hões de reais ESTADO ATUAL A agência ambiental IBAMA concedeu ao projeto uma licença de instalação em junho de 2011, e o barramento do rio começou em julho de 2011. Mais de uma dezena de ações legais da sociedade civil e procuradores brasileiros têm adiado o projeto. Um processo sobre a falta de consulta prévia aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal. FINANCIAMENTO Até 80% do custo poderá ser financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES. Seria o maior empréstimo do banco de sua historia. O BNDES não conta com salvaguardas socioam-bientais e critérios de análise de risco transparentes, con-forme já demonstrado no caso de um “empréstimo ponte” de R$ 1,1 bilhão aprovado em 2011. Financiamento do consórcio Norte Energia e de bancos privados brasileiros pode cumprir o restante do custo, apesar dos fortes ris-cos gerados pelo projeto. O Complexo Hidrelétrico de Belo Monte Altamira UHE Pimental Barragen Principal Sitio Pimental Diques Casa de Força Sitio Belo Monte Rio Xingu PARA TOCANTINS GOIAS ´ Canal Terra Indígena dos Juruna Terra Ind[igena dos Arara PARÁ Rodovia Transamazônica BRASIL Rio Bacajá Belo Monte Volta Grande do Xingu com Vazão Reduzida Reservatório Turbinas Vazão do Xingu
  • 4. floresta, levando ao desmatamento e impactos sobre peixes e animais selvagens, além da invasão de terras indígenas. A QUE CUSTO À BIODIVERSIDADE DA AMAZÔNIA? Belo Monte ameaça afetar a biodiversidade de uma extensa área da Amazônia central. As ricas florestas alagadas da Volta Grande e o médio Xingu já não receberiam as mesmas enchentes sazonais. Além de afetar espécies de peixes endêmicas e migratórias, deve impactar gravemente outras formas de vida da fauna aquática e terrestre, incluindo espécies ameaçadas de extinção como o macaco-aranha branco corado e o macaco saki de barba preta. Espécies de tartarugas ameaçadas a jusante devem perder seu local de nidificação. A QUE CUSTO PARA O CLIMA? Belo Monte está sendo apresentado pelo governo como um projeto de energia renovável e uma parte importante do compromisso do país para reduzir suas emissões em 38% até 2020. No entanto, reservatórios em florestas tropicais como a Amazônia são uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa devido à decomposição de vegetação. De acordo com Philip Fearnside, o maior especialista do Brasil em emissões de reservatórios, é improvável que Belo Monte seja um projeto único, devido à sua baixa capacidade de geração durante a estação seca. Fearnside, portanto, calcula que a barragem Babaquara - uma barragem inventoriada com armazenamento muito maior - será construída a montante. De acordo com Fearnside, durante seus primeiros 10 anos de funcionamento, as barragens Babaquara e Belo Monte juntos teriam emissões quatro vezes maiores do que uma fábrica de combustível fóssil equivalente. Depois de 20 anos, o projeto ainda teria 2,5 vezes as emissões de uma usina de combustível fóssil. Considerando a sua “pegada de carbono” e os outras consequênciais sociais e ambientais devastadoras, o projeto nao pode ser visto, em hipótese nenhuma, como “limpo.” ENERGIA PARA QUÊ E PARA QUEM? As linhas de transmissão serão construídas para ligar Belo Monte com o sistema integrado nacional, o que significa que a energia do empreendimento pode ir para quase qualquer lugar no Brasil. No entanto, é provável que boa parte da energia seja consumida por usuários industriais na Amazônia. Vale, que é dono de fundições de alumínio e minério de ferro e de 9% do consórcio Norte Energia, vai utilizar energia de Belo Monte para alimentar a sua expansão de mineração na região. A energia deve servir também para abastecer o setor industrial do sudeste do Brasil, principalmente em São Paulo e Minas Gerais. que consome 28,6% de toda a eletricidade produzida no país. Considerando o custo astronômico de Belo Monte, mesmo sem levar em conta seus impactos sociais e ambientais, é fundamental que sejam consideradas estratégias alternativas no setor elétrico. Por exemplo, um estudo realizado pelo WWF-Brasil, publicado em 2007, mostrou que, até 2020, o Brasil poderia reduzir sua demanda de eletricidade em 40% através de investimentos em eficiência energética. A energia economizada seria equivalente a 14 usinas hidrelétricas de Belo Monte. Isso resultaria em ganhos nacionais de eletricidade de até US $ 19 bilhões, até 2020, e reduziria a capacidade instalada em 78.000 MW. O Cenário 2020 do WWF-Brasil poderia gerar 8 milhões de novos empregos através da geração de energia de fontes renováveis, como biomassa, eólica, e solar, evitando a necessidade de construção de barragens na Amazônia. Essas fontes renováveis poderiam representar 20% do total da eletricidade gerada no país até 2020. Outros estudos têm demonstrado que quantidades significativas de energia “nova” poderiam ser aproveitadas por trocar chuveiros elétricos por sistemas solares de água quente, e por adaptar ou reemplaçar as barragens mais antigas. Utilizando dinheiro público, o BNDES é o maior financiador de hidrelétricas na Amazônia, concedendo empréstimos subsidiados para as construtoras de barragens. Em 2009, o BNDES desembolsou R$ 16 bilhões para o setor elétrico. Só R$19 milhões, ou cerca de 0,1% do total de empréstimos para o setor, foi para projetos de eficiência energética. Com os incentivos corretos e com boas políticas do governo e do setor elétrico, o Brasil tem o potencial de ser o líder mundial da eficiência energética e das energias renováveis, criar milhões de empregos, reduzir drasticamente as suas emissões de carbono, conservar a Amazônia e respeitar os direitos humanos de seus cidadãos. Os Kayapó são contra a barragem de Belo Monte. Foto: © Sue Cunningham, TribesAlive. JUNTE-SE! Para mais informação, visite: xinguvivo.org.br e internationalrivers.org/amazônia-viva